Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Pós-Graduanda em Gestão de Segurança Pública e Investigação Criminal Aplicada e Docente pela Academia de Polícia
Civil do Estado de Santa Catarina. Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI-SC. Agente de
Polícia Civil nível III do Estado de Santa Catarina, atualmente exerce suas funções na Delegacia de Polícia de Município
de Balneário Barra do Sul. E-mail: fran.pcsc2017@gmail.com
2 Pós-Doutor pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Portugal; Doutor em Sociologia pela Universidade
Federal do Paraná, UFPR, temática de pesquisa:controle social, crime e punição. Mestre em Direito pela Universidade do
Vale do Itajaí-SC, UNIVALI-SC. Especialista em Segurança Pública pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, PUC-RS. Especialista em Direito pela Escola da Magistratura do Estado do Paraná, EMAP-PR. Delegado
de Polícia Civil do Estado de Santa Catarina, atualmente exerce suas funções na Comarca de Joinville-SC. Professor
titular da Academia da Polícia Civil - SC. Professor de cursos de graduação, pós-graduação e formação de policiais civis,
militares, guardas municipais e agentes penitenciários. E-mail: gusso@pc.sc.gov.br
3 Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI-SC. Especialista em Ciências Criminais pela
UNIDERP. Docente pela Academia de Polícia Civil do Estado de Santa Catarina. Gerente de Pesquisa e Extensão da
Academia de Polícia Civil do Estado de Santa Catarina. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas.
Delegado de Polícia Civil do Estado de Santa Catarina, atualmente exerce suas funções na Academia de Polícia Civil –
SC. E-mail: andreluizbermudez@gmail.com
2
Introdução
O presente artigo busca analisar a necessidade de atuação da Polícia Civil na
apuração dos crimes contra a honra para o fim de confirmar se essa atuação é dispensável,
diante do considerável número de registros de ocorrência noticiando a prática de tais crimes.
Busca-se analisar tão somente aqueles crimes praticados fora do contexto de violência
doméstica e familiar contra a mulher, dada a especificidade da Lei Maria da Penha.
Considerando a limitação da pesquisa, tratar-se-á tão somente dos pontos mais
relevantes sobre os crimes de ação penal privada, notadamente, os crimes contra a honra,
avaliando-se particularidades acerca da persecução penal, da atuação da Polícia Civil e dos
princípios da fragmentariedade e subsidiariedade do Direito Penal. Tal estudo se faz
necessário tendo em vista que as notícias da prática dos crimes contra a honra representam
significativa parcela dos registros efetivados anualmente nas Delegacias de Polícia Civil, de
modo a envidar recursos materiais e humanos da Administração Pública que, muitas vezes,
sequer repercutem em alguma sanção.
Num primeiro momento, justificar-se-á a razão pela qual a presente pesquisa não
pretende investigar a prática dos crimes contra a honra no âmbitos das relações domésticas.
Posteriormente, tratar-se-á de questões relacionadas ao direito público e ao direito
privado, examinando-se, na sequência, a persecução penal.
Adiante, verificar-se-á as concepções referentes aos crimes de ação penal privada
e os crimes contra a honra.
Em seguida, serão analisados aspectos dos princípios da fragmentariedade e
subsidiariedade do Direito Penal e, por fim, proceder-se-á ao levantamento de dados
referentes à ocorrências dos crimes contra a honra na Delegacia de Polícia Civil de Araquari-
SC, no ano de 2018.
Para apresentação do conteúdo supracitado, utilizar-se-á o método indutivo.
3
A aplicação das penas no Direito Penal é orientada por princípios e valores que
também auxiliam na interpretação da norma (BITENCOURT, 2018).
Para Picazo (1973 apud BONAVIDES, 2004, p. 256), princípios são: “[...]
verdades objetivas, nem sempre pertencentes ao mundo do ser, senão do dever ser, na
qualidade de normas jurídicas, dotadas de vigência, validez e obrigatoriedade.”
Sobre o crime, necessário faz-se analisá-lo sob três aspectos. No aspecto formal, é
crime toda conduta tipificada, isto é, descrita na lei penal, para a qual há previsão de pena de
reclusão ou detenção. No aspecto material, é crime toda ação humana que incorre em lesão
ou perigo de lesão a um bem jurídico tutelado, sujeita a pena. Já o conceito analítico do crime,
5
analisa a estrutura da ação humana para que, em conjunto, seja considerada a sua existência,
configurando-se crime apenas aquele fato que seja típico, antijurídico e penalmente culpável.
A infração penal ainda é subdividida em crime e contravenção penal, distinção de natureza
valorativa, ou seja, as condutas mais graves são chamadas de crimes, enquanto as menos
lesivas, chamadas contravenções (CUNHA, 2016).
A Polícia Civil, por sua vez, tem importante papel na persecução penal,
notadamente, na fase pré processual, na investigação criminal, que é instrumentalizada por
meio do inquérito policial. Sua atribuição é prevista no artigo 144, inciso IV, C/C §4º da
Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988):
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,
é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...]
IV - polícias civis;
[...]
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares.
A atuação da polícia deduz a persecução penal, que tem início com a ocorrência
de crimes.
Para Pereira, A. (2018, p. 21), o conceito de persecução criminal está atrelado ao:
procedimento pelo qual o Estado exerce o jus puniend em face à transgressão na
esfera penal, seguindo um rito predefinido por lei e em respeito aos direitos e
garantias individuais do devido processo legal. Em outra análise, serve como
controle social na concepção da criminologia crítica [...].
denominado inquérito, o qual é realizado pela Polícia Judiciária. Assim, o inquérito reúne
todas as “diligências necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de suas
circunstâncias e de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumento escrito”,
segundo esclarecido por Daura (2011, p. 108).
Para Hoffmann (2018, p. 29), o inquérito policial:
consiste no processo administrativo apuratório levado a efeito pela polícia judiciária,
sob a presidência do delegado de polícia natural; em que se busca a produção de
elementos informativos e probatórios acerca da materialidade e autoria da infração
penal, admitindo que o investigado tenha ciência dos atos investigativos após a sua
conclusão e se defenda da imputação; indispensável para evitar acusações
infundadas, servindo como filtro processual; e que tem a finalidade de buscar a
verdade, amparando a acusação ao fornecer substrato mínimo para a ação penal ou
auxiliando a própria defesa ao documentar elementos em favor do investigado que
possibilitem o arquivamento, sempre resguardando direitos fundamentais dos
envolvidos.
Encerrada a fase pré-processual e, após a fase judicial, todo esse processo poderá
incorrer na inocência ou na condenação do investigado, com a aplicação das sanções previstas
na legislação penal. A legislação penal prevê, de antemão, penas privativas de liberdade, que
poderão ou não se concretizar com a condenação. E, afinal, a quem interessa a pena?
Cunha (2016) afirma que, mesmo diante de diversas teorias acerca da pena, não há
no Brasil um posicionamento sobre qual delas é adotada, entretanto, entende-se que sua
necessidade atende a três funções, possuindo caráter retributivo, preventivo e reeducativo.
E quem detém o poder de penalizar é o Estado. Por meio da pena, o Estado
assegura que as normas impostas por ele mesmo serão cumpridas, conforme o que se
depreende do conceito de Direito Penal Subjetivo (CUNHA, 2016).
material, mas também, o prejuízo moral subjetivo (autoestima) ou objetivo (repercussão social
da honra) (TARTUCE, 2018).
Como exemplos de reparação de dano moral decorrente de fatos lesivos à honra,
de repercussão nacional, Tartuce (2018, p. 294) cita:
Também do ano de 2017 merecem destaque dois acórdãos da Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi e com grande
repercussão nacional, que reconheceram a presença de danos morais presumidos ou
in re ipsa. As decisões estão publicadas no Informativo n. 609 da Corte, do mês de
setembro daquele ano. Os casos podem ser confrontados para o devido estudo,
inclusive com a análise do quantum debeatur. O primeiro deles diz respeito à
conduta da cantora Rita Lee que, em um show no Estado de Sergipe, ofendeu um
grupo de policiais militares. Conforme a tese fixada no julgado, “as ofensas
generalizadas proferidas por artista a policiais militares que realizavam a segurança
ostensiva durante show musical implicam dano moral in re ipsa, indenizável a cada
um dos agentes públicos”. Em complemento, como consta da ementa do julgado, “o
dano, na hipótese, exsurge da própria injúria proferida, pois a vulneração ao
sentimento de autoestima do ofendido, que já seria suficiente para gerar o dano
moral compensável, é suplantado, na hipótese específica, pela percepção que os
impropérios proferidos, atingiriam um homem médio em sua honra subjetiva, fato
suficiente para demonstrar a existência de dano, na hipótese,
in re ipsa” (STJ, REsp 1.677.524/SE, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
03.08.2017, DJe 10.08.2017). Cada um dos policiais militares foi indenizado em R$
5.000,00.
uma dolorosa sensação experimentada pela vítima, para o qual é prevista a indenização pelo
Código Civil (PEREIRA, C.; TEPEDINO, 2018).
Independentemente da área, o Direito, por meio dos seus mecanismos, prevê a
manutenção da paz social, prevenindo conflito através das normas de convivência na
sociedade (CUNHA, 2016).
Assim, se o Direito Civil é capaz de atribuir uma sanção que, ao tempo em que
fornece uma resposta efetiva à vítima, apresenta funções retributiva, reeducativa e preventiva,
indaga-se, qual a necessidade da aplicação do Direito Penal nos crimes contra a honra?
Para esclarecer a necessidade da aplicação do Direito Penal nos crimes contra a
honra, é salutar compreender que os direitos fundamentais, decorrentes do Estado
Democrático de Direito, salvaguardam a especialidade do Direito Penal, o qual só intervirá
nos casos em que haja expressiva ofensa concreta a bens jurídicos tutelados, naqueles casos
graves, em que outros ramos do direito não são capazes de propiciar a resposta esperada. Esse
é o caráter fragmentário do Direito Penal (GOMES, 2002).
Neste sentido, orienta o princípio da intervenção mínima que, a atuação do Direito
Penal só se justifica acaso outros meios de controle social forem insuficientes para a tutela do
bem jurídico tutelado. (BITENCOURT, 2004 apud CUNHA, 2016). Desta feita, os crimes
que decorrem tão somente do campo da ordem moral tampouco deveriam integrar o sistema
penal, assim como os crimes de bagatela (FRAGOSO, 1958 apud CUNHA, 2016).
Roxin (2006, p. 12) propõe a descriminalização para o ajuste da lícita aplicação do
Direito Penal, operando-se a exclusão daquelas infrações previstas na legislação penal e que
não tem relação com a preservação da paz social. Assim, sugere:
[...] Existem, principalmente, três alternativas para a pena criminal. A primeira
consiste em pretensões de indenização de direito civil, que, especialmente em
violações de contrato, bastam para regular os prejuízos. A segunda alternativa são
medidas de direito público, que podem comumente garantir mais segurança que o
direito penal em casos, p. ex., de eventos e atividades perigosas: controles,
determinações de segurança, revogações de autorizações e permissões, proibições e
mesmo fechamento de empresas. A terceira possibilidade de descriminalização está
em atribuir ações de lesividade social relativamente reduzida a um direito de
contravenções especial, que preveja sanções pecuniárias ao invés da pena. Foi este o
caminho seguido pelo direito penal alemão nas últimas décadas, ao transformar, p.
ex., a provocação de barulho perturbador do sossego ou a perturbação da
generalidade através de ações grosseiramente inadequadas de crime em contra-
ordenações (§§ 117, 118, Lei de Contra-ordenações — Ordnungswidrigkeitsgesetz).
que, o Estado, ao se posicionar como Estado Democrático de Direito, não somente tem o
poder de exigir a integridade dos direitos fundamentais, mas tem o dever de, por si mesmo,
prezar por tais garantias, dentre elas, a liberdade, que é um dos bens juridicamente tutelados
mais relevantes. Se a liberdade é um dos bens mais relevantes a ser protegido pelo
ordenamento jurídico, a privação dessa liberdade é extremamente lesiva e só não será
arbitrária se pautada na extrema necessidade, na excepcionalidade, diante da ineficácia de
outros meios.
Então, qual a justificativa plausível para a existência dos crimes de ação penal
privada e, por conseguinte, os crimes contra a honra?
Pacelli (2018) ensina que não se pode fundamentar a existência deste tipo de ação
apenas no suposto interesse individual da vítima em razão da natureza da infração, sendo
inaceitável qualquer figura típica que assegure a integridade de bens jurídicos que não sejam
de relevância para a coletividade. Pacelli (2018, p. 127-128) ainda frisa que:
[...] em relação ao escândalo do processo, há outros complicadores, como o perdão
oferecido pelo querelante (autor da ação privada), mesmo depois de já instaurada a
ação privada, isto é, mesmo depois de já divulgada a existência do fato. Do mesmo
modo, é o que ocorre com a perempção, ou perda do direito de prosseguir na ação já
instaurada, em razão da inércia ou negligência processual do autor. Assim como
ocorre em relação ao perdão (desde que aceito este pelo réu) é também causa
extintiva da punibilidade, conforme o disposto no art. 107, IV e V, do CP. Em
ambas as situações, o fato delituoso já teria sido divulgado, fazendo-se presente,
portanto, o temido strepitus iudicii.
Desta feita, a única razão para a existência da ação penal privada aparenta ser a
preservação do interesse não penal do titular da ação e, se o interesse não é penal, demonstra-
se a desnecessidade de intervenção do Direito Penal. Aparentemente, de igual sorte, portanto,
não se mostra necessária a atuação da Polícia Civil nos crimes contra a honra.
Ocorre que, para cada evento criminoso que se torna reincidente na sociedade,
acompanhado do clamor público, com ampla propagação da mídia, surge uma alternativa
legislativa incriminando essa ou aquela conduta como forma de apaziguação social. Dentre
alguns exemplos, é o que se observa da criação da lei de crimes hediondos, Lei 8.072/90, que
sucedeu ao sequestro do empresário Abílio dos Santos Diniz em 11/12/1989, na cidade de São
Paulo, da alteração da mesma lei, por advento da Lei 8.930/94, que sucedeu a morte da atriz
Daniella Perez, da alteração, ainda, da lei de crimes hediondos, com o advento da Lei
9.695/98, após a repercussão das “pílulas de farinha”, da Lei 11.464/07, que tornou mais
rígida a progressão de regime nos crimes hediondos, após a morte do menino João Hélio em
07/02/2007, no Rio de Janeiro, assim como da promulgação da Lei 12.737/12 denominada Lei
11
Carolina Dieckmann, após a divulgação dos arquivos contendo fotos íntimas da atriz na
internet (MONTEIRO, 2015).
Essa expansão da legislação penal que surge como cura para a problemática da
criminalidade, mesmo quando revelada por pequenas condutas, é denominada por Gusso
(2013) como cultura do medo e atropelo legislativo penal. Neste diapasão, a insegurança, o
medo de que o perigo está em todo lugar, absorvido pelos anseios alheios, levam a imediata
exigência de uma postura social, com a intenção de reprimir até mesmo a violência abstrata.
Esse temor geral, ao impulsionar a tipificação de condutas sem qualquer embasamento
científico, mas apenas para saciar o anseio social, acaba por levar à maior sensação de
impunidade, quando se constata que a lei não passa de norma escrita desprovida de
efetividade, pois, por si só, é incapaz de reduzir o fenômeno da criminalidade. O que, então,
apresentava-se como cura para a problemática da criminalidade, assemelha-se, na verdade, a
um placebo, pois a eficácia do controle da violência está mais para a criação e implementação
de políticas públicas que para a produção desenfreada de tipos penais incriminadores.
Neste sentido, os crimes contra a honra destoam do caráter fragmentário e especial
do Direito Penal, prevendo punições arregimentadas por um direito penal simbólico. Cumpre
destacar que é inviável punir desmedidamente toda e qualquer conduta, devendo o Direito
Penal atuar apenas diante das condutas mais lesivas e essenciais ao convívio em sociedade,
devendo a intervenção penal ser a mínima necessária (MACHADO, L. 2017).
RESOLVE:
Considerações finais
punições para os crimes de ação penal privada pela legislação penal, revela-se puramente
simbólica.
Com o fim de constatar a efetividade e a necessidade de atuação da Polícia Civil
na ocorrência dos crimes contra a honra, realizou-se levantamento de dados referentes a
registros de tais crimes, redigidos no ano de 2018, na unidade da Delegacia de Polícia Civil da
Comarca de Araquari-SC, constatando-se a existência de cento e um (101) registros.
Todavia, do total desses registros, apenas quatorze (14) incorreram na instauração
de termos circunstanciados, dos quais, doze (12) foram concluídos e remetidos ao Fórum
competente. Desses, apenas dois (02) procedimentos foram efetivamente cadastrados pelo
Poder Judiciário e, em ambos, não houve a oferta de queixa crime no prazo legal.
A partir do ano de 2019, na Delegacia de Polícia Civil de Araquari-SC, os
registros efetivados, isoladamente, pela ocorrência de crimes contra a honra, passaram a ser
arquivados por determinação da autoridade policial, com o fundamento de que, na maioria dos
casos, as vítimas já possuem a versão dos fatos, a identidade do autor, o teor das ofensas ou
do dano e as formas de comprová-los, tornando desnecessária a atuação da Polícia Civil para
a apuração dos fatos.
Destarte, conclui-se pela desnecessidade de atuação da Polícia Civil para apuração
dos crimes contra a honra.
Abstract: It is known that the Police Stations register, daily, a significant number of
occurrences related to crimes against honor, whose procedures are of private criminal action
and are only processed through criminal complaint. In the case of crimes against honor, in
which the interest of the victim (private) overlaps with the interest of the community, the need
for criminal law action is questioned in the first place, taking into consideration the principles
of fragmentation and subsidiarity of criminal law, since civil law also provides for specific
sanctions for perpetrators of such conduct. In the background, the need for action of the Civil
Police to investigate crimes against honor is questioned, since the main purpose of this public
security body is the criminal investigation. The article, prepared under the inductive method,
places the study in the analysis of the characteristics of crimes against honor, except those
committed in the context of domestic and family violence against women. The aspects of
17
public criminal action and private criminal action, criminal prosecution, the principles of
fragmentarity and subsidiarity of criminal law will be addressed, in addition to conducting a
field survey to collect data on the occurrence of crimes against honor in the Civil Police
Station of the District of Araquari-SC in the year 2018. This is because, if Civil Law has a
sanction whose character is retributive, preventive and re-educative, the performance of
Criminal Law in crimes against honor is unnecessary. In addition, even if criminal law is
applied, if at the time of recording such crimes the victim already has all the necessary
information for the initiation of the relevant criminal action, the action of the civil police to
conduct the criminal investigation also seems to be dispensable.
Referências
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral 1. 24. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018.
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.
CAMPOS, Carmen Hein. Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico-
feminista. Editora Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2011.
CUNHA, Rogério Sanches. Direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 4. ed. rev. ampl. e
atual. Salvador: Juspodivm, 2016.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 49. ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Forense, 2018.
GUSSO, Rodrigo Bueno. Eu previno, tu reprimes: uma análise da política criminal ofertada
pelo PRONASCI por meio do programa protejo, no município de Curitiba/PR. 2013. 385f.
Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.
HOFFMANN, Henrique. Temas avançados de polícia judiciária. 2. ed. rev. atual e ampl.
Salvador: JusPodivm, 2018.
LIMA, Renato Brasileiro de. Código de processo penal comentado. 2. ed. rev. e atual.
Salvador: Juspodivm, 2017.
LOPES JUNIOR, Aury. Fundamentos do Processo Penal: introdução crítica. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017.
MALUF, Sahid; NETO, Miguel Alfredo Malufe. Teoria geral do Estado. 34. ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2018.
PACELLI. Eugênio. Curso de processo penal. 22. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas,
2018.
PEREIRA, André Luiz Bermudez. A investigação criminal orientada pela teoria dos jogos.
Florianópolis: EMais, 2018.
PEREIRA, Caio Mário da Silva; TEPEDINO, Gustavo. Responsabilidade civil. 12. ed. rev.
atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
ROXIN, Claus. Estudos de direito penal. Tradução de Luis Greco. Rio de Janeiro: Renovar,
2006.
______. Lei Maria da Penha e violência conjugal: análise discursiva dos efeitos de sentido
nas instituições e nos sujeitos envolvidos. Tese (Doutorado em Ciências da Linguagem).
Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, SC. 2015b.
SIRVINSKAS, Luís Paulo. Introdução ao estudo do direito penal. São Paulo: Saraiva,
2003.
TARTUCE, Flávio. Manual de responsabilidade civil. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2018. Volume único.