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ANA

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS

Projeto Integrado de Cooperação Amazônica e de Modernização


do Monitoramento Hidrológico

MGB-IPH
Modelo de Grandes Bacias

MANUAL 03/05
MANUAL DE DEFINIÇÃO DE
UNIDADES DE RESPOSTA
HIDROLÓGICA (BLOCOS) DO
MODELO MGB-IPH
Versão 2.0
Agosto de 2010

Fernando Mainardi Fan


Walter Collischonn
Diogo Costa Buarque
Rodrigo Cauduro Dias de Paiva
Rafael Kayser

UFRGS
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO SUL
Projeto Integrado de Cooperação Amazônica e de
Modernização do Monitoramento Hidrológico

O manual aqui apresentado faz parte das atividades previstas pelo Projeto Integrado
de Cooperação Amazônica e Modernização do Monitoramento Hidrológico (ICA-
MMH), objeto do convênio 01.07.0299.00, cujo título é “Projeto FAURGS – IPH/UFRGS
– Parte A”, financiado pelo CT-Hidro - Fundo Setorial de Recursos Hídricos do
Ministério de Ciência e Tecnologia - por meio do FINEP - Financiadora de Estudos e
Projetos. O objetivo desta iniciativa é o de facilitar a utilização do Modelo Hidrológico
de Grandes Bacias, MGB-IPH, por seus usuários finais.

Instituto de Pesquisas Hidráulicas


Campus do Vale, Av. Bento Gonçalves, 9500 - Agronomia
CEP: 91501-970 Porto Alegre - RS

Carlos André Bulhões Mendes


Prof. Adjunto - IPH/UFRGS
Coordenador do Projeto pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas

Walter Collischonn
Prof. Adjunto - IPH/UFRGS
Diogo Costa Buarque
Doutorando em Recursos Hídricos - IPH/UFRGS
Rodrigo Cauduro Dias de Paiva
Doutorando em Recursos Hídricos - IPH/UFRGS
Fernando Mainardi Fan
Graduando em Engenharia Ambiental - IPH/UFRGS
Rafael Kayser
Graduando em Engenharia Ambiental - IPH/UFRGS

ANA UFRGS
UNIVERSIDADE FEDERAL
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS DO RIO GRANDE DO SUL
Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

SUMÁRIO

1 Introdução ...........................................................................................................2

2 Fontes de dados para definição das URH..................................................3

3 Recomendações gerais para definição de URH ......................................3


3.1 Recomendações quanto ao número de URH .......................................................... 4
3.1.1 Recomendações quanto aos tipos de solos ................................................................. 4
3.1.2 Recomendações quanto às classes de vegetação e usos da terra ...................... 5
3.1.3 Recombinações ........................................................................................................................ 5

4 Aspectos operacionais de definição de URH ...........................................6


4.1 Combinação dos mapas ................................................................................................. 6
4.2 Reclassificação das URH ............................................................................................... 7

5 Exemplo de geração de URH para o MGB-IPH .........................................8


5.1 Selecionando Dados na Área de Interesse.............................................................. 8
5.2 Agrupando Informações de Usos e Tipos de Solo ............................................. 14
5.3 Extração das URH para a Área da Bacia e Compatibilização com o MDE.. 18

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

1 Introdução

Na versão mini-bacias, o modelo MGB–IPH subdivide a bacia em várias bacias


menores, com tamanho a critério do usuário (veja manual de discretização do modelo
MGB-IPH). O tipo de vegetação e uso da terra dentro de cada mini-bacia é categorizada
dentro de uma ou mais classes de acordo com a escolha do usuário. Para reduzir o custo
computacional, foi utilizada a abordagem da Unidade de Resposta Hidrológica (URH),
utilizada também em outros modelos hidrológicos. Uma URH é uma combinação única de
tipo de solo e de uso da terra. Admite-se que uma dada URH tenha o mesmo
comportamento hidrológico independentemente de onda esteja localizada dentro da
bacia. Assim, o balanço hidrológico é calculado para cada URA de cada mini-bacia, e as
vazões estimadas em cada URA são posteriormente somadas e propagadas até a rede de
drenagem. Além disso, os parâmetros do modelo, por exemplo, a capacidade de
armazenamento de água no solo, estão relacionados às URH.
Nas versões anteriores e em várias publicações sobre o MGB-IPH as URH eram
chamadas de “blocos”. Em algumas partes do programa ainda é usada esta nomenclatura,
mas ela está sendo progressivamente substituída por Unidades de Resposta Hidrológica.
A definição das URH que serão consideradas na modelagem hidrológica de uma
bacia é uma etapa fundamental da aplicação do MGB-IPH. Esta definição depende dos
dados disponíveis; do grau de complexidade com que se pretende representar a bacia;
dos objetivos da aplicação do modelo; e dos recursos computacionais disponíveis. Não
existe uma regra geral para se definir as URH (blocos). A definição das URH é
relativamente subjetiva e vai depender do hidrólogo que estiver aplicando o modelo.
Duas pessoas podem simular a mesma bacia utilizando diferentes definições de URH, e,
mesmo assim, chegar a resultados semelhantes.
A definição de Unidades de Resposta Hidrológica envolve muito mais do que
seguir passos pré-determinados, muito pelo contrário, é um trabalho que envolve busca
em diferentes fontes de dados, avaliação da qualidade de dados, utilização de análises
geográficas de SIG e conhecimentos sobre o comportamento hidrológico de diferentes
componentes da esfera terrestre.
Na definição das URH é importante diferenciar como URH distintas, as áreas que
possuem características bastante diferentes, e, em que se espera que a resposta
hidrológica seja bastante distinta. Por exemplo, é recomendado que sejam diferenciadas
áreas que tendem a gerar escoamento superficial (regiões de solos rasos, de alta
declividade, ou de solos saturados) das áreas que não tendem a gerar escoamento
superficial (regiões planas em áreas mais altas do relevo e com solos profundos com alto
percentual de areia e lençol freático baixo). Por outro lado, é fundamental que o
hidrólogo seja parcimonioso na definição das URH, mantendo o número de Unidades de
Resposta Hidrológica relativamente pequeno.

IMPORTANTE: - Para a geração das URH é necessário que o hidrólogo tenha um


mínimo conhecimento de SIG, sabendo trabalhar com ferramentas como
sobreposição de layers, operadores de contexto e com bancos de dados. Recomenda-se
a utilização das ferramentas do programa ArcGIS!

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modelo MGB-IPH

2 Fontes de dados para definição das URH

Para a definição de URH são utilizados os mapas de uso da terra, tipo de vegetação
e tipos de solos. Em alguns casos também podem ser utilizados dados de relevo.
O uso da terra e o tipo de vegetação são, normalmente, apresentados no mesmo
mapa, às vezes denominado “Mapa de uso e ocupação do solo”. Estes mapas são
normalmente obtidos a partir de classificação de imagens de satélite. Em alguns casos é
possível obter estes mapas prontos, disponibilizados por órgãos do governo Estadual ou
Federal, ou em estudos da EMBRAPA, universidades, agências de recursos hídricos, etc.
Algumas destas fontes são apresentadas na tabela 1. O que se deve ter cuidado muitas
vezes é quanto à escala e quanto à qualidade dos dados disponibilizados, uma vez que,
por exemplo, para aplicações em pequenas bacias não é nada conveniente o uso de
mapas em escala 1:1.000.000.

Tabela 1: Fontes de dados de mapas de uso da terra e vegetação


Órgão Link
IBAMA http://siscom.ibama.gov.br/
FEPAM-RS http://www.fepam.rs.gov.br/biblioteca/geo/bases_geo.asp
ANA http://hidroweb.ana.gov.br/
SIEG-GO http://www.sieg.go.gov.br/

Em alguns casos é necessária a digitalização manual dessas informações, pois elas


estão disponíveis apenas na forma de mapas “scaneados” ou não existem em meio digital
na escala ou com a qualidade necessária.
Mapas de tipos de solos são mais difíceis de obter embora existam dados de um
levantamento que cobre praticamente todo o Brasil, que é o Projeto RADAM-Brasil.
Mapas de tipos de solos do projeto RADAM-Brasil tem uma escala relativamente
grosseira, mas útil para a aplicação do MGB-IPH. Em geral, são as únicas fontes de dados
disponíveis.
Dados de relevo podem ser obtidos do levantamento do SRTM, conforme
explicado no “Manual de discretização de bacias para aplicação do modelo MGB-IPH”.

3 Recomendações gerais para definição de URH

As URH são unidades de paisagem no que se refere ao comportamento


hidrológico esperado. Normalmente as URH são definidas a partir da combinação de dois
mapas distintos de uma mesma região: 1) mapa de tipos de solos; 2) mapa de uso da
terra e vegetação. Adicionalmente podem ser considerados outros tipos de informação,
como, por exemplo, a topografia.
O resultado da definição de URH é um mapa que identifica as classes ou Unidades
de Resposta Hidrológica.
Numa situação em que existem, por exemplo, quatro tipos de solos e cinco classes
de vegetação e usos da terra, a sobreposição destes dois mapas levaria a um número

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

potencial de 4x5=20 URH. Entretanto, algumas destas combinações simplesmente não


ocorrem, seja por acaso ou porque certos tipos de vegetação ou uso da terra são
incompatíveis com certos tipos de solos.

3.1 Recomendações quanto ao número de URH

Recomenda-se manter o número de Unidades de Resposta Hidrológica


relativamente baixo. Na versão atual do programa não são permitidas mais do que 12
URH, mas recomenda-se trabalhar com um número ainda menor. Em bacias da ordem de
10 mil a 100 mil km2, com características relativamente homogêneas, não há necessidade
de fazer as simulações com um número de URH muito superior a 5.
As razões para manter um número relativamente baixo de URH são:

• processamento mais rápido, especialmente na fase de calibração;


• calibração é mais simples;
• menos graus de liberdade na calibração levam a parâmetros com valores mais
previsíveis;
• não há grande benefício no uso de um maior numero de URH em termos de
melhoria da representação dos hidrogramas.

Nos itens que seguem são feitas recomendações para a definição das URH de
forma que o número de URH permaneça relativamente pequeno, porém os principais
aspectos da hidrologia da bacia sejam mantidos.

3.1.1 Recomendações quanto aos tipos de solos

A classificação tradicional de tipos de solos tem objetivos que vão bem além da
questão hidrológica. Na definição das URH são de interesse as seguintes características
dos solos:

• profundidade até a rocha matriz;


• textura ou percentual de areia/argila/silte;
• declividade;
• distância da superfície até o lençol freático.

Mapas de tipos de solos com dez ou mais tipos de solos podem ser reclassificados
em um número menor de classes, considerando o potencial de geração de escoamento
superficial e de base.
Solos profundos, bem drenados e com alto percentual de areia podem ser
classificados como solos de baixo potencial de geração de escoamento superficial. Estes
solos, pelo contrário, contribuem para a recarga de aqüíferos e contribuem para a vazão
de base dos rios.
Solos rasos, como os solos litólicos, tendem a ter um grande potencial de geração
de escoamento superficial e uma baixa capacidade de armazenamento de água.

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

Assim, recomenda-se que, antes de fazer a sobreposição com o mapa de uso da


terra, o mapa de solos originalmente disponível seja reclassificado em três classes: baixo,
médio e alto potencial de geração de escoamento superficial.
Não é recomendável desprezar áreas de solos com alto potencial de geração de
escoamento, mesmo que ocorram em partes muito restritas da bacia, por exemplo,
menos do que 10% da área da bacia.

3.1.2 Recomendações quanto às classes de vegetação e usos


da terra

Dependendo da fonte dos dados, os mapas de vegetação e de usos da terra


também podem ter um número muito grande de classes. Antes de realizar a combinação
com os tipos de solos para obter as URHs, é recomendável reclassificar os tipos de
vegetação em um número menor de classes.
Um exemplo freqüentemente encontrado é o cerrado e os seus subtipos: cerrado;
cerradão; campo sujo; campo limpo; etc. Embora seja esperado que cada tipo de cerrado
tenha suas peculiaridades em termos de comportamento hidrológico, não é possível, com
o conhecimento hidrológico atual, diferenciar adequadamente estes comportamentos
através da adoção de valores de parâmetros no modelo hidrológico MGB-IPH. Assim, é
recomendado que todas estas sub-classes sejam agrupadas numa única classe.
Da mesma forma não há muito sentido prático em diferenciar culturas agrícolas
como milho e soja, por exemplo. Em geral até a diferenciação entre lavouras e pastagens
é desnecessária. Assim, é recomendado que agricultura e pastagem sejam colocadas na
mesma classe de uso da terra (agropecuária).
Áreas urbanas, ainda que representem uma parte reduzida da bacia, podem ser
mantidas como uma classe de uso da terra individual, devido ao alto potencial de geração
de escoamento superficial.
As áreas cobertas por água devem ser consideradas uma URH específica. Áreas de
água, como a superfície dos grandes rios, respondem rapidamente às chuvas. Nos
períodos de estiagem, por outro lado, as áreas cobertas por água apresentam grande
evapotranspiração.
Uma consideração importante é que os usos da terra podem se alterar ao longo
do tempo. Neste caso é necessário que o mapa utilizado na definição das URH seja
compatível com o período de dados que será simulado. Por exemplo, se o período de
dados hidrológicos a ser simulado vai de 1990 a 2005, então o ideal é trabalhar com
mapas de uso da terra obtidos a partir de imagens de satélite obtidas ao longo deste
período, idealmente no meio do período.

3.1.3 Recombinações

Algumas recombinações são necessárias ou convenientes para reduzir o número


de URH na simulação. Algumas opções para isto são dadas a seguir.
Áreas urbanas podem ser agrupadas numa classe única, quaisquer sejam os tipos
de solos.

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

Todas as classes em que existe água como cobertura do solo devem ser agrupadas
numa única classe, independentemente do tipo de solo.
Se apenas uma pequena parte da bacia tiver a presença de solos litólicos, as URH
com solos litólicos podem ser agrupadas à URH de áreas urbanas.
De maneira geral, recomenda-se extinguir Unidades de Resposta Hidrológica que
ocupam áreas muito pequenas da bacia (da ordem de 1% da área de drenagem total da
bacia ou menos), exceto quando estas áreas são muito diferentes do restante da bacia. É
possível, por exemplo, reclassificar estas áreas, adicionando as áreas a uma URH
semelhante. Por exemplo, considere que numa bacia foram definidas 7 URH, sendo duas
delas “Cerrado em latossolos”, presente em 32,3% da área da bacia, e “Cerrado em solos
podzólicos”, presente em 2,7% da área da bacia. Neste caso, recomenda-se extinguir a
URH “Cerrado em solos podzólicos”, reclassificando as áreas correspondentes como
“Cerrado em latossolos”. Neste caso, esta última URH passará a estar presente em 35%
da área de drenagem da bacia.

4 Aspectos operacionais de definição de URH

A seguir são dadas algumas diretrizes gerais para a construção das URH para o
modelo MGB e algumas dicas de formas como eles podem ser gerados utilizando
diferentes programas SIG.
Falando em “linguagem SIG” uma URH (bloco) nada mais é do que um arquivo
raster que, para efeito de utilização no MGB-IPH, deve possuir as mesmas dimensões
(tamanho da célula, nº de linhas, nº de colunas, coordenadas máxima e mínima) dos
demais arquivos de entrada do Prepro_MGB (veja Manual do PrePro-MGB para aplicação
do modelo MGB-IPH).
Para a geração das URH o usuário precisa basicamente de duas informações: Tipos
de Solo e Uso do Solo da região de estudo. Porém, caso o usuário desejar, podem ser
utilizadas mais informações, como Topografia, Geologia e Geomorfologia da bacia
hidrográfica em estudo.

4.1 Combinação dos mapas

Tendo os mapas de tipo de solo (meio digital), faça o agrupamento destes mapas
reduzindo as classes de acordo com o interesse. Geralmente existem vários tipos de solos,
mas hidrologicamente vários deles podem ser agrupados em um único tipo ou grupo mais
geral. Numere as classes finais a seu critério (ex: se você definiu 5 classes, numere-as de 1
a 5).
Para o caso do uso do solo, se já existem mapas digitais, faça procedimentos
semelhantes aos do tipo de solo para reduzi-los às classes de interesse, porém
numerando-as com outros valores (ex: se você definiu 5 classes, numere-as de 10 a 50,
com valores de 10 em 10).
A combinação dos dois mapas pode ser realizada utilizando operações
comumente disponíveis em softwares de SIG, como o ArcGIS, o Idrisi e o Mapwindow. A

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modelo MGB-IPH

forma mais utilizada para obter esta combinação é uma classificação cruzada, em que o
mapa resultante mostra todas as combinações possíveis dos mapas de entrada. Outra
forma é uma operação de soma, desde que os códigos ou valores indicativos das classes
sejam escolhidos de forma adequada, como descrito acima.
Uma vez simplificados os tipos de solos e os tipos de uso do solo, basta fazer uma
sobreposição (soma) destes dois layers, utilizando uma mesma resolução para ambos.

IMPORTANTE: - Para o MGB-IPH, caso exista e URH “água”, esta deverá ser
sempre a última!

Se o software utilizado para a definição das URH for o ArcGIS, e o mapa de tipos
de solos e o mapa de usos da terra estiverem em formato vetorial, pode ser utilizada a
função Union, do Analysis Tools. Caso estejam sendo utilizados mapas em formato raster,
pode ser utilizada a função Combine, do Spatial Analyst Tools.
Caso o software seja o Idrisi, pode ser utilizada a função CROSSTAB para fazer a
classificação cruzada.

4.2 Reclassificação das URH

A quantidade de classes de tipo e uso do solo vai definir a quantidade de URH que
você terá e, provavelmente, você terá que fazer uma nova reclassificação do resultado
para finalizar as URH. Por exemplo, se você definir 5 classes de solo e 5 de uso do solo,
você poderá ter até 25 URH diferentes. Mas se um uso do solo for água, por exemplo, ao
sobrepor esse uso aos tipos de solo, o que vai interessar será um único URH ÁGUA, e não
as URH ÁGUA + CAMBISOLO, ÁGUA + ARGISOLO, etc. Por isso será necessário refinar a
classificação, através de uma reclassificação.
Após a reclassificação, cada uma das URH devem ter um código identificador,
começando por 1 e terminando por NU, onde NU é o número de URH que foram
definidas. O valor máximo de NU é 12, na versão atual do programa MGB-IPH.
A combinação de mapas, descrita no item anterior, vai gerar códigos arbitrários
para as URH. Estes códigos devem ser reclassificados de forma a satisfazer os seguintes
critérios:

• identificadores de URH iniciando em 1, e crescendo de 1 em 1 até NU;


• NU não pode ser maior do que 12;
• a URH “Água”, quando existir, deve ser a última, ou seja, seu identificador é igual a
NU.

Para fazer a reclassificação são utilizadas as funções RECLASS dos programas de


SIG.

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modelo MGB-IPH

5 Exemplo de geração de URH para o MGB-IPH

Neste item é apresentado um exemplo bem simples de geração de URH para o


MGB-IPH utilizando o ArcGIS. É importante deixar claro que este manual exige um certo
conhecimento de ferramentas SIG, em particular do software ArcGIS, pois aqui não se
pretende apresentar detalhes dos procedimentos utilizados para a geração das URH.
A bacia utilizada neste exemplo foi aleatoriamente denominada de bacia do
Almas-Maranhão, por incluir dentro dela o rio das Almas e o rio Maranhão, ambos
localizados no estado de Goiás. A bacia Almas-Maranhão é uma sub-bacia da bacia 20,
segundo a classificação da ANA, pertencendo à bacia do rio Tocantins. Um panorama
geral da localização da bacia pode ser visto na Figura 1.

Figura 1: Mapa de localização da bacia dos rios Almas e Maranhão.

5.1 Selecionando Dados na Área de Interesse

Como podemos ver na, a bacia do rio Almas-Maranhão está inteiramente dentro
do estado de Goiás. O portal SIEG (http://www.sieg.go.gov.br/) do governo do estado de

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modelo MGB-IPH

Goiás (Figura 2) contém mapas de solos e de usos da terra em formato vetorial


disponíveis para download em uma resolução aceitável para a nossa aplicação, portanto
vamos usar os mapas de solo e de uso do solo obtidos nesse sistema. O mapas para a
bacia deste exemplo estão apresentados na Figura 3 e na Figura 4.
Para minimizar o tempo de processamento nas etapas seguintes, o ideal é não
trabalhar com todo o mapa de usos, nem com todo o mapa de tipos de solo, mas apenas
com uma parte menor que realmente interessa. Desta forma, assim como foi feito no
“Manual de Discretização do modelo MGB-IPH”, pode criar um polígono envolvente que,
com alguma folga, envolva toda a bacia hidrográfica que se deseja modelar. Entretanto, a
geração deste polígono já deve ter sido realizada quando da discretização do modelo
seguindo o referido manual de discretização, de forma que este mesmo polígono deve ser
o utilizado para a definição das URH. Porém, como neste manual é utilizada uma abacia
hidrográfica diferente da utilizada no manual de discretização, o usuário perceberá que o
polígono também é diferente aqui. Apesar do exemplo deste manual utilizar uma bacia
hidrográfica diferente da bacia utilizada no manual de discretização, aqui não serão
reapresentados os procedimentos necessários para a geração do polígono, de forma que
os mesmos devem ser verificados no “Manual de Discretização do modelo MGB-IPH”.
O polígono envolvente delimitado no exemplo deste manual está apresentado na
Figura 5. Extraindo, então, os dados apenas para a região interna ao polígono, temos uma
situação semelhante à mostrada na Figura 6, para os usos da terra e tipos de vegetação
da região, e na Figura 7, para os tipos de solos.

Figura 2: Portal SIEG, download de mapa de uso do solo.

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Figura 3: Mapa de usos da terra e tipos de vegetação da região com indicação da bacia
Almas/Maranhão.

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Figura 4: Mapa de tipos de solos da região do exemplo com indicação da bacia


Almas/Maranhão.

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Figura 5: polígono que envolve a bacia de interesse.

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Figura 6: Mapa de usos da terra e tipos de vegetação da região extraídos apenas dentro
do polígono envolvente da bacia.

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modelo MGB-IPH

Figura 7: Mapa de tipos de solos da região do exemplo extraídos apenas dentro do


polígono envolvente da bacia.

5.2 Agrupando Informações de Usos e Tipos de Solo

Com os dois mapas apresentados nas figuras anteriores (Figura 6 para usos do solo
e Figura 7 para tipos de solo), realizamos então o agrupamento destes tipos de solo e
usos do solo atribuindo identificadores a cada um deles (deixando água sempre com
identificar zero), conforme a Tabela 2, para os tipos de solo, e a Tabela 3, para os usos do
solo.
Considerando primeiramente os tipos de solo, observe que nas Tabela 2 os
Latossolos, por possuírem baixo potencial de geração de escoamento superficial,
receberam identificação 1. Procedimento semelhante foi adotado para os solos com
médio potencial de geração de escoamento superficial (Argissolos e Plintossolos), os
quais receberam a identificação 2. Os Cambissolos e Neossolos foram considerados solos
com alto potencial de geração de escoamento superficial, e receberam identificação 3. Os

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Ghernossolos e Gleissolos foram classificados com solos e vázeas, de forma que ambos
receberam o mesmo código identificador 4.
Em relação os usos do solo, na Tabela 3 pode-se verificar que a classe “água”
recebeu o código identificador zero, enquanto que as demais classes receberam códigos
semelhantes ao da tabela anterior, porém iniciando em 10 e aumentando em intervalos
de 10 (ver seção 4.1), para facilitar a sobreposição dos mapas e identificação das classes
resultantes.

Tabela 2: Agrupamento e códigos identificadores dos tipos de solos.


Tipo de solo Tipo reclassificado Código Identificador
Água Água 0
Argissolos Médio potencial escoamento superficial 2
Cambissolos Alto potencial escoamento superficial 3
Chernossolos Solos de várzea 4
Gleissolos Solos de várzea 4
Latossolos Baixo potencial escoamento superficial 1
Neossolos Alto potencial escoamento superficial 3
Plintossolos Médio potencial escoamento superficial 2

Tabela 3: Agrupamento de usos da terra e tipos de vegetação.


Classe Reclassificado Código identificador
Agricultura Agricultura 10
Água Água 0
Área urbana Área urbana 20
Cerrado Cerrado 30
Floresta Floresta 40
Pastagem Pastagem 50

Com os layers agrupados desta maneira, realizamos a seguinte seqüência de


operações:

A – Rasterização (tranformação vetor-raster) dos dois layers vetoriais, utilizando


como referência o tamanho de pixel do Ext_MDE 1 (ver “Manual de
Discretização do modelo MGB-IPH”, seção 2.16) e os valores dos grupos acima
como a informação dos pixels gerados;
B – Combinação dos dois layers gerados utilizando a ferramenta “combine”, do
Spatial Analyst Tools do ArcGIS (ver seção 4.1);
C – Análise e reagrupamento de URHs (ver seção 4.2);
D – Definição final das URH.

1 Ext_MDE é o layer em formato raster contendo os dados do MDE apenas dentro da bacia hodrográfica
discretizada, definido no “Manual de Discretização do modelo MGB-IPH”.

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

O resultado das duas primeiras operações é um mapa com uma primeira


aproximação das unidades de resposta hidrológica (URH) para todo o polígono
envolvente, como mostra a Figura 8.

Figura 8: Mapa preliminar de URH obtido a partir da classificação cruzada (soma) do mapa
de solos simplificado e do mapa de uso da terra simplificado, para a área do polígono
envolvente.

O layer resultante certamente contém URH que não existem, como, por exemplo,
a URH de valor 30, que é a soma do solo “Água” com o uso “Cerrado”. Neste caso ambos
URH devem ter valor zero, indicando a classe “Água”.
Portanto, esse raster é reclassificado para a geração do arquivo de URH definitivo,
aonde são feitos mais alguns agrupamentos, como a união de pastagem e agricultura em

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modelo MGB-IPH

um único tipo de uso da terra (por necessidade de redução do número de URH) e a


eliminação de URH inexistentes, conforme o citado acima. A reclassificação final resultou
no mapa de URH apresentado na Figura 9.
A Tabela 4 apresenta a configuração final das unidades de resposta hidrológica na
bacia hidrográfica dos rios Almas e Maranhão. Observe que o número de Unidades de
Resposta Hidrológica é menor do que 12, que as URH estão numeradas de 1 a 10, e que a
última URH é água. Este mapa é utilizado como entrada para o programa PrePro-MGB,
conforme descrito no “Manual do PrePro-MGB para aplicação do modelo MGB-IPH”.

Figura 9: Mapa de URH resultante dentro do polígono da região.

É importante observar que aqui foi utilizada uma base de dados de usos e tipos de
solo em formato vetorial. O agrupamento destas classes foi realizado com os mapas neste
formato, e, apenas para agrupar os dois mapas para gerar o mapa preliminar de URH, foi
necessário antes converter para mapas em formatos raster. Acontece que muitas vezes as
informações de usos e/ou tipos de solo podem ser obtidos diretamente em formato
raster, geralmente após classificação de imagens de satélite. Neste caso, a forma de
agrupar as classes de usos e/ou tipos de solo também é semelhante. Porém não mais será

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

necessário rasterizar estas informações, mas é necessário reamostrar os mapas raster


para que os mesmos passem a ter a mesma resolução do Ext_MDE. Desta forma, com os
layers agrupados conforme a Tabela 2 e a Tabela 3, a seguinte seqüência de operações
posterior teria a etapa A alterada e ficaria:

A – Reamostragem dos layers em formato raster utilizando como referência o


tamanho de pixel do Ext_MDE (ver “Manual de Discretização do modelo MGB-
IPH”, seção 2.16) e os valores dos grupos acima como a informação dos pixels
gerados;
B – Combinação dos dois layers gerados utilizando a ferramenta “combine”, do
Spatial Analyst Tools do ArcGIS (ver seção 4.1);
C – Análise e reagrupamento de URHs (ver seção 4.2);
D – Definição final das URH.

Tabela 4: Configuração final das unidades de resposta hidrológica (observe que o número
de URH é menor do que 12, estão numeradas de 1 a 10, e que a última URH é água).
Código Identificador Descrição da URH
1 Cidade
2 campo + latossolo
3 campo + argissolo
4 campo + cambissolo
5 campo + gleissolo
6 floresta + latossolo
7 floresta + argissolo
8 floresta + cambissolo
9 floresta + glei
10 água

5.3 Extração das URH para a Área da Bacia e Compatibilização


com o MDE

O polígono com o contorno da bacia definido no “Manual de Discretização do


modelo MGB-IPH” pode ser usado agora para extrair do mapa de URHs apenas a região
que fica no interior da bacia. Para isto pode ser usada a ferramenta Extract by Mask,
definindo a bacia gerada como mascara (“mask”), como na Figura 10 a Figura 13. Nesta
etapa, é necessário forçar a mesma resolução e área de trabalho do Ext_MDE ao
resultado da operação Extract by Mask. Para isso, na janela da Figura 10 clique em
“Environments...”, depois “General Settings”, e substitua o Default selecionando o layer
Ext_MDE no campo Extent, como mostra a Figura 11, na qual os campos nomeados de
TOP, LEFT, RIGHT e BOTTOM serão automaticamente preenchidos com a extensão da
área de trabalho do Ext_DEM. Ainda em “Environments...”, vá para o campo “Raster
Analysis Settings” e em Cell Size forneça o layer Ext_MDE, onde automaticamente
aparecerá o tamanho da célula (resolução espacial) do Ext_DEM, como mostra a Figura
12. O resultado final está apresentado na Figura 13.

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

Figura 10: Usando a ferramenta Extract by Mask para gerar um mapa raster de URHs
limitado à região interna da bacia (Ext_URH).

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

Figura 11: Forçando área de trabalho do Ext_MDE ao resultado do Extract by Mask,


através do comando “Environments.../General Settings/Extent”.

Figura 12: Forçando resolução (tamanho da célula ou pixel) do Ext_MDE ao resultado do


Extract by Mask, através do comando “Environments.../Raster Analysis Settings/Cell Size”.

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Manual de definição de Unidades de Resposta Hidrológica (Blocos) do
modelo MGB-IPH

Figura 13: Contorno da bacia hidrográfica sobreposto ao mapa raster resultante da


operação Extract by Mask (Ext_URH), mostrando apenas as URHs dentro da bacia.

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