INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

PARA A SEGURANÇA PÚBLICA

 Introdução
A preocupação com a segurança pública é sem dúvidas
uma das mais pertinentes entre os brasileiros. Uma pesqui-
sa realizada há alguns anos pelo CNI/IBOPE revelou que
53% dos entrevistados evitam sair à noite por medo da vio-
lência, e 51% deixam de circular por alguns bairros e ruas da
cidade pelo mesmo motivo.
A segurança digital e os crimes cibernéticos também pas-
saram a ser uma preocupação constante, especialmente
os novos relatos de diferentes golpes virtuais que surgem
diariamente em nosso País.
A segurança pública é extremamente importante para a so-
ciedade, e a tecnologia também pode ter um papel decisi-
vo em sua elaboração e aplicação. Neste e-book, apresen-
tamos informações sobre como as inovações tecnológicas
podem auxiliar neste sentido. Por isso, conversamos com
dois especialistas. São eles:
• Lucas Montarroios,
Gerente de Data Center da HostDime Brasil;
• Sergio Nunes,
Vice-Presidente Sênior da divisão de Segurança,
Infraestrutura e Tecnologias Geoespaciais
da Hexagon na América Latina.

Vamos conferir mais sobre o tema? Continue lendo abaixo!

Inovações tecnológicas para a segurança pública Futurecom 2021 2

Quais os benefícios de novas
tecnologias para a área
de segurança pública?
As novas tecnologias têm estado cada vez mais pública não precisamos ir para conceitos e fer-
presentes em nosso cotidiano. Hoje é pratica- ramentas muito distantes da nossa realidade. A
mente essencial que profissionais das mais di- simples digitalização de processos é algo que
versas áreas tenham um smartphone, e outras precisa avançar para, além de ter tudo na nu-
inovações estão sendo implementadas nessa to- vem, iniciar o cruzamento de informações”, ob-
ada. Mas como essas tecnologias podem auxiliar serva Montarroios.
a tornar nosso País mais seguro?
Ele prossegue, destacando alguns benefícios
“Quando falamos de tecnologia na segurança que as novas tecnologias trazem neste sentido:

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 Um dos principais benefícios de usar a tecnologia alia-
da à segurança pública é o levantamento de históricos
mais confiáveis. As formas de aplicar isso na prática vão
desde fichas criminais que, por estarem digitalizadas,
vão ter facilidade de cruzamento de informações para
investigação de conduta, até o monitoramento de em-
presas que utilizam dados pessoais de forma indevida.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é ponto-cha-

ve para expandir nosso foco sobre segurança, compre-
endendo que ela atinge vários níveis – não somente fí-
sicos, como lógicos também. Alguns usos pontuais já
são discutidos, como mapeamento de zonas de perigo,
fazendo com que cidadãos consigam usufruir do direito
de ir e vir em regiões públicas, considerando uma me-
nor probabilidade de ocorrência de crime; ou ter a con-
fiança de que falhas jurídicas referentes à identificação
de criminosos serão menores por meio de digitalização
dos processos e cruzamento de informações, gerando
um histórico mais completo e diminuindo a sensação
de injustiça no país.

Nunes apresenta um raciocínio semelhante ao do colega, des-

tacando alguns dos obstáculos enfrentados pelo poder público
hoje e soluções que as inovações trazem.

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 Tecnologias emergentes como a Inteligência Artificial
(IA), o aprendizado de máquinas e computação na nu-
vem são as principais tendências na área de segurança
pública e podem proporcionar diversos benefícios às or-
ganizações. As organizações de segurança pública es-
tão enfrentando o que chamamos de ponto cego ope-
racional. Enquanto muitas organizações de segurança
pública têm adotado relatórios e ferramentas avançadas
de inteligência de negócios, o atraso entre o tempo que
o dado é capturado e então disponibilizado para análi-
ses significa que há um gap, também conhecido como
ponto cego operacional”, explica

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 Ele prossegue, exemplificando algumas dessas visões:

A IA pode proporcionar maior agilidade durante o aten-

dimento de uma chamada e reduzir o tempo de respos-
ta às emergências. Quando associada ao aprendizado
de máquinas, por exemplo, capacita os sistemas das or-
ganizações de segurança pública com os próprios da-
dos gerados durante as suas operações. Ou seja, quan-
to mais as pessoas ligam para solicitar um determinado
serviço de emergência, mais o sistema aprende e é ca-
paz de sugerir ao operador de atendimento perguntas
e respostas mais assertivas de acordo com as informa-
ções fornecidas por quem está solicitando o serviço e,
principalmente, considerando outros eventos e atendi-
mentos semelhantes.

A computação em nuvem, que não representa uma

grande novidade em outros setores, desponta na área
de segurança pública como uma das principais tendên-
cias para os próximos anos; não apenas com um caráter
de modernização tecnológica, mas sim como uma real
necessidade das organizações visto que operações de
missão crítica exigem agilidade, escalabilidade e dispo-
nibilidade tecnológica, que apenas a nuvem pode ofere-
cer. Além disso, a computação em nuvem assegura um
desempenho estável e ininterrupto desses sistemas, ga-
rantindo que serviços vitais operem de maneira contínua,
sem impactar a população que depende desses serviços.

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Quais tecnologias são usadas
atualmente, e quais podem vir
a ser usadas no futuro?
Como vimos, a tecnologia já oferece uma
gama de possibilidades para reforçar os apara-
tos e sistemas de segurança pública do Brasil.
Porém, com o dinamismo inerente da tecnolo-
gia, a tendência é que mais e mais opções es-
tejam sendo desenvolvidas, inclusive enquanto
Inovações tecnológicas para a segurança pública
você lê este material.
Mas quais são as tecnologias que já estão em
uso hoje, e quais devem surgir em breve? Para o
Gerente de Data Center da HostDime Brasil, há
tecnologias já usadas há décadas que ganham
ainda mais importância com as inovações atuais.
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 Atualmente, uma tecnologia antiga e que está sendo
bastante explorada é a captura de vídeo, pois com ela
é possível, por meio de outras tecnologias, tomar várias
ações. O reconhecimento facial, que é viável por câme-
ras espalhadas por toda uma cidade, sendo estas partes
de uma rede IoT, fornecendo conectividade com siste-
mas que irão analisar as imagens capturadas e compa-
rá-las com banco de dados de criminosos, por exem-
plo, ou até mesmo na identificação de um criminoso
que servirá como prova em juizado – ou, quem sabe,
diminuindo o tráfico de drogas em aeroportos

Ele continua, citando outra importante inovação que tem ga-

nhado cada vez mais espaço na segurança pública de diversos
países globais.

Outra tecnologia que vem sendo bastante explorada para

prever possíveis crimes é o Big Data. Por meio de um
sistema de cruzamento de dados, é possível estudar o
comportamento de quadrilhas, horários de crimes, locais
de maior ocorrência e até mesmo a faixa etária dos crimi-
nosos de plantão. Logo, a partir desta análise, é possível
tomar ações junto à polícia de plantão e responsável pela
região. Parece coisa de filme, mas é algo já implementa-
do nas aplicações DETECTA (Brasil), CRUSH (Inglaterra) e
HunchLab (Estados Unidos).

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A pedido do Futurecom Digital,
Nunes, da Hexagon, também elencou
algumas de suas visões sobre como
essas inovações são úteis
no combate aos crimes.
Confira:
INTERNET DAS COISAS (IOT)
permite obter e integrar dados de múltiplas
fontes e formatos em tempo real como,
por exemplo, de dispositivos móveis, de
sistemas de intrusão, controles de acesso,
reconhecimento facial e analíticos de
vídeo, alarmes e videomonitoramento.
Atualmente as soluções integradas
de segurança pública da Hexagon já
utilizam a IoT para proporcionar o acesso,
compartilhamento e principalmente a
integração dos dados.
MACHINE LEARNING
(aprendizado de máquinas):
permite processar e analisar grandes
quantidades de dados em tempo real
e de maneira automatizada,
retroalimentando as regras e os fluxos
de trabalho de inteligência artificial,
baseando-se também na experiência
dos usuários dos sistemas.
Inovações tecnológicas para a segurança pública
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)
identifica padrões, similaridades,
tendências e anomalias entre dados
em tempo real, proporcionando
maior consciência situacional e decisões
melhores para todos os envolvidos,
além de otimizar processos, sugerir
ações e automatizar tarefas
redundantes para maior agilidade
e precisão nas respostas
às emergências.
BIG DATA
de acordo com o IDC, mais de 55 bilhões
de dispositivos estarão gerando dados
no mundo em 2025, e para processar
todo esse volume de dados, o Big Data
é uma abordagem tecnológica
que permite acessar e processar
dados de diversas fontes e formatos
não-estruturados, permitindo a correlação
entre dados para a identificação de
insights. Contudo, ainda não é uma
realidade na área de segurança pública.
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A questão da segurança e
privacidade de dados públicos
Apesar das muitas possibilidades, uma delicada
questão é sempre tema de calorosas discussões
quando falamos do uso da tecnologia na segu-
rança pública. Estamos falando dos dados, tema
tão em voga hoje em dia.
Como utilizá-los de maneira assertiva no com-
bate à criminalidade sem ferir leis e invadir a pri-
vacidade de cada cidadão? Montarroios cita um
exemplo do que já é feito hoje para garantir essa
segurança de dados privados.

Grande parte dos modelos de gerenciamento de dados,

abordados pelo governo, faz com que empresas terceiri-
zadas operem sua grande maioria de dados. Para garantir
que empresas vão tratar essas informações com o cui-
dado necessário, existe uma aliada recente: a ISO 27701.
Com ela, empresas renomadas no mercado de tecnolo-
gia se adequam e são auditadas para validar que estão de
acordo com os controles exigidos na Lei Geral de Prote-
ção de Dados. De certa forma, garantindo que os dados
pessoais serão cuidados, monitorados e prestados conta,
quando necessário

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 Ele prossegue, destacando que tal pensamento deve ser tam-
bém encarado pela população, que tem o direito de garantir a
segurança de suas informações, ao mesmo tempo em que as
tecnologias avançam para oferecer mais segurança.

A segurança pública não pode ser pensada de forma

isolada nas instituições. Ela abrange as soluções tercei-
rizadas, de iniciativas de estudo e desenvolvimento e da
própria conscientização da população sobre a sua im-
portância – é dessa forma que garantimos a integridade
total dos dados públicos

De maneira semelhante, Nunes destaca que já existem meca-

nismos que auxiliam nesta proteção, ao mesmo tempo em que
oferecem uma base para que essas tecnologias sirvam ao bem
da população.

A proeminência das leis de proteção de dados, das es-

tratégias de governança e preocupações éticas em rela-
ção à inteligência artificial, tecnologia e recursos predi-
tivos despertam a necessidade de colaboração para se
garantir a confiança e a transparência. Mas isso pode ser
complicado, uma vez que diferentes organizações e de-
partamentos podem estar sujeitos a diferentes requisitos
com base na sensibilidade dos seus dados

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 Nesse contexto, para se viabilizar a colaboração, pode
ser adotada uma abordagem arquitetônica “neutra” para
o uso de dados, de forma que eles possam ser compar-
tilhados e que cada organização ou departamento possa
manter a sua propriedade, sem qualquer centralização.
Isso fornece transparência, segurança e controle, pro-
movendo mais confiança e aceitação.

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Quais
os desafios
da implementação
de novas tecnologias
na segurança pública?
Como vimos nas páginas acima, existem grandes possibilidades
para a utilização das novas tecnologias na segurança pública do
Brasil. Entretanto, como toda adaptação, este movimento também
apresenta desafios que devem ser cuidadosamente analisados para
serem superados sem traumas ou problemas.

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 Segundo Montarrios, é preciso realizar mais investimentos e su-
perar a burocracia que envolve o setor:

Os processos de licitação são, em sua maioria, muito

complexos, e isso atrasa contratações que deveriam ser
simples. Além disso, a verba reservada para aquisição dos
serviços é demasiadamente limitada, o que desencadeia
uma série de problemas na qualidade do serviço presta-
do. Servidor e software de bancos de dados de baixa qua-
lidade, por exemplo, fazem com que qualquer operação
utilizada – Big Data, IA, Machine Learning, ou até tarefas
de rotinas de escrita e leitura, tornem- se algo moroso.

Nunes concorda, destacando ainda que já existem opções para

que tais ações se tornem cada vez mais frequentes no âmbito
da segurança pública.

Os principais desafios das organizações de segurança

pública para a implementação dessas novas tecnologias
estão no investimento para a modernização de suas in-
fraestruturas, necessária para torná-las mais compatíveis
com a atual realidade tecnológica do mundo, e na mu-
dança de cultura e paradigma de algumas organizações
quanto a adoção de tecnologias em nuvem, que ainda
possuem a percepção de que os dados armazenados em
seus data centers estão mais seguros.

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 Contudo, os data centers possuem capacidade física li-
mitada, requerem um grande investimento e entregam
resultados pouco expressivos em termos de desempe-
nho tecnológico (velocidade, escalabilidade etc.). Dessa
forma, se considerarmos o crescimento exponencial de
dados que estão sendo gerados em todo o mundo, o seu
armazenamento físico será cada vez mais caro e difícil, e,
assim como já acontece em outros setores, estará com
os seus dias contados.

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 Se gostou do nosso e-book, aproveite para
compartilhá-lo com seus colegas. Leia também
nosso artigo sobre Tecnologia policial:
como órgãos de segurança e fiscalização
se beneficiam da inovação.

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 Sobre a Futurecom
O FUTURECOM completa 20 anos como o mais qualificado e abrangente encontro
de Tecnologia, Telecomunicação, TI e Internet na América Latina. Trazendo conteúdo, experiências e atrações
que consagram o evento como o ponto de encontro de empresários, empreendedores e investidores em busca
dos lançamentos impactantes do setor, além da oportunidade de reforçar seu networking.

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