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CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE ENERGIA

4o ANO 7 o SEMESTRE TURMA: E41

Tema: Aplicação do RCM para o caso de estudo do Grupo


Gerador da central Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
Subsistema em Analise: Sistema de Regulacao de Velocidade da
Turbina Hidraulica

Autor: Docente:
Gildo Domingos Massuanganhe Eng0 Félix Mateus
Número do Estudante
2017100404

Songo, Agosto de 2021


CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA
MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE ENERGIA

4o ANO 7 o SEMESTRE TURMA: E41

Tema: Aplicação do RCM para o caso de estudo do Grupo


Gerador da central Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
Subsistema em Analise: Sistema de Regulacao de Velocidade da
Turbina Hidraulica

Autor:
Gildo Domingos Massuanganhe
Número do Estudante
2017100404
Trabalho de investigação científica,
elaborado no seio do cumprimento do
programa da cadeira de Manutenção de
Docente: Sistemas de Energia, sobre tudo na
aplicação do RCM para fins avaliativos
Eng0 Félix Mateus

Songo, Julho de 2021


Lista de símbolos

HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa


RCM Reliability Centered Maintenance

SEP Sistema eléctrico de potência

MW MegaWatt

m3/s Metros cúbicos por segundo

rpm Rotações por minuto

TH Turbina hidráulica

Hz Hertz

M Metros

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Resumo

Este trabalho da cadeira de Manutenção de Sistemas de energia tem o objectivo de fornecer


ao meio académico um modelo de manutenção do regulador de velocidade para turbinas
hidráulicas de usinas hidreléctricas, em especial da hidroeléctrica de Cahora Bassa. O
regulador de velocidade realiza o comando de abertura ou fechamento do distribuidor ou bico
injector das turbinas hidráulicas Francis, Kaplan ou Pelton, regulando a vazão da água que
chega ao rotor da turbina. O sistema de regulação consiste em abordar diferentes condições
de operações do sistema (partida, parada e rejeição de carga) e proporcionar ao usuário o
controle das variáveis de processo: potência activa, velocidade, frequência e abertura a partir
de valores inseridos pelo operador.

Abstract

This work by the Power Systems Maintenance course aims to provide the academic world
with a model for maintaining the speed regulator for hydraulic turbines in hydroelectric
plants, in particular the Cahora Bassa hydroelectric plant. The speed regulator controls the
opening or closing of the distributor or injector nozzle of Francis, Kaplan or Pelton hydraulic
turbines, regulating the flow of water that reaches the turbine rotor. The regulation system
consists of addressing different operating conditions of the system (starting, stopping and
load shedding) and providing the user with control of process variables: active power, speed,
frequency and opening based on values entered by the operator.

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Índice
Índice de figuras ......................................................................................................................... 6

1. Introdução ........................................................................................................................... 7

1.1. Objectivo Geral ........................................................................................................... 8

1.2. Objectivos específicos ................................................................................................. 8

1.3. Metodologia de Investigação ...................................................................................... 8

2. Considerações gerais .......................................................................................................... 9

2.1. Conceitos básicos ........................................................................................................ 9

3. Regulador de Velocidade.................................................................................................. 10

3.1. Descrição do Grupo Gerador (equipamento em análise) .......................................... 10

3.1.1. Constituição ....................................................................................................... 10

3.1.2. Elementos constituintes do sistema ................................................................... 11

3.2. Funcionamento do equipamento ............................................................................... 12

3.3. Descrição do Regulador da velocidade (subsistema) ................................................ 12

3.3.1. Aspectos construtivos do regulador de velocidade ............................................ 16

3.3.2. Circuito hidráulico ............................................................................................. 16

3.3.3. Sistema de Regulação ........................................................................................ 18

3.4. Folha de informação do RCM ................................................................................... 21

3.5. Folha de decisão do RCM ......................................................................................... 24

4. Conclusão ......................................................................................................................... 27

4.1. Recomendações ......................................................................................................... 28

5. Referências bibliográficas ................................................................................................ 29

Links consultados..................................................................................................................... 29

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Índice de figuras

Figure 1: Interior da Central Sul da Hidroeléctrica de Cahora Bassa ...................................... 10


Figure 2: representação de um grupo gerador (gerador-turbina tipo Francis) ......................... 11
Figure 3: Esquema de funcionamento de um grupo gerador ................................................... 12
Figure 4: regulador de velocidade parte interna ...................................................................... 13
Figure 5: Diagrama do sistema de regulação e do sistema regulado ....................................... 14
Figure 6:Sistema de regulação da Turbinas Francis. ............................................................... 15
Figure 7: Interior do grupo gerador ......................................................................................... 15
Figure 8: Reservatório de óleo ................................................................................................. 16
Figure 9: Diagrama de blocos do sistema de bombeamento.................................................... 18
Figure 10: Válvula distribuidora (esquerda) e válvula de isolamento (direita) ....................... 18
Figure 11: Actuador ou bobina de imersão .............................................................................. 19
Figure 12: a)dispositivo de sobre-velocidade; b) Lógica de accionamento do dispositivo de
sobre-velocidade ...................................................................................................................... 20
Figure 13: Diagrama de blocos do sistema de regulação ......................................................... 20

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1. Introdução
Actualmente as fontes de energia mais limpas do mundo com maiores capacidades de
produção de energia são as das usinas hidroeléctricas. O princípio de funcionamento de uma
usina hidroeléctrica consiste no processo de transformar energia potencial gravitacional da
água em energia mecânica na turbina hidráulica, a qual acoplada ao gerador (alternador) que
transforma em energia eléctrica.

O regulador de velocidade atua no controle da vazão de água, que se relaciona directamente


com a geração de energia eléctrica, em que deve-se ajustar a potência eléctrica gerada de
acordo com a demanda de energia eléctrica solicitada pelo Sistema Eléctrico de Potência
(SEP).

A garantia de que o activo físico continue de forma eficiente desempenhando o seu papel
predefinido é o maior propósito das centrais da manutenção. Com tudo percebe-se a
relevância da actividade de manutenção para a prosperidade das organizações e é evidente
que ela deve apresentar planeamento e programação que conduzam a uma implementação
valorosa; aproveitando se destas actividades para escolha do melhor tipo de manutenção.

Este trabalho vai basear se num problema prático para aplicação do RCM (Reliability
Centered Maintenace) que é um método muito utilizado a nível da manutenção para a
selecção do melhor tipo de manutenção para os activos físicos.

O RCM baseia-se em etapas e cada etapa uma actividade concreta segundo os padrões
definidos pelas normas SAE JA1011 que diz o que fazer e SAE JA1012 determinam o que
fazer e como fazer um programa do RCM, detalhando os critérios mínimos necessários e
como esses devem ser interpretados para validação e aprovação dos programas do RCM

O trabalho é constituído por três partes, parte 1 trata sobre generalidades sobre a manutenção
na base do RCM; parte 2 apresenta a implementação do RCM para o caso do grupo gerador
da HCB seguindo as etapas fundamentais previstas pelas normas anteriormente referidas,
desde a descrição da planta até a elaboração da folha de decisão e a última parte apresentam-
se as conclusões e recomendações.

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1.1. Objectivo Geral
Identificar parâmetros ou modelo ideal de manutenção na base do RCM do sistema de
regulação de velocidade.
1.2. Objectivos específicos
Descrever o funcionamento do sistema e do subsistema em análise;
Classificar o subsistema e o seu contexto de operação;
Escolher o tipo de manutenção com base nas informações da folha de decisão

1.3. Metodologia de Investigação

A metodologia usada para elaboração deste trabalho baseou-se em técnicas de pesquisa


documentais e bibliográfica, onde fez-se uma recolha de informação (dados) que sustentam o
tema do subsistema em análise.

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2. Considerações gerais
2.1. Conceitos básicos

Manutenção é o conjunto de actividades técnicas destinadas a garantir a disponibilidade e


confiabilidade dos activos físicos de uma planta e respectivos sistemas de acordo com as
condições operacionais específicas.

Regulador de velocidade é um sistema automático que interage com o distribuidor da turbina


hidráulica (palhetas directrizes para as turbinas Francis e Kaplan e bico injector para a turbina
Pelton) de forma a manter uma rotação constante fornecendo ao sistema energia eléctrica com
frequência de 50Hz

Turbinas hidráulicas são máquinas primárias que convertem energia potencial hidráulica em
energia cinética. A energia hidráulica é obtida, através da construção de uma barragem, a qual
possibilita uma diferença entre dois níveis de água. Essa conversão de energia consiste em
propiciar um movimento rotativo ao rotor da turbina, que está mecanicamente acoplado ao
eixo do rotor do gerador eléctrico.

Gerador eléctrico é uma máquina rotativa que tem como finalidade a transformação de
energia mecânica em eléctrica. O conjunto turbina-gerador é chamado grupo gerador.

De entre vários métodos existentes para a selecção de tácticas de manutenção o RCM é o


mais utilizado a nível industrial, que é um processo que determina o que deve ser feito para
assegurar que qualquer activo físico continue a desempenhar as funções esperadas pelos
utilizadores, no seu presente contexto de operação.

Este método baseia-se nas seguintes sete perguntas “básicas” dadas pela norma SAE JA1011,
combinadas com a informação sobre o contexto de operação.

1. Quais são as funções do activo e os seus padrões de desempenho, no seu contexto de


operação?
2. De que formas este falha no cumprimento da sua função?
3. O que provoca cada avaria funcional?
4. O que acontece quando cada falha ocorre?
5. De que formas cada avaria importa-nos?
6. O que pode ser feito para prever ou prevenir cada avaria?
7. O que deve ser feito caso uma medida proactiva não possa ser encontrada?

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3. Regulador de Velocidade

O regulador de velocidade é um sistema automático que interage com o distribuidor da


turbina hidráulica, accionando as palhetas directrizes para as turbinas de forma a manter uma
rotação constante fornecendo ao sistema energia eléctrica com frequência de 50Hz
(MANCINI FILHO, E., 2004) A acção de controlo consiste na regulação da vazão de água
que entra no rotor da turbina. Esta regulação é feita através do comando de abertura ou
fechamento do distribuidor da turbina

3.1. Descrição do Grupo Gerador (equipamento em análise)


3.1.1. Constituição

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa é uma Empresa que tem como objecto principal a gestão,
exploração, operação e manutenção do empreendimento, que compreende uma capacidade
instalada de geração de 2075 MW. Estão instalados 5 grupos geradores com uma capacidade
de 415 MW por cada um, com seguintes características básicas:

Um gerador de grande porte, com eixo vertical acoplado a uma turbina de reacção tipo
Francis em uma instalação fechada, capacidade máxima de descarga 14000 m3/s com fluxo
radial, velocidade das turbinas 107,11 rpm que corresponde a uma frequência de 50Hz, a roda
da turbina é composta 4 peças; (flange inferior, o tubo central em duas partes e o flange
superior soldados e depois usinados), de pás ajustáveis, com um rotor de 10 m de diâmetro,
possui três tipos vedações, primeira vedação mancal gerador, a segunda mancal-turbina e a
terceira vedação palhetas directrizes.

Figure 1: Interior da Central Sul da Hidroeléctrica de Cahora Bassa


Fonte: http://www.hcb.co.mz/Galeria-de-Fotos/Central/Imagem-3

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3.1.2. Elementos constituintes do sistema

O grupo gerador e basicamente constituído por uma parte tecnicamente mecânica (turbina) e
outra eléctrica (Alternador)
Tabela 1: Ordem descendente de equipamentos que compõe um grupo gerador

1. Eixo superior
2. Cruzeta superior
3. Gerador - Estator- Rotor- Arrolamentos De Amortecimento
4. Bloco de escora
5. Cruzeta inferior
6. Aro de operação
7. Turbina – Roda Da Turbina Com Seu Eixo Inferior
8. Distribuidor- servomotor – Regulador de velocidade
9. Anel inferior
10. Pré-distribuidor
11. Caixa espiral

Figure 2: representação de um grupo gerador (gerador-turbina tipo Francis)

Fonte: Relatorio-e-Contas-da-HCB-2018-Bilingue

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3.2. Funcionamento do equipamento

O funcionamento deste equipamento (grupo gerador) é da seguinte forma; água entra na


turbina vinda do reservatório ou da albufeira e escapa para um canal de nível mais baixo onde
estão instaladas os 5 grupos geradores. A água é conduzida por um ducto forcado até um
conjunto de palhetas que transferem a energia mecânica (energia de pressão e energia
cinética) do fluxo de água em potência de eixo. Esta potência do eixo por sua vez acciona o
rotor do gerador (alternador) neste processo ocorre a transformação de energia mecânica em
eléctrica, produzindo se assim a energia eléctrica.

Figure 3: Esquema de funcionamento de um grupo gerador

Fonte: Costa (2003).

Em caso duma paralisação do processo de produção de energia a empresa sofre enormes


consequências operacionais na forma de perda de capacidade no valor de $200 000 por hora.
O grupo produz 300MW e funciona 24 horas por dia, cinco dias por semana.

3.3. Descrição do Regulador da velocidade (subsistema)

Regulador de velocidade

Tem a função de manter a velocidade da máquina constante, agindo sobre o conjugado motor
no sentido de mantê-lo em um valor igual ao conjugado resistente, isto é, o sistema de
regulação de velocidade constitui-se em um conjunto electro-hidráulico que tem como
principal finalidade a regulação da potência activa, através da alteração instantânea da
velocidade da turbina, ou seja, modificando-se a vazão da água para a mesma. Como o

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sistema eléctrico tem uma frequência basicamente constante, isso faz com que a velocidade
da unidade geradora também fique constante, transformando, assim, a variação da velocidade
em variação de potência activa.

Figure 4: regulador de velocidade parte interna

Fonte: Relatorio-e-Contas-da-HCB-1999-Bilingue-1

Outra finalidade do sistema de regulação de velocidade é a de acompanhar automaticamente a


variação de potência activa o mais rápido possível, já que esta variação altera a rotação da
turbina. Porém, a rapidez de regulação é limitada, pois a actuação é feita somente depois que
a rotação da turbina for modificada.

Além disso, há a inércia de todas as partes mecânicas da unidade. No entanto, esse tempo de
resposta do sistema de regulação de velocidade deve estar dentro de uma faixa aceitável para
a operação do sistema eléctrico.

Para facilitar o entendimento, descrevemos a filosofia básica do sistema de regulação de


velocidade de uma unidade geradora, demonstrada na área rectangular.

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Figure 5: Diagrama do sistema de regulação e do sistema regulado

Fonte: Santiago, Becker e Kern (2004).

Sensor de rotação – tem a finalidade de captar a rotação da unidade, transmitindo-a


para o regulador electrónico.
Regulador electrónico – tem a finalidade de processar os sinais recebidos pela acção
do operador e/ou do sensor de rotação e enviar comandos eléctricos para a bobina de
imersão.
Bobina de imersão – tem a finalidade de receber os sinais eléctricos do regulador
electrónico e transformá-los em comandos hidráulicos para o regulador hidráulico.
Regulador hidráulico – tem a finalidade de transmitir os comandos hidráulicos
provenientes da bobina de imersão para os servomotores.
Servomotores – têm a finalidade de receber os comandos hidráulicos do regulador
hidráulico e transformá-los em comandos mecânicos de abertura ou fechamento do
distribuidor da turbina.
Anel inferior – é uma estrutura soldada bipartida acoplada por tirantes e pinos
cilíndricos. É montado e centrado sobre o flange inferior do pré-distribuidor.
Distribuidor – é composto de palhetas móveis (todas as palhetas têm o seu movimento
conjugado, movem-se ao mesmo tempo e têm um movimento igual) accionadas por
um mecanismo hidráulico chamado de servomotores, montado sobre a tampa da
turbina.

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Figure 6:Sistema de regulação da Turbinas Francis.

Fonte: Relatorio-e-Contas-da-HCB-2018-Bilingue

Figure 7: Interior do grupo gerador

Fonte: Relatorio-e-Contas-da-HCB-2019-Bilingue-1

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3.3.1. Aspectos construtivos do regulador de velocidade

O regulador de velocidade está dividido em três circuitos principais:

Circuito hidráulico: possui função de fornecer e acumular óleo sob pressão e accionar as
válvulas do distribuidor da turbina.

Circuito eléctrico: cuja função é accionamento dos elementos hidráulicos que necessitam de
energia eléctrica (motores em geral e fonte de alimentação) e supervisão de variáveis de
processo (nível de óleo, pressão e etc.).

Circuito electrónico: sua função é elaboração de um sinal de controlo adequado para que a
regulação da frequência seja estável e precisa.

3.3.2. Circuito hidráulico

Existem duas atribuições principais do circuito hidráulico (bombeamento e regulação);


gerenciamento da manutenção do óleo e controle do movimento das válvulas directrizes.
Estas válvulas têm por finalidade direccionar o fluxo de óleo para os servomotores actuando
no comando, a partir do sinal enviado pelo circuito electrónico, de abertura ou fechamento
das palhetas directrizes do distribuidor. As válvulas do circuito de bombeamento e
motobombas são instaladas no tanque onde é acumulado óleo.

Figure 8: Reservatório de óleo

Fonte: Santiago, Becker e Kern (2004).

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Válvulas de retenção-não permitem que o óleo sob pressão do acumulador retorne ao
reservatório quando as bombas estão paradas;

Válvulas comutadoras-Possuem a função de direccionar o fluxo de óleo entre trocador de


calor e o reservatório de óleo;

Válvulas de descarga - garantem a segurança do sistema em casos de sob pressão. São


calibradas com determinada pressão de tal forma que quando superada esta pressão de
calibração abre-se a mola e o excesso de pressão é liberado pelo sistema;

Trocadores de calor - são utilizados para resfriar óleo e água durante o processo de regulação
da frequência;

Acumulador de ar e óleo - é um tanque armazenador de óleo e ar sob pressão utilizado para


comandar o distribuidor se houver a queda de energia eléctrica e é accionado para em
situações de segurança;

Compressor de ar - é utilizado com o objectivo de repor a pressão de ar consumida do tanque


de óleo;

Válvulas de intermitência - estas válvulas são usadas para realizar o controlo de pressão
disponibilizado ao tanque de óleo, mantendo-a em valores desejáveis do processo;

Válvulas de isolamento - utilizam-se quando a turbina hidráulica estiver parada. A função


desta válvula é isolar a parte do circuito hidráulico responsável pelo accionamento do
distribuidor, acciona-se através de um comando eléctrico.

O diagrama de blocos, apresentado abaixo, exibe a interacção entre os componentes do


sistema de bombeamento da parte mecânica de um circuito hidráulico do regulador de
velocidade.

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Figure 9: Diagrama de blocos do sistema de bombeamento

Fonte: Santiago, Becker e Kern (2004)

3.3.3. Sistema de Regulação

É responsável pela movimentação do distribuidor sendo realizada a partir do envio de óleo


pressurizado oriundo do sistema de bombeamento.

Válvula distribuidora - é responsável pela regulação da posição das pás directrizes através da
abertura ou fechamento dos servomotores. Interage com o circuito electrónico de velocidade,
através do sinal recebido pela bobina de imersão, de forma a disponibilizar uma vazão
constante aplicada no rotor da TH sendo possível manter a frequência da tensão eléctrica
gerada constante em 50Hz.

Figure 10: Válvula distribuidora (esquerda) e válvula de isolamento (direita)

Fonte: Santiago, Becker e Kern (2004)

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Actuador ou Bobina de imersão - é um transdutor electro-hidráulico, ou seja, o sinal eléctrico
recebido pelo regulador electrónico de velocidade, é transformado num comanda de abrir ou
fechar o servomotor.

Figure 11: Actuador ou bobina de imersão

Fonte: Santiago, Becker e Kern (2004)

Filtro de óleo - tem a finalidade de filtrar o óleo que vai para a bobina de imersão, geralmente
apresenta indicadores de filtro sujo uma vez que seja necessária a limpeza deste filtro.

Êmbolo de travamento mecânico – tem a função de travar a válvula distribuidora na posição


de fechamento do distribuidor. Pode ser aplicado para diversas circunstâncias: rejeição de
carga, parada da unidade geradora, controle da frequência da tensão eléctrica e etc.

Válvula de segurança - é responsável pelo fechamento imediato do distribuidor sem o


accionamento da válvula distribuidora. É controlada pela válvula de comando de emergência.

Válvula de bloqueio - executa o comando de travamento e destravamento das travas


hidráulicas as quais estão ligadas com a válvula distribuidora operando directamente com o
distribuidor

Dispositivo de sobre-velocidade - este dispositivo tem por função actuar na válvula de


emergência quando a máquina atinge uma rotação nominal fora do especificado. Uma vez
accionada, o sistema de bombeamento direcciona óleo sob pressão para o acumulador de óleo
de forma a reduzir a velocidade do sistema até o intervalo aceitável.

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a b
Figure 12: a)dispositivo de sobre-velocidade; b) Lógica de accionamento do dispositivo de sobre-velocidade

Fonte: Santiago, Becker e Kern (2004)

Transdutores de posição - são utilizados para garantir a estabilidade e permitir o uso do


estatismo uma vez que são as realimentações do circuito electrónico;

Bomba do mancal escora – os mancais apresentam a função de acondicionar movimento


relativo entre elementos mecânicos. Devido ao elevado desgaste das peças utilizadas para
propiciar movimento ao eixo do rotor. Em outras palavras, o mancal escora fornece um
suporte axial ao rotor da turbina hidráulica.

O diagrama de blocos abaixo exibe a interacção entre os componentes do sistema de


regulação da parte mecânica de um circuito hidráulico do regulador de velocidade.

Figure 13: Diagrama de blocos do sistema de regulação

Fonte: Santiago, Becker e Kern (2004)

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3.4. Folha de informação do RCM

Essa folha consiste em um Formulário Padrão de Manutenção Centrada na Confiabilidade –


RCM de modo a organizar a informação relativa às funções, falhas funcionais, modos de
falha e efeitos das falhas no sistema de regulação de velocidade, desta forma:

Análise dos Modos de Falhas e seus Efeitos (FMEA)

A função principal do regulador de velocidade é manter a rotação da turbina


constante (107,11 rpm), para que o gerador forneça energia ao sistema eléctrico na frequência
de 50 Hz (Moçambique), para isso a acção do regulador é de controlar a abertura ou o
fechamento do distribuidor da turbina (tipo Francis).

Abaixa, tabela 02, apresenta-se o resultado da filtragem dos dados históricos de falhas da
usina, apresentando somente as falhas no sistema hidráulico do regulador de velocidade.

Tabela 2: Histórico de falhas de regulador e velocidade (Relatorio-e-Contas-da-HCB-2020-Bilingue)

Data da falha / hora Comentário


27/02/2016 01:09 Manutenção correctiva (substituída a válvula proporcional)
Verificar e sanar, causa de vazamento de óleo pelo pistão do
01/03/2017 19:51 Servomotor
29/12/2017 09:08 Sanar vazamento de óleo na haste do servomotor
20/06/2018 14:30 Falha no trocar de calor

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Anexo A

Sistema (Equipamento): GILDO


Facilitador Date 20 De Agosto de 2021
FOLHA DE Grupo Gerador MASSUANGANHE
INFORMAÇÃO DO Subsistema:
RCM Sistema de regulação de Auditor Data de Auditoria
velocidade da TH
FUNÇÃO FALHA FUNCIONAL FAILURE MODE (Cause of Failure) EFEITOS DA FALHA
Propiciará ingresso de ar no sistema (variação de modulo de
Vazamento de óleo no 1 Falha de projecto no ajuste e na linha de compressibilidade), cativação na bomba e pressão insuficiente nos
reservatório dreno; tampa de limpeza mal fechada. actuadores e arreação da bomba. E a cada hora a nossa empresa tem
A
prejuízo de R$ 50.000. O tempo de manutenção desta falhe é de 5 horas
Ruptura do elemento Falha na selecção do filtro, aumento de Causará desgaste acelerado dos componentes do sistema, acumulo de
filtrante ou filtro 2 pressão por acumulo de sujeira ou vazão sujeira e obstrução dos pilotos das válvulas. O tempo de manutenção desta
entupido. muito elevada para o filtro. falha é de 2 horas o tempo de manutenção custa 15.000,00MZN.
Não há transformação de Disjuntor aberto, perda de isolamento na Se o disjuntor estiver aberto ou mesmo perda de isolamento
energia eléctrica em bobina, sobreaquecimento no motor, consequentemente haverá parada do regulador de velocidade. E para cada
1
mecânica para travamento do eixo do motor ou ventilação hora de paragem a nossa empresa tem um prejuízo de R $ 20.000. O tempo
Garantir uma
accionamento da bomba. inadequada. de manutenção desta avaria é de 3 horas.
regulação de B
Causará travamento do eixo da bomba e consequentemente bloqueio total
velocidade nas Ruptura de acoplamento, falha no sistema da linha de sucção e o filtro de sucção pode entupir havendo assim parada
2
turbinas de forma a Incapacidade de Bombear de alimentação de energia eléctrica. do regulador de velocidade. E o tempo de manutenção é ao redor de 4
1 manter 107,11 rpm o fluido. horas e vai custar (MZM 8.000,00 totalizando = MZN 32.000,00).
que corresponde a Viscosidade do óleo baixa com alta
Actuador fica sem Parada do regulador de velocidade, golpes de pressão e isso causará
uma frequência de 1 concentração de partículas no fluido e falha
movimento velocidade instável no actuador e fonte de vibração e ruído no sistema. O
no sistema de bombeamento ou nível de
50Hz tempo de manutenção desta avaria é de 3 horas
óleo insuficiente.
Movimento pulsante do Causará perda de precisão do posicionamento dos cilindros dos actuadores
Presença de ar no sistema ou no fluido ou
actuador e falta de forca. 2 parados do regulador e possivelmente haverá aumento de temperatura do
calibração incorrecta de válvulas de alívio e
fluido. E o tempo de manutenção é ao redor de 6 horas e vai custar (MZM
C excesso de ajuste dos amortecedores
15.000,00 totalizando = MZN 90.000,00).
Ajuste sucessivo nos anéis que imobiliza o Propicia aumento da pressão no sistema, possível para do regulador de
Sem movimento na velocidade, aumento da temperatura causando baixa viscosidade e desgaste
eixo da válvula, mola quebrada ou ajuste
válvula distribuidora acelerado das vedações dos componentes metálicos. A reposição da avaria
3 incorrecto requer a verificação e controle dos actuadores. E o tempo de manutenção é
de 10h e vai custar (MZM 10.000,00 x 5 = MZN 50.000,00).
D A válvula de emergência Queima do solenóide, cabos eléctricos Parada do regulador de velocidade, golpe de pressão e possível perda do
1
não se move e não degastados e fluido altamente viscoso. regulador. A reposição desta avaria e o tempo de manutenção vai custar

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responde ao comando. MZN 5.000,00 x 2 horas

Resfriamento insuficiente Vazão de água ou área de transferência de O baixo resfriamento no trocador de calor deixa o fluido aquecido e deixa
calor insuficiente, presença de sinais de lubrificar contudo a rápido desgaste de todos componentes do circuito e
no trocador de calor e
2 minerais ou sujeira de água e falta de lavado desgaste acelerado das vedações.
vazamento do trocador de calor, Corrosão dos tubos e Contaminação do fluido com água e perda de óleo. O tempo de
rachados manutenção vai custar MZN 18.000,00 x 2 horas
Esta falha vai influenciar directamente o desgaste do corpo da válvula e
O fluido passa em ambas consequentemente haverá pressão de retorno elevada, golpe de ariete na
direcções 3 Desgaste da mola ou do assentamento bomba e vazamento na válvula. Para mitigação desta avaria requere a
substituição da válvula de retenção e o tempo de manutenção é ao redor de
4 horas e vai custar (MZM 20.000,00 totalizando = MZN 80.000,00).

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3.5. Folha de decisão do RCM

A Tabela a seguir apresenta uma folha de decisão RCM, onde são registadas as respostas às
perguntas do diagrama de decisão RCM. As colunas H, S, E, O são usadas para registar a
categoria de consequências associada a cada modo de falha. As colunas H1/S1/O1/N1 são
usadas para registar se uma técnica preventiva ou preditiva condicionada pode ser definida
para antecipar um modo de falha a tempo de evitar as suas consequências. As colunas
H2/S2/O2/N2 são usadas para registar se uma técnica preventiva sistemática (Reparação de
componentes) adequada pode ser determinada para prevenir modos de falha. As colunas
H3/S3/O3/N3 são usadas para registar se uma técnica preventiva sistemática (Substituição de
componentes) pode ser desencadeada para prevenir modos de falha.

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Anexo B

Sistema (Equipamento): Facilitado


GILDO MASSUANGANHE Date 20 De Agosto de 2021
Grupo Gerador r
FOLHA DE DECISAO DO RCM Subsistema:
Data de
Sistema de regulação de Auditor
Auditoria
velocidade da TH
Informação de Consequência da H1 H2 H3 Default
referência evolução S1 S2 S3 Action Intervalo
Tarefa proposta Pode ser realizada
O1 O2 O3 H H S inicial
F FF FM H S E O
N1 N2 N3 4 5 4
Inspecção dos retentores e limpeza das válvulas,
1 A 1 S S N N S N N inspeccionar os parafusos e reajustar em caso que elas Mensal Técnico de Manutenção
tenham perdido o ajuste
Técnico de
1 A 2 S S N N S N N Inspeccionar e fazer limpeza dos filtros Diário
Manutenção/operador
Inspecção dos flacões de entrada e das conexões.
Analise das vibrações e analise termográfico para
1 B 1 S S N S S N N Mensal Técnico de Manutenção
monitorar o desgaste do isolamento dentro do motor
eléctrico.
Inspecção e limpeza da linha de sucção e do filtro,
supervisionar o nível de óleo no tanque.
1 B 2 S N N S S N N Semanal Técnico de Manutenção
Inspecção do motor eléctrico se dar partida, e verificar o
acoplamento entre bomba e motor.
Inspecção da viscosidade do fluido e nível do óleo no
1 C 1 S N N S S N N tanque. Inspecção do sistema de pressurização de óleo e Semanal Técnico de Manutenção
análise do óleo.
Inspecção do desgaste no pistão e o estado do anel, se
estiver quebrado substituir. Inspeccionar a pressão e do
1 C 2 S N N S S N N Semanal Técnico de Manutenção
sistema e o estado dos selos assim como válvula de alívio
e análise do óleo.
Inspecção e limpeza da válvula, limpeza do piloto
1 C 3 S N N S S N N hidráulico. Inspecção do estado da mola se esta quebrada, Mensal Técnico de Manutenção
e substituir caso seja necessário.
Inspecção e limpeza das válvulas, verificar as condições
Técnico de
1 D 1 S S N S S N N do solenóide e o estado da mola, analisar as condições do Diário
Manutenção/operador
óleo.
Verificar a lubrificação e desgaste de todos componentes Técnico de
1 D 2 S S S S S N N Mensal
do circuito e desgaste das vedações. Inspeccionar a Manutenção/operador

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contaminação do fluido com água e perda de óleo.

Verificar o desgaste do corpo da válvula e a pressão de


Técnico de
1 D 3 S S N S N N S retorno se é elevada ou baixa, inspeccionar o vazamento Semestral
Manutenção/operador
na válvula.

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4. Conclusão

Findo trabalho, a política de manutenção baseada na filosofia da Manutenção Centrada em


Confiabilidade enfocou as consequências das falhas na segurança pessoal, meio ambiental e
serviço aos clientes.

O resultado da análise do subsistema com base na RCM permitiu identificar os componentes


críticos, ou seja, aqueles cuja falha causa uma parada do sistema ou prejudica seu
desempenho operacional, sendo útil para o contexto de estabelecimento de políticas de
manutenção, seguindo principalmente os padrões definidos pelas normas SAE JA1011 e SAE
JA1012; e tendo em conta os principais modos de falhas do sistema de regulação de
velocidade em turbina hidráulica apresentado, tem-se como recomendações, para a equipe de
manutenção, as seguintes actividades:

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4.1. Recomendações

Recomenda-se que todos os trabalhos de manutenção sejam feitos cumprindo com


todas as normas de Higiene e segurança;
Inspecção e limpeza da linha de sucção e do filtro, supervisionar o nível de óleo no
tanque.
Inspecção do motor eléctrico se dar partida, e verificar o acoplamento entre bomba e
motor.
Verificar a lubrificação e desgaste de todos componentes do circuito e desgaste das
vedações.
Olhando para a tabela de decisão é fácil perceber que o tipo modal de manutenção a
ser adoptado, contudo será a manutenção preventiva e preditiva condicionada, um
resultado de se esperar devido a idealidade deste tipo de manutenção em virtude da
garantia de uma disponibilidade maximizada dos activos físicos.

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5. Referências bibliográficas

[1]. MASTERS, G. M. Renewable and Efficient Electric Power Systems. Hoboken, New
Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2004. 664 p.
[2]. SCHREIBER, G. P. Usinas hidrelétricas. São Paulo: Ed. Edgard Blucher, 1977. 248 p.
[3]. SOUZA, Z. de; FUCHS, R. D.; SANTOS, A. H. M. Centrais hidro e
Termelétricas. São Paulo: Ed. Edgard Blucher, 1983.
[4]. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Turbinas Hidráulicas,
Turbinas-bombas e bombas acumulação – NBR 6445. Rio de Janeiro, 1987.
[5]. CORDEIRO, Luiz. Máquinas Térmicas e Hidráulicas. Rio de Janeiro: UERJ, 2010.
[6]. COSTA, Antônio Simões. Turbinas Hidráulicas e Condutos. Disponível em:
http://www.labspot.ufsc.br/~simoes/dincont/turb-hidr-2003.pdf. Acesso em: 08 de
agosto de 2021.
[7]. CUENCA, Jr. Hidraulic Turbines. Disponível em: http://usuarios.multimania.
es/jrcuenca/English/ Turbines/hydraulic_ turbines.htm. Acesso em: 08 de agosto de
2021.
[8]. ESTEVE, D.A.; BENTO JUNIOR, M. Regulador digital VGC 211 3P2: Descrição
técnica. São Paulo: VOITH SIEMENS, 2000. Relatório técnico.
[9]. F. S. Nowlan and H. F. Heap, Reliability-Centered Maintenance. Springfield: U.S.

Links consultados

[1.] Www.hcb.co.mz/content/search?SearchText=turbina, consultado em 2 de Agosto de


2021.
[2.] Www.hcb.co.mz/empresa, consultado em 3 de Agosto de 2021.

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