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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS
CURSO DE ENGENHARIA MECANICA

ROMÁRIO CÁSSIO CABREIRA BARBOSA

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE RECALQUE DE ÁGUA


PARA UM PRÉDIO DE CINCO ANDARES

Panambi
2019
2

ROMÁRIO CÁSSIO CABREIRA BARBOSA

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE RECALQUE DE ÁGUA


PARA UM PRÉDIO DE CINCO ANDARES

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito parcial para aprovação na
disciplina de Trabalho de Conclusão do curso de
Engenharia Mecânica da Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof. Me Roger Schildt Hoffmann

Panambi
2019
3

RESUMO

O presente estudo tem como tema central a análise e o dimensionamento de um


sistema de abastecimento de água predial. Um sistema de abastecimento
equivocadamente projetado pode causar situações de insalubridade, devido ao ruído,
e consumo excessivo de energia. Ao projetar um sistema é preciso considerar fatores
como tempo de operação do conjunto motobomba, vazão e consumo diário máximo,
para que a tomada de decisões não seja errada. Este trabalho busca determinar,
pontualmente, quais as falhas no sistema atual e projetar um sistema novo que atenda
às necessidades do local e solucione os problemas apontados. Para isto, durante o
embasamento teórico, foram pesquisadas literaturas na área de mecânica dos fluidos,
máquinas de fluxo e hidráulica aplicada com o intuito de inserir o tema em sua área
de estudo. Após a pesquisa, se recolheu dados referentes ao sistema atual e aplicou-
se cálculos de perda de carga e rendimento, para determinar as condições do sistema
atual. Com isto, determinou-se um sistema novo através dos dados anteriores. Os
resultados obtidos foram satisfatórios, aumentando o rendimento do sistema de
aproximadamente 13% para 48%, reduzindo a potência do motor em ½ cv e ampliando
a vazão em duas vezes seu valor original.

Palavras-chave: Perdas de carga. Rendimento. Altura Manométrica.


4

ABSTRACT

The present study has as its central theme the analysis and design of a building water
supply system. A wrongly designed supply system can cause unhealthy situations due
to noise and excessive power consumption. When designing a system, it is necessary
to consider factors such as pump set operating time, flow rate and maximum daily
consumption, so that the decision making is not wrong. This work seeks to determine
punctually what are the failures in the current system, and from these design a new
system that meets the needs of the site and solves the problems pointed out. For this,
during the theoretical basis, literature was researched in the area of fluid mechanics,
flow machines and applied hydraulics in order to insert the theme in their area of study.
After the survey, data regarding the current system were collected and load loss and
yield calculations were applied to determine the conditions of the current system. With
this, a new system was determined through the previous data. The results obtained
were satisfactory, increasing the system efficiency from approximately 13% to 48%,
reducing the engine power by ½ hp and increasing the flow by two times its original
value.

Keywords: Losses of charge. Yield. Head height.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Bomba Centrífuga ..................................................................................... 11


Figura 2 - Regimes de escoamento .......................................................................... 18
Figura 3 - Escoamento turbulento ............................................................................. 18
Figura 4 - Diagrama energético ................................................................................. 22
Figura 5 - Esquema de um ramal de abastecimento d’água ..................................... 23
Figura 6 - Esquema de um sistema de abastecimento indireto ................................. 24
Figura 7 - Ábaco de Fair-Whippel-Hsiao para tubulações de PVC............................ 35
Figura 8 - Fotografia de filamentos para diversos valores de Reynolds .................... 40
Figura 9 - Esquema de bomba centrífuga com rotor aberto ...................................... 42
Figura 10 - Curvas típicas para uma determinada bomba centrífuga ........................ 44
Figura 11 - Modelo da motobomba instalada ............................................................ 50
Figura 12 - Curva característica da bomba F6C........................................................ 51
Figura 13 - Rendimento da motobomba modelo F6C ............................................... 51
Figura 14 - Manômetro Mecaltec............................................................................... 52
Figura 15 – Dispositivo instalado para medir a pressão em relação a vazão ............ 53
Figura 16 - Curva real característica da bomba ........................................................ 54
Figura 17 - Comparativo entre curvas do sistema real e do fabricante ..................... 55
Figura 18 - Curva da bomba F5C FAMAC ................................................................ 63
Figura 19 - Curva bomba x sistema .......................................................................... 66
Figura 20 - Curva bomba x sistema novo .................................................................. 68
Figura 21 - Curva de rendimento bomba F5C ........................................................... 67
6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Viscosidade Dinâmica da água em função da temperatura ..................... 15


Tabela 2 - Viscosidade Cinemática em relação a temperatura ................................. 16
Tabela 3 - Velocidades e vazões máximas em tubulações de instalações prediais.. 26
Tabela 4 - Consumo médio por residência ................................................................ 27
Tabela 5 - Taxa de ocupação de acordo com a natureza do local ............................ 28
Tabela 6 - Consumo médio por dimensão de habitantes do local ............................. 28
Tabela 7 - Valores sugeridos para o coeficiente C .................................................... 33
Tabela 8 - Comprimentos equivalentes a perdas localizadas, em metros de
canalização para PVC ............................................................................................... 38
Tabela 9 - Rugosidades e coeficientes por material .................................................. 41
Tabela 10 - Classificação de bombas centrífugas ..................................................... 43
Tabela 11 - Rendimentos nominais mínimos padronizados ...................................... 46
Tabela 12 - Dados levantados do sistema de recalque de um prédio em Cruz Alta
(RS) ........................................................................................................................... 52
Tabela 13 - Resultados do experimento para construção da curva da bomba ......... 53
Tabela 14 - Cálculo de perda de carga para tubulação DN 32 ................................. 57
Tabela 15 - Cálculo de perda de carga para tubulação DN 25 ................................. 57
Tabela 16 - Comparativo entre Flamant e Fair-Whipple-Hsiao ................................. 58
Tabela 17 - Valores adotados para traçar a curva do sistema antigo ....................... 65
Tabela 18 - Valores adotados para traçar a curva do sistema antigo ....................... 67
Tabela 19 - Comparativo de variáveis do sistema novo e antigo .............................. 69
7

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................... 12
1.1.1 OBJETIVOS GERAIS .............................................................................. 12
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 12
2 EMBASAMENTO TEÓRICO ......................................................................... 13
2.1 CONCEITOS E PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FLUIDOS ..................... 13
2.1.1 Massa específica e peso específico..................................................... 14
2.1.2 Viscosidade dinâmica e cinemática ..................................................... 14
2.1.3 Classificação dos escoamentos de fluidos ......................................... 16
2.2 FUNDAMENTOS DE HIDRÁULICA ........................................................... 18
2.2.1 Elevação mecânica da água e conceito de vazão............................... 19
2.2.2 Lei da conservação de massa .............................................................. 20
2.2.3 Lei da conservação de energia e Teorema de Bernoulli .................... 21
2.3 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS ................................................ 22
2.3.1 Ramal de abastecimento ....................................................................... 23
2.3.2 Sistemas de abastecimento e dimensão dos reservatórios ............. 24
2.3.3 Velocidades mínima e máxima ............................................................. 25
2.3.4 Critério para previsão de consumo de água ....................................... 26
2.3.5 Vazão a ser considerada para o alimentador predial ......................... 28
2.3.6 Dimensionamento dos encanamentos de sucção e de recalque ...... 29
2.4 PERDAS DE CARGA ................................................................................. 30
2.4.1 Fórmula de Darcy-Weisbach ou fórmula Universal ............................ 31
2.4.2 Fórmula de Hazen-Williams .................................................................. 32
2.4.3 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao e Flamant .......................................... 34
2.4.4 Perdas de carga localizadas ................................................................. 36
2.4.5 Método dos comprimentos virtuais ..................................................... 37
2.4.6 Perda de carga devida ao estreitamento da seção ............................ 38
2.4.7 Número de Reynolds............................................................................. 39
2.4.8 Coeficiente de atrito e rugosidade relativa ......................................... 40
2.4.9 Diagrama de Moody .............................................................................. 40
2.5BOMBAS E ESTAÇÕES DE BOMBEAMENTO .......................................... 41
8

2.5.1 Bombas Centrífugas ............................................................................. 42


2.5.2 Curvas características da bomba e do sistema .................................. 43
2.5.3 Potência e rendimento .......................................................................... 45
2.5.4 Energia disponível no líquido na entrada da bomba ou NPSH ......... 47
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 48
4 DESENVOLVIMENTO .................................................................................. 50
4.1 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES DO SISTEMA.............................. 50
4.2 CURVA CARACTERÍSTICA DA BOMBA ATUAL ...................................... 52
4.3 PERDAS DE CARGA NO SISTEMA ATUAL ............................................. 55
4.4 CONSUMO E DIMENSIONAMENTO DOS RESERVATÓRIOS ................ 59
4.5 VAZÃO MÍNIMA E DESCARGA A SER BOMBEADA ................................ 60
4.6 DIÂMETROS NA SUCÇÃO E NO RECALQUE ......................................... 61
4.7 PERDAS DE CARGA NO SISTEMA NOVO .............................................. 61
4.8 POTÊNCIA MOTRIZ NECESSÁRIA E SELEÇÃO DA BOMBA ................. 62
4.9 CURVA DO SISTEMA X CURVA DA BOMBA ATUAL .............................. 64
4.10 CURVA DO SISTEMA X CURVA DA BOMBA NOVA .............................. 66
4.11 COMPARATIVO ENTRE O SISTEMA ATUAL E O PROJETADO ........... 68
5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 70
REFERÊNCIAS................................................................................................ 72
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1 INTRODUÇÃO

Segundo Pritchard (2011), os humanos buscam o controle da natureza desde


a antiguidade. Os homens de outrora carregavam à água através de baldes, e
conforme grupos maiores se formaram, este processo começou a ser mecanizado.
Uma das primeiras máquinas a ser desenvolvida foi o Parafuso de Arquimedes, este
que facilitou e revolucionou a qualidade de vida da época que tinha como função
elevar a água.
Assim como observou Çengel (2012), um dos primeiros problemas de
engenharia enfrentados pela humanidade, à medida que as cidades foram se
desenvolvendo, foi o suprimento de água para uso doméstico e irrigação de
plantações. O estilo de vida urbano só́ pode ser mantido com abundância de água, e
está claro através da arqueologia, que cada civilização de sucesso da pré-história
investiu na construção e manutenção dos sistemas de água.
Mais tarde grandes avanços ocorreram, como por exemplo, a criação do
moinho de vento, que captava a energia do vento, porém com capacidades
energéticas limitadas, pois era um mecanismo de grande porte e com uma resistência
natural ao movimento. Junto com o moinho de vento vieram as rodas D’água Romanas
que tornaram possível o aproveitamento de grandes potenciais energéticos em um
mesmo local.
Em um dia típico se usa inúmeros equipamentos deste tipo, água
pressurizada nas torneiras, secadores de cabelo, carros que, assim como Çengel
(2012) observou, possuem todos os componentes associados a mecânica dos fluidos
e as máquinas de fluxo, do transporte de combustível do tanque aos cilindros da
tubulação de combustível, bomba de combustível, injetores de combustível ou
carburador, bem como a mistura do ar com o combustível nos cilindros e a descarga
dos gases de combustão dos tubos de exaustão são analisados usando-se a
mecânica dos fluidos. A mecânica dos fluidos também é usada no projeto do sistema
de aquecimento e ar condicionado, dos sistemas de freio hidráulico, direção hidráulica,
transmissão automática e do sistema de lubrificação, no projeto do sistema de
refrigeração do bloco do motor, incluindo o radiador e a bomba d’agua, e até́ nos
pneus.
Um dos principais motivos que levou ao avanço tecnológico na área de
10

máquinas de fluxo e mecânica dos fluidos foi a necessidade do homem em facilitar o


acesso a água. A água é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva, no
homem, mais de 60% do seu peso é constituído por água, seu papel no
desenvolvimento da civilização é reconhecido desde a mais alta antiguidade;
Hipócrates (460-354 A.C.) já afirmava: “a influência da água sobre a saúde é grande”.
O homem tem necessidade de água de qualidade adequada e em quantidade
suficiente para todas suas necessidades, não só para proteção de sua saúde, como
também para o seu desenvolvimento econômico. Assim, a importância do
abastecimento de água deve ser encarada sob o aspecto sanitário e econômico.
(CARESTIATO, A. & ABREU, 1999).
O uso de água fria potável nos prédios constitui condição indispensável para
o atendimento das mais elementares condições de habitabilidade, higiene e conforto.
Apesar de essa realidade não ser negada por ninguém, na prática às vezes ela se
apresenta de modo diverso. O abastecimento público de água pode apresentar-se de
modo deficiente ou insuficiente. Há quem procure reduzir o custo da construção de
um prédio sacrificando as instalações, seja com o inadequado emprego de certos
materiais, seja com o subdimensionamento das tubulações, peças e equipamentos.
O desconforto, os prejuízos e as questões que decorrem do descaso para com o
projeto, as especificações e a execução das instalações infelizmente são realidades
que ninguém ignora e que muitos experimentam pessoalmente. (ARCHIBALD
MACINTYRE, 2010).
Devido à importância da água na vida da sociedade, percebe-se o quanto é
necessário que os sistemas de abastecimento sejam eficazes. Estes que são
basicamente compostos por bombas centrífugas, que têm a função de fornecer
energia para o fluido transformando a energia mecânica do motor em energia cinética
e potencial no fluido.
Além das bombas centrifugas é necessário que também se considere as
tubulações por onde a água será transportada, muitas vezes o dimensionamento ou
escolha errada desta, pode ocasionar em pressões e vazões baixas, ocasionando em
problemas de falta de água ou até mesmo o uso ininterrupto da bomba centrífuga.
Este que ocasiona em um alto consumo de luz assim como uma situação insalubre
devido ao ruído gerado pela bomba.
11

Ao observar estas questões e aplicá-las no cotidiano, foi possível verificar que


o sistema de abastecimento de água de um prédio localizado no noroeste do Rio
Grande do Sul está inadequado, este apresenta uma bomba de água constantemente
ligada, inclusive durante o período noturno, causando uma situação de desconforto
para os moradores. Na Figura 1 monstra-se a bomba atual existente no edifício e que
será analisada no presente trabalho.
Figura 1 - Bomba Centrífuga

Fonte: Autor.

Através desta situação exposta, propõem-se uma análise do caso, tendo


como objetivo criar uma proposta de melhoramento no projeto original, para isto será
necessário fazer um levantamento de dados, calcular as perdas de carga, dimensionar
a rede de recalque do fluido, dimensionar uma bomba centrífuga ideal, calcular a
vazão da rede e comparar ao consumo dos moradores.
Ao fim deste estudo, além de agregar conhecimento nas áreas de máquinas
de fluxo, mecânica dos fluidos e hidráulica, também será possível apresentar uma
proposta de adequação do sistema de recalque de água do prédio para o síndico,
possibilitando o acúmulo de conhecimento ao pesquisador, assim como proporcionará
12

um aumento na qualidade de vida dos moradores, ao solucionar questões levantadas


pelos moradores.
1.1 OBJETIVOS

Os objetivos que a pesquisa acadêmica busca atingir, são elementos que


resumem e apresentam a ideia principal do trabalho. Sendo a função do Objetivo Geral
expressar a delimitação do tema, enquanto dos Objetivos Específicos a de apresentar
os passos que levaram ao Objetivo Geral.

1.1.1 OBJETIVOS GERAIS

Analisar o sistema de abastecimento de água atual de um prédio de cinco


andares localizado em Cruz Alta (RS), a partir destas informações coletadas,
dimensionar um sistema novo, que solucione problemas apontados no sistema antigo,
focando na redução de ruídos e ciclos de trabalho do sistema.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos são:


 estudar bibliografias quanto a hidráulica aplicada em sistemas prediais,
máquinas de fluxo, mecânica dos fluidos e bombas e instalações de bombeamento;
 fazer um levantamento de todos os dados referentes ao sistema antigo,
diâmetro de tubulações, comprimento, número de curvas, potência da bomba, vazão,
consumo, capacidade dos reservatórios;
 calcular perdas de carga e rendimento real da bomba atual;
 dimensionar sistema de abastecimento novo;
 apresentar dados comparativos entre o sistema antigo e o sistema projetado;
 apresentar os resultados para o síndico do prédio e sugerir modificação dos
itens que não estiverem adequados ou ideais.
13

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

O embasamento teórico é a base que proporciona fundamentação ao


trabalho, através da referência de autores que têm autoridade nos assuntos
abordados na tese, é possível comprovar que os métodos utilizados são adequados
e que têm valor científico.
Para que seja possível apresentar uma alternativa ao problema proposto nos
objetivos, será necessário como primeiro passo uma revisão bibliográfica de todos os
temas que possibilitam a compreensão dos fenômenos físicos envolvidos no
transporte de fluídos.

2.1 CONCEITOS E PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FLUIDOS

Conforme Potter (2014), a compreensão correta da mecânica dos fluidos é


extremamente importante em muitas áreas da engenharia. Na biomecânica, os fluxos
de sangue e do fluido cerebral, assim como na meteorologia e na engenharia
oceanográfica onde a compreensão do deslocamento dos movimentos do ar e das
correntes marítimas requer um conhecimento da mecânica dos fluidos.
Segundo White (2014), toda a matéria encontra-se somente em dois estados,
fluido e sólido. A diferença técnica entre os dois estados está́ na reação de cada um
deles à aplicação de uma tensão de cisalhamento ou tangencial. Um sólido pode
resistir a uma tensão de cisalhamento, já um fluido não é capaz do mesmo. Qualquer
tensão de cisalhamento aplicada a um fluido, não importa quão pequena ela seja,
resultará em movimento daquele fluido. O fluido escoa e se deforma continuamente
enquanto a tensão de cisalhamento estiver sendo aplicada. Um fluido em repouso
deve estar em um estado de tensão de cisalhamento igual a zero, um estado
geralmente chamado de condição de estado hidrostático de tensão, em análise
estrutural.
A partir desta definição deve-se ressaltar também que existem dois tipos de
fluidos, sendo eles líquidos e gases. White (2014) diz que o líquido é composto por
moléculas relativamente agrupadas com forças coesivas fortes, tende a manter seu
volume e formar uma superfície livre em um campo gravitacional, já um gás tem suas
14

moléculas amplamente espaçadas. O liquido conserva seu volume e forma uma


superfície livre caso esteja em um recipiente, enquanto o gás fica sem restrições e se
expande, ocupando todo espaço disponível.

2.1.1 Massa específica e peso específico

Segundo Azevedo Netto (1998), a massa de um fluido em uma unidade de


volume é denominada densidade absoluta, ou massa específica, sendo assim
demonstrada através da Equação 1.

= (1)

Na qual:
- densidade absoluta ou massa específica, em kg/m³;
m – massa, em kg;
V – volume, em m³.

Já o peso específico é a propriedade que exprime o peso de determinada


unidade de volume do fluido. Representada pela Equação 2.

= (2)
Na qual:
- peso específico, em N/m³;
– aceleração da gravidade, em m/s².

Azevedo Netto (1998) ressalta que, em termos práticos, é possível dizer que a
densidade da água é igual à unidade e que sua massa específica é de 1 kg/ ℓ, assim
como seu peso específico é de 9,8 N/ ℓ.

2.1.2 Viscosidade dinâmica e cinemática

Conforme Azevedo Netto (1998), quando um fluido escoa, verifica-se um


15

movimento relativo entre as suas partículas, este acaba resultando em um atrito entre
as mesmas. Viscosidade é a propriedade responsável pela sua resistência a
deformação.
Segundo Potter (2014), a viscosidade é responsável pelas perdas de energia
associadas ao transporte de fluidos em tubulações. Além disso, a viscosidade tem um
papel primário na geração de turbulência. Logo, a taxa de deformação de um fluido é
diretamente ligada à sua viscosidade, para uma determinada tensão um fluido
altamente viscoso deforma-se numa taxa menor que um fluido com baixa viscosidade.
Pode-se observar também a viscosidade como a aderência interna do fluido,
esta é responsável pelas perdas de energia associadas ao transporte de fluidos em
dutos, canais e tubulações. Os fluidos podem ser subdivididos em newtonianos ou
não newtonianos (AZEVEDO NETTO 1998).
Fluidos não newtonianos podem ser subdivididos em dilatantes, que se
tornam mais resistentes ao movimento conforme a taxa de deformação aumenta, ou
pseudoplásticos que apresentam menor resistência ao movimento com maiores taxas
de deformação. Já os fluidos newtonianos segundo Potter (2014), são aqueles que
possuem uma taxa de deformação diretamente proporcional as tensões tangenciais
aplicadas a ele, exemplos destes são o ar, água e o óleo.
De forma geral, a viscosidade de um fluido depende da temperatura e da
pressão, embora segundo Çengel (2012) esta dependência da pressão seja fraca.
Através de experimentos, pesquisadores foram capazes de determinar a variação dos
valores da viscosidade dinâmica da água para diferentes temperaturas, como é
demonstrado na Tabela 1.
Tabela 1 - Viscosidade Dinâmica da água em função da temperatura

Temperatura °C . 10 Temperatura °C . 10

0 1791 30 799
2 1674 40 653
4 1566 50 549
5 1517 60 469
10 1308 70 407
15 1144 80 357
20 1008 90 317

Fonte: Azevedo Netto (1998).


16

É notável a importância de se considerar a temperatura do local ao fazer


pesquisas na área de Mecânica dos Fluidos, pois a variação da viscosidade dinâmica
da água é considerável em relação a temperatura. Outra variável que é de grande
importância para a análise do comportamento de fluidos é a viscosidade cinemática,
esta que é uma relação entre a viscosidade dinâmica e a densidade do fluido, pode
ser expressa através da Equação 3.

= (3)

Na qual:
– viscosidade cinemática, em m²/s;
– viscosidade dinâmica, em N.s/m²;
– massa específica, em kg/m³.

Segundo Azevedo Netto (1998), através da Tabela 2 é possível verificar


diversos valores de viscosidade cinemática em relação a temperatura.
Tabela 2 - Viscosidade Cinemática em relação a temperatura
Temperatura Temperatura Temperatura
10 10 10
°C °C °C
0 1.792 14 1.172 28 839
2 1.673 15 1.146 30 804
4 1.567 16 1.112 32 772
5 1.519 18 1.059 34 741
6 1.473 20 1.007 36 713
8 1.386 22 960 38 687
10 1.308 24 917 40 657
12 1.237 26 876 50 556

Fonte: Azevedo Netto (1998).

2.1.3 Classificação dos escoamentos de fluidos

No processo de classificação dos fluidos, é possível subdividi-los em viscosos


e não viscosos, conforme Çengel (2012) ressalta, não existe fluido com viscosidade
nula e, assim, todo o escoamento de fluidos envolve efeitos viscosos de algum grau.
17

Os escoamentos com efeitos do atrito significativos chamam-se escoamentos


viscosos. Entretanto, em muitos escoamentos de interesse pratico, há regiões
(tipicamente regiões afastadas de superfícies sólidas) onde as forças viscosas são
pequenas quando comparadas às forças inerciais e de pressão. Desprezar os termos
viscosos em regiões de escoamento não viscoso simplifica bastante a análise, sem
muita perda de precisão.
Além do fator viscosidade ser levado em consideração na hora de classificar
a forma de escoamento, também é necessário observar se este é interno ou externo,
Çegel (2012) observa que os escoamentos internos são dominados pela influência da
viscosidade em todo o campo do escoamento. Nos escoamentos externos, os efeitos
viscosos estão restritos às camadas limites próximos das superfícies sólidas e às
regiões de esteira a jusante dos corpos.
Durante o escoamento de um fluído, este pode também ser caracterizado
como compressível ou incompressível, de acordo com a sua variação de densidade.
Quando um escoamento é classificado como incompressível, isto significa que sua
relação massa por volume se manteve aproximadamente constante durante o seu
movimento.
As densidades dos líquidos são essencialmente constantes e, portanto, esse
escoamento é tipicamente incompressível. Portanto, os líquidos são comumente
chamados de substancias incompressíveis. Por exemplo, uma pressão de 210 atm
atuando sobre água liquida causa mudança no valor da densidade dessa água a 1
atm de somente 1%. Gases, por outro lado, são altamente compressíveis. A mu-
dança de pressão de apenas 0,01 atm., por exemplo, causa uma mudança de 1% na
densidade do ar atmosférico. (Çengel, 2012)
Ao se tratar de escoamentos viscosos se pode ainda classificá-los como
laminares, transitórios ou turbulentos conforme Figura 2, ao caracterizar um
escoamento laminar Potter (2014) observa que este escoa sem nenhuma mistura
significativa entre suas partículas vizinhas, sendo que no caso da introdução de um
corante no escoamento, ele não se misturaria com o fluido vizinho, a não ser por meio
da atividade molecular, este manteria sua identidade por um período de tempo
relativamente longo. As tensões de cisalhamento viscosas sempre influenciam um
escoamento laminar.
18

Figura 2 - Regimes de escoamento

Fonte: Azevedo Netto (1998).

Já quanto a escoamentos turbulentos, representados pela Figura 3, os


movimentos deste fluido variam irregularmente, assim como sua velocidade e pressão
demonstra variação aleatória de acordo com coordenadas do espaço e tempo, logo,
ao repetir o experimento da adição de corante no escoamento, seria possível verificar
uma mistura imediata dos fluidos.
Figura 3 - Escoamento turbulento

Fonte: Çengel (2012).

2.2 FUNDAMENTOS DE HIDRÁULICA

O significado etimológico da palavra Hidráulica, de acordo com Azevedo Netto


(1998) é “condução de água”, atualmente, este termo é aplicado para o estudo do
comportamento da água e de outros líquidos, tanto em repouso quanto em
movimento. A hidráulica geral, que está muito próxima da mecânica dos fluidos, e se
subdivide em Hidrostática, Hidrocinemática e Hidrodinâmica. Sendo a Hidrostática o
19

estudo dos fluidos em repouso, a Hidrocinemática o estudo de velocidades e


trajetórias, desconsiderando forças ou energia e a Hidrodinâmica que se refere às
velocidades, acelerações e forças que atuam em fluidos em movimento. (AZEVEDO
NETTO, 1998).
Conforme surgiram problemas práticos que necessitavam fazer uso dos
conceitos de Hidráulica Geral para serem solucionados, Azevedo Netto (1998)
observa que a Hidrodinâmica, em face das características dos fluidos reais, que
apresentam grande número de variáveis físicas, o que tornava seu equacionamento
altamente complexo, até mesmo insolúvel, derivou para a adoção de certas
simplificações tais como a abstração do atrito interno, trabalhando com o denominado
“fluido perfeito”, resultando em uma ciência matemática com aplicações práticas
bastante limitadas.
Logo para que estas situações práticas fossem solucionadas, diversos
engenheiros se voltaram para a experimentação, desta forma criando fórmulas
empíricas que se encaixavam nas necessidades apresentadas. Assim surge a
Hidráulica Aplicada, que, de acordo com Azevedo Netto (1998), é a aplicação prática
dos conhecimentos científicos da Mecânica dos Fluidos e da observação criteriosa
dos fenômenos relacionados à água, quer parada ou em movimento.

2.2.1 Elevação mecânica da água e conceito de vazão

A elevação ou bombeamento de um fluido é a operação, na qual uma bomba


centrífuga transfere energia para um fluido. Ou seja, como Macintyre (2010) nota a
bomba uma máquina geratriz hidráulica, que transforma o trabalho mecânico que
recebe de um motor elétrico em energia hidráulica, sob as formas que o liquido é
capaz de absorver energia potencial de pressão e energia cinética.
Pode-se chamar de vazão o volume de um determinado fluido, que atravessa
uma determinada secção em uma unidade de tempo qualquer, ou seja, através da
Equação 4, pode-se expressar a vazão.

= . = (4)
Na qual:
20

– vazão, em m³/s;
- área da seção transversal, em m²;
- velocidade média do escoamento na seção, em m/s.

Segundo Macintyre (2010), é notável a necessidade que o engenheiro que


estiver projetando sistemas de abastecimento se atente as exigências cada vez mais
rigorosas impostas aos projetistas, provando necessário um amplo conhecimento na
área, para que sejam feitas as devidas considerações quanto a situação aplicada.

2.2.2 Lei da conservação de massa

Na hidráulica e na mecânica dos fluidos em geral, é preciso respeitar algumas


leis básicas que norteiam as etapas e cálculos envolvidos neste processo. A lei da
conservação de massa ou equação da continuidade determina que a vazão mássica
que entra no sistema tem de ser igual a vazão mássica na saída deste mesmo
sistema. Sendo assim para uma secção qualquer a vazão mássica é dada pela
Equação 5.
̇ = (5)
Na qual:
̇ - vazão mássica kg/s;
- velocidade média do fluido na secção m/s;
- massa específica do fluido kg/m³;
- área do escoamento m².

Como a vazão mássica de entrada têm de ser igual a de saída, logo se pode
deduzir a Equação 6.

̇ = ̇ (6)
Na qual:
̇ - vazão mássica de entrada;
̇ - vazão mássica de saída.
21

2.2.3 Lei da conservação de energia e Teorema de Bernoulli

Assim como a lei da conservação de massa, a lei da conservação de energia


expressa que toda energia que entra no sistema tem de sair de alguma forma, Çengel
(2012) ressalta que a energia pode ser transferida de ou para um sistema fechado por
calor ou trabalho, e o princípio de conservação da energia exige que a transferência
líquida de energia de ou para um sistema durante um processo seja igual à variação
da energia contida no sistema. Volumes de controle também envolvem transferência
de energia por meio do escoamento de massa.
Segundo Azevedo Netto (1998), o teorema de Bernoulli não é senão o
princípio da conservação da energia. Cada um dos termos da equação representam
uma forma de energia, sendo elas energia cinética, energia de pressão e energia de
posição ou potencial. Para a lei de conservação de energia aplicada a fluidos
incompressíveis, é aplicado o teorema de Bernoulli através da Equação 7.

+ + = + + +ℎ (7)
2 2
Na qual:
– velocidade média do escoamento na seção, em m/s;
– é a pressão na seção considerada, em kgf/m²;
– é o peso específico do fluido, em kgf/m³;
– energia potencial por unidade de peso, em m;
ℎ – perdas de carga entre seções 1 e 2 por unidade de peso.

Na Figura 4 é possível observar a variação, na linha de carga, que o fator de


perda de carga proporciona, assim ressaltando a importância de considera-lo no
equacionamento. Onde a viscosidade e o atrito externo são os principais responsáveis
pela diferença devido as forças de atrito, o escoamento só ocorre com uma perda de
energia. (AZEVEDO NETTO, 1998).
22

Figura 4 - Diagrama energético

Fonte: Azevedo Netto (1998).

2.3 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS

Segundo Macintyre (2010), há quem procure reduzir o custo de construções


de um prédio ao sacrificar as instalações, empregando certos materiais inadequados,
ou subdimensionando tubulações, peças e equipamentos. O desconforto, os prejuízos
e as questões que podem acarretar com o descaso para com o projeto, são uma
realidade dos dias de hoje que podem acarretar graves problemas. Cabe ao projetista
dimensionar os sistemas de forma correta, para evitar estas situações.
As redes de abastecimento de água potável das cidades compreendem as
adutoras, as linhas alimentadoras e as linhas distribuidoras. Às primeiras é reservado
o papel de aduzir a água dos mananciais às estações de tratamento e dessas aos
reservatórios principais, estabelecendo a intercomunicação entre eles. As linhas
alimentadoras servem para o abastecimento de reservatórios secundários e das linhas
distribuidoras. Unicamente a estas últimas cabe fornecer água as derivações para o
abastecimento de cada prédio (Macintyre 2010).
Diz-se que a operação de bombeamento consiste em fornecer energia ao
fluido para que possa executar o trabalho representado pelo deslocamento de seu
peso entre duas posições, sendo que para isto é necessário vencer as resistências
que se apresentarem em seu percurso. Esta energia que a bomba fornece ao liquido
23

tem o nome genérico de altura de elevação. Mas essa grandeza possui designações
especificas próprias conforme as condições e limites entre os quais se considere esse
fornecimento de energia. O termo altura deve ser entendido sempre como energia
cedida à unidade do peso de líquido e não apenas como desnível topográfico
(Macintyre 2010).
Segundo Azevedo Netto (1998), sempre é presumido que a água a ser
transportada nas instalações prediais é potável, porém, já não se pode ignorar que
existe um caminho, que começa a ser trilhado, separando o sistema de água predial
em dois tipos sendo uma mais nobre, que permanece sendo a água potável, e outro
para usos menos nobres, em que se aceitam águas de reuso, com certa salinidade
ou de outras origens (como águas pluviais armazenadas e tratadas).

2.3.1 Ramal de abastecimento

Segundo Macintyre (2010) o abastecimento de água aos prédios é feito a


partir da tubulação do distribuidor público por meio de um ramal predial, este formado
por um ramal externo, que é o trecho da tubulação compreendido entre o distribuidor
público de água e a instalação predial, sendo seu fim caracterizado pela presença do
aparelho medidor ou limitador de descarga. E um ramal interno de alimentação o qual
se estende a partir do medidor até a entrada do reservatório, conforme Figura 5.
Figura 5 - Esquema de um ramal de abastecimento d’água

Fonte: Macintyre (2010).


24

2.3.2 Sistemas de abastecimento e dimensão dos reservatórios

Os sistemas que tem como função abastecer os reservatórios de água de um


prédio são subdivididos em sistemas do tipo direto e indireto. Sistemas de
abastecimento classificados como direto são aqueles que a alimentação da rede
interna de distribuição é feita diretamente pelo alimentador, ou seja, pelo ramal predial.
Essa modalidade requer abastecimento público com abundância e pressões
suficiente, pois não existe qualquer reservatório no prédio. A rede interna é, por assim
dizer, uma extensão da rede pública (Macintyre 2010).
Já aqueles classificados como indiretos representados pela Figura 6, são
aqueles que adotam reservatórios para fazer frente à intermitência ou falhas no
abastecimento de água e às variações de pressão na rede pública decorrentes,
principalmente, das variações horárias de consumo ou até mesmo de problemas que
venham a surgir na região. Esse sistema permite que a rede pública, em vez de ser
dimensionada para a descarga máxima, seja projetada para atender à descarga
média. Possibilitando também que em possíveis falhas no sistema público, possam
ser supridos por seus reservatórios.
Figura 6 - Esquema de um sistema de abastecimento indireto

Fonte: Macintyre (2010).


25

Segundo Azevedo Netto (1998) Na América Latina, é generalizado o uso de


reservatórios prediais, sendo que capacidade total do reservatório de cada
consumidor costuma igualar-se ao consumo normal diário, ou até superá-lo. Por
razões econômicas, o reservatório superior geralmente é de menor capacidade, sendo
usuais as relações, para o reservatório inferior, de 60% a 80% do consumo diário e,
para o reservatório superior, de 20% a 40% do consumo diário.
Ainda segundo Macintyre (2010) a capacidade do reservatório superior deve
ser tal que, recebendo a água bombeada com vazão constante durante certos
períodos, possa atender ao consumo das peças, consumo este que ocorre de uma
forma variável.

2.3.3 Velocidades mínima e máxima

Conforme Azevedo Netto (1998), só há razão para temer uma velocidade


baixa pela possibilidade de deposição de matéria em suspensão, e isso só ocorre em
situações de água bruta com areias e outros materiais sedimentáveis em suspensão.
Em se tratando de água tratada, não há porque impedir velocidades baixas, exceto o
tempo de residência médio da água na rede, que pode afetar a qualidade da água a
ser distribuída. De forma geral, a NBR 12218 sugere uma velocidade mínima de 0,6
m/s para sistemas de abastecimento de água potável, mas de forma geral valores
acima de 0,4 m/s, dependendo da qualidade da água, já seriam suficientes.
Já quanto a velocidade máxima nas tubulações, algumas variáveis têm de ser
levadas em consideração, segundo Azevedo Netto (1998), alguns fatores importantes
são, condições econômicas, condições relacionadas ao bom funcionamento dos
sistemas, tais como ruídos e vibrações, estes que podem gerar situações insalubres,
limitações de perda de carga, desgaste de tubulações e peças e o controle da
corrosão.
Para canalizações prediais, a norma NBR 5626, sugere a adoção da Equação
8, que considera situações em que a velocidade seja elevada e cause ruídos nocivos.
26

≤ 14√ e ≤3 (8)
Na qual:
– velocidade na seção, em m/s;
– diâmetro, em m.

Conforme Azevedo Netto (1998), esses limites possibilitam critérios de pré-


dimensionamento das canalizações conforme Tabela 3, estes que têm o intuito de
facilitar o trabalho do projetista, proporcionando informações já levantadas
experimentalmente em outros momentos.
Tabela 3 - Velocidades e vazões máximas em tubulações de instalações prediais

Fonte: Azevedo Netto (1998).

Conforme Azevedo Netto (1998), com velocidades relativamente baixas são


minimizadas as perdas de carga de uma forma geral, porém, trabalhos recentes
indicam que velocidades baixas parecem colaborar para o aumento da rugosidade
dos tubos ao longo do tempo. Entretanto ainda não se têm estudos conclusivos quanto
a isso e se enfatiza que esta variação é muito pequena em materiais como o PVC.

2.3.4 Critério para previsão de consumo de água

Conforme Macintyre (2010) ressalta, em setembro de 1998 foi aprovada a


27

Norma NBR 5626, esta norma que fixa exigências técnicas mínimas quanto a
segurança, economia e conforto dos usuários, estudantes projetistas e profissionais
que lidam com instalações hidráulicas não podem prescindir da consulta e utilização
da NBR 5626:1998. Esta que dispõem de tabelas e métodos de previsão de consumo
de água para diferentes aplicações.
Segundo Macintyre (2010) o valor do consumo de água depende diretamente
da destinação ou finalidade do prédio cuja necessidade de abastecimento se está
procurando determinar. Tendo em vista a aplicação dos critérios em um edifício
residencial se faz uso da Tabela 4 para que seja possível definir as dimensões do
reservatório, a previsão, que é feita no dimensionamento das linhas abastecedoras
públicas, leva em conta o consumo global de cada habitante, muito embora esse
consumo se realize em vários locais, como na residência, na escola ou no local de
trabalho.
Tabela 4 - Consumo médio por residência

Fonte: Macintyre (2010).


Para que estas variações de local, e consequentemente fluxo de pessoas,
sejam consideradas é sugerido o uso da Tabela 5, que estima o número de habitantes
por metro quadrado em uma variedade de naturezas de locais
28

Tabela 5 - Taxa de ocupação de acordo com a natureza do local

Fonte: Macintyre (2010)

Tendo em vista a variedade de situações que podem surgir ao se estimar o


consumo diário de um determinado local, Macintyre (2010) sugere que alguns autores
optam por utilizar como primeiro critério de dimensionamento os valores dispostos na
Tabela 6, esta que estima a variedade de consumo em relação ao número de
habitantes do local em que se faz o estudo.
Tabela 6 - Consumo médio por dimensão de habitantes do local

Fonte: Macintyre (2010).

2.3.5 Vazão a ser considerada para o alimentador predial

No caso de um edifício residencial com distribuição indireta com reservatórios,


segundo Macintyre (2010), se admite que o abastecimento da rede seja contínuo e
que a vazão que abastece o reservatório seja suficiente para atender ao consumo
diário no período de 24 horas, embora, evidentemente, o consumo nos aparelhos varie
29

bastante ao longo desse período. A vazão, levando em consideração as observações


anteriores, pode ser encontrada dividindo a estimativa de consumo diário pelo número
de segundos de um dia comporta, conforme Equação 9.

= (9)
86.400
Na qual:
- vazão mínima, em l/s;
- consumo diário;

Porém, segundo Macintyre (2010), deve-se calcular a descarga com que a


bomba deverá funcionar, sendo necessário para isso que se façam hipóteses sobre o
modo como o consumo de água se processa no decorrer das 24 horas diárias e o
tempo durante o qual a bomba irá funcionar durante este período. Considerando que
a norma NBR 5626 estipula um valor mínimo de descarga, para uma situação em que
a bomba consiga suprir o consumo diário, em um período de 6,66 horas, ou seja, a
vazão mínima representa 15% do consumo diário.

2.3.6 Dimensionamento dos encanamentos de sucção e de recalque

Segundo Macintyre (2010), com a finalidade de reduzir as perdas de carga


nas linhas de sucção e de recalque, e o efeito do golpe de aríete nas de recalque,
deve-se adotar valores relativamente baixos para as velocidades de escoamento do
líquido. Isso significa que os diâmetros podem vir a ser superiores aos das bocas de
sucção e de recalque das bombas. A NBR 5626:1982 recomenda o emprego da
Equação de Forchheimmer para escolha do diâmetro do encanamento de recalque,
conforme Equação 10.


= 1,3 . (10)
24

Na qual:
– diâmetro nominal do encanamento de recalque, em m;
30

– vazão da bomba, em m³/s;


ℎ - número de horas de funcionamento no período de 24 horas.

Segundo Macintyre (2010), a norma fixa como o período máximo de 6,66


horas por dia para o funcionamento do sistema, mas nada impede o projetista de
determinar um sistema com valores abaixo deste. Quanto ao diâmetro do
encanamento de sucção é escolhido adotando-se no mínimo uma bitola comercial de
tubo, imediatamente acima do de recalque.

2.4 PERDAS DE CARGA

Um dos principais fatores a ser considerado na hora de dimensionar um


sistema de abastecimento, é a perda de carga causada por componentes na linha de
alimentação do fluido.
O atrito causado nas paredes, cria uma resistência natural ao movimento do
fluido, esta que deve ser considerada no momento de efetuar os cálculos. Assim, Netto
(1998) diz que, quando um escoamento se faz em regime turbulento, a resistência é
considerada como o efeito combinado das forças devidas à viscosidade e a inercia.
Logo um tubo com paredes mais rugosas, tem capacidade de causar um regime ainda
mais turbulento.
Ao falar em perdas de carga Macintyre (2010) ressaltou a importância de
considera-la ao dimensionar sistemas de bombeamento de distribuição de água para
prédios, é imprescindível calcular a energia que o liquido irá despender para escoar
no encanamento, isto é, a perda de carga na tubulação.
Ressaltando ainda que perda de carga, ou de energia, resulta do atrito interno
do liquido, isto é, de sua viscosidade, da resistência oferecida pelas paredes em
virtude de sua rugosidade e das alterações nas trajetórias das partículas liquidas
impostas pelas peças e dispositivos intercalados na tubulação (Macintyre 2010).
Quando se trata de canalizações, que não são constituídas unicamente por
tubos retilíneos, fica mais evidente a necessidade de se acrescentar estes dados aos
cálculos de dimensionamento, redes de abastecimento tendem a possuir inúmeros
componentes em todo o percurso de fluxo do fluido.
31

Vários são os métodos que nos permitem calcular as perdas de carga,


começando pelo método científico através da fórmula de Darcy-Weisbach, a uma
variedade de fórmulas empíricas determinadas através de experimentos. Vale
ressaltar que as fórmulas empíricas normalmente só se aplicam ao fluido em que
foram ensaiadas, e a temperaturas muito semelhantes, uma vez que não incluem
termos relativos às propriedades físicas do líquido.
Segundo Azevedo Netto (1998) enquanto algumas equações foram
estabelecidas com base em poucos dados, outras decorreram da análise de milhares
de observações. Cada fórmula de resistência costuma ser apresentada com a
indicação dos limites para a sua aplicação, sendo geralmente limitada por seu
diâmetro ou velocidades de escoamento nas tubulações. Esses valores estabelecidos
pelos próprios autores das equações ou fixados pelos engenheiros interessados na
sua aplicação.
Flamant focou seus experimentos em tubos de até 90 cm de diâmetro, logo
sua fórmula tem sido recomendada para tubulações de maior diâmetro. Já as
investigações conduzidas por Hazen e Williams incluíram dados sobre dutos de 25
mm de diâmetro até cerca de 4.500 mm, mostrando uma ampla área de aplicação
para sua equação 12. (AZEVEDO NETTO, 1998).

2.4.1 Fórmula de Darcy-Weisbach ou fórmula Universal

Conforme Azevedo Netto (1998), Darcy teve o grande mérito de ter sido o
primeiro investigador a considerar a natureza e o estado das paredes dos tubos, isto
é, foi quem primeiro apresentou uma fórmula moderna. Assim obtendo uma equação
que é reconhecida e utilizada há cerca de 150 anos.
Após inúmeras experiências Darcy e Weisbach, propuseram uma expressão
geral da perda de Carga através da Equação 11, podendo está se aplicar em qualquer
líquido escoando em uma tubulação de seção circular.

ℎ = . . (11)
2
Na qual:
32

ℎ – perda de carga, em m;
– coeficiente de atrito, adimensional;
– comprimento da tubulação, em m;
– velocidade do escoamento, em m/s;
– diâmetro da secção, em m;
– aceleração da gravidade, em m/s².

Porém, Azevedo Netto (1998) observa que esta apresenta inconvenientes


quanto a precisão ao se determinar o coeficiente , podendo desta forma tornar o uso
da equação problemático. Em contrapartida a fórmula universal, têm-se as equações
empíricas, estas que foram formuladas através da observação prática de gráficos em
situações reais.

2.4.2 Fórmula de Hazen-Williams

Segundo Azevedo Netto (1998), esta é a fórmula empírica consagrada pelo


uso, pela tradição de resultados satisfatórios e facilidade de uso via tabelas, há de
permanecer em uso por muito tempo no meio dos engenheiros, em que pese a
campanha pelo abandono das fórmulas empíricas e tentativas de obrigatoriedade do
uso do método científico. Sendo possível ainda através desta se estimar o
envelhecimento dos tubos, esta que é uma variável de grande importância para
determinadas aplicações, demonstrada pela Equação 12.

, , , (12)
= 10,643. . .
Na qual:
– perda de carga unitária, em m/m;
– vazão, em m³/s;
– rugosidade das paredes internas, adimensional;
– diâmetro da seção, em m.

Através de experimentos criou-se uma Tabela 7, a qual determina diferentes


33

valores para o coeficiente , de acordo com material, diâmetro e tempo de uso. Dentre
as vantagens da aplicação deste método, Azevedo Netto (1998) ressalta que, deve se
observar que esta resultou de um estudo estatístico considerando dados
experimentais disponíveis, obtidos anteriormente de um grande número de fontes, e
de observações dos próprios autores, em materiais tão variados quanto tubos de aço,
de ferro fundido, de concreto, de alvenaria, de madeira, de latão, chumbo e de vidro.
Tabela 7 - Valores sugeridos para o coeficiente C

Fonte: Azevedo Netto (1998).

Conforme Azevedo Netto (1998), A fórmula de Hazen-Williams tem sido


preconizada para tubulações acima de 50 mm de diâmetro, devido aos seus
34

experimentos terem sido focados em tubulações acima desta dimensão.

2.4.3 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao e Flamant

Esta fórmula foi proposta em 1930, e é amplamente reconhecida e utilizada


para diâmetros pequenos, entre 12 e 50mm, sendo inclusive recomendada pela norma
brasileira para instalações prediais NBR5626/1998, pode ser aplicada tanto para tubos
hidraulicamente rugosos, quanto para tubos hidraulicamente lisos, para tubulações de
PVC rígido é dada pela Equação 13 ou podendo ser expressa através da vazão pela
Equação 14.

,
= 0,000874 (13)
,

, , (14)
= 55,934. .
Na qual:
– perda de carga, em m/m;
– vazão em, m³/s;
– diâmetro, em m.

Conforme Azevedo Netto (1998), a norma brasileira para instalações prediais


(NBR 5626/98) recomenda o emprego das fórmulas de Fair-Whipple-Hsiao,
considerando a perda de carga em kPa/m, conforme Equação 15, para tubulações de
PVC rígido.

. , (15)
= 8,69. 10 . .
Na qual:
– perda de carga, em kPa/m;
– vazão, em l/s;
– diâmetro, em mm.

Quanto ao método descrito acima, Macintyre (2010) ressalta que a partir desta
35

equação foi possível a criação dos ábacos de Fair-Whipple-Hsiao, através deste pode-
se com duas grandezas descobertas, encontrar outras duas incógnitas, ao traçar uma
reta entre as variáveis conhecidas.
Sendo assim possível confirmar através do ábaco representado na Figura 7,
que os cálculos efetuados estão corretos, desta forma proporcionando segurança ao
projetista quanto aos seus equacionamentos, ou permitindo que para resultados
imediatos, utilize-o como primeira ferramenta de determinação das variáveis.
Figura 7 - Ábaco de Fair-Whippel-Hsiao para tubulações de PVC

Fonte: Macintyre (2010).


36

Outra forma também bastante utilizada em tubulações de dimensão pequena


é a de Flamant (1892), e é dada pela Equação 16.

.
= . (16)
4

Na qual:
– diâmetro, em m;
– velocidade, em m/s;
– perda de carga, em m/m;

Para tal fórmula, é preciso ajustar o coeficiente de acordo com a aplicação


a qual está sendo calculada, sendo o valor de para tubos de PVC igual a 0,000120
é possível então encontrar a Equação 17, para canos de plástico.

, , (17)
= 4.0,000120. .
Na qual:
– perda de carga, em m/m.

2.4.4 Perdas de carga localizadas

Além da perda de energia ocorrida ao longo da tubulação, as peças especiais,


conexões e válvulas. Também são responsáveis por perdas de energia, por causarem
turbulência, alterarem a velocidade, mudarem a direção dos filetes, aumentarem o
atrito e provocarem choques das partículas liquidas. Essas perdas, localizadas onde
existem as peças mencionadas, são chamadas de locais, localizadas ou acidentais
(Macintyre 2010).
Ao ser calculada a perda de carga de uma tubulação se deve, portanto,
adicionar à perda de carga normal, isto é, ocorrida ao longo do encanamento, as
perdas de carga correspondentes a cada uma dessas peças, conexões e válvulas.
Podendo haver mais de um método para determinar estes valores.
37

As perdas localizadas podem ser desprezadas nas tubulações longas cujo


comprimento exceda cerca de 4.000 vezes o diâmetro. São ainda desprezíveis nas
canalizações em que a velocidade é baixa e o número de peças especiais não é
grande. Assim, por exemplo, o engenheiro, usando sua percepção, saberá se vale a
pena sair calculando as perdas localizadas ou se estas podem ser incluídas em um
coeficiente de segurança ou no coeficiente de rugosidade e não ser levadas em
consideração nos cálculos de linhas adutoras, redes de distribuição etc. (AZEVEDO
NETTO 1998).
Tratando-se de canalizações curtas, segundo Azevedo Netto (1998), bem
como de tubulações que incluem grande número de peças especiais, é importante
considerar as perdas acidentais. Tal é o caso das instalações prediais e industriais,
dos encanamentos de recalque e dos condutos forçados das usinas hidrelétricas.

2.4.5 Método dos comprimentos virtuais

Conforme Azevedo Netto (1998) ressalta, uma alternativa para levar em conta
as perdas singulares ou localizadas é a dos comprimentos virtuais. Uma tubulação
que possui diversas peças especiais, sob o ponto de vista de perdas de carga,
equivale a uma tubulação retilínea de comprimento maior. É nesse simples conceito
que se baseia o artifício, de grande utilidade na prática para a consideração das
perdas localizadas.
Este método segundo Azevedo Netto (1998), se baseia na ideia de adicionar
à extensão da tubulação, para simples efeito de cálculo, comprimentos que
correspondam à mesma perda de carga que causariam as peças especiais existentes
na tubulação. A cada peça corresponde um certo comprimento fictício e adicional.
Levando em consideração todas as peças especiais, curvas, válvulas, registros e
demais causas de perdas singulares, chega-se a um comprimento virtual de
canalização.
Ao somar os comprimentos equivalentes ao comprimento total do trecho de
tubulação, é possível a partir deste comprimento total, aplicar em umas das equações
de perda de carga, assim determinando a perda de carga total do projeto.
A NBR 5626:1998 propõem o uso da Tabela 8 que normatiza os comprimentos
38

equivalente de vários componentes usuais em instalações hidráulicas do tipo PVC


rígido.
Tabela 8 - Comprimentos equivalentes a perdas localizadas, em metros de canalização para PVC

Fonte: Azevedo Netto (1998).


Com estes dados disponíveis é possível fazer o cálculo de perdas de carga
para componentes, da mesma forma que é feita para tubulações retas, ao adicionar
os comprimentos virtuais ao comprimento de tubulação reta do sistema.

2.4.6 Perda de carga devida ao estreitamento da seção

Segundo Azevedo Netto (1998), a perda decorrente da redução brusca de um


determinado diâmetro, de uma seção A1 para uma seção A2, é dada pela Equação
18, sendo o coeficiente dimensionado pela Equação 19:

ℎ = . (18)
2.
Na qual:
– velocidade na seção de menor diâmetro, em m/s.

sendo:
4
= 1− (19)
9
39

2.4.7 Número de Reynolds

Conforme Çengel (2012) a transição do escoamento laminar para turbulento


depende da geometria, da rugosidade da superfície, da velocidade de escoamento,
da temperatura da superfície e do tipo de fluido, entre outros fatores. Após inúmeros
experimentos, Osborne Reynolds descobriu que o regime de escoamento depende
principalmente da razão entre as forças inerciais e as forças viscosas de um fluido.
Esta que se pode expressar, para uma aplicação em escoamentos internos e em tubos
circulares pela Equação 20.

.
= (20)

Na qual:
– Número de Reynolds, adimensional;
– Viscosidade cinemática, em m²/s;
– Velocidade de escoamento na secção, em m/s;
– Comprimento característico da geometria ou Diâmetro, em m.

Na maioria das condições práticas, o escoamento de um tubo circular é


laminar para um valor do número de Reynolds inferior ou igual a 2000, turbulento para
valores superiores ou igual a 4000 e consequentemente o que estiver dentro desta
faixa se caracteriza como um escoamento de transição, nesta zona dificilmente é
possível determinar com precisão a perda de carga nas canalizações, na Figura 8 é
possível visualizar diferentes tipos de filamento para diversos valores do número de
Reynolds.
40

Figura 8 - Fotografia de filamentos para diversos valores de Reynolds

Fonte: Azevedo Netto (1998).

2.4.8 Coeficiente de atrito e rugosidade relativa

Segundo Azevedo Netto (1998), o coeficiente de atrito , adimensional, é


função do número de Reynolds e da rugosidade relativa. A espessura ou altura “e”
das asperezas (rugosidade) dos tubos pode ser avaliada determinando-se valores
para e/D.
Conforme Azevedo Netto (1998), nos problemas de escoamento de fluidos
em canalizações, considera-se como valor de “ ” a rugosidade equivalente, isto é, a
rugosidade correspondente ao mesmo valor de que se teria para asperezas
constituídas por grãos de areia. Através do uso do Diagrama de Moody ou até mesmo
do Diagrama de Rouse, é possível então determinar o valor de , ressaltando a
aplicação deste coeficiente na fórmula de Darcy-Weisbach.

2.4.9 Diagrama de Moody

Para que seja possível determinar as perdas de carga em um sistema, é


necessário primeiro definir quais os valores de coeficiente de atrito se aplicam a
determinada situação. Ao definir os conceitos para dimensionamento do coeficiente
de atrito Macintyre (2010) diz que fazendo uso dos valores do número de Reynolds e
o valor da rugosidade relativa é possível obter o fator de atrito através do diagrama de
41

Moody (Anexo A).


Esses diagramas são universais, isto é, prestam-se a líquidos de qualquer
viscosidade e qualquer regime de escoamento, seja ele laminar, de transição ou
turbulento podendo ser utilizados para tubulações quaisquer que sejam suas
rugosidades. Fica assim evidenciada a utilidade do emprego deste gráfico,
notadamente em instalações industriais, onde o escoamento de líquidos de elevada
viscosidade se realiza muitas vezes em regime laminar.
Para facilitar a determinação dos coeficientes necessários para este cálculo,
Macintyre (2010) propõem uma Tabela 9 que lista alguns dos principais materiais
utilizados na fabricação de tubulações, listando a rugosidade e os coeficientes de
atrito de alguns materiais.
Tabela 9 - Rugosidades e coeficientes por material

Fonte: Macintyre (2010)

2.5 BOMBAS E ESTAÇÕES DE BOMBEAMENTO

Conforme Azevedo Netto (1998), bombas são dispositivos mecânicos que


introduzem “energia” em uma porção de massa de água, seja elevando sua posição,
seja aumentando sua velocidade, mas sempre transformando trabalho mecânico. A
energia muitas vezes introduzida por motores elétricos.
Existem diversos tipos de bombas, cada uma normalmente voltada para uma
aplicação específica, fatores como a pressão, vazão, tipos de fluido a serem
transportados e posição de instalação, são algumas das variáveis a se considerar na
hora da seleção. Podendo ainda serem classificadas sumariamente por bombas de
deslocamento positivo, turbobombas ou bombas especiais.
42

Segundo Macintyre (2010), bombas de deslocamento positivo têm uma ou


mais câmaras em cujo interior o movimento de um órgão propulsor comunica energia
de pressão ao fluido, provocando seu escoamento. Proporcionando assim as
condições para que se realize o escoamento na tubulação de sucção até́ a bomba, e
na tubulação de recalque até́ o ponto de utilização.
Já quanto as turbobombas, Macintyre (2010) diz que são caracterizadas por
possuírem um órgão rotatório dotado de pás, chamado de rotor, que exerce sobre o
fluido forças que resultam da aceleração. Essa aceleração, não possui a mesma
direção e o mesmo sentido do movimento do liquido em contato com as pás.
Ainda segundo Macintyre (2010), a função do rotor da bomba centrífuga,
representando na Figura 9, também denominado impulsor ou impedidor, é comunicar
a aceleração à massa líquida, para que adquira energia cinética e de pressão e se
realize assim a transformação da energia mecânica de que está dotado. Podendo este
ser classificado como fechado, quando houver uma coroa sobre as pás, ou aberto
quando não houver esta coroa.
Figura 9 - Esquema de bomba centrífuga com rotor aberto

Fonte: Macintyre (2010).


2.5.1 Bombas Centrífugas

Na hidráulica, bombas centrífugas são amplamente utilizadas, segundo


Azevedo Netto (1998), representam 90% das aplicações, sendo geralmente
43

acionadas por motores elétricos, estas possuem diversos tipos e podem sem
classificadas quanto ao movimento do líquido, admissão do líquido, número de
rotores, tipo de rotor, posição do eixo e pressão, de forma simplificada esta
classificação é representada através da Tabela 10.
Tabela 10 - Classificação de bombas centrífugas

Fonte: Azevedo Netto (1998).

2.5.2 Curvas características da bomba e do sistema

Ao dimensionar um sistema de recalque de água, Azevedo Netto (1998)


ressalta que é importante observar as curvas características da bomba centrífuga,
esta que geralmente é fornecida pelo fabricante, esta demonstra resultados de ensaio
de uma bomba centrífuga funcionando com velocidade constante, está em rotações
por minuto, que são então representados em um diagrama traçando as curvas
características conforme Figura 10, de carga, rendimento e potência absorvida, em
relação à vazão.
44

Figura 10 - Curvas típicas para uma determinada bomba centrífuga

Fonte: Azevedo Netto (1998)

Para a curva característica do encanamento, segundo Macintyre (2014), é


representada pela Equação 21, através de experimentos foi possível determinar que
a perda de carga varia praticamente com o quadrado da velocidade e, portanto, com
o quadrado da descarga, quando não a modificações no encanamento.

=ℎ + ( ) (21)
Na qual:
– altura útil de elevação, em m;
ℎ – altura estática, em m;
– coeficiente de perda de carga característico do sistema, adimensional;
– vazão, em m³/h.

Conforme Macintyre (2010), a Equação 21 pode ser representada por uma


curva de formato parabólico, desenhando esta curva com seu vértice em ℎ de origem,
45

se têm a representação gráfica da altura manométrica em relação a vazão, indicando


o valor de energia necessário fornecer ao fluido para que escoe no encanamento e
atinja a outra extremidade com a energia cinética desejada.
Através desta curva é possível determinar de que forma uma determinada
bomba irá operar, para isto é necessário traçar as curvas da bomba e do sistema em
um mesmo gráfico e o ponto onde as curvas se encontram indica o ponto de operação
da bomba.

2.5.3 Potência e rendimento

Segundo Azevedo Netto (1998), o conjunto elevatório deverá ser capaz de


transferir o trabalho necessário para transitar uma determinada massa de líquido entre
dois pontos, vencendo a diferença de nível mais as perdas de carga em todo o trajeto,
sendo esta perda por atrito ao longo da canalização e devidas às peças especiais.
A potência requerida para uma bomba centrífuga, segundo Azevedo Netto
(1998) é dada através da Equação 22, esta pode variar conforme se abre uma válvula
por exemplo.

. .
= (22)
75.
Na qual:
– potência, em CV;
– peso específico do líquido sendo elevado, em kgf/m³;
– altura manométrica, em m.c.a (metros de coluna de água);
– rendimento global do conjunto elevatório.

Para que seja possível determinar o rendimento global de uma bomba


centrífuga, necessita-se da determinação da altura manométrica , esta que é a
soma de um determinado número de variáveis, conforme Equação 23.

= +ℎ + +ℎ (23)
Na qual:
46

– altura de sucção, em m;
– altura de recalque, em m;
ℎ – perda de carga na sucção, em m;
ℎ – perda de carga no recalque, em m.

Já o rendimento segundo Azevedo Netto (1998) pode variar com a potência,


por motivos construtivos, sendo mais elevado para as máquinas de grande porte. O
rendimento também varia consideravelmente com a temperatura e a altitude. A
potência nominal indicada pelos fabricantes das máquinas elétricas geralmente é para
operação em regime contínuo, em ambientes com temperatura variando entre –30 ºC
e +40 °C e em altitudes até 1.000 m acima do nível do mar, como forma de determinar
o rendimentos mínimos se disponibiliza a Tabela 11, a qual demonstra o rendimento
mínimo de motores elétricos usuais de 1CV até 250CV, para uma avaliação mais
criteriosa é necessário recorrer ao catálogo dos fabricantes dos motores sendo
analisados.
Tabela 11 - Rendimentos nominais mínimos padronizados

Fonte: Azevedo Netto (1998).


47

2.5.4 Energia disponível no líquido na entrada da bomba ou NPSH

Conforme Azevedo Netto (1998), A sigla NPSH vêm do inglês “Net Positive
Suction Head”, é adotada universalmente para designar a “energia disponível na
sucção”, ou seja, a “carga positiva e efetiva na sucção”. Há dois valores a serem
considerados, sendo eles o “NPSH requerido” e o “NPSH disponível”, o primeiro é
uma característica hidráulica da bomba, fornecida pelo fabricante, já a segunda que é
uma característica das instalações de sucção que pode ser calculada através da
Equação 24.


í = + . 10 − ℎ (24)

Na qual:
– carga ou altura de água na sucção, o valor de sendo positivo se
afogada, em mca;
– pressão atmosférica no local, em Pa;
– pressão de vapor, em Pa;
– peso específico, em N/m³;
ℎ – soma de todas as perdas de carga na sucção, em mca.

A partir desta equação é possível determinas as condições de trabalho do


conjunto moto bomba, para que este funcione bem, é preciso que í seja
menor ou igual ao , sendo o segundo disponibilizado pelo fabricante.
48

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A partir do objetivo proposto de se analisar o sistema de abastecimento de


água de um prédio de cinco andares localizados em Cruz Alta, fez se necessário
determinar pontualmente quais características deste sistema não estavam de acordo,
seja com a norma NBR 5226 ou com as condições impostas aos moradores de modo
geral.
Após esta análise, foi feito um estudo mais aprofundado com o intuito de
propor um sistema novo de recalque de água potável. Este que supriria de forma mais
adequada as necessidades que o meio impõe, melhorando pontos característicos a
um sistema de abastecimento.
Para que este estudo fosse desenvolvido, fez-se necessário uma revisão
bibliográfica de todas as principais áreas de conhecimento que estão envolvidas neste
tema, para isto foram consultadas literaturas nas áreas de mecânica dos fluidos,
hidráulica geral, hidráulica aplicada em sistemas de abastecimento predial e bombas
e instalações de bombeamento.
Em seguida, para determinar as características do sistema atual, necessitou-
se fazer um levantamento de dados do aparelho, para isto foram medidos os
reservatórios superiores e inferiores com uma trena, determinando a largura, o
comprimento e a profundidade dos reservatórios, através destas medidas foram
determinados os respectivos volumes internos destes. Após esta etapa, foram
medidas as dimensões totais das tubulações de recalque e de sucção do conjunto de
abastecimento de água, determinando variáveis como o diâmetro e comprimento total
dos trechos.Posteriormente verificou-se o tipo de bomba centrífuga instalada,
apontando o modelo e a potência disponível da bomba. Através destas informações
se obteve o catálogo do fabricante, o qual demonstra o rendimento ideal da bomba,
assim como sua vazão e altura manométrica suportada.
Para determinar a vazão real do conjunto motobomba atual, foi calculada a
área superficial do reservatório inferior, após determinar a área da superfície do
tanque inferior, o conjunto motobomba foi acionado e utilizando uma trena e um
cronômetro, foram anotadas diversas alturas do nível da água do reservatório em uma
variação de minuto a minuto. Depois deste levantamento de dados, calculou-se o
49

volume de água transportado no período de um minuto, multiplicando a média das


alturas pela área superficial do reservatório. Após determinar o volume dividiu-se por
sessenta segundos, para assim determinar a vazão do sistema em m³/s.
Em um segundo momento, como forma de criar uma curva característica da
bomba real, foi instalado na linha de recalque um dispositivo provido de um
manômetro e um registro, através deste mecanismo determinou-se a pressão do
sistema em mca para diversos valores de vazão, ao fechar o registro e restringir a
passagem do fluido, houve um aumento da pressão registrada no manômetro e uma
redução na vazão do sistema. Com estes valores determinados e tabelados, através
do Excel traçou-se a curva característica do sistema real, esta que posteriormente foi
comparado com a disponibilizada pelo fabricante.
Então, para determinar a curva do sistema, foram calculadas as perdas de
carga na linha de recalque para determinar a altura manométrica do sistema, após
determinar esta variável, novamente utilizou-se o programa Excel para traçar a curva
do sistema, para isto foi determinada a equação característica da curva, e aplicando
diferentes valores de vazão na fórmula, foi obtida uma tabela vazão em relação a
altura manométrica, que aplicou-se no software e gerou a curva. Então através destas
etapas confirmou-se que as condições de trabalho do sistema de abastecimento de
água atual não estão adequadas.
Como forma de propor soluções para as condições inadequadas que o
sistema se encontra, fez-se uso dos estudos na área de hidráulica predial aplicada,
para dimensionar um sistema novo que atenda as exigências impostas pelo local.
Para isto foi necessário calcular o consumo diário máximo presumido, este em uma
situação em que todos os apartamentos e escritórios do edifício estejam habitados.
Após estimar este consumo, dimensionou-se o volume dos reservatórios inferiores e
superiores, com este valor estabelecido foi possível determinar uma vazão ideal para
a bomba centrífuga do sistema novo, levando em consideração o período de trabalho
desejado para o sistema.
Enfim após obter-se todos os detalhes do sistema novo proposto, é
apresentado um comparativo entre as condições atuais do sistema de abastecimento
e as do conjunto projetado, desta forma ressaltando as vantagens, para o síndico, ao
se executar o projeto no edifício.
50

4 DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo serão detalhadas as etapas tomadas durante o decorrer do


estudo, aplicando as informações e conhecimentos adquiridos durante a revisão
bibliográfica, assim contextualizando e explicando os cálculos e passos do trabalho,
procurando representa-los de forma ordenada para então atingir os resultados.

4.1 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES DO SISTEMA

Para o sistema de abastecimento de água do edifício, poucas eram as


informações de fácil acesso, foi necessário ir a campo com instrumentos de medição
para extrair estes dados. Primeiramente foram levantadas informações sobre o
conjunto motobomba. Conforme mostra a Figura 11 é uma bomba centrífuga fabricada
pela empresa FAMAC Industria de Máquinas Ltda., de modelo F6C e monofásico,
possuindo uma potência de 1CV e uma velocidade de rotação de 3500 rpm.
Figura 11 - Modelo da motobomba instalada

Fonte: Autor.

Através desta informação pesquisou-se no catálogo do fabricante o modelo


da motobomba, para conseguir o máximo de informações relacionadas a forma
correta de operação e aplicação deste equipamento, foi possível encontrar a curva
característica da bomba e a zona correta de aplicação desta segundo tabela
disponibilizada pelo fabricante disponível no ANEXO B. A curva característica da
51

bomba segundo o fabricante é ilustrada conforme Figura 12.


Figura 12 - Curva característica da bomba F6C

Fonte: Famac Ind. de Máquinas Ltda.


Além da curva característica do sistema, o fabricante também disponibiliza
uma curva do rendimento aproximado da bomba em relação a vazão em m³/h do
ambiente onde ela está sendo utilizada, conforme Figura 13.
Figura 13 - Rendimento da motobomba modelo F6C

Fonte: Famac Ind. de Máquinas Ltda.

Após recolher as informações referentes ao conjunto motobomba, foram


determinados os números de peças nas linhas de recalque e sucção, foram medidos
os comprimentos das tubulações, e foram medidas as dimensões dos reservatórios
para obter a capacidade de cada um deles. Foram então determinados os dados
conforme Tabela 12.
52

Tabela 12 - Dados levantados do sistema de recalque de um prédio em Cruz Alta (RS)


Sistema de recalque atual
Diâmetro na sucção da bomba. 32 mm
Diâmetro no recalque da bomba. 32 mm
Comprimento de tubulação DN 32 no recalque. 3,8 m
Comprimento de tubulação DN 25 no recalque. 25,38m
Curvas 90° DN 32 no recalque. 3
Curvas 90° DN 25 no recalque. 10
Reduções de DN 32 para DN 25. 1 (na linha de recalque)
Desnível geográfico. 12 m
Reservatório Inferior. 2000 l
Reservatório Superior. 10000 l
Vazão 0,603 l/s

Fonte: Autor.

Para determinar a vazão deste sistema, foram efetuadas diversas medidas do


volume do reservatório inferior em um período de vinte minutos, ao final, verificou-se
que o volume variava 36,18 l/min.
4.2 CURVA CARACTERÍSTICA DA BOMBA ATUAL

Para determinar de forma mais precisa as condições de trabalho da bomba,


foi proposta a criação da curva real de trabalho da bomba, para que esta pudesse ser
comparada com o modelo fornecido pelo fabricante, para isto foi necessário fazer um
experimento através do dispositivo da Figura 15, que tinha como função medir
diferentes valores de pressão para diversos valores de vazão, através do manômetro
representado na Figura 14.
Figura 14 - Manômetro Mecaltec

Fonte: Autor.
53

Figura 15 – Dispositivo instalado para medir a pressão em relação a vazão

Fonte: Autor.
Através do uso deste dispositivo foi então possível montar a Tabela 13, que
demonstra a variação da pressão em relação a vazão. Para que fosse possível impor
diferentes valores de vazão no equipamento, foi necessário a instalação de um
registro na linha de recalque, logo após o local onde o manômetro estava instalado.
Nesta etapa do experimento, após fazer a leitura da vazão e da pressão para uma
determinada posição do registro, este era então fechado cada vez mais, até atingir a
posição de totalmente fechado, sendo neste último o momento de pressão máxima
disponível da bomba.
Tabela 13 - Resultados do experimento para construção da curva da bomba

Vazão (l/s) Pressão (mca)

0,603 18
0,583 19
0,563 20
0,531 21
0 23

Fonte: Autor.
54

A partir dos dados levantados conseguiu-se traçar aproximadamente a real


curva característica da bomba, levando em consideração as condições em que está
se apresenta, através da Figura 16 pode-se observar a variação da pressão
representada em altura manométrica em m em relação a vazão em l/s.
Figura 16 - Curva real característica da bomba

Fonte: Autor.

Em um segundo momento traçou-se ambas curvas em um mesmo gráfico,


para efeitos de comparação entre a curva real do sistema e a fornecida pelo fabricante,
conforme Figura 17 é evidente a variação da posição da curva do sistema atual, notou-
se também que a pressão no fechamento, que segundo o fabricante deveria estar
próxima de 28 mca, não ultrapassou a faixa dos 23 mca.
55

Figura 17 - Comparativo entre curvas do sistema real e do fabricante

Fonte: Autor.

4.3 PERDAS DE CARGA NO SISTEMA ATUAL

Os cálculos de perda de carga têm como objetivo determinar a altura


manométrica do sistema de recalque atual, para que seja possível apontar se a bomba
aplicada nesta situação está de acordo com o que o local necessita, além de
possibilitar a comparação entre o funcionamento ideal do equipamento segundo o
fabricante com o funcionamento real. Para isto, em primeiro lugar são determinadas
as perdas de carga equivalentes para as curvas e reduções que existem nas linhas
de recalque.
As perdas na sucção foram desconsideradas pois a bomba está afogada, e a
linha de sucção é curta, fazendo uso do método de comprimentos virtuais foi possível
56

determinar quais seriam os comprimentos equivalentes para o número de peças


encontradas no conjunto. Através dos dados da Tabela 11 consultou-se o Anexo C, e
determinou-se que para um total de 10 curva de 90° DN 25 e 3 curvas de 90° DN 32,
o comprimento equivalente é de 6 metros na tubulação DN 25 e 2,1 metros na
tubulação DN 32.
Para determinar as perdas totais localizadas foi preciso ainda considerar a
perda pelo estreitamento da seção através da Equação 17, foi então possível calcular
o comprimento equivalente desta peça para uma velocidade na seção de 1,646 m/s e
gravidade 9,81 m/s², primeiramente aplicou-se a Equação 18 para determinar o
coeficiente .

4 21,6
= 1− = 0,0972
9 27,8
Logo:
1,646²
ℎ = . = 0,0972. = 0,0134
2. 2.9,81

Desta forma, ao adicionar a perda de carga pela redução, se obteve um


comprimento total equivalente as perdas localizadas na tubulação DN 25 de
aproximadamente 6,01 metros.
Com este valor determinado partiu-se para a aplicação das equações de
perda de carga normal, sendo necessário repetir esta etapa para ambos os diâmetros
presentes no recalque, como alternativa para calcular as perdas de carga optou-se
por fazer uso dos métodos empíricos de Fair-Whipple-Hsiao e de Flamant, pois estes
segundo a norma NBR 5626 são os mais indicados para tubos de diâmetros
pequenos.
Além disto notou-se ao aplicar a fórmula universal, que o escoamento se
encontrava na zona crítica do diagrama de Moody, representado no Anexo A, logo
tornando difícil a determinação do coeficiente de atrito com precisão. Utilizou-se
primeiramente a Equação 13 de Fair-Whipple-Hsiao para determinar as perdas de
carga em ambos trechos de tubulação DN 32 e DN25, fazendo uso das informações
da Tabela 14 para DN 32 e Tabela 15 para DN 25.
57

Tabela 14 - Cálculo de perda de carga para tubulação DN 32

Variáveis para cálculo da perda de carga no trecho DN 32

Comprimento no trecho DN 32 (m) 3,8


Comprimento equivalente das perdas localizadas (m) 2,1
Diâmetro interno (m) 0,0278
Vazão (m³/s) 6,03E-04
Velocidade na seção (m/s) 0,993

Fonte: Autor.

, ,
0,000603
= 0,000874 ,
= 0,000874 = 0,04987
0,0278 ,

Ao multiplicar o valor de pelo comprimento total equivalente do trecho DN


32, sendo este de 5,9 metros, foi obtido um total de 0,294 m de perda de carga no
trecho DN 32. Repetindo os equacionamentos para o trecho DN 25 foi possível obter.
Tabela 15 - Cálculo de perda de carga para tubulação DN 25

Variáveis para cálculo da perda de carga no trecho DN 25

Comprimento no trecho DN 25 (m) 25,38


Comprimento equivalente das perdas localizadas (m) 6,01
Diâmetro interno (m) 0,0216
Vazão (m³/s) 6,03E-04
Velocidade na seção (m/s) 1,646

Fonte: Autor.

, ,
0,000603
= 0,000874 ,
= 0,000874 = 0,16535
0,0216 ,

Multiplicando o valor de pelo comprimento total da tubulação de 31,39 metros, se


obteve uma perda total, na tubulação DN 25 de 5,19m. Em um segundo momento,
com objetivo de comparar os resultados de diferentes métodos empíricos foi aplicada
a Equação 17, referente a fórmula de Flamant, também muito utilizada na área de
Hidráulica Predial, sendo assim, se têm para DN 32:

, , , ,
= 4.0,000120. . = 0,00048. 0,993 . 0,0278 = 0,0418
58

Multiplicando o valor de pelo comprimento total da tubulação, se obteve uma


perda total de carga de 0,246m. Aplicando a mesma expressão para as tubulações de
diâmetro nominal 25, encontrou-se:

, , , ,
= 4.0,000120. . = 0,00048. 1,646 . 0,0216 = 0,138

Então aplicando o valor de no comprimento total da tubulação DN 25, se


obteve uma perda de carga total no trecho de 4,351 metros. Comparando todos os
resultados através da Tabela 16, percebe-se que a velocidade na seção do
escoamento tem de fato um grande papel na perda de carga, consequentemente o
diâmetro dos tubos também. Percebe-se também que os tubos do sistema atual foram
selecionados de forma errada, gerando grandes perdas no trecho de menor diâmetro.
Tabela 16 - Comparativo entre Flamant e Fair-Whipple-Hsiao

Método Diâmetro Perda de carga

Fair-Whipple-Hsiao 32 0,294
Fair-Whipple-Hsiao 25 5,190
Flamant 32 0,246
Flamant 25 4,351

Fonte: Autor.

Como já foi observado que a bomba está com o seu rendimento abaixo do
que o fabricante atesta, opta-se pela seleção do método de Fair-Whipple-Hsiao, pois
este permite checar os equacionamentos através do ábaco conforme Figura 7, neste
verificou-se que ao unir dois pontos marcados por variáveis conhecidas, os valores
encontrados para a perda de carga e velocidade de escoamento, conferem com os
calculados. Logo este método proporciona uma maior segurança quanto a
determinação das perdas.
Após obter os valores totais de perda de carga é então determinada a altura
manométrica total do sistema, através da Equação 21, conforme segue:

= +ℎ + +ℎ = 0 + 0 + 12 + 5,48 = 17,48
59

Através da altura manométrica determinada, aplicou-se a Equação 20, para


determinar o rendimento global aproximado, para que fosse possível comparar com
os valores do fabricante, considerando a bomba com 1 CV de potência foi feito o
cálculo conforme segue:

. . 1000.0,000603.17,48
= = = 0,14
75. 75.1

Após efetuar todos os cálculos para averiguar as condições de operação do


sistema de abastecimento de água potável do prédio, confirmou-se a hipótese de que
o sistema estava trabalhando aquém do que era devido. Nos próximos itens foi
efetuado o dimensionamento de um sistema de recalque novo, o qual deve atender
as necessidades do local e corrigir falhas da situação atual.

4.4 CONSUMO E DIMENSIONAMENTO DOS RESERVATÓRIOS

Para estimar o valor do consumo diário, foi necessário levar em consideração


todas as variáveis envolvidas no edifício, ou seja, foi preciso apontar qual a quantia
de apartamentos com dois dormitórios que existe no local, assim como o número de
escritórios. O consumo atual do local não foi levado em consideração, devido ao
grande número de apartamentos e salas comerciais que estão desocupados. Logo,
neste cálculo foi preciso avaliar um consumo máximo em que todos locais estivessem
ocupados e em seu pico de consumo.
Através da matrícula no registro de imóveis, foram adquiridas todas as
informações necessárias para os cálculos do consumo diário, a partir desta verificou-
se que o local possui um total de 11 apartamentos e 15 escritórios e salas comerciais.
Utilizando a Tabela 4 e a Tabela 5, foi calculado o consumo diário total, para os
apartamentos foi utilizado um consumo de 200 l/pessoa/dia, e foi considerada a
presença de 2 pessoas por dormitório, logo, como todos apartamentos possuem 2
dormitórios atingiu-se um consumo diário total para os apartamentos de 8800 l/dia.
Para determinar o consumo nos escritórios, utilizou-se da Tabela 5 e dos
valores estabelecidos para prédios de escritórios de mais de uma entidade locadora,
60

esta indica que para cada 5m² de área considera-se uma pessoa no cálculo. Somando
o total das áreas úteis dos imóveis, foi encontrado um valor de 855,3 m². Para um
consumo em edifícios de escritório de 50 l/dia/pessoa, e admitindo-se um total de
pessoas equivalentes a área útil de 171 pessoas, foi obtido um consumo nos
escritórios de 8553 l/dia. Somando o consumo dos apartamentos ao dos escritórios,
alcançou-se um consumo diário total de 17.353 l/dia.
A literatura nos diz que geralmente o reservatório inferior representa 60% da
capacidade de reserva total, no sistema atual este representa apenas 16,67%, esta
condição causa um problema na forma como o sistema atual opera, ocasionando
vários ciclos consecutivos em que a bomba liga e desliga de hora em hora,
considerando a vazão da bomba, em pouco menos de 1 hora ela é capaz de esvaziar
a reserva inferior, e assim que ela atinge um nível mínimo liga o sistema novamente.
Desta forma o sistema de abastecimento fica ativo durante horas, criando uma
situação de desconforto para os moradores.
Considerando as condições do local em que o estudo foi realizado, optou-se
por manter o reservatório superior da forma que está e apenas ampliar o inferior que
não está adequado. A partir dos valores determinados para o consumo diário, é usual
dimensionar os reservatórios de tal forma que tenham capacidade suficiente para
suprir o consumo diário máximo, levando em consideração os atuais reservatórios e
o espaço para ampliação disponível no local é determinado a modificação da
capacidade do reservatório inferior para 8.000 litros, que somados ao reservatório
superior já existente totalizam 18.000 litros.

4.5 VAZÃO MÍNIMA E DESCARGA A SER BOMBEADA

Após determinar as dimensões dos reservatórios e o valor do consumo diário,


através destas informações foi aplicada a Equação 9 para determinar em l/s a vazão
mínima da bomba, dada por:

17353
= = = 0,20 /
86400 86400
61

Ou seja, este valor de vazão indica que para um consumo de 17353 l/dia e
para um tempo de trabalho da bomba de 24 horas, a vazão é de 0,20 l/s. Porém, ao
projetar um sistema de abastecimento a norma NBR 5626 diz que a vazão mínima
ideal do conjunto elevatório, têm de ser o equivalente a capacidade de suprir o
consumo diário em ao menos 6,66 horas por dia. Para reduzir o tempo de operação
do sistema, tornando as instalações menos insalubres devido ao ruído excessivo para
os moradores, optou-se por um período de 5 horas de recalque, que tende a reduzir
consideravelmente o tempo de operação do sistema.
Logo, dividindo o consumo diário total pelo tempo desejado de operação do
sistema de recalque, se obteve um valor de vazão de 3,47 m³/h.

4.6 DIÂMETROS NA SUCÇÃO E NO RECALQUE

Através da Equação 10, que representa a fórmula de Forchheimer,


dimensionou-se um diâmetro para a tubulação de recalque que atenda a vazão de
3,47 m³/h sem gerar grandes perdas de carga, dada por:

ℎ 5
= 1,3 . = 1,3 9,64 10 . = 0,027
24 24

Logo, através deste valor para o diâmetro de recalque econômico, selecionou-


se uma tubulação comercial DN 32 em PVC, esta que é o diâmetro acima mais
próximo do valor calculado. Para as tubulações de sucção, adotou-se a sugestão da
NBR 5626, e foi selecionado o próximo diâmetro comercial disponível acima do
selecionado para o recalque, logo optou-se pela instalação de uma tubulação DN 40.

4.7 PERDAS DE CARGA NO SISTEMA NOVO

No dimensionamento do sistema novo, foram utilizadas grande parte das


medidas atuais do sistema, porém toda tubulação foi alterada para DN 32, o que afeta
diretamente as perdas de carga no sistema, além de ser considerada a nova vazão
62

calculada anteriormente. Para determinar as perdas de carga foi utilizado o método


de Fair-Whipple-Hsiao, através da Equação 13 para uma velocidade de escoamento
de 1,587 m/s, uma vazão de 3,47 m³/h e um diâmetro interno segundo o fabricante de
0,0278m para tubulações DN 32, se obteve:

, ,
0,000964
= 0,000874 ,
= 0,000874. = 0,113
0,0278 ,

Para determinar o comprimento total da tubulação, foi necessário somar a


distância dos tubos retos aos comprimentos equivalentes de 13 curvas DN 32, para
isto consultou-se a Tabela 3 onde foi determinado um comprimento equivalente de 9,1
metros para estas peças, este somado aos 29,18 metros do percurso gera um total
de 38,28 metros total de extensão. Multiplicando o coeficiente pelo comprimento
total, se obtêm uma perda de carga total de 4,325 metros no recalque.

4.8 POTÊNCIA MOTRIZ NECESSÁRIA E SELEÇÃO DA BOMBA

A potência necessária no conjunto motobomba, foi determinada através da


Equação 20 que inserindo os valores de altura manométrica e vazão, determinados
anteriormente, fornecem o valor em CV necessário no equipamento. Para um
rendimento global aproximado de 0,6 se obteve o desenvolvimento conforme segue:

. . 1000.9,64 10 . 16,325
= = = 0,42
75. 75.0,5

Utilizando a tabela para seleção de bombas centrífugas da empresa FAMAC


conforme Anexo B, entrando com as varáveis, vazão e altura manométrica,
selecionou-se o equipamento de vazão mais próximo da estipulada, logo optou-se
pelo uso do modelo F5C-R de ½ CV, modelo este que condiz com a potência
necessária calculada anteriormente.
Verifica-se após a seleção da bomba centrífuga a necessidade de se
redimensionar as tubulações de recalque, isto pois a vazão da bomba selecionada é
63

superior a vazão utilizada para os cálculos de diâmetro econômico. Consulta-se a


curva da bomba através da Figura 18 fornecida pelo fabricante, e se verifica que para
uma altura manométrica de 16,325 m, se têm uma vazão aproximada de 4,6 m³/h.
Após determinar a vazão da bomba selecionada, é refeito o cálculo do diâmetro
econômico do sistema.

Figura 18 - Curva da bomba F5C FAMAC

Fonte: Famac Ind. de Máquinas Ltda.

Aplicando a vazão determinada através da curva anterior na Equação 10, se


obtêm:

ℎ 5
= 1,3 . = 1,3 0,0013. = 0,032
24 24

Logo, devido a velocidade do escoamento ser superior nas tubulações com


o aumento da vazão, é necessário um diâmetro de tubulação superior. Para um
diâmetro interno acima de 32 mm é selecionada a tubulação de PVC DN 40, que
64

possui um diâmetro interno de 35,2 mm. Ao determinar o diâmetro das tubulações, foi
aplicada novamente a Equação 13 de Fair-Whipple-Hsiao, para perdas de carga
conforme:

, ,
0,0013
= 0,000874 ,
= 0,000874 ,
= 0,0623
0,0352

Através da Tabela 8 determinou-se que o comprimento equivalente de 13


curvas DN 40 é de 15,6 m. Este valor, somado ao comprimento das tubulações de
29,18 m, determina um comprimento total de 44,78 m. Multiplicando o valor
encontrado do coeficiente de perda de carga, pelo comprimento total da tubulação, foi
obtida uma perda de carga de 2,78 m. Ainda foi observado que, dividindo a vazão pela
área interna do tubo, é obtida uma velocidade de escoamento de 1,313 m/s, valor este
que está de acordo com os limites de velocidade sugeridos pela NBR 5626.

4.9 CURVA DO SISTEMA X CURVA DA BOMBA ATUAL

Com o intuito de demonstrar o ponto de operação atual do sistema foi traçada


uma curva a partir dos dados da Tabela 17. Para obter estes dados utilizou-se a
Equação 21 e isolando o coeficiente , admitindo uma altura manométrica de 17,48
m, uma altura topográfica de 12 m e uma vazão de 2,1708 m³/h, se obteve para o
sistema atual:

−ℎ 17,48 − 12
= = = 1,1629 (25)
2,1708

Logo, aplicando o fator e isolando a altura em função da vazão se obtêm a


seguinte expressão, que representa a curva do sistema:

= 12 + 1,1629( ) (26)
65

Inserindo esta expressão no Excel, e dividindo a vazão em diversos valores,


é possível obter os valores equivalentes da altura manométrica em relação a vazão,
traçando a curva conforme Figura 19.
Tabela 17 - Valores adotados para traçar a curva do sistema antigo

Vazão (m³/h) Perda (m) Vazão (m³/h) Perda (m)


0,21708 12,0 3,47328 23,8
0,43416 12,2 3,69036 25,3
0,65124 12,4 3,90744 26,9
0,86832 12,7 4,12452 28,6
1,0854 13,1 4,3416 30,4
1,30248 13,7 4,55868 32,3
1,51956 14,3 4,77576 34,3
1,73664 14,9 4,99284 36,3
1,95372 15,7 5,20992 38,5
2,1708 16,6 5,427 40,7
2,38788 17,6 5,64408 43,1
2,60496 18,6 5,86116 45,5
2,82204 19,8 6,07824 48,1
3,03912 21,0 6,29532 50,7
3,2562 22,3 6,5124 53,4
Fonte: Autor.

Na Figura 19 é possível observar duas situações, considerando que o ponto


onde as curvas se cruzam é o ponto de operação da bomba, no ponto onde a curva
do fabricante representada na cor vermelha encontra a curva do sistema representada
pela cor azul é possível traçar uma reta até o eixo x e determinar a vazão do sistema,
verificou-se através desta reta que a vazão da bomba para esse sistema, segundo o
fabricante, deveria ser de aproximadamente 3,3 m³/h. Na curva traçada através do
levantamento de dados do sistema representado pela Tabela 13, verifica-se que o
ponto onde as curvas se encontram indica uma vazão de aproximadamente 2,2 m³/h.
66

Figura 19 - Curva bomba x sistema

Fonte: Autor.

Através deste comparativo ressaltou-se a necessidade da troca deste


equipamento. Considerando que está motobomba está em operação a mais de 10
anos e que nunca houve um sistema de manutenções preventivas no equipamento, é
evidente os danos que o equipamento sofreu neste período. Verificou-se com o último
técnico que prestou manutenção na bomba centrífuga quais eram suas condições,
este ressaltou que a mesma foi recuperada através de solda no rotor, pois este estava
danificado, assim como seu eixo estava desalinhado. Devido a estas condições
expostas conclui-se a razão do baixo rendimento do equipamento quando comparado
aos gráficos fornecidos pelo fabricante.
Nos capítulos seguintes, foi dimensionado um sistema de abastecimento de
água novo, o qual, durante seu dimensionamento, foram considerados todos os
problemas levantados anteriormente. Para que, através destas informações, se
determinasse a melhor condição de operação do equipamento.

4.10 CURVA DO SISTEMA X CURVA DA BOMBA NOVA

Para determinar as curvas do sistema novo, foram seguidas as mesmas


67

etapas do tópico anterior e utilizando os dados do projeto, considerando uma altura


manométrica de 14,79 m e uma vazão de aproximadamente 4,6 m³/h, aplicando a
Equação 21 foi obtida a seguinte expressão para a curva do sistema:

= 12 + 0,1319( ) (27)

Através desta expressão foi possível traçar a curva característica do sistema


através do Excel utilizando a Tabela 18, conforme Figura 20.
Tabela 18 - Valores adotados para traçar a curva do sistema antigo

Vazão (m³/h) Perda (m) Vazão (m³/h) Perda (m)


0,347 12,04325 4,858 20,47718
0,694 12,173 5,205 21,73146
1,041 12,38926 5,552 23,07223
1,388 12,69201 5,899 24,49951
1,735 13,08127 6,246 26,0133
2,082 13,55703 6,593 27,61358
2,429 14,11929 6,94 29,30037
2,776 14,76806 7,287 31,07365
3,123 15,50332 7,634 32,93344
3,47 16,32509 7,981 34,87973
3,817 17,23336 8,328 36,91253
4,164 18,22813 8,675 39,03182
4,511 19,3094 9,022 41,23762
Fonte: Autor.

Além da curva do sistema foi adicionada a curva da bomba selecionada,


disponibilizada pelo fabricante conforme Figura 18, modelo F5C fabricante FAMAC.
Figura 20 - Curva de rendimento bomba F5C

Fonte: Famac Ind. de Máquinas Ltda.


68

Figura 21 - Curva bomba x sistema novo

Fonte: Autor.

Através deste gráfico foi possível determinar que a vazão da bomba, aplicada ao
sistema novo, será de aproximadamente 4,7 m³/h. A partir deste valor de vazão real
determinado, consultou-se a Figura 21 que demonstra a curva de rendimento da
bomba modelo F5C FAMAC.
Através desta imagem foi possível observar que nesta situação o
equipamento irá operar muito próximo de seu rendimento máximo, com um
rendimento próximo aos 48%.

4.11 COMPARATIVO ENTRE O SISTEMA ATUAL E O PROJETADO

Após determinar todas as variáveis de ambos os sistemas, foi proposta a


Tabela 19, que demonstra parte das vantagens da implantação do sistema projetado.
69

Tabela 19 - Comparativo de variáveis do sistema novo e antigo

Variáveis Sistema Atual Sistema Projetado Melhora

Altura Manométrica (mca) 17,48 14,79 15%


Perda de Carga (mca) 5,48 2,78 50%
Potência da Bomba (cv) 1 0,5 50%
Rendimento do sistema
14 48 34%
(%)
Reservatório Inferior (l) 2000 8000 300%
Vazão (m³/h) 2,17 4,7 116%
Velocidade no
1,65 1,34 19%
escoamento (m/s)

Fonte: Autor.

Foi possível determinar através destas comparações, que de fato o sistema


projetado apresenta diversas vantagens, como um aumento considerável no
rendimento, isto que pode gerar uma redução no custo de energia, a vazão do sistema
dobrou, a velocidade de escoamento está abaixo de 1,5 m/s, conforme a norma indica
e as perdas de carga apresentaram uma redução de aproximadamente 50%.
70

5 CONCLUSÃO

Este trabalho mostrou a análise e dimensionamento de um sistema de


recalque de água para um prédio de cinco andares. Este sistema apresenta problemas
como o ruído excessivo, causando desconforto aos moradores e ciclos de operação
extensos em que a bomba liga e desliga diversas vezes durante horas.
Através desta situação, foi proposta uma análise e levantamento de
informações, para comprovar que as condições de operação do sistema não estavam
adequadas. A partir dos dados coletados, foi dimensionado um novo sistema de
abastecimento. Visando atingir objetivos, foi necessária uma revisão bibliográfica, a
qual proporcionou os conhecimentos teóricos necessários para a execução deste
estudo.
Aplicando os conhecimentos adquiridos confirmou-se que este sistema de
abastecimento não estava adequado. O conjunto motobomba, a partir dos cálculos
efetuados, apresentou um rendimento global de aproximadamente 13%, a bomba em
questão apresenta uma vazão 20% abaixo do que o fabricante determina, além disso
o reservatório inferior possui apenas 2000L, representando apenas 16% da
capacidade de reserva do sistema.
Após confirmar que o sistema não estava operando de forma ideal, foi
projetado um novo sistema visando as necessidades do local em questão. Para isto,
foram estimadas variáveis como, o consumo diário máximo, a vazão ideal do sistema
e o tempo de operação diário do equipamento. Através destes dados, foi possível
determinar o projeto do sistema novo, que inclui o aumento da capacidade dos
reservatórios inferiores para 8000 L e uma bomba centrífuga de 0,5 CV.
Com a implantação do sistema projetado, foi possível atingir melhoras nas
condições insalubres encontradas no local, com um aumento na vazão de 2,17 m³/h
para 4,7 m³/h, uma ampliação do reservatório inferior em quatro vezes seu tamanho
original e uma melhora no rendimento do sistema para 48%, que, atualmente, gira em
torno de 14%. Através destas variáveis se atinge uma redução considerável no tempo
de operação do sistema, reduzindo ruídos e o consumo de energia gerado pelo
equipamento.
71

Os resultados deste trabalho permitiram apresentar ao síndico do prédio o


projeto de um sistema de abastecimento novo para o prédio em questão, juntamente
com dados comparativos entre a situação atual e a projetada, para demonstrar
pontualmente as melhoras que a implantação pode gerar. Ficando este responsável
pela análise de uma possível aplicação futura do projeto.
Por fim, os objetivos do estudo foram concluídos. Percebe-se através desta a
importância de aprofundar os conhecimentos adquiridos na graduação, permitindo
aplicar em situações reais as técnicas de pesquisa e componentes curriculares
expostos durante o curso, proporcionando um aprofundamento do conhecimento nas
áreas que se têm maior afinidade.
Como sugestão de uma nova pesquisa a partir deste tema, sugere-se um
estudo quanto à implantação de manutenções preventivas em sistema de
abastecimento de água para edifícios, especialmente aqueles que possuem projetos
antigos. Tal estudo terá grande papel na durabilidade dos equipamentos e
componentes destes sistemas.
72

REFERÊNCIAS

CARESTIATO, A. & ABREU, C.S. Programa Curso D'água. CEIVAP Comitê de


integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul, RIO de JANEIRO, 1999.

ÇENGEL., Y.CIMBALA e M., J. Mecânica dos Fluidos, 3ª edição, Porto Alegre,


2015, 990p.

FAMAC MOTOBOMBAS. Catálogo de Bombas FAMAC. Disponível em: <


http://www.famac.ind.br/pt> Acesso em: 23 de outubro de 2019

MACINTYRE Joseph A., Bombas e Instalações de Bombeamento, 2ª edição, Rio


de Janeiro, 2014, 782p.

MACINTYRE Joseph A., Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais, 4ª edição,


Rio de Janeiro, 2010, 580p.

NETTO, Azevedo, Manual de hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1998,
669p.

PRITCHARD, Philip j. Introdução a Mecânica dos Fluídos. 8ª Edição. Manhattan


College, 2011, 899p.

POTTER, M.Wiggert, D. e Ramadan, B., Mecânica dos Fluídos Tradução da 4ª


edição norte-americana, São Paulo, 2014, 717p.

WHITE e M., F., Mecânica dos Fluidos, 8th edição, São Paulo, 2018, 831p.
73

ANEXO(S)
Anexo A - Diagrama de Moody
74

Fonte: Azevedo Netto (1998).

Anexo A - Tabela FCA para seleção de bombas


75

Fonte: Famac Ind. de Máquinas Ltda.

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