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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ


ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Eduarda Taffarel Veronese

ANÁLISE DO SISTEMA DE VEDAÇÃO DA FUNDAÇÃO EM ROCHA DE UMA


CENTRAL GERADORA HIDRELÉTRICA DO OESTE DE SANTA CATARINA

Chapecó
2017
1

Eduarda Taffarel Veronese

ANÁLISE DO SISTEMA DE VEDAÇÃO DA FUNDAÇÃO EM ROCHA DE UMA


CENTRAL GERADORA HIDRELÉTRICA DO OESTE DE SANTA CATARINA.

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia


Civil da Universidade Comunitária da Região de
Chapecó, como parte dos requisitos para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. MSc. Marieli Biondo Lopes

Chapecó
2017
2

Dedico este trabalho aos meus


pais Clóvis e Jandira e a todos
que me apoiaram durante a
graduação.
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida e por todas as oportunidades que me cede.

Agradeço aos meus pais pelos vastos dias trabalhados a fim de me proporcionar o curso de
Engenharia Civil, além de todo apoio e paciência durante esses 5 anos.

Agradeço a toda família, amigos próximos e namorado pelo companheirismo em meio a todos
os momentos de minha graduação.

Agradeço a minha orientadora, Professora Marieli Biondo Lopes, por incentivar a busca pelo
conhecimento em meu tema de pesquisa e guiar meus pensamentos durante essa jornada.

Agradeço a Empresa Construtora A pelos dados fornecidos, tornando possível a realização do


estudo na área.

Agradeço a todos os professores do curso de Engenharia Civil da Unochapecó por todo


conhecimento a mim repassado.

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
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RESUMO

VERONESE, Eduarda Taffarel. Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de


uma CGH do oeste de Santa Catarina. Trabalho de Conclusão (Graduação em
Engenharia Civil) – Curso de Engenharia Civil, UNOCHAPECÓ, Chapecó, 2017.

O presente estudo visa analisar a eficiência de uma cortina de injeção quando executada a fim
de proporcionar tratamento à fundação a qual a Central Geradora Hidrelétrica estará assente, a
CGH estudada localiza-se em uma região onde as rochas são predominantemente de origem
basáltica. As cortinas de injeção são comumente executadas nesse tipo de obra de modo a
preencher as fissuras encontradas no maciço rochoso (rocha mais suas descontinuidades) com
calda de cimento. Tratamentos desse gênero visam a redução do coeficiente de
permeabilidade do maciço, buscando por resultado a redução da percolação da água contida
na barragem de sua montante para sua jusante, por consequência busca-se ao decorrer do
processo de tratamento uma redução conjunta da absorção de calda de cimento pelas fissuras.
De modo a analisar a eficiência da cortina de injeção foram utilizados três linhas de estudo:
obtenção de coeficiente de permeabilidade do maciço pré-tratamento; análise do consumo de
calda de cimento pelos furos e comparativo entre absorção x permeabilidade. Acerca da
permeabilidade, fórmulas matemáticas foram utilizadas para cálculo do coeficiente, onde
posteriormente o mesmo foi comparado com tabelas a fim de analisar o nível de
permeabilidade do maciço. Após para consumo de calda de cimento dos furos, analisou-se por
meio de trechos de perfuração o consumo geral da cortina e o consumo apenas absorvido
pelas fissuras. Ao final comparou-se se os trechos com maior permeabilidade foram os que
mais consumiram calda. A partir dos valores encontrados e com ajuda de critérios como de
Cruz (2004), que afirma que fundações com coeficientes menores que 5 x 10-4 cm/s o
tratamento da fundação é dispensável, pode-se constatar que na CGH estuda teve sua cortina
de injeção executada sem real necessidade, pois nenhum dos seus valores de permeabilidade
ultrapassaram o valor citado.

Palavras-chave: Cortina de Injeção. Permeabilidade. Calda de Cimento


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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – a) Obturador simples e b) obturador duplo ......................................................... 18

Figura 02 – Classificação do maciço rochoso e respectiva necessidade de tratamento ........... 25


Figura 03 – Perfil dos furos de uma cortina de injeção ........................................................... 26

Figura 04 – Espaçamento entre furos ...................................................................................... 27

Figura 05 – Critérios a serem utilizados para verificação da necessidade de permeabilização


através de ensaios de Lugeon ................................................................................................... 31

Figura 06 – Pressões a serem utilizadas para diferentes tipos de rocha .................................. 32

Figura 07 – Diagrama de esforços de subpressão .................................................................... 36

Figura 08 – Considerações do critério U.S. Army Corps of Engineers ................................... 38


Figura 09 – Critério Cruz (1996) de análise de subpressão ..................................................... 39
Figura 10 – Critérios de subpressão da Eletrobrás .................................................................. 41
Figura 11 – Modelo de distribuição das pressões hidrostáticas ............................................... 42
Figura 12 - Vista aérea do local de construção da CGH .......................................................... 43

Figura 13 - Perfil de profundidade dos furos ............................................................................ 44

Figura 14 – Furos ensaiados por EPA ...................................................................................... 47

Figura 15 - Consumo geral em Kg de calda de cimento por furo ........................................... 52

Figura 16 – Consumo do horizonte de 0 – 3 metros em Kg de calda de cimento ................... 53

Figura 17 - Consumo do horizonte de 3 – 7 metros em Kg de calda de cimento .................... 53

Figura 18 - Permeabilidade do maciço rochoso pré-tratamento .............................................. 57

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Condições associadas aos diferentes resultados do teste de Lugeon .................... 18

Tabela 02 - Coeficiente de permeabilidade de rochas e condutividade hidráulica de


maciços rochosos ................................................................................................... 21
Tabela 03 - Consumo em Kg de calda de cimento por furo ..................................................... 48
Tabela 04 – Registros de ensaio de perda d’água nos furos ..................................................... 49
Tabela 05 – Consumo geral em Kg de calda de cimento por furo .......................................... 51
Tabela 06 – Consumo das fissuras no horizonte de 0 – 3 metros em Kg de calda de
cimento ................................................................................................................ 54
Tabela 07 - Consumo das fissuras no horizonte de 3 – 7 metros em Kg de calda de
cimento ................................................................................................................. 54
Tabela 08 – Absorção de água nos furos ensaiados ................................................................ 55
Tabela 09 – Coeficiente de Permeabilidade dos furos em cm/s .............................................. 56
Tabela 10 – Comparação entre Permeabilidade e Absorção de calda no maciço rochoso ...... 58
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABGE - Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

CBDB – Comitê Brasileiro de Barragens

CGH – Central Geradora de Energia

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPA – Ensaio de Perda d’Água

FATMA – Fundação do Meio Ambiente

GIN – Grouting Intensity Number

MW – Megawatts

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

SPI – Índice de Permeabilidade Secundária

UHE – Usina Hidrelétrica

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Catarina
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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 01 – Mapa Geológico de Santa Catarina

ANEXO 02 – Mapa Hidrogeológico de Santa Catarina

ANEXO 03 – Resultados de ensaio de perda d’água

ANEXO 04 – Relatório de Injeção nos furos

ANEXO 05 – Consumo de calda de cimento por trecho de 0 -3 M; 3 -5 M; 5 – 7 M, em Kg/m

ANEXO 06 - Resultados do ensaio de Perda d’água em por trecho de 0 -3 M; 3 -5 M; 5 – 7


M, em L/min x Metros
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11

1.1. Delimitação do problema ............................................................................................... 12

1.2. Objetivos ........................................................................................................................ 12

1.2.1. Objetivo geral .......................................................................................................... 12

1.2.2. Objetivos específicos ............................................................................................... 12

1.3. Justificativa..................................................................................................................... 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 14

2.1. Barragem de concreto de gravidade com fundação em maciço rochoso ....................... 14

2.1.1. Maciços rochosos de fundações de barragens .................................................... 15

2.2. Tratamento de fundação de barragens com calda de cimento ........................................ 25

2.2.1. Definição e objetivos das cortinas de injeção .......................................................... 25

2.2.2. Tipos de cortinas de injeção ..................................................................................... 27

2.2.3. Tipo de calda de cimento ......................................................................................... 28

2.2.4. Pressão de injeção .................................................................................................... 29

2.2.5. Métodos de injeção .................................................................................................. 30

2.2.6. Eficiência das cortinas de injeção ............................................................................ 33

2.3. Subpressão...................................................................................................................... 36

2.3.1. Cortinas de drenagem .............................................................................................. 37

2.3.2. Critérios de subpressão ............................................................................................ 37

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 43

3.1. Estudo de Caso ............................................................................................................... 43

3.1.1. Projeto ...................................................................................................................... 43

3.1.2. Tratamento da fundação ........................................................................................... 44

3.2. Metodologia de análise................................................................................................... 46

3.2.1 Coeficiente de permeabilidade .................................................................................. 46


Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
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3.2.2. Análise da absorção de calda de cimento ................................................................ 49

3.2.3. Relação entre permeabilidade do maciço e consumo de calda de cimento ............. 50

4. RESULTADOS E ANÁLISES ............................................................................................ 51

4.1. Análise de absorção de calda de cimento ....................................................................... 51

4.2. Análise do coeficiente de permeabilidade ...................................................................... 55

4.3. Análise entre a permeabilidade do maciço e a absorção de calda de cimento ............... 57

5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 59

5.1. Sugestões para pesquisas futuras.................................................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXO 01 – Mapa geológico de Santa Catarina

ANEXO 02 – Mapa hidrogeológico de Santa Catarina

ANEXO 03 – Resultados de ensaio de perda d’água

ANEXO 04 – Relatório de Injeção nos furos

ANEXO 05 – Consumo de calda de cimento por trecho de 0 -3 M; 3 -5 M; 5 – 7 M, em Kg/m

ANEXO 06 - Resultados do ensaio de Perda d’água em por trecho de 0 -3 M; 3 -5 M; 5 – 7


M, em L/min x Metros
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1. INTRODUÇÃO

Devido aos grandes recursos hídricos encontrados em nosso país, a matriz elétrica brasileira
baseia-se em sua grande parte na utilização de fontes hidrelétricas. A água dos rios
movimentam as turbinas ligadas aos geradores possibilitando a conversão de energia
mecânica em elétrica.

As usinas hidrelétricas são classificadas de acordo com a potência em si instalada. A ANEEL


- Agência Nacional de Energia Elétrica (2011), caracteriza uma CGH (Central Geradora
Hidrelétrica), como aquela em que se faz uso de um potencial hidráulico para geração de
energia com potência instalada de até 1 MW.

As CGH’s independem de concessão, permissão ou autorização, porém devendo ser


registradas no órgão previamente citado. O fornecimento da energia gerada pode ser destinado
para fins de uso exclusivo ou para fins de comercialização. Em Santa Catarina somente no
ano de 2016 foram registrados 91 empreendimentos hidrelétricos de pequeno porte (FATMA,
2016).

Entre os possíveis tipos de obra pertinentes a construção de uma central geradora hidrelétrica
encontram-se as barragens de concreto assentes sobre maciço rochoso. Quando construídas
podem vir a apresentar problemas ligados diretamente a sua fundação, sendo um dos
principais a percolação da água por esse maciço. Contudo, pode-se amenizar a situação
melhorando a condição da fundação através de tratamentos. Citam-se como exemplo as
cortinas de injeção associadas à drenagem, cuja função é a diminuição da percolação
existente, aumentando assim a segurança e viabilizando a obra economicamente.

As cortinas de injeção consistem em uma sequencia de furos no maciço rochoso, nos quais
são injetada calda de cimento sob pressão de modo a preencher as fissuras encontradas nessa,
modificando assim suas características hidráulicas e/ou mecânicas. Tal preenchimento sela os
vazios, fraturas ou descontinuidades diminuindo a permeabilidade do maciço resultando em
uma maior resistência e menor deformabilidade do mesmo (GAMA, 2012).

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
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Embora haja ainda grandes discussões a cerca de seu uso, as cortinas de injeção de calda de
cimento passam a serem usadas conforme a escolha do projetista. Sua execução segue ainda
técnicas e práticas baseadas no empirismo, deve-se assim aprimorar os conceitos sobre tal,
tornando dessa maneira empreendimentos mais bem sucedidos, reduzindo prazos e custos
destes trabalhos (LOPES, 2015).

Diante desse contexto, o presente estudo tem como propósito analisar a eficiência das cortinas
de injeção no que diz respeito à vedação da fundação em rocha de uma CGH do Oeste
catarinense por meio de boletins de injeção de uma obra em andamento.

1.1. Delimitação do problema

É possível afirmar que a cortina de injeção é eficiente na redução de permeabilidade da


fundação da barragem de uma Central Geradora Hidrelétrica?

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral

Analisar a eficiência da cortina de injeção com calda de cimento como sistema de vedação da
fundação em rocha de uma pequena barragem de concreto.

1.2.2. Objetivos específicos

 Coletar dados de projeto e execução da cortina de injeção;


 Analisar o consumo de calda de cimento;
 Analisar a permeabilidade do maciço rochoso antes do tratamento.
 Analisar os valores de subpressão.
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1.3. Justificativa

Perante as discussões sobre a real eficiência das cortinas de injeção busca-se avaliar seu
comportamento em diferentes tipos de maciços rochosos. Quando executadas sem haver
necessidade desse tratamento, aumenta-se o prazo e custo da obra.

É de suma importância caracterizar o maciço rochoso presente no local de execução da


fundação de uma obra. Segundo a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(2004) a região oeste de Santa Catarina possui o basalto como material de expressiva
participação na formação de seus solos.

Ainda de acordo com o mapa geológico do estado (Anexo 01) junto com seu mapa
hidrogeológico (Anexo 02), a região sofre derrames vulcânicos basálticos, sendo que a
espessuras das rochas podem superar a 1200 m.

De acordo com o estudo de Lopes (2015) as cortinas de injeção como sistema de vedação em
granito de uma barragem de concreto podem ser anuladas ou reduzidas. Assim como Levis
(2006) que também não encontrou um bom resultado nos trabalhos de injeção de calda de
cimento quando esses executados em rochas basálticas.

O seguinte trabalho procura analisar a eficiência da cortina de injeção quando executada em


maciços rochosos do tipo basalto encontrados na região oeste catarinense e também verificar
se os resultados serão satisfatórios no que diz ao respeito consumo de calda de cimento,
redução da permeabilidade da fundação e valores de subpressão.

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Catarina
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Barragem de concreto de gravidade com fundação em maciço rochoso

As barragens podem ser definidas como obstáculos artificiais nas quais possuem a capacidade
de reter água, rejeitos, detritos, sendo para fins de armazenamento ou controle (CBDB, 2013).

Como complemento da definição, Muller (1996) afirma que uma barragem pode ser
caracterizada como uma construção na qual barra um curso d’água a fim de proporcionar a
formação de um reservatório, criando com isso um desnível entre montante e jusante.

As barragens podem ser classificadas em diferentes tipos. Seus objetivos, seu projeto
hidráulico, topografia do local, os materiais que a compõe entre outros aspectos importantes,
influenciam diretamente nessa definição. As mesmas podem ser de: concreto, enrocamento ou
terra.

Um dos modelos encontrados de barragem de concreto são as de concreto gravidade. No que


diz a seu respeito, Souza (2013) caracteriza as mesmas como modelo de construção na qual
permite que as barragens sejam maciças ou vazadas, de modo a resistir ao empuxo horizontal
de água.

A partir do momento em que se é utilizado concreto para a sua construção, esse não pode
sofrer muitas deformações. É nesse contexto que a fundação da barragem se torna um item de
extrema importância dentro da execução da barragem de concreto. Essa deve estar assente
sobre rochas com elevada rigidez, de modo a evitar que isso ocorra (SOUZA, 2013).

Assim, ainda segundo a autora, é de suma importância analisar características como


resistência, deformabilidade e permeabilidade do material de fundação encontrado, pois
independente do tipo de barragem, os esforços serão transferidos para a base de apoio como
qualquer outra obra dentro da vasta engenharia.

É desta maneira que se recomenda que as fundações de estruturas de concreto se situem sobre
rochas para tirar proveito da melhor qualidade da fundação, de modo a poder tornar as
estruturas de concreto mais esbeltas (LAGOS FILHO; GERALDO, 1998).
15

De modo a conferir ao maciço rochoso, a qual a fundação está assente, mais resistência,
características como permeabilidade e deformabilidade devem ter seus valores reduzidos. Os
valores de percolação de água pelas descontinuidades do maciço exigem muitas vezes a
utilização de tratamentos como o de cortinas de injeção de calda de cimento (GAMA, 2012).

Para Costa (2012), em barragens, a percolação da água armazenada ocorre através do corpo
da barragem ou pelas suas fundações. Assim pode-se considerar uma barragem estanque
quando não ocorre percolação da água com valores significativos da montante para jusante,
sendo tanto pela barragem ou pela fundação.

A quantidade de água admitida para percolação do conjunto maciço – fundação deve ser
avaliada de acordo com a finalidade da barragem (CRUZ, 1996). Quando a percolação passa a
ser considerada excessiva, consequentemente promove prejuízos na obra como: erosão interna
da barragem ou fundações; fugas excessivas de água do reservatório; subpressões elevadas na
base da barragem comprometendo a estabilidade da obra em caso de barragens em concreto
(BENTO, 2014).

Contudo, pode-se perceber que nem sempre é possível utilizar um material “ideal” para a
execução da fundação da barragem, sendo assim deve-se conhecer suas características para
que se possa torná-lo o mais adequado possível.

2.1.1. Maciços rochosos de fundações de barragens

2.1.1.1. Considerações gerais

É de grande importância dentro dos problemas de engenharia distinguir rocha de um maciço


rochoso. De acordo com a NBR 6502 (ABNT, 1995) uma rocha pode ser definida como um
material sólido e consolidado, no qual é composto por minerais, possuindo para cada tipo
características físicas e mecânicas específicas.

Já o maciço rochoso por sua vez, é um meio descontínuo formado pela rocha e suas
descontinuidades, e que também compreende a presença de água e o estado de tensões. As

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descontinuidades citadas são, por exemplo, fraturas, juntas de alívio, falhas, foliações;
originárias do processo de formação e evolução das rochas (JAQUES, 2014).

De modo geral, Fiori e Carmignani (2009) afirmam que a rocha é o material sólido, sem
defeitos, pressupondo assim que essa venha a possuir uma maior resistência e menor
permeabilidade e deformabilidade. Porém essa rocha é somente uma parte do maciço rochoso,
a outra parte do maciço é composta pelas descontinuidades.

Após compreender a formação de um maciço rochoso, pode-se avançar para a definição de


suas características, sendo uma delas, seu comportamento hidráulico (LOPES, 2015).
Analisando de que modo elas interferem na fundação de uma barragem de concreto, segundo
Andrade (1982 apud Levis, 2006) é possível estudar tratamentos de impermeabilização da
mesma de modo a evitar os valores excessivos de percolação da água.

2.1.1.2. Características hidráulicas

O comportamento hidráulico dos maciços rochosos está relacionado às suas funcionalidades


quanto à presença de água. Em meio às fraturas existentes ocorre a percolação da mesma.
Caracterizada como a facilidade ou dificuldade encontrada pela água para completar tal ação,
a percolação depende de fatores condicionantes do maciço, como abertura, espaçamento ou
preenchimento de suas falhas (GAMA, 2012).

De acordo com a NBR 6502 (ABNT, 1995) a maneira encontrada pela água para a passagem
pelas fraturas do maciço rochoso pode ser denominada como condutividade hidráulica.
Porém, adentro da estrutura do trabalho seguirá a permanência e amplo uso do termo
permeabilidade para tal ação.

O processo de fluxo de água por meio das descontinuidades do maciço ocorre dependendo de
todas as demais, pois para que a água consiga fluir por meio de uma fratura em certa direção,
essa precisa percolar por outras fraturas em diferentes sentidos, de modo que se interconectem
(LOPES, 2015).
17

Dessa forma Celestino (1986 apud AZEVEDO; ALBUQUERQUE FILHO, 1998) afirma que
não deve-se trabalhar individualmente com cada descontinuidade do maciço rochoso, e sim
com sua totalidade.

2.1.1.2.1. Ensaio de perda d’água sob pressão

De acordo com Amaro (2015) para determinação do coeficiente de permeabilidade (k) do


maciço rochoso utiliza-se o ensaio de perda d’água sob pressão. Segundo Andrade (1982
apud LEVIS, 2006) esse serve de modo a estudar os problemas encontrados durante a
percolação da água pelas fraturas e possíveis tratamentos impermeabilizantes que evitem a
perda de água.

De acordo com Bento (2006), o ensaio é utilizado para avaliar a necessidade de tratamento de
fundações quando a permeabilidade e fraturação do maciço podem constituir fatores de risco,
destacando ainda os principais objetivos da realização do ensaio:

 Determinação de um valor representativo do coeficiente de permeabilidade do maciço


rochoso;

 Avaliação da necessidade de intervenção no maciço por meio de tratamentos com


calda de cimento, quando, qual e que traço utilizar dessa;

 Medição do grau de fraturamento do maciço, determinação de seu regime de


escoamento e comportamento do preenchimento de suas fraturas.

O ensaio de perda d’água sob pressão baseia-se nos ideais criados por Maurice Lugeon em
1933, sendo assim conhecido muitas vezes como ensaio Lugeon. O mesmo é realizado in sitsu
por meio de sondagem mecânica. Lugeon sugeriu que antes da injeção de calda nos furos,
deveria-se realizar injeções com água para testar a permeabilidade do maciço (AMARO,
2015).

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De acordo com Oliveira, Silva e Ferreira Júnior (1975), a realização do ensaio consiste em
injetar água sob pressão em uma sequência de furos de sondagem, isolados por obturadores
simples ou duplos (Figura 01), e determinar a medida da quantidade de água que infiltra no
maciço em certo tempo, sob determinada pressão.

Figura 01 – a) Obturador simples e b) obturador duplo

(a) (b)
Fonte: AMARO (2015).

Os resultados do ensaio de Maurice Lugeon são expressos em unidades de medida Lugeon.


Essa unidade é a representação da absorção de um litro de água, por minuto, por metro de furo
injetado à pressão normalizada de 1 MPa (10 bar), sendo medida geralmente no ponto médio
do trecho de ensaio. A partir do momento em que o resultado do ensaio é menor que um
Lugeon, pode-se considerar o maciço praticamente impermeável, impossibilitando assim o
uso de caldas de injeção (BRANDÃO, 2014).

A Tabela 01 demonstra as condições do maciço rochoso associadas aos diferentes resultados


do ensaio de Lugeon de acordo com Quinõnes-Rozo, 2010.

Tabela 01 - Condições associadas aos diferentes resultados do teste de Lugeon

Intervalo de Classificação Permeabilidade (cm/s) Condições das Precisão nos


Lugeon descontinuidades resultados (Lu)
<1 Muito Baixa < Muito fechadas <1
1-5 Baixa Fechadas ±0
5 - 15 Moderada Parcialmente aberta ±1
15 - 50 Média Algumas aberturas ±5
19

50 - 100 Alta Muitas Aberturas ±10


> 100 Muito Alta Abertas e pouco > 100
espaçadas ou com
vazios

Fonte: Adaptado de Bento (2014).

Porém, segundo Corrêa Filho e Iyomasa (1983 apud PORTO, 2002) a partir de 1954 os
ensaios realizados a fim de testar a permeabilidade do maciço foram modificados, onde o
ensaio passou a ser realizado com as pressões de injeção de água relacionadas com a
profundidade, sendo aplicado 10 kPa (0,1 kgf/cm²) de profundidade do trecho ensaiado,
correspondendo a 2 kPa (0,2 kfg/cm²) por metro de profundidade de furo, aproximadamente.
Desse modo foi introduzida uma nova unidade expressa em litro/(min.metro.kgf/cm²), a
unidade de perda d’água específica (PE).

Os autores ainda complementam que em 1975 foram estabelecidas diretrizes para execução
dos ensaios de perda d’água, editadas pela ABGE – Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia, sendo esse um marco a fim de padronizar os procedimentos de execução,
cálculos, interpretação e comparação dos resultados obtidos nos ensaios de diversas obras.

Segundo Oliveira, Silva e Ferreira Júnior (1975), o novo ensaio de perda d’água consiste na
injeção de água sob pressão em um trecho de um furo de sondagem, medindo assim a
quantidade de água que penetra pelo maciço em um determinado tempo, sob determinada
pressão. O mesmo é realizado em vários estágios de pressão em que cada um destes estágios é
mantido durante um período mínimo para obter-se uma vazão constante, obtendo desta
maneira um fluxo permanente. A absorção obtida no estágio analisado é anotada em termos
de vazão (l/min), e para cada conjunto de valores absorção x pressão, é possível obter-se
resultados de permeabilidade do trecho ensaiado.

O ensaio citado pode ser realizado em um único furo ou mais, quando em múltiplos furos é
denominado ensaio tridimensional. Durante a execução desse método de ensaio ocorre à
injeção ou bombeamento de água em um furo e monitora-se a pressão em furos vizinhos
obtendo-se assim uma rede tridimensional de condutividade (LEVIS, 2006).

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Catarina
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O ensaio tridimensional é realizado a fim de contornar os erros cometidos durante execução


dos ensaios de único furo. As propriedades hidráulicas encontradas são pertencentes a todo o
maciço rochoso, no qual está contido entre os trechos de injeção ou de bombeamento e os
trechos de monitoramento (TRESSOLDI, 1991).

De acordo com Cruz (1996) quando realizado, o ensaio busca fornecer a partir dos resultados
dois tipos de informações de maior importância sobre o maciço rochoso, a possibilidade de
definir seus tensores de permeabilidade e se o fluxo dentro desse é controlado por meio de
descontinuidades preferencias, nas quais devem ser estudas através de um modelo de fluxo
descontínuo.

O melhor método de se obter informações sobre o fluxo em um maciço rochoso são os


ensaios de campo em grandes dimensões denominados tridimensionais (CRUZ, 1996). Porém,
segundo Lopes (2015) apesar do modelo de ensaio tridimensional apresentar melhores
resultados, no Brasil o mais utilizado para ensaios é o de furo único, sendo conhecido como
EPA.

2.1.1.2.1.1. Realização do ensaio

Para realização do ensaio de perda d’água sob pressão, Porto (2002) descreve os
procedimentos. Primeiramente injeta-se água com pressão de 10 kPa, essa ocorrendo
constantemente durante o tempo necessário para estabelecer um regime de percolação
permanente. Depois de atingido o regime, a cada minuto registram-se cinco valores de vazão
correspondentes aos volumes de água lidos no hidrômetro, os quais representam a absorção de
água injetada no maciço. Caso não ocorrer alterações significativas nas três primeiras leituras
de vazão, portanto sendo menores que 10%, o ensaio desse estágio pode ser encerrado,
passando para estágio seguinte de pressão.

Posteriormente o estágio inicial realizado, com cuidado, aumenta-se a pressão para o estágio
intermediário, registrando os cinco valores de vazão após a estabilização do fluxo. Seguindo o
ensaio aumenta-se gradualmente a pressão do manômetro para aplicar a pressão de estágio
máximo (terceiro estágio de pressão) e, faz-se o registro das vazões conforme estabelecido no
passo anterior (PORTO, 2002).
21

Ainda segundo o autor, como próximo passo conclui-se o estágio de pressão máxima, e assim
pode dar-se início ao processo de redução da pressão para o estágio intermediário de pressão
(quarto estágio) e, finalmente se reduz para o estágio mínimo (quinto estágio). Registram-se
as vazões da mesma forma retratada nos passos anteriores, e em seguida, encerra-se o ensaio,
registrando todas as anotações na folha de campo.

2.1.1.2.2. Coeficiente de permeabilidade

Conforme Gonçalves (2013) a presença de água dentro de um maciço rochoso influencia


drasticamente em sua resistência. É a permeabilidade que irá representar uma maior ou menor
facilidade encontrada pela água para circular dentro do maciço.

Um dos responsáveis pela variação da permeabilidade da rocha é a pressão da água que


circula nos vazios e descontinuidades. Desse modo, o aumento da pressão da água tende a
abrir as fissuras, aumentando a permeabilidade. A permeabilidade de um maciço pode ser
definida pela permeabilidade do material que constitui a rocha conjuntamente com a
condutividade hidráulica de suas descontinuidades (MOREIRA, 2015).

A permeabilidade possui sua variação não em termos percentuais, mas sim em magnitudes ou
em ordens de grandeza (por exemplo, ou ). A seleção de um valor
representativo para essa magnitude é de grande importância para dimensionamento de grandes
obras como as barragens (AMARO, 2015).

A Tabela 02 apresenta alguns valores determinados em laboratório para o coeficiente de


permeabilidade da rocha e da condutividade hidráulica dos maciços rochosos definidos em
ensaios (in situ).

Tabela 02 – Coeficiente de permeabilidade de rochas e condutividade hidráulica de maciços


rochosos
Litologia Material Rocha (cm/s) Maciço Rochoso (cm/s)
Granito
Basalto
Grés

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
22

Argilito
Calcário
Argilito Xistoso
Xisto Argiloso
Ardósia

Fonte: Adaptado de Moreira (2015).

Como citado anteriormente, para determinação do coeficiente de permeabilidade são


utilizados ensaios como perda d’água sob pressão, a partir disso Levis (2006), afirma que
posteriormente à realização do ensaio são utilizadas diversas expressões para sua obtenção. A
análise apresentada pelo autor pode ser elaborada somente com o uso de um manômetro na
superfície, sendo conduzida da seguinte forma:

a) Á princípio, é determinado a carga específica (Pe) aplicada no trecho ensaiado pela


Equação (01), em unidade de kgf/cm²:

Onde:
Ha: Carga de coluna d’água (m);
Pm: Pressão Manométrica medida no topo do furo (kgf/cm²);
Pc: Perda de carga na canalização (kgf/cm²);

A carga da coluna d’água (Há) deverá ser determinada de acordo com a posição do
nível d’água em relação ao trecho ensaiado:

= + + h/2
= +
=- +

Onde:

= altura do manômetro (m);


= profundidade do obturador (m);
23

h = comprimento do trecho ensaiado (m);


= profundidade do NA (m);
= altura do NA em casos de artesianismo (m);
= para trechos acima do NA;
= para trechos abaixo do NA;
= para trechos com artesianismos.

b) Posteriormente, calcula-se a partir da Equação (02) a perda d’água específica ( )e


o coeficiente de permeabilidade (k):

PE =

onde:
Q = vazão (l/min);
Pe = carga efetiva aplicada no trecho (kgf/cm²);

c) Com essas unidades (l/min.m.kgf/cm²), para obtenção do valor do coeficiente de


permeabilidade em cm/s, é necessário utilizar um fator de conversão (1,66x )
multiplicado à PE (Equação 03), portanto:

k= (03)

k (cm/s) = (04)

Chamando Ff = de fator de forma, tem-se a Equação (05):

K (cm/s) = (05)
Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
24

E considerando a Equação (06)

F= (06)

Pode ser definido o coeficiente de permeabilidade em cm/s pela Equação (07):

k = Pe . F (07)

2.1.1.2.3. Coeficiente de permeabilidade secundário

Segundo Amaro (2015), pode-se dividir o coeficiente de permeabilidade dos maciços


rochosos em dois tipos: primário e secundário. Um possui relação às propriedades do
material, como a porosidade, e outro está relacionado com o nível de fraturação do maciço
rochoso, respectivamente. A permeabilidade secundária é caracterizada como a mais
condicionante no que diz respeito ao controle de escoamento, dado que é comum admitir-se
que o escoamento em maciços rochosos é feito por meio de suas descontinuidades.

Autores como Foyo, Sanches e Tomillo (2005 apud LEVIS, 2006) propuseram um método de
classificação dos maciços rochosos a partir da análise do Índice de Permeabilidade Secundária
(SPI), na qual corresponde à absorção de água pelas suas fraturas. Essa classificação não
reflete a resistência da rocha intacta e sim a qualidade da rocha baseada nas feições de
permeabilidade do maciço. A Figura 02 busca mostrar a relação entre o Índice de
Permeabilidade Secundária e a qualidade do maciço rochoso e também a necessidade de
tratamentos com injeção para cada tipo.
25

Figura 02 – Classificação do maciço rochoso e respectiva necessidade de tratamento

Fonte: FOYO, SANCHES E TOMILLO (2005, apud LEVIS, 2006).

2.2. Tratamento de fundação de barragens com calda de cimento

2.2.1. Definição e objetivos das cortinas de injeção

Devido às características impostas pela construção de uma barragem, surge a necessidade de


tratar os maciços rochosos a fim de melhorar e adequar seus aspectos para tal uso. Avanços
em estudos que possibilitam esse tratamento visam aperfeiçoar as propriedades hidráulicas e/
ou mecânicas desses (GAMA, 2012).

Ainda de acordo com Gama (2012), as fundações de barragens que ultrapassem mais de 15
metros de profundidade, e até algumas pequenas, em que são construídas sobre maciços
rochosos geralmente recebem como tratamento injeções de caldas à base de cimento.

O tratamento consiste na injeção de calda por meio de furos para o interior dos maciços
alterando suas características hidráulicas e/ou mecânicas. Como resultado das injeções
designadas de permeação ocorre a selagem dos vazios, fraturas ou descontinuidades,
atribuindo ao maciço rochoso uma maior resistência e menor deformabilidade (GAMA,
2012).

A injeção de calda de cimento em furos caracteriza-se em fazer introduzir nos poros, fraturas
e descontinuidades do maciço rochoso substâncias aglomerantes, de endurecimento ao longo
do tempo, a fim de impermeabilizar ou consolidar a zona injetada. O produto injetado é
constituído geralmente pela mistura água e cimento podendo ser adicionado à essa também
outros produtos como benzonita, pozolana, areia, asfalto, etc (SOUZA, 2013).
Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
26

Durante execução da cortina abrem-se furos chamados primários, nos quais são distanciados
em 6 à 12 metros. Após sua injeção são abertos os furos secundários à meia distância dos
primários. Caso necessário executam-se os furos terciários, com intenção de diminuir o
espaçamento entre os furos de injeção até que se atinja o grau de impermeabilização
necessário (LEVIS, 2006). A Figura 03 mostra o perfil de uma cortina de injeção com seus
respectivos furos.

Figura 03 – Perfil dos furos de uma cortina de injeção

Fonte: MARQUES FILHO (1986, apud LEVIS 2006).

Levis (2006) ainda comenta que a cortina de injeção é feita de modo que os furos primários
estejam distanciados pouco menos que duas vezes o raio da seção circular de influência da
injeção. Pode concluir-se neste caso que somente são necessários os furos primários para
executar a cortina, sendo os furos secundários de modo a servir como uma verificação e
complementação deste trabalho, conforme mostra a Figura 04.
27

Figura 04 – Espaçamento entre furos

Fonte: MARQUES FILHO (1986, apud LEVIS 2006).

A selagem das fraturas ocasionadas pelo uso de cortinas de injeção é um requisito para
construção de barragens assentes sobre maciços rochosos, porém admite-se que é incorreto
desejar que uma cortina de injeções seja completamente estanque, pois essa estanqueidade
absoluta nunca é necessária e as deficiências do próprio método construtivo impede que tal
aconteça (COSTA, 1991).

2.2.2. Tipos de cortinas de injeção

As injeções de calda de cimento podem ser divididas de acordo com suas finalidades (LEVIS,
2006):

a) Injeções de impermeabilização: servem de modo a obturar as fissuras e


descontinuidades de qualquer tipo de rocha imposta à fundação. A mesma provoca
perda de carga hidrostática, reduz a percolação d’água e as subpressões;

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
28

b) Injeções de consolidação: Empregada em rochas fraturadas de baixa resistência


aumentam a sua compacidade, melhorando a resistência mecânica e seu módulo de
elasticidade;

c) Injeções de colagem: aumentam o nível de aderência na interface entre barragem e


fundação, reduzindo a permeabilidade e subpressão.

Costa (2012) complementa que as injeções do tipo consolidação possuem dupla aplicação na
execução de barragens, uma é melhorar as características de resistência da fundação e outra
melhorar as condições para escavação de obras subterrâneas associadas à barragens. Os furos
possuem profundidade de 6 à 9 m e espaçamentos entre 4 e 8 m.

Ainda afirma que para a execução de injeções de colagem o projetista deve levar em
consideração o espaçamento entre as sondagens, altura do concreto para início das
perfurações, equipamento de perfuração, diâmetro e inclinação dos furos. Embora pouco
utilizadas, são úteis quando a fundação rochosa se apresenta muito fraturada ou irregular.
Adota-se assim uma malha de furos verticais espaçados de 5 m, perfurados a partir da altura
de 3 m no concreto e os prolongando 3 m em rocha (COSTA, 2012).

2.2.3. Tipo de calda de cimento

A necessidade de reabilitar zonas previamente consideradas inadequadas no que diz respeito à


construção de barragens vem cada vez mais recebendo importância, o que, em conjunto com
avanços nas tecnologias de perfuração e injeção, sugere-se que as barragens com fundação em
maciços rochosos necessitem de mais tratamentos (GAMA, 2012).

É a partir desta afirmativa que Gama (2012) afirma que surgem diferentes tipos de materiais
constituintes das caldas de injeção. Porém, devido aos diferentes comportamentos que as
caldas podem apresentar de acordo com seus elementos integrantes é possível agrupá-las em
três categorias: caldas ou suspensões particuladas; soluções coloidais e soluções puras.

Com base nos estudos de Moreira (2015) caracterizam-se as caldas ou suspensões


particuladas como caldas em que mistura-se água com um ou mais tipos de sólidos
29

particulados, podendo ser cimento, argilas ou areias e, dependendo da sua composição, podem
ser estáveis ou instáveis.

Já as soluções coloidais igualmente conhecidas como caldas químicas são constituídas à base
de silicatos de sódio e soluções reagentes (orgânicas ou inorgânicas) que irão criar géis, mais
ou menos duros, dependendo das concentrações utilizadas para a sua realização. Sua
viscosidade tende à aumentar com o tempo (MOREIRA, 2015).

E por fim, ainda segundo Moreira (2015), as soluções puras também conhecidas como caldas
químicas, diferem-se das anteriores por terem como base resinas. Assim como as soluções
coloidais são raramente utilizadas em tratamentos de maciços rochosos, são utilizadas
principalmente nas injeções em zonas com elevado caudal de percolação.

2.2.4. Pressão de injeção

Durante o processo de injeção de calda de cimento, Levis (2006) baseado no trabalho de


Infanti Jr. e Nitta de 1978 descreve que a pressão caracterizada como a ideal para injeção,
para um determinado maciço rochoso de fundação, é a pressão máxima que não cause
movimentação do maciço e, portanto, é função da profundidade da zona injetada, estrutura da
rocha, atitude das fraturas e da sobrecarga devido à estrutura.

Bento (2006) divide o sistema de pressão de injeção em dois tipos e os caracteriza como
sistema europeu e sistema americano. Em uma bomba de injeção de máxima capacidade de 60
l/min é ligada diretamente ao furo, que é injetado, introduzindo-se um obturador até o topo do
trecho a ser injetado. Em outro adota-se uma bomba de injeção de alta vazão (diversas
centenas de l/min), que alimenta o circuito fechado sob pressão, respectivamente.

Quando realizadas altas pressões de injeção, essas tendem a produzir um alargamento das
fissuras permitindo assim uma melhor penetração até mesmo de caldas mais grossas e feitas
com cimentos comuns. Pressões elevadas aumentam a quantidade de calda injetada e o raio de
influência da mesma, tornando o tratamento mais eficiente com menor quantidade de
perfurações. Porém pressões muito altas podem abrir fissuras que estavam seladas e no caso
de rochas com baixa resistência criar novas fraturas por fratura hidráulica (LEVIS, 2006).
Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
30

É dessa maneira que se torna evidente que ao invés de adotar precipitadamente qualquer uma
das regras de pressão de injeção, a escolha das mesmas deve ser efetuada com base em fatores
específicos a cada obra incluindo, dentro do possível, as condições em cada furo específico a
injetar (GAMA, 2012).

2.2.5. Métodos de injeção

Serão abordadas duas metodologias de dimensionamento de uma cortina de injeção, sendo


essas o método convencional de Houlsby de 1990 e método GIN proposto em 1993 por
Lombari e Deere.

2.2.5.1. Método Houlsby

Metodologia proposta por Houlsby em 1976 e atualizada em 1990, com o objetivo de avaliar
a necessidade de tratamento em variadas situações em que se encontram os maciços rochosos,
dessa forma criou a “árvore da decisão” (Figura 05), esquema na qual faz avaliação a partir
dos valores encontrados em teste do tipo Lugeon (BRANDÃO, 2014).
31

Figura 05 – Critérios a serem utilizados para verificação da necessidade de permeabilização


através de ensaios de Lugeon

Fonte: COSTA (1991).

Brandão (2014) ainda afirma que os princípios fundamentais para a definição e execução das
injeções, na metodologia proposta por Houlsby são:

 Escolha de uma calda de cimento inicial adequada;

 Definição da pressão máxima a ser empregada no processo;

 Início das injeções com uma pressão baixa, durante alguns minutos, de modo a
verificar a existência de fugas para a superfície, ligações com outros furos ou
movimentos da rocha;

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
32

 Aos 15 minutos da execução do processo verificar o volume absorvido pelo maciço


para saber a necessidade de espessar a calda ou não;

 Controlar permanente as características da calda durante as injeções;

 Depois de atingido a nega, manter a pressão durante 15 minutos adicionais.

De acordo com Gama (2012), o princípio geral de tratamento utilizado no método Houlsby
consiste em iniciar a injeção com a calda mais espessa possível na qual seja capaz de penetrar
adequadamente nas descontinuidades injetáveis mais finas. É incorreto iniciar a injeção com
uma calda muito espessa, pois essa irá imediatamente obstruir a entrada das descontinuidades
sem as penetrar. Contudo, do mesmo modo, havendo-se a utilização de caldas demasiado
finas o tratamento se tornará de fraca qualidade.

No quesito pressão da injeção, Gama (2012) ainda comenta que o objetivo do método é a
aplicação máxima de pressão que o maciço pode suportar sem que ocorra sua fratura, de
modo que atinja a máxima capacidade de penetração da calda. É recomendada a pressão
máxima de 1 MPa para rochas médias e fracas. A Figura 06 apresenta valores de pressão nas
quais são medidas à superfície e relacionadas com a distância ao fundo do furo ou trecho a ser
injetado.

Figura 06 – Pressões a serem utilizadas para diferentes tipos de rocha

Fonte: GAMA (2012).


33

2.2.5.2. Método GIN

Baseados na ideia de que a combinação de propriedades da calda utilizada, da pressão injetada


e dos volumes injetados é correspondente à ocorrência de fenômenos como empolamento do
terreno, levantamento e fraturação hidráulica e alcance de penetração de uma calda, Lombardi
e Deere em 1993 introduziram o conceito de intensidade de injeção, conhecido como GIN
(MOREIRA, 2015).

Os próprios autores Lombardi e Deere (1993) definem as principais características de seu


método GIN sendo: utiliza-se somente uma mistura injetada estavelmente em todo o processo
adicionada de aditivo superplastificante a fim de incrementar sua penetração, uma velocidade
baixa a mediana de bombeamento da argamassa a partir de uma pressão de injeção que
aumenta gradualmente conforme penetração dessa, monitoramento da pressão, da velocidade
de fluxo, volume injetado e da penetrabilidade com ajuda de gráficos, parada do processo de
injeção quando o gráfico pressão de injeção x volume total se interceptam.

A probabilidade de ocorrência de danos estruturais num determinado maciço irá possuir


chances elevadas quando for adotada uma combinação de pressões de injeção e volumes de
injeção elevados. Por outro lado, a utilização de volumes de injeção elevados a pressões
reduzidas, ou vice-versa, dificilmente irão provocar complicações (GAMA, 2012).

Moreira (2015) explica que os volumes de calda de cimento e pressões de injeções de acordo
com o método de Lombardi e Deere devem atender as especificações do maciço. Os valores
de pressão são independentes do valor GIN, e a respeito das caldas a utilizar sugere um traço
entre 0.7:1 e 1:1.

2.2.6. Eficiência das cortinas de injeção

A real necessidade do uso de cortinas de injeção em fundações em barragens é ainda um tema


muito discutido devido à grande influência dessas no custo e planejamento da obra. Tem-se
conhecimento que esse modelo de tratamento de impermeabilização é oneroso, dispende
tempo e em algumas vezes interfere na execução de demais atividades (COSTA, 1991).

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
34

Buscando analisar esse parâmetro, Costa (1991) afirma que atualmente projetistas não estão
buscando avaliar o desempenho desse tipo de tratamento em obras já executadas e nem
normatizar os critérios mais coerentes com as reais necessidades de tratamento, e sim
buscando superestimar as características das fundações, dispensando o uso de cortinas de
injeção ou projetando cortinas nem sempre eficientes. É desse modo que se dificulta
reconhecer a real necessidade das mesmas.

Para Gama (2012) os critérios de controle e garantia da eficácia do uso de cortinas de injeção
implica na execução de furos de verificação para analisar se realmente está sendo atingida
uma redução na percolação de água depois da conclusão da injeção. Esse ainda afirma que
outro aspecto importante é o controle da redução de calda absorvida na qual pode ser um
indicativo do sucesso ou não das cortinas, porém verificar uma redução progressiva não é
considerado como prova de que a permeabilidade foi reduzida, levando em consideração
todos os problemas geológicos do maciço.

Contudo, existem várias causas que tornam as cortinas de injeção ineficientes, sendo algumas
delas: má qualidade dos dados analisados para definição sobre a necessidade de injeções;
furos em posições inadequadas em relação às condições geológicas locais; falha durante o
dimensionamento das pressões de injeção ou consistência da calda; falta de controle ou
avaliação da eficiência do tratamento executado (COSTA, 1991).

É nesse aspecto que Cruz (1996) menciona que a eficiência da cortina de injeção não pode ser
simplesmente avaliada a partir de leituras realizadas com piezômetros ou critérios de projetos
convencionais, pois esses muitas vezes não consideram completamente as condições
específicas da fundação.

Como previamente citado, deve-se avaliar o desempenho de cortinas de injeção em obras já


concluídas para que se possa ter uma base da sua real eficiência. É desse modo que cortinas
executadas em fundações de barragens de concreto foram analisas e relatadas por Levis
(2006) e Lopes (2015), a fim de verificar se os benefícios desse processo executivo foram
atingidos ou não.

Lopes (2015) atestou a real eficiência dos serviços de vedação em granito no vertedouro da
UHE Jirau, localizada no Rio Madeira (RO). O estudo foi baseado em testes de redução do
35

coeficiente de permeabilidade, redução da absorção de calda de cimento e redução da


subpressão após a injeção de calda de cimento.

Observando a permeabilidade antes (furos de sondagem e furos obrigatórios de injeção) e


depois (furos de verificação), Lopes (2015) concluiu que o maciço possuía boas
características mecânicas e hidráulicas devido coeficientes de permeabilidade baixos,
provando que a injeção de calda de cimento auxiliou em uma pequena redução deste
coeficiente, passando da ordem de para cm/s.

Lopes (2015) na segunda análise de seu estudo, através do acompanhamento pari passu de
consumo de calda, observando o maciço de forma geral, verificou que houve redução de
absorção de calda de 27% assim concluída que a atividade de injeção foi funcional.

E por fim na análise da subpressão, a mesma autora constatou que essa não ultrapassou os
limites referenciados em projetos, porém como não foi utilizado o método racional com
retroanálise, não foi quantificado o quanto a cortina de injeção contribuiu para estes valores.

Em seu trabalho a autora conclui que adotando o critério de Cruz de 1996, que prescreve que
fundações com coeficientes menores que 5x cm/s não há necessidade de tratamento,
conclui-se assim que as atividades de injeção na UHE Jirau poderiam ter sido anuladas ou
reduzidas, diminuindo o prazo e custo destes serviços.

Já Levis (2006) procurou avaliar a eficácia dos sistemas de vedação e drenagem de maneira
probabilística, utilizando métodos estatísticos em obras já prontas fundadas em rocha
basáltica. O estudo da autora consiste primeiramente em compilação e ajustes de curvas de
distribuição estatística aos valores de absorção de calda de cimento das barragens da Usina
Hidrelétrica de Salto Caxias e da derivação do Rio Jordão no estado do Paraná.

Para a mesma autora a eficácia de uma cortina de injeção pode ser avaliada nos trabalhos de
injeção controlando os valores de calda absorvida, e na cortina em si, através da verificação
da diminuição das subpressões e das vazões de percolação, contudo através da análise da
tendência das curvas de distribuição encontradas, não foi possível comprovar o bom resultado
dos trabalhos de injeção realizados nessa obra.
Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
36

Para as duas barragens Levis (2006) cita que ficou evidente a influência da permeabilidade
em questão da eficácia da cortina de injeção. Em todos seus casos de ineficácia encontraram-
se permeabilidades em maciços rochosos muito baixas, inferiores a cerca de 5x cm/s.

2.3. Subpressão

Dentre os esforços que podem atuar sobre uma barragem, a determinação das pressões nas
fundações causadas pelo fluxo de água é considerada um dos maiores problemas no que se
trata de obras hidráulicas (VOLKMER, 2011).

Levis (2006) caracteriza a subpressão (Figura 07) como esforço ascendente, na qual é
exercido na base das barragens, devido à água que percola pelo maciço rochoso da fundação.
Ela é atuante no alívio do peso da estrutura, levando a obra a uma condição menos segura,
devido ao fato de diminuir sua resistência ao deslizamento.

Figura 07 – Diagrama de esforços de subpressão

Fonte: RIVED (2009).

Para Volkmer (2011) é a porosidade do concreto da barragem que permite uma infiltração de
água em seus vazios, permitindo a existência de pressão intersticial. Essa pressão exercida
37

pode ser expressa pelo produto da massa específica da água (a) e a altura (h) alcançada pela
água, sendo denominada poropressão.

A autora define ainda que a subpressão corresponde à componente vertical das poropressões
citadas, exercendo um esforço na estrutura ou em sua fundação no sentido de baixo para cima,
em planos determinados das estruturas de barragens de concreto, principalmente nas juntas de
concretagem, no contato estrutura-fundação ou em descontinuidades da fundação (fraturas,
falhas, contatos geológicos etc.).

2.3.1. Cortinas de drenagem

A drenagem pode ser considerada um dos métodos mais eficientes no que diz respeito ao
efeito de subpressão, assegurando o coeficiente de segurança das estruturas de concreto de
uma barragem. Em barragens de concreto – gravidade, a subpressão pode ser reduzida por
meio de furos de drenagem abertos na galeria específica para este serviço (LOPES, 2015).

Os furos de drenagem citados são abertos no maciço rochoso, com ajuda de equipamentos de
rotopercussão, geralmente com diâmetros de 75 mm. Na grande maioria dos casos, são
executados através da galeria de drenagem existente no corpo da barragem de concreto,
devendo ser sua profundidade suficiente para interceptar os principais veículos de percolação
do maciço rochoso, com espaçamento entre 3 m a 5 m. Caso venha ocorrer a existência de
uma cortina de injeção nesta mesma galeria, a injeção deve preceder aos drenos para evitar a
sua colmatação (COSTA, 2012).

2.3.2. Critérios de subpressão

Atualmente, os critérios para análise da subpressão são determinados por diferentes órgãos
reguladores, nos quais fixam valores de subpressões máximos que podem ser admitidos nas
diferentes fases do projeto de uma barragem, Levis (2006), define alguns destes: critério U.S.
Army Corps of Engineers e critério Cruz de 1996.

De acordo com Levis (2006), o critério U.S. Army Corps of Engineers realiza as
considerações da subpressão ao longo da base e na fundação da barragem. Esse critério sugere

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
38

que a subpressão age em 100% da base e sua distribuição depende da eficiência dos drenos e
da cortina de injeção, quando aplicáveis, e de feições geológicas como: permeabilidade da
rocha, falhas e juntas. O valor da subpressão em qualquer ponto abaixo da estrutura será a
pressão de NA de jusante ao gradiente hidráulico entre os níveis de montante e jusante. A
Figura 08 demonstra as considerações de subpressão com ou sem drenos.

Figura 08 – Considerações do critério U.S. Army Corps of Engineers

Fonte: LEVIS (2006).

Já o critério de Cruz de 1996 ainda segundo a mesma autora, apresenta situações de redução
de subpressão numa feição permeável de uma barragem de concreto hipotética apoiada em
maciço rochoso, considerando casos com tratamento somente com drenagem, somente com
injeção e com drenagem e injeção, para uma ou duas galerias (Figura 09).
39

Figura 09 – Critério Cruz (1996) de análise de subpressão

Fonte: LEVIS (2006).

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
40

Em seu critério, Cruz, 1996 considera eficiência na redução da subpressão total no plano nas
descontinuidades por meio de tratamentos de 100% (teórica) e 67% (comum em critérios de
projetos). Ainda afirma que no tratamento da subpressão a drenagem é mais eficiente que a
injeção.

De modo a uniformizar os critérios utilizados no Brasil para análise de subpressão, a


Eletrobrás com auxílio do CBDB - Comitê Brasileiro de Barragens elaborou novos critérios
(Figura 10).
41

Figura 10 – Critérios de subpressão da Eletrobrás

Fonte: OSAKO (2002 apud Levis, 2006).

De acordo com a Eletrobrás (2003) em fundações contínuas, deverá ser admitida que a
subpressão atue sobre toda a área da base, sendo na extremidade de montante a subpressão
igual à altura hidrostática montante (Hm), isso a partir do nível d’água especificado para o
reservatório, e na extremidade de jusante igual à altura hidrostática de jusante (Hj) a partir do
nível d’água especificado a jusante, como mostra a Figura 11.
Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
42

Figura 11 – Modelo de distribuição das pressões hidrostáticas

Fonte: ELETROBRÁS (2003).


43

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A realização desta pesquisa constitui-se em analisar os dados de ensaio de perda d’água e de


injeção de calda de cimento nos furos realizados durante a execução da cortina de injeção da
CGH estudada, sendo os mesmos fornecidos pela Empresa Construtora A. A mesma
disponibilizou para o trabalho dados de execução da cortina, especificações técnicas e
projetos executivos do tratamento de fundação. O estudo visa interpretar os dados dos
relatórios de ensaio confrontando-os com dados de projeto.

3.1. Estudo de Caso

3.1.1. Projeto

A cortina de injeção analisada refere-se à de uma CGH localizada na cidade de Jardinópolis –


SC, à 76,2 Km de Chapecó – SC, considerada capital do oeste catarinense. Construída sua
barragem em concreto ciclópico e utilizando das águas do rio Pesqueiro como fonte de sua
energia (Figura 12), a central geradora hidrelétrica situa-se sobre a Bacia do Paraná composta
por grande gama de rochas de origem basáltica que podem superar a espessura de 1200
metros, conforme mostra o mapa geológico e hidrogeológico de Santa Catarina, Anexo 1 e 2
do presente trabalho, respectivamente.

Figura 12 - Vista aérea do local de construção da CGH

Região de Projeto

Fonte: GOOGLE MAPS (2017).


Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
44

3.1.2. Tratamento da fundação

Para tratamento da fundação, de acordo com a especificação técnica cedida pela empresa
construtora da CGH , o projeto da cortina de injeção utilizava de furos classificados como
exploratórios, primários, secundários, e caso fossem necessários, terciários e quaternários para
injeção de calda de cimento. Os mesmos deveriam ser executados com diâmetros de 75 mm,
sendo que a profundidade máxima não excederia a 7 m para primários e secundários; 8 m para
exploratórios e 5 m para terciários, conforme mostra a Figura 13. A maioria dos furos de
injeção estariam inclinados à 15° com a vertical, dentro de um plano vertical paralelo ao do
eixo da barragem.

Figura 13 - Perfil de profundidade dos furos

Fonte: Disponibilizado pela Empresa Construtora A.

Os furos exploratórios mencionados são classificados como aqueles executados ao longo da


cortina de injeção anteriormente à abertura dos demais furos, com intuito de analisar o local
que a injeção será executada. Ambos são abertos com equipamento de rotação ou
rotopercussão. Os equipamentos de rotação são os mais indicados para furos exploratórios
devido à extração de testemunho de rocha para avaliação, já os de rotopercussão são mais
indicados para os furos da cortina, devido a rapidez de execução, sendo utilizado durante a
perfuração injeção de água e ar para limpeza do furo.
45

Destaca-se ainda o espaçamento entre furos. Furos primários ficariam espaçados 12 metros
uns dos outros. Furos secundários, localizados entre os primários, espaçados entre si também
à 12 metros. Furos terciários, localizados entre os primários e os secundários, espaçados 6
metros uns dos outros. A partir deste critério estabelecido, o espaçamento final entre furos
seria igual a 3 metros, nas áreas onde as condições indicarem a necessidade de furos
terciários.

3.1.2.1. Ensaio de Perda d’água sob pressão

Juntamente com os relatórios de injeção de calda de cimento, foram analisados os relatórios


referentes aos ensaios de perda d’água sob pressão nos furos. O ensaio mencionado foi
executado em todos os furos exploratórios e em parte nos primários e secundários.

Utilizando de ferramentas como obturadores duplos, o ensaio foi executado em toda extensão
dos furos, em trechos de 3 m de comprimento e em três estágios de pressão, sendo elas
pressão mínima, máxima e mínima novamente. A pressão mínima possui o valor de 0,1
kgf/cm², já a máxima recebe o valor dado pela equação P= 0,25 x H (Equação 08), onde P
significa a pressão no manômetro, em kgf/cm², e H a profundidade do obturador, em metros.
Esse procedimento faz referência ao Boletim 02 da ABGE de 1975, onde comumente no
Brasil utiliza-se o critério de pressões baixas, como a vista na equação 08.

De acordo com a especificação técnica da obra fornecida pela Empresa Construtora A, cada
estágio deverá possuir 10 minutos de duração, contudo esse tempo pode ser diminuído caso
for verificado pequenas absorções de água nos furos. Também em furos estanques o terceiro
estágio de pressão, o mínimo, poderá ser eliminado.

Atenta-se para o fato de que em casos que o ensaio apontou perdas nulas, o furo seria apenas
preenchido por calda de cimento, uma vez que não há absorção de água, entende-se que não
há absorção de cimento, o mesmo ocorre em resultados de perdas de água específicas
inferiores a 3 l/m.min.kgf/cm². No entanto em perdas superiores a este valor o furo passou a
ser ensaiado em trechos de 5 m de comprimento, em um único estágio de pressão máxima
com duração de 5 minutos anteriormente a sua injeção, a fim de localizar os trechos onde as
perdas de água ocorreram.
Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
46

3.1.2.2. Injeções de calda de cimento

Em relação às pressões utilizadas para injeção da calda, os valores variaram entre 1 à 3,5
Kgf/cm. Durante esses trabalhos, a calda empregada era constituída de água e cimento
conforme os traços necessários. A relação água/cimento (a/c), em peso, variava entre os
limites de a/c 1:1 e 0,5:1. Com objetivo de não aumentar a pressão de injeção durante a
execução do tratamento da fundação, buscou-se utilizar a calda considerada mais grossa
possível de injetar com as pressões especificadas, pois a cada engrossamento da calda era-se
acrescida 0,25 kgf/cm² a pressão inicial.

Foi necessário definir para aprofundamento do estudo os critérios utilizados para abertura dos
furos. A perfuração dos mesmos partiu da análise de absorção de água e de cimento em furos
de ordem antecedente. A especificação técnica propôs que de modo geral furos secundários
situados entre dois furos primários estanques, ou furos terciários situados entre furos
secundários ou primários estanques, poderiam ser eliminados.

Também esclareceu que furos de ordem imediatamente anteriores que fossem injetados e
resultassem em absorções de cimento inferiores a 25 kg/m em toda a sua extensão, igualmente
seriam descartados. Ainda orientava que sempre que os furos de ordem antecedente
mostrassem perdas d’água superiores a 0,5 l/m.min.kgf/cm² ou absorções de cimento
superiores a 25 kg/m, nos primeiros 10 m; ou perdas de água superiores a 1 l/m.min.kgf/cm²
ou absorções de cimento superiores a 35 kg/m entre 10 e 20 m de profundidade; ou 2
l/m.min.kgf/cm² ou absorções de cimento superiores a 45 kg/m abaixo de 20 m de
profundidade, o mesmo acontecia, poderiam ser eliminados.

Em relação aos dados fornecidos não foram encontrados aqueles que tornariam a análise de
subpressão possível, desse modo essa não será averiguada durante as análises desse trabalho.

3.2. Metodologia de análise

3.2.1 Coeficiente de permeabilidade


47

A obtenção do coeficiente de permeabilidade do maciço rochoso da CGH estudada parte da


avaliação dos resultados do ensaio de perda d’água sob pressão realizado nos furos. A partir
dos dados fornecidos pela Empresa Construtora A, utiliza-se o maior valor entre os trechos
ensaiados do furo para análise da mesma. Os valores apresentados representam os resultados
do ensaio de pré-tratamento da fundação.

Os furos ensaiados através do EPA são os mesmos que futuramente receberam a injeção de
calda de cimento, como mostra a Figura 14. A mesma demonstra os furos escolhidos a fim de
serem analisados.

Figura 14 – Furos ensaiados por EPA

Fonte: Elaborado pela Autora.

Como já mencionado, através dos relatórios de campo cedidos pela Empresa Construtora A,
pode-se reunir os maiores valores obtidos durante ensaio em cada furo e assim registrar as
informações necessárias para aferir o coeficiente de permeabilidade. A Tabela 03 é um
exemplo de como cada furo foi registrado em relatório e dados pertinentes a ela.

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
48

Tabela 03 – Registros de ensaio de perda d’água nos furos

Profundidade Diâmetro
Trecho (m) do Altura do manômetro (m) do furo Data
Obturador (mm)

Na boca do
0à3 1,2 75 -----
furo

Pressão Duração Litros/


S4 Estágio Absorção em litros/min Litros/min
(Kgf/cm²) (min) min x metros

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00


1 0,25 10 - -
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
2 1,75 10 - -
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3 0,25 10 - -
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Fonte: Elaborado pela Autora.

Os cálculos realizados para obtenção do coeficiente de permeabilidade seguem as diretrizes


do trabalho de Oliveira, Silva e Ferreira (1975), o Boletim 02 da Associação Brasileira de
Geologia de Engenharia – ABGE, na qual busca caracterizar a técnica de ensaio de perda
d’água sob pressão e analisar o comportamento dos trechos ensaiados. Essas diretrizes estão
presentes na Equação 07 citada já no trabalho por Levis (2006), na qual utilizará dos valores
encontrados em cada furo.

k = Pe . F Equação 07

Após ser realizado o cálculo para cada furo que foi ensaiado por meio de EPA, confrontam-se
os resultados com os critérios de permeabilidade de Loczy previstos na Tabela 04. A mesma
destaca e indica o fato da condição “impermeável” para consumos menores que cm/s.
Segundo Lopes (2015) mesmo atendendo a essa condição, uma condição impermeável não
permitiria fluxo pelo maciço, portanto neste caso, o ideal seria considerar uma condição
“muito baixa” ao invés de “impermeável”.
49

Tabela 04 – Tabela para classificação do grau de permeabilidade do maciço


Permeabilidade K (cm/s)
Impermeável <
Baixa a
Moderada a
Alta a1
Muito alta >1

Fonte: Loczy (1980, apud LOPES, 2015).

Além de Loczy (1980) utilizou-se a Tabela 01, já mencionada no trabalho, na qual Quinõnes-
Rozo (2010) relaciona as condições do maciço associadas aos resultados de cálculo do ensaio
de Lugeon, também conhecido como o EPA. A partir da análise dos valores encontrados com
a mesma, pode-se relacionar o grau de fraturamento do maciço de acordo com a
permeabilidade encontrada.

Verificado o coeficiente de permeabilidade do maciço, parte-se para a análise de real


necessidade do uso da cortina de injeção. Baseando-se no critério de Cruz (1996), que prevê
que fundações com coeficientes menores que 5x cm/s é dispensável o tratamento, se
definirá a utilização ou não da cortina em meio à obra.

Dessa maneira, com auxílio do programa Excel, foi gerado um gráfico para demonstrar os
furos com maior permeabilidade. É desse modo que se pode comparar se os furos com maior
permeabilidade são os mesmos que tiveram maior consumo de calda de cimento.

3.2.2. Análise da absorção de calda de cimento

A análise de absorção de calda de cimento tem como principal objetivo determinar a


quantidade dessa utilizada para preenchimento das fissuras do maciço rochoso da fundação da
CGH e a da análise da redução de absorção em furos adjacentes. Esse estudo é possível graças
aos valores de cota, profundidade, diâmetro, pressão, relação calda/cimento, e injeção nos
furos aferidos durante a realização da injeção e compilados em relatórios como do Anexo 04,
tais quais irão possibilitar a obtenção do índice de absorção da calda em cada um desses.

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
50

O método utilizado ainda irá identificar quantos Kg de calda de cimento são necessários para
somente preenchimento do furo e qual a quantidade do consumo total é destinada às fissuras.
Desse modo é possível relacionar qual é a porcentagem média de consumo das fissuras e em
que casos ultrapassaram o consumo de próprio preenchimento do furo.

Com auxílio do programa Excel serão gerados gráficos relacionando os consumos por furo
injetado e sua respectiva absorção.

3.2.3. Relação entre permeabilidade do maciço e consumo de calda de cimento

Devido ao fato de os ensaios de perda d’água serem realizados nos mesmos furos que foram
injetados com calda de cimento, é possível relacionar a sua permeabilidade com o seu
consumo de calda. A princípio, é tendência um furo possuir maior consumo quando tiver um
maior coeficiente de permeabilidade.

Por meio de tabelas confeccionadas no Excel e comparações feitas em projetos, foi possível
verificar se os mesmos trechos do maciço possuem essa condição. Como metodologia para
essa análise serão feitos dois projetos divididos por trechos do furo, um com dados de injeção
e outro com resultados do EPA, assim pode-se descobrir se os trechos do maciço rochoso que
mais consumiram calda de cimento são os mesmos que tiveram grande absorção de água.
Posteriormente a análise serão efetuadas tabelas nas quais visarão mostrar a relação entre os
dois itens de modo a tornar mais clara a compatibilidade dos dados.
51

4. RESULTADOS E ANÁLISES

4.1. Análise de absorção de calda de cimento

O tratamento da fundação por meio de cortina de injeção, até o presente estudo, utilizou
aproximadamente 5,3 toneladas de calda de cimento, totalizadas em 100 m de perfuração,
como se pode observar nas tabelas do Anexo 04. A Tabela 05 resume a quantidade de kg de
calda de cimento utilizada por furo.

Tabela 05 - Consumo geral em Kg de calda de cimento por furo


CONSUMO CALDA
FURO
DE CIMENTO (Kg)
P1 155
P2 1015
P3 945
P4 958
P5 888
S1 145
S2 173
S3 252
S4 208
S5 72
S6 103
S7 94
EX1 180
EX2 76

Fonte: Elaborado pela Autora.

Como proposta de avaliação da eficiência da cortina, tem-se por objetivo a redução de


consumo de calda de cimento de um furo antecedente para seu posterior, a Figura 15
demonstra com maior facilidade o maior consumo entre furos de ordem primários para com
os demais.

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
52

Figura 15 - Consumo geral em Kg de calda de cimento por furo

Consumo de calda de cimento (Kg)


Furos x Absorção em Kg de calda
0 1000 2000 3000 4000

Primários

Secundários

Exploratórios

Fonte: Elaborado pela Autora.

Em linhas gerais a Figura 15 exemplifica o consumo total por furos de mesma ordem, porém
para coleta de dados em relatórios de campo, utilizaram-se nos ensaios os valores respectivos
a cada trecho de 3 metros no furo, seguindo por trechos de 2 metros, nos quais contabilizaram
o consumo total de 5 a 7 metros de profundidade. Desse modo pode-se dividir a cortina de
injeção em horizontes de metro. A partir dessa afirmação foram gerados gráficos do tipo
histograma para demostrar o consumo por horizonte, como mostra as Figuras 16 e 17.
53

Figura 16 - Consumo do horizonte de 0 – 3 metros em Kg de calda de cimento

Horizonte 0 - 3 Metros
Furos x Consumo em Kg de calda

0 1000 2000 3000 4000

Primários

Secundários

Exploratórios

Fonte: Elaborado pela Autora.

Figura 17- Consumo do horizonte de 3 – 7 metros em Kg de calda de cimento

Horizonte 3 -7 metros
Furos x Consumo em Kg de calda

0 100 200 300 400 500

Primários

Secundários

Exploratórios

Fonte: Elaborado pela Autora.

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
54

Analisando os traços utilizados por horizontes constatou-se através dos relatórios de injeção
que os valores utilizados de relação A/C de 0 à 3 metros de profundidade variaram de 0,4:1 a
1,1:1. Quanto maior o traço, maior se tornava o consumo. Já nos metros que excediam os 3 m,
até os 7 metros de injeção utilizou-se somente o traço 0,7:1

Posteriormente demonstração de consumo por trecho do furo, realizou-se de modo a comparar


consumo geral x consumo fissura o cálculo de calda de cimento necessária somente para
preenchimento do volume total do mesmo, calda que não percorre pelas fissuras do maciço
rochoso. Assim, fazendo-se uso na calda de um cimento com densidade de 1200 Kg/m³, para
todos os casos considerou-se que o peso total de calda para preenchimento do furo seria de 37,
10 Kg.

A partir dessa informação pode-se relacionar através das Tabelas 06 e 07, a quantidade de
calda que preencheu as fissuras, e em quais furos e horizontes observaram-se maiores
consumos.

Tabela 06- Consumo das fissuras no horizonte de 0 – 3 metros em Kg de calda de cimento


Horizonte 0 – 3 metros (Kg)
Furos Consumo Geral Consumo Fissuras
Primários 3603 3524
Secundários 580 469
Exploratórios 42 26,10

Fonte: Elaborado pela Autora.

Tabela 07- Consumo das fissuras no horizonte de 3 – 7 metros em Kg de calda de cimento


Horizonte 3 – 7 metros (Kg)
Furos Consumo Geral Consumo Fissuras
Primários 358 252
Secundários 464 316
Exploratórios 214 171,60

Fonte: Elaborado pela Autora.


55

Analisando da mesma forma furo por furo injetado, confirma-se que em nenhum caso houve
somente preenchimento do seu volume, todos os casos houve percolação de calda de cimento
pelas fissuras encontradas no maciço.

Em relação à abertura dos furos através dos valores encontrados de calda de cimento, a
especificação técnica deixava claro que furos que consumissem mais que 25 Kg/m da mesma
permitiriam abertura de um furo sequente. Pode-se perceber que os furos de ordem
secundários “exigiam” a abertura de terciários, nos quais não se tem nenhum dado de injeção.
De maneira a comparar o estudo sobre a absorção de calda de cimento nessa cortina de
injeção com outras já executadas sobre maciços rochosos do tipo basalto, utiliza-se como
exemplo à construção da Barragem de Salto Caxias, no Rio Iguaçu (PR), citada por Levis
(2006). A autora cita que para esse caso, as absorções ficaram na média de 33,6 Kg/m, já no
caso da cortina da CGH analisa, as absorções médias resultaram em valores iguais à 47,58
Kg/m.

4.2. Análise do coeficiente de permeabilidade

Para a obtenção do coeficiente de permeabilidade do maciço rochoso da CHG estudada


utilizou-se dos resultados de ensaio de perda d’água realizados em campo. A Tabela 08
demonstra os valores máximos de absorção de água registrados por furo e a profundidade dos
mesmos quando obtiveram maiores resultados.

Tabela 08- Absorção de água nos furos ensaiados

Ordem do Absorção em Cota do furo Pressão utilizada Absorção em L/Min x


furo L/ Min (m) (Kgf/cm²) Metros
P1 0,00 0á7 - 0,00
P2 13,00 0á3 1,00 1,30
P4 3,00 0á3 1,00 0,30
P5 12,50 0á3 1,00 1,25
S3 3,00 0á3 1,00 0,30
S4 2,00 0á3 1,00 0,20
S5 4,00 0á3 1,00 0,40
S7 3,00 0á3 1,00 3,00
EX 1 0,00 0á8 - 0,00

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
56

Fonte: Elaborado pela Autora.

Relacionados os resultados, partiu-se para o cálculo do coeficiente K, na qual utiliza da


equação (07) proposta por Levis (2006) já descrita no presente estudo. Para tal, os dados de
cálculo utilizados em campo foram:

 Pm = Pressão manométrica na boca do furo igual a 1,00 Kgf/cm2;


 Pc = Perda de carga igual a 0,00 Kgf/cm² (desprezada no trabalho);
 Hm = Altura do manômetro equivalente à 1,2 metros;
 Hob = Profundidade do obturador igual a 0,00 m, pois estava na boca do furo;
 H = Comprimento do trecho ensaiado em todos os casos igual a 3,00 m;
 Q = Vazão em l/min variável entre cada furo.

Posteriormente calculados, obteve-se os seguintes coeficientes de permeabilidade descritos na


Tabela 09:

Tabela 09- Coeficiente de Permeabilidade dos furos em cm/s


Coeficiente de
Ordem do
Permeabilidade K
furo
(cm/s)
P1 0,00
P2 2,95E-04
P4 6,81E-05
P5 2,84E-04
S3 6,81E-05
S4 4,53E-05
S5 9,08E-05
S7 6,81E-05
EX 1 0,00

Fonte: Elaborado pela Autora.

A proposta do trabalho é relacionar os coeficientes obtidos com as Tabelas 01 e 05 descritas


anteriormente. Segundo as mesmas podemos definir que os furos P1 e EX 1 são considerados
impermeáveis e com fraturas muito fechadas. Já o restante dos furos possuem permeabilidade
moderada variando entre algumas fissuras e outras parcialmente abertas. A Figura 18
57

demonstra a porcentagem entre impermeáveis e permeabilidade moderada entre a totalidade


de furos ensaiados em campo.

Figura 18- Permeabilidade do maciço rochoso pré-tratamento

Impermeável
(P1 e EX1)
22%
Moderada
(P2, P4, P5, S3,
S4, S5, S7)
78%

Fonte: Elaborado pela Autora.

Ao adotar o critério de Cruz de 1996, no qual prescreve que fundações com coeficientes
menores que 5x cm/s não há necessidade de tratamento, conclui-se através dos
resultados obtidos que todos os furos possuíam coeficientes de permeabilidade menores que a
esse valor, portanto o tratamento da fundação tornar-se-ia dispensável para a CHG estudada.

Como mesmo Guidicini, Andrade (1983 apud Levis, 2006) afirmam, em basaltos as injeções
possuem papel pouco relevante, sendo as absorções pouco significativas, tratando-se de um
derrame com pouca condutividade hidráulica. Em horizontes ou descontinuidades que
possuem originalmente coeficientes de permeabilidade inferiores a 5x cm/s o tratamento
é ineficaz.

4.3. Análise entre a permeabilidade do maciço e a absorção de calda de cimento

Podemos relacionar através dos resultados obtidos nos itens anteriores qual é a relação entre a
permeabilidade e absorção de cada furo. A estratégia utilizada foi verificar se os furos com
maior permeabilidade detectados pelo ensaio de perda d’água foram os que mais consumiram

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
58

calda. Como já afirmado, é tendência os furos que mais consumirem serem menos
impermeáveis.

Para valores de absorção de calda de cimento, foi utilizado os valores apenas do consumo
pelas fissuras para realizar a comparação, pois entende-se que são esses valores de consumo
que se relacionam à permeabilidade dos furos.

O Anexo 05 relaciona a absorção de calda de cimento a cada trecho do furo, primeiramente


em seus 3 primeiros metros, e após em dois em dois metros de profundidade. Já o Anexo 06
refaz a mesma análise, porém em quantidade de absorção de água (permeabilidade). A partir
dos mesmos se pode confeccionar a Tabela 10, na qual busca demonstrar a comparação entre
o coeficiente de permeabilidade e sua absorção de calda de cimento no primeiro trecho
ensaiado.

Tabela 10- Comparação entre Permeabilidade e Absorção de calda no maciço rochoso

TRECHO: 0 - 3 Metros
Absorção de
Calda de Permeabilidade do
Furo
Cimento nas maciço (cm/s)
Fissuras (Kg)
P1 74,10 0
P2 869,10 2,95E-04
P4 897,10 6,81E-05
P5 819,10 2,84E-04
S3 127,10 6,81E-05
S4 111,10 4,53E-05
S5 14,10 9,08E-05
S7 37,10 6,81E-05

Fonte: Elaborado pela Autora.

Referente ao exemplo proposto acima, percebe-se que no furo primário número 4, apesar de
houver uma permeabilidade muito baixa, houve mesmo assim um consumo de calda de
elevado valor. Dessa maneira não é possível confirmar a tendência mencionada acima para
esse furo, porém para os demais sim.
59

5. CONCLUSÃO

O presente estudo teve como proposta analisar a eficiência de uma cortina de injeção
executada em uma Central Geradora Hidrelétrica localizada no oeste de Santa Catarina. A
mesma partiu da obtenção de valores para permeabilidade e absorção de calda de cimento nos
furos, os dados necessários para análises foram cedidos pela Empresa Construtora A por meio
de relatórios de ensaio de campo e também por especificações técnicas da obra realizada.

No que diz respeito à absorção de calda de cimento nos furos, observou-se que não houve
redução de calda de uma ordem de furo para outra quando analisados os furos por trechos. Em
alguns horizontes os furos secundários utilizaram mais calda que os próprios furos primários.
Quando o consumo de calda foi analisado de forma geral em toda a cortina, contatou-se que
houve a redução de consumo de um furo antecedente para seu posterior, garantindo à cortina
de injeção funcionalidade ao tratamento da fundação. Em valores gerais observou-se redução
de 73,57% do consumo de calda de cimento dos furos primários para com os secundários.

Acerca dos valores encontrados sobre permeabilidade da fundação pré-tratamento, encontrou-


se através de equações, resultados que classificam o maciço rochoso como impermeável e
moderadamente permeável em algumas regiões. É desse modo que atenta-se para o fato de
que o coeficiente de permeabilidade não ultrapassou 5x cm/s em nenhum dos furos
ensaiados, portanto segundo critério de Cruz (2004) não houve necessidade de tratamento de
vedação da fundação.

Ao final comparando-se os valores encontrados de absorção e de permeabilidade pode-se


observar que a lógica de maior absorção em furos mais permeáveis não ocorreu em todos os
furos ensaiados, mas porém em sua grande maioria, podendo-se considerar dessa forma que
em comparação houve maior consumo em furos com coeficiente de permeabilidade maior.

Análise do sistema de vedação da fundação em rocha de uma Central Geradora Hidrelétrica do oeste de Santa
Catarina
60

5.1. Sugestões para pesquisas futuras

Sugere-se como continuidade do estudo sobre a eficiência de cortinas de injeção em


barragens, a análise anteriormente a sua execução pela empresa e projetistas responsáveis,
pois um tratamento de fundação como esse sendo executado sem real necessidade resultaria
em maiores prazos e custos à obra.

A execução de furos de verificação após a conclusão da cortina de injeção também seria de


grande valia, pois dessa maneira seria possível analisar o coeficiente de permeabilidade do
maciço rochoso após tratamento, trazendo melhores resultados a análise da eficiência da
mesma.

Além do mais, para uma melhor análise de tratamento da vedação em rocha sugere-se utilizar
de equipamentos e ferramentas em obra necessários para que se possa obter dados a fim de
aprofundar o estudo referente a subpressão.
61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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geradoras de energia, 2011. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes
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caracterização hidráulica de maciços rochosos. 2015. 162 f. Dissertação (Mestrado em
Geotecnia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Caparica,
2015. Disponível em: < https://run.unl.pt/bitstream/10362/16392/1/Amaro_2015.pdf>. Acesso
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Rio de Janeiro, 1995. 18 p. Disponível em:
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ANEXO 01 – Mapa geológico de Santa Catarina (CPRM, 2014)


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ANEXO 02 – Mapa hidrogeológico de Santa Catarina (CPRM, 2014).

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ANEXO 03 – Resultados de ensaio de perda d’água (Elaborada pela Autora).


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ANEXO 04 – Relatório de Injeção nos furos (Elaborado pela Autora).

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ANEXO 05 – Consumo de calda de cimento por trecho de 0 -3 M; 3 -5 M; 5 – 7 M, em Kg/m


(Elaborado pela Autora).

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ANEXO 06 - Resultados do ensaio de Perda d’água em por trecho de 0 -3 M; 3 -5 M; 5 – 7


M, em L/min x Metros (Elaborado pela Autora).

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