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de água em cenários de
rompimento de barragens
de rejeito de mineração
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
REITORA Sandra Regina Goulart Almeida
VICE-REITOR Alessandro Fernandes Moreira
EDITORA UFMG
DIRETOR Flavio de Lemos Carsalade
VICE-DIRETORA Camila Figueiredo
CONSELHO EDITORIAL
Flavio de Lemos Carsalade (presidente)
Ana Carina Utsch Terra
Angelo Tadeu Caetano
Camila Figueiredo
Carla Viana Coscarelli
Élder Antônio Sousa e Paiva
Emília Mendes Lopes
Ênio Roberto Pietra Pedroso
Henrique César Pereira Figueiredo
Kátia Cecília de Souza Figueiredo
Lívia Maria Fraga Vieira
Luciana Monteiro de Castro Silva Dutra
Luiz Alex Silva Saraiva
Marco Antônio Sousa Alves
Raquel Conceição Ferreira
Renato Assis Fernandes
Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi
Rita de Cássia Lucena Velloso
Rodrigo Patto Sá Motta
Weber Soares
Míriam Cristina Santos Amaral
Roberta Guimarães
Organizadoras
Ensaios de tratabilidade
de água em cenários de
rompimento de barragens
de rejeito de mineração
Este livro, ou parte dele, não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização
escrita do Editor.
180 p.: il
Outros autores: Eduardo Coutinho de Paula, Lucilaine Valéria de Souza Santos,
Victor Rezende Moreira
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-88592-20-5
CDD: 628.16
CDU: 628.1
COLABORADORES UFMG
Ana Flávia Rezende Silva
Clara Vieira de Faria
Yuri Abner Rocha Lebron
EDITORA UFMG
Av. Antônio Carlos, 6.627 – CAD II / Bloco III
Campus Pampulha – 31270-901 – Belo Horizonte/MG
Tel: + 55 31 3409-4650 – www.editoraufmg.com.br – editora@ufmg.br
SUMÁRIO
Apresentação 7
Documentos de referência 9
PARTE 1
DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DOS ENSAIOS
DE TRATABILIDADE EM ESCALAS DE BANCADA E PILOTO
Introdução 19
PARTE 2
ESTUDO DE CASO: ETA BELA FAMA
Notas 169
Referências 171
Os códigos e/ou normas técnicas relacionados que foram utilizados na elaboração dos
estudos de tratabilidade relatados neste livro ou contêm instruções e procedimentos
aplicáveis a eles.
ABNT NBR 10007. Amostragem de Resíduos Dispõe sobre metodologias padrões para a
Sólidos (Sampling of Solid Waste). amostragem de resíduos sólidos, incluindo
sedimentos.
ABNT NBR 11799. Material filtrante – areia, Especifica os requisitos mínimos para
antracito e pedregulho – especificação. o recebimento e colocação do material
filtrante, abrangendo a areia, o antracito
e o pedregulho da camada de suporte em
filtros para abastecimento público de água.
ABNT NBR 12213. Projeto de Captação de Água Dispõe sobre condições exigíveis para
de Superfície para Abastecimento Público. elaboração de projeto de capitação de água
de superfície para abastecimento público
ABNT NBR 12216. Projeto de Estação de Tratamento Fixa as condições exigíveis na elaboração
de Água para Abastecimento Público. de projeto de estação de tratamento de
água destinada à produção de água potá-
vel para abastecimento público.
ABNT NBR 15784. Produtos químicos utilizados no Estabelece os requisitos para o controle
tratamento de água para consumo humano – Efeitos de qualidade dos produtos químicos
à saúde – Requisitos. utilizados em sistemas de tratamento de
água para consumo de forma a não causar
prejuízo à saúde humana.
ABNT NBR 9896. Glossário de Poluição das Águas. Dispões sobre terminologias aplicada ao
fenômeno de poluição das águas.
ABNT NBR 9897. Planejamento de Amostragem de Dispões sobre procedimentos recomenda-
Efluentes Líquidos e Corpos Receptores. dos para coleta de amostras de água.
ABNT NBR 9898. Preservação e Técnicas de Amos- Dispões sobre procedimentos recomenda-
tragem de Efluentes Líquidos e Corpos Receptores. dos para preservação de amostras de água.
ASTM D2035-19. Standard Practice for Dispõe sobre guias e procedimentos para
Coagulation-Flocculation Jar Test of Water. ensaios de teste de jarro.
ASTM D4195. Guide for Water Analysis for Reverse Abrange as análises que devem ser realiza-
Osmosis and Nanofiltration Application. das em qualquer amostra de água se a
aplicação de osmose reversa ou nanofiltra-
ção estiver sendo considerada.
ASTM D4194. Test Methods for Operating Characteris- Fixa as condições para determinação da
tics of Reverse Osmosis and Nanofiltration Devices. capacidade de dessalinização e taxa de flu-
xo de permeado de dispositivos de osmose
reversa e nanofiltração.
ASTM D4472. Guide for Recordkeeping for Reverse Fornece dados necessários para a avalia-
Osmosis and Nanofiltration Systems. ção do desempenho dos sistemas osmose
inversa e nanofiltração, o sistema de
pré-tratamento e o equipamento mecânico
na instalação.
ASTM D4516. Practice for Standardizing Reverse Dispõe sobre o procedimento para pa-
Osmosis Performance Data. dronizar a análise dos dados de osmose
inversa.
ASTM D5090. Practice for Standardizing Ultrafiltration Dispõe sobre método para cálculo do fluxo
Permeate Flow Performance Data. de permeado de sistemas de ultrafiltração
a partir de dados obtidos nas condições
operacionais reais.
ASTM D6161. Terminology Used for Microfiltration, Dispões sobre terminologias aplicada aos
Ultrafiltration, Nanofiltration and Reverse Osmosis processos de separação por membrana.
Membrane Processes.
ASTM D6908. Practice for Integrity Testing of Water Fixa as condições para avaliação da
Filtration Membrane Systems. integridade dos elementos e sistemas da
membrana.
ASTM-D2187. Standard Test Methods and Practices for Estes métodos de ensaio abrangem a
Evaluating Physical and Chemical Properties of Particu- determinação das propriedades físicas e
late Ion-Exchange Resins químicas de resinas de permuta iónica
quando utilizadas para o tratamento de
água
ASTM-D6586. Standard Practice for the Prediction of Dispõe sobre um método de teste para
Contaminant Adsorption On GAC In Aqueous Systems a avaliação de carvão ativado granular
Using Rapid Small-Scale Column Tests (GAC) para a adsorção de poluentes solú-
veis da água.
EPA Method 3050A. Acid Digestion of Sediments, Dispões sobre procedimentos e protoco-
Sludges and Soils. los empregados para análise de amostras
de sedimento quanto ao teor de metais e
metaloides.
Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amos- Dispões sobre procedimentos recomenda-
tras: água, sedimento, comunidades aquáticas e dos para coleta e preservação de amostras
efluentes líquidos. de água e sedimento.
Guidelines for Drinking-water Quality (4th ed). Dispõe sobre parâmetros internacionais
World Health Organization (WHO). para qualidade de água destinada ao abas-
tecimento humano.
Portaria MS n° 2914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre procedimentos de contro-
Ministério da Saúde (Gabinete do Ministro). le e de vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de
potabilidade.
Portaria GM/MS nº 888/2021 do Ministério Altera o Anexo XX da Portaria de Consoli-
da Saúde. dação n° 05/2017 e dispõe sobre proce-
dimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano
e seu padrão de potabilidade.
Termos e definições
ÁGUA BRUTA Água que não passou por nenhum tipo de tratamento simplificado
ou convencional (“in natura”), proveniente de rio, represa, lago, poço
freático, nascente, estuário, mar etc.
ÁGUA TRATADA Água destinada ao consumo humano, submetida a algum tipo de
tratamento convencional (ETA – Estação de Tratamento de Água) ou
simplificado (filtração, cloração, fluoretação etc.).
AMOSTRA Uma ou mais porções, com volume ou massa definida, coletadas em
corpos receptores, efluentes industriais, rede de abastecimento público,
estações de tratamento de água e esgotos, rios, represas e outros, com
o fim de inferir as características físicas, químicas, físico-químicas e
biológicas do ambiente de onde foi retirada.
AMOSTRA Amostra que pode ser coletada por: (a) amostragens em função de tempo
COMPOSTA (temporal); (b) amostragens em função da vazão; (c) amostragens em
função da profundidade do local a ser amostrado; (d) amostragens em
função da margem ou distância entre um ponto de amostragem e outro
(espacial). Quando o objetivo de um programa é avaliar concentrações
médias de uma dada variável pode-se, em alguns casos, reduzir o número
das amostras necessárias ao ensaio, pela obtenção de amostra composta,
formada pela mistura de alíquotas individuais apropriadas. Após a com-
posição das alíquotas tem-se como produto uma única amostra
AMOSTRA SIMPLES Atividade que consiste em retirar uma fração representativa (amostra)
de uma região (água, solo, efluentes, dentre outros) para fins de ensaio
ou medição.
AMOSTRAGEM Atividade que consiste em retirar uma fração representativa (amostra)
de uma região (água, solo, efluentes, dentre outros) para fins de ensaio
ou medição.
DAM BREAK Estudo responsável por mapear a mancha de inundação em um eventual
cenário de ruptura de barragem.
FLUXOGRAMA Diagrama demonstrativo dos estágios de um processo e suas
interrelações.
LITOLOGIA Estudo especializado em rochas e suas camadas que darão origem ao
solo.
MANCHA DE Região impactada por um eventual rompimento de barragem. Estimado
INUNDAÇÃO com base na quantidade de material a condicionado na barragem e por
meio de modelos computacionais, considerando ainda possíveis formas
de escoamento desse material.
PEDOLOGIA Área das ciências do solo responsável por estudá-lo em seu ambiente
natural, quanto a sua morfologia e classificação, considerando-o como
produto sintetizado pela natureza e submetido à ação de intemperismos.
PRESERVAÇÃO Adoção de medidas desde o momento da coleta e transporte até seu
DE AMOSTRAS armazenamento, com o intuito de diminuir a reatividade ou inibir a ati-
vidade dos organismos, mantendo o máximo possível das características
da amostra no momento da coleta. As formas de preservação de amostras
são a refrigeração, congelamento e adição de produtos químicos quando
aplicável.
QUARTEAMENTO Técnica que visa à homogeneização de amostras e/ou sua redução em
massa, podendo ser feito de forma manual ou mecânica, para obtenção de
amostra final representativa e em conformidade com o planejamento dos
ensaios.
SEDIMENTO Material originado da decomposição de qualquer tipo de rocha, mate-
rial de origem biológica em decomposição ou resíduos provenientes da
ação humana que são transportados e depositados no fundo dos corpos
d’água.
TRATAMENTO Conjunto de técnicas essencialmente físicas e químicas aplicadas na água
DE ÁGUA bruta para que esta se torne adequada para o consumo humano.
Siglas
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM American Society for Testing and Materials
CAG Carvão ativado granular
CFD Computational Fluid Dynamics
CIP Clean in Place
COT Carbono orgânico total
Conama Conselho Nacional de Meio Ambiente
Copasa Companhia de Saneamento de Minas Gerais
d50 Diâmetro médio ou mediano de partícula
ECJ Estrutura de contenção a jusante
EPA Environmental Protection Agency
ETA Estação de tratamento de água
FEAM Fundação estadual do meio ambiente (Minas Gerais)
GM/MS Gabinete ministro/ministério da saúde
IEF Instituto Estadual de Florestas (Minas Gerais)
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas
IVL Índice Volumétrico de Lodo
MF Microfiltração
MFI Modified Fouling Index
N2 Nitrogênio gasoso
NBR Norma brasileira
NF Nanofiltração
O2 Oxigênio gasoso
Barragens de rejeitos são estruturas utilizadas para armazenar os materiais não utili-
zados após o beneficiamento do minério. O número mundial de barragens de rejeitos
ainda não é conclusivo e pode diferir de acordo com o banco de dados pesquisado. Se-
gundo a Comissão Internacional de Grandes Barragens – ICOLD, fórum técnico sobre
boas práticas em engenharia de barragens, em 2021 existiam 57.875 barragens no mundo
com 15 m ou mais de altura, ou, com volumes superiores a três milhões de metros cú-
bicos de água.1
O aumento na implantação de barragens de rejeitos tem sido marcado por diversas
rupturas. Desde 1915, um total de 366 incidentes de rompimento de barragens de rejei-
tos foram registrados em todo o mundo (Figura 1). Apesar de a maior parte dos rom-
pimentos terem ocorrido na América do Norte e Europa, respectivamente, REIS (2020)
observa que houve migração da concentração dos casos de rompimento para a América
do Sul e Ásia a partir do século XXI. Na América do Sul, o Brasil foi responsável por
62,5% das ocorrências e o Peru por 37,5%.
O Brasil tem atualmente 906 barragens de mineração cadastradas no Sistema Inte-
grado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração. O país encerrou o ano de
2021 com 40 barragens em nível de emergência, das quais três estavam em “nível 3”,
classificação de situação de ruptura iminente ou em curso. Os dados foram divulgados
pela Agência Nacional de Mineração que ainda apresentava outras sete barragens em
“nível 2” de emergência, que corresponde a uma anomalia classificada como não con-
trolada ou não extinta, assim necessitando de novas inspeções e intervenções. Outras 30
barragens estavam classificadas com “nível 1”, quando se detecta uma anomalia quanto
ao estado de conservação ou para qualquer situação com potencial comprometimento
de segurança da estrutura.2
O rompimento de barragens de rejeito, além da possibilidade de impactos socioam-
bientais adversos de grandes proporções, incluindo a perda de vidas humanas e de
outros seres vivos, pode impactar severamente a qualidade dos corpos d’água. Para
a maioria dos rompimentos de barragens ocorridos, foi observada a contaminação de
fontes de água e sedimentos, sendo relatado o aumento das concentrações de matéria
dissolvida, material particulado e metais traço, que persistiram após o incidente. Os
rejeitos depositados no leito de rios podem interagir com a água por anos mantendo
altas concentrações de contaminantes. A Figura 1 apresenta alguns casos de rompimento
junto dos principais impactos causados.