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Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar, por meio de revisão bibliográfica, a
filosofia de Polícia Comunitária como meio de mobilização social para a promoção
da cidadania. Além disso, avalia o papel do agente de segurança pública no
contexto pós-ditadura militar e quais as contribuições que essa aproximação entre
polícia e sociedade podem trazer para o processo de investigação criminal. Nesse
sentido, é possível verificar que a filosofia de Polícia Comunitária vem se
desenvolvendo no Brasil a partir da Constituição de 1988, enfrentando algumas
dificuldades, dentre as quais, resquícios do autoritarismo que vigorava no regime
antecedente. Nesse aspecto, verificou-se que o agente de segurança pública precisa
se adequar aos novos paradigmas pautados no respeito aos Direitos Humanos e
individuais, com consciência da dimensão pedagógica de suas ações. No âmbito da
investigação criminal, sendo esse um processo, em parte, dependente de provas
testemunhais, informações e denúncias, torna-se natural que a construção de uma
relação de confiança e parceria com a sociedade é fator de suma importância para a
atuação da polícia investigativa. Dessa forma, os Conselhos Municipais de
Segurança (CONSEGs) surgem como espaços de construção de cidadania e de
fortalecimento dos laços de confiança mútua. A ideia é que favoreçam também os
processos de investigação, tendo na sociedade efetivos parceiros na luta contra o
crime. Diante do exposto, percebe-se a importância da mobilização social nas
questões de segurança pública, não apenas como meio de inserção e
responsabilização do cidadão, mas também como auxílio na busca de paz e
segurança na sociedade, de forma ampla.
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Especialização em Gestão da
Segurança Pública e Investigação Criminal Aplicada da Academia da Polícia Civil de Santa Catarina –
ACADEPOL-IES.
Escrivão de Polícia Civil, Graduado e Licenciado em Letras pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI).
E-mail: jairopcsc@gmail.com.
Professor orientador. Psicólogo policial civil, mestre em Administração Pública e doutor em Psicologia pela
UFSC. Docente de Graduação e de Pós-Graduação. E-mail: marcoserico@yahoo.com.br.
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1 INTRODUÇÃO
estudo aprofundado e sério frente aos direitos humanos que desconstrua a máxima
de que tais direitos servem apenas para “proteger bandidos”, pensamento este ainda
existente em alguns segmentos das forças de segurança pública.
Sendo a ação policial dotada de caráter pedagógico, essa distorção de
significado referente aos direitos humanos acaba sendo internalizada pela própria
sociedade, que acaba por entender erroneamente que Direitos Humanos servem
realmente apenas para “proteger bandidos” e não para assegurar princípios básicos
inerentes à dignidade da pessoa humana. Ora, se o Estado que deveria promover os
Direitos Humanos os viola cotidianamente por meio de suas instituições, no caso, as
ações policiais, a população acaba por entender natural e justificada tal conduta,
gerando assim uma cultura de violência na qual os fins justificam os meios,
desprovendo o ser humano de qualquer direito básico. É necessário, portanto, que o
agente de segurança pública se conscientize de seu papel de promotor de direitos,
agindo de maneira firme, porém legal e humana, sem abusos ou desrespeito,
independente da situação.
tais denúncias devem ser feitas diretamente aos membros natos ou ao presidente do
Conselho. Além disso, durante as reuniões é disponibilizada uma urna, na qual é
possível depositar denúncias e sugestões de forma anônima.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
vulnerabilidade social. Neste caso, a Polícia Civil atua em conjunto com a rede
intersetorial, por meio de um Grupo de Mulheres. Há também o Programa de
Fortalecimento de Vínculos com Adolescentes em Situação de Vulnerabilidade. Este
Projeto abriu as portas da Academia de Polícia Civil do estado de Santa Catarina
(ACADEPOL) para adolescentes do Norte da Ilha, onde são contempladas oficinas
com temas relacionados ao cotidiano dos adolescentes. Por exemplo, Mundo do
Trabalho para conhecer profissões, Inclusão Digital, Práticas Esportivas, Ética e
Cidadania.
Além disso, durante a pesquisa, foi possível concluir ainda que para a Polícia
Civil, no que tange à investigação criminal, a aproximação da sociedade revela-se
fundamental. Em grande parte, o processo investigativo depende de informações,
denúncias e cooperação em geral da comunidade onde ocorreu o delito, bem como
de provas testemunhais. Com união e respeito mútuo, a comunidade tende a auxiliar
de forma ativa a polícia durante as investigações. Salienta-se, entretanto, que a
presente pesquisa apenas lançou luz sobre o tema da Polícia Comunitária no
Contexto da Polícia Civil e suas contribuições para o processo de investigação.
Podem ser auspiciosas novas pesquisas sobre o tema, incluindo uma futura
pesquisa de campo com os policiais Civis membros natos dos CONSEGs do estado.
Seria muito importante levantar dados referentes ao funcionamento, importância e
contribuições dos CONSEGs para a Polícia Civil, especialmente no que tange à
investigação criminal.
REFERÊNCIAS