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1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
F383s
ISBN 978-65-5646-299-8
ISBN Digital 978-65-5646-298-1
1. Segurança pública. - Brasil. II. Centro Universitário
Leonardo da Vinci.
CDD 341.37
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA
E PARADIGMAS...............................................................................7
CAPÍTULO 2
SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA.....................................59
CAPÍTULO 3
PLANEJAMENTO E GESTÃO: A GOVERNANÇA
DA SEGURANÇA PÚBLICA..........................................................109
APRESENTAÇÃO
Diariamente, o tema segurança pública está em pauta na imprensa nacional,
por motivos que demonstram tanto sua importância quanto suas mazelas e
dificuldades de acompanhar o exponencial crescimento dos grandes centros
urbanos, com as enormes distâncias que separam e dividem o quinto maior país
do mundo em extensão.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O estudo da segurança pública está constantemente relacionado à evolução
histórica e social de determinada coletividade, o que inclui a sua evolução e
desenvolvimento, sempre em contínua transformação. Desde que as pessoas se
uniram para a vida em coletivo em uma experiência de convivência que altera as
percepções de coabitação, a harmonia entre os conviveres dessa sociedade deve
se pautar por virtudes essenciais para a melhor sobrevivência do trato social.
Ocorre que, historicamente, em todas as coletividades mundo afora, os problemas
sociais enfrentados se pautam por variantes que não podem ser definidas por
meros estudos estatísticos, mas pelas próprias raízes que estruturam essa
sociedade (ELIAS; SCOTSON, 2000, p. 64).
Numa visão geral, neste capítulo, devemos viajar até as Ordenações Filipinas,
entendendo os primeiros passos da polícia no país e como a Constituição do
Império foi capaz de moldar, naquela época, a essência do Exército e da Guarda
Nacional. Com o passar dos anos e a evolução social brasileira, principalmente
decorrente dos grandes centros urbanos em constante expansão, as mudanças
na maneira que a segurança pública é percebida pelos cidadãos e pelo Estado
são moldadas pela transição de determinados padrões e modelos de se enxergar
a proteção estatal. Determinados paradigmas e referencias surgem para indicar
as mudanças e quais os próximos passos que a política de segurança deve tomar
para buscar um melhor e mais efetivo resultado.
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2 HISTÓRIA DA SEGURANÇA
PÚBLICA NO BRASIL
Prezado aluno! Faremos uma breve análise do essencial desenvolvimento
histórico da segurança pública em nosso país. Observaremos que a criação
das polícias não atentava para a interpretação que hoje temos do que significa
segurança de todos, mas pautada somente na proteção dos grandes latifúndios,
lutando contra invasões e protegendo as capitanias hereditárias que estavam em
formação. O conceito polícia tomou uma semelhança ao que hoje conhecemos
somente a partir da Independência do Brasil e com as Constituições Republicanas
que foram escritas, com grande ênfase para a Constituição da República de 1988.
Ainda assim, você verá que a real importância desse setor, tão ativo em nossa
sociedade, era mitigada e atenta apenas ao poderio dos mais ricos e influentes
do Estado.
Com a divisão das terras para pessoas influentes na Corte Portuguesa, muitas
foram as etnias indígenas absorvidas pelos novos donos de territórios, bem como
inúmeras as normas criadas para a proteção tantos dos bens quanto das pessoas
que faziam parte de uma sesmaria. Com diferentes tipos de pessoas, como
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
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Entretanto, foi com as Ordenações Filipinas e seu texto legal que as normas
para a proteção, prisão e segurança começaram a ter um rumo, levando o Brasil
Colônia a aderir às normas que já se faziam presentes na Europa.
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Foi somente em 1841, com a Lei nº 261, que iniciou a previsão pelo
ordenamento pátrio das atribuições policiais, incluindo, de forma oficial, o cargo
de delegado de polícia.
exército criado em 1648, formado para travar batalhas locais contra invasores
e índios. Foi com a Independência do Brasil que começa a ganhar corpo a
Constituição do Império, e, a partir dela, algumas influências que vemos até os
dias de hoje perduram.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
Foi a partir daí que as normas passaram a dispor de uma organização política
e administrativa, com o intuito de instruir todo o poder das leis por intermédio de
uma Constituição única e, exclusivamente, nacional. Por certo, você lembra do
que conversamos algumas páginas atrás, a respeito dos grandes latifundiários e
sua proteção pela lei devido ao seu poder e riqueza. Isso, entretanto, continuou.
Ficou conhecida como uma Constituição que prezava pelos mais abastados, tanto
que, somente teriam direito ao voto, homens livres e com uma renda anual de
mais de 100 mil réis (voto censitário). Da mesma forma, para participação política
em uma eleição como candidato, essa soma subia para 200 mil réis a 400 mil
réis, dependendo o cargo que se iria concorrer. Da mesma forma, para fazer parte
da Guarda Real, somente cidadãos com renda mínima seriam escolhidos. Esse
tipo de divisão acentuava cada vez mais as desigualdades sociais que já existiam
naquela época no país, e, quanto maior o desequilíbrio, maiores são os problemas
para a segurança pública.
Assim, note que o Imperador Dom Pedro I cercava-se de uma força que não
poderia ser considerada milícia, uma vez que possuía seu aparato legal para
travar suas batalhas se preciso fosse. Essa Guarda Nacional de Elite, como ficou
conhecida, era formada por civis e distribuída aos grandes proprietários de cada
região. Cada grande latifundiário poderia alcançar o cargo máximo de coronel, por
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
A Guarda Nacional foi extinta em 1922 pelo presidente Artur Bernardes, após
a Proclamação da República.
2.4 AS CONSTITUIÇÕES
REPUBLICANAS
Prezado aluno! Nessa última parte histórica de nossos estudos acerca da
segurança pública no Brasil, vamos nos debruçar sobre as Constituições que o
país teve ao longo de sua história.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
Como você já deve ter notado, isso durou pouco. Com o golpe militar de
1964, que depôs o Presidente da República João Goulart, foi escrita e promulgada
a sexta Constituição que tivemos no país. Veja que essa tratava-se de uma carta
de direitos escrita exclusivamente pela censura militar, abdicando os direitos
coletivos e individuais mais prementes. O autoritarismo e a centralização política
dos poderes (como na época da Monarquia, quando apenas a ele era dado o
poder moderador, aqui seria apenas ao líder militar) trouxeram novamente a
pena de morte, a caça aos inimigos políticos apelidados de inimigos da nação ou
contrários ao governo que se formava, a limitação dos direitos trabalhistas, num
retrocesso dos direitos já conquistados pelo cidadão através das cartas anteriores.
O fechamento do Congresso Nacional, a censura dos meios de comunicação e
a centralização do poder nas mãos dos militares, possuíam, segundo eles, uma
importância extrema para o Brasil, que era a defesa do território contra os ataques
dos inimigos, que seriam os opositores do governo e, assim, da Nação. Perceba
que, mais uma vez, a segurança pública, em meio a todo esse redemoinho que
se formava, teria que se reinventar aos mandos e desmandos de novos regimes e
novas ordens que se formavam.
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Boa leitura!
Foi através dessa Carta Magna que as instituições passaram por uma
permanente organização e a segurança pública teve, pela primeira vez, a real
possibilidade de publicização, ou seja, seus atos e ordens se tornaram públicos,
ordenados e planejados.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
A segurança pública não existe para esse fim. Como sua própria
nomenclatura já sugestiona, serve para preservar e manter ordem e paz onde
há caos e guerra. Com as Constituições sendo alteradas, algumas vezes em
tom de vanguarda, outras de retrocesso, a necessidade era constante de uma
legalização e ordenamento que fizesse prevalecer os reais intuitos da instituição.
A partir de 1988, com a Nova República e os princípios de uma norma geral que
norteiam as entidades, regulamentando-as e, ao mesmo, apoiando-as, o sistema
de segurança passou a ficar mais claro.
Para que isso ocorresse, você aprendeu que passamos por várias fases,
desde a Monarquia, Republicanismo e Presidencialismo até a Ditadura. Isso acaba
moldando a argamassa que constitui um povo e forma uma nação. Da mesma
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Ocorre que, como se trata de instituições que tem por finalidade a saudável
convivência social, é comum a alteração de suas próprias perspectivas, ao passar
dos tempos e da história. Isso acontece porque as mudanças de pensamento e
atitudes são essenciais no ciclo evolutivo social, quando novas nuances, antes
não imaginadas, por exemplo, a tecnologia e a globalização surgem como
inovações que também se alteram constantemente, mudando a sociedade
ao redor. No próximo subtópico, vamos entrar na discussão das mudanças de
modelos e dos padrões que se alteram, mudando as perspectivas, tanto sociais
quanto das próprias instituições que estamos estudando agora.
3 PARADIGMAS DA SEGURANÇA
PÚBLICA
Prezado aluno! Como conversamos no subtópico anterior, você viu que as
mudanças ocorrem e são, na maioria das vezes, essenciais para o desenvolvimento
tanto da sociedade quanto de suas próprias instituições. Imagine, você, se não
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
Como vimos, para chegarmos até esse ponto, as mudanças vieram de forma
paulatina, devagar e se moldando com o passar dos tempos. Ainda assim, elas
chegaram. Motivadas pela nova maneira de enxergar a sociedade e o trato social,
pela nova ordem social pautada na globalização, seja econômica ou social, na
tecnologia e em novos conhecimentos, tivemos que nos transformar para nossa
sobrevivência. Assim também ocorreu com as instituições.
FONTE: <HTTPS://F.I.UOL.COM.BR/
FOTOGRAFIA/2018/04/01/15225919375AC0E8C1BD73D_1522591937_3X2_
MD.JPG>. Acesso em: 3 jun. 2021.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
Vamos estudá-los?
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área da segurança pública, que tinha seus fundamentos formada pela Doutrina
de Segurança Nacional, formada pela Escola Superior de Guerra. Assim, você
percebe que qualquer política de segurança pública passaria, então, pelo crivo
de uma instituição que possui, em sua característica mais originária, a
Centros de guerra, o combate e o conflito (OLIVEIRA, 1976).
inteligência e de
informação, como A primeira Constituição do Regime Militar de 1967 previa o
o serviço Nacional
princípio da defesa do Estado expressamente, incluindo as Forças
de Informação
prestavam a função Nacionais como preponderantes e essenciais para a execução da
de informar qualquer segurança pública. Centros de inteligência e de informação, como
intenção de ameaça o serviço Nacional de Informação prestavam a função de informar
ou, até mesmo, qualquer intenção de ameaça ou, até mesmo, opiniões contrárias ao
opiniões contrárias Estado de Segurança Nacional. Isso recrudesceu a política de caça aos
ao Estado de
considerados inimigos do Estado, que os interligava principalmente à
Segurança Nacional.
corrente do comunismo (BORGES, 2003, p. 33).
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
principais, realizada pela nova Carta Magna, que abria essa mudança de padrões.
Essa alteração se deve à promulgação da Constituição de 1988 como um marco
legal na construção de uma redemocratização no Estado nacional. Mesmo não
estabelecendo um conceito básico do que seja segurança pública, definiu seus
afazeres diferentemente de sua antecessora quando “a segurança pública,
dever do Estado, direito e responsabilidade de todos” (BRASIL, 1988, Art. 144,
caput). Da mesma forma, prevê a funcionalidade do instituto quando celebra “a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”
(BRASIL, 1988). A partir daí, a Constituição nomeia e respalda legalmente todas
as instituições que perfazem o sistema, demarcando, dividindo e determinando
suas funções, competências e jurisdições. Isso significa segurança jurídica, tanto
ao cidadão quanto aos agentes que laboram na segurança pública, uma vez que
estão respaldados por uma lei suprema, que os dota de direitos, mas também de
deveres.
• Polícia Federal.
• Polícia Rodoviária Federal.
• Polícia Ferroviária Federal.
• Polícias Civis.
• Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
O Art. 142 definiu o papel das Forças Armadas como responsáveis pela
manutenção da Segurança Nacional e sua soberania, na defesa da Pátria e na
garantia dos poderes constitucionais. Isso demonstra um conceito diferente para
as duas instituições, tendo cada uma âmbitos diferentes, enquanto a Segurança
Pública volta-se para a preservação da harmonia interna, a Segurança Nacional,
por intermédio das Forças Armadas, é atribuída ao exercício da soberania
nacional e da defesa do território. Nessa nova perspectiva e seus atuais padrões,
podemos notar que houve uma descentralização administrativa, e o novo princípio
conferia, então, aos Estados e Municípios uma maior participação na execução da
segurança pública, que passam a ter responsabilidades pelo gerenciamento de
suas polícias civil e militar.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
Boa Leitura!!
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a se realizar? Podemos definir que isso não seria possível sem a participação
das pessoas que fazem parte da comunidade. Dessa forma, entendemos que a
participação popular, o engajamento social, possui um papel preponderante para
a saúde da vida comunitária. Esse participar, expressa o sentido de cidadania.
Devido às enormes distâncias entre os Estados e pelas próprias características
da divisão federativa no Brasil, esse modelo está presente com maior veemência
em determinados locais do que em outros. Ainda assim, a Secretaria Nacional de
Segurança Pública iniciou o programa Segurança Cidadã.
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Capítulo III
Da Segurança Pública
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Algumas considerações devem ser feitas ao artigo que você leu. Você
reparou o que Art. 144, em seu início ou caput, traz a questão responsabilidade.
Aqui, é dever do Estado a Segurança Pública, mas não se limita apenas a ele.
Ao escrever a norma, quis o legislador original incluir toda a sociedade, ou seja,
a questão segurança não é apenas referenciada para as polícias, mas a todos
os cidadãos. Isso significa que todos, a partir de sua conduta e de suas ações,
são responsáveis por uma convivência saudável e pela minimalização de atos
criminosos a partir dela. A partir daí, você pode perceber que, como dever de todos,
a responsabilidade pela segurança é compartilhada entre os poderes, e cada
esfera de governo possui a sua incumbência para o aperfeiçoamento do setor.
Assim, estados e municípios também estão incluídos nessa responsabilidade.
À União cabe, como você viu no Art. 144, realizar o policiamento e segurança
das fronteiras da Nação e, ainda, o combate ao tráfico de drogas, seja internacional
ou interestadual, desempenhado pela Polícia Federal. Já as estradas e rodovias
federais são asseguradas pela Polícia Rodoviária Federal, da mesma forma que
as ferrovias são fiscalizadas pela Polícia Ferroviária Federal.
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FONTE: <https://www.politize.com.br/wp-content/uploads/2018/06/u00f3rg_u00e3os-
de-seguran_u00e7a-p_u00fablica_Prancheta-1.jpg>. Acesso em: 9 jun. 2021.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
Você viu quantas diferenças? Uma delas é que ao militar não é dada
a liberdade sindical, nem de greve, diferente dos agentes da Polícia Civil e do
DEPEN que você viu anteriormente. Sendo forças auxiliares e reservas das
Forças Armadas, e por sua própria natureza militar, isso também é vedado
aos bombeiros e aos policiais militares! Outro ponto importante é que, para os
crimes militares, a investigação fica sob a competência do Código Penal Militar,
o Decreto-Lei nº 1001/1969. Também não pode, o militar que estiver na ativa, ser
filiado a nenhum partido político. Aqui surgiu uma dúvida! A lei, como essa que é
de 1969, não difere dos preceitos da Constituição, uma vez ter sido ela escrita em
1988? Vamos ver esse tema agora!
regulamentos. As leis que você conhece como Código Civil, que estabelece os
contratos entre os particulares; o Código Tributário, que controla os impostos
cobrados e a forma de arrecadação diversa; e o Direito Penal, por exemplo, são
consideradas normas infraconstitucionais. Elas são reconhecidas assim por não
estarem escritas no texto original da Constituição. Todas as leis escritas, após ou
antes da CF/1988, que não sejam parte de uma emenda constitucional, ou seja,
que não se insiram no próprio texto constitucional, são leis infraconstitucionais.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
humana não podem ser menosprezados por qualquer outra norma que venha
a ser escrita. Também não devem ser ignorados os princípios da soberania, da
cidadania, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. A Constituição
traz, em seu Parágrafo 1º, o princípio da soberania popular, conferindo ao País
o sistema democrático de direito, quando diz que “todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente” nos termos da
Constituição (BRASIL, 1988).
Você sabe o que acontece caso alguma norma vá contra o que manda a
Constituição e seus princípios atribuídos? Ocorre a inconstitucionalidade da
norma, ou seja, a lei é inconstitucional. A importância da constitucionalização do
direito vai de encontro à finalidade política, de promoção humana e até ideológica
do país. Para nós, nossos estudos revelam que se os institutos de segurança
pública não tiverem um marco legal, nem mesmo sua publicidade perante os
cidadãos e perante o próprio sistema, não há formas de controle e nem mesmo
haveria qualquer política de segurança pública.
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Entretanto, você estudou que nem sempre foi assim e a partir da nova
Constituição e dos novos paradigmas, as possibilidades e responsabilidades
foram destacadas. Dessa maneira, de nada vale ter uma Constituição Cidadã se
você não conseguir transformar suas belas palavras em atitude, em uma política
pública que defenda o que preza a própria CF. Assim, é necessário um Estado
forte, que se faz por intermédio de uma democracia forte, que se fortalece a
medida da participação de todos. Um Estado fraco se forma ao realizar os desejos
do mercado globalizado e não mais que isso (BAUMAN, 2000).
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
o Estado aposta suas fichas na segurança contra qualquer situação que possa vir
a interferir na arte do consumir e nas atuações dos conglomerados comerciais,
geralmente estrangeiros (FERREIRA, 2020).
Você já entendeu o que isso pode acarretar, não é mesmo? Isso pode
fazer com que o Estado se torne fraco, deixando de lado as políticas públicas
de inclusão, de educação e saúde, de ressocialização etc., acarretando um
distanciamento social, contrário a tudo o que previu a Constituição e, até mesmo, o
paradigma da segurança cidadã, em prol da segurança dos locais de consumismo
e dos interesses das grandes empresas.
Você já deve ter ouvido falar na prisão realizada por cidadão, não é mesmo?
Vamos esclarecer esse ponto? Uma vez que a segurança de todos é dever do
Estado, poderia a pessoa comum (que não faz parte dos quadros das instituições
de segurança) agir por conta própria? O Art. 301 do Código de Processo Penal
diz assim: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes
deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito” (BRASIL,
1941).
Essa previsão legal diz respeito à prisão em flagrante, de alguém que esteja
cometendo algum ato criminoso e que, ofereça capacidade do cidadão normal
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(não policial) de realizar a prisão. Não confunda esse dever legal com dever de
fato. O que o texto legal quer dizer, é que, se a pessoa, mesmo a vítima, tomar
atitudes contra o malfeitor, essa estará diante do exercício regular de direito,
em sua proteção ou mesmo na proteção de outrem. Assim, exclui a ilicitude de
qualquer ato de defesa própria ou de defesa de terceiro que esteja em perigo.
Nesse caso, a prisão pode ser realizada, se possível for, por qualquer um
do povo. Até mesmo a vítima pode realizar a prisão se conseguir, durante o ato
criminoso. De outra forma, fica caracterizado a vingança e, com isso, o nosso
ordenamento jurídico não concorda.
Agora, acerca de tudo o que vimos nesse primeiro capítulo, que tal
se você revisar realizando algumas atividades? Vamos lá!
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Você viajou até o período do Império, das Ordenações Filipinas e
compreendeu os primeiros passos das polícias no Brasil. Até aqui, você viu
a criação do instituto que tratava da segurança pública que abrangia, desde o
início, diversas formas e maneiras de operações. Podemos identificar que em
algum período, desde muito antigos como mais modernos, a segurança pública
foi estipulada e utilizada a partir de ideologias que não contemplam o seu intuito.
Vimos que ela serviu para apoiar tanto o monarca quanto o sistema do militarismo.
Da mesma forma, você refletiu a respeito do real significado de segurança, que se
diz pública. Aqui, no início do seu estudo, você conseguiu identificar a influência
de uma lei, como as Ordenações, e a ingerência de comandos que preveem
apenas a manutenção do poder e, para isso, utilizam-se de toda força possível.
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Capítulo 1 A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL: HISTÓRIA E PARADIGMAS
Mesmo com imensos ganhos legais a partir da Carta de 1988, ainda temos
muito o que trilhar. Como você pôde notar, é preciso mais. O envolvimento do
povo e da comunidade somente será possível com políticas que envolvam as
necessidades mais prementes de toda a população, ou seja, saúde, educação,
lazer, cultura, trabalho e a ampla cidadania. Sem isso, não há novo paradigma ou
arquétipos modernos que atendam aos anseios de qualquer Política De Segurança
Pública. Note que, na história, os modelos trazidos até aqui conseguem demonstrar
que as piores mazelas ocorrem quando a população não é considerada pelo seu
governo. As possibilidades de diminuição da criminalidade são maiores a partir
da vida comunitária e da convivência. Não se combate criminalidade com mais
crimes, mas com educação e possibilidades.
REFERÊNCIAS
BARROSO, L. R. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de
uma dogmática constitucional transformadora. São Paulo, Saraiva, 1999.
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C APÍTULO 2
SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Prezado aluno! Você percorreu pela passagem do tempo e identificou a
formação das estruturas que balizaram todo o entendimento e a identidade dos
órgãos de segurança púbica no Brasil. As normas foram se alterando e, como
você viu, nem sempre em busca de uma evolução. Tivemos também retrocessos,
percalços que precisavam ser corrigidos. A partir da Constituição de 1988, você
percebeu que a lei evidenciava a segurança pública a partir de suas próprias
responsabilidades e deveres com o povo. Daquele ponto até os dias de hoje,
a democracia fundou-se como principal e única forma de governo no Estado
Nacional em que prevalece o poder do povo, que elege os seus representantes
por intermédio de uma eleição. Ainda assim, é importante um Estado que esteja
realmente comprometido aos ideais democráticos, da mais autêntica interpretação
do que significa democracia.
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O que é Criminologia?
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coletividade. Dessa forma, a pena possui ampla finalidade em seu sentido dualista
de retribuir o injusto causado ao delinquente e a de prevenção de futuros crimes,
servindo também em sua função pedagógica. A ressocialização é um de seus
intuitos. Possui também o caráter de igualdade entre todos, pois afirma serem
todos iguais perante a lei, ao julgar qualquer criminoso que atente contra os
valores difundidos pelo interesse de proteção penal, que são os valores comuns a
todos os cidadãos (BARATTA, 2011).
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
2.2 OS PROTAGONISTAS DO
SISTEMA DE DEFESA SOCIAL
Como vimos, pela ordem estabelecida na Constituição de 1988, todos, desde
cidadãos, estados, municípios e nação devem realizar sua parte no acordo em
prol da segurança pública. Entretanto, como você já percebeu, isso somente seria
possível a partir de uma norma de procedimentos, avaliados a partir dos desígnios
que convalidem a vontade coletiva. Esse mecanismo é realizado pela política de
segurança pública nacional.
O último plano escrito em 2018 com validade até o ano de 2028, define a
Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. A partir dele, a disposição
de uma ordenação que visa o combate contra a criminalidade prevê a importância
de um plano único e centralizado, mas que ao mesmo tempo descentralize as
tomadas de decisões que devem ser realizadas pelas bases e dados estatísticos
de cada região.
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Nele, você pode ter acesso aos últimos estudos acerca dos
grupos criminosos atuantes em cada estado do país e quais os
planejamentos estruturais de combate ao crime organizado.
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Assim, você pode definir que todos os institutos de segurança pública são
protagonistas do sistema de defesa social, pois tanto ideologicamente quanto na
prática é o sistema utilizado. Por mais que estejamos vivenciando uma mudança
de paradigma e padrões para a realização das políticas públicas de segurança,
o modelo utilizado ainda é o da Defesa Social. Esse sistema também sofre com
algumas deficiências próprias de modelos originados em situações distantes da
democracia.
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Aqui há a definição de direito penal do inimigo, que deve ser cassado pelas
suas diferenças.
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
O sistema penal baseado na defesa social, possui suas bases fundadas nos
estudos do que seja crime, em um plano que não considera as evoluções sociais
e as diferenças gritantes que ocorrem na sociedade, principalmente no âmbito
econômico. Entretanto, o sistema confirma o direito penal e seus institutos de
repressão.
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3 AS FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES
DA POLÍCIA NUMA SOCIEDADE
DEMOCRÁTICA
Prezado aluno, vimos que, historicamente, a polícia ostensiva possui qualidades
inerentes à prática e estrutura militar. A militarização nas polícias preventivas da
segurança pública partiu, a princípio, para a proteção do monarca ou dos grupos
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
Para que se altere um padrão, deve haver uma crise nos modelos utilizados
até que esse passe a ser questionável ao ponto de uma ruptura. Nesse caso, a
ruptura precisa partir de dentro para fora, ou seja, do interior da instituição que
se pretende alterar. Para isso, os valores devem ser dispostos como meta a
ser atingida. As atribuições da polícia, órgão da segurança pública, devem ser
manejadas a partir da garantia dos direitos fundamentais e dos direitos humanos.
É certo que isso somente pode ocorrer em uma ordem democrática.
O isolamento social se deve pela sua própria função, que evita contato com
determinados grupos da sociedade considerados pelos próprios policiais como
perigosos e que podem realçar atitudes hostis contra eles. Esse afastamento do
convívio público e social é a causa do desenvolvimento de uma solidariedade
interna, desenvolvedora do pragmatismo e do conservadorismo da instituição
(SKOLNICK, 2002).
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• A Primeira Concepção:
Seu papel é “combater” os criminosos, que são convertidos
em “inimigos internos”. As favelas são “territórios hostis”,
que precisam ser “ocupados” através da utilização do “poder
militar”. A política de segurança é formulada como “estratégia
de guerra”. E, na “guerra”, medidas excepcionais se justificam.
Instaura-se, então “uma política de segurança de emergência”
e um “direito penal do inimigo”. O “inimigo interno” anterior –
o comunista – é substituído pelo “traficante”, como elemento
de justificação do recrudescimento das estratégias bélicas de
controle social.
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
• A Segunda Concepção:
O cidadão é o destinatário desse serviço. Não
há mais “inimigo” a combater, mas cidadãos para A concepção
servir. A polícia democrática, prestadora de serviço democrática
público, em regra, é uma polícia civil, embora possa estimula a
atuar uniformizada, sobretudo no policiamento participação popular
ostensivo. A polícia democrática não discrimina, na gestão da
não faz distinções arbitrárias: trata os barracos segurança pública;
nas favelas como “domicílios invioláveis”, respeita valoriza arranjos.
os direitos individuais, independentemente de
classe, etnia ou orientação sexual; não só se atém
aos limites inerentes ao Estado democrático de direito, como
entende que seu principal papel é promovê-lo. A concepção
democrática estimula a participação popular na gestão da
segurança pública; valoriza arranjos participativos e incrementa
a transparência das instituições policiais (SOUZA NETO, 2008,
p. 6).
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
de sua base, a defesa social deve servir como a defesa de todas as pessoas e
de todas as classes, isso será possível através de normas de procedimentos e
regras técnicas, lançadas aos modernos padrões operacionais que possibilitem
uma atual cultura organizacional e de governança da atividade da polícia através
dos novos modelos de conduta na interação social (BARATTA, 2011).
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
O que é o PRONASCI?
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Claro que de nada adianta toda essa estrutura normativa sem antes
qualificar os profissionais de segurança pública para o novo paradigma, que deve
partir de dentro da instituição. Para isso, o discurso deve ser utilizado tanto em
treinamentos quanto na atuação em conjunto dos policiais. O PNDH desenvolve
o treinamento e a capacitação para os profissionais. Veja que a importância vai
desde a polícia ostensiva em sua abordagem e patrulhamento até o delegado que
recebe e coordena o inquérito policial, bem como nas investigações realizadas
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
por investigadores da polícia civil, que devem estar calcadas em valores balizados
pelos direitos humanos. Assim nasce o real intento para a Polícia Comunitária,
ou também conhecida por Polícia Cidadã, já destacada no paradigma que você
estudou no capítulo anterior.
4 POLÍCIA COMUNITÁRIA
Reconhecida como uma filosofia, a Polícia Comunitária, ou Cidadã, é uma
nova interação entre as estratégias policiais que se redefinem e os diversos
problemas oriundos da criminalidade na sociedade e no Estado moderno. A
prática das ações e a interação com a sociedade deve ser concretizada visando
a vivência cotidiana e a partir dela definir os problemas de segurança mais
prementes na sociedade.
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
Se Deus quiser que venha armado, filme dirigido por Luís Dantas
em 2015, demonstra a participação de duas forças antagônicas,
que se colidem no cotidiano, em meio à vida social. A influência do
Primeiro Comando da Capital (PCC) nas vidas dos detentos, bem
como a violência policial sem limites, demonstrada na película e
aplicada nas comunidades, é totalmente o inverso do intentado
paradigma da Segurança Cidadã.
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4.2 AS CARACTERISTICAS DA
POLÍCIA COMUNITÁRIA
Originariamente, o Decreto Federal nº 88.777, de 30 de setembro de 1983
regulamenta as funções das Polícias Militares e dos Bombeiros. O patrulhamento
de maneira ostensiva também foi expresso como uma das funções policiais que
passou, com a forma comunitária de ação, a atentar para determinados princípios.
Não apenas a constitucionalização do direito que você já conhece, mas com o
advento de normas e regras que intensificaram a formação da Polícia Comunitária,
passaram a moldar a nova filosofia nas organizações policiais. São princípios que
caracterizam e padronizam a Polícia Comunitária:
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FONTE: <http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v21n02/
v21n02_04.pdf>. acesso em: 20 jun 2021.
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5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Prezado aluno! Determinamos, nesse capítulo, que o sistema de Defesa
Social somente pode ser capaz de protagonizar o novo paradigma da Segurança
Cidadã se cumprir sua funcionalidade original. A interpretação da Escola Clássica
do Direito Penal (século XVIII, movimento iluminista) acerca da definição e
aplicação do conceito, busca por garantias que defendem o cidadão dos poderes
dos governantes, tão elevados naquelas épocas de mudanças na Europa.
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Capítulo 2 SEGURANÇA PÚBLICA E DEMOCRACIA
Comunitária, não há conteúdo jurídico de leis melhor. Só que fazer valer as normas
legais pelos princípios corretos é o mais urgente. As premissas que destacam o
poder democrático ainda engatinham quando as políticas públicas estão longe de
atingir seu potencial e seus mais necessitados personagens.
Caro aluno, nesse capítulo, você estudou que, para a real transformação
do paradigma da segurança social, as políticas públicas de qualidade são
importantes. Sem elas, qualquer manejo diferente por parte de adventos da
segurança pública será visto como mais uma intervenção legal à base da força,
do controle e da marcação dos órgãos penais do Estado. Por esse motivo, é
importante a promoção e efetivação das políticas públicas, em principal destaque
nas comunidades mais carentes do olhar e do cuido estatal, para se ir alterando
as concepções históricas já moldadas nas mentes e na experiência de todos.
Todos os passos que você viu para a tomada das ações do policiamento
comunitário envolvem diversas organizações, o que, por sua vez, abrangem
muitas pessoas. A importância do agente policial é fundamental para o sucesso
da missão comunitária. É a partir dele que haverá ou não aceitação e sucesso.
Portanto, assim como a população, o profissional é peça essencial nesse tabuleiro
contra o crime. Sua presença nas comunidades altera a rotina, mas sua aceitação
capacita a sociabilidade. Entretanto, inúmeros são os problemas sociais e diversas
as adversidades causadas pelo crime, principalmente o crime que se organiza.
Para o policiamento comunitário, deve-se dar um passo de cada vez, e o principal
movimento em um país com tantas desigualdades sociais e dificuldades inúmeras
das populações mais carentes deve ser dado pelos nossos governantes.
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como as pessoas comunais, degusta seus problemas e por que não auxilia na
remoção desses mesmos obstáculos.
REFERÊNCIAS
ADORNO, S. Consolidação democrática e políticas de segurança pública no
Brasil: rupturas e continuidades. In: ZAVERUCHA, J. (Org.). Democracia e
instituições políticas brasileiras no final do século XX. Recife: Bagaço,1998.
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C APÍTULO 3
PLANEJAMENTO E GESTÃO:
A GOVERNANÇA DA SEGURANÇA PÚBLICA
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Capítulo 3 PLANEJAMENTO E GESTÃO: A GOVERNANÇA DA SEGURANÇA PÚBLICA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Prezado aluno! Você viu que garantir a segurança de todos é uma
árdua missão que implica diversas dificuldades específicas das imensas
responsabilidades que são colocadas nas mãos de pessoas, que, como nós,
possuem seus próprios dilemas e medos pessoais, anseios e desejos. O agente
profissional de segurança pública passa por treinamentos específicos em sua
carreira, para atender à essencialidade de sua atividade, que é proteger. Com o
novo modelo de polícia comunitária, essa capacitação foi alterada e reiniciada a
partir dos padrões que se deseja seguir. A preparação do profissional passou a
ser mirada para a sociabilidade e o encontro comunitário, não sendo mais uma
preparação para a guerra contra o inimigo. Isso somente é possível por intermédio
de diversas estratégias de organização do tempo, estudo e da qualificação dos
atores responsáveis pela proteção de todos.
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Vamos lá!
2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
APLICADO À SEGURANÇA PÚBLICA
Prezado aluno, você verá que o conceito de estratégia e planejamento,
apesar de serem ambos expressos nos dicionários e terem seus conceitos
descritos a partir de adjetificações similares, para a segurança pública essas
palavras possuem significados ímpares. A princípio, planejamento se define
como a “ação de preparar um trabalho, ou um objetivo, de forma sistemática” ou
a “ação de planejar e elaborar um plano” (DICIO, 2021, s.p.). Ainda, seu conceito
mais desenvolvido invoca a “determinação das etapas, procedimentos ou meios
que devem ser usados no desenvolvimento de um trabalho, festa, evento” (DICIO,
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Capítulo 3 PLANEJAMENTO E GESTÃO: A GOVERNANÇA DA SEGURANÇA PÚBLICA
Foi com Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) que cinco básicas definições
de estratégias passaram a reinterpretar o sentido, englobando seu significado a
partir de planos elaborados:
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Ainda, por mais diferenças que existam, uma qualidade que pode
O principal propósito
para uma política ser aplicada ao planejamento público advém dos planos estratégicos
pública fundamenta- corporativos. Aqui, a diferença está nos atores ligados diretamente
se na promoção do à política. Assim, as estratégias se definem a partir de métodos
bem-estar social ao complacentes à questão pública. Para Pfeiffer (2000), o planejamento
sanar problemas estratégico para o setor público serve como um “instrumento de
que, fincados na
gerenciamento”, capaz de tornar mais eficiente o propósito específico
sociedade, causam
algum distúrbio. acentuado pela gestão. Nesse setor, valorizar a assistência às
necessidades da população é o principal foco a ser atendido. Para isso,
instituir a missão, a visão, a organização, a clientela, o propósito de atuação e a
forma de atuação são condições imprescindíveis (PFEIFFER, 2000). O principal
propósito para uma política pública fundamenta-se na promoção do bem-estar
social ao sanar problemas que, fincados na sociedade, causam algum distúrbio.
analítico.
• Definição: é estabelecida em cada nível operacional, focada em cada
tarefa e em cada atividade.
Por possuir planos a longo prazo e efeitos estendidos por vários anos, o
planejamento estratégico é o melhor a ser utilizado pelas políticas públicas,
quando seus efeitos e consequências permanecem. Na pirâmide apontada por
Chiavenato (2004), conseguimos distinguir os três níveis, sua importância e
missão específica:
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O Plano Nacional deve ser aprovado por lei para atestar a segurança jurídica,
gerar responsabilidade pública dos entes envolvidos e para que seja, em qualquer
caso, possível de se exigir o implementar das ações previstas.
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FONTE: < h t t p s : / / w w w. j u s t i c a . g o v. b r / n e w s / c o l l e c t i v e - n i t f -
content-1544705396.44>. Acesso em: 21 jun. 2021.
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Uma importante característica que não apenas se manteve, mas foi estendida,
é a capacitação e valorização do profissional de segurança pública, com o intuito
de aprimorar a educação gerencial, técnica e operacional. Os estudos pautados no
princípio educacional da andragogia fornece uma grade curricular evidenciada nos
direitos humanos e fundamentais, validando as diretrizes da polícia comunitária,
que o tipo de ação que intenta. Também há o Programa Pró-vida, que se levado
a sério, servirá para os propósitos mais carentes das nossas instituições policiais,
que são a atenção psicológica e de saúde no trabalho ao desenvolver projetos
competentes no setor (BRASIL, 2018a, p. 74).
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Guilherme Mazui
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FONTE: <https://g1.globo.com/politica/noticia/um-ano-apos-lancar-
plano-nacional-de-seguranca-confira-o-que-o-governo-cumpriu-e-
o-que-nao-cumpriu.ghtml>. Acesso em: 25 jun. 2021.
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Segurança Pública deve se pautar não apenas pelo “mero financiamento passivo
de projetos específicos, mas passa a propor uma dinâmica de maior parceria
e cooperação em torno da elaboração e implantação de planos estaduais de
segurança pública sistêmicos, isto é, abrangentes e integrados” (BRASIL, 2005,
p. 4).
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Você quer saber mais sobre a Senasp? Então vamos lá! No site
do governo federal, você encontra a Senasp e seus institutos desde
diretrizes aos planos estaduais de segurança pública: https://www.
gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/agenda-de-autoridades/senasp.
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Capítulo 3 PLANEJAMENTO E GESTÃO: A GOVERNANÇA DA SEGURANÇA PÚBLICA
3 MODELOS DE GESTÃO E
POLÍTICAS DE SEGURANÇA
PÚBLICA
A consolidação da segurança pública no país, a partir dos critérios
que adota o novo paradigma, necessita do envolvimento de todos os Evitar conflitos
organizacionais é
agentes presentes na sociedade civil e nas instituições de proteção e
o ideal de qualquer
defesa. O sentido do ideal comunitário reconhece a centralidade da instituição que
comunidade em detrimento do conceito usual de Estado/Mercado pretende atingir as
(SCHMIDT, 2006). Para a governança de um modelo que se amplia na metas traçadas.
medida em que é utilizado, envolvendo cada vez mais protagonistas em
suas engrenagens, é preciso conservar a sua forma de ação e de filosofia. As
inúmeras metodologias que estrategicamente complementam a gestão devem
estar em conformidade aos seus ditames estruturais, pois sistemas antagônicos
entre si, se colocados juntos, podem causar mais danos que acertos. Evitar
conflitos organizacionais é o ideal de qualquer instituição que pretende atingir as
metas traçadas.
Uma das grandes dificuldades que causam até hoje adversidades para
o sucesso da gestão da segurança pública e sua padronização ao modelo
comunitário, pode vir de setores da sociedade e até mesmo da própria organização
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policial, que afirmam ser o novo paradigma incompleto à real função da polícia.
Veja, prezado aluno, que o lançamento do primeiro Plano Nacional de Segurança
Pública no ano 2000 era considerado mais como um documento político do que
mesmo estratégico, quando ficou caracterizado pela sua “elevada capacidade de
formulação de políticas e baixa capacidade de implementação”, deixando à deriva
projetos que o próprio poder público se mostra incapaz de aplicar (ADORNO,
2003, p. 130). Isso ocorre pelo fato de que, para a instauração de um novo modelo
ou paradigma, a ruptura com as viciantes incongruências do anterior devem ser
superadas, mas ainda estamos presenciando essa parte da mudança, o momento
da superação do antigo. A lógica e o discurso de que a segurança pública deve ser
pautada pelo uso da força e pela penalização, em um recrudescimento do direito
penal, ainda é latente em nossa sociedade e em grupos que perfazem a própria
segurança pública que se pretende alterar (ADORNO, 2003). Não fosse apenas
isso, o poder público apresenta incapacidade em instaurar algumas importantes
concepções do novo modelo, por exemplo, o policiamento comunitário nas
escolas.
Por esse prisma, caro aluno, você percebe que planejamentos estratégicos
diversos ou planos de gestão, mesmo os mais elaborados como aqueles exemplos
retirados de grandes conglomerados que visam os resultados positivos, não se
adequam a um plano nacional enquanto velhas ideologias e antigos modelos não
forem superados.
3.1 O COMPSAT
Considerada uma influente metodologia de gestão estratégica, Compsat,
sigla para análises estatísticas computadorizadas, tem a intenção de integrar um
banco de dados inteligente capaz de impulsionar a transparência e a prestação
de contas das instituições policiais desenvolvidas por metas que devem ser
atingidas pelos administradores regionais e pela disseminação dos resultados que
se atinge. Esse tipo de estratégia foi iniciado pelo Departamento de Polícia de
Nova Iorque, quando o uso de dados estatísticos de crimes diversos ajudou ao
implantar de solução de problemas que se faziam presentes (BOBA, 2009).
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Capítulo 3 PLANEJAMENTO E GESTÃO: A GOVERNANÇA DA SEGURANÇA PÚBLICA
Entretanto, para uma técnica de gestão que evidencia a estratégia, seja ela
qual for, é importante determinados sentidos que Compsat não considerou.
É certo que o serviço de qualquer polícia no globo está fortemente ligado aos
indicadores de análises estatísticas. O diferencial deste tipo de análise é o seu
propósito inicial. Temos aqui uma ferramenta que demonstra quais números devem
ser melhorados dentro da segurança pública, atento às metas e tendências. Esse
sistema possui a pretensão de que se siga à risca todos os seus números a fim de
atingir as metas estabelecidas, alertando sobre melhorias e sobre pioras também.
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soluções para esses casos podem ser diversas, mas somente são tomadas a partir
de uma gestão que estabeleça esse tipo de ação, menos invasiva (MARCINEIRO,
2009). O patrulhamento preventivo e agressivo, comumente operado por policiais,
precisava, a partir dos novos moldes de integração que se formavam, ser extinto,
dando espaço a uma teoria de solução de problemas junto à comunidade.
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Capítulo 3 PLANEJAMENTO E GESTÃO: A GOVERNANÇA DA SEGURANÇA PÚBLICA
As questões “quando fazer”? “Por que fazer”? “Quem fará”? podem ser
esclarecidas através do método anterior ao adotar uma solução propícia a cada
problema ao invés de não se ter uma ação prática planejada. E isso se perfaz em
gestão e em governança, não apenas do ambiente policial, mas também de toda
sua estrutura, seguindo os padrões do modelo que se pretende efetivar.
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Por certo, o modelo pode ser adaptado pela governança ao conferir a forma
de administração a ser utilizada, ou melhor, os questionamentos realizados dentro
do sistema IARA podem ser estruturados a partir do objeto que se pesquisa.
4 - Caro aluno, você viu até aqui um sistema de gestão que conflita
com o modelo utilizado atualmente e outro que reafirma o
paradigma. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA:
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Capítulo 3 PLANEJAMENTO E GESTÃO: A GOVERNANÇA DA SEGURANÇA PÚBLICA
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4 O POLICIAMENTO ORIENTADO
PELA INTELIGÊNCIA (POI)
A partir dos modelos de gestão mais eficientes, você viu que a governança
ou administração da segurança pública não se realiza sem uma estratégia.
Tendo seu início nos anos 1990 no Reino Unido, e ampliando-se logo após
os atentados das Torres do Gêmeas nos Estados Unidos em 11 de setembro de
2001, o POI efetivava uma estratégia diferente das demais, pois gerenciava a
inteligência investigativa em prol de um impacto mais assertivo nas ações contra
o crime, diminuindo problemas nas comunidades. A identificação de crimes e seus
autores, dos personagens que se envolvem em crimes típicos de cada região,
agora fazem parte dos estudos da inteligência policial, pois seus esforços estão
dirigidos para onde apontar a inteligência e, geralmente, acaba encontrando
autores específicos em lugares de atuação constante (RATCLIFFE, 2011).
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Como seria evidente desde o início da era tecnológica, a cada dia que passa
estamos cada vez mais munidos de aparatos tecnológicos diversos. Veja que,
nos EUA, um dos primeiros auxiliares nesse aspecto que fizeram sucesso foi o
drone. Várias ações contra o tráfico de drogas nos últimos anos foram realizadas
em fazendas e em fronteiras, auxiliando a segurança pública na identificação do
crime. A discussão a respeito do uso de drones nos leva ao direito de privacidade,
gerando conflitos. Com os drones, ainda há a possibilidade de buscas em
territórios particulares que não possuam um mandado judicial para tal ação.
Entretanto, são discussões que devem ser realizadas para o completo uso da
tecnologia na defesa do cidadão, mas preservando seus direitos.
FONTE: <https://img.ibxk.com.br/2017/03/21/21134224858126.
jpg>. Acesso em: 25 jun. 2021.
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Inovação
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Futuro
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Existem outras possibilidades que estão sendo estudadas. Veja, por exemplo,
o aparelho conhecido por Gunshot Detection System (GDS), implantado em
várias cidades norte-americanas. O sistema em questão possui a característica
de identificar sons de tiros. Quando ativado, envia um sinal para os módulos
policiais que tendem a realizar a patrulha no local. Esse sistema intensifica a ação
policial, que não precisa esperar pelas informações da radiopatrulha, normalmente
repassadas por reclamações de moradores locais. Então, ao agir e indicar os
sons de armas de fogo em uso, indica à central policial a possível ocorrência de
um crime. De fato, não estrutura na prevenção, mas cede aos agentes uma maior
autonomia, pois não precisam aguardar o chamado do cidadão para vasculhar a
área. Muitas vezes, motivados pelo medo da criminalidade em locais considerado
de risco, não há nem mesmo o registro da ocorrência,que é realizada pelo cidadão.
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FONTE: <https://en.wikipedia.org/wiki/Gunfire_locator#/media/File:Boomerang_3_
Gunfire_Acoustic_Detection_System_MOD_45153048.jpg>. Acesso em: 25 jun. 2021.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado aluno! Encaramos juntos a missão de conhecer como a Segurança
Pública se concretiza no Brasil. Desde o início de nossa conversa, você identificou
os caminhos tomados historicamente pela segurança pública, antes não tão
participativa assim na proteção coletiva, fato que se alterou conforme a mudança
de paradigma se tornou necessária.
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Você viu que a busca pela melhor estratégia é como um jogo de xadrez,
cujas peças devem ser mexidas com segurança e conhecimento. Cada peça
movimentada errada ou mesmo deixada omissa no tabuleiro vai gerar alguma
inconstância. Para que isso não ocorra, o planejamento precisa da segurança
que somente uma gestão de qualidade pode conferir. Essa gestão, como você
identificou, é realizada de forma centralizada, mas ainda assim, respeitando as
decisões de cada local, de cada comunidade espalhada por esse país continente.
Para definir o plano, possuir uma Estratégia de longo prazo é essencial para que o
planejamento possa ser cumprido. O Plano Estratégico Situacional para ambientes
sociais e comunidades é interessante no sentido de se vincular ao modelo social
vivido naquele ambiente, bem como em suas mazelas mais características, que
são formadoras da criminalidade.
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REFERÊNCIAS
ACKOFF, R. Planejamento empresarial. Rio de Janeiro: LTC, 1976.
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FORÇA AÉREA BRASILEIRA (FAB). Drones sob controle. 2017. Disponível em:
https://www.fab.mil.br/noticias/imprime/30920/. Acesso em: 21 jun. 2021.
163
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PORTER, M.; KRAMER, M. Strategy and society: the link between competitive
advantage and corporate social responsibility. Harvard Business Review,
Boston, v. 84, n. 12, dez. 2006.
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