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Análise do desempenho de permutadores de calor para

aplicação em sistemas de recuperação de energia térmica


de motores de combustão interna em veículos ligeiros

Ricardo Manuel Andrade Mateus

Dissertação para a Obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientadores: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa


Dr. Hélder Manuel Ferreira dos Santos

Júri
Presidente: Prof. Viriato Sérgio de Almeida Semião
Orientador: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa
Vogal: Prof. Aires José Pinto dos Santos

Maio de 2014
Agradecimentos

Agradeço ao Prof. Dr. Helder Santos e ao Prof. Dr. Mário Costa por todo o apoio que me deram e
pelo interesse que demonstraram pelo tema ao longo do desenvolvimento desta dissertação.

Quero agradecer à minha família por aturar os meus pedidos de opinião em relação aos conteúdos, e
por me incentivar constantemente ao longo deste processo.

Um agradecimento especial aos meus amigos e colegas, em particular, ao André Varanda, Carlos
Raposo e Ricardo Lopes, que colmataram os intervalos ao longo da elaboração desta dissertação
com momentos de grande camaradagem e alegria. Desejo-lhes os maiores sucessos.

Por último, agradeço à Joana pelo amor, força e apoio incondicionais que me deu.

ii
Resumo

A presente dissertação aborda a temática da recuperação da energia térmica perdida para o exterior
aquando do funcionamento normal de motores de combustão interna instalados em veículos ligeiros.
A principal contribuição para esta perda é a descarga dos gases de escape para a atmosfera a
elevadas temperaturas. Para abordar este problema propõe-se a implementação de um ciclo de
Rankine que converta a energia térmica dos gases de escape em trabalho mecânico e, por fim, em
energia elétrica. Esta será usada para carregar a bateria do veículo ou para suprir as necessidades
energéticas dos seus sistemas elétricos acessórios. A eficácia da implementação deste sistema
depende de todos os seus componentes, mas em particular é de importância fundamental maximizar
a troca de calor entre os gases de escape e o fluido de trabalho do ciclo. Assim, é importante fazer
uma análise cuidada ao evaporador, cujo projeto tem restrições, tanto a nível de limites de
funcionamento como na instalação do permutador de calor no veículo. O objetivo último deste
trabalho é analisar diversos permutadores de calor, com variação da geometria e/ou do arranjo do
escoamento dos fluidos, através de simulações computacionais baseadas em métodos de cálculo de
transferência de calor fidedignos. Estes cálculos foram aplicados a um conjunto de valores
experimentais relativos aos gases de escape emitidos para diversos pontos de operação de um motor
a gasolina de um veículo ligeiro. O trabalho mostra o permutador que tem melhor desempenho e que
simultaneamente respeita todas as restrições de funcionamento.

Palavras-chave: ciclo de Rankine, recuperação de energia térmica, permutador de calor, veículos


ligeiros.

iii
Abstract

The present work focuses on the recovery of thermal energy that is lost to the environment during the
normal operation of internal combustion engines on light-duty vehicles. The main contribution for this
loss is the discharge of hot exhaust gases to the atmosphere. To address this issue a Rankine cycle
implementation is proposed, which converts the thermal energy of the exhaust gases in mechanical
work and, finally, in electricity. This is used to charge the vehicle’s battery or to fulfill the needs of the
vehicle’s auxiliary electrical systems. The efficiency of implementing this system depends on all its
components, but it is particularly important to maximize the heat transfer between the exhaust gases
and the Rankine cycle’s working fluid. Therefore, a careful analysis to the cycle’s evaporator (heat
exchanger) is important, whose design has restrictions both regarding working limits and the physical
installation of the evaporator in the vehicle. The main objective of this work is to compare different
heat exchangers, with geometry and/or currents’ arrangement variation, recurring to computational
simulations based in updated heat transfer calculation methods. This calculations are applied to an
ensemble of experimental data taken from different working conditions of a light-duty vehicle. This
work allows to select the heat exchanger with the best performance parameters while respecting
simultaneously the working restrictions.

Keywords: Rankine cycle, thermal energy recovery, heat exchanger, light-duty vehicles

iv
Índice

Agradecimentos .................................................................................................................................. ii
Resumo ............................................................................................................................................. iii
Abstract ............................................................................................................................................. iv
Lista de figuras ................................................................................................................................. vii
Lista de tabelas................................................................................................................................... x
Nomenclatura ................................................................................................................................... xii
1. Introdução....................................................................................................................................1

1.1. Enquadramento e Motivação ...............................................................................................1


1.2. Objetivos .............................................................................................................................3
1.3. Estrutura da dissertação ......................................................................................................3

2. Revisão bibliográfica ....................................................................................................................4

2.1. Fundamentos teóricos .........................................................................................................4


2.3. Estudos antecedentes .........................................................................................................7
2.4. Permutadores de calor....................................................................................................... 10

3. Modelo Termodinâmico do Ciclo de Rankine .............................................................................. 13

3.1. Introdução ......................................................................................................................... 13


3.2. Estrutura do código com o cálculo numérico ...................................................................... 13

4. Projeto do Permutador de Calor ................................................................................................. 17

4.1. Introdução ......................................................................................................................... 17


4.2. Permutadores de calor analisados ..................................................................................... 17
4.3. Método da diferença logarítmica de temperaturas (LMTD) ................................................. 20
4.4. Método ε-NTU ................................................................................................................... 20
4.5. Cálculo do coeficiente global de transferência de calor ...................................................... 22
4.6. Transferência de calor e perda de carga em permutadores de calor .................................. 23
4.7. Resultados e discussão da análise termodinâmica............................................................. 30
4.8. Comparação entre os permutadores de calor estudados .................................................... 42
4.9. Resultados detalhados para o permutador de calor de corpo e feixe tubular com tubos
concêntricos.................................................................................................................................. 43
4.10. Estudo paramétrico para o permutador de calor de tubos concêntricos .......................... 47

4.10.1. Distribuição dos gases de escape pelo permutador de calor....................................... 48


4.10.2. Geometria do permutador de calor sem alterar os diâmetros dos tubos – HEX2_1 e
HEX2_2...…………………………………………………………………………………………………..49
4.10.3. Fluido de trabalho ...................................................................................................... 52
4.10.4. Material constituinte do permutador de calor .............................................................. 63
4.10.5. Diâmetros dos tubos .................................................................................................. 64

v
4.10.6. Considerações finais sobre o permutador de calor no ciclo de Rankine ...................... 65

5. Fecho ........................................................................................................................................ 71

5.1. Conclusões........................................................................................................................ 71
5.2. Trabalho futuro .................................................................................................................. 73

Referências ...................................................................................................................................... 74
Anexo A – Tabelas com resultados pormenorizados para o permutador de tubos concêntricos ......... 77
Anexo B – Excerto do código desenvolvido em MATLAB .................................................................. 88

vi
Lista de figuras

Figura 2.1 – Ciclo de Rankine com aproveitamento da energia térmica dos gases de escape. ............4
Figura 2.2 – Diagrama T-s para água com representação qualitativa dos pontos de funcionamento
correspondentes ao sistema de ciclo de Rankine (a vermelho)............................................................5
Figura 2.3 – Diagrama T-s para R123 com representação qualitativa dos pontos de funcionamento
correspondentes ao sistema de ciclo de Rankine (a vermelho)............................................................6
Figura 2.4 – Algoritmo para a resolução de problemas de permutadores de calor................................8

Figura 3.1 – Estrutura do programa em MATLAB. ............................................................................. 14


Figura 3.2 – Representação do ramo relativo à análise termodinâmica. ............................................ 15

Figura 4.1 – Esquema do protótipo de permutador de tubos com multipasso e alhetas contínuas
(Horst et al., 2013). ........................................................................................................................... 17
Figura 4.2 – Imagem do permutador de corpo e feixe tubular (Santos et al., 2013). .......................... 18
Figura 4.3 – Esquema do permutador de tubos duplos achatados, concêntricos e alhetados (Ambros
et al., 2011). ...................................................................................................................................... 18
Figura 4.4 – Ilustração do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos .................... 18
Figura 4.5 – Diagrama descritivo do Método de Shah (1ª parte) ........................................................ 27
Figura 4.6 – Diagrama descritivo do Método de Shah (2ª Parte) ........................................................ 28
Figura 4.7 – Mapa com a potência térmica disponível nos gases de escape ( , em kW) em função
da sua temperatura de entrada ( ) e do seu caudal mássico ( ). ............................................. 32
Figura 4.8 – Exemplo de diagrama temperatura-balanço energético relativo para água como fluido de
trabalho e a condição 1 de operação do MCI .................................................................................... 33
Figura 4.9 – Evolução de com a pressão de evaporação para os fluidos de trabalho
estudados ......................................................................................................................................... 35
Figura 4.10 – Evolução de com a pressão de evaporação para os fluidos de trabalho............. 36
Figura 4.11 – Evolução de com a pressão de evaporação para os fluidos de trabalho estudados 37
Figura 4.12 – Potência mecânica útil ( ) em função da pressão de evaporação para os fluidos de
trabalho estudados ........................................................................................................................... 38
Figura 4.13 – Evolução da taxa de destruição de exergia no evaporador ( ) com a pressão de
evaporação para os fluidos de trabalho estudados ............................................................................ 38
Figura 4.14 – Diagrama T-s para mistura de de água e de etanol, para a condição de
operação 1 do MCI ........................................................................................................................... 39
Figura 4.15 – Evolução do rendimento exergético do evaporador ( ) com a pressão de
evaporação para os fluidos de trabalho estudados ............................................................................ 40
Figura 4.16 – Evolução de com a variação do rendimento isentrópico da turbina e da bomba
para água pura com ................................................................................................ 41

vii
Figura 4.17 – Superfícies 3-D com a variação de em função de e do rendimento
isentrópico da turbina, equivalente à Figura 4.12 para 2-D ................................................................ 42
Figura 4.18 – Conceito do Permutador HEX2, com orientação das correntes .................................... 44
Figura 4.19 – Gráfico radar com resumo dos resultados das Tabelas A - 1. e A - 2
adimensionalizados .......................................................................................................................... 49
Figura 4.20 – Ilustração do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos HEX2_1. ... 50
Figura 4.21 – Ilustração de um pormenor do permutador de corpo e feixe tubular com tubos
concêntricos HEX2_2........................................................................................................................ 51
Figura 4.22 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 5 ........................................... 52
Figura 4.23 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 6 ........................................... 53
Figura 4.24 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2 para a condição de operação
13 do MCI ......................................................................................................................................... 54
Figura 4.25 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_1 para a condição de
operação 13 do MCI.......................................................................................................................... 54
Figura 4.26 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_2 para a condição de
operação 13 do MCI.......................................................................................................................... 55
Figura 4.27 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 7 adimensionalizados pelos
parâmetros do permutador HEX2, com água..................................................................................... 56
Figura 4.28 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 8 adimensionalizados pelos
parâmetros do permutador HEX2, com água..................................................................................... 57
Figura 4.29 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 9 adimensionalizados pelos
parâmetros do permutador HEX2, com água..................................................................................... 57
Figura 4.30 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2 para a condição de operação
9 do MCI ........................................................................................................................................... 58
Figura 4.31 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_1 para a condição de
operação 9 do MCI ........................................................................................................................... 59
Figura 4.32 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_2 para a condição de
operação 9 do MCI ........................................................................................................................... 59
Figura 4.33 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 10 adimensionalizados pelos
parâmetros do permutador HEX2, com água..................................................................................... 60
Figura 4.34 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 11 adimensionalizados pelos
parâmetros do permutador HEX2, com água..................................................................................... 61
Figura 4.35 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 12 adimensionalizados pelos
parâmetros do permutador HEX2, com água..................................................................................... 61
Figura 4.36 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2 para a condição de operação
3 do MCI ........................................................................................................................................... 62
Figura 4.37 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_1 para a condição de
operação 3 do MCI ........................................................................................................................... 62
Figura 4.38 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_2 para a condição de
operação 3 do MCI ........................................................................................................................... 63

viii
Figura 4.39 – Potência mecânica útil real ( ) calculada para os 3 permutadores de calor e
para as 3 condições de operação do MCI ......................................................................................... 66
Figura 4.40 – Percentagem da potência do MCI ( ) relativa à potência mecânica útil real do ciclo de
Rankine ( ) ......................................................................................................................... 66
Figura 4.41 – Gráfico circular com as parcelas energéticas sem a implementação do sistema de ciclo
de Rankine (acima) e com a implementação do sistema do ciclo de Rankine (abaixo) para o uso do
permutador HEX2_2, para a condição 9 do MCI................................................................................ 67
Figura 4.42 – Potência elétrica ( ) calculada para os 3 permutadores de calor e para as 3
condições de operação do MCI ......................................................................................................... 68

ix
Lista de tabelas

Tabela 2.1 – Números adimensionais e o seu significado físico. ..........................................................8


Tabela 2.2 – Limites de funcionamento e risco de sujamento de permutadores de calor.................... 11
Tabela 2.3 – Tabela com condições de funcionamento dos fluidos .................................................... 11

Tabela 4.1 – Sumário dos permutadores de calor estudados na presente dissertação....................... 17


Tabela 4.2 – Designações dos permutadores de calor estudados na presente dissertação. .............. 19
Tabela 4.3 – Dimensões externas dos permutadores de calor a estudar ........................................... 19
Tabela 4.4 – Expressões para o cálculo da efectividade para algumas configurações de escoamento
retiradas de (Incropera et al., 2008)................................................................................................... 21
Tabela 4.5 – Coeficientes globais de transferência de calor do lado dos gases de escape para os
diversos tipos de permutadores......................................................................................................... 22
Tabela 4.6 – Resistências de sujamento (fouling) consideradas para cada secção do permutador de
calor ................................................................................................................................................. 23
Tabela 4.7 – Correlações para para tubos com apenas uma fase presente ............................... 24
Tabela 4.8 – Correlações para para tubos com apenas uma fase presente .................................... 24
Tabela 4.9 – Composição média dos gases de ................................................................................. 31
Tabela 4.10 – Dados do funcionamento do motor de combustão interna (Marques, 2010). ................ 31
Tabela 4.11 – Tabela com propriedades dos gases de escape para os dados de Marques, (2010)
retirada de Domingues et al. (2013). ................................................................................................. 31
Tabela 4.12 – e para a fracção mássica de etanol na mistura. .................................... 35
Tabela 4.13 – Parâmetros de desempenho ( , , , e ) dos permutadores de
calor estudados para a condição 13 do MCI considerando ......................................... 42
Tabela 4.14 – Geometria e dimensões do ......................................................................................... 44
Tabela 4.15 – Resultados para a simulação do permutador HEX2 para a condição de operação 13 do
MCI, com água como fluido de trabalho e ................................................................... 47
Tabela 4.16 – Geometria e dimensões do permutador ...................................................................... 50
Tabela 4.17 – Geometria e dimensões do permutador ...................................................................... 51
Tabela 4.18 – Condutividade térmica – – para diferentes temperaturas dos 3 aços
inoxidáveis: AISI 302, AISI 316L e AISI 344 ...................................................................................... 63
Tabela 4.19 – Cálculo das massas dos permutadores de calor HEX2_1 e HEX2_2, para a condição
de operação 3 do MCI....................................................................................................................... 69

Tabela A - 1 – Resultados para a simulação do permutador HEX2 para a condição de operação 13 do


MCI, com água como fluido de trabalho, e .................................... 77
Tabela A - 2 – Resultados para a simulação do permutador HEX2 para a condição de operação 13 do
MCI, com água como fluido de trabalho, e .................................. 77

x
Tabela A - 3 – Resultados para a simulação do permutador HEX2_1 para a condição de operação 13
do MCI, com água como fluido de trabalho, e ................................. 77
Tabela A - 4 – Resultados para a simulação do permutador HEX2_2 para a condição de operação 13
do MCI, com água como fluido de trabalho, e ............................... 78
Tabela A - 5 – Resultados para a simulação com mistura de água – de etanol, para as 3
configurações do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos e para a condição de
operação 13 do MCI, com e ............................................................ 78
Tabela A - 6 – Resultados para a simulação com etanol, para as 3 configurações do permutador de
corpo e feixe tubular com tubos concêntricos e para a condição de operação 13 do MCI, com
e ................................................................................................... 79
Tabela A - 7 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação com o permutador HEX2 e para
a condição de operação 9 do MCI, com e ..................................... 80
Tabela A - 8 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador HEX2_1 e
para a condição de operação 9 do MCI, com e ............................. 81
Tabela A - 9 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador HEX2_2 e
para a condição de operação 9 do MCI, com e ............................. 82
Tabela A - 10 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação com o permutador HEX2 e
para a condição de operação 3 do MCI, com e ............................. 83
Tabela A - 11 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador HEX2_1 e
espaçamento entre tubos reduzido e para a condição de operação 3 do MCI, com e
............................................................................................................................ 84
Tabela A - 12 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador HEX2_2 e
para a condição de operação 3 do MCI, com e ............................. 85
Tabela A - 13 – Resultados para o permutador HEX2_1, funcionando na condição 13, com
distribuição dos gases de escape proporcional à área de passagem, com água a passar nos anéis
para os materiais constituintes do permutador: AISI 302, AISI 344 .................................................... 86
Tabela A - 14 – Resultados para o permutador HEX2_2, funcionando na condição 13, com
distribuição dos gases de escape proporcional à área de passagem, com água a passar nos anéis
para os materiais constituintes do permutador: AISI 302, AISI 344 .................................................... 87
Tabela A - 15 – Resultados para o permutador HEX2 com alteração dos diâmetros dos tubos,
funcionando na condição 13, com distribuição dos gases de escape de – , com água e
etanol a passar nos anéis ................................................................................................................. 87

xi
Nomenclatura
Alfabeto Árabe
área [ ]
altura total de uma alheta [ ]
número de ebulição [-]
calor específico a pressão constante [ ]
número de convecção [-]
diâmetro de um tubo do permutador [ ]
diâmetro do corpo do permutador [ ]
diâmetro do feixe de tubos [ ]
espessura [ ]
coeficiente de atrito [-]
fator de melhoria do coeficiente de convecção pela ocorrência de ebulição [-]
parâmetro da ebulição convectiva [-]
aceleração gravítica à cota do nível médio das águas do mar [ ]
fluxo mássico [ ]
entalpia por unidade de massa [ ]
altura [ ]
taxa de destruição de exergia [ ]
coeficiente de transferência de calor por condução [ ]
comprimento [ ]
distância entre linhas de tubos [ ]
distância entre colunas de tubos [ ]
diferença logarítmica de temperaturas (log mean temperature difference) [K]
massa [ ]
caudal mássico [ ]
número de passagens nos tubos
número de tubos
número de Nusselt [-]
pressão [ ]
fluxo de calor [ ]
calor [ ]
taxa de transferência de calor [ ]
constante dos gases perfeitos [ ]
resistência de sujamento [ ]
número de Reynolds [-]
ciclo de Rankine (Rankine cycle)
entropia [ ]
espaçamento entre alhetas [ ]
temperatura [ ]
velocidade [ ]

xii
coeficiente global de transferência de calor [ ]
volume específico [ ]
largura [ ]
trabalho [ ]
taxa de transferência de trabalho [ ]
título de vapor [-]
Alfabeto Grego
coeficiente de transferência de calor por convecção [ ]
variação
efetividade [-]
rendimento das alhetas [-]
rendimento [-]
ângulo do layout dos tubos [ ]
viscosidade dinâmica [ ]
massa volúmica [ ]
viscosidade cinemática [ ]

Subscritos
pontos de funcionamento do ciclo de Rankine
aceleração
atmosférico
ebulição convectiva (convective boiling)
ebulição mista (convective and nucleate boiling)
condensação
distância característica do número adimensional
externo
elétrico
evaporação
exergético
fluido de trabalho
alheta
passagem livre do fluido
fricção
gases de escape
permutador de calor (heat exchanger)
transferência de calor
interno
entrada (inlet)
fase líquida (liquid-only)
ebulição nucleada (nucleate boiling)
balanço/quantidade útil
início da ebulição nucleada (onset of nucleate boiling)
saída (outlet)

xiii
bomba (pump)
corpo do permutador de calor
estática
tubo
turbina
relativo ao Ciclo de Rankine
duas fases (two phases)
parede
líquido saturado
vapor saturado

xiv
1. Introdução

1.1. Enquadramento e Motivação

A crescente preocupação com o impacto ambiental resultante da queima de combustíveis fósseis e o


conhecimento de que as reservas destes combustíveis são finitas e decrescem a um ritmo acelerado,
de dia para dia, estimula o desenvolvimento de sistemas que aproveitam a energia destes
combustíveis com maior eficiência e menor emissão de poluentes.

O sector de produção de energia elétrica é ainda dominado a nível global por centrais termoelétricas
com recurso a carvão, fuelóleo ou gás natural que asseguram uma resposta quase instantânea a
picos de procura de eletricidade por parte dos consumidores. Também no sector dos transportes
rodoviários, apesar do desenvolvimento de veículos ligeiros híbridos com baixos consumos, de
veículos movidos a biodiesel e de veículos 100% elétricos, o mercado ainda se encontra dominado
por veículos equipados com motores de combustão interna (MCI) alimentados por combustíveis
fósseis devido às alternativas tecnológicas ainda não apresentarem uma relação custo do
equipamento/poupança de combustível vantajosa para os consumidores. E este facto continuar-se-á
a verificar nas próximas décadas.

Muitas melhorias têm sido alcançadas ao nível dos MCI relativas ao nível da emissão de poluentes
para a atmosfera e da potência que se consegue extrair da combustão que ocorre dentro dos
cilindros. Um exemplo da diminuição da emissão de poluentes, retirado de Ferrari (2011), é a
recirculação dos gases de escape do motor (EGR - Exhaust Gas Recirculation, na literatura inglesa)
que permite baixar a temperatura máxima a que se dá a combustão. Esta diminuição de temperatura
reduz a formação de óxidos de azoto (NOx) no MCI. As emissões de NO x provocam chuvas ácidas e,
na presença de alguns hidrocarbonetos não-queimados, o aparecimento de smog e doenças
respiratórias.

Num veículo equipado com MCI, o rendimento global de conversão da energia contida no
combustível em trabalho para o deslocamento do veículo é de aproximadamente 30% (Domingues et
al., 2013). Distinguem-se os motores de ignição por faísca (Otto) dos motores de ignição por
compressão (Diesel), devido a estes últimos apresentarem rendimentos globais ligeiramente
superiores (até cerca de 47%, de acordo com Gewald et al., 2012). A restante energia é transferida
por radiação e convecção para o ambiente através da fronteira física do motor e das tubagens,
dissipada devido a perdas mecânicas (fricção) e transportada nos gases de escape, devido às
elevadas temperaturas a que estes deixam o escape.

O exemplo mais conhecido de aumento da eficiência de um MCI é o uso de turbo-compressores. O


turbo-compressor é um sistema mecânico formado por uma turbina onde ocorre a expansão dos

1
gases de escape. O binário produzido na turbina é transmitido a um compressor que eleva a pressão
do ar de admissão, aumentando a potência que o motor consegue desenvolver.

O exemplo anterior é um exemplo de aproveitamento de energia contida nos gases de escape que
normalmente é desperdiçada. Um aumento posterior do rendimento global pode ser obtido
aproveitando a energia térmica contida no fluido de refrigeração do motor, da contida nos gases de
escape e, ainda, no intercooler.

O aproveitamento desta energia térmica residual é conseguido através da sua conversão em energia
elétrica que pode ser armazenada na bateria do motor ou usada para suprir as necessidades dos
sistemas acessórios do veículo (e.g., ar condicionado, faróis, rádio, vidros elétricos, etc.) ou para, por
exemplo, acionar o compressor. Este processo tem dois grandes impactos no funcionamento do
veículo:
1. Aumenta a energia que se consegue extrair da queima do combustível;
2. Diminui o consumo de combustível necessário para uma vasta gama de regimes de
operação do motor, diminuindo consequentemente as emissões de poluentes.

Duas tecnologias de conversão da energia térmica residual do motor em energia elétrica distinguem-
se das restantes: equipamento termoelétrico, como ligas de telúrio e chumbo, que quando sujeitas a
diferenças de temperatura elevadas impõem uma tensão aos terminais (a tensão é da ordem de =
0,4 V para uma diferença de temperatura de = 1 K, ver Shu et al., 2012 e Baker, C. e Shi, L.,
2012); e o ciclo termodinâmico de Rankine, que gera trabalho a partir da energia térmica, o qual é
transformado em energia elétrica através de um gerador acoplado à turbina.

Apesar de a primeira não ter quaisquer partes móveis, tendo portanto uma vida útil longa, e poder ser
mais compacta do que o equipamento que integra o ciclo de Rankine, este permite obter maiores
rendimentos de conversão para a mesma temperatura da fonte de calor, pelo que é analisado em
inúmeros artigos científicos, incluindo a presente dissertação, como método de aproveitamento de
calor residual proveniente de MCIs.

Avaliando agora a relação entre a poupança de combustível obtida por esta tecnologia e aquela que
um sistema de turbo-compounding (um tipo particular de compressão do ar de admissão com recurso
a uma turbina) proporciona, refere-se um estudo feito por Weeransighe et al. (2010) para um camião
com um turbo-compressor e para o mesmo com um ciclo de Rankine instalado. O estudo revela que o
ciclo de Rankine permite uma poupança de combustível de cerca de 20% em relação à poupança de
combustível proporcionada pelo turbo-compressor e com um peso instalado apenas de cerca de 16
kg superior ao peso dos componentes do turbo-compressor.

Assim, pode concluir-se que o potencial da implementação de um sistema de ciclo de Rankine num
veículo equipado com um MCI em relação a uma tecnologia que se encontra já bem estabelecida no

2
mercado automóvel é elevado. É relevante notar que os sistemas de turbo-compressores em veículos
ligeiros equipados com MCIs são utilizados desde a década de 60 – o primeiro veículo a usufruir
deste equipamento foi o Oldsmobile Jetfire Turbo Rocket produzido em 1962 (Knowling, 2003) – e
atualmente são utilizados de uma forma generalizada. Refira-se que o projeto correto de um sistema
com ciclo de Rankine permite reduzir emissões do MCI e obter um retorno do investimento entre 2 a 5
anos dependendo das deslocações da viatura (Sprouse, C. e Depcik, C., 2013).

A presente dissertação é dedicada ao estudo de um sistema de ciclo de Rankine que utiliza os gases
de escape como fonte de energia térmica, visto apresentarem a maior parcela na energia perdida
pelo MCI para o ambiente (Chammas, R. e Clodic, D., 2005). A análise centra-se no estudo do
desempenho de permutadores de calor para um sistema de ciclo de Rankine, devido ao facto de,
independentemente da importância do projeto correto dos outros componentes do ciclo (bomba,
turbina e condensador), uma maior transferência de calor entre os gases de escape e o fluido de
trabalho do ciclo garantir um aumento do valor do trabalho útil máximo que se consegue obter.

1.2. Objetivos

O objetivo principal da presente dissertação é estudar o permutador de calor (evaporador) para a


condição de operação do motor em que os gases de escape apresentem a potência térmica mais
elevada. De entre 4 geometrias diferentes, o permutador com melhor desempenho é escolhido e
depois testado para outros pontos de operação do MCI por forma a avaliar a aplicabilidade desta
solução na melhoria do desempenho energético do motor.

1.3. Estrutura da dissertação

A presente dissertação encontra-se estruturada em 5 capítulos. No presente capítulo é feita uma


breve introdução ao assunto em estudo, que inclui o enquadramento do tema e os objetivos do
trabalho. O capítulo 2 apresenta os fundamentos teóricos e a revisão bibliográfica. No capítulo 3 é
apresentado o modelo termodinâmico desenvolvido para o estudo do ciclo de Rankine. O capítulo 4
aborda o projeto do permutador de calor e apresenta os resultados obtidos. Finalmente, o capítulo 5
resume as principais conclusões retiradas do presente trabalho e enumera um conjunto de sugestões
para trabalhos futuros.

3
2. Revisão bibliográfica

2.1. Fundamentos teóricos

O ciclo de Rankine é composto por um conjunto de processos em que o fluido de trabalho sofre
mudanças nas suas propriedades de tal modo que retorna ao estado de partida, produzindo neste
processo potência útil de natureza mecânica a partir de potência calorífica. A Figura 2.1 mostra uma
representação simplificada dos componentes de um ciclo de Rankine simples com aproveitamento da
energia térmica dos gases de escape.

Figura 2.1 – Ciclo de Rankine com aproveitamento da energia térmica dos gases de escape.

O fluido de trabalho é comprimido através de trabalho exercido sobre o ciclo com recurso a uma
bomba ( , processo 1-2), recebe depois calor de uma fonte quente no evaporador ( , processo 2-
3), produz trabalho numa turbina ( , processo 3-4), reduzindo a sua pressão, cede em seguida
calor à fonte fria através do condensador ( , processo 4-1), e volta a ser comprimido, fechando-se
assim o ciclo.

Subtraindo ao trabalho produzido pela turbina ( ) o trabalho exercido pela bomba ( ) obtém-se
o trabalho útil produzido através ciclo ( ):

(2.1)

O rendimento térmico do ciclo de Rankine ( ) por sua vez define-se como o quociente entre o
trabalho útil ( ) e o calor recebido da fonte quente ( ):

4
(2.2)

No esquema da Figura 2.1 os gases de escape funcionam como fonte quente do ciclo. A fonte fria,
que não está representada, é o ar ambiente. No presente trabalho considera-se que a turbina está
acoplada a um gerador elétrico que converte o trabalho mecânico em eletricidade com um rendimento
de conversão associado ( ).

As Figuras 2.2 e 2.3 apresentam os diagramas temperatura-entropia (T-s) para os fluidos de trabalho
água e R123, respetivamente. Tal como se pode observar, a linha de vapor saturado para a água tem
a forma característica de um fluido molhado, com aumento da entropia para temperaturas cada vez
mais baixas (declive negativo). Como exemplo de um fluido seco, mostra-se o diagrama T-s
para o fluido orgânico R123 na Figura 2.3.

Figura 2.2 – Diagrama T-s para água com representação qualitativa dos pontos de
funcionamento correspondentes ao sistema de ciclo de Rankine (a vermelho).

Diferentes líquidos ou misturas produzem diagramas T-s com diferentes declives da linha de
transição de vapor saturado tal como observado nas figuras supramencionadas. De acordo com as
características do fluido de trabalho este pode ser classificado de molhado (e.g., água), seco (e.g.,
R123) ou isentrópico (e.g., R11), Zhu et al. (2013).

As caraterísticas da curva de vapor saturado são de extrema importância na seleção da turbina.


Assim, no caso de fluidos de trabalho “molhados”, é necessário um sobreaquecimento do fluido antes
de entrar na turbina (ponto 3) para assegurar que em nenhum ponto da expansão 3-4 ocorra
formação de gotas (condensação) que danifiquem as pás da turbina. No caso de um fluido isentrópico
ou seco, tal sobreaquecimento não é necessário.

5
Figura 2.3 – Diagrama T-s para R123 com representação qualitativa dos pontos de
funcionamento correspondentes ao sistema de ciclo de Rankine (a vermelho).

Projeto do permutador de calor

Sendo todos os componentes indispensáveis ao bom funcionamento do ciclo de Rankine, para se


conseguir extrair o máximo trabalho útil do ciclo é necessário que no evaporador o fluido de trabalho
tenha uma temperatura o mais próxima possível da temperatura dos gases de escape que
atravessam o evaporador. Ou seja, é necessário que o evaporador tenha um elevado rendimento
térmico e exergético, o que se traduz regra-geral numa elevada área de interface entre os gases de
escape e o fluido de trabalho.
O rendimento térmico de um permutador de calor corresponde ao quociente entre a quantidade de
calor que é aproveitada e a quantidade de calor máxima disponibilizada pela fonte quente (i.e., os
gases de escape). O rendimento exergético, por outro lado, é uma medida da aproximação do
processo de transferência de calor real a um processo ideal em que não existem irreversibilidades. A
aproximação da temperatura dos gases de escape e do fluido de trabalho é um exemplo de
diminuição de irreversibilidades, resultando num aumento do rendimento exergético.

Para a presente aplicação, uma vez que a energia térmica recuperada no permutador de calor será
convertida em trabalho mecânico na turbina, é importante garantir um elevado rendimento exergético
do permutador de calor.
O aumento da área de permutador de calor promoverá, em princípio, maiores perdas de carga do
lado dos gases de escape o que tem como efeito adverso a perda de carga dos gases de escape
(back-pressure, na literatura inglesa) a jusante do MCI, que se significativa, introduzirá uma
diminuição na potência que o MCI pode desenvolver. Dado que Chammas, R. e Clodic, D. (2005)

6
referem um valor de 5 kPa para a back-pressure como aceitável num projeto de um sistema de
recuperação de calor, considera-se o valor limite de 7 kPa para esta propriedade ao longo desta
dissertação, valor a partir do qual o efeito desta se torna significativo no rendimento do MCI.

Além destes aspetos é também fundamental a dimensão (volume) e o peso que o evaporador terá
devido à instalação dos componentes do ciclo de Rankine num veículo ligeiro.

Para a avaliação destas características é primeiro importante notar que existem dois tipos de
problemas sobre permutadores de calor segundo Kuppan (2000):
1. Problemas de avaliação (rating): o permutador de calor já existe, conhecendo-se as suas
propriedades geométricas e materiais constituintes, assim como as propriedades dos fluidos
que trocam calor. Apenas se pretende determinar a taxa de transferência de calor;
2. Problema de dimensionamento (sizing): pretende-se que o permutador de calor apresente
uma dada taxa de transferência de calor (ou equivalentemente que as temperaturas dos
fluidos à entrada e saída do permutador sejam iguais a valores pré-definidos), apenas
conhecendo as condições dos fluidos à entrada do permutador. O projetista deve definir a
geometria do permutador, o material que o compõe e o arranjo das correntes dos fluidos e,
através de correlações empíricas ou simulação computacional calcular as dimensões que o
permutador deve satisfazer para cumprir o objetivo.

A Figura 2.4 apresenta um algoritmo usado para resolver qualquer dos problemas enunciados. Este
diagrama foi obtido através de uma adaptação de um diagrama existente em Kuppan (2000). O
problema estudado nesta dissertação é o segundo, acarretando a busca de um dimensionamento
ótimo.

Antes de se aprofundar a análise de permutadores de calor é essencial conhecer o significado físico


de diversos números adimensionais que permitem obter expressões analíticas e empíricas para o
cálculo da taxa de transferência de calor e da perda de carga de um fluido. A expressão para o seu
cálculo e o respetivo significado físico dos números adimensionais estão resumidos na Tabela 2.1.

2.3. Estudos antecedentes

A investigação na área do aproveitamento da energia residual contida nos gases de escape através
de um ciclo de Rankine (RC) começou durante a primeira crise energética na década de 1970,
aplicada a camiões com motores diesel pesados (HD – heavy-duty). Na altura os estudos conduzidos
vaticinavam poupanças de combustível na ordem de 10%-15% (Wang et al., 2011). No entanto, a
redução dos preços dos combustíveis na década de 1980 e melhorias no projeto de MCIs que os
tornavam mais eficientes provocaram uma paragem na pesquisa.

7
Figura 2.4 – Algoritmo para a resolução de problemas de permutadores de calor.

Tabela 2.1 – Números adimensionais e o seu significado físico.


Número adimensional Expressão Significado físico
Reynolds Razão entre as forças de inércia e as forças
viscosas
Prandtl Razão entre a taxa de difusão de quantidade
de movimento e a taxa de difusão de calor
Nusselt Razão entre a transferência de calor por
convecção e por condução
Froude Razão entre as forças de inércia e as forças
gravitacionais
Número de Convecção Influência da ebulição convectiva no
fenómeno da ebulição
Número de Ebulição Razão entre o fluxo de calor para o fluido e o
fluxo máximo necessário para a sua
evaporação completa

Recentemente houve um grande aumento do número de artigos científicos publicados nesta área,
assim como de estudos desenvolvidos por empresas associadas à indústria automóvel, devido ao

8
aumento do preço dos combustíveis e devido a futuras regulamentações para as emissões de CO 2 de
MCIs (Sprouse, C. e Depcik, C., 2013).

Chammas, R. e Clodic, D. (2005) analisaram a implementação de um ciclo de Rankine num veículo


híbrido (motor a gasolina com 1,4 litros). Os autores concluíram que o ciclo de Rankine orgânico com
R-245ca ou isopentano possibilita uma poupança de combustível mais elevada que os outros, com
valores entre 7% e 32%.

A nível da indústria automóvel, a BMW iniciou em 2000 o desenvolvimento de um sistema de


recuperação de energia térmica denominado Turbosteamer (Obieglo et al., 2009) que foi apresentado
ao público em 2005 e só chegará à produção por volta de 2015. O sistema Turbosteamer possibilita
poupanças de combustível entre 5% e 10%.

Em 2008, a Honda começou a explorar a aplicação de uma unidade de co-geração com um ciclo de
Rankine para aumentar a eficiência de veículos híbridos (Rosebro, 2008). O objetivo era converter a
energia térmica em energia elétrica que seria usada para carregar a bateria do veículo. Ensaios em
estrada mostraram que a uma velocidade constrante de 100 km/h, o uso do ciclo de Rankine
aumentava a eficiência do motor em 3,8%, enquanto ensaios com o ciclo de autoestrada norte-
americano (US highway cycle) mostraram um reaproveitamento de energia cerca de 3 vezes maior do
que num sistema de travagem regenerativo (Rosebro, 2008).

A Ford (Hussain, Q. e Brigham, D., 2011) apresentou resultados sobre a utilização de um ciclo de
Rankine com fluido de trabalho orgânico para veículos ligeiros. Estes foram obtidos através de
simulações em regime transiente com base em medições feitas para a entalpia dos gases de escape
ao longo do tempo, com enfoque principal no evaporador do ciclo de Rankine. O veículo do qual se
retiraram os dados é um jipe Ford Escape de 2009. Os autores concluíram que o ciclo de Rankine
consegue gerar eletricidade suficiente para suprir parcialmente as necessidades do sistema elétrico
acessório, variando com o tipo de veículo, com o ciclo de condução e com o tamanho do permutador.

Macián et al. (2013) apresentam uma a metodologia para otimizar um ciclo de Rankine usado para
recuperar energia térmica de fontes de calor de baixas e altas temperaturas. Seguindo a metodologia,
primeiro selecionam-se as fontes de calor, o fluido de trabalho com melhor desempenho, o tipo de
turbina e de bomba a utilizar, os permutadores de calor e as características termodinâmicas do ciclo
de acordo com as limitações iniciais. A seleção é feita com base em objetivos que se pretendem
atingir, como por exemplo a redução no consumo de combustível com o mínimo efeito em termos de
ocupação de espaço e custos reduzidos.

9
Macián et al. (2013) adaptam depois o estudo para condições ditas reais, em que atribuem uma
eficiência à turbina e à bomba e concluem que a redução no consumo de combustível atinge um
máximo de 5% para o ciclo com água e para todas as fontes de calor.

Os autores notam, por outro lado, que a diferença de temperatura mínima entre a fonte quente e o
fluido de trabalho ( ) tem uma grande influência na redução do consumo de combustível.
No caso estudado mudando esta diferença de temperaturas de 10 ºC para 20 ºC leva a uma
diminuição dos volumes dos permutadores de calor de 60% e a uma diminuição no consumo de 3%.

Existem muitos outros artigos publicados na área. Alguns focam-se na seleção do fluido e na análise
termodinâmica como os trabalhos de Tian et al. (2012) e Hossain, S. e Bari, S. (2011) enquanto
outros se focam mais na análise dos permutadores de calor e no cálculo das taxas de transferência
de calor, como o trabalho de Mavridou et al. (2010).

2.4. Permutadores de calor

A Tabela 2.2 mostra os limites de funcionamento de diferentes tipos de permutadores, o respetivo


risco de sujamento (fouling) e a eficácia da limpeza mecânica (Kuppan, 2000; Kakaç, S. e Liu, H.,
2002; Shah, R. e Sekulic, D., 2003). Os limites de temperatura e pressão devem-se aos materiais
constituintes do permutador de calor e a detalhes de construção importantes na definição do
escoamento, como cordões de soldadura com material de adição diferente do material de base e
anéis de vedação constituídos por polímeros com temperaturas de transição vítrea bastante inferiores
à temperatura de fusão do metal de base.

Seher et al. (2012) definem 407 ºC como a temperatura máxima de saída da água do permutador de
modo a não danificar a turbina. Sendo a temperatura máxima de entrada dos gases de escape de
779,15 ºC, a temperatura máxima a que as paredes do permutador serão sujeitas não ultrapassará à
partida os 500 ºC. Por esta razão, e como medida de precaução, apenas serão considerados válidos
para a presente análise, os permutadores presentes na Tabela 2.2 que permitam uma temperatura
máxima de funcionamento igual ou superior a 500 ºC.

Para permutadores retirados de artigos cuja geometria não esteja na Tabela 2.2, considera-se que as
condições limite de funcionamento são tais que a pressão máxima é um pouco superior a 4 MPa
(cerca de 39,5 bar) e que a temperatura máxima das paredes do permutador não deve atingir
500 ºC.

Mavridou et al. (2010) estudaram permutadores de calor de corpo e feixe tubular com variações na
geometria dos tubos (lisos, alhetados e com sulcos) e permutadores de corpo e placas alhetadas
(com ou sem espuma metálica do lado dos gases de escape) para a troca de calor entre gases de
escape e água. As condições dos gases de escape e da água estão apresentadas na Tabela 2.3. A

10
avaliação dos permutadores de calor foi feita com base na dimensão final, na sua massa, na perda de
carga do lado dos gases de escape (back-pressure) e do lado da água.

Tabela 2.2 – Limites de funcionamento e risco de sujamento de permutadores de calor


(* muito baixo, ** baixo, *** razoável, **** elevado, ***** muito elevado).
Risco de
Tipos de
Pressão Máxima Temperatura Máxima Sujamento
Permutadores
/Limpeza Mecânica
296 bar (lado do corpo) (Shah,
Limitada apenas pelos
Corpo e feixe R. e Sekulic, D., 2003) **/*** (Kuppan,
materiais usados (Shah, R.
tubular 1381 bar (lado dos tubos) 2000)
e Sekulic, D., 2003)
(Shah, R. e Sekulic, D., 2003)
296 bar (lado do corpo) (Shah,
Corpo e feixe
R. e Sekulic, D., 2003) 870 ºC (Shah, R. e Sekulic,
tubular com Desconhecido
1381 bar (lado dos tubos) D., 2003)
tubos alhetados
(Shah, R. e Sekulic, D., 2003)
20 bar (Kuppan, 2000) 260 ºC (Kuppan, 2000)
****/***** (Kuppan,
Placas
25 bar (Kakaç, S. e Liu, H., 250 ºC (Kakaç, S. e Liu, H., 2000)
2002) 2002)

17 bar (Kuppan, 2000) 400 ºC (Kuppan, 2000)


Placas em ****/**** (Kuppan,
espiral 15 bar (Kakaç, S. e Liu, H., 500 ºC (Kakaç, S. e Liu, H., 2000)
2002) 2002)

20 bar (Kuppan, 2000) 538 ºC (Kuppan, 2000)


200 ºC (vedações de
Placas “teflon”) ****/** (Kuppan,
lamelares 35 bar (Kakaç, S. e Liu, H., 2000)
500 ºC (vedações de
2002)
amianto) (Kakaç, S. e Liu,
H., 2002)
400 ºC (materiais não-
68 bar (Kuppan, 2000) ferrosos e excluindo Al)
Placas com ***/* (Kuppan,
10 bar (Shah, R. e Sekulic, D., (Kuppan, 2000)
alhetas 2000)
2003) 650 ºC (Shah, R. e Sekulic,
D., 2003)
Placas Platular 40 bar (Shah, R. e Sekulic, D., 700 ºC (Shah, R. e Sekulic, Desconhecido
2003) D., 2003)

Tabela 2.3 – Tabela com condições de funcionamento dos fluidos


no evaporador (Mavridou et al., 2010).
Fluido Água Gases de escape
Caudal mássico [ ]
Pressão [ ]

Mavridou et al. (2010) concluíram que o permutador de placas alhetadas simples tem menores
dimensões do que qualquer permutador de corpo e feixe tubular analisado e consegue ter menores
perdas de carga em ambas as correntes, embora tenha uma massa superior à do permutador de
corpo e feixe tubular com tubos alhetados.

11
Mavridou et al. (2010) apresentaram os resultados sob a forma adimensional, não se podendo inferir
acerca da sua adaptação a uma condição real, mas sim concluir que o permutador de placas
alhetadas com espuma metálica apresenta melhor desempenho em relação aos outros permutadores
estudados.

Outros permutadores foram sugeridos para aplicações semelhantes como é o caso do permutador de
tubos com multipasso e alhetas contínuas estudado por Horst et al. (2013), do permutador de corpo
paralelepipédico e dois feixes de tubos estudado por Santos et al. (2013), do permutador de tubos
achatados, concêntricos e alhetados considerado por Ambros et al. (2011) para recuperar o calor da
EGR e do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos examinado por Bougriou, C. e
Baadache, K. (2010).

12
3. Modelo Termodinâmico do Ciclo de Rankine

3.1. Introdução

Neste capítulo dar-se-á a conhecer ao leitor a estrutura do código com o cálculo numérico que
permitiu usar os dados sobre o veículo a que é aplicado o ciclo de Rankine e obter resultados que
simulam o mais fielmente possível a realidade. Faz-se depois uma análise termodinâmica ao ciclo de
Rankine, avaliando a influência de diferentes parâmetros como a natureza do fluido de trabalho, a
pressão de evaporação do fluido e a variação no rendimento da turbina.

3.2. Estrutura do código com o cálculo numérico

A aplicação dos modelos matemáticos descritos na seção 3.4 foi efetuada com recurso ao software
de cálculo MATLAB e ao software REFPROP (Reference Fluid Thermodynamic and Transport
Properties) versão 9.0, desenvolvido pelo NIST (National Institute of Standards and Technology). Este
último software contém uma base de dados extensa sobre diversos fluidos que é acessível através da
interface do próprio software ou através da importação de dados para outros softwares. No caso da
importação para MATLAB esta é feita indiretamente através de um código em FORTRAN que
acompanha o software REFPROP.

Assim é possível o tratamento imediato dos dados através do código desenvolvido em MATLAB cuja
estrutura é representada na Figura 3.1. Tal como se pode observar na Figura 3.1, existem dois ramos
principais no código que se referem respetivamente à análise termodinâmica e ao projeto do
evaporador. Depois da execução de cada um dos ramos o utilizador retorna ao meu principal onde
pode voltar a escolher um dos ramos ou sair do programa.

A Figura 3.2 representa o ramo relativo à análise termodinâmica.


O código calcula a máxima taxa de transferência de calor dos gases de escape para o fluido de
trabalho e executa os cálculos numéricos para determinar a taxa efetiva de transferência de calor
entre os dois fluidos. Os resultados são apresentados na janela principal do MATLAB à medida que o
código corre, dando a conhecer ao utilizador as temperaturas das correntes, as taxas de transferência
de calor e as perdas de carga no permutador de calor nas sucessivas iterações. Se os comprimentos
especificados pelo utilizador são insuficientes para obter as temperaturas de saída dos gases de
escape inicialmente estimadas para cada seção do permutador de calor então é emitido um aviso
particular para cada seção e o utilizador é convidado a inserir novos valores para os comprimentos
das seções.
As iterações terminam, à descrição do utilizador, quando as temperaturas de saída dos gases de
escape calculadas igualam ou são pouco inferiores às temperaturas de saída inseridas na última
iteração. Um excerto do código em MATLAB é apresentado no Anexo B.

13
Figura 3.1 – Estrutura do programa em MATLAB.

14
Figura 3.2 – Representação do ramo relativo à análise termodinâmica.

15
16
4. Projeto do Permutador de Calor

4.1. Introdução

Neste capítulo são apresentados os 4 permutadores de calor analisados e o modelo desenvolvido


para o projeto do permutador de calor, o qual inclui: o cálculo da transferência de calor dos gases de
escape para o fluido de trabalho e da perda de carga de ambos os lados ao longo dos permutadores
estudados. De seguida são apresentados e discutidos os resultados da análise termodinâmica do
ciclo de Rankine e é feita uma análise aos 4 permutadores para uma determinada condição de
operação do MCI de modo a determinar qual tem melhor desempenho. Para o permutador
selecionado é efetuada ainda uma análise detalhada de modo a aferir se existe alguma modificação à
geometria, material, escoamento dos fluidos que compõem as correntes e natureza do fluido de
trabalho que permitam uma melhoria subsequente da performance do permutador de calor.

4.2. Permutadores de calor analisados

A Tabela 4.1 lista os permutadores estudados na presente dissertação. Estes permutadores estão
representados nas Figuras 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4.

Tabela 4.1 – Sumário dos permutadores de calor estudados na presente dissertação.


 Estudado por Santos et al. ( 2013) com 114 tubos
Permutadores de corpo e feixe tubular
 100 tubos concêntricos
Permutador de tubos com multipasse  Estudado por Horst et al. (2013) – configuração 8.0-
e alhetas contínuas 3/8T (Kays, W. e London, A., 1984)
 Tubos achatados, concêntricos e alhetados –
Permutador de placas e alhetas
estudado por Ambros et al. (2011)

Figura 4.1 – Esquema do protótipo de permutador de tubos com multipasso e alhetas


contínuas (Horst et al., 2013).

17
Figura 4.2 – Imagem do permutador de corpo e feixe tubular (Santos et al., 2013).

Figura 4.3 – Esquema do permutador de tubos duplos achatados, concêntricos e alhetados


(Ambros et al., 2011).

Figura 4.4 – Ilustração do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos

Neste trabalho foram feitas algumas alterações a estes permutadores, nomeadamente:

18
 Horst et al., (2013): em vez de tubos em linha, o permutador analisado apresenta tubos
desalinhados com menor espaçamento entre eles e diâmetros superiores, de acordo com a
configuração 8.0-3/8T de Kays, W. e London, A. (1984).
 Santos et al., (2013): em vez de o permutador conter 2 feixes de tubos de 19 tubos cada, tem
6 feixes de tubos com o mesmo número de tubos.
 Ambros et al., (2011): é adotada uma geometria de placas e alhetas em vez dos tubos
achatados. Para o tubo achatado exterior e para o tubo achatado interior são adotadas as
geometrias correspondentes à configuração 25.79T e 19.86, respetivamente, de Kays, W. e
London, A. (1984).

Visto as geometrias da maioria dos permutadores de calor terem sido modificadas, os permutadores
serão doravante mencionados através da designação apresentada na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Designações dos permutadores de calor estudados na presente dissertação.


Permutador Designação
Corpo e feixe tubular com 114 tubos (Santos et al., 2013) HEX1
Tubos concêntricos com 100 tubos HEX2
Tubos com placas longitudinais (Horst et al., 2013) – configuração HEX3
8.0-3/8T (Kays, W. e London, A., 1984)
Tubos achatados, concêntricos e alhetados – (Ambros et al., 2011) HEX4

É importante notar que no permutador de corpo e feixe tubular HEX1, tal como referido em Santos et
al. (2013) os gases de escape passam pelos tubos e o fluido de trabalho passa no corpo.

No caso do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos os gases de escape passam
simultaneamente pelo corpo e pelos tubos interiores, enquanto o fluido de trabalho passa nos anéis
formados entre os tubos concêntricos.
Por fim deve-se mencionar que para seja possível instalar o permutador no veículo, o comprimento
máximo é e as dimensões transversais máximas do permutador de calor (altura e
largura, respetivamente) são: e , de acordo com o trabalho de Horst
et al. (2013). As dimensões externas dos permutadores de calor estudados no presente trabalho
encontram-se na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Dimensões externas dos permutadores de calor a estudar


HEX1 HEX2 HEX3 HEX4
0,300 0,300 0,300 0,300
0,104 0,145 0,146 0,146
0,154 0,123 0,132 0,138

19
4.3. Método da diferença logarítmica de temperaturas (LMTD)

Para o cálculo da taxa de transferência de calor, conhecendo as temperaturas de entrada e saída de


ambas as correntes no permutador, foi usado o método da diferença logarítmica de temperaturas
(LMTD) descrito por Kakaç, S. e Liu, H. ( 2002).

Tal método baseia-se no estudo teórico do permutador contra-corrente, para o qual a taxa de
transferência de calor é calculada da seguinte maneira:
(4.1)

em que é a diferença logarítmica de temperaturas, calculada da seguinte forma:


(4.2)

Para um permutador de calor com uma configuração diferente de um configuração contra-corrente, a


taxa de transferência de calor é afetada de um fator de correção , como se mostra na expressão
seguinte.
(4.3)

O fator de correção é função do arranjo das correntes e dos parâmetros e , definidos a seguir.
(4.4)

No caso de fluido a sofrer mudança de fase, tem valor nulo e toma o valor unitário. Este valor não
significa uma grande eficiência do permutador de calor, mas sim uma grande aproximação à condição
de escoamento contra-corrente (counter-flow).

4.4. Método ε-NTU

No caso de não se conhecerem a priori todas as temperaturas das correntes, o uso do método LMTD
através de processos iterativos torna-se trabalhoso (Incropera et al., 2008). É por isso preferível
empregar o método ε-NTU (efetividade – número de unidades de transferência de calor), para estimar
as temperaturas desconhecidas e calcular a taxa de transferência de calor respetiva. O exemplo mais
corrente e o que foi avaliado nesta dissertação é, conhecendo as temperaturas de uma corrente
( e ) e a temperatura de entrada de outra corrente ( , determinar a temperatura de saída
da corrente ( .

A expressão para o cálculo da taxa de transferência de calor para este método é baseada na
diferença máxima de temperaturas que existe ao longo do permutador de calor:

20
(4.5)

é a capacidade calorífica mínima das correntes e é

efectividade ( ), a qual é função do número de unidades de transferência de calor (NTU),


da razão entre as capacidades caloríficas das duas correntes, da configuração do permutador e da
existência ou não de mudança de fase.

Para o caso de ocorrer mudança de fase, a efetividade é calculada sempre através da mesma
expressão independentemente da configuração do permutador de calor:
(4.6)

Para o caso de escoamento sem mudança de fase, apresentam-se na Tabela 4.4 as expressões para
o cálculo de para algumas das configurações mais típicas.

Tabela 4.4 – Expressões para o cálculo da efectividade para algumas configurações de


escoamento retiradas de (Incropera et al., 2008)
Configuração do Escoamento Expressão
Escoamento Paralelo em tubos (4.7)
concêntricos

Escoamento Contra-corrente (4.8)


em tubos concêntricos

Corpo e feixe tubular com (4.9)


passagem no casco e
passagenss nos tubos

Corpo e feixe tubular com (4.10)


passagens no casco e
passagens nos tubos

Escoamento cruzado com os (4.11)


dois fluidos não-misturados

é a capacidade calorífica máxima em oposição a e o cálculo de NTU é feito da seguinte


forma:

21
(4.12)

4.5. Cálculo do coeficiente global de transferência de calor

O cálculo do coeficiente global de transferência de calor ( ) depende da configuração e do arranjo


das correntes no permutador, como se pode visualizar na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Coeficientes globais de transferência de calor do lado dos gases de escape para
os diversos tipos de permutadores
Permutador Expressão
Corpo e feixe (4.13)
tubular com tubos
lisos (Kuppan,
2000)
Placas com (4.14)
alhetas (Kays, W.
e London, A.,
1984)
Tubos com (4.15)
alhetas contínuas
(Kays, W. e
London, A., 1984)

Corpo e feixe (4.16)


tubular com tubos
concêntricos
(Bougriou, C. e (4.17)
Baadache, K.,
2010)

Corpo e feixe (4.18)


tubular com tubos
concêntricos com
alhetas
(Saunders, 1988)

Para os permutadores de placas com alhetas e tomando como o índice referente à corrente (
para o fluido e para os gases de escape), calcula-se a eficiência da permuta de calor devido às
alhetas do lado ( ).
(4.19)

Os parâmetros e calculam-se da seguinte forma:


(4.20)

22
No caso dos permutadores de calor de tubos e alhetas contínuas, o parâmetro é calculado da
mesma forma que na expressão (4.20) e o parâmetro é calculado da seguinte forma:
(4.21)

é a área média da parede que separa os dois fluidos, que se calcula do seguinte modo para o
permutador de tubos com alhetas contínuas:
(4.22)

Para os permutadores de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos com alhetas longitudinais
distribuídas radialmente, os parâmetros e são obtidos como se segue:
(4.23)

Adotam-se os seguintes valores de resistências médias de sujamento (fouling), de acordo com


Kakaç, S. e Liu, H. (2002), para todos os permutadores analisados.

Tabela 4.6 – Resistências de sujamento (fouling) consideradas para cada secção do


permutador de calor
Secção Pré-Aquecedor Evaporador Sobreaquecedor

4.6. Transferência de calor e perda de carga em permutadores


de calor

O facto de se pretender projetar o funcionamento de permutadores de diversas geometrias e


diferentes arranjos das correntes, requereu a utilização de métodos para o cálculo dos coeficientes de
transferência de calor de cada corrente, assim como da perda de carga associada ao escoamento. O
presente trabalho envolveu a modelação de 4 geometrias de permutador distintas (evidenciadas na
secção 4.2), sendo de seguida apresentados apenas os métodos utilizados para o permutador de
tubos concêntricos, visto que se conclui adiante que é o permutador que apresenta melhores índices
de desempenho.

Escoamentos confinados a tubos com apenas uma fase presente

As correlações seguintes para escoamento confinado a tubos com apenas uma fase presente são
apresentadas por Incropera et al. (2008) e Kuppan (2000) e são apresentadas na Tabela 4.7,
especificando para cada uma o respetivo domínio de aplicação.

23
Na correlação de Gnielinski, o coeficiente de atrito pode ser obtido através do diagrama de Moody
ou, para tubos lisos, através da expressão desenvolvida por Petukhov apresentada na Tabela 4.8.

Tabela 4.7 – Correlações para para tubos com apenas uma fase presente
Autoria Expressão da Correlação Domínio de
Aplicação
(4.24)

(4.25)

Sieder-Tate (4.26)
(1936)

Hausen (4.27)

Dittus- (4.28)
Boelter
Gnielinski (4.29)

Sieder-Tate (4.30)
McAdams

Tabela 4.8 – Correlações para para tubos com apenas uma fase presente
Expressão da Correlação Domínio de Aplicação
Laminar, plenamente (4.31)
desenvolvido
Turbulento, plenamente (4.32)
desenvolvido
(4.33)
Petukhov (4.34)

A perda de carga para o fluido com uma fase a escoar dentro de um tubo é:
(4.35)

O fator representa a influência da diferença entre a viscosidade do fluido à sua temperatura média
e à temperatura a que se encontra junto à parede na perda de carga do fluido e é calculado da
seguinte forma:
(4.36)

24
Escoamentos confinados entre tubos concêntricos com apenas uma fase presente

Para escoamentos confinados a geometrias anelares com apenas uma fase presente, a transferência
de calor é calculada do mesmo modo que para tubos simples, com a particularidade que o diâmetro
interno dos tubos é substituído neste caso por um diâmetro equivalente dado pela diferença entre os
diâmetros do tubo exterior e do tubo interior.

Para o cálculo da perda de carga, (Saunders, 1988) recomenda o cálculo do coeficiente de atrito
baseado nas curvas experimentais obtidas por Guy (1983) e apresentadas na equação (4.37):

(4.37)

é calculado para o diâmetro equivalente referido acima.

Calcula-se agora para o acima referido e (Saunders, 1988) propõe a seguinte expressão para o
cálculo da perda de carga:

(4.38)

Escoamentos confinados a tubos com alhetas longitudinais

De acordo com Thome (2010) não existe até à data um método geral de cálculo do coeficiente de
convecção para um fluido com apenas uma fase presente a escoar dentro de um tubo com alhetas.
Contudo, alguns estudos foram abordados na referência supracitada que previam um aumento do
valor do coeficiente de convecção 3 a 4 vezes superior ao valor para a superfície plana.

Nesta dissertação, na ausência de um método que descreva corretamente este fenómeno físico,
propõe-se uma aproximação de engenharia que consiste no cálculo do coeficiente de convecção para
tubos planos e na sua multiplicação por um fator de 3. Espera-se que tal aproximação não sobrestime
a transferência de calor do fluido para a superfície.

Para o cálculo da perda de carga, também não existe nenhuma correlação geral na literatura, pelo
que se faz uma outra aproximação, que consiste na diminuição do diâmetro de passagem de acordo
com a seguinte expressão:

25
(4.39)

Tal aproximação supõe que o raio de passagem livre, com a presença das alhetas, é diminuído de
um comprimento de meia alheta interna.

Fluido em ebulição dentro de tubos circulares

Existe uma diferença marcante entre os fenómenos físicos observados na ebulição no interior de
tubos horizontais e verticais. Tal deve-se à estratificação das 2 fases que pode ocorrer nos tubos
horizontais, ficando a fase gasosa a uma cota média superior relativamente à mesma da fase líquida.
Este facto faz com que existam mais regimes de escoamento em tubos horizontais do que em
verticais, o que representa uma maior dificuldade na previsão da transferência de calor nos primeiros.

Serão abordados nesta secção os métodos de Shah (1982), Kandlikar (1990) e Wojtan-Ursenbacher-
Thome (2005) para tubos horizontais.

O método de Shah, tal como descrito por Kakaç, S. e Liu, H. (2002), assenta nos seguintes 4
números adimensionais: , , ,e . O número adimensional, , representa o fator de melhoria
(enhancement factor, na literatura anglo-saxónica) em relação ao coeficiente de convecção calculado
no interior de tubos através da correlação de Dittus-Boelter>

(4.40)

O método tem aplicação para tubos horizontais e verticais e consiste em vários passos que se
encontram esquematizados nos diagramas das Figuras 4.5 e 4.6. O valor do coeficiente de
transferência de calor com as duas fases presentes (objetivo deste método) encontra-se salientado
no diagrama através de um tracejado mais carregado.

O método de Kandlikar é também descrito por Thome (2010), sendo baseado nos dados obtido por
Shah. O cálculo de é feito com recurso a várias constantes obtidas através de resultados
experimentais para a água, R-114, R-11, Néon e R-12:

(4.41)

é calculado, tal como no método de Shah, de acordo com a correlação de Dittus-Boelter.

26
Figura 4.5 – Diagrama descritivo do Método de Shah (1ª parte)

27
Figura 4.6 – Diagrama descritivo do Método de Shah (2ª Parte)

28
O método de Wojtan-Ursenbacher-Thome baseia-se no método de Kattan-Thome-Favrat (1998),
introduzindo novas regiões do mapa de regimes de escoamento em ebulição no interior de tubos
horizontais.

A perda de carga em tubos circulares dentro dos quais coexistem a fase líquida e de vapor de um
fluido deve-se, segundo VDI Heat Atlas (2010) , a 2 contribuições: fricção e estratificação do fluido:

(4.42)

Fluido em ebulição entre tubos concêntricos

Para esta situação física, Thome (2010) refere que o método de Shah permite obter uma boa
aproximação para o coeficiente de transferência de calor com ebulição fazendo as seguintes
adaptações: quando a distância entre tubos concêntricos é superior a 4 mm, o diâmetro equivalente a
usar é a diferença entre os dois diâmetros; caso o intervalo seja menor que 4 mm, o diâmetro
equivalente é o diâmetro hidráulico calculado usando o perímetro aquecido.

A perda de carga é calculada da mesma maneira que para tubos circulares mas usando este
diâmetro equivalente.

Método de Bell-Delaware

O método de Bell-Delaware (1963), com modificações propostas por Taborek (1983), permite o
cálculo do coeficiente de transferência de calor por convecção e da perda de carga do lado do corpo
em permutadores de feixes e tubos.

O método propõe valores empíricos para calcular grandezas geométricas às quais o utilizador pode
não ter acesso e calcula o coeficiente de transferência de calor por convecção ( ) e o factor de atrito
( ) para um feixe de tubos ideal através de constantes obtidas experimentalmente. De seguida
calcula fatores de correção para e para , denominados e respectivamente, em que
designa a ocorrência de uma determinada situação real que se afasta do feixe de tubos
ideal. A multiplicação dos fatores de correção pela respetiva grandeza ideal permite calcular a
transferência de calor e perda de carga num permutador de corpo e feixe tubular.

Importa referir que o método acima descrito é aplicado a permutadores de corpo e feixe tubular em
que o fluido que circula no corpo é forçado a escoar perpendicularmente aos tubos, pela presença de
chicanas (baffles na nomenclatura anglo-saxónica). Assim para simular o escoamento do fluido do
corpo paralelamente aos tubos, que se pretende estudar em alguns casos, foi assumido que a área
de passagem do fluido correspondia à área de secção do corpo subtraindo a área ocupada pelos

29
tubos, o que torna o número de Reynolds assim calculado menor e reduz consecutivamente a
transferência de calor do lado do corpo.

Fluido com apenas uma fase a escoar através de um feixe de tubos alhetados

A influência da geometria das alhetas e da natureza do escoamento na taxa de transferência de calor


é quantificada através do cálculo da eficiência da superfície alhetada ( ). Os pormenores sobre
este cálculo foram apresentados no capítulo 4.4.

Para o cálculo da perda de carga de um fluido a escoar através de um feixe de tubos com alhetas
longitudinais, Saunders (1988) propõe a seguinte expressão para o coeficiente de atrito:

(4.43)

Nesta expressão, é o diâmetro que abrange os topos das alhetas longitudinais ( )


e o número de Reynolds é calculado com o diâmetro externo dos tubos ( ) como comprimento de
referência e considerando apenas a área livre de passagem do fluido:

(4.44)

Por fim, a perda de carga é calculada a partir de uma outra expressão retirada da referência
supracitada:

(4.45)

4.7. Resultados e discussão da análise termodinâmica

Os únicos dados conhecidos para o projeto do permutador de calor, que vai funcionar como
evaporador do ciclo de Rankine para aproveitamento térmico dos gases de escape, são: a
temperatura, o caudal mássico e a composição percentual mássica dos gases de escape. Considera-
se ao longo de todo o cálculo numérico que a composição percentual mássica dos gases de escape
se permanece inalterada através do uso de um valor médio, presente na Tabela 4.9 e retirado de
Domingues et al. (2013).

30
Tabela 4.9 – Composição média dos gases de
escape (Domingues et al., 2013).
Substância Base volumétrica Base mássica
CO2 0,134 0,204
H2O 0,125 0,078
N2 0,741 0,718

As propriedades dos gases de escape obtidas experimentalmente por Domingues et al. (2013) para
um motor de ignição por faísca 2.8 L VR6 ao variar a velocidade do motor e a carga encontram-se na
Tabela 4.10, juntamente com os dados relativos ao MCI: potência desenvolvida ( ), pressão média
efectiva ( ), velocidade angular ( ), força exercida ( ) e binário transmitido ( ).

Tabela 4.10 – Dados do funcionamento do motor de combustão interna (Marques, 2010).


Condição
operação
1 2000 0 0 0 0 0 12,8 730,9
2 2000 500 0,91 31,7 4,26 20,4 17,0 790,0
3 2000 1000 1,75 30,1 8,18 39,1 21,0 829,7
4 2000 1500 2,35 26,6 10,96 52,3 23,9 850,7
5 2000 2000 2,78 23,5 12,96 61,9 25,9 868,2
6 3000 0 0 0 0 0 17,3 807,3
7 3000 500 0,98 50,2 6,88 21,9 25,8 897,9
8 3000 1000 1,95 49,7 13,67 43,5 31,5 939,6
9 3000 1500 2,85 48,2 19,97 63,6 37,9 968,7
10 3000 2000 3,77 47,2 26,39 84,0 43,0 989,8
11 4000 0 0 0 0 0 25,4 869,4
12 4000 1000 1,98 67,0 18,45 44,0 43,0 1001,8
13 4000 2000 3,98 67,0 37,17 88,7 59,7 1052,3

Com o recurso ao software REFPROP é possível calcular diversas propriedades dos gases de
escape através da sua temperatura e considerando que se encontram à pressão atmosférica
( ). Tal metodologia foi aplicada por Domingues et al. (2013), obtendo-se a
Tabela 4.11 sobre os mesmos dados dos gases de escape mencionados acima.

Tabela 4.11 – Tabela com propriedades dos gases de escape para os dados de Marques, (2010)
retirada de Domingues et al. (2013).

Densidade (4.46)

Viscosidade (4.47)
dinâmica
Calor específico (4.48)

Condutividade (4.49)
térmica

Número de (4.50)
Prandtl [-]

31
Sabendo que , através da integração da expressão do calor específico, retirada da tabela

acima, entre a temperatura de entrada e de saída dos gases de escape, obtemos a diferença de
entalpia entre a entrada e saída dos mesmos:

(4.51)

Como primeira premissa para o projeto, assume-se que o caudal do fluido de trabalho do ciclo de
Rankine é regulado de modo a que a temperatura dos gases de escape que saem do permutador
seja sempre 200ºC (473,15 K) e que estes se encontram a . Em segundo lugar assume-se que
não existem perdas térmicas dos gases de escape para o ambiente exterior. Assim a potência
térmica disponível nos gases de escape para ser aproveitada no ciclo de Rankine é:

(4.52)

Representa-se na Figura 4.7 a potência térmica disponível em função de e .

Figura 4.7 – Mapa com a potência térmica disponível nos gases de escape ( , em kW) em
função da sua temperatura de entrada ( ) e do seu caudal mássico ( ).

Os marcadores a branco representam os pontos medidos referentes à Tabela 4.10.

32
Da Figura 4.7 observa-se que a potência térmica máxima disponível para a permuta de calor com o
fluido de trabalho é para e e a mínima é para
e .

O equilíbrio energético entre os gases de escape e o fluido de trabalho no evaporador reduz-se a:

(4.53)

Sendo os pontos 3 e 2 referentes aos pontos de funcionamento do ciclo de Rankine à entrada e à


saída do evaporador, os quais podem ser visualizados na Figura 2.2.

De seguida é analisada a variação de temperaturas no evaporador em relação ao balanço energético


relativo pelo método do Pinch-Point.

Na prática para que o evaporador tenha uma eficiência superior a 0,7 deve-se considerar que no
Pinch-Point existe uma diferença de temperaturas entre os gases de escape e o fluido de trabalho de
pelo menos 30ºC – tal como sugerido por Domingues et al. (2013) e Tian et al. (2012).

Como exemplo ilustra-se na Figura 4.8 o diagrama temperatura vs. balanço energético relativo para a
condição de operação 1 da Tabela 4.10 e com água como fluido de trabalho.

Figura 4.8 – Exemplo de diagrama temperatura-balanço energético relativo para água como
fluido de trabalho e a condição 1 de operação do MCI

33
A Figura 4.8 permite observar que o Pinch-Point se situa no ponto em que a água atinge a linha de
líquido saturado. Tal ponto condiciona então a pressão de evaporação neste regime de
funcionamento do ciclo de Rankine.

Segue-se a seleção do fluido de trabalho de acordo com o desempenho do ciclo de Rankine face a
parâmetros como o rendimento térmico ( ) e a razão entre volumes à entrada e à saída da
turbina ( ) entre outros que serão vistos mais à frente.

Boretti (2012), Tian et al. (2012) e Wang et al. (2011) compararam fluidos de trabalho orgânicos
como: R1234yf, R141b, R245fa e R123, os quais revelaram melhores parâmetros de desempenho no
aproveitamento térmico da energia contida dos gases de escape de motores de combustão interna e
menores impactos ambientais.

No entanto estes fluidos apresentam melhor capacidade de aproveitamento de energia térmica a


baixas temperaturas (e.g. aproveitamento de energia solar ou da energia contida nos gases de
escape de motores Diesel), razão pela qual não foi estudada a sua implementação para o
aproveitamento da energia contida nos gases de escape de motores de combustão interna, para os
quais a temperatura dos gases de escape pode chegar a .

No trabalho desenvolvido por Seher et al. (2012), foi estudada a recuperação do calor dos gases de
escape de veículos comerciais equipados com motores Diesel pesados, concluindo que os melhores
fluidos de trabalho para o âmbito do estudo eram a água e o etanol.

Com base neste trabalho, testar-se-ão como fluido de trabalho: água, etanol e misturas de água com
etanol com diferentes percentagens mássicas dos dois componentes (90% água + 10% etanol, 80%
água + 20% etanol e 70% água). Um benefício da adição de etanol à água é a redução da
temperatura de congelamento da mistura, que é importante durante o Inverno.

Antes de se simular o ciclo de Rankine com os diferentes fluidos de trabalho é importante especificar
as condições de fronteira do ciclo:
1. A pressão de condensação é definida como a pressão a que o fluido no estado de líquido
saturado exibe uma temperatura de 100ºC, como medida para diminuir as dimensões do
condensador;
2. A pressão de evaporação é definida de modo ao ciclo operar com uma turbina BOSCH©
respeitando assim as seguintes condições:
 no ponto 3 (entrada do fluido de trabalho na turbina) não se ultrapassem os seguintes
limites de temperatura, estando os limites para água e etanol puros definidos no
artigo de Seher et al., (2012) e tendo sido os restantes obtidos por interpolação com
base na fração mássica de água (ver Tabela 4.12) ;

34
Tabela 4.12 – e para a fracção mássica de etanol na mistura.
100% Água 90% Água – 80% Água – 70% Água – 100% Etanol
10% Etanol 20% Etanol 30% Etanol
407,0 388,5 372,0 355,5 240,0
101,4 138,7 161,9 177,1 225,3

ou
 no ponto de líquido saturado à pressão de evaporação: a diferença de temperatura
de Pinch-Point ( ) é igual ou ligeiramente superior a 30ºC.
3. Inicialmente os rendimentos isentrópicos da bomba e da turbina são respetivamente e
como proposto por Domingues et al. (2013);
4. O fluido à saída da turbina encontra-se sempre no estado de vapor saturado ou vapor
sobreaquecido para evitar a condensação na turbina;
5. O fluido à entrada da bomba encontra-se sempre em estado de líquido saturado;
6. A temperatura de entrada dos gases de escape no evaporador para as diferentes condições
de operação é a apresentada na Tabela 4.10;
7. Considera-se inicialmente temperatura de saída dos gases de escape do evaporador sempre
constante e igual a 200ºC;
8. A avaliação de diferentes propriedades termodinâmicas fazendo variar a pressão de
evaporação desde valores próximos da pressão de condensação até à pressão calculada no
ponto 2 das condições de fronteira (descrito acima).

Figura 4.9 – Evolução de com a pressão de evaporação para os fluidos de trabalho


estudados

35
Na Figura 4.9, observa-se que o rendimento térmico ( ) vai aumentando com o aumento da
pressão de evaporação para todos os fluidos, tal como seria de esperar ao manter os outros
parâmetros do ciclo constantes. No entanto, para cada pressão de evaporação, é máximo para
a água, decrescendo com o aumento da fracção mássica de etanol na mistura até ao seu valor
mínimo para etanol puro. O valor máximo de para a água pura a uma pressão de evaporação
de 4,6 MPa é de 19,4% enquanto que para o etanol puro à mesma pressão de evaporação o
rendimento térmico é de 13,3%.

A Figura 4.10 mostra que para todos os fluidos se verifica um aumento quase-linear da razão entre o
volume específico do fluido à saída da turbina ( ) e o volume específico do fluido à entrada da
turbina ( ), excepto no caso do etanol puro. O etanol puro, para pequenas pressões de evaporação,
apresenta valores de ( ) inferiores a todos os outros fluidos de trabalho. No entanto ao aumentar
a pressão de evaporação esta razão vai ultrapassando consecutivamente os valores das misturas de
água e etanol com frações mássicas de etanol mais elevadas, aproximando-se do valor da água pura
para uma pressão de evaporação de 4,6 MPa.

A água pura apresenta, para todas as pressões de evaporação estudadas, o maior valor de ( ),
sendo ( ) = 26,02 para = 4,6 MPa.

Figura 4.10 – Evolução de com a pressão de evaporação para os fluidos de trabalho

O caudal mássico do fluido de trabalho ( ) é calculado de acordo com a expressão (4.53).

36
A Figura 4.11 mostra a evolução de com , a qual apresenta o mesmo aspeto para todos os
fluidos estudados, com uma assimptota para nula e diminuíndo para valores crescentes de
. O etanol puro apresenta o maior caudal mássico enquanto que a água pura apresenta o caudal
mássico mais baixo ( = 24,4 g/s e = 8,2 g/s para = 4,6 MPa).

Figura 4.11 – Evolução de com a pressão de evaporação para os fluidos de trabalho


estudados

NaFigura 4.12, pode-se observar que a evolução da potência mecânica útil com é muito similar
à evolução do rendimento térmico do ciclo, com a potência máxima obtida para a água pura a
( = ) e a mínima obtida para o etanol puro (à mesma ,

).

É também importante definir neste ponto o conceito de exergia. A exergia de um processo é o valor
máximo de trabalho que pode ser efetuado pelo processo à medida que se aproxima do equilíbrio
termodinâmico com a sua vizinhança, através de uma sequência de processos reversíveis – tal como
referido por Moran, M. e Shapiro, H. (2006). É assim a parcela máxima da energia total que é
introduzida no processo que se conseguiria converter em trabalho num processo ideal.

A taxa de destruição de exergia no evaporador ( ) dá uma medida das irreversibilidades que


ocorrem na transferência de calor entre os gases de escape e o fluido de trabalho (Moran, M. e
Shapiro, H., 2006) e é calculada através da expressão (4.54). Quanto maior o valor desta taxa mais
irreversível é o processo, ou seja, menor é a energia que se pode usar à saída do evaporador
comparada com a disponível.

37
(4.54)

Figura 4.12 – Potência mecânica útil ( ) em função da pressão de evaporação para os


fluidos de trabalho estudados

Figura 4.13 – Evolução da taxa de destruição de exergia no evaporador ( ) com a pressão


de evaporação para os fluidos de trabalho estudados

38
Na Figura 4. 13 observa-se que a água pura apresenta menores irreversibilidades no processo de
transferência de calor ao nível do permutador enquanto que em misturas com fração mássica
crescente de etanol as irreversibilidades aumentam. Tal resultado podia ser posto em causa pelo
diagrama T-s da mistura de de água e de etanol presente na Figura 4.14, que mostra que
durante a evaporação a temperatura não se mantém constante (ao contrário do que acontece para
substâncias puras), aumentando cerca de desde o ponto de líquido saturado ao ponto de vapor
saturado.

Este fenómeno faz com que as linhas das temperaturas do fluido de trabalho e dos gases de escape
se aproximem, o que diminui a geração de entropia durante a transferência de calor.

Contudo, devido ao aumento do caudal mássico do fluido de trabalho para misturas com fracção
mássica crescente de etanol causar maior impacto do que a aproximação das temperaturas das
correntes, apresenta o seu valor mais baixo para a água.

O rendimento exergético ( ) do evaporador, como descrito em (Domingues et al., 2013), traduz


uma relação entre a exergia usada no ciclo de Rankine (através do fluido de trabalho) e a exergia
disponível nos gases de escape.

Figura 4.14 – Diagrama T-s para mistura de de água e de etanol, para a condição de
operação 1 do MCI

O fluxo de exergia dos gases de escape à entrada ou à saída do ciclo de Rankine ( ), uma vez que
se considera que os gases de escape se mantêm sempre à pressão atmosférica, é calculado através
de uma expressão simplificada da apresentada por Moran, M. e Shapiro, H. (2006):

39
(4.55)

Enquanto que o fluxo de exergia do fluido de trabalho ( ) em qualquer ponto do ciclo de Rankine é
dado por:

(4.56)

Assim, o rendimento exergético do evaporador é calculado através de:

(4.57)

Pela visualização da Figura 4.15 conclui-se que a água pura apresenta o maior valor de para
qualquer .

Figura 4.15 – Evolução do rendimento exergético do evaporador ( ) com a pressão de


evaporação para os fluidos de trabalho estudados

Para fechar a análise termodinâmica é importante verificar qual é a influência na variação dos
rendimentos isentrópicos da bomba e na turbina no desempenho do ciclo de Rankine.

Para o caso de o fluido de trabalho ser água pura, consegue-se concluir, através da Figura 4.16, que
o rendimento isentrópico da bomba quase não faz variar o rendimento do ciclo (uma variação de 30%

40
no rendimento isentrópico da bomba equivale a uma variação de 0,06% de ) enquanto que, em
média, uma variação no rendimento isentrópico da turbina de apenas 5% faz variar o rendimento do
ciclo em 1,8%.

Obtêm-se na Figura 4.17 as superfícies a 3-dimensões para a evolução do rendimento do ciclo com a
variação da e do rendimento isentrópico do ciclo para os fluidos de trabalho estudados
equivalente à Figura 4.12. A cota das curvas vai baixando à medida que a percentagem de etanol na
mistura aumenta até à superfície com cota inferior que representa etanol puro.

Apesar da influência do rendimento isentrópico da turbina no desempenho do ciclo, considera-se no


projecto do permutador que o valor deste é constante e igual a 0,7 como feito atrás, uma vez que no
estudo feito em (Seher et al., 2012) se conclui que para diferentes velocidades da turbina BOSCH©
considerada, a sua eficiência isentrópica varia no máximo 5%.

Após estas simulações concluiu-se que a água é o fluido que apresenta de longe melhores
propriedades para ser usado no ciclo de Rankine para a aplicação em estudo e é por isso o fluido de
trabalho seleccionado para o projecto do permutador de calor.

Figura 4.16 – Evolução de com a variação do rendimento isentrópico da turbina e da


bomba para água pura com

41
Figura 4.17 – Superfícies 3-D com a variação de em função de e do rendimento
isentrópico da turbina, equivalente à Figura 4.12 para 2-D

4.8. Comparação entre os permutadores de calor estudados

Numa comparação inicial serão avaliadas as dimensões dos permutadores de calor que permitem a
restrição ao nível do comprimento máximo para a instalação do permutador de calor na viatura
( ),, para a condição 13 de operação do MCI seja verdadeira. A Tabela 4.13 apresenta a
comparação entre o desempenho dos 4 permutadores.

Tabela 4.13 – Parâmetros de desempenho ( , , , e ) dos permutadores


de calor estudados para a condição 13 do MCI considerando
HEX1 HEX2 HEX3 HEX4
8,46 14,54 7,27 10,35
353,5 0,2 0,2
0,5 7326,1 4,2
523,7 381,5 834,7 634,2
19,17 17,52 10,98

É importante especificar que corresponde, nesta fase ao peso do permutador de calor vazio, ou
seja, sem estar sobrecarregado com o escoamento dos fluidos que trocarão calor.

A Tabela 4.13 apresenta um conjunto de parâmetros ( , , , e ) de


desempenho dos permutadores de calor que permite retirar as seguintes conclusões:
i) Ao fixar , os permutadores com maior e menor massa são, respetivamente, o
permutador HEX2 ( 14,54 kg) e o permutador HEX3 ( 7,27 kg);
ii) O maior valor de back-pressure ( =494,1 Pa) ocorre de novo no permutador HEX2
iii) A maior perda de carga para a água é de 7,3 para o permutador HEX3;

42
iv) A temperatura de saída dos gases de escape é a menor para o permutador HEX2 (
) e maior para o permutador HEX4 ( ), o que se traduz numa maior e
menor taxa de transferência de calor respetivamente ( =29,13 kW para o permutador
HEX2 e =10,98 kW para o permutador HEX4).

Verificou-se que todos os permutadores de calor verificam o critério de perda de carga dos gases de
escape ( <7 kPa).

Apesar de o permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos (HEX2) ser o que apresenta
maior massa e a maior back-pressure, é aquele que apresenta uma menor temperatura de saída dos
gases de escape e consequentemente taxa de transferência de calor mais elevada.

Em suma, e tendo em conta os objetivos estipulados para a aplicação em estudo pode-se concluir
que o permutador HEX2 com tubos concêntricos é o que apresenta o melhor compromisso entre os
desempenhos térmico e hidráulico e as limitações à instalação do sistema de ciclo de Rankine no
veículo ligeiro equipado com MCI. Assim, a discussão que se segue respeitará apenas ao uso e
otimização do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos (HEX2).

4.9. Resultados detalhados para o permutador de calor de


corpo e feixe tubular com tubos concêntricos

Nesta seç ão e na seguinte (4.8) a análise de resultados refere-se aos dados obtidos para o
permutador de calor de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos (HEX2). Todos os dados podem
ser consultados em tabelas, estando algumas presentes nos subcapítulos mencionados antes
enquanto as restantes podem ser consultadas no Anexo A.

Para ver como o conceito deste permutador pode ser implementado na realidade apresenta-se um
esquema ilustrativo na Figura 4.18.

O projeto do permutador de calor HEX2 foi feito inicialmente usando a condição 13 dos gases de
escape presente na Tabela 4.10, considerando que não existem perdas térmicas do permutador para
o exterior e que o fluido de trabalho usado é água.

A assumpção de perdas térmicas para o exterior desprezáveis é feita presumindo que o invólucro do
permutador de calor tem um isolamento térmico eficaz. Tal assumpção é feita na maioria dos artigos
revistos – assumido por Chammas, R. e Clodic, D. (2005), Domingues et al. (2013) e Mavridou et al.
(2010) entre outros.

43
Figura 4.18 – Conceito do Permutador HEX2, com orientação das correntes

O permutador de calor projectado é todo constituído em aço AISI 302, funcionando a uma pressão
máxima de (embora o estudo experimental do permutador indique que consegue suportar até
) e apresenta as características geométricas apresentadas na Tabela 4.15.

Tabela 4.14 – Geometria e dimensões do


permutador HEX2

[-]
[-]

Apenas existe uma passagem nos tubos (internos e externos) e uma passagem no corpo deste
permutador de calor, com escoamento contra-corrente nos tubos concêntricos. Considera-se o

44
escoamento no corpo 100% contra-corrente, desprezando-se escoamento transversais que possam
existir, pelo que se aplica a correção ao método de Bell-Delaware enunciada na seção 4.6.

Considera-se também nesta primeira avaliação de desempenho do permutador que a distribuição do


caudal dos gases de escape é proporcional à área transversal de passagem nos tubos internos e no
corpo (ver expressão 4.58):

(4.58)

Uma grande vantagem deste permutador de calor é dividir a fonte de calor (gases de escape) por
duas regiões físicas distintas, aumentando assim a área de transferência de calor – o corpo e os
tubos internos – enquanto que o fluido de trabalho se escoa no anel formado entre os tubos externos
e os internos.

A taxa de transferência de calor total dos gases de escape para o fluido de trabalho será assim:

(4.59)

Apesar de e poderem tomar valores diferentes e, como tal, a distribuição de temperaturas


relativa aos gases de escape do lado do corpo ser diferente da dos mesmos do lado dos tubos
internos, assumiu-se que a temperatura de saída dos gases de escape para todas as secções do
permutador (pré-aquecedor, evaporador e sobreaquecedor) é igual para os dois lados, como
assumido por Bougriou, C. e Baadache, K. (2010).

Assim, pode-se calcular e através do método LMTD e através do método ε-NTU:

(4.60)
(4.61)
(4.62)

No escoamento contra-corrente para tubos concêntricos aplica-se , sendo calculada


através da expressão (4.8), sempre que não haja mudança de fase.

No cálculo de e aproxima-se o escoamento contra-corrente no corpo às características de


um escoamento contra-corrente puro entre tubos concêntricos, pelo que e são calculados
da mesma forma que e . Assim a eficiência do permutador é maior do que na realidade,
mas contrabalança a correcção que se fez no método de Bell-Delaware, para a qual a taxa de
transferência de calor fica à partida subestimada.

45
As resistências térmicas do lado do corpo e dos tubos calculam-se como se segue:

(4.63)

O cálculo de é baseado no método LMTD, considerando o factor de correcção unitário para


as duas taxas de transferência de calor, de acordo com a seguinte expressão:

(4.64)

Os valores globais de e de são obtidos através de uma média ponderada pelos


comprimentos das secções do permutador:

(4.65)

Apresentam-se na Tabela 4.15 os resultados pormenorizados para o permutador HEX2 para a


condição de operação 13 e

Da Tabela 4.15 conclui-se que a perda de carga dos gases de escape no corpo é diferente da mesma
para os tubos internos, pelo que a assumpção feita para a distribuição do caudal mássico dos gases
de escape não está correta, Contudo, estes resultados iniciais permitem uma aferição das grandezas
medidas.

É importante também referir que no método de Bell-Delaware, o cálculo da perda de carga do lado do
corpo faz-se em relação ao comprimento total do permutador de calor, visto não existirem barreiras
físicas entre as suas 3 secções.

Observa-se que é quase 3 vezes superior a , corroborado pelas resistências térmicas


maiores do lado dos tubos, pelo que uma possível melhoria para o desempenho do permutador de
calor poderia passar por aumentar o caudal mássico dos gases de escape que passa nos tubos ou
por aumentar a área de transferência de calor do lado dos tubos internos.

46
Tabela 4.15 – Resultados para a simulação do permutador HEX2 para a condição de operação
13 do MCI, com água como fluido de trabalho e
Zona Pré- Evaporador Sobreaquecedor Total Parâmetros Globais
Evaporador

[-]
--
--

--

--
[-]
[-]
--

--
0,050 0,018 0,199 --
0,138 0,062 0,344 --

--

Na Tabela 4.15 observa-se que , o que implica uma redução de da taxa de


transferência de calor para a água e uma redução quase idêntica da potência extraível à turbina.
Observando-se uma diferença entre e similar à observada antes.

Na próxima seção são avaliadas alterações ao funcionamento do permutador de calor, baseadas nos
resultados obtidos até agora, mantendo o comprimento do mesmo constante e igual a .

4.10. Estudo paramétrico para o permutador de calor de tubos


concêntricos

Para avaliar se é possível aumentar o desempenho do permutador de corpo e feixe tubular com tubos
concêntricos, far-se-ão as seguintes modificações ao permutador original:
1. Alteração da distribuição dos gases de escape através do permutador:
 do caudal a passar no corpo e do caudal a passar nos tubos internos (HEX2);
 do caudal a passar no corpo e do caudal a passar nos tubos internos (HEX2);
2. Alteração da geometria do permutador sem alterar os diâmetros dos tubos:
 Considerou-se o permutador cilíndrico com espaçamento inferior entre os tubos
(HEX2_1)
 Configuração original do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos
com tubos com alhetas longitudinais (HEX2_2)
3. Alteração do fluido de trabalho

47
 Mistura com de água e etanol com as frações mássicas de
 Etanol
4. Alteração do material do permutador de calor:
 Modificação da condutividade térmica através do uso dos aços AISI 302, AISI 316L e
AISI444 (HEX2_302, HEX2_316L e HE2X_444)
5. Alteração dos diâmetros dos tubos – permutador de calor (HEX2_3)
O estudo paramétrico para otimização do permutador de calor de tubos concêntricos foi efetuado
através da análise dos seguintes parâmetros:
i) Temperatura de saída dos gases de escape, ;
ii) Taxa de transferência de calor dos gases que passam nos tubos internos para o fluido de
trabalho, ;
iii) Taxa de transferência de calor dos gases que passam no corpo para o fluido de trabalho,
;
iv) Taxa de transferência de calor total, ;
v) Caudal mássico do fluido de trabalho, ;
vi) Perda de carga do fluido de trabalho, ;
vii) Perda de carga dos gases que passam no corpo, ;
viii) Perda de carga dos gases que passam nos tubos internos, ;
ix) Efetividade global, ;
x) Rendimento exergético do permutador, ;
xi) Taxa de transferência de trabalho na turbina,

O cálculo da efetividade global para o permutador foi obtido fazendo uma média simples entre os
valores de e , esta aproximação permite obter um valor indicativo da eficiência do
permutador de calor:

(4.66)

4.10.1. Distribuição dos gases de escape pelo permutador de calor

O aumento do caudal mássico dos gases de escape que passa nos tubos internos ( ) deve
provocar um aumento na transferência de calor deste lado, aproximando de , o que
validaria o pressuposto do perfil de temperaturas dos gases de escape ser semelhante de ambos os
lados.

Em primeiro lugar, é realizada uma simulação com e .

48
Como se pode observar na Tabela A - 1 é agora de e torna-se superior a
. No entanto, diminuiu , induzindo uma diminuição de na potência
mecânica extraída da turbina.

Estudar-se-á o efeito de um aumento posterior do caudal mássico dos gases de escape que passa
nos tubos internos no desempenho do permutador, fazendo e .
Para este caso (Tabela A - 2) ultrapassa mesmo , embora seja ainda menor que no
caso anterior, o mesmo se passando com .

É apresentada na Figura 4.19, a relação entre os resultados obtidos para os dois casos testados.

Figura 4.19 – Gráfico radar com resumo dos resultados das Tabelas A - 1. e A - 2
adimensionalizados

O estudo paramétrico realizado na presente seção permite concluir que uma distribuição dos gases
de escape de tal modo que e promove taxas de transferência de
calor superiores, assim como uma maior potência disponível na turbina.

Apesar do caso em que a distribuição de é proporcional à área de passagem dos gases


apresentar melhores resultados, uma distribuição é mais fácil de obter na prática pelo
que apenas essa distribuição será considerada em análises futuras.

4.10.2. Geometria do permutador de calor sem alterar os diâmetros dos


tubos – HEX2_1 e HEX2_2

Serão avaliadas duas alterações na geometria do permutador de calor de modo a avaliar o seu
desempenho termo-hidráulico. A primeira é a diminuição do espaçamento entre tubos, idealizando um
permutador com o mesmo número de tubos com as mesmas dimensões, mas com um corpo

49
cilíndrico e com uma área de passagem menor que a do permutador de calor paralelepipédico
original. Tal geometria, com a designação HEX2_1 pode ser observada na Figura 4.20 (ver Tabela
4.16).

Figura 4.20 – Ilustração do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos
HEX2_1.

Tabela 4.16 – Geometria e dimensões do permutador


de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos HEX2_1.

[-]
[-]

A outra alteração à geometria original (permutador HEX2_2) é a introdução de alhetas retangulares


longitudinais no exterior dos tubos externos e no interior dos tubos internos, mantendo todas as
outras dimensões inalteradas (ver pormenor na Figura 4. 21 e Tabela 4.17).

50
Figura 4.21 – Ilustração de um pormenor do permutador de corpo e feixe tubular com tubos
concêntricos HEX2_2

Tabela 4.17 – Geometria e dimensões do permutador


de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos HEX2_2.

[-]
[-]
[-]
[-]
[-]
[-]

Os resultados para cada uma destas alterações são apresentados em pormenor nas Tabelas A - 3 e
A - 4.

Os resultados apresentados nas Tabelas A - 3 e A - 4 permitem verificar que ao reduzir o


espaçamento entre os tubos, se consegue um aumento de em e de em ,
com pequenas alterações na perda de carga do lado do fluido de trabalho e com uma aproximação
dos valores da perda de carga dos gases de escape do lado do corpo e dos tubos.

Para a configuração com tubos alhetados, é atingido um aumento de em e de


em . Contudo a perda de carga dos gases de escape nos tubos atinge um valor elevado, que é, no
entanto, inferior a metade do valor crítico para a back-pressure no MCI ( ).

51
Os resultados permitem concluir que o permutador HEX2_2 é o que apresenta melhor desempenho
térmico. Quanto ao desempenho hidráulico a perda de carga nos gases de escape é superior para o
permutador HEX2_2.

A redução de espaçamento entre tubos de 13 mm (HEX2) para 11,2 mm (HEX2_1) permite um


aumento na taxa de transferência de calor, embora de menor magnitude do que o apresentado para o
permutador HEX2_2 e apresenta um desempenho hidráulico muito semelhante ao do permutador
HEX2.

4.10.3. Fluido de trabalho

É agora avaliada a influência do fluido de trabalho no desempenho do permutador de calor. Com este
fim, testa-se água, uma mistura de água com uma fração mássica de de etanol e etanol puro
para as 3 configurações de permutador de calor discutidas atrás, com distribuição do caudal mássico
dos gases de escape de no corpo e nos tubos.

Figura 4.22 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 5


adimensionalizados pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

Da Figura 4.22 retira-se que a utilização de uma mistura de água com etanol com fração mássica de
em vez de água como fluido de trabalho tem como consequência o aumento das taxas de
transferência de calor e da efetividade global. No entanto, o rendimento exergético é menor (como
visto na seção 4.7) e a potência extraída à turbina decresce (em valores absolutos entre ),
pelo que, para a condição de operação 13 do MCI, não existe vantagem em usar uma mistura de
aquosa de etanol comparando com o desempenho para a água.

52
Da Figura 4.23 conclui-se que a substituição da água pelo etanol como fluido de trabalho promove a
obtenção de efetividades globais e taxas de transferência de calor ligeiramente superiores às obtidas
para a mistura aquosa de etanol. O rendimento exergético é ainda inferior ao da mistura aquosa de
etanol assim como a potência retirada da turbina. Visto ser bastante superior do que para a água,
induzindo potências à bomba da ordem dos , enquanto que para a água o máximo é de ,e
aliado à diminuição da potência extraída à turbina, em média de em relação à água, o
permutador usando etanol para a condição 13 do MCI não é de todo uma hipótese viável.

Figura 4.23 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 6


adimensionalizados pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

É importante visualizar a evolução da temperatura do lado dos gases de escape e do fluido de


trabalho para cada configuração em função do fluido de trabalho usado. Representam-se por isso, de
seguida as curvas temperatura-entropia (T-s) para as 3 configurações utilizadas, para a condição 13
do regime de operação do MCI.
As curvas do fluido de trabalho apresentam sempre a mesma evolução, uma vez que são obtidas
através da análise termodinâmica. As curvas dos gases de escape apresentam todas a mesma
temperatura de entrada, uma vez que são relativas ao mesmo regime de trabalho do MCI, mas
diferentes temperaturas de saída conforme a eficiência de permuta com o fluido de trabalho.

53
Figura 4.24 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2 para a condição de
operação 13 do MCI

Como se pode observar nas Figuras 4.24 e 4.25, a evolução das temperaturas é muito parecida, o
que explica a menor diferença entre para os permutadores HEX2 e HEX2_1.

Figura 4.25 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_1 para a condição de


operação 13 do MCI

Na Figura 4.26, contudo, a diferença de temperaturas é maior, resultantes de taxas de transferência


de calor superiores.

54
Figura 4.26 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_2 para a condição de
operação 13 do MCI

Falta agora avaliar a resposta dos permutadores testados a outros regimes de operação do MCI.
Para isso escolhem-se as condições de operação 3 e 9, para as quais se apresentarão os resultados
agrupados pela configuração do permutador de calor, por ser mais fácil fazer a comparação com os
diagramas temperatura-entropia esquematizados a seguir.

A avaliação do funcionamento do permutador de calor foi sempre feita em regime estacionário. Os


resultados a que se chega aproximam-se por isso da realidade supondo que o MCI se mantém no
mesmo regime de operação durante o tempo necessário para que não haja grande variação dos
fenómenos físicos que ocorrem no permutador de calor.

A Figura 4.27 resume a evolução nas principais propriedades do ciclo de Rankine para a condição de
operação 9 do MCI para os 3 fluidos de trabalho usados.

55
Figura 4.27 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 7 adimensionalizados
pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

Na Figura 4.27, verifica-se que para o permutador HEX2 a tendência mantém-se: com o aumento da
fração mássica de etanol no fluido de trabalho e aumentam; diminuindo, no entanto, o
rendimento exergético assim como a potência disponível na turbina.

È de assinalar que as perdas de carga dos gases de escape são superiores para a mistura água
– etanol do que para água ou para o etanol.

O permutador HEX2_1 por outro lado apresenta resultados semelhantes ao permutador HEX2 para a
condição de operação 9, embora com um desempenho ligeiramente superior (ver Figura 4.28).

Os valores de e para o permutador HEX2_1 são cerca de 6% superiores verificando-se


um aumento da mesma ordem de grandeza para e . Verifica-se a mesma tendência para a
perda de carga dos gases de escape, com o valor máximo a ocorrer para a mistura água –
etanol.

56
Figura 4.28 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 8 adimensionalizados
pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

Figura 4.29 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 9 adimensionalizados
pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

Através da Figura 4.29 observa-se que o permutador HEX2_2 apresenta, na condição de operação 9,
aumentos de em relação aos de valores de , e e de 50% em relação a
relativos aos valores obtidos para o permutador HEX2.

Os valores de são bastante superiores ao caso base (HEX2) devido à contribuição das alhetas,
sendo o valor máximo de back-pressure de .

57
Em suma, o permutador mais adequado para operar neste regime é o permutador HEX2_2, sendo a
água o fluido que permite melhores índices de desempenho.

A evolução de temperaturas para a condição de operação 9 apresenta ainda mais semelhanças entre
o permutador HEX2 e o permutador HEX2_1. Graficamente, nas Figuras 4.30 e 4.31, o único
parâmetro que melhor se distingue entre os dois permutadores é a localização do ponto da
temperatura de saída dos gases de escape (com diferenças de cerca de no valor de ).

Figura 4.30 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2 para a condição de


operação 9 do MCI

As curvas T-s para o permutador HEX2_2 (Figura 4.32) apresentam ainda neste ponto de operação
uma diferença assinalável nos valores de e no declive das curvas relativamente às dos outros
permutadores.

58
Figura 4.31 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_1 para a condição de
operação 9 do MCI

Figura 4.32 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_2 para a condição de


operação 9 do MCI

Por fim procede-se à avaliação de desempenhos para a condição de funcionamento 3, em que o


potencial térmico envolvido é cerca de 2,5 vezes menor. Por esta razão é esperado que as diferenças
entre permutadores de calor e fluidos de trabalho empregues provoquem variações menores no
desempenho dos permutadores (ver Figura 4.33).

59
Figura 4.33 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 10 adimensionalizados
pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

Da Tabela A - 10 retira-se que para o permutador HEX2 a diferença entre para os 3 fluidos de
trabalho testados é muito pequena (decresce até 6% para o etanol). Na Figura 4.33 observa-se que a
principal diferença nos parâmetros de desempenho é o aumento de para cerca do dobro quando
se passa de água para mistura de água-etanol com fração mássica de 50% e para cerca do triplo
quando se passa de água para etanol. Com o aumento da fração mássica de etanol os valores de
aumentam de 1~10% e os de aumentam de 19~31%. Os valores de são máximos
para a mistura de água-etanol com fração mássica de 50%.

Para o permutador HEX2_1 retira-se da Figura 4.34 que a variação das grandezas medidas é similar
à mesma para o permutador HEX2, com a variação mais assinalável a dever-se aos valores 2,5~5
vezes superiores de .

Da Figura 4.35 conclui-se que os valores de e para o permutador HEX2_2 são cerca de
30~50% superiores, verificando-se um aumento de cerca de 23% para . Os valores de são
ligeiramente superiores aos apresentados para o permutador HEX2_1. Apesar de o permutador
HEX2_2 apresentar valores superiores de , o valor máximo da back-pressure para o caso do
permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos com alhetas (0,75 kPa) é cerca de 10
vezes inferior ao limite estipulado.

60
Figura 4.34 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 11 adimensionalizados
pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

Figura 4.35 – Gráfico radar com resumo dos resultados da Tabela A - 12 adimensionalizados
pelos parâmetros do permutador HEX2, com água

Os diagramas temperatura-entropia para a condição 3 apresentam uma variação ainda menos


percetível entre os permutadores HEX2 e HEX2_1 (ver Figuras 4.36 e 4.37), como pode ser inferido
pela pequena diferença entre os valores da taxa de transferência de calor retirados das tabelas
acima.

61
Figura 4.36 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2 para a condição de
operação 3 do MCI

Figura 4.37 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_1 para a condição de


operação 3 do MCI

Para o permutador HEX2_2 (Figura 4.38), regista-se a maior aproximação entre as temperaturas das
correntes para a utilização de etanol, com . Considera-se que este valor não se
situa muito abaixo dos , de modo que a eficiência do permutador não sofre alterações
assinaláveis.

62
Conclui-se assim que para as condições de operação 3 e 9 do MCI, à semelhança da condição 13, os
permutadores HEX2_1 e HEX2_2 apresentam melhores desempenhos termo-hidráulicos do que o
permutador HEX2,

Conclui-se também que o fluido de trabalho que possibilita maiores valores de potência disponível na
turbina em simultâneo com menores perdas de carga no fluido de trabalho (menor potência requerida
à bomba) é a água, apesar de os outros 2 fluidos de trabalho possibilitarem valores mais elevados de
.

Figura 4.38 – Curvas de temperatura-entropia para o permutador HEX2_2 para a condição de


operação 3 do MCI

4.10.4. Material constituinte do permutador de calor

Até agora as simulações foram feitas considerando que o permutador de calor é todo constituído em
aço inoxidável AISI 302 polido. Será agora testada a influência da condutividade térmica do material
constituinte do permutador no desempenho do mesmo, considerando mais dois aços inoxidáveis, o
AISI 316L e o AISI 344.

Tabela 4.18 – Condutividade térmica – – para diferentes temperaturas dos 3 aços


inoxidáveis: AISI 302, AISI 316L e AISI 344

13,3 14,8 16,5 18,0 19,4 20,8 22,3 23,7 25,3


14,9 16,7 18,3 19,6 21,0 22,3 23,6 24,9 26,2
23,0 23,5 24,2 24,2 25,0 26,1 27,2 27,2 26,1

63
Como se pode observar na Tabela 4.18, o material com maior condutividade térmica para a gama de
temperaturas considerada é o aço AISI 344.

A influência de é à partida mais pronunciada para situações em que a taxa de transferência de calor
é maior, pelo que serão apenas analisados nesta secção o permutador cilíndrico com espaçamento
reduzido entre tubos (HEX2_1) e o permutador de alhetas (HEX2_2), ambos para a condição 13 de
operação do MCI.

Da Tabela A - 13, resulta que a alteração da composição do permutador cilíndrico com espaçamento
entre tubos reduzidos para aço AISI 316L, provoca um aumento de de , com consequentes
diminuições respectivas de e de e . Por outro lado adoptando o aço AISI 344,
é diminuída de , ocorrendo um aumento de e de e ,
respectivamente. Em relação a todas as outras grandezas calculadas não existem variações
assinaláveis.

Para o permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos com alhetas longitudinais nos
tubos (Tabela A - 14), ao empregar o aço AISI 316L, obtém-se um aumento de de , com
e . Empregando o aço AISI 344, desce , com
e .

Comprova-se assim, que para qualquer um dos permutadores testados, a escolha do aço constituinte
pouco influencia o seu desempenho uma vez que o mesmo sucede para os permutadores com
maiores taxas de transferência de calor.

4.10.5. Diâmetros dos tubos

Escolhe-se agora diâmetros de tubos diferentes para a configuração original do permutador de corpo
e feixe tubular com tubos concêntricos:
. Mantém-se as distâncias entre tubos ( e ) e o ângulo que formam entre si – , de tal
modo que a distância mínima entre as paredes de tubos na mesma fila é igual a .

A modificação nos diâmetros dos tubos aumenta a área de passagem do fluido de trabalho, para
além de aumentar também a área de transferência de calor dos 3 lados do permutador de calor
(corpo, intervalo entre tubos e tubos internos).

Testa-se agora o permutador com distribuição dos gases de escape de – , na condiçãode


operação 13 para a água e o etanol.

64
Para esta configuração (ver Tabela A - 15) a utilização de água, conduz a uma diminuição de de
relativamente aos resultados da Tabela A - 1, a um aumento de de e de de
. Contudo, a utilização de etanol leva a uma subida de de ,a e
em relação aos valores constantes na Tabela A - 6.

Conclui-se assim que a modificação dos diâmetros dos tubos é benéfica, na condição 13, apenas
para o caso de o fluido de trabalho ser a água, introduzindo ganhos na taxa de transferência de calor
e no trabalho extraído à turbina de . Contudo estes ganhos são inferiores aos que se obtêm ao
adoptar a configuração do permutador cilíndrico (ganhos de ).

4.10.6. Considerações finais sobre o permutador de calor no ciclo de


Rankine

Os permutadores que apresentam melhor desempenho são portanto o permutador cilíndrico


(HEX2_1) e o permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos com a adaptação das
alhetas longitudinais (HEX2_2) e o fluido de trabalho selecionado é indubitavelmente a água.

Não são avaliados nesta dissertação os custos nem a tecnologia para a construção dos tubos com
alhetas. Menciona-se apenas que estes podem ser obtidos por extrusão ou por soldadura das alhetas
aos tubos (Saunders, 1988). A maior aplicabilidade do permutador HEX2_1 ou do permutador
HEX2_2 dependerá de um estudo pormenorizado dos custos referentes à tecnologia necessária para
a sua construção e manutenção.

Tem-se referido ao longo desta dissertação a potência mecânica útil do ciclo como a diferença entre a
potência fornecida entre a turbina e aquela necessária para actuar a bomba. No entanto a potência
mecânica útil real é afetada pela eficiência mecânica das partes móveis, a qual entra em conta com
as perdas devido à fricção entre peças, à inércia devido à sua massa, etc.
Seher et al. (2012) define um valor de 85% para o valor médio da eficiência mecânica da turbina
( ). Considera-se que a bomba apresenta a mesma eficiência mecânica que a turbina, pelo que a
potência mecânica útil real produzida é calculada através da seguinte expressão

(4.67)

Para os três permutadores referidos, nas condições de operação 3 ,9 e 13, a potência mecânica útil
real é apresentada na Figura 4.39.

A potência mecânica real obtida através do ciclo de Rankine é comparável à potência mecânica que o
MCI produz ( ), pelo que se pode calcular a percentagem relativa a que o ciclo de Rankine
consegue recuperar (ver Figura 4.40).

65
Vê-se assim que a percentagem de é mais elevada na condição 9 do MCI em relação à
potência produzida pelo MCI, atingindo um valor de de para o permutador com alhetas, de
de para o permutador cilíndrico com espaçamento reduzido entre tubos e de de
para o permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos.

A percentagem reduz-se para a condição 3 e ainda mais para a condição 13, embora a maior
variação se registe para o permutador HEX2_1 e para o permutador HEX2.

7
Potência mecânica útil real [kW]

6
5
4
HEX2
3
HEx2_1
2
Hex_2_2
1
0
3 9 13
Condição de funcionamento do MCI

Figura 4.39 – Potência mecânica útil real ( ) calculada para os 3 permutadores de calor
e para as 3 condições de operação do MCI

20,00
Percentagem da potência do MCI

18,00
16,00
14,00
recuperada [%]

12,00
10,00 HEX2
8,00
6,00 HEx2_1
4,00 Hex_2_2
2,00
0,00
3 9 13
Condição de funcionamento do MCI

Figura 4.40 – Percentagem da potência do MCI ( ) relativa à potência mecânica útil real do
ciclo de Rankine ( )

É importante referir que não é recuperada a partir de mas sim da potência que seria
perdida para o ambiente exterior. Para ilustrar este facto e considerando que o MCI tem um
rendimento próximo de , apresenta-se na Figura 4.41 a evolução na energia mecânica

66
aproveitada pelo ciclo de Rankine com o uso do permutador de corpo e feixe tubular com tubos
concêntricos como evaporador.

Para este exemplo obtém-se um aumento da potência aproveitada de , mantendo-se a parcela


energética relativa à potência desenvolvida pelo MCI ( ), pelo que se atinge um rendimento
combinado do sistema de ciclo de Rankine e MCI de em relação aos correspondentes ao
funcionamento independente do motor.
Falta agora calcular a potência elétrica produzida pelo ciclo de Rankine – . Considera-se que
o gerador acoplado à turbina tem uma eficiência de conversão da energia mecânica em energia
eléctrica ( ) de . Para a bomba, na falta de dados, considera-se o mesmo valor para a
conversão da energia elétrica em energia mecânica para bombear o fluido de trabalho

(4.68)

Figura 4.41 – Gráfico circular com as parcelas energéticas sem a implementação do sistema de
ciclo de Rankine (acima) e com a implementação do sistema do ciclo de Rankine (abaixo) para
o uso do permutador HEX2_2, para a condição 9 do MCI

Como se pode observar na Figura 4.42, as potências elétricas máximas são obtidas para a condição
de operação 13 do MCI. Para o permutador HEX2_2, , baixando para o HEX2_1 e

67
para o HEX2 para os valores respetivos de e . O valor mínimo de , para as 3
condições analisadas é sempre superior a , sendo igual a para o permutador HEX2 a
funcionar na condição 3.

Por último apresenta-se a massa correspondente dos dois permutadores selecionados. Os fluidos
que trocam calor representam uma massa adicional além da devida à constituição do permutador de
calor, pelo que a massa respeitante ao volume que ocupam e à densidade que apresentam será
calculada.

7
6
Potência elétrica [kW]

5
4
HEX2
3
2 HEx2_1

1 Hex_2_2

0
3 9 13
Condição de funcionamento do MCI

Figura 4.42 – Potência elétrica ( ) calculada para os 3 permutadores de calor e para as 3


condições de operação do MCI

Assume-se que a densidade do aço AISI 302 ( ) se mantém constante com a temperatura e igual a
. Parte-se do princípio que nos permutadores com temperaturas mais baixas dos gases
de escape, a densidade dos fluidos que trocam calor será maior para o mesmo volume que ocupam
no permutador pelo que a sua massa será maior para a condição 3 de entre todas as condições de
operação analisadas.

68
Tabela 4.19 – Cálculo das massas dos permutadores de calor HEX2_1 e HEX2_2, para a
condição de operação 3 do MCI
Permutador Zona Pré- Evaporador Sobreaquecedor Total
Evaporador
0,045 0,244 0,010
0,645 0,534 0,458 --
879,086 409,229 406,096
HEX2_1 3,000 0,001 4,416 0,002
0,047 0,118 0,005 0,170
1,158 6,225 0,255 7,638
1,206 6,344 0,259 7,809
0,051 0,243 0,006
0,742 0,570 0,461 --
HEX2_2 879,086 409,229 406,096
5,000 0,002 3,764 0,002
0,053 0,117 0,003 0,173
1,554 7,419 0,186 9,159
1,607 7,538 0,189 9,334

Da Tabela 4.19, retira-se que a massa do permutador HEX2_1 é de 7,809 com o permutador em
funcionamento e que a massa do permutador HEX2_2 em funcionamento é de 9,334 . Tais valores
não tornam à partida proibitiva a instalação do permutador de calor na viatura.

69
70
5. Fecho

5.1. Conclusões

A presente dissertação centrou-se no estudo de um permutador de calor para aplicação num sistema
de ciclo de Rankine.

A análise termodinâmica permitiu concluir que a água é o fluido de trabalho de eleição para o
presente estudo.

A análise à transferência de calor ao nível do permutador permitiu concluir que o permutador de corpo
e feixe tubular com tubos concêntricos, constituído em aço inoxidável, tem um bom potencial de
aplicação na viatura, cujo motor de ignição por faísca serviu de base aos cálculos, como evaporador
do ciclo de Rankine.

No entanto para verificar se o desempenho deste permutador podia ser melhorado, foram realizadas
análises à alteração da distribuição do escoamento dos gases de escape, à alteração da geometria
do permutador e à alteração do fluido de trabalho.

i) A análise da distribuição dos gases de escape pelo permutador de calor analisa 3 hipóteses:
uma hipótese inicial de uma distribuição pelo corpo e pelos tubos internos proporcional à área
de passagem respetiva, uma de distribuição de 50% dos gases de escape pelo corpo e 50%
pelos tubos internos e uma outra de distribuição de 25% dos gases pelo corpo e 75% pelos
tubos internos. A primeira hipótese é afastada pela grande diferença de valores para a perda
de carga dos gases de escape (back-pressure) dos dois lados. A distribuição de 50% dos
gases de escape pelo corpo e 50% pelos tubos internos é fisicamente mais realizável pela
maior aproximação dos valores de back-pressure e é considerada a única distribuição
possível no seguimento da análise do permutador de calor a selecionar.
ii) A variação da geometria do permutador inclui 3 modificações ao permutador original:
1. Secção transversal do permutador cilíndrica e menor espaçamento entre tubos –
permutador HEX2_1;
2. Introdução de alhetas longitudinais no exterior dos tubos externos e no interior dos
tubos internos mantendo as restantes dimensões do permutador original –
permutador HEX2_2;
3. Alteração dos diâmetros dos tubos internos e externos de modo a que
mantendo as restantes
dimensões do permutador original;

71
Os permutadores HEX2_1 e HEX2_2 apresentam-se como as modificações à geometria
inicial que mais aumentam o potencial de recuperação de energia por parte do ciclo de
Rankine, pertencendo o melhor desempenho termo-hidráulico ao permutador HEX2_2. O
permutador com os diâmetros dos tubos alterados possibilita um aumento da taxa de
transferência de calor devido à maior área de transferência para ambas as correntes, no
entanto este aumento é cerca de 5 vezes inferior ao que se obtém para o permutador
HEX2_1 pelo que o permutador deixa de ser considerado viável para a aplicação.

Apesar de o permutador HEX2_2 apresentar de longe a melhor prestação para os regimes de


funcionamento do MCI estudados, a tecnologia e os custos de fabrico de tal geometria não
foram abordados nesta dissertação. Por esta razão a maior aplicabilidade deste permutador
ou do permutador cilíndrico é discutível e consideram-se os dois como fortes candidatos à
instalação na viatura.
iii) Ao analisar 3 fluidos de trabalho diferentes: água, mistura de água e etanol com fração
mássica de e etanol, conclui-se que a taxa de transferência de calor ( aumenta
com o aumento da percentagem de etanol na mistura. No entanto a potência mecânica
extraída pela turbina ( ) é superior para a utilização de água como fluido de trabalho. Este
facto aliado a menores potências mecânicas pedidas à bomba do que para fluidos com maior
percentagem de etanol, faz com que a água seja o fluido de trabalho de eleição para o ciclo
de Rankine.
iv) Na análise concluiu-se que ao variar o tipo de aço constituinte do permutador de calor não
existe variação significativa nos resultados obtidos (variações máximas de 2ºC em ),
pelo que se propõe a sua constituição em aço AISI 302 polido, cujas propriedades foram
usadas nos cálculos ao longo desta dissertação.

Ao longo de todas as simulações realizadas observa-se que para os permutadores estudados a back-
pressure nunca ultrapassa o valor definido inicialmente de como prejudicial para o
desempenho do MCI.

Os permutadores de calor que vão funcionar como evaporador do ciclo de Rankine a instalar na
viatura são assim o permutador cilíndrico com espaçamento entre tubos reduzido (HEX2_1) e o
permutador com alhetas (HEX2_2). Ambos com do caudal dos gases de escape a passar nos
tubos internos e a passar no corpo, com água como fluido de trabalho, constituídos em aço AISI
302.
O permutador HEX2_1 tem de comprimento, de diâmetro externo do corpo e cerca de
7,8 em funcionamento. Enquanto que o permutador HEX2_2 tem o mesmo comprimento para
de altura e de largura do lado externo do corpo e cerca de 9,3 em
funcionamento.

72
Ambos os permutadores de calor permitem um aumento da eficiência energética do MCI da ordem de
, sendo esta maior para o regime de funcionamento 9 em relação aos outros regimes de
funcionamento do motor estudados.

A potência mecânica útil real ( máxima obtida através do ciclo de Rankine é de para o
permutador HEX2_2 e de para o permutador HEX2_1 para a condição de funcionamento 13,
enquanto que a potência elétrica útil máxima para injetar na bateria da viatura ou no seu sistema
elétrico acessório é de e , respectivamente.

5.2. Trabalho futuro

Uma melhoria ao estudo feito na presente dissertação seria a comparação com valores reais de
funcionamento do permutador de calor para diferentes regimes de operação do MCI. A análise teórica
teria de ser feita em regime transiente e avaliaria melhor a aplicabilidade do ciclo de Rankine às
situações de condução reais do veículo.

Outras análises importantes a realizar seriam:


 a avaliação experimental das perdas de calor do permutador para o ambiente exterior;
 o estudo do sistema considerando combustão não-estequiométrica;
 o cálculo preciso da distribuição do caudal mássico dos gases de escape no permutador
de calor de tubos concêntricos, respeitando a igualdade entre a perda de carga dos
gases que escoam nos tubos internos e a perda de carga dos gases que escoam no
corpo;
 a avaliação do impacto do sujamento (fouling) na perda de carga dos gases de escape
que atravessam o permutador de calor.

Seria interessante também obter resultados mais específicos ao nível da poupança de combustível
que se consegue obter com a instalação do ciclo de Rankine e ao nível da satisfação das exigências
de potência elétrica dos sistemas elétricos acessórios da viatura, de modo a ter uma visão mais
abrangente da eficiência energética que se consegue obter com o uso do ciclo de Rankine.

Para este fim, uma componente experimental seria imprescindível para obter medidas dos
parâmetros de funcionamento de modo a confrontar os resultados experimentais obtidos com os
resultados obtidos através dos modelos desenvolvidos no presente estudo.

73
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76
Anexo A – Tabelas com resultados pormenorizados para o
permutador de tubos concêntricos

Tabela A - 1 – Resultados para a simulação do permutador HEX2 para a condição de operação


13 do MCI, com água como fluido de trabalho, e

Zona Pré- Evaporador Sobreaquecedor Total Parâmetros globais


Evaporador

--
[-]
[-]

--

Tabela A - 2 – Resultados para a simulação do permutador HEX2 para a condição de operação


13 do MCI, com água como fluido de trabalho, e
Zona Pré- Evaporador Sobreaquecedor Total Parâmetros globais
Evaporador

--
[-]
[-]

--

Tabela A - 3 – Resultados para a simulação do permutador HEX2_1 para a condição de


operação 13 do MCI, com água como fluido de trabalho, e

Zona Pré- Evaporador Sobreaquecedor Total Parâmetros globais


Evaporador

--
[-]
[-]

--

77
Tabela A - 4 – Resultados para a simulação do permutador HEX2_2 para a condição de
operação 13 do MCI, com água como fluido de trabalho, e

Zona Pré- Evaporador Sobreaquecedor Total Parâmetros globais


Evaporador

--
[-]
[-]

--

Tabela A - 5 – Resultados para a simulação com mistura de água – de etanol, para as


3 configurações do permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos e para a
condição de operação 13 do MCI, com e

Permutador Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais


Evaporador cedor

-- 62,5

[-]
HEX2 [-]

50,5 18,7 24,3 93,5 0,017


-- 238,8 0,098
376,3 673,3 38,4 1088,0 4,742
0,118 0,171 0,010
595,4 746,7 1013,8 --

3,737 7,343 1,306 12,386 [-]


HEX2_1
6,845 12,350 1,630 20,825 [-]
10,582 19,693 2,936 33,211
55,4 21,0 24,5 100,9 0,018
-- 514,1
371,2 645,3 36,6 1053,2
0,163 0,130 0,007 2,818
453,4 651,4 1001,4 -- 67,0

5,588 10,670 1,643 17,901 [-] 0,690


HEX2_2
7,874 14,817 2,230 24,921 [-] 0,381
13,463 25,487 3,873 42,822
98,5 31,6 20,9 151,1 0,024
-- 305,2
2331,3 1461,7 121,8 3914,8 6,454

78
Tabela A - 6 – Resultados para a simulação com etanol, para as 3 configurações do
permutador de corpo e feixe tubular com tubos concêntricos e para a condição de operação 13
do MCI, com e

Permutador Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais


Evaporador cedor
0,206 0,088 0,005
601,2 839,4 1032,0 -- 63,5

6,578 5,724 0,811 13,113 [-]


HEX2 10,339 8,673 0,734 19,750 [-]
16,917 14,397 1,549 32,863
244,7 22,0 0,6 267,3 0,035
-- 254,1 0,230
708,0 259,1 18,1 985,3 4,442
0,212 0,083 0,005
578,9 829,2 1031,2 --

6,455 5,513 0,777 12,745 [-]


HEX2_1
11,221 9,549 0,832 21,602 [-]
17,676 15,062 1,609 34,347
262,7 23,2 0,6 286,6 0,037
-- 547,4
697,4 242,0 17,1 956,5
0,243 0,054 0,003 2,818
446,6 766,6 1025,0 -- 65,0

9,503 7,731 0,919 18,152 [-] 0,748


HEX2_2
12,593 11,406 1,161 25,160 [-] 0,352
22,096 19,137 2,080 43,312
379,0 123,8 0,6 503,5 0,046
-- 305,2
3675,8 493,7 38,7 3914,8 5,849

79
Tabela A - 7 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação com o permutador HEX2
e para a condição de operação 9 do MCI, com e

Fluido de Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais


trabalho Evaporador cedor
Água 0,070 0,216 0,014
593,8 696,3 921,5 -- 46,8

1,865 4,341 1,089 7,295 [-]


2,664 6,054 1,152 9,871 [-]
4,530 10,395 2,241 17,166
9,8 2,7 1,1 13,6 0,006
-- 106,2 0,031
130,7 326,2 28,6 485,5 3,210
0,116 0,174 0,009
552,2 689,6 933,4 --

2,427 4,628 0,851 7,907 [-]


Mistura de
3,625 6,609 0,830 11,064 [-]
água com
etanol com 6,052 11,2 1,68 18,971
50% de 30,9 5,6 12,7 49,3 0,010
fracção -- 105,7
mássica 205,0 369,1 18,7 592,7
0,213 0,082 0,004 1,414
526,7 760,2 948,723 -- 50,3

4,187 3,640 0,938 8,766 [-] 0,544


Etanol
6,133 5,145 0,524 11,802 [-] 0,352
10,320 8,785 1,463 20,568
154,4 8,3 1,2 163,9 0,021
-- 112,8
388,0 132,8 8,6 529,5 2,709

80
Tabela A - 8 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador
HEX2_1 e para a condição de operação 9 do MCI, com e

Fluido de Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais


trabalho Evaporador cedor
0,071 0,216 0,013
575,3 682,9 919,8 -- 50,9

1,788 4,336 1,038 7,162 [-]


Água 2,946 6,547 1,286 10,779 [-]
4,734 10,883 2,324 17,942
10,4 2,9 1,1 14,4 0,006
-- 224,6 0,033
127,4 320,5 26,5 474,4 3,361
0,121 0,170 0,009
531,9 675,9 931,7 --

2,350 4,611 0,820 7,781 [-]


Mistura de
3,963 7,153 0,941 12,057 [-]
água com
etanol com 6,313 11,764 1,761 19,839
50% de 33,8 6,2 12,6 52,6 0,011
fracção -- 223,6
mássica 204,3 353,2 17,7 575,2
0,219 0,076 0,004 1,414
509,9 752,5 947,7 -- 54,6

4,124 3,485 0,507 8,116 [-] 0,578


Etanol
6,550 5,616 0,495 12,661 [-] 0,352
10,674 9,101 1,002 20,777
164,5 8,6 1,2 174,3 0,022
-- 241,0
385,3 122,4 8,2 515,9 2,808

81
Tabela A - 9 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador
HEX2_2 e para a condição de operação 9 do MCI, com e
Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais
Fluido de Evaporador cedor
trabalho
0,098 0,194 0,008 2,818
452,2 593,3 904,3 -- 49,5

2,585 6,329 1,361 10,275 [-]


Água 3,468 7,778 1,694 12,940 [-]
6,053 14,107 3,054 23,215
18,5 5,0 0,9 24,4 0,008
-- 106,9 0,042
437,5 854,0 57,8 1349,3 4,343
0,173 0,121 0,005 2,818
419,3 600,8 922,1 --

3,411 6,404 1,013 10,827 [-]


Mistura de
4,355 8,219 1,202 13,776 [-]
água com
etanol com 7,765 14,624 2,214 24,603
50% de 60,0 8,5 9,4 77,9 0,014
fracção -- 111,7
mássica 744,3 764,5 53,4 1562,1
0,252 0,045 0,003 2,818
410,8 705,3 943,2 -- 52,3

5,825 4,693 0,580 11,098 [-] 0,828


Etanol
6,948 6,324 0,635 13,908 [-] 0,351
12,773 11,017 1,215 25,005
226,9 9,8 0,2 236,9 0,027
-- 125,2
1188,1 231,1 17,1 1436,2 3,370

82
Tabela A - 10 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação com o permutador HEX2
e para a condição de operação 3 do MCI, com e

Fluido de Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais


trabalho Evaporador cedor
0,046 0,243 0,010
550,4 629,9 794,9 -- 28,7

0,820 1,851 0,462 3,133 [-]


Água 1,021 2,332 0,427 3,780 [-]
1,841 4,183 0,889 6,913
2,6 0,4 0,3 3,3 0,002
-- 36,5 0,013
41,7 167,8 9,4 219,0 1,295
0,098 0,194 0,007
495,3 606,0 801,5 --

1,121 2,060 0,389 3,570 [-]


Mistura de
1,521 2,797 0,331 4,649 [-]
água com
etanol com 2,642 4,856 0,721 8,219
50% de 11,4 0,9 4,3 16, 6 0,005
fracção -- 35,5
mássica 80,1 183,4 6,4 269,9
0,219 0,077 0,0035 1,414
460,4 655,7 813,1 -- 35,1

1,939 1,713 0,249 3,901 [-] 0,633


Etanol
2,732 2,229 0,176 5,137 [-] 0,351
4,671 3,943 0,424 9,038
71,6 1,5 0,4 73,6 0,010
-- 37,6
177,6 54,7 3,0 235,3 1,222

83
Tabela A - 11 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador
HEX2_1 e espaçamento entre tubos reduzido e para a condição de operação 3 do MCI, com
e
Fluido de Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais
trabalho Evaporador cedor
0,045 0,244 0,010
539,3 618,5 792,8 -- 30,9

0,784 1,862 0,449 3,095 [-]


Água 1,128 2,491 0,493 4,112 [-]
1,912 4,353 0,942 7,207
2,7 0,4 0,3 3,4 0,003
-- 77,6 0,013
39,9 166,7 9,0 215,5 1,344
0,101 0,192 0,007
482,0 597,1 800,1 --

1,087 2,046 0,375 3,508 [-]


Mistura de
1,656 2,997 0,381 5,034 [-]
água com
etanol com 2,743 5,043 0,756 8,542
50% de 12,1 1,0 4,2 17,3 0,005
fracção -- 75,3
mássica 79,5 179,1 6,0 264,6
0,226 0,071 0,003 1,414
449,6 650,8 812,4 -- 38,1

1,926 1,6387 0,239 3,804 [-] 0,667


Etanol
2,877 2,414 0,203 5,494 [-] 0,351
4,803 4,052 0,442 9,297
75,7 1,5 0,4 77,7 0,010
-- 80,5
178,3 49,9 2,8 231,0 1,255

84
Tabela A - 12 – Resultados para os 3 fluidos de trabalho da simulação para o permutador
HEX2_2 e para a condição de operação 3 do MCI, com e

Fluido de Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais


trabalho Evaporador cedor
0,051 0,243 0,006 2,818
454,7 557,4 782,7 -- 27,6

1,094 2,597 0,588 4,280 [-]


Água 1,329 2,959 0,609 4,898 [-]
2,424 5,557 1,197 9,178
3,8 0,71 0,3 4,8 0,003
-- 38,8 0,017
121,2 508,4 18,3 647,9 1,717
0,158 0,137 0,004 2,818
399,1 541,6 793,1 --

1,536 2,857 0,469 4,862 [-]


Mistura de
1,809 3,339 0,466 5,614 [-]
água com
etanol com 3,345 6,197 0,934 10,476
50% de 23,3 1,3 3,0 27,6 0,006
fracção -- 34,7
mássica 334,7 396,6 17,8 749,1
0,260 0,038 0,002 2,818
388,2 621,8 809,6 -- 38,1

2,633 2,117 0,271 5,021 [-] 0,893


Etanol
2,898 2,572 0,243 5,714 [-] 0,349
5,531 4,690 0,514 10,735
100,4 1,7 0,3 102,4 0,011
-- 41,2
591,2 87,2 5,5 683,9 1,446

85
Tabela A - 13 – Resultados para o permutador HEX2_1, funcionando na condição 13, com
distribuição dos gases de escape proporcional à área de passagem, com água a passar nos
anéis para os materiais constituintes do permutador: AISI 302, AISI 344

Material Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais


Evaporador cedor
0,078 0,206 0,016 1,414
616,5 735,5 998,2 -- 72,7

2,332 5,478 1,479 9,288 [-]


AISI 316L 6,049 13,832 2,638 22,520 [-]
8,381 19,310 4,117 31,808
20,3 10,8 2,4 33,5 0,011
-- 952,6 0,058
145,4 317,9 34,0 497,3 5,952
0,078 0,206 0,016 1,414
616,4 735,1 998,2 --

2,325 5,480 1,480 9,285 [-]


AISI 302
6,036 13,849 2,641 22,526 [-]
8,360 19,330 4,121 31,810
20,3 10,8 2,4 33,5 0,011
-- 952,5
144,8 318,2 34,0 497,0
0,078 0,206 0,016 1,414
616,0 734,8 998,1 -- 72,9

2,322 5,481 1,480 9,283 [-] 0,468


AISI 344
6,043 13,867 2,647 22,557 [-] 0,417
8,366 19,348 4,127 31,841
20,3 10,9 2,4 33,5 0,011
-- 952,2
144,7 318,0 34,0 496,7 5,965

86
Tabela A - 14 – Resultados para o permutador HEX2_2, funcionando na condição 13, com
distribuição dos gases de escape proporcional à área de passagem, com água a passar nos
anéis para os materiais constituintes do permutador: AISI 302, AISI 344
Material Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais
Evaporador cedor
0,101 0,188 0,010 2,818
480,9 637,2 980,9 -- 66,7

2,633 5,809 1,796 10,239 [-]


AISI 316L 7,998 19,116 3,626 30,740 [-]
10,631 24,925 5,423 40,979
33,9 74,9 2,0 110,8 0,015
-- 694,5 0,075
316,9 587,1 50,9 955,0 7,680
0,102 0,188 0,010 2,818
479,8 636,5 981,2 --

2,628 5,805 1,785 10,2 [-]


AISI 302
8,024 19,155 3,618 30,797 [-]
10,652 24,960 5,403 41,016
34,0 18,9 2,0 54,9 0,015
-- 694,0
317,3 585,6 50,5 953,4
0,102 0,188 0,010 2,818
477,9 634,9 980,5 -- 67,8

2,614 5,800 1,786 10,200 [-] 0,729


AISI 344
8,063 19,258 3,666 30,987 [-] 0,417
10,677 25,058 5,452 41,187
34,2 19,0 2,0 55,3 0,015
-- 692,9
316,4 583,6 50,4 950,4 7,717

Tabela A - 15 – Resultados para o permutador HEX2 com alteração dos diâmetros dos tubos,
funcionando na condição 13, com distribuição dos gases de escape de – , com água
e etanol a passar nos anéis
Fluido de Zona Pré- Evaporador Sobreaque Total Parâmetros globais
trabalho Evaporador cedor
0,075 0,208 0,017 1,555
651,0 760,3 1002,1 -- 57,5

2,933 6,945 1,664 11,542 [-]


Água 4,825 10,910 2,155 17,890 [-]
7,758 17,855 3,819 29,433
1,0 0,6 0,1 1,8 0,011
-- 272,1 0,054
183,4 409,8 45,6 638,8 5,510
0,216 0,081 0,005 1,555
607,2 842,1 1032,1 --

6,351 5,428 0,760 12,539 [-]


Etanol
10,360 8,792 0,785 19,937 [-]
16,711 14,220 1,545 32,476
14,7 1,9 3,6 16,6 0,035
-- 293,7
543,4 172,7 13,2 729,3

87
Anexo B – Excerto do código desenvolvido em MATLAB

function [De L_tube_eff_pre L_tp Nt Lpp dp_s_pre Q_pre htot_pre ...


Aheat_tot_pre Q_pre_calc_pre V_pre]=ShellConcentricTubes(T,m)
%Permutador Shell&Tubes com tubos concêntricos

%Propriedades retiradas do modelo termodinâmico com recurso ao REFPROP


mg=m(1,1); %Caudal mássico dos gases de escape
mf=m(1,2); %Caudal mássico do fluido de trabalho
Pevap=m(1,3) %Pressão de Evaporação

Tci_pre=T(1,1); %Temperaturas da fonte fria (c) e da fonte quente (h)


Tco_pre=T(2,1); %no Pré-Aquecedor (i->in e o->out)
Tho_pre=T(3,1);
Thi_pre=T(4,1);

Tci_eva=T(1,2); %Temperaturas da fonte fria (c) e da fonte quente (h)


Tco_eva=T(2,2); %no Evaporador (i->in e o->out)
Tho_eva=T(3,2);
Thi_eva=T(4,2);

Tci_super=T(1,3); %Temperaturas da fonte fria (c) e da fonte quente (h)


Tco_super=T(2,3); %no Sobreaquecedor (i->in e o->out)
Tho_super=T(3,3);
Thi_super=T(4,3);

%Pedido do nome do ficheiro Excel com os dados do permutador de calor


resposta1=inputdlg(['Especifique o nome do ficheiro que contém os dados'...
' geométricos do permutador de calor'],'Ficheiro Escape',1, ...
{'ConcentricTubes.xlsx'});
options.Resize='on';
options.WindowStyle='normal';
options.Interpreter='text';
ficheiro_excel=char(resposta1);

cond=xlsread(ficheiro_excel,'Folha1','C5:C13'); %Abre o ficheiro Excel e


%retira os valores da
%Folha1 de C5 a C13

Altura_e=cond(1,1); %Altura externa do permutador


Largura_e=cond(2,1); %Largura externa do permutador
Altura_i=cond(3,1); %Altura interna do permutador
Largura_i=cond(4,1); %Largura interna do permutador
dt_i1=cond(5,1); %Diâmetro interno dos tubos interiores
dt_e1=cond(6,1); %Diâmetro externo dos tubos interiores
dt_i2=cond(7,1); %Diâmetro interno dos tubos exteriores
dt_e2=cond(8,1); %Diâmetro externo dos tubos exteriores
D_tubebank=cond(9,1); %Diâmetro do feixe de tubos
Theta=cond(10,1); %Arranjo triangular dos tubos
Nt=cond(11,1); %Número de tubos
tw=(De-Di)/2; %Espessura do corpo
L_tube_eff_pre=cond(12,1); %Comprimento do Pré-Aquecedor
L_tube_eff_eva=cond(13,1); %Comprimento do Evaporador
L_tube_eff_super=cond(14,1); %Comprimento do Sobreaquecedor
%L_total=0.3m

88
%Definição das resistências de sujamento ("fouling") e da condutividade
%térmica do material constituinte do permutador
Rfs=1.761*10^-3; %"Fouling Resistance Shell-side"
Rft_pre=1.76*10^-4; %"Fouling Resistance Tube-side Preheater"
Rft_eva=3.52*10^-4; %"Fouling Resistance Tube-side
%Evaporator"
Rft_super=3.52*10^-4; %"Fouling Resistance Tube-side
%Superheater"
k_aco=[300 400 600 800 1000; 15.1 17.3 20.0 22.8 25.4]; %Condutividade
%Térmica do aço
%constituinte do
%permutador

%Escolha da distribuição do caudal mássico dos gases de escape


opcao_mg=menu('Escolha a divisão do caudal dos gases de escape
desejada',...
['Proporcional à área de passagem dos gases de escape (20% através '...
'dos tubos internos e 80% através do corpo)'],...
'50% através dos tubos internos e 50% através do corpo',...
'75% através dos tubos internos e 25% através do corpo');

A3=pi/4*(Di^2-dt_e2^2*Nt) %Área de passagem dos gases de escape entre o


%exterior dos tubos concêntricose o corpo
A2=pi/4*(dt_i2^2-dt_e1^2)*Nt %Área de passagem da água entre os tubos
%concêntricos
A1=pi/4*dt_i1^2*Nt %Área de passagem dos gases nos tubos
%internos
switch opcao_mg
case 1
mg_2=A3/(A1+A3)*mg %Caudal mássico de gás que passa no exterior
%dos tubos concêntricos
mg_1=A1/(A1+A3)*mg %Caudal mássico de gás que passa nos tubos
%internos
case 2
mg_2=0.5*mg
mg_1=0.5*mg
case 3
mg_2=0.25*mg
mg_1=0.75*mg

end

for indice=1:5 %Início do processo iterativo para o cálculo das


%dimensões das zonas do permutador

if indice==1
THO_PRE=Tho_pre;
THO_EVA=Tho_eva;
THO_SUPER=Tho_super;
end

%"Pre-heater"

LMTD_pre=((Tho_pre-Tci_pre)-(Thi_pre-Tco_pre))/...
log((Tho_pre-Tci_pre)/(Thi_pre-Tco_pre)); %LMTD_preheater

89

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