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CAROLINE APARECIDA FERREIRA

DETERMINAÇÃO DE CURVAS DE RETENÇÃO DE ÁGUA


PARA FINS DE PROJETO DE DESCOMISSIONAMENTO DE
BARRAGENS

LAVRAS - MG
2021
1

CAROLINE APARECIDA FERREIRA

DETERMINAÇÃO DE CURVAS DE RETENÇÃO DE ÁGUA


PARA FINS DE PROJETO DE DESCOMISSIONAMENTO DE
BARRAGENS

Trabalho apresentado à Pró Reitoria de Pesquisa (PRP),


da Universidade Federal de Lavras, como produto final
do projeto de iniciação cientifica.

Prof. Dr. EDUARDO SOUZA CÂNDIDO


Orientador

LAVRAS - MG
2021
2

Sumário
1 RESUMO.............................................................................................................................3

2 INTRODUÇÃO...................................................................................................................3

3 OBJETIVOS........................................................................................................................5

4 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................5

4.1 Modelos para ajustes da curva de retenção de água (CRA)..........................................................6


4.1.1 Modelo de Gardner (1958)........................................................................................................6
4.1.2 Modelo de Van Genuchten (1980)............................................................................................6
4.1.3 Modelo de Brooks e Corey (1964).............................................................................................7
4.1.4 Modelo de Fredlund e Xing (1994)............................................................................................7
4.1.5 Modelo de McKee and Bumb (1987).........................................................................................8
4.1.6 Modelo de Gallipoli et al (2003)................................................................................................8
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................9

5.1 Ajuste da CRA empregando o modelo de van Genuchten (1980)...............................................10


5.2 Ajuste da CRA empregando o modelo de Gardner (1958)..........................................................12
5.3 Ajuste da CRA empregando o modelo de Brooks e Corey (1964):..............................................14
5.4 Ajuste da CRA empregando o modelo de Fredlund e Xing (1994):.............................................16
6 CONCLUSÕES.................................................................................................................18

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................19

8 ATIVIDADES...................................................................................................................20
3

1 RESUMO

Considerando o histórico recente de rompimentos de barragens de mineração, a Resolução nº


4, de 15 de fevereiro de 2019 proíbe a construção de barragens “a montante” e estabelece que
terão que ser descomissionadas até 15 de agosto de 2023. Um dos métodos para realizar o
descomissionamento de barragens é o sistema de cobertura evapotranspirativa que consiste
em uma cobertura sobre os rejeitos utilizando-se de camadas de solos, as quais possuem a
função de absorver e liberar a água da chuva de forma permanente. Para que essas camadas
funcionem de forma efetiva, é necessário um estudo do comportamento hidráulico do solo a
ser empregado. As propriedades hidráulicas, necessárias para o desenvolvimento destes
projetos, podem ser obtidas por meio da curva de retenção de água (CRA) ou curva
característica de sucção de um solo. Para a obtenção e ajuste da CRA existem diversas
metodologias semiempíricas que empregam ferramentas computacionais e posteriormente
realizam os ajustes utilizando-se métodos de otimização.

A partir de dados de sucção matricial e teor de umidade volumétrico de um Latossolo do


cerrado (região do Alto Paranaíba), obtidos por Melo et al. (2018), foram utilizados 4 modelos
matemáticos para ajustar os dados experimentais da CRA. A partir das comparações
realizadas entre as CRA’s pelas diferentes metodologias, concluiu-se que o método de Van
Genuchten (1980) e o de Gardner (1958) foram os que melhorem se ajustaram ao
comportamento do solo analisado. Constatou-se também que as metodologias adotadas
possuem muitas variáveis a serem otimizadas, portanto possuem inúmeras soluções possíveis,
o que influência diretamente no resultado do comportamento do solo estudado.

Palavra chave: Curva de retenção de água, curva bimodal.

2 INTRODUÇÃO

Considerando o histórico recente de rompimentos de barragens de mineração, especialmente


as construídas e alteadas pelo método construtivo “a montante”, muitas ações governamentais
têm sido propostas no sentido de estabelecer medidas regulatórias cautelares objetivando
assegurar a estabilidade de barragens de mineração.

Dentre essas medidas, destaca-se a Resolução nº 4, de 15 de fevereiro de 2019, que proíbe a


utilização do método de construção ou alteamento de barragens de mineração denominado "a
montante" em todo o território nacional, e estabelece ainda que estas deverão ser
descomissionadas ou descaracterizadas até 15 de agosto de 2023.
4

O descomissionamento de minas/barragens é uma tarefa multidisciplinar podendo ser


concebida para projetos, minas em operação, minas abandonadas ou em vias de exaustão. Seu
objetivo é a reabilitação da área minerada de forma a garantir que o fechamento da mina não
comprometa a qualidade ambiental do futuro e limite a extensão de eventuais passivos de
natureza ambiental, seja para o minerador, seja para a sociedade.

De acordo com Ribeiro (2011), a drenagem ácida de mina (DAM) pode contaminar as águas
superficiais e subterrâneas em comunidades próximas ao local da mina, se as medidas
preventivas e de controle não forem tomadas. Portanto, é fundamental limitar a acessibilidade
de água e oxigênio para o resíduo e, com isso, reduzir a produção de DAM.

Uma das tecnologias muito utilizadas para o descomissionamento de minas e


consequentemente evitar a DAM são as coberturas construídas com solo. Segundo Amorim
(2008), esses sistemas podem ser divididos em dois tipos: convencionais (ou prescritivos) e
alternativos (ou evapotranspirativos). As coberturas evapotranspirativas apresentam algumas
vantagens sobre as prescritivas como: funcionam como estruturas naturais, possuem maior
vida útil, manutenção mais fácil e menor custo de implantação.

O sistema de cobertura evapotranspirativa consiste em um sistema onde é realizado uma


cobertura sobre os rejeitos, utilizando-se camadas de solos, as quais possuem a função de
absorver e liberar a água da chuva de forma permanente, assim garantindo a reabilitação das
áreas degradadas. De acordo com Ribeiro (2011) a capacidade de armazenamento da
cobertura é função do tipo de solo, da espessura da camada e das condições meteorológicas
locais. Outro fator importante para a camada evapotranspirativa é a condutividade hidráulica
do solo, a qual vai determinar a capacidade do solo de absorver ou liberar a água.

Para demonstrar a equivalência hidráulica de uma cobertura alternativa no campo, as


propriedades hidráulicas dos solos devem ser conhecidas. Essas propriedades podem ser
obtidas por meio da curva de retenção de água (CRA) ou curva característica de sucção de um
solo, definida como a relação entre o teor de umidade volumétrico versus a sucção presente
no material.

Existem diferentes técnicas de ensaios de campo e de laboratório para determinação da CRA,


no entanto como a determinação no campo esbarra em uma série de dificuldades e custos
elevados, diversos procedimentos têm sido desenvolvidos para obtenção desta relação em
laboratório utilizando pequenas amostras de solo. Como principais procedimentos, destaca-se
o método do papel filtro, placa de sucção, placa de pressão e centrífuga.
5

Dentro desse contexto, como a CRA representa a capacidade do solo de armazenar água, logo
o seu conhecimento possibilita controlar a infiltração da água para o aglomerado de rejeitos,
por meio da cobertura com camadas de solos, e assim evitar possíveis danos à estrutura de
uma barragem e DAM.

3 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho consiste em realizar o ajuste de curvas de retenção de água


empregando diferentes modelos matemáticos e avaliar aplicabilidade destes na obtenção de
parâmetros hidráulicos para fins de projeto de descomissionamento de barragens.

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados experimentais (sucção matricial e teor de umidade volumétrico) a serem analisados


nesta pesquisa foram obtidos por Melo et al. (2018), e são oriundos de um Latossolo do
cerrado, presentes na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais. Os ensaios foram realizados em
5 diferentes locais e em duas profundidades (0,2m – 0,4m; 0,4m - 0,6m). A partir dos dados
obtidos, os autores realizaram uma média dos valores de sucção matricial e teor de umidade
volumétrico para cada profundidade, são esses valores médios que serão utilizados na
modelagem das CRA.

Existem diversos modelos de ajuste das curvas de retenção de água no solo (GARDNER,
1958; BROOKS; COREY, 1964; van GENUCHTEN, 1980; FREDLUND; XING, 1994).
Para realizar essa modelagem, faz-se necessário implementar esses modelos empregando
ferramentas computacionais e posteriormente proceder os ajustes utilizando-se de métodos de
otimização. Tradicionalmente tem se utilizado o método do Gradiente Reduzido Generalizado
(GRG) apresentado por Abadie e Carpentier (1969), desenvolvido para solucionar problemas
de programação matemática com uma FO não linear e restrições lineares, para ajustar as
CRAs.

Gomes et al. (2017) destacam que o GRG é o método mais empregado na resolução de
problemas com múltiplas respostas, fato este devido a sua facilidade de implantação e de seu
algoritmo estar disponibilizado no pacote solver que acompanha o software Microsoft
Excel®.
6

A seguir são apresentadas as descrições de diferentes modelos matemáticos para modelagem


das curvas de retenção de água (CRA).

4.1 Modelos para ajustes da curva de retenção de água (CRA)

4.1.1 Modelo de Gardner (1958)

Gardner (1958) propõe a equação 1 para ajuste da curva de retenção de água.

(θ s−θ r )
θ= n
+θ r (1)
α ×ψ +1
Em que:

ψ: sucção matricial (kPa);

θ: teor de umidade volumétrica (cm3/cm3);

θs: teor de umidade volumétrica de saturação (cm3/cm3);

θr: teor de umidade volumétrica residual (cm3/cm3);

α : parâmetro de ajuste da curva (cm-1);

n: parâmetros de ajuste;

Os parâmetros α, n e θr são determinados minimizando o erro entre valores calculados pelo


modelo e os dados experimentais utilizando-se um método de otimização.

4.1.2 Modelo de Van Genuchten (1980)

Van Genuchten (1980) propõe a equação 2 para ajuste da curva de retenção de água.

(θ s−θ r )
θ=θr + (2)
n m
[ 1+( α v ×ψ ) ]
Em que:

ψ: sucção matricial (kPa);

θ: teor de umidade volumétrica (cm3/cm3);

θs: teor de umidade volumétrica de saturação (cm3/cm3);

θr: teor de umidade volumétrica residual (cm3/cm3);


7

αv: parâmetro de ajuste da curva (cm-1);

m,n : parâmetros de ajuste;

Os parâmetros αv, n, m e θr são determinados minimizando o erro entre valores calculados


pelo modelo e os dados experimentais utilizando-se um método de otimização.

4.1.3 Modelo de Brooks e Corey (1964)

Brooks e Corey (1964) propõe a equação 3 para ajuste da curva de retenção de água.

( )
λ
ψ
θ=(θ s−θ r) a + θ (3)
ψ r

Em que:

ψ: sucção matricial (kPa);

ψa: sucção matricial que corresponde à entrada de ar;

θ: teor de umidade volumétrica (cm3/cm3);

θs: teor de umidade volumétrica de saturação (cm3/cm3);

θr: teor de umidade volumétrica residual (cm3/cm3);

λ: parâmetro de ajuste que depende do tamanho dos poros do solo;

Os parâmetros ψa e λ são determinados minimizando o erro entre valores calculados pelo


modelo e os dados experimentais utilizando-se um método de otimização.

4.1.4 Modelo de Fredlund e Xing (1994)

Fredlund e Xing (1994) propõe a equação 4 para ajuste da curva de retenção de água.

[ ][ ( ) ψa
ln ⁡ 1+

]
ψr 1
m
θ=θs 1− × (4)
( ) 10 6
( ( ))
n
ψ
ln ⁡ 1+ ln e +
ψr a

Em que:

ψ: sucção matricial (kPa);


8

ψa: sucção matricial que corresponde à entrada de ar;

ψr: sucção que corresponde à umidade volumétrica residual;

θ: teor de umidade volumétrica (cm3/cm3);

θs: teor de umidade volumétrica de saturação (cm3/cm3);

a: valor aproximado da sucção de entrada de ar (cm);

n, m: parâmetros de ajuste;

106: valor limite de sucção para os solos;

e: base do logaritmo neperiano, aproximadamente igual a 2,718281828.

Os parâmetros a, n, m, e ψa são determinados minimizando o erro entre valores calculados


pelo modelo e os dados experimentais utilizando-se um método de otimização.

4.1.5 Modelo de McKee and Bumb (1987)

McKee and Bumb (1987) propõe a equação 5 para ajuste da curva de retenção de água.

1
θ w=
(ψ −a (5)
n )
1+ e
Em que:

ψ: sucção matricial (kPa);

θw: teor de umidade volumétrica (cm3/cm3);

a, n: parâmetro de ajuste da curva.

Os parâmetros a e n, são determinados minimizando o erro entre valores calculados pelo


modelo e os dados experimentais utilizando-se um método de otimização.

4.1.6 Modelo de Gallipoli et al (2003)

Gallipoli et al (2003) propõe a equação 6 para ajuste da curva de retenção de água.


Corresponde a uma correção do modelo de Van Genuchten (1980) para solos deformáveis.
9

[ ]
m
1
θ w= n (6)
1+ ( α ×ψ )
Em que:

ψ: sucção matricial (kPa);

θw: teor de umidade volumétrica (cm3/cm3);

α, m, n: parâmetro de ajuste da curva.

Onde:

α =ϕ(v−1)ψ (7)
v: volume específico;

ϕ,ψ= constantes do solo;

Os parâmetros n e m são determinados minimizando o erro entre valores calculados pelo


modelo e os dados experimentais utilizando-se um método de otimização.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados médios de sucção matricial e teor de umidade volumétrico se encontram na figura 1.


Figura 1: Dados de Sucção (ψ) e Teor de umidade volumétrico (θw).
10

Fonte: Melo et al. (2018).

A partir dos dados da figura 1, tem-se os gráficos de Sucção matricial versus Teor de umidade
volumétrico, para cada profundidade. Pode-se observar pela figura 1 que a CRA do solo em
análise apresenta um comportamento bimodal, apresentando uma curva com dois trechos de
análise. Segundo Melo et al. esse comportamento da CRA é devido a macro e
microporosidade do solo. A partir desses gráficos pode-se ajustar os dados experimentais
empregando diferentes modelos matemáticos com o apoio do comando solver do Excel.

5.1 Ajuste da CRA empregando o modelo de van Genuchten (1980)

O Ajuste da CRA é realizado por meio da aplicação da equação 2. Os parâmetros α, n e m,


são determinados minimizando o erro, pelo método do mínimo quadrado, utilizando-se o
comando solver do Excel. O ajuste da CRA se encontra nas figuras 2 e 3 a seguir, que
correspondem respectivamente as profundidades 20 a 40 cm e 40 a 60 cm.

Figura 2: Ajuste da CRA (20 a 40 cm) pelo método de Van Genuchten (1980).

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


11

Figura 3: Ajuste da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Van Genuchten (1980).

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A partir da curva de ajuste obteve-se os seguintes valores para os parâmetros α, n e m,


conforme tabelas 1 e 2 a seguir:

Tabela 1: Parâmetros de ajustes da CRA (20 a 40 cm) pelo método de van Genuchten.

Parâmetr 1º Trecho 2º Trecho


o
θs 0,600000000 0,276364269
θr 0,276364269 0,030000000
α 0,332311653 1,02326E-05
n 1,810000000 2,111666196
m 0,380000000 144,6631008
Erro (%) 7,535636446 27,44189462
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Tabela 2: Parâmetros de ajustes da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Van Genuchten.

Parâmetr 1º Trecho 2º Trecho


o
θs 0,600000000 0,282974977
12

θr 0,282974977 0,036309014
α 0,387033521 0,000010000
n 10,55231367 2,170908421
m 0,091306624 149,2166280
Erro (%) 5,813286702 23,51962157
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A partir dos ajustes das curvas para as duas profundidades pelo método de van Genuchten,
obteve-se um bom ajuste para o primeiro trecho, para ambas as profundidades (20 a 40 cm e
40 a 60 cm) com erros de 7,53% e 5,81%, respectivamente. Já para o segundo trecho para
ambas as profundidades, o método apresentou um erro na curva de ajuste de 27,44% e
23,52%, o que indica que a curva obtida pelo método não se ajustou de forma adequada para
representar os dados experimentais.

5.2 Ajuste da CRA empregando o modelo de Gardner (1958)

O Ajuste da CRA é realizado por meio da aplicação da equação 1. Os parâmetros α e n, são


determinados minimizando o erro, pelo método do mínimo quadrado, utilizando-se o
comando solver do Excel. O ajuste da CRA se encontra nas figuras 4 e 5 a seguir, que
correspondem respectivamente as profundidades 20 a 40 cm e 40 a 60 cm:

Figura 4: Ajuste da CRA (20 a 40 cm) pelo método de Gardner (1958).

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


13

Figura 5: Ajuste da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Gardner (1958).

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A partir das curvas de ajustes obteve-se os seguintes valores para os parâmetros α e n,


conforme tabelas 3 e 4 a seguir:

Tabela 3: Parâmetros de ajustes da CRA (20 a 40 cm) pelo método de Gardner (1958).

Parâmetro 1º Trecho 2º Trecho


θs 0,600000000 0,276364269
θr 0,276364269 0,030000000
α 0,178031499 7,272550E-05
n 1,189515130 4,503551813
Erro (%) 5,542621426 16,53036541
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
Tabela 4: Parâmetros de ajustes da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Gardner (1958).

Parâmetro 1º Trecho 2º Trecho


θs 0,600000000 0,282974977
θr 0,282974977 0,036309014
14

α 0,181037623 8,06621E-05
n 1,649174906 2,678802635
Erro (%) 6,323199404 14,60000953
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A partir dos ajustes das curvas para as duas profundidades pelo método de Gardner, obteve-se
um bom ajuste para o primeiro trecho, para ambas as profundidades (20 a 40 cm e 40 a 60
cm) com erros de 5,54% e 6,32%, respectivamente. Já para o segundo trecho para ambas as
profundidades, o método apresentou um erro na curva de ajuste de 16,53% e 14,60%, o que
indica que a curva obtida pelo método se ajustou de forma menos adequada para representar
os dados experimentais nesse trecho.

5.3 Ajuste da CRA empregando o modelo de Brooks e Corey (1964):

O Ajuste da CRA é realizado por meio da aplicação da equação 3. Os parâmetros λ e a, são
determinados minimizando o erro, pelo método do mínimo quadrado, utilizando-se o
comando solver do Excel. O ajuste da CRA se encontra nas figuras 6 e 7 a seguir, que
correspondem respectivamente as profundidades 20 a 40 cm e 40 a 60 cm:

Figura 6: Ajuste da CRA (20 a 40 cm) pelo método de Brooks e Corey (1964).

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


15

Figura 7: Ajuste da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Brooks e Corey (1964).

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A partir das curvas de ajustes obteve-se os seguintes valores para os parâmetros α e n,


conforme tabelas 5 e 6 a seguir:

Tabela 5: Parâmetros de ajustes da CRA (20 a 40 cm) pelo método de Brooks e Corey (1964).

Parâmetro 1º Trecho 2º Trecho


θs 0,600000000 0,276364269
θr 0,276364269 0,030000000
λ 0,281383765 0,419487225
Ya 0,396948948 1239,991689
Erro (%) 8,52206139 24,05531226
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
Tabela 6: Parâmetros de ajustes da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Brooks e Corey (1964).
16

Parâmetro 1º Trecho 2º Trecho


θs 0,600000000 0,282974977
θr 0,282974977 0,036309014
λ 0,300695807 0,544171004
Ya 0,400812583 1317,339336
Erro (%) 10,40782669 26,70953489
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
A partir dos ajustes das curvas para as duas profundidades pelo método de Brooks e Corey,
obteve-se um bom ajuste para o primeiro trecho, para ambas as profundidades (20 a 40 cm e
40 a 60 cm) com erros de 8,52% e 10,41%, respectivamente. Já para o segundo trecho para
ambas as profundidades, o método apresentou um erro na curva de ajuste de 24,06% e
26,71%, o que indica que a curva obtida pelo método não se ajustou de forma adequada para
representar os dados experimentais.

5.4 Ajuste da CRA empregando o modelo de Fredlund e Xing (1994):

O Ajuste da CRA é realizado por meio da aplicação da equação 4. Os parâmetros “a”, “n”,
“m” e “r”, são determinados minimizando o erro, pelo método do mínimo quadrado,
utilizando-se o comando solver do Excel. O ajuste da CRA se encontra nas figuras 8 e 9 a
seguir, que correspondem respectivamente as profundidades 20 a 40 cm e 40 a 60 cm:

Figura 8: Ajuste da CRA (20 a 40 cm) pelo método de Fredlund e Xing (1994).
17

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Figura 9: Ajuste da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Fredlund e Xing (1994).
18

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


A partir das curvas de ajustes obteve-se os seguintes valores para os parâmetros e, a, n, m e
r, conforme tabelas 7 e 8 a seguir:

Tabela 7: Parâmetros de ajustes da CRA (20 a 40 cm) pelo método de Fredlund e Xing
(1994).

Parâmetro 1º Trecho 2º Trecho


θs 0,6 0,276364269
e 2,718281828 2,718281828
a 3803721,375 41936,37067
n 0,285916976 4,413161035
m 12,73250386 354,5164963
Ψr 0,396948832 2278,40517
Erro (%) 6,577335496 26,97672687
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
Tabela 8: Parâmetros de ajustes da CRA (40 a 60 cm) pelo método de Fredlund e Xing
(1994).
Parâmetro 1º Trecho 2º Trecho
θs 0,6 0,282974977
e 2,718281828 2,718281828
a 69203,57222 446072,5447
n 2,974905376 1,818378212
m 1,308411011 2136,779711
Ψr 0,356899999 7,87024E+12
19

Erro (%) 14,68592765 22,10331247


Fonte: Elaborado pelos autores (2021).
A partir dos ajustes das curvas para as duas profundidades pelo método de Fredlund e Xing,
obteve-se um bom ajuste para o primeiro trecho na profundidade de 20 a 40 cm com erro de
6,58%. Já o primeiro trecho para profundidade de 40 a 60 cm e para o segundo trecho para
ambas as profundidades (20 a 40 cm e 40 a 60 cm), o método apresentou um erro na curva de
ajuste de 14,69%, 26,98% e 22,10%, respectivamente, o que indica que a curva obtida pelo
método não se ajustou de forma adequada para representar os dados experimentais.

Após analisar todos os ajustes das CRA empregando os 4 modelos matemáticos de ajustes,
percebe-se que os ajustes pelo método de Brooks e Corey (1964) (FIGURA 6; FIGURA 7) e
de Fredlund e Xing (1994) (FIGURA 8; FIGURA 9) não se mostraram capazes de se ajustar
satisfatoriamente as curvas bimodais. Portanto, essas metodologias que foram propostas para
solos temperados e ajustadas por meio das equações 3 e 4 não adequadas para solos com este
comportamento. Já os ajustes realizados pelos métodos de van Genuchten (1980) (FIGURA 2;
FIGURA 3) e de Gardner (1958) (FIGURA 4; FIGURA 5) foram as metodologias que melhor
se ajustaram as curvas bimodais.

A combinação das variáveis, obtida por meio da otimização pela ferramenta solver, pode
apresentar resultados diferentes a cada processo de otimização; pois o processo depende do
ponto de partida. Com isso, os parâmetros obtidos por meio do modelo de van Genuchten
(1980) apresentados neste trabalho foi diferente dos parâmetros encontrados em Melo et al.
(2018).

6 CONCLUSÕES
Com o trabalho foi possível obter as propriedades hidráulicas dos solos empregando
diferentes metodologias semiempíricas para ajustes de CRA de comportamento bimodal.
Utilizou-se a ferramenta solver do Excel que por meio do método do Gradiente Reduzido
Generalizado (GRG) realizou-se a otimização dos parâmetros dos modelos.

Com o trabalho pode-se verificar que o método de otimização empregado nos ajustes impacta
consideravelmente nos resultados obtidos, uma vez que diferentes combinações dos
parâmetros podem levar a obtenção de mesmos valores de erros e que dependendo do método
empregado a obtenção de uma solução global do problema pode não ser possível de ser
obtida. Sendo assim, pode-se concluir que a escolha do método de otimização a ser
20

empregado é uma etapa importante do processo e deve ser avaliado com muito cuidado, pois
este impacta significamente nos valores encontrados para os parâmetros ajustados na CRA.

Por fim, pode-se concluir a partir das comparações realizadas entre os ajustes empregando
diferentes modelos que o método de van Genuchten (1980) e de Gardner (1958) foram os que
melhorem se ajustaram às curvas de comportamento bimodais.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] ABADIE, J.; CARPENTIER, J. Generalization of the Wolfe reduced gradient method to the case of
nonlinear constraints. In: Fletcher, R. (ed.) Optimization, p. 37–47. New York: Academic Press, 1969.

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8 ATIVIDADES
Para a realização desse trabalho não foi possível realizar os experimentos laboratoriais devido
à pandemia e por isso utilizou-se os resultados dos ensaios realizados por Melo et. al. (2018)
para o desenvolvimento da pesquisa.

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