Você está na página 1de 40

Sistema de Segurança

Instrutores:
ST PM RR Vantuil
2º Sgt PM Janildo (slides)
Conteudista:
2º Sgt PM Janildo
2
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública

Circunscrição.
Substantivo feminino
O que limita a extensão
de um corpo. Divisão
administrativa, militar ou
religiosa de um território:
circunscrição eleitora

2
3
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública

Chegamos ao fim
desse Módulo 5. Fique
agora com os
questionários referentes a
esse módulo. Boa sorte!!!

3
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
2.1. POLICIA COMUNITÁRIA
Polícia comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que proporciona uma
parceria entre a população e a polícia, baseada na premissa de que tanto a polícia quanto a
comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas
contemporâneos, como crimes, drogas, medos, desordens físicas, morais e até mesmo a
decadência dos bairros, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida na área. O
policiamento comunitário baseia-se na crença de que os problemas sociais terão soluções cada
vez mais efetivas, na medida em que haja a participação de todos na sua identificação, análise
e discussão.

4
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Como pressupostos básicos do policiamento comunitário, ressaltam-se:
Ação pró-ativa. O policiamento pró-ativo age preventivamente para evitar que os delitos
aconteçam. Para isso é essencial serem identificados os locais, horários, pessoas ou
circunstâncias propícias à ocorrência delituosa.
Ação preventiva. A presença ostensiva, correta e vigilante do policial estabelece um
clima de confiança no seio da comunidade, e inibe a ação da delinquência.

5
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Integração dos sistemas de defesa pública e defesa social
A parceria e a cooperação entre a polícia e a comunidade potencializam os efeitos
positivos. A busca compartilhada de soluções conjuntas evita a dispersão dos esforços, e
auxilia a identificação dos problemas que afetam a todos:
Transparência. A promoção de reuniões para a exposição das atividades desempenhadas
pela polícia, e a troca de informações com a comunidade para a análise dos seus efeitos;
estimulando a participação e o envolvimento do cidadão na busca conjunta da melhoria da
qualidade da segurança.

6
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Cidadania. O policial deve ser propagador da noção de cidadania; solicitando a
participação de todos nos problemas que atingem a comunidade.
Ação Educativa. A orientação, o aconselhamento e a advertência devem sempre
anteceder as ações repressivas. As ações educativas não podem ocorrer apenas no momento
das infrações, mas através dos organismos comunitários encarregados de promoverem a
defesa social da comunidade, principalmente junto às escolas e associações; promovendo-se
palestras, campanhas e outras formas de divulgação e orientação
Robert C. Trajanowicz and Bonnie Bucqueroux (1990). Community Policing: A
Contemporary Perspective. [S.l.]: Anderson Publishing Company

7
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
2.1.1. BREVE HISTÓRICO DA POLICIA COMUNITÁRIA
SURGIMENTO DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
O policiamento comunitário surgiu da necessidade de uma aproximação entre a polícia e a
comunidade e “cresceu a partir da concepção de que a polícia poderia responder de modo
sensível e apropriado aos cidadãos e às comunidades” (SKOLNICK, 2003:57). Esse
pensamento surgiu entre 1914 e 1919, em Nova Iorque, com o objetivo de mostrar às camadas
mais baixas do policiamento “uma percepção de importância social, da dignidade e do valor
do trabalho do policial (SKOLNICK, 2003). O pensamento inicial era o de que um público
esclarecido beneficia a polícia de duas maneiras: se o público entendesse a complexidade do
trabalho policial passaria a respeitá-lo e se entendesse as dificuldades e o significado dos
deveres do policial, ele poderia promover recompensas pelo desempenho policial consciente e
eficaz.

8
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
O primeiro passo foi atrair os jovens, que eram “presenteados” com distintivos de policial
júnior, treinados e convidados a ajudar a polícia relatando violações da ordem em seus
bairros, policiais “mais fluentes” visitavam escolas e explicavam aos alunos que “o
verdadeiro trabalho policial era mais do que apenas prender pessoas, que também significava
melhorar o bairro, torná-lo mais seguro, melhor e um lugar onde se pudesse viver mais feliz”.
(SKOLNICK, 2003). Nessa mesma época, a polícia criou “ruas de lazer” onde colocavam
barreiras durante várias horas do dia, em cada quarteirão, barrando o tráfego. Os jovens então
podiam brincar fora de casa sem o perigo do trânsito. Os locais escolhidos normalmente eram
aqueles onde as mães trabalhavam fora e não tinham tempo para cuidar dos filhos. Cada
policial era responsável pelas condições sociais de uma rua ou de um bairro.
Devido à alta taxa de desemprego nessa época e a possibilidade dos desempregados
entrarem para o crime, as delegacias eram utilizadas como lugares para distribuir informações
sobre vagas industriais e sociais e os moradores desempregados podiam pedir ajuda a polícia
para conseguir emprego. 9
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Em uma segunda fase, a filosofia do policiamento comunitário ganha força, o que ocorreu
nas décadas de 70 e 80. Isso se deu quando as organizações policiais em diversos países da
América do Norte e da Europa Ocidental começaram a promover uma série de inovações na
sua estrutura e funcionamento, principalmente na forma de lidar com o problema da
criminalidade. As polícias, em vários países, promoveram alterações significativas, cada uma
com suas características. Para alguns estudiosos, as experiências e inovações são geralmente
reconhecidas como a base de um “novo modelo de polícia”, orientado para uma nova visão de
policiamento, mais voltado para a comunidade. Esse tipo de policiamento difere-se dos
demais, pois seu objetivo principal é a aproximação entre a polícia e a comunidade. Uma
polícia mais humana e mais legítima que busca uma ligação entre anseios e objetivos por
meio de ações práticas e efetivas que possam amenizar os problemas causados pela
criminalidade. Disponível em:<https://aderivaldo23.wordpress.com/tag/historia-
dopoliciamento-comunitario-no-brasil/> Acesso em 04 de agosto de 2018.
10
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
2.1.2. A POLICIA COMUNITÁRIA COMO FILOSOFIA DE UM TRABALHO
INTEGRADO;
CONCEITO DE POLICIA COMUNITÁRIA
Autor: Cap. PM Luciano Quemello Borges (PMESP)..

11
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Para implantar a Polícia Comunitária é preciso, antes de tudo, entender seu conceito.
“Policia Comunitária e uma filosofia e uma estratégia organizacional que proporciona uma
nova parceria entre a população e a polícia. Tal parceria se baseia na premissa de que tanto a
polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver
problemas contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e
morais, e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de
vida da área.” (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 1994, p. 4-5, grifo nosso)

12
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
É possível abstrair do conceito anterior (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 1994) que a
Polícia Comunitária é uma filosofia (do modo que se relaciona à maneira de pensar) e uma
estratégia (portanto, conecta-se ao modo de agir) organizacional (de toda a organização).
A Polícia Comunitária provoca uma mudança tanto no campo da abstração (nos
pensamentos) quanto na concretude das ações de todos os membros e da própria organização,
no sentido de que polícia e comunidade devem “trabalhar juntas” (unidas) na identificação,
priorização e resolução dos problemas (de crime, medo e desordem), com o objetivo final de
melhorar a qualidade de vida na área.

13
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Ainda de acordo com Trojanowicz e Bucqueroux (1994), a Polícia Militar de Minas
Gerais (PMMG), por meio da sua atual diretriz de Polícia Comunitária – DPSSP 3.01.06/2011
(2011, p. 20-21) –, subdivide esse conceito em seis partes fulcrais (clique nos itens abaixo e
conheça cada uma delas):
1) Filosofia - Pode ser definida como o estudo geral sobre a natureza das coisas e suas
relações entre si, ou ainda, como uma forma de compreender e pensar sobre determinado
assunto.

14
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
2) Estrategia - É a arte de usar os meios disponíveis ou as condições que se apresentam
para atingir determinados objetivos – ou, também, a forma de fazer e de utilizar recursos para
atingir certa finalidade.
3) Organizacional - Da organização, no caso específico, da Polícia Militar. No entanto,
como vimos anteriormente, pode-se aplicar a qualquer estrutura que possua uma função
policial, de fiscalização ou de atendimento à comunidade.

15
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
4) Parceria - É a reunião de uma ou mais pessoas para um fim de interesse comum ou
ação de mais de um ator para alcançar um objetivo comum a todos os atores sociais.
5) Problema - Definido basicamente como uma questão levantada para consideração,
discussão, decisão ou busca de solução.
6) Qualidade de vida - Conjunto de condições ou situações que delineiam o viver e o
conviver do cidadão na comunidade.

16
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Observe que o conceito se encerra reafirmando a lógica comunitária, quando fala do
objetivo de melhorar a qualidade de vida geral da área. Isto é, atender às peculiaridades do
espaço territorial específico de uma dada comunidade. Assim, a Polícia Comunitária sai de
um modelo fixo societário (delineado para atender toda uma sociedade, como se essa fosse
homogênea), para assumir um modelo customizado (descentralizado/personalizado) às
demandas e aos anseios de cada comunidade em particular.

17
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Dentro dessa perspectiva dialética* de construção do conhecimento, é necessária a
apresentação de um novo conceito que agrega uma compreensão síntese da nossa discussão:
Polícia Comunitária é a cultura de união entre comunidade e polícia, objetivando o
desenvolvimento de ações eficientes para a redução de fatores ofensivos à segurança pública.
(Brasil, 2017)

18
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Na prática, Polícia Comunitária (como filosofia de trabalho) difere do policiamento
comunitário (ação de policiar junto à comunidade). Polícia Comunitária deve ser interpretada
como:
Filosofia organizacional, indistinta a todos os órgãos de polícia, pertinente às ações
efetivas com a comunidade.
A ideia central da Polícia Comunitária é propiciar uma aproximação dos profissionais de
segurança junto à comunidade onde atua, como um médico, um advogado local ou um
comerciante da esquina, ou seja, criar condições para que a polícia possa ser vista não apenas
como um número de telefone ou uma instalação física referencial. Para isto é isto necessário
um amplo trabalho sistemático, planejado e detalhado.

19
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
A POLICIA E A MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE
No âmbito da Polícia Comunitária a mobilização não é tarefa fácil, pois exigirá que
polícia e comunidade possam trabalhar integradas.
Quais são os aspectos que colaboram para que esta integração aconteça? O que deverá ser
observado? Qualquer tentativa de trabalho ou programa de Polícia Comunitária deve incluir,
necessariamente, a comunidade, pois a sua participação é um fator importante na
democratização das questões de Segurança Pública, na implementação de programas
comunitários que proporcionam a melhoria de qualidade de vida e na divisão de
responsabilidades.
A compreensão da dinâmica da comunidade é essencial para a prevenção e controle do
crime e da desordem, bem como o medo do crime, porque o controle e a participação social
informal (do coletivo, do grupo) são mais eficazes.

20
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
COMUNIDADE E POLICIA
Todas as vezes, que grupos de cidadãos ou moradores se reúnem para encaminhar
soluções para problemas comuns, o resultado é bastante positivo. Na Polícia Comunitária não
poderá ser diferente.
Grupo de cidadãos → discutem problemas →Resultado positivo
O problema é interpretar as possibilidades da comunidade e da polícia, por isso, é
importante que reflita sobre as questões a seguir levantadas por ambas:

21
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
COMUNIDADE
- Qual o papel da comunidade?
- A participação é total ?
- A comunidade participa apenas consertando viaturas ou reformando prédios?
- Apenas aqueles com recursos da comunidade participam privilegiando o serviço na porta
de estabelecimentos comerciais?
- A nossa participação será apenas para endossar as ações da polícia no bairro ou para
participar das discussões ou decisões
na melhoria do serviço policial?
- Podemos envolver outros órgãos públicos na questão?
- Podemos elogiar ou criticar a polícia local em seus erros e acertos?
- Seremos apoiados pela polícia nessas iniciativas?
- Enfim, a polícia quer ser mesmo comunitária ou é uma “fachada” política?
22
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
POLICIA
- Qual o papel da polícia?
- É realizar ações democráticas que otimizem o envolvimento e comprometimento da
comunidade?
- A exigência para a participação da comunidade será apenas para consertar viaturas ou
reformar prédios?
- Ou melhor, servir de informante ou escudo às ações equivocadas de policiais, ou fonte
de receitas para comerciantes em serviços privilegiados de segurança?
- A polícia estará preparada para ouvir a comunidade (elogios aos seus integrantes, críticas
ou sugestões)?

23
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
POLICIA
(...)
- A polícia admite a participação de outros órgãos públicos na questão?
- A polícia apoia as iniciativas da comunidade em melhorar a qualidade de vida ou é um
instrumento apenas de “caça bandido”?
- A polícia está preparada para conceder o seu “poder” à comunidade (entenda poder não o
de polícia, mas o nome e as possibilidades que a força policial tem no sentido do controle
social informal, sem ser repressivo ou fiscalizatório)?
- Enfim, a polícia quer ser mesmo comunitária ou é uma “fachada” política?

24
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
POLICIA
(...)
- A polícia admite a participação de outros órgãos públicos na questão?
- A polícia apoia as iniciativas da comunidade em melhorar a qualidade de vida ou é um
instrumento apenas de “caça bandido”?
- A polícia está preparada para conceder o seu “poder” à comunidade (entenda poder não o
de polícia, mas o nome e as possibilidades que a força policial tem no sentido do controle
social informal, sem ser repressivo ou fiscalizatório)?
- Enfim, a polícia quer ser mesmo comunitária ou é uma “fachada” política?

25
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Muitas vezes as comunidades não se mostram capazes de integrar os recursos sociais com
os recursos do governo.
Existem tantos problemas sociais, políticos e econômicos envolvidos na mobilização
comunitária que muitas comunidades se conformam com soluções parciais, isoladas ou
momentâneas (de caráter paliativo), evitando mexer com aspectos mais amplos e promover
um esforço mais unificado com resultados duradouros e melhores. A participação do cidadão,
muitas vezes, limita-se às responsabilidades de ser informado das questões públicas (ações da
polícia), de votar pelos representantes em conselhos ou entidades representativas e seguir as
normas institucionais ou legais sem dar sugestões de melhoria do serviço.
Outro problema é o desconhecimento das características da comunidade local, pois as
comunidades possuem comportamentos e anseios diferentes. Independente de serem ricas ou
pobres, agrícolas ou industriais, é importante descobrir os anseios, o desejo de participação no
processo e a motivação da comunidade para se integrar com a polícia.
26
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
A participação social no âmbito da segurança pública.
Conforme analisa Souza Neto (2008), a Constituição Federal de 1988, ao abordar a
segurança pública como “direito e responsabilidade de todos”, institui o fundamento jurídico
dos arranjos institucionais que admitem a participação social na concepção e no controle da
gestão das políticas públicas nessa área.
A participação social, no âmbito da segurança pública, adquire relevância no contexto em
que a preservação da ordem pública democrática pressupõe uma ampliação dos atores sociais
responsáveis pela área de segurança pública, para além das organizações policiais.

27
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
No Brasil, esse novo paradigma de segurança cidadã emerge a partir da década de 1990,
sobretudo através da constituição de conselhos comunitários de segurança, redes de
vigilância, políticas de prevenção ao crime, policiamento comunitário e da realização da 1ª
Conferência Nacional de Segurança Pública.
De acordo com Godinho (2014), no âmbito da segurança pública, os arranjos
institucionais classificados como participativos devem cumprir os seguintes requisitos:
1. O fato de preverem a ocorrência de fóruns ou momentos deliberativos;
2. com o objetivo de impulsionar discussões públicas e a resolução coletiva de problemas;
3. reunindo, para tanto, atores estatais e sociais, incluindo profissionais da segurança
pública;
4. em estruturas paritárias. (GODINHO, 2014, p. 547)

28
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
A mobilização e a participação social, na área da segurança pública, geralmente
apresentam efeitos benéficos, segundo analisa Cano (2006), a saber:
• efeitos sobre a concepção, gestão e acompanhamento dos programas, quanto à sua
descentralização, democratização etc;
• o impacto preventivo que o crescimento das redes sociais e a melhora nas relações
comunitárias podem implicar com relação ao temor e à violência, seja de forma indireta, ao
reduzir o temor e estimular a ocupação dos espaços públicos, ou de forma direta, ao promover
a resolução pacífica dos conflitos cotidianos;
• uma mudança na percepção social da violência, que interiorize o novo paradigma da
prevenção; (CANO, 2006, p.149)

29
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Apesar das vantagens da participação social na segurança pública, há diversos obstáculos
para a sua efetiva concretização, tais como:
• falta de continuidade das iniciativas;
• imprevisibilidade dos resultados;
• restrição da participação apenas na esfera da retórica, nos discursos ou nos documentos
oficiais, mas sem aplicação prática.
• dificuldade de mobilização popular, sobretudo em comunidades com capital social
deteriorado;
• problemas relacionados à representatividade - dificuldade de composição equilibrada
das instituições e de seus respectivos membros que efetivamente representam a sociedade e os
interesses coletivos. (CANO, 2006).

30
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Os conselhos comunitários de segurança pública
Os conselhos comunitários de segurança pública representam mais um exemplo de
esforço governamental na direção da democratização das políticas públicas dessa área.
Configura um arranjo institucional que proporciona aproximar as instituições policiais da
sociedade, restaurando a credibilidade da polícia perante a população e transmitindo o
sentimento de confiança e a sensação de segurança e proteção.

31
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
Os conselhos comunitários de segurança pública
(...)
Os Conselhos Comunitários de Segurança Pública são instâncias constituídas para que os
gestores das organizações policiais possam ouvir a população no que diz respeito às suas
demandas por segurança ou por ordem pública. Os gestores policiais, por sua vez, devem
encaminhar as demandas apresentadas pela população a quem possui competência para a sua
resolução. A população deve cobrar dos gestores policiais o encaminhamento das
providências e ainda os resultados das ações. (RIBEIRO e CORTES, 2009, p. 13)
Segundo analisa Souza Neto (2008), a busca de soluções comunitárias para os problemas
de (in) segurança pode contribuir tanto para a democratização do setor, quanto para aprimorar
o controle do crime e melhorar a eficiência da atuação policial, a despeito de problemas
relacionados à descontinuidade, à baixa institucionalidade e à representatividade.

32
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
O policiamento comunitário
O policiamento tradicional, de maneira geral, consiste na resposta imediata a ocorrências
criminais e incidentes emergenciais. Apesar da relevância desse tipo de policiamento para
minimizar os danos causados pela violência e criminalidade, essa atividade isolada é
ineficiente para a solução duradoura dos problemas de segurança pública. Para escapar desse
ciclo, em vez da polícia atuar de forma pontual, exclusivamente quando o problema já
eclodiu, a polícia pode ampliar o seu escopo e direcionar esforços para encontrar soluções
duradouras e prevenir os problemas de criminalidade.

33
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
O policiamento comunitário é uma alternativa de resolução de problemas geradores de
crime e desordem que engloba a participação social. O policiamento comunitário se orienta na
direção da modernização das polícias. É um modelo de policiamento em que a comunidade é
o fundamento da organização da atividade policial. Pressupõe um relacionamento cooperativo
entre a instituição policial e a sociedade, através da efetiva integração entre policiais e
cidadãos, seja para compartilhar informações, seja para identificar problemas, prioridades e
estratégias de resolução.
A comunidade é mobilizada e orientada para realizar medidas de autoproteção e para
participar da resolução de problemas que geram crimes, como, por exemplo, contribuir para a
incorporação de iniciativas que visam diminuir os fatores de risco relacionados à
vulnerabilidade social. Ao invés do emprego da força e da prestação de serviços policiais
emergenciais, privilegia-se a mediação de conflitos, a prevenção do crime e o policiamento
orientado para a solução de problemas.
34
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
O policial se converte em referência para a comunidade, participa das reuniões
comunitárias, reivindica providências para os problemas identificados e presta contas sobre o
trabalho realizado, de modo que é necessário conferir ao policial de ponta maior autonomia e
poder decisório.
O Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (2009) destaca quatro
características comuns ao policiamento comunitário, a saber:

35
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
1ª característica: relação de confiança: O policiamento comunitário só ocorre onde há uma
relação de proximidade e confiança recíproca entre polícia e população. Isso permite a
realização de um trabalho conjunto no qual ambos compartilham as tarefas e
responsabilidades. Em locais onde essa relação encontra-se deteriorada ou não existe, o
primeiro esforço deve ser para desenvolver estratégias que favoreçam a aproximação e a
confiança entre ambos.

36
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
2ª característica: descentralização da atividade policial: Para que o policial contribua para
o bem-estar da comunidade, é necessário que ele esteja integrado às pessoas que nela vivem,
conheça o seu cotidiano e tenha alguma autonomia para tomar iniciativas nas atividades de
segurança local. Essa interação com a comunidade permite que o policial conheça as
lideranças locais e levante informações fundamentais para o seu trabalho.

37
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
3ª característica: ênfase nos serviços não emergenciais: No policiamento comunitário, as
atividades são orientadas, prioritariamente, para a prevenção do crime e resolução de conflitos
na sua origem, tendo como base a comunidade. Através do trabalho preventivo, tanto a
comunidade assume um papel mais ativo em relação à segurança como a polícia assume
funções que não se limitam apenas à repressão ou aos atendimentos emergenciais. O trabalho
preventivo é fundamental, porque, quando bem realizado, suas ações possuem grande poder
para minimizar ou, até mesmo, evitar que problemas se desdobrem em situações mais
complexas e de maior perigo. Isso, consequentemente, diminui, inclusive, a demanda da
polícia por atendimentos emergenciais.

38
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública
4ª característica: ação integrada entre diferentes órgãos e atores: No policiamento
comunitário, as ações não são realizadas apenas pela polícia. [...] Além da participação da
comunidade é necessário também buscar a colaboração de outros representantes públicos,
como prefeitura, hospitais, escolas, concessionárias de energia e saneamento, Ministério
Público, Ouvidorias de Polícia, entre outros. Essa coordenação de diversas instituições é
fundamental, porque muitos problemas de segurança exigem providências que não dizem
respeito apenas à polícia, mas também a outros serviços públicos. O resultado desse esforço
conjunto acaba sendo um novo olhar e uma nova atitude diante dos problemas de segurança e
do próprio trabalho policial. (NÚCLEO DE ESTUDOS DA VIOLÊNCIA DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2009, p. 15 – 16).

39
40
Sist. de Seg. Púb. e Gest. Integ. e
Comunitária Pública

Questionário

40

Você também pode gostar