Você está na página 1de 4

Olá, caros discentes!

Após a leitura dos módulos 1 e 2. É inegável que o uso de novas tecnologias


aplicadas à segurança pública pode proporcionar inúmeros benefícios a sociedade de um
modo geral. Contudo, é necessário compreender que o seu uso precisa estar pautado na
eticidade com o intuito de disseminar princípios e valores morais, visando contribuir
para a proteção do cidadão e a construção de uma sociedade mais íntegra e igualitária.
Tendo por base a presente assertiva e os conhecimentos adquiridos sobre a temática em
questão, explique como é possível utilizar novas tecnologias na segurança pública,
especialmente no que se refere ao sistema de reconhecimento facial, de forma ética e
consciente, contribuindo para o enfrentamento da violência e criminalidade sem abrir
mão dos princípios morais que regem a nossa sociedade. Exemplifique os conceitos
aqui defendidos a partir de sua aplicação em situações práticas.

Pontuação: 0 a 100 pontos


Período de participação: 28/11/2023 ao dia 04/12/2023 às 23:59h a
27/11/2023
Critérios de Avaliação:
 Demonstrar compreensão dos conteúdos estudados (25 pontos);
 Capacidade de articulação e diálogo com os demais participantes do
fórum (25 pontos);

 Coerência e objetividade na apresentação das considerações feitas (25


pontos);

 Capacidade de análise do conteúdo e síntese de ideias apresentadas pelos


demais participantes (25 pontos).

Resposta:

O uso de novas tecnologias, como o sistema de reconhecimento facial, na


segurança pública pode trazer benefícios significativos para o enfrentamento da
violência e criminalidade. No entanto, é fundamental que esse uso seja pautado na ética
e nos princípios morais, a fim de garantir a proteção dos direitos individuais e a
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Para utilizar o sistema de reconhecimento facial de forma ética e consciente, é


necessário estabelecer algumas diretrizes. Em primeiro lugar, é importante garantir a
transparência no uso dessa tecnologia, informando e envolvendo a população nas
decisões relacionadas à sua implementação. Isso inclui a definição clara dos objetivos e
limites do uso do reconhecimento facial, bem como a divulgação das políticas de
privacidade e segurança dos dados coletados.

Além disso, é essencial garantir a precisão e confiabilidade dos algoritmos


utilizados no sistema de reconhecimento facial. É preciso evitar viéses 1 e
discriminações, garantindo que o sistema seja treinado com uma base de dados
diversificada e representativa da população. Também é importante estabelecer
mecanismos de controle e supervisão para evitar abusos e garantir a responsabilização
em caso de mau uso da tecnologia.

Um exemplo prático de aplicação ética do sistema de reconhecimento facial é o


seu uso para identificação de criminosos procurados. Nesse caso, a tecnologia pode ser
utilizada para a comparação de imagens capturadas em tempo real com um banco de
dados de criminosos conhecidos, auxiliando as forças de segurança na localização e
captura dessas pessoas. No entanto, é fundamental garantir que apenas as informações
necessárias sejam coletadas e que o sistema seja utilizado de forma proporcional e
adequada, respeitando os direitos individuais e a presunção de inocência.

Outro exemplo é o uso do reconhecimento facial em sistemas de monitoramento


de espaços públicos, como praças e ruas. Nesse caso, é importante estabelecer limites
claros para a coleta e armazenamento de dados, garantindo que as informações
capturadas sejam utilizadas apenas para fins legítimos, como a prevenção e investigação
de crimes. Também é necessário garantir a proteção desses dados contra acessos não
autorizados e o seu descarte adequado após um período determinado.

Há alguns anos, a IBM, por meio de uma carta aos membros do Congresso dos
Estados Unidos, comunicou que estava abandonando o desenvolvimento de tecnologias
de reconhecimento facial de uso geral, em razão do seu elevado potencial de vigilância
em massa, violações dos direitos humanos e discriminação racial. Por certo os protestos
nas semanas anteriores elevaram a preocupação pelo uso político desses sistemas.
Segundo Arvind Krishna, CEO da IBM, as empresas devem reconsiderar a
venda de tais tecnologias para a aplicação da lei, pelos perigos que em mãos e intenções
erradas podem gerar. A comercialização dessa tecnologia quase nada representa dentro
do balanço da IBM, mas para empresas como Microsoft e Amazon já é bastante
significativo.
No dia seguinte, Timnit Gebru um dos líderes da equipe de ética em IA do
Google, afirmou em uma entrevista ao New York Times que o uso de tecnologias de
reconhecimento facial pela aplicação da lei ou segurança deve ser banido hoje, e que ele
não estava ciente de como o problema evoluiria no futuro. A Amazon anunciou também
uma moratória de um ano sobre o uso pela polícia de sua tecnologia de reconhecimento

1Um viés é uma forma tendenciosa de pensar, isto é, em peso desproporcional contra ou a favor de um
determinado grupo de pessoas, cultura ou ação, que pode ser considerado, muitas vezes, injusto devido ao
tratamento desigual.
facial, a polêmica e controvertida Rekognition, com o propósito de aperfeiçoá-la, e mais
do que isso possibilitar que os governos possam avançar na regulamentação e na
proteção das pessoas dentro de padrões éticos.
O uso do reconhecimento facial da tecnologia para outras finalidades, como
evitar o tráfico de pessoas ou reunir crianças desaparecidas com suas famílias, e ou
identificação para operações bancárias, assinaturas digitais é interessante, porém a
Amazon deixará de oferecê-la temporariamente à polícia. Essa sequência de gestos de
grandes players do mercado levou a Microsoft de Bill Gates a mesma decisão.
Em que pese a maturidade já apresentada dessa tecnologia, o reconhecimento
facial enfrenta um dilema fundamental, pois por mais aperfeiçoada que esteja, não é
suficiente para um uso discriminatório dela ou a perseguição de pessoas por atos e
gestos políticos em governos pouco democráticos.
Suas inúmeras formas de uso na esfera privada, podem e devem proporcionar
conforto e facilidades aos seus usuários, tais como desbloquear dispositivos ou acesso a
determinados espaços. Mas na esfera pública, pode ser, e de fato está sendo utilizado em
muitos casos para o monitoramento e controle da população, de forma ultrajante para
alguns usos, tudo feito sem quase nenhuma participação dos legisladores que pouco
entendem ou acompanham o uso indiscriminado dessas novas tecnologias.
Em resumo, a utilização ética do sistema de reconhecimento facial na segurança
pública envolve a transparência, a precisão, a não discriminação e o respeito aos direitos
individuais. É fundamental que essa tecnologia seja utilizada de forma consciente,
visando contribuir para o enfrentamento da violência e criminalidade, sem abrir mão
dos princípios morais que regem a nossa sociedade.

Referências:

Reconhecimento Facial e Preconceito: Quais os regramentos que temos para o


reconhecimento facial além da LGPD e o MCI? JUSBRASIL. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/reconhecimento-facial-e-preconceito/1248694784.
Acesso em: 02 nov. 2023.
Reconhecimento facial: vantagens e como funciona no sistema de monitoramento.
Disponível em: https://sectronicsistemas.com.br/cftv/reconhecimento-facial-
sistema-de-monitoramento/#:~:text=Hoje%2C%20a%20biometria%20facial
%20%C3%A9,est%C3%A1%20na%20lista%20de%20desaparecidos. Acesso em:
02 nov. 2023.

Você também pode gostar