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Universidade Federal de Goiás – UFG

Departamento de Engenharia de Minas – Campus Catalão

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO CIRCUITO DE


VENTILAÇÃO DA MINA SANTA MARTA

MARÍLIA DA SILVA SANTOS

CATALÃO, GO

2013
MARÍLIA DA SILVA SANTOS

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO CIRCUITO DE


VENTILAÇÃO DA MINA SANTA MARTA

CATALÃO, GO

2013
MARÍLIA DA SILVA SANTOS

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO CIRCUITO DE


VENTILAÇÃO DA MINA SANTA MARTA

Dissertação apresentada ao departamento de


Engenharia de Minas da Universidade Federal
de Goiás, Campus Catalão, como requisito
parcial para a obtenção do título de Graduado
em Engenharia de Minas.
Orientador: Prof. Phd. Vidal Félix Navarro
Torres/UFG

CATALÃO, GO

2013
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO CIRCUITO DE
VENTILAÇÃO DA MINA SANTA MARTA

AUTORA: MARÍLIA DA SILVA SANTOS

Esta dissertação foi apresentada em sessão publica e aprovada em de


de 2013, pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros.

BANCA

Prf.Dr. André Carlos Silva

Prf.Msc. Luciano Nunes Capponi

Prf.Phd. Vidal Félix Navarro Torres


DEDICATÓRIA

Aos meus queridos e jamais esquecidos avós Idelbrando e Eurides, que se fizeram
ausentes durante esta minha trajetória, deixando saudades. Levo deles os bons momentos e
acima de tudo ensinamento sobre o que realmente tem valor na vida, como, amor, família,
honra, honestidade e compaixão.

How I wish, how I wish you were here.


AGRADECIMENTOS

Agradeço à:

Minha família, por me oferecerem o alicerce, carinho e apoio necessário para conquistar
todos os meus objetivos, foram os primeiros a acreditar na minha capacidade, até quando nem
mesmo eu acreditei ser capaz.

Meu namorado, José Theophilo, pela compreensão, companheirismo e cumplicidade.

Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão e todos os professores que conviveram


comigo nos últimos cinco anos, onde pude aprender e compartilhar experiência e lições que
levarei não só para minha vida profissional, mas também para a minha vida pessoal.

Os professores Henrique Senna e Carlos Ribeiro que encararam o desafio de formar


engenheiros de minas, assumindo um papel que foi além do ensino e se tornaram verdadeiros
amigos e em muitos momentos, quase pais.

O professor Vidal Torres, pela disponibilidade em me orientar, fazendo o mesmo da


melhor forma possível. Fico honrada em tem um profissional tão bem qualificado como
orientador.

Todos os meus colegas de sala, grupo seleto de pessoas que se mostraram companheiras,
sempre prontos a compartilhar, colaborar, pessoas que se tornaram confidentes, e tornaram
essa jornada muito mais agradável.

Prometálica Mineração S/A, em especial ao gerente de mina Marcelo Weber pela atenção
e ajuda prestada e pelo apoio na realização do trabalho.
RESUMO

A avaliação das condições ambientais, na mineração, é um fator de extrema importância para


a higiene e segurança dos trabalhadores. A ventilação de uma mina deve suprir um volume de
ar com vazão adequada para garantir a quantidade de oxigênio necessária para a vida das
pessoas, de modo a dispersar os contaminantes químicos e físicos (gases, poeira, calor e
umidade), gerando condições favoráveis ao trabalho humano no ambiente subterrâneo além
de promover a queima dos combustível dos equipamentos movido à diesel. A análise direta
(tradicional) de circuitos de ventilação é muito limitada devido à complexidade e extensão dos
cálculos envolvidos. Atualmente, a análise e otimização dos sistemas de ventilação envolve o
uso de técnicas computacionais de simulação que buscam a partir de dados reais do circuito
recriar as condições de vazão e velocidade do ar com uma proximidade de até 30% da
realidade. Nesse contexto, o trabalho que se segue busca realizar uma análise dos principais
parâmetros envolvidos no controle da qualidade do ambiente subterrâneo dos corpos “A” e “A
extensão” da Mina Santa Marta, pertencente à empresa Prometálica Mineração Centro Oeste
S/A (PCO), sendo eles vazão volumétrica, temperatura e umidade. Foram coletados dados de
velocidade, vazão, temperatura seca e úmida ao longo do circuito principal de ventilação,
seguindo-se os procedimentos estabelecidos pelas respectivas normas regulamentadoras.
Constatou-se que a vazão volumétrica tem influência direta nos demais parâmetros de
controle. Os dados coletados foram utilizados para validar o modelo computacional no
software VnetPC200, criado a partir de parâmetros, tais como formato geométrico e
comprimento da escavação, tipo de rocha, inclinação, rugosidade das paredes, etc. Com o
modelo computacional validado, foi possível dimensionar o sistema de ventilação de uma
zona específica da mesma que se encontra em desenvolvimento.

Palavras Chave: Circuito de Ventilação; Ambiente Subterrâneo; Vazão e Velocidade do Ar.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Velocidade e vazão do ar como fatores ambientais de primeira ordem..................... 4


Figura 2- Desenho esquemático de aberturas típicas em ambiente subterrâneo ..................... 12
Figura 3- Ventilação típica realizada em fundo de saco. ....................................................... 13
Figura 4- Seção mostrando o sistema de ventilação em minas metálicas ............................... 15
Figura 5- Representação esquemática de circuitos (a) em série, (b) em paralelo. ................... 16
Figura 6- Trajetória feita com o anemômetro para medição de vazão (a) em movimento de
vai e vem, (b) dividindo a seção da galeria .......................................................................... 20
Figura 7- Estrutura de funcionamento de um pacote de simulação e análise de
circuito de ventilação ........................................................................................................... 22
Figura 8- Caixa de diálogo de entrada de dados para iniciar o programa. .............................. 23
Figura 9 - Caixa de diálogo para entrada de dados do ventilador........................................... 23
Figura 10- Arquivos de saída do VnetPC.............................................................................. 24
Figura 11- Mapa da malha rodoviária de Goiás. ................................................................... 26
Figura 12- Disposição dos corpos de minério. ...................................................................... 27
Figura 13- Acessos e piso dos corpos “A” e “A extensão” da mina Santa Marta,
projeto das rampas V- ascendente e V- descendente ............................................................ 28
Figura 14- Especificações técnicas do ventilador de exaustão. .............................................. 29
Figura 15- Representação simplificada do circuito de ventilação dos corpos "A" e
"A extensão" com os respectivos pontos de medição de velocidade, vazão e temperatura .... 30
Figura 16- Termo-higro anemômetro da marca Kestrel modelo 4000 ................................... 31
Figura 17 - Curva característica de trabalho do ventilador .................................................... 33
Figura 18- Circuito de ventilação simulado com os resultados de pressão em Pa .................. 34
Figura 19- desenho esquemático do projeto das rampas V- ascendente e V- descendente...... 38
Figura 20 - Gráfico da curva característica das equações de comprimento máximo em
função do diâmetro da manga .............................................................................................. 40
Figura 21-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e
valores de vazão. .................................................................................................................. 47
Figura 22-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e valores de
resistência ............................................................................................................................ 48
Figura 23-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e valores de
queda de pressão .................................................................................................................. 49
Figura 24-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e valores de
custo de operação ................................................................................................................. 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Limites de Tolerância para exposição ao calor, segundo a NR-15. .......................... 8

Tabela 2- Coeficientes de fricção segundo Bureau of Mines de E.U.A.................................. 10

Tabela 3- Comprimento equivalente Le (m) ......................................................................... 11

Tabela 4- Valores do fator de perda de carga na manga ........................................................ 13

Tabela 5- Valores de Velocidade, temperatura e vazão medidos. .......................................... 31

Tabela 6 - Parâmetros para calculo do perímetro e área da seção de cada ponto de medida. .. 32

Tabela 7 - Dados de entrada para iniciar a simulação no VnetPC 2000 ................................. 32

Tabela 8- Comparativo entre os valores de vazão medidos e simulados. ............................... 35

Tabela 9-Calculo da vazão mínima admissível no circuito principal ..................................... 36

Tabela 10- Valores levantados de temperatura e umidade do ar. ........................................... 36

Tabela 11- Comparação entre os valores medidos e simulados de velocidade ....................... 37

Tabela 12- Calculo da vazão requerida para atividades de furação, carregamento,

limpeza e transporte no desenvolvimento de rampas. ........................................................... 38

Tabela 13- Equação de comprimento máximo de manga para ventilar áreas

em desenvolvimento ........................................................................................................... 39
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 2
2.1. Geral........................................................................................................................ 2
2.2. Específicos............................................................................................................... 2
3. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 3
4. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 4
4.1. Efeitos da velocidade, vazão e temperatura do ar no ambiente subterrâneo ............... 4
4.2. Norma regulamentadora da qualidade volumétrica dinâmica e térmica do ar
da atmosfera subterrânea ................................................................................................... 5
4.3. Parâmetros que controlam a velocidade e vazão do ar no ambiente subterrâneo........ 9
4.4. Circuitos de ar na atmosfera subterrânea ................................................................ 14
4.5. Monitoramento da velocidade, vazão e temperatura ............................................... 18
4.6. Ferramentas Computacionais ................................................................................. 20
4.6.1. Operação no VnetPC2000 ............................................................................... 22
5. METODOLOGIA ........................................................................................................ 25
5.1. Localização e acessos da área de estudo ................................................................. 25
5.2. Geologia Local ...................................................................................................... 26
5.3. Caracterização da Lavra e do circuito de ventilação da Mina Santa Marta .............. 28
5.4. Medidas de velocidade, temperatura e vazão do ar ................................................. 30
5.5. Construção do modelo computacional .................................................................... 32
6. RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................................... 34
6.1. Avaliação das condições de vazão, velocidade e temperatura do ar ........................ 34
6.2. Dimensionamento do sistema de ventilação para as rampas V- ascendente
e V- descendente ............................................................................................................. 37
7. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 41
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 42
Anexo 1 ............................................................................................................................... 43
Anexo 2 ............................................................................................................................... 45
Anexo 3 ............................................................................................................................... 47
Anexo 4 ............................................................................................................................... 48
Anexo 5 ............................................................................................................................... 49
Anexo 6 ............................................................................................................................... 50
1. INTRODUÇÃO

A ventilação de mina exerce um papel fundamental na manutenção do


condicionamento do ambiente subterrâneo. É a partir dela que fatores como temperatura,
poeira e presença de gases podem ser mantidos em níveis confortáveis e seguros para o
exercício pleno dos trabalhos subterrâneos, garantindo assim a produtividade e o bem-estar
dos colaboradores. Dessa forma, a ventilação em uma mina subterrânea deve ser capaz de:

 Permitir a manutenção de uma quantidade adequada de oxigênio aos operários;


 Suprimir os gases tóxicos oriundos da detonação de explosivo;
 Evitar a formação de misturas explosivas gás-ar;
 Eliminar concentrações de poeiras em suspensão;
 Diluir os gases oriundos da combustão de motores;
 Atenuar a temperatura e umidade excessiva;
 Criar condições de conforto ambiental subterrâneo.

A vazão e a velocidade do ar que entra de maneira natural no interior da mina são


influenciadas por parâmetros como o formato geométrico e o comprimento da escavação, tipo
de rocha, inclinação, rugosidade das paredes, etc. e geram uma resistência, tornando
necessária a intervenção mecânica por meio da instalação de ventiladores de adução e
exaustão de ar, poços, etc. para que tal resistência seja vencida.

A análise e otimização dos sistemas de ventilação envolve necessariamente o uso de


técnicas computacionais, que facilitam o estudo da influência de modificações no circuito de
ventilação, reduzindo custos e otimizando os recursos disponíveis. Como em outros tipos de
simulação, uma etapa preliminar de levantamento de dados para caracterizar o sistema de
forma detalhada e precisa se faz necessário para a construção de um modelo computacional
que chegue o mais próximo possível da realidade.

No presente trabalho, buscou-se a partir de um monitoramento do sistema atual de


ventilação dos corpos “A” e “A extensão” da Mina Santa Marta, pertencente à empresa
Prometálica Mineração Centro Oeste (PCO), caracterizar a situação atual do circuito em
ambiente computacional através do software VnetPC, verificando os possíveis impactos
ambiental, dinâmico, volumétrico e térmico existentes e propor uma possível forma de
ventilar uma zona específica da mina.

1
2. OBJETIVOS
2.1. Geral

Avaliar os impactos ambientais dinâmico, volumétrico e térmico no ambiente


subterrâneo dos corpos “A” e “A extensão” da Mina de Santa Marta, pertencente à empresa
Prometálica Mineração Centro Oeste S/A (PCO) e dimensionar o sistema de ventilação de
uma zona específica da mesma mina.

2.2. Específicos

i. Realizar monitoramento da situação de referência do circuito de ar da Mina


Santa Marta.
ii. Avaliar os possíveis impactos ambiental, dinâmico, volumétrico e térmico
encontrados durante o processo de monitoramento.
iii. Simular a situação de referência do circuito de ar da Mina Santa Marta
utilizando o software VnetPC2000.
iv. Dimensionar o sistema de ventilação da zona em desenvolvimento do corpo
A, integrado ao circuito de da Mina Santa Marta, aplicando o software
VnetPC2000.

2
3. JUSTIFICATIVA

A ventilação é responsável pelo controle do movimento, volume, velocidade e direção


do ar no ambiente subterrâneo, para o devido condicionamento da qualidade do ar em níveis
admissíveis pela norma regulamentadora. Embora não contribua diretamente na fase
produtiva de uma operação, a falta de ventilação adequada muitas vezes pode causar uma
diminuição da eficiência e produtividade dos trabalhadores, além de aumento significativo do
número de acidentes e doenças vinculadas principalmente ao sistema respiratório.

O volume de ar deve suprir não apenas o requerimento mínimo de oxigênio para as


pessoas, mas também dispersar os contaminantes químicos e físicos (gases, poeira, calor e
umidade) e promover a queima dos combustíveis presentes nos equipamentos à diesel. Em
todos os países em que há atividade de mineração subterrânea, a ventilação de mina
subterrânea é fortemente regulamentada. No Brasil a norma atualmente vigente é a Norma
Regulamentadora 22 (NR-22) que trata de Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração e a
Norma Regulamentadora 15 (NR-15), que trata de Atividades e Operações Insalubres.

A partir de uma coleta de dados realizada na empresa PCO, o presente trabalho busca
realizar uma avaliação do atual circuito dos corpos “A” e “A extensão” na Mina Santa Marta,
levando em consideração os parâmetros regulamentados pelas NR-22 e NR-15, a partir da
utilização do software VnetPC.

3
4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. Efeitos da velocidade, vazão e temperatura do ar no ambiente subterrâneo

A ventilação no ambiente subterrâneo tem como objetivo principal fornecer um fluxo


de ar limpo em todos os locais de trabalho, dentro de características de velocidade, vazão e
temperatura regulamentadas por lei, uma vez que esses parâmetros apresentam uma influencia
direta na qualidade do ar respirável.

Segundo Torres et. al. (2005), o aumento da temperatura no ambiente subterrâneo é


gerado pelo aquecimento de motores dos equipamentos utilizados nas atividades em geral, por
transferência do calor da rocha virgem, devido ao grau geotérmico, pela utilização de
explosivos em atividades de desmonte de rocha, pela presença de água termal e pelo próprio
metabolismo humano. As atividades de desmonte de rocha com uso de explosivos,
carregamento, transporte, e a própria circulação de veículos com motor a diesel no interior do
ambiente subterrâneo são também responsáveis pela geração de gases e poeiras. Esses gases
são compostos principalmente por CO, CO2, NO, NO2, SO2, etc.

Figura 1- Velocidade e vazão do ar como fatores ambientais de primeira ordem

(Fonte: Torres, et. al., 2005, p. 147).

4
A velocidade e a vazão do ar são parâmetros que têm interferência direta na
temperatura e concentração de poeira e gases do ambiente subterrâneo. A figura 1 nos mostra
os efeitos diretos causados por baixos valores de vazão e temperatura no ambiente subterrâneo
(Torres, et. al., 2005, p. 147).

A vazão, Q, é definida como o volume de ar passando qualquer ponto fixo em uma via
de ventilação e pode ser obtido a partir produto da velocidade média do ar, v, e a área da seção
transversal das vias de ventilação, A:

𝑄 = 𝑣*𝐴 [𝑚3/𝑠] (1)

Dessa forma, vazão e velocidade do ar são parâmetros diretamente relacionados e


baixos valores dos mesmos causam um aumento na temperatura do ambiente além de permitir
um acúmulo de poeira e gases que ficam estacionários no local de trabalho. Tais fatores
atingem diretamente a saúde dos trabalhadores. Altos valores de temperatura causam redução
do grau de concentração, irritabilidade, desejo de concluir o trabalho rapidamente,
necessidade de descanso, o que aumenta as chances de acidente podendo levar o colaborador
à morte. O acúmulo de poeira e gases causa no ser humano efeitos diversos no sistema
respiratório, doenças como silicose, redução de concentração e em casos extremos pode
chegar a levar o indivíduo à morte.

4.2. Norma regulamentadora da qualidade volumétrica dinâmica e térmica do ar da


atmosfera subterrânea

No Brasil a norma vigente é a Norma Regulamentadora 22, que trata de Segurança e


Saúde Ocupacional na Mineração, NR 22, na portaria n.º 3.214, publicada em junho de 1978,
tendo sua ultima atualização em março de 2004. O tópico 22.24 trata de ventilação de mina
subterrânea propriamente dita, segue-se um resumo dos principais pontos abordados nesta
norma.

De acordo com a NR-22, as atividades em subsolo devem dispor de sistema de


ventilação mecânica que supra o oxigênio necessário, renove o ar continuamente, dilua os
gases inflamáveis ou nocivos e poeiras do ambiente de trabalho de maneira eficaz, mantenha a
temperatura e umidade em níveis adequados ao trabalho humano e seja mantido e operado de
forma regular e contínua.

5
Com relação ao volume de ar fresco exigido, fica estabelecido pela norma que deve
haver no mínimo dois metros cúbicos por minuto de ar fresco nas frentes de trabalho por
pessoa e em minas de carvão esse volume deve ser de, no mínimo, seis metros cúbicos por
minuto por pessoa.

No caso da utilização de veículos e equipamentos a óleo diesel, a vazão de ar fresco na


frente de trabalho deve ser aumentada em 3,5 m3/min para cada cavalo-vapor de potência
instalada e quando houve o uso simultâneo de mais de um veículo ou equipamento a diesel,
em frente de desenvolvimento, deverá ser adotada a seguinte fórmula para o cálculo da vazão
de ar fresco na frente de trabalho:

𝑄𝑇 = 3,5 * (𝑃1 + 0,75 * 𝑃2 + 0,5 * 𝑃𝑛) [𝑚3/𝑚i𝑛] (2)


Onde:

QT é a vazão total de ar fresco em metros cúbico por minuto

P1 é a potência em cavalo-vapor do equipamento de maior potência em operação

P2 é a potência em cavalo-vapor do equipamento de segunda maior potência em operação

Pn é o somatório da potência em cavalo-vapor dos demais equipamentos em operação

Para as atividades de desenvolvimento, sem uso de veículos ou equipamentos a óleo


diesel, a vazão de ar fresco deverá se dimensionada à razão de quinze metros cúbicos por
minuto por metro quadrado da área da frente em desenvolvimento. Nas demais situações e
demais atividades no ambiente subterrâneo, a vazão de ar fresco nas frentes de trabalho deve
ser dimensionada de acorde com a seguinte equação:

𝑄𝑇 = 𝑄 1 * 𝑛 1 + 𝑄2 * 𝑛 2 [𝑚3/𝑚i𝑛] (3)

Onde:

 QT é a vazão total de ar fresco em m3/min;


 Q1 é a quantidade de ar por pessoa em m3/min (em minas de carvão = 6,0 m3/min; em
outras minas = 2,0 m3/min);
 n1 é o número de pessoas no turno de trabalho;
 Q 2 equivale à 3,5 m3 / min/cv (cavalo-vapor) dos motores a óleo diesel;
 n2 é o número total de cavalo-vapor dos motores a óleo diesel em operação.

Com relação à velocidade do ar, o limite inferior permitido é de zero vírgula dois
metros por segundo e o limite superior de oito metros por segundo onde haja circulação de
pessoas. Em poços, furos de sonda, chaminés ou galerias, exclusivos para ventilação, a

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velocidade pode ser superior a dez metros por segundo. Os casos especiais que demandem o
aumento de limite superior da velocidade para até dez metros por segundo devem ser
submetidos à instância regional do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.

O sistema de ventilação deve atender, no mínimo, aos seguintes requisitos:

 Possuir ventilador de emergência com capacidade que mantenha a direção do fluxo de


ar, de acordo com as atividades para este caso, previstas no projeto de ventilação;
 As entradas aspirantes dos ventiladores devem ser protegidas;
 O ventilador principal e o de emergência devem ser instalados de modo que não
permitam a recirculação do ar e
 Possuir sistema alternativo de alimentação de energia proveniente de fonte
independente da alimentação principal para acionar o sistema de emergência nas
seguintes situações:

I. Minas sujeitas a acúmulo de gases explosivos ou tóxicos e

II. Minas em que a falta de ventilação coloque em risco a segurança das


pessoas durante sua retirada.

Para cada mina deve ser elaborado e implantado um projeto de ventilação com
fluxograma atualizado periodicamente, contendo localização, vazão e pressão estática dos
ventiladores principais, direção e sentido do fluxo de ar e localização e função de todas as
portas, barricadas, cortinas, diques, tapumes e outros dispositivos de controle do fluxo de
ventilação. O fluxograma de ventilação deverá estar disponível aos trabalhadores ou seus
representantes e autoridades competentes e um diagrama esquemático do fluxograma de
ventilação, de cada nível, deve ser afixado em local visível do respectivo nível.

Todas as frentes de lavra devem ser ventiladas por ar fresco proveniente da corrente
principal ou secundária e fica proibida a utilização de um mesmo poço ou plano inclinado
para a saída e entrada de ar, exceto durante o trabalho de desenvolvimento com exaustão ou
adução tubulada ou através de sistema que garanta a ausência de mistura entre os dois fluxos
de ar. Na corrente principal, as estruturas utilizadas para a separação de ar fresco do ar
viciado, nos cruzamentos, devem ser construídas com alvenaria ou material resistente à
combustão ou revestido com material antichama. Os tapumes de ventilação devem ser
conservados em boas condições de vedação de forma a proporcionar um fluxo adequado de ar
nas frentes de trabalho. A instalação e as formas de operação do ventilador principal e do de

7
emergência devem ser definidas e estabelecidas no projeto de ventilação constante do plano
de lavra.

É importante que sejam executadas, mensalmente, medições para avaliação da


velocidade, vazão do ar, temperatura de bulbo seco e bulbo úmido contemplando, no mínimo
nos caminhos de entrada da ventilação, frentes de lavra e de desenvolvimento e ventilador
principal. Os resultados das medições devem ser anotados em registros próprios

Na avaliação da temperatura a que os trabalhadores estão expostos, no Brasil, adota-se


o Índice de Bulbo úmido Termômetro de globo (IBUTG), que foi desenvolvido nos EUA para
as condições de treinamento militar, tendo sido, posteriormente, normatizado pela ISO 7243.
Esse índice foi regulamentado pela Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e
Emprego, NR-15, em seu Anexo 3, na portaria nº. 3.214 de 8 de junho de 1978. De acordo
com a norma, em ambientes internos ou externos sem carga solar:

𝐼𝐵𝑈𝑇𝐺 = 0,7 𝑡𝑏𝑛 + 0,3 𝑡𝑔 (4)

Onde tbn é a temperatura de bulbo úmido natural, tg é a temperatura de globo e tbs


temperatura de bulbo seco.

É recomendado pela norma a utilização de termômetro de bulbo úmido natural, de


globo e de mercúrio comum para realizar medições, que devem ser efetuadas no local onde
permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida. A Tabela 1 mostra os
limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com
períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

Tabela 1- Limites de Tolerância para exposição ao calor, segundo a NR-15.

REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE TIPO DE ATIVIDADE


COM DESCANÇO NO PRÓPRIO LOCAL DE
TRABALHO LEVE MODERADA PESADA
Trabalho contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0
45 minutos trabalho
15 minuto descanso 30,1 à 30,5 26,8 à 28,0 25,1 à 25,9
30 minutos trabalho
30 minutos descanso 30,7 à 31,4 28,1 à 29,4 26,0 à 27,9
15 minutos trabalho
45 minutos descanso 31,5 à 32,2 29,5 à 31,1 28,0 à 30,0
Não é permitido o trabalho sem a adoção de
medida adequada de controle Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0
Fonte: Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego NR-15, anexo 3

8
A norma regulamentadora dita ainda que a temperatura, no interior da campânula ou
eclusa, da câmara de trabalho, não deve exceder a 27ºC (temperatura de globo úmido), o que
poderá ser conseguido resfriando-se o ar através de dispositivos apropriados (refreadores),
antes da entrada na câmara de trabalho, campânula ou eclusa, ou através de outras medidas de
controle.

4.3. Parâmetros que controlam a velocidade e vazão do ar no ambiente subterrâneo

A velocidade do ar no ambiente subterrâneo é determinada pela simples relação entre a


vazão de ar Q em m3/s em uma determinada região do ambiente subterrâneo e a área da seção
transversal dessa mesma região em m2. Os valores de velocidade média podem ser
encontrados a partir de medições diretas em seção transversal com o uso de anemômetros.
Mais adiante será explicado com maiores detalhes o funcionamento desse aparelho e os
procedimentos de medição.

A vazão do ar foi definida por Atkinson (apud por Torres, 2005, p. 149 e é um
parâmetro aerodinâmico que varia de acordo com as diferenças de pressão Hp (Pa) e depende
da resistência oferecida pela superfície das escavações R (Ns2/m4).

𝐻𝑝
𝑄=√ [𝑚3 /𝑠] (5)
𝑅

Os valores da resistência R podem ser encontrados a partir da equação determinada


Atkinson, que está em função das características físicas da abertura subterrânea: o coeficiente
de fricção f (Ns2/m4 ou kg/m3) (Tabela 2); perímetro da secção P (m); comprimento da
escavação L (m); comprimento equivalente Le (m); e área da secção A (m2).

ƒ𝑃(𝐿 + 𝐿𝑒)
𝑅= (6)
𝑆3

9
Tabela 2- Coeficientes de fricção segundo Bureau of Mines de E.U.A.

Irregularidades Valores de f (Ns2/m4 ou kg/m3)


na superfície Sinuosidade (ou grau de deflexão da curva)
escavação

e na área
Tipo de

Direito Suave Moderado Elevado

Moderada

Moderada

Moderada

Moderada
Obstruída

Obstruída

Obstruída

Obstruída
Obstruçã

Obstruçã

Obstruçã
Obstruíd

Obstruíd

Obstruíd

Obstruíd
Ligeira

Ligeira

Ligeira

Ligeira
obstruçã

Sem

Sem

Sem
Sem

Su ave Míni m o 0.0019 0.0028 0.0046 0.0037 0.0046 0.0065 0.0046 0.0056 0.0074 0.0065 0.0074 0.0093
e re- M édio 0.0028 0.0037 0.0056 0.0046 0.0056 0.0074 0.0056 0.0065 0.0083 0.0074 0.0083 0.0102
ve st ida Má xi mo 0.0037 0.0046 0.0065 0.0056 0.0065 0.0083 0.0065 0.0074 0.0093 0.0083 0.0093 0.0111
Se di - Míni m o 0.0056 0.0065 0.0083 0.0074 0.0083 0.0102 0.0083 0.0093 0.0111 0.0102 0.0111 0.0130
m enta r M édio 0.0102 0.0111 0.0130 0.0121 0.0130 0.0148 0.0130 0.0139 0.0158 0.0148 0.0158 0.0176
( ca rvã o) Má xi mo 0.0130 0.0139 0.0158 0.0148 0.0158 0.0176 0.0158 0.0176 0.0186 0.0176 0.0186 0.0204
Ma d ei - Míni m o 0.0148 0.0158 0.0176 0.0167 0.0176 0.0195 0.0176 0.0186 0.0204 0.0195 0.0204 0.0223
ra da M édio 0.0176 0.0186 0.0204 0.0195 0.0204 0.0223 0.0204 0.0213 0.0232 0.0223 0.0232 0.0250
(de 1.5m) Má xi mo 0.0195 0.0204 0.0223 0.0213 0.0223 0.0241 0.0223 0.0232 0.0250 0.0241 0.0250 0.0269
Rocha Míni m o 0.0167 0.0176 0.0195 0.0186 0.0195 0.0213 0.0195 0.0204 0.0223 0.0213 0.0223 0.0241
d o t ip o M édio 0.0269 0.0278 0.0297 0.0288 0.0297 0.0306 0.0297 0.0306 0.0325 0.0315 0.0325 0.0362
í gn ea Má xi mo 0.0362 0.0371 0.0390 0.0380 0.0390 0.0408 0.0390 0.0399 0.0417 0.0408 0.0417 0.0436

(Fonte: Hartman, H.L. et al., 1982; Ramani, R.V., 1992, apud Torres et. al., 2005)

As irregularidades da superfície do revestimento de uma abertura subterrânea tem uma


influência importante na resistência das vias de ventilação e, consequentemente, o custo do
fluxo de ar. As irregularidades também possuem uma relação direta com a taxa de
transferência de calor entre a rocha e a corrente de ar. O coeficiente de fricção ƒ está em
função do tipo de escavação, irregularidades presentes na superfície escavada, obstruções e
sinuosidade e é determinado a partir de valores experimentais, como mostrado na tabela 2 e
está diretamente relacionado com o fator fricção, 𝑘, que pode ser determinado a partir da
seguinte equação definida por McPerson (2000), a partir da equação de Atkinson.

𝜌*ƒ
𝑘= [𝑘𝑔/𝑚 3] (7)
2
Onde:

 𝜌: densidade do ar
 ff: coeficiente de fricção

O comprimento L (m) é determinado por medição direta no projeto e representa a


distância entre dois pontos escolhidos para se realizar as medições de controle e

10
caracterização do circuito de ventilação. O valor de Le (m) (Tabela 4), definido por Hartman
(1982), apud Torres et.al. (2005), varia de acordo com o grau de sinuosidade, entrada e saída
de ar, presença obstruções, bifurcações, junções, cruzamentos, etc.

Tabela 3- Comprimento equivalente Le (m)

Singularidade que Comprimento Singularidade que Comprimento


origina a perda de equivalente (m) origina a perda de carga equivalente (m)
carga por choque por choque
Curva aguda arredondada 0,9144 Contração gradual 0,3048
aguda com vértice 45,7200 Abrupta 3,0480
reta arredondada 0,3048 Expansão gradual 0,3048
reta com vértice 21,3360 Abrupta 6,0960
obtusa arredondada 0,1524 Bifurcação (1 t recho direito ) 9,1440
obtusa com vértice 4,5720 (trecho deflectido a 90) 60,9600
Porta de ventilação 21,3360 Junção (1 trecho direito) 18,2880
Cruzamento desnivelado 19,8120 (trecho deflectido a 90º) 9,1440
Entrada da mina (livre) 0,9144 Veículo (2 0 % d a c a v i d a d e ) 30,4800
Descarga da mina (livre) 19,8120 (4 0 % d a c a v i d a d e ) 152,4000
Fonte: Hartman, et al., 1982; Ramani, R.V., 1992, apud Torres et.al., 2005

De acordo com Torres et.al.(2005),o perímetro da escavação P também varia em


função da forma adotada e do método de escavação usado, e o valor é obtido a partir das
seguintes equações:
Circular: 𝑃 = 3,1416𝑑, onde P = perímetro (m), d = diâmetro (m). (8)

Rectangular: 𝑃 = 2(𝐵 + 𝐴), onde B = base (m) e A = altura (m). (9)

Trapezoidal: 𝑃 = 𝐵 + 𝑏 + √4ℎ2 + 𝐵2 − 2𝐵𝑏 + 𝑏2, onde B = base maior (10)


b = base menor (m) e h = altura (m).

Com semicírculo no tecto: 𝑃 = 5,1416𝑟 + 2𝑎, (figura 2.a) (11)

Com um arco no tecto: 𝑃 = 0,6398𝑆 − 0,0047𝑆2 + 6,988, para S >12m2 (12)

𝑃 = 1,3886𝑆 – 0,0405𝑆2 + 2,9717 , para S <12m2 (13)

A figura 2 ilustra esquematicamente como são feitas as medidas. Em todas as


equações, a representa à altura da parte reta das laterais (m), r ao raio do semicírculo do teto
(m) e h1, h2, h3, h4, h5 às alturas (m).

11
Figura 2- Desenho esquemático de aberturas típicas em ambiente subterrâneo

Fonte: Torres et. al., 2005

A área da secção A pode ser obtida diretamente no projeto ou, no caso de mina em
operação mediante medição topográfica direta. Caso não seja possível realizar a medição
direta da área da seção, as equações indicadas a seguir, descritas por Torres et. al. (2005),
podem ser utilizadas na determinação da seção da escavação:
Circular: 𝑆 = 0,7854𝑑, onde S: secção (m2) e d: diâmetro (m). (14)

Retangular: 𝑆 = 𝐵. 𝐴, onde B: base (m) e A: altura (m). (15)

Trapezoidal: 𝑆 = 𝐴(𝐵 + 𝑏)/2, onde B: base maior (m), b = base menor (m). (16)

Arco no teto: 𝑆 = 0,13125𝐵(ℎ1 + 2 ℎ2 + 2 ℎ3 + 2 ℎ4 + ℎ5) (m2)(fig. 2.b) (17)

Semicircular no tecto: 𝑆 = 2𝑎𝑟 + 1,5708 𝑟2 (𝑚2) (figura 2.a) (18)

Em galerias, rampas, poços, túneis onde se forma o denominado fundo de saco, a


ventilação é feita mediante o uso de ventiladores auxiliares. Nesses casos, a vazão é calculada
mediante a próxima equação mostrada, que é em função de  (fator da perda de carga na
manga, tabela 4) e do diâmetro D da manga de ventilação (m).

𝐻𝑝
𝑄=( ) (19)
( 0,98𝜆 ƒ𝑃 ƒ𝑃𝐿𝑒
𝐿 ( 5 + 𝑆3 ) + 3
𝐷 𝑆

12
Tabela 4- Valores do fator de perda de carga na manga

Tipo de Rígidas Flexíveis


manga Plástico Metálica Contracapa de Bem Mau
(polietileno) (lisa) madeira suspensa Suspensa
 0.0180 0.0205 0.0220 0.0210 0.0260

(Fonte: López Jimeno, C., 1997, apud Torres et. al., 2005)

Esse tipo de ventilação é comum após desmonte realizado nos métodos de lavra
câmaras e pilares, corte e enchimento, corte em subníveis. A figura 3 mostra como a
ventilação é realizada.

Figura 3- Ventilação típica realizada em fundo de saco.

Fonte: Torres et. al., 2005 p. 152

De acordo com Torres (2005), o valor de pressão estática, Hp descritos na equação 19,
em cituações de fundo de saco, está diretamente relacionado à capacidade volumétrica do
(vazão de ar) definida pela correspondente curva característica. Dessa forma, o comprimento
máximo de uma manga Lmax (m) para que a vazão de ar mínima admissível, Qm (m3/s)
chegue em uma frente de lavra, é definido em função da pressão estática do , Hv (Pa) e das
características geométricas da manga,conforme mostrado na equação 20

Hv fPLe

Lmax  Qm 2 S3 ( 20)
0.98 fP
 3
D5 S

13
4.4. Circuitos de ar na atmosfera subterrânea

Toda abertura subterrânea possui características geológicas, geométricas e


morfológicas únicas que determinam os critérios de distribuição do ar. Da mesma forma são
variáveis também, os padrões correspondentes ao fluxo de ar de cada circuito de ventilação.

Um circuito de ventilação bem projetado deve ser eficaz, flexível e econômico,


garantindo benefícios que aumentem a segurança dos funcionários, conforto e saúde. Ele
sempre começa com o desenvolvimento inicial do plano de mineração, que deve sempre ter
alternativas. Um circuito de ventilação bem pensado pode minimizar problemas de longo
prazo e é construído com flexibilidade para expansão sem custo exorbitante, reduz os gastos
iniciais de capital, e fases em despesas de capital ao longo da vida do projeto (Bossard, 1982).

De um modo geral, um circuito de ventilação funciona da seguinte maneira: O ar limpo


entra por um ou mais shafts (poços), drifts (realces, galerias), ou outros tipos de conecções
com a superfície. O ar flui ao longo de vias de entrada para áreas de trabalho ou em locais
onde a maioria dos contaminantes são acrescentados ao ar. Estes incluem a poeira e uma
combinação de muitos outros riscos potênciais, incluindo gases tóxicos ou inflamáveis, calor,
umidade e radiação. O ar contaminado volta atravéz de sistemas re retorno ao longo das vias
de ventilação. A concentração não deve exeder os limites considerados seguros para a
permanencia de pessoas em todas as partes do sistema de ventilação impostos por lei,
incluindo as vias de retorno. O ar viciado, eventualmente, volta à superfície atravéz de mais
de um poços de exaustão ou atravéz de drifts (McPherson, 2000).

O circuito de ventilação é ainda dividido em principal e secundário O circuito de ar


principal alimenta o ambiente subterrâneo com ar limpo através da entrada da mina e poços.
Deve-se levar em consideração que para isso é necessário superar as resistências ao
deslocamento do ar através das galerias e nos obstáculos como máquinas, obstruções por
entupimento de galerias, utiliza-se de ventiladores auxiliares para que tal resistência seja
superada. Uma segunda função do circuito principal é retira o ar contaminado do circuito
através de ventiladores de exaustão instalados em poços. Sua estrutura é menos flexível por
ser instalado em rampas de acesso a galerias e realces e precisa apresentar maior durabilidade.

Os circuitos secundários estão interligados ao circuito principal por meio de mangas e


ventiladores auxiliares, retirando do mesmo ar limpo e encaminhando-o às frentes de trabalho
da mina, dessa forma é necessário que os elementos que compõem os circuitos secundários
sejam mais flexíveis para que possam acompanhar os avanços diários existentes na lavra. O ar
14
viciado das frentes de trabalho é encaminhado através do circuito secundário para o circuito
principal e direcionado então para as vias de retorno.

A maneira como será concebido o circuito de ventilação, a localização dos poços e


ventiladores é função principalmente do tipo de depósito mineral e da maneira como o mesmo
será lavrado. Depósitos metálicos, como o avaliado neste trabalho, geralmente apresentam
geometria irregular, variando de veios estreitos irregulares de metal maciço a enormes
depósitos de metal disseminado, em concentrações muito variáveis. Tal variação leva a
métodos de lavra menos ordenados que em depósitos estratificados. Além disso, a taxa de
variação de teor na mina e constantes mudanças de preço no mercado exigem que vários
realces e ou frentes de trabalho sejam desenvolvidas ao mesmo tempo, mesmo que apenas
uma parte dessas frentes seja trabalhada em cada turno. Assim, o sistema de ventilação
precisa ser bastante flexível para permitir que o fluxo de ar seja dirigido para onde for
necessário numa base quase diária (McPherson, 2000). A figura 4 ilustra o plano de
ventilação de minas metálicas diversas, embora a geometria real varie amplamente.

Figura 4- Seção mostrando o sistema de ventilação em minas metálicas

Fonte: Tien, , J. C. (1997) p.147

Os circuitos de ventilação recebem outra classificação relacionada ao modo como são


feitas as conexões entre as vias de ventilação que o compõem, podendo ser em série (Figura
5a.) ou em paralelo (Figura 5b.).

15
Figura 5- Representação esquemática de circuitos (a) em série, (b) em paralelo.

Fonte: Ramani, 1992.

Segundo Ramani, nas conexões de circuitos em série, as vias de ventilação são ligadas
ponta a ponta, e a mesma vazão de ar flui em cada uma das vias de ventilação. Para um
sistema com N vias de ventilação em série, as seguintes relações são válidas:

𝑄 = 𝑄1 = 𝑄2 = 𝑄3 = ⋯ = 𝑄𝑁 (20)
𝑛

𝐻𝐿 = ∑ 𝐻𝑁 (21)
i=1
𝑛

𝑅 = ∑ 𝑅𝑁 (22)
i=1
𝑛

𝐻 = ∑ 𝑅𝑁𝑄2𝑁 (23)
i=1

Em que 𝑄𝑁, 𝐻𝑁 e 𝑅𝑁 representam vazão, carga e resistência, de todas as N vias de


ventilação do circito e 𝑄, 𝐻𝐿e 𝑅 representam a vazão, carga e resistência total do circuito,
respectivamente. Já nos circuitos paralelos, todas as vias de ventilação começam no mesmo
ponto. Portanto, as diferenças de pressão entre as extremidades de cada uma das vias de
ventilação são as mesmas. Para um sistema de N vias de ventilação em paralelo, as seguintes
relações são válidas:
𝑛

𝑄 = ∑ 𝑄𝑁 (24)
i=1

16
𝐻𝐿 = 𝐻1 = 𝐻2 = 𝐻3 = ⋯ = 𝐻𝑁 (25)
𝑛
1 =∑ 1
(26)
√𝑅 i−1 √𝑅𝑁

Os ventiladores são o principal meio de produzir e controlar o fluxo de ar,


manipulando todo o ar que passa pelo sistema de ventilação. Os ventiladores de exaustão são
normalmente situados na superfície. Ventiladores de menor potência são instalados ao longo
de galerias para aumentar a velocidade do ar a medida que o mesmo enfrenta resistencia,
garantindo assim que o ar limpo chegue às frentes de trabalho, são esses os ventiladores
auxiliares (McPherso, 2000). Além dos ventiladores, muitos outros dispositivos de comando
são necessários para a distribuição eficaz do ar no subsolo:

 Paredes - temporárias ou permanentes: São feitas de alvenaria, blocos de concreto, aço


pré-fabricadas, ou outros materiais prova de fogo. O tamanho das paredes varia de
acordo com as dimensões da entrada a ser tamponada. São instaladas em entrada de
galerias e acessos não mais utilizados para evitar perdas de fluxo de ar.
 Reguladores: são comumente utilizados para reduzir o fluxo de ar a um valor desejado
em vias de ventilação ou em uma seção qualquer da mina. Dependendo da sua
permanência e da pressão a ser experimentada ao longo do regulador, o material usado
na sua construção pode ser desde uma faixa simples de cortina, bloqueando a via de
ventilação para a entrada de um realce.
 Portas de ar: quando é necessária a construção de acesso entre as vias de entrada e
saída de ventilação e a pressão diferencial é alta, são construídas duas ou mais “Man-
Doors” para formar uma câmara de ar. Isso impede um curto-circuito quando uma
porta é aberta para a passagem de pessoas ou equipamentos, A distância entre as
portas deve ser capaz de acomodar o veículo mais longo que precisa passar pela
câmara.
 Cortinas/ Mangas de ventilação: como medida de curto prazo, cortinas resistentes ao
fogo podem ser pregadas ao teto, laterais e piso de minas de carvão, fornecendo
paredes temporárias, onde as pressões diferenciais são baixas e em torno de áreas de
trabalho. Em minas metálicas e não metálicas, mangas de ventilação são geralmente
usados em torno das áreas de trabalho e para canalizar o ar fresco para as frentes de
trabalho. Também são comumente utilizados junto com ventiladores auxiliares.

17
 Sprays de água e purificadores: são dispositivos utilizados para melhorar o fluxo de ar
fresco em áreas de face. Purificadores são “aspiradores” utilizados para supressão de
pó, enquanto que os sprays de água são colocados estrategicamente em máquinas e
funcionam como “ventilador impulsionador” para redirecionar o fluxo de ar nas
direções certas em áreas de face.

4.5. Monitoramento da velocidade, vazão e temperatura

De acordo com McPerson (2000), o monitoramento do circuito de ventilação é um


procedimento organizado de aquisição de dados que quantificam as distribuições de qualidade
pressão do fluxo de ar. A precisão das medições e o rigor da análise dos dados dependem do
objetivo do monitoramento. Talvez a observação mais elementar de ventilação subterrânea
seja realizada a partir da observação do movimento das partículas de poeira, a fim de
verificar a direção de um fluxo de ar lento.

Uma das principais diferenças entre um sistema de ventilação de minas e de um


edifício é de que a mina possui características dinâmicas, mudando continuamente devido a
modificações na estrutura do circuito e resistências das ramificações individuais. Medições
regulares de diferenciais de pressão do fluxo de ar e de temperatura são necessárias como uma
base para o ajuste incremental do controle de ventilação.

Medidas de fluxo de ar devem ser tomadas em todas as instalações subterrâneas em


horários e locais que podem ser prescritos por lei. Na ausência de requisitos obrigatórios, os
pontos e a frequência das medições devem ser determinados pelo departamento de segurança
da empresa, de forma que atenda os seguintes quesitos:

 para assegurar que todos os locais de trabalho na mina recebam vazão de ar necessária
de uma maneira eficiente e eficaz,
 que os planos de ventilação sejam mantidos até à data e
 para verificar se as instruções, quantidades e elementos de separação de fluxos de ar
através da infraestrutura de ventilação, incluindo vias de exaustão, sejam mantidas em
pleno estado.

Da mesma forma, as medições de rotina de diferenciais de pressão pode ser feita


através de portas, poço e câmaras de ar para garantir que eles também estejam sendo mantidos
dentro dos limites prescritos e na direção correta de fluxo. O último é particularmente

18
importante em depósitos subterrâneos para materiais tóxicos ou nucleares e em que pode
ocorrer combustão espontânea (McPerson, 2000).

Um dos principais objetivos do monitoramento da ventilação é obter valores da queda


de pressão por atrito, p, velocidade, v, vazão de ar correspondente, Q, e temperatura, t, para
cada uma das ramificações principais do circuito de ventilação. A partir destes dados, os
parâmetros que se seguem podem ser calculados, para efeitos de planejamento e controle:

 distribuição de fluxos de ar, quedas de pressão e vazamento;


 potência da ventilação (p x Q) perdas e, portanto, a distribuição dos custos
operacionais de ventilação em toda a rede;
 eficiência volumétrica do sistema;
 resistências por queda de pressão (R = p /Q2);
 efeitos naturais de ventilação;
 fatores de atrito

Embora as observações de fluxo de ar e os diferenciais de pressão representem bem a


distribuição do ar e o volume de fluxo, as outras medições podem ser tomados separadamente
ou como parte integrante de uma pesquisa de pressão / volume, a fim de indicar a qualidade
do ar. Estas medidas podem incluir temperaturas de bulbo úmido e seco, pressões
barométricas, os níveis de poeira e concentrações de poluentes gasosos.

A determinação do perfil de velocidades em um ponto é feita a partir do tipo de


anemômetro disponível. Os anemômetros mais utilizados, nas medidas em subsolo, são os
anemômetros de pás. A medição deve ser realizada de duas formas diferentes, a primeira
delas, cidada por McPherson (2000), deve ser realizada de tal maneira que toda a seção
transversal da via de ventilação seja percorrida, tal procedimento pode ser realizado de duas
maneiras diferentes, a primeira delas, ilustrada na Figura 6(a), começando em um canto da
via, e realizando uma trajetória em vai e vem até o canto oposto ao inicial e a segundacitada
por Torres et al (2005) dividindo-se a galeria em ares equivalentes, de modo a realizar
medições no centro de cada uma das áreas e no centro da galeria (Figura 6b). Nesse tipo de
medição, o resultado é a média aritmética dos valores medidos nos cinco diferentes pontos.

19
Figura 6- Trajetória feita com o anemômetro para medição de vazão (a) em movimento de vai
e vem, (b) dividindo a seção da galeria.

Fonte: (a) McPherson, (2000); (b) Torres (2005)

4.6. Ferramentas Computacionais

Desde meados de 1960, pesquisas consideráveis têm sido realizadas para encontrar
métodos numéricos de análise de circuito de ventilação. Y.J. Wang nos Estados Unidos
desenvolveu uma série de algoritmos baseados na matriz de álgebra e as técnicas de pesquisa
operacional.

De acorde com McPherson (2000), o método é o mais amplamente utilizado nos


programas computacionais para análise de circuito de ventilação e foi originalmente
concebido para sistemas de distribuição de água pelo Professor Cruz Hardy na Universidade
de Illinois em 1936. Este foi modificado e desenvolvido para sistemas de ventilação de minas
por DR Scott e F.B. Hinsley da Universidade de Nottingham, em 1951. No entanto, ele se
tornou amplamente disponível para trabalhos de engenharia apenas na década de 1960,
quando os métodos numéricos se tornaram verdadeiramente praticáveis.

Entre os anos de 1960 e 1990, o desenvolvimento e sofisticação crescente de pacotes


de simulação de circuitos de ventilação revolucionaram os métodos de planejamento de
ventilação de mina. Um programa de simulação é um modelo matemático escrito para se
conformar com uma das linguagens computacionais. O objetivo básico de um programa de
simulação é produzir resultados numéricos que se aproximem daqueles levantados a partir de
um sistema real (McPherson 2000).

Existem três considerações que determinam a precisão de um programa de simulação,


em primeiro lugar, a sua adequação para o qual cada processo individual é representado pela
sua equação correspondente (por exemplo, p = RQ2), em segundo lugar, a precisão dos dados

20
utilizados para caracterizar o sistema real (por exemplo, resistências das vias de ventilação) e
em terceiro lugar, a precisão do procedimento numérico (por exemplo, o critério de corte para
terminar iterações cíclicas).

Muitos programas de simulação representam não apenas um, mas uma série de
interações características que compõem o sistema físico e procedimentos organizacionais.
Neste caso, vários programas e bases de dados podem estar envolvidos, interagindo uns com
os outros. Em tais casos, o software pode ser referido como um pacote de simulação ao invés
de um único programa. Esta é a situação para os métodos atuais de análise de circuitos de
ventilação.

A estrutura de um pacote de análise de circuitos de ventilação inclui uma série de


arquivos de entrada com o qual o usuário pode se comunicar através de um teclado e um
monitor, tanto para entrada de dados para a edição de novo ou informações que já são
realizadas em um arquivo.

Os arquivos de entrada do usuário (Figura 7) armazenam dados relacionados com a


estrutura geométrica do circuito, tais como a localização de cada ramificação a ser definida
por um "From" e "To" e o número de junções. Este mesmo arquivo contém o tipo de cada
ramificação (por exemplo, resistência fixa ou fixo [regulada] fluxo de ar) e informações
relativas a resistências da ramificação. Este último pode ser administrado:

a) diretamente pelo usuário,


b) definido como uma medida do fluxo de ar ou queda de pressão
c) por um fator implícito de atrito, a geometria das vias de ventilação e uma indicação de
perdas por choque.

21
Figura 7- Estrutura de funcionamento de um pacote de simulação e análise de circuito de
ventilação

Fonte: Mc.Pherson, (2000) cap. 7, p. 25

4.6.1. Operação no VnetPC2000

O VnetPC2000 é um programa interativo que funciona no ambiente Microsoft


Windows XP, com processador Pentium e memória RAM de 16MB, Para o modelamento é
necessário introduzir dados básicos, tais como: o título do trabalho, eficiência dos
ventiladores, custo unitário de energia, densidade do ar e o sistema unitário a trabalhar. Em
seguida, como parte do input (Figura 8), são necessárias informações e fatores relacionados às
características físicas das aberturas subterrâneas como as ramificações, definidas pelos nós
inicial e final, o fator de fricção, comprimento das ramificações comprimento equivalente,
seção, perímetro, nome do ambiente subterrâneo (Torres, et.al 2005).

22
Figura 8- Caixa de diálogo de entrada de dados para iniciar o programa.

Fonte: Tutorial VnetPC2000.

O programa permite usar pressões, vazões fixos ou curva característica dos


ventiladores (com pelo menos 5 pontos), considerando o número de ventiladores e se a
instalação é em série ou paralelo O programa dispõe igualmente de uma opção para a
modelamento da concentração de gases poluentes e coordenadas dos nós em latitude,
longitude e altitude para a representação gráfica. O Banco de dados dos ventiladores é um
meio alternativo conveniente de armazenar as coordenadas de pressão / volume de uma série
de curvas características do ventilador. Os resultados das provas dos ventiladores e catálogos
dos fabricantes podem ser realizados no programa e depois utilizados em análise posterior de
qualquer circuito.

Figura 9 - Caixa de diálogo para entrada de dados do ventilador.

23
Fonte: Tutorial VnetPC2000.

Dadas informações que descreve a geometria do circuito de ventilação, resistências


das vias aéreas ou dimensões, e os locais e as curvas características dos ventiladores, o código
vai produzir listagens e gráficos visuais de muitos parâmetros. A saída inclui fluxos de ar
previstos, quedas de pressão por atrito, perdas de resistência de ar nas vias de ventilação,
fluxos de contaminantes e concentrações, os pontos de operação do ventilador, custos anuais
além de um desenho esquemático do circuito (Figura 10).

Figura 10- Arquivos de saída do VnetPC

Fonte: Tutorial VnetPC2000.

24
5. METODOLOGIA

Para a realização deste estudo, foi adotada a seguinte metodologia:


 Campanha de medição de velocidade, vazão e temperatura em trechos previamente
caracterizados;
 Consolidação da base de dados com apoio do programa Excel. Nesta base de dados
furam atribuídos valores aos nós e trechos que melhor descreviam o circuito, a fim de
poder importar os dados ao VnetPC2000.
 Simulação da situação de referência do circuito principal de ar, comparando os valores
medidos no circuito caracterizado com os valores simulados.
 A partir dos valores de vazão de ar obtidos com a simulação, se procede com a
avaliação das condições ambientais da área de estudo.

5.1. Localização e acessos da área de estudo

A empresa PCO está localizada no estado de Goiás, na cidade de Americano do Brasil


e faz divisa ao norte com a cidade Sanclerlândia, a nordeste com Itaberaí, ao leste com Araçu
e Itaberaí, ao sul com Anicuns e a oeste com Adelândia. Seu acesso é feito a partir de Goiânia
até Claudianápolis pela GO- 060 (59 km), em seguida de Claudianápolis a Anicuns pela GO-
326 (24 km) e finalmente, de Anicuns a Americano do Brasil pela GO-156 (25 km) (Figura
11).

A área da empresa esta localizada na zona rural, dentro dos limites da fazenda Novo
Mundo, a 9 km por estrada não asfaltada de Americano do Brasil. Seu complexo industrial
abrange três minas subterrâneas, uma cava a céu aberto, já exaurida, que está sendo utilizada
como barragem de rejeito, planta de processamento mineral, oficina de manutenção, posto de
abastecimento de combustível, escritórios, sala de reuniões, almoxarifado etc. (Peixoto, 2010,
p. 4).

25
Figura 11- Mapa da malha rodoviária de Goiás.

Fonte: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte DNIT

5.2. Geologia Local

O depósito de sulfetos, de Ni-Cu de Americano do Brasil (GO), segundo Silva (2009)


está associado com uma pequena intrusão máfico-ultramáfica acamadada de forma lenticular
com cerca de 8 km de comprimento por 3 km de largura na direção leste-oeste. O complexo é
intrusivo em gnaisses, xistos e metasedimentos variados e faz parte de uma série de intrusões
de tamanho similar às formações aflorantes na região sudoeste de Goiás, que ficam cerca de
250 km de Brasília. Supostamente a idade da intrusão é do Paleoproterozóico.

As principais rochas da intrusão são dunito, peridotito, piroxenito, hornblendito e


gabros. As rochas apresentam minerais cúmulos, como olivina magnesiana, clinopiroxênio
(diopsídio-augita) e ortopiroxênio (bronzita-hiperstênio), plagioclásio altamente cálcico e
espinélio. Acredita-se que os cumulados de Americano do Brasil devem ter cristalizado na
ordem olivina-clinopiroxênio-ortopiroxênio-plagioclásio a partir de um magma basáltico
toleítico portador de água e a uma profundidade crustal moderada (15 – 20 km).
Posteriormente a intrusão foi metamorfizada em fácies anfibolito e, localmente, xisto verde. O
complexo Americano do Brasil possui quatro corpos de minérios magmáticos diferentes
(Figura 12). Estes estão alojados em três níveis distintos da pilha cumulática:

26
i) Os corpos “A”, “A extenção” e “C” ocorrem em veios sub-verticais, com
morfologia errática, de direção média EW, encaixado em dunitos e peridotitos,
composto por sulfetação maciça situada nas cotas mais rasas que perdem
constância em profundidade onde a sulfetação disseminada predomina. Em
várias direções aleatórias existem diques de diabásio que podem estar
bordejando o minério e em menor frequência observa-se diques de
hornblenditos.

ii) No corpo “B” tem-se um complexo mineral alojado em hornblenda piroxenito


formado por três setores principais com strike preferencial E-W: B1, B2, B3 e
B4 que apresentam mineralização variando em sulfeto maciço que ocorrem na
formas de bolsões, sulfeto disseminado que é a forma mais comum, variando a
potência de acordo com a região além das lentes mineralizadas envoltas em
dioritos. Da mesma forma que nos corpos “A” e “C”, este corpo é também
cortado por diques de diabásio que constumam acompanhar a direção do strike.

iii) O corpo “D”, dividido em setores Sul e Norte, ambos cortados por diques de
diabásio em várias direções, é afetado por zonas de falha na sua extremidade
leste. O setor Sul possui uma sulfetação disseminada de granulometria fina
enquanto que o setor Norte possui uma sulfetação maciça.

Figura 12- Disposição dos corpos de minério.

Fonte: PCO.
27
5.3. Caracterização da Lavra e do circuito de ventilação da Mina Santa Marta

São aplicados na PCO três diferentes métodos de lavra, sendo eles cut and fill, room
and pillar e sublevel stoping. A aplicação desses métodos se dá de acordo com as
características geológicas e mecânicas que o corpo apresenta. Nos corpos “A” e “A extensão”,
onde o corpo de minério possui seus limites bem definidos de sulfetação maciça, com largura
de no máximo dois metros e meio na direção EW, o método de lavra aplicado é cut and fill. A
sequência operacional de lavra é feita a partir da abertura de galerias exploratórias com
largura de três metros e altura de quatro metros, abertas seguindo a direção do minério.

A parir de então são feitos cortes no minério contido no teto, seguido de cortes no
estéril para minimizar a diluição do minério. O estéril desmontado serve como enchimento
para elevar o piso a uma altura operacional ao próximo corte. Este ciclo é repetido até o piso
chegar a uma inclinação máxima de 15%. A partir de então é deixado um crown pillar para
que o minério seja lavrado por outro nível. A figura 13 mostra a configuração dos acessos e
do piso dos níveis pertencentes aos corpos “A” e “A extensão”.

Figura 13- Acessos e piso dos corpos “A” e “A extensão” da mina Santa Marta, projeto das
rampas V- ascendente e V- descendente

Fonte: Autoria Própria.

Os equipamentos utilizados nas operações de lavra e desenvolvimento são:

 Jumbo Atlas Copco BOOMER H252 (com dois braços). Potência de 77 cv,
 Caminhonete MITSUBISHI L200 com potência de 141cv,

28
 Trator Plataforma VALMET VALTRA 785cv (adaptado com plataforma
montada sobre braços elevados por cilindros hidráulicos e equipados com
AnfoLoader). Potência de 62 cv,
 Carregadeira LHD 1030 Atlas Copco, potência de 250 cv,
 Caminhão VW 17250 com 250 cv de potência.

Em cada ciclo operacional, o efetivo médio de pessoas é de no máximo seis. Com


relação à ventilação, o circuito principal é alimentado com ar limpo a partir da rampa
principal e o ar poluído é retirado do interior da mina através de um poço que possui um
ventilador de exaustão axial AX01 de passo ajustável (Figura 14), instalado na superfície, e
requer uma potência de 102.2 KW. No final da rampa I, um ventilador de 50 cv de potência
está instalado para aumentar a velocidade do ar limpo e encaminha-lo por meio de mangas
instaladas em “Y” para as rampas V e VI, vencendo assim a resistência oferecida pelas vias de
acesso.

Figura 14- Especificações técnicas do ventilador de exaustão.

Fonte: Proposta orçamental de ventilador Compte.

29
Os circuitos secundários estão interligados ao circuito principal através da entrada dos
níveis. Ventiladores auxiliares conectados a mangas são instalados nos níveis que se
encontram em atividade, para garantir a chegada de ar limpo às frentes de trabalho.

5.4. Medidas de velocidade, temperatura e vazão do ar

Para realizar o monitoramento da velocidade, temperatura e vazão do ar, foi necessário


construir um circuito de ar inicial (Figura 15), com os respectivos pontos onde houve
necessidade de se realizar medições. Os trechos escolhidos para se realizar as medidas estão
em pontos em que o circuito pode receber ou perder ar, de modo que os valores fossem o mais
representativo possível.

Figura 15- Representação simplificada do circuito de ventilação dos corpos "A" e "A
extensão" com os respectivos pontos de medição de velocidade, vazão e temperatura

Fonte: Autoria Própria

Foi utilizado o aparelho denominado termo-higro anemômetro da marca da marca


Kestrel, modelo 4000 (Figura 16) para realização das medidas de velocidade e temperatura do
ar. Esse aparelho permite a realização de medição de pressão barométrica com precisão de
±3Pa, temperatura do ar e temperatura bulbo úmido com precisão de ±2°C, umidade relativa 5
a 95% RH, além de velocidade do ar em km/h com precisão de ±3%.

30
Figura 16- Termo-higro anemômetro da marca Kestrel modelo 4000

Fonte: catálogo do fabricante

As medidas foram tomadas em pontos intermediários dos braços, ao longo de todo o


circuito de ventilação. Os locais de medição foram escolhidos de acordo com as
características do circuito, totalizando sete pontos de medição. Os valores obtidos são
mostrados na Tabela 5.

A realização das medidas foi feita seguindo a recomendação de McPherson (2000), de


modo que toda a seção transversal da via de ventilação tenha sido percorrida, começando em
uma extremidade da via, e realizando uma trajetória em vai e vem até a extremidade oposta à
inicial. As medições foram realizadas ao longo de um dia, percorrendo todo o circuito de
ventilação (Figura 6).

Tabela 5- Valores de Velocidade, temperatura e vazão medidos.

Vm Vmax Q Qmax
DE ATÉ LOCAL
(m/s) (m/s) (m³/s) (m³/s)
1 Início da RP principal 3,80 5,20 67,35 92,16
1 2 20m do N775 3,60 5,00 62,82 87,25
2 50 8,1 m abaixo do pino S1, RP 2 1,50 2,20 38,61 56,63
2 3 20m abaixo do depósito de material elétrico da RP 1 2,10 1,30 41,62 25,76
3 4 Antes da entrada do N701 2,00 2,50 36,90 46,13
4 5 13,37 m depois da bifurcação do sump 2,20 2,70 44,35 51,74
5 6 Antes da bifurcação RP 5 e 6 2,10 2,90 37,46 51,74
6 7 Depois da bifurcação RP 5 e 6 2,10 2,30 37,46 41,03
7 - 10m do pino de medida de convergência S3 da RP 5 1,50 2,30 37,46

31
O valor de vazão é determinado pelo produto da área da seção pela velocidade do ar na
estação de medição (Eq.1). O perímetro e a área da seção da galeria são encontrados a partir
das equações 11 e 18, respectivamente, definidas por Torres et.al. (2005) que utiliza das
medidas da maior altura e maior largura, conforme mostrado na Figura 2, para galerias que
apresentam um semicírculo no teto. Os valores dos parâmetros utilizados na equação,
perímetro e área são mostrados na tabela 6.

Tabela 6 - Parâmetros para calculo do perímetro e área da seção de cada ponto de medida.

DE ATÉ H B a r P(m) A(m2)


1 4,50 4,40 2,30 2,20 15,91 17,72
1 2 5,00 3,80 3,10 1,90 15,97 17,45
2 50 5,50 5,20 2,00 2,50 13,5 25,74
2 3 4,50 5,00 2,00 2,50 16,85 19,82
3 4 4,50 5,10 1,95 2,55 17,01 20,16
4 5 4,50 5,10 1,95 2,55 17,01 20,16
5 6 4,30 4,70 1,95 2,35 15,98 17,84
6 7 4,60 4,60 2,30 2,30 15,98 17,84
7 - 4,30 4,70 1,95 2,35 16,43 18,89

5.5. Construção do modelo computacional

Para a construção do modelo computacional, inicialmente foram inseridos os dados


descritivos do modelo, mostrados na Tabela 7, a partir de uma primeira caixa de diálogo
(Figura 7).

Tabela 7 - Dados de entrada para iniciar a simulação no VnetPC 2000

Dados Valores

Eficiência do Ventilador (%) 77,8

Custo da energia (R$/KWhr) 0,21566

Densidade do ar (kg/m3) 1,07

A geometria do circuito de ventilação é estabelecida a partir da entrada de dados


referente a cada trecho, que por sua vez, é estabelecido por duas junções e dados referentes à
característica das vias, tais como área da seção A, perímetro da seção P, comprimento L,
32
comprimento equivalente Le, nome do ambiente subterrâneo, coordenadas UTM de cada
junção, etc. Para processar estes dados, o programa necessita que se defina a opção de
utilização do fator de fricção, a partir das tabelas e equações mostradas no item 4.3. Os
valores utilizados são mostrados no Anexo 1. O programa permite usar pressões, vazões fixas
ou curva característica dos ventiladores (com pelo menos 5 pontos), considerando o número
de ventiladores e a instalação em série ou paralelo (figura 16).

Figura 17 - Curva característica de trabalho do ventilador.

Fonte: Autoria própria

33
6. RESULTADO E DISCUSSÃO

6.1. Avaliação das condições de vazão, velocidade e temperatura do ar

A partir dos dados informados, o programa é capaz de calcular os valores de


resistência, vazão, pressão e custos. A solução numérica para a rede de fluxo do circuito de
ventilação é ativada pela opção “Branch Simulate” da barra de ferramentas. O resultado
completo da simulação é mostrado no Anexo 2. Caso o circuito de ventilação proposto
contenha alguma inconsistência como trechos de galerias sem entrada ou desconectados, o
programa retorna um alerta de erro, indicando o trecho e o erro encontrado.

Os resultados obtidos com o programa podem ser visualizados de diversas formas tais
como: vazão, pressão manométrica, velocidade, diferença de pressão e potência. Os resultados
são exibidos junto ao circuito proposto ou em forma de tabela através da opção “Branch
Results” (Anexo 2), contida na barra de ferramentas. A Figura 18 apresenta uma exemplo de
circuito de ventilação traçado no VenetPC2000 com os resultados simulados de vazão. Outros
gráficos semelhantes indicando os valores de resistência, pressão e custo podem ser
observados nos Anexos 3, 4 e 5 e 6do trabalho.

Figura 18- Circuito de ventilação simulado com os resultados de pressão em Pa

Fonte: VnetPC2000.

34
Os modelos de circuito de ventilação foram compostos com o intuito de caracterizar o
atual layout do circuito de ventilação. Outro aspecto levado em consideração foi a adequação
do atual circuito à Norma Regulamentadora NR-22. Na validação do modelo de fluxo, foram
comparados os dados amostrados em junho de 2012 com os dados simulados.

A diferença entre os valores simulados e os valores medidos (desvio) foi tomada como
parâmetro para validação do modelo. Estabeleceu-se como meta para a validação que as
diferenças entre os valores medidos e simulados fossem inferiores a 20%. Foram comparados
os valores de vazão nos pontos característicos do circuito: poço de exaustão, e pontos de 1 a 7
(Tabela 7). Nos trechos onde os valores mostraram diferenças superiores a 20%, deve-se
repetir a campanha de aquisição de dados, uma vez que a tomada de medidas é diretamente
influenciada pela pessoa que opera o aparelho de medição.

Na validação do modelo, também, foram comparados os dados simulados com os


valores amostrados. A Tabela 8 apresenta a comparação dos valores medidos de vazão contra
os simulados e as respectivas diferenças entre os dados.

Tabela 8- Comparativo entre os valores de vazão medidos e simulados.

Trechos Valor Medido Valor Simulado Dif. Absoluta Diferença %

Vazão (m3/s) Vazão (m3/s)

1–2 67,35 67,00 0,35 0,52%

2–3 62,82 65,00 -2,18 -3,47%

2 – 50 38,61 35,00 3,16 9,35%

3–4 41,62 30,00 11,62 27,92%

4–5 36,90 30,00 6,90 18,70%

5–6 44,35 40,00 4,35 9,81%

6–7 37,46 40,00 -2,54 -6,78%

7– 37,46 40,00 -2,54 -6,78%

Para avaliar a vazão de ar existente no ambiente subterrâneo da Mina Santa Marta,


primeiramente se caracterizou os equipamentos com motor a diesel e trabalhadores presentes
nos locais do circuito principal, determinando conforme a NR-22 a vazão mínima admissível.
(Tabela 9).
35
Tabela 9-Calculo da vazão mínima admissível no circuito principal

POTENCIA
EQUIPAMENTOS
HP CV
02 Caminhões VW 17250 253 250
Caminhonete MITSUBISHI L200 143 141
Efetivo de pessoas 6
m³/min m³/s
Vazão (Q)
1790 29.83

Pode-se verificar que as vazões medidas possuem valores superiores à vazão mínima
admissível calculada de acordo com a NR-22. Dessa forma, pode-se considerar que não
existem impactos ambientais relacionados com a vazão. Analisando os resultados obtidos nos
comparativos entre os valores simulados e os valores medidos, verifica-se que o modelo
proposto satisfaz as condições exigidas para todos os pontos de controle. O modelo validado
para o circuito de ventilação da Mina Santa Marta constitui-se em importante ferramenta de
projeto. O modelo prevê valores confiáveis nos trechos do circuito de ventilação, onde se
coletou adequadamente dados de velocidade e temperatura, com diferenças entre o medido e o
simulado inferiores a 20%.

Com relação aos valores de temperatura, a NR-15 impõe um valor limite máximo de
temperatura úmida de 27 °C, os valores indicados na Tabela 9, levantados em campo,
mostram que o ambiente subterrâneo da Minas Santa Marta está dentro dos limites impostos.

Tabela 10- Valores levantados de temperatura e umidade do ar.

Trechos Ts(°C) Th(°C) Hr%


1–2 22,90 17,10 56,70
2–3 23,50 14,20 44,10
2 – 50 17,20 20.80 70.50
3–4 20,50 14,30 53,40
4–5 22,30 19,70 77,10
5–6 20,00 17,50 77,00
6–7 21,20 17,50 77,00
7– 21,20 18,90 78,50

36
A velocidade é um parâmetro de importância, uma vez que seu controle está
intimamente ligado à saúde ocupacional. Os resultados simulados foram comparados com os
valores medidos e são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11- Comparação entre os valores medidos e simulados de velocidade.


Valor Medido Valor Simulado Dif. Absoluta Diferença %
Velocidade (m/s) Velocidade (m/s)

1–2 3,80 3,35 0,45 11,84%


2–3 3,60 3,25 0,35 9,72%
2 – 50 1,50 1,75 -0,25 -16,67%
3–4 2,10 1,50 0,60 -28,57%
4–5 2,00 1,50 0,50 25,00%
5–6 2,20 2,00 0,20 9,09%
6–7 2,10 2,00 0,10 -4,76%
7 – 2,10 2,00 0,10 -4,76%

De acordo com a NR-22, o valor limite para velocidade em lugares que exista
circulação de pessoas deve estar acima de 0,20 m/s e abaixo de 8,00 m/s. Como mostrado na
Tabela 12, os valores medidos se encontram dentro do limite exigido pela norma e os
resultados da simulação apresentam uma diferença inferior a 20%.

Outros resultados conseguidos a partir da simulação no VnetPC2000 são valores de


queda de pressão (Pa), custo de ventilação (R$/KWhr) e velocidade. Os dois primeiros são
apresentados no Anexo 2.

6.2. Dimensionamento do sistema de ventilação para as rampas V- ascendente e V-


descendente

As rampas V- ascendente e V- descendente (Figura 19) estão sendo desenvolvidas


para acessar o minério contido no corpo A extensão em suas porções superior e inferior, onde
será realizada a lavra por corte enchimento, como descrito no item 5.3 deste trabalho.

37
Figura 19- desenho esquemático do projeto das rampas V- ascendente e V- descendente

Fonte: Autoria própria.

Foi realizada primeiramente, uma caracterização das atividades envolvidas no


desenvolvimento das rampas, para que, a partir de então fosse possível mensurar através da
equação 2 a vazão de ar requerida pela NR-22 ao se utilizar equipamentos a diesel. A Tabela
12 mostra os valores de vazão calculados para cada atividade a ser realizada no
desenvolvimento das rampas.

Tabela 12- Calculo da vazão requerida para atividades de furação, carregamento, limpeza e
transporte no desenvolvimento de rampas.
POTENCIA
ATIVIDADE EQUIPAMENTOS
HP Cv
Caminhonete MITSUBISHI L200 143 141
Transporte Limpeza Carregament Perfuraçã

Jumbo Atlas Copco BOOMER H252 78 77


Vazão (m³/s) 13.83
o

Caminhonete MITSUBISHI L200 143 141


Trator Plataforma VALMET VALTRA 785C 636 62

Vazão (m³/s) 12.75


o

Carregadeira LHD 1030 253 250


Caminhão VW 17250 253 250
Vazão (m³/s) 25,52
Caminhão VW 17250 253 250
Caminhão VW 17250 253 250
Vazão (m³/s) 25,52

38
Através dos resultados apresentados na Tabela 13, é possível verificar que o valor
limite requerido de vazão para atender à NR-22 é de 25,52 m3/s. Para que tal vazão seja
conseguida, ventiladores auxiliares devem ser instalados com mangas que direcionem o ar até
as frentes de desenvolvimento. Para que o valor de vazão mínima admissível Qm (m3/s)
chegue à frente de fundo de saco, o comprimento e o diâmetro da manga utilizada precisam
ser encontrados em função das características operacionais do ventilador auxiliar a ser
instalado. Para encontrar o comprimento máximo da manga, Lmáx (Eq. 20), foram necessários
os seguintes parâmetros: fator de perda de carga na manga,  (Tabela 4): 0,021; vazão
requerida, Q (Tabela 13): 25,52; comprimento equivalente, Le (Tabela 3): 32,31; coeficiente
de fricção da rampa, f (Tabela 2): 0,0297.

A partir de então, foi possível definir as equações que determinam o comprimento


máximo em que o ventilador conseguirá fornecer a vazão de ar mínima necessária em função
do diâmetro da manga. Foram encontradas três equações sendo cada uma delas para um
modelo de ventilador diferente.

Tabela 13- Equação de comprimento máximo de manga para ventilar áreas em


desenvolvimento

Ventilador Hv (Pa) Potência CV Equação de comprimento máximo

DES47-4900LB12 1150,03 60 Lmáx = 2,317/[(0,0206/D5)+6,68*10-5

DES47-4900LB12 1316,34 75 Lmáx =1,947 /[(0,0206/D5)+6,68*10-5

DES47-4450LB12 1568,00 50 Lmáx = 1,701/[(0,0206/D5)+6,68*10-5

A Figura 20 mostra a plotagem da curva característica de cada uma das equações


encontradas para o comprimento máximo de manga. Nas áreas em desenvolvimento das
rampas V-ascendente e V-descendente, o comprimento máximo projetado para cada uma
delas é de, respectivamente, 717m e 610m.

39
Figura 20 - Gráfico da curva característica das equações de comprimento máximo em função
do diâmetro da manga.

L1(DES47-4450LB12) L2 (DES47-4900LB12) L3 (DES47-4900LB12)


900

800
Rampa V -acsendent e
comprimento máximo da manga Lmáx

700

Rampa V -descenden te
600

500

400

300

200

100

0
0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7
Diâmetro da manga D

Fonte: Autoria própria

Dessa forma, para que se consiga ventilar adequadamente as áreas em


desenvolvimento das rampas V- ascendente e V - descendente, deve-se instalar o ventilador
de modelo DES47-4900LB12da marca Caviflex, que está representado pela curva em
vermelho. Apesar deste ventilador não ter a melhor relação entre comprimento e diâmetro,
esse modelo de ventilador possui uma potência de 75 CV e trabalha com uma vazão máxima
de 26 m3/s, atendendo dessa forma as exigências impostas pela NR-22. O diâmetro que
atenderia o comprimento máximo projetado das rampas seria de 1,40m a 1,50m para a rampa
V – descendente e de 1,45m a 1,55m para a rampa V – ascendente. Em termos práticos, os
valores adotados seriam de 1,50m e 1,60m para as rampas V – descendente e V- ascendentes,
respectivamente.

40
7. CONCLUSÃO

A metodologia do estudo adotada mostrou resultados pertinentes na avaliação das


condições ambientais do ar da atmosfera subterrânea da Mina Santa Marta. Conclui-se a partir
da comparação dos valores medidos com o valor limite admissível calculado a partir da NR-
22 que não existe impactos ambientais no que diz respeito à vazão. Os valores de velocidade e
temperatura medidos se mostras todos abaixo dos valores mínimos admissíveis pelas NR-15 e
NR-22, o que significa que também não são verificados impactos dinâmico (velocidade) e
térmico (temperatura) no ambiente subterrâneo da Mina Santa Marta.

No que diz respeito à simulação do circuito de ventilação com o uso do software


VnetPC200, o comparativo entre a vazão de ar medidos e simulados variam de 0,52% à
18,70%, o que demonstra que a situação de referencia simulada tem uma validade aceitável.
Valores superiores a este podem ter um erro associado à campanha de medição, dessa forma, .
A construção de modelos computacionais de simulação para o circuito de ventilação constitui-
se em ferramenta importante de projeto. Além de agilizar a tomada de decisões, possibilita a
previsão das possíveis demandas de vazão para diferentes layouts de circuito. Diminuindo os
custos e racionalizando os recursos disponíveis.

Para o futuro empreendimento de lavra do corpo “A extensão” da mina santa marta,


recomenda-se utilizar ventiladores auxiliares de 75 CV e mangas de ventilação com 1,50m de
diâmetro para a rampa V – descendente e de 1,60 m de diâmetro para a rampa V – ascendente.

41
REFERÊNCIAS

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Mine Ventilation Design Practices, 1° edição. Publicado em Floyd C. Bossard &
Asso., Inc., Butte, MT.
 Departamento Nacional de Infra - Estrutura de Transportes, Brasil, Mapa rodoviário
de Goiás, 2002. Escala 1:1.250.000. Disponível em:
http://www1.dnit.gov.br/rodovias/mapas/index.htm. Acesso em janeiro de 2013.
 Hartman, L. Howard. Society for Mining, Metalurgy and exploration, Inc. 2ª edição.
Publicado em Estados Unidos da América, em dezembro de 1996. Volume 2.
 Mcpherson, M.J. (2000) Subsurface Ventilation and Environmental Engineering,
Chapman & Hall, New York.
 Norma regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho (NR-22): segurança e
saúde ocupacional na mineração (122.000-4). Brasília, 1999. Disponível em:
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr22.htm. Acesso em janeiro de 2013.
 Normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho (NR-15): atividades e
operações insalubres (115.000-6). Brasília, 1978. Disponível em:
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15.htm. Acesso em janeiro de 2013
 Peixoto, A. V., Relatório de Reavaliação de Reservas, Projeto Americano do Brasil,
Prometálica Mineração Centro Oeste S/A. 2010.
 Tien, J. C. (1997) “Cap. 9: Mine Ventilation Systems, “ Pratical Mine Ventilation
Engineering”. Publicado por Intertec Puslishing Co, páginas162-183.
 Silva, J. M., Dissertação de Mestrado nº 257 – O Complexo Máfico-ultramáfico
Acamadado de Americano do Brasil e sua mineralização de Ni-Cu-Co. – Agosto 2009
 Torres, V. N. F., Gama, D. C., (2004) “Cap. 3: Contaminação da Atmosfera
Subterrânea, “Engenharia Ambiental Subterrânea e Aplicações”. Publicado pelo
CETEM, RJ, Brasil, páginas 84-209.
 Viljoen, P.L.J. (1990) "Planning of a New Colliery (Flow Diagram)," Journ. Mine
Vent. Soc. Of South Africa, p. 80.

42
Anexo 1

Tabela com dados de entrada que descrevem o circuito de ventilação da Mina Santa Marta.
FROM TO LENGTH EQ. LENGTH H V ÁREA PERÍMETRO FATOR
1
1 2 159.34 50.29 158.52 16.12 20.00 18.00 0.0149
100 - -
100 101 34.49 26.70 21.84 4.00 8.00 0.0149
101 102 38.62 31.19 22.77 4.00 8.00 0.0149
102 2 41.20 6.0960 40.60 7.00 20.00 18.00 0.0159
2 3 77.30 30.48 76.90 7.83 20.00 18.00 0.0149
3 50 17.3325 92.35 20.00 18.00
50
3 4 18.83 92.35 18.69 2.31 20.00 18.00 0.0164
4 5 13.29 31.39 13.17 1.78 20.00 18.00 0.0164
5 6 13.35 31.39 13.29 1.25 20.00 18.00 0.0164
6 7 16.45 31.39 16.02 3.74 20.00 18.00 0.0164
7 8 125.54 30.48 124.38 17.07 20.00 18.00 0.0164
8 9 84.37 30.48 83.69 10.68 20.00 18.00 0.0164
9 10 17.01 31.39 16.77 2.85 20.00 18.00 0.0164
10 11 20.18 31.39 3.94 19.79 20.00 18.00 0.0164
11 12 21.99 31.39 21.81 2.81 20.00 18.00 0.0164
12 13 21.63 31.39 21.17 4.41 20.00 18.00 0.0164
13 14 22.32 31.39 22.05 3.43 20.00 18.00 0.0164
14 15 11.97 31.39 11.78 2.13 20.00 18.00 0.0164
15 16 20.75 31.39 20.55 2.84 20.00 18.00 0.0164
16 17 14.89 31.39 14.75 2.01 20.00 18.00 0.0164
17 18 23.57 31.39 23.25 3.89 20.00 18.00 0.0164
18 19 14.39 31.39 14.25 2.00 20.00 18.00 0.0164
200 - 0.0149
200 201 52.33 13.65 50.52 4.00 8.00 0.0149
201 202 14.39 5.18 13.43 4.00 8.00 0.0149
202 203 26.57 4.51 26.19 4.00 8.00 0.0149
203 204 9.82 9.77 0.98 20 18 0.0149
204 205 19.22 19.00 2.94 20 18 0.0149
205 19 30.14 6.10 30.14 0.16 20 18 0.0164
19 20 23.53 39.62 23.45 1.84 20 18 0.0164

43
20 21 125.26 31.39 124.23 16.00 20 18 0.0164
21 22 14.90 31.39 14.77 2.00 20 18 0.0164
22 23 18.19 31.39 17.94 3.00 20 18 0.0164
23 24 15.37 31.39 15.24 2.00 20 18 0.0164
24 25 18.74 31.39 18.63 2.00 20 18 0.0164
25 26 20.55 31.39 20.45 2.00 20 18 0.0164
26 27 30.12 31.39 29.70 5.00 20 18 0.0164
27 28 22.78 31.39 22.42 4.00 20 18 0.0164
28 29 50.32 31.39 49.83 7.00 20 18 0.0164
29 30 22.27 51.82 22.07 3.00 20 18 0.0164
30 31 24.18 31.39 23.93 3.50 20 18 0.0164
31 32 17.17 51.82 17.05 2.00 20 18 0.0164
32 33 56.44 31.39 56.44 0.50 20 18 0.0164
33 34 65.57 31.39 65.57 - 20 18 0.0164
34 35 27.80 40.54 27.62 3.13 20 18 0.0164
35 36 25.04 30.48 24.71 4.06 20 18 0.0164
36 37 34.21 30.48 33.84 5.00 20 18 0.0164
37 38 23.11 30.48 22.92 3.00 20 18 0.0164
38 39 67.80 30.48 67.32 8.00 20 18 0.0164
39 40 24.26 51.82 24.24 1.00 20 18 0.0164
40 41 11.39 30.48 11.39 20 18 0.0164
41 300 4.99 3.05 0.617 4.9567 20 18 0.0164
300 301 100.64 12.5537 99.8587 4 8 0.0149
301 302 30.19 30.1903 4 8 0.0149
302 -

44
Anexo 2

Tabela com resultado completo da simulação.

from to total airflow Pressure air operation


resistence (m3/s) Drop Pa power cost
loss kw
none 1 0 67 0 0 0
1 2 B 0.00701 67 31.5 2.11 4040
none 100 0 -2 0 0 0
100 101 0.06333 -2 -0.3 0 0
101 102 0.07078 -2 -0.3 0 0
102 2 0.00168 -2 0 0 0
2 3 0.00359 65 15.2 0.99 1891
3 50 B 0 35 0 0 0
50 none 0 35 0 0 0
3 4 0.00406 30 3.7 0.11 212
4 5 0.00162 30 1.5 0.04 86
5 6 0.00162 30 1.5 0.04 86
6 7 0.00173 30 1.6 0.05 92
7 8 0.00572 30 5.1 0.15 293
8 9 0.00421 30 3.8 0.11 218
9 10 0.00177 30 1.6 0.05 92
10 11 0.00188 30 1.7 0.05 98
11 12 0.00192 30 1.7 0.05 98
12 13 0.00192 30 1.7 0.05 98
13 14 0.00196 30 1.8 0.05 103
14 15 0.00155 30 1.4 0.04 80
15 16 0.00188 30 1.7 0.05 98
16 17 0.00166 30 1.5 0.04 86
17 18 0.00199 30 1.8 0.05 103
18 19 0.00166 30 1.5 0.04 86
none 200 0 10 0 0 0
200 201 R 0.40382 10 40.4 0.4 773
201 202 0.02608 10 2.6 0.03 50
202 203 0.04843 10 4.8 0.05 92
203 204 0.0003 10 0 0 0
204 205 0.00064 10 0.1 0 0
205 19 0.00133 10 0.1 0 0

45
19 20 0.00229 40 3.7 0.15 283
20 21 0.00576 40 9.2 0.37 704
21 22 0.00166 40 2.7 0.11 207
22 23 0.00181 40 2.9 0.12 222
23 24 0.0017 40 2.7 0.11 207
24 25 0.00181 40 2.9 0.12 222
25 26 0.00188 40 3 0.12 230
26 27 0.00225 40 3.6 0.14 276
27 28 0.00196 40 3.1 0.12 237
28 29 0.00299 40 4.8 0.19 368
29 30 0.00269 40 4.3 0.17 329
30 31 0.00203 40 3.2 0.13 245
31 32 0.00251 40 4 0.16 306
32 33 0.00321 40 5.1 0.2 390
33 34 0.00354 40 5.7 0.23 436
34 35 0.00247 40 4 0.16 306
35 36 0.00203 40 3.2 0.13 245
36 37 0.00236 40 3.8 0.15 291
37 38 0.00196 40 3.1 0.12 237
38 39 0.00358 40 5.7 0.23 436
39 40 0.00277 40 4.4 0.18 337
40 41 0.00151 40 2.4 0.1 184
41 300 0.00026 40 0.4 0 0
300 301 0.18625 40 298 11.92 22817
301 302 B 0.05588 40 89.4 3.58 6845
302 none 0 40 0 0 0

46
Anexo 3
Figura 21-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e valores de vazão.

47
Anexo 4
Figura 22-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e valores de resistência

48
Anexo 5
Figura 23-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e valores de queda de pressão

49
Anexo 6
Figura 24-Desenho esquemático do circuito de ar simulado com número do nó e valores de custo de operação

50
51

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