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5. ESTAMPAGEM
A estampagem de corte, como o próprio nome sugere, tem como objetivo cortar a
matéria-prima ou parte desta visando obter o produto final. Para ser possível este processo são
necessárias três etapas típicas, representadas na Fig. 5.3 e descritas a seguir.
Nas Fig. 5.6 e 5.7 são apresentadas matrizes complexas e outros equipamentos
utilizados para realizar a estampagem por cisalhamento do material, como: guilhotinas,
puncionadeiras e prensas diversas (excêntricas, hidráulicas, etc.) já plenamente discutidas em
capítulos anteriores.
a) b)
Outro fator que deve ser levado em consideração no projeto de corte por
estampagem, principalmente com relação ao acabamento e a redução dos esforços requeridos ao
processo, é a folga existente entre o punção e a matriz. O efeito desta folga é facilmente
percebido ao se analisar as regiões e o acabamento destas junto á superfície de corte, conforme
apresentado nas Fig. 5.9 e 5.10.
ERRADO
CERTO
Outra condição que deve ser prevista para viabilizar o corte sem empenamentos,
fissuras e outros defeitos é a distância entre a borda da chapa e o recorte. Onde, recomenda-
se deixar uma distância mínima entre 20% a 50% superior à espessura da chapa “S”. Vale
ressaltar que esta condição também é válida para a distância entre rasgos (estampos) adjacentes.
Com relação á força requerida ao processo de corte “Fc” deve-se considerar a área
de cisalhamento, que por sua vez é obtida pelo produto do perímetro de corte “Per” com a
espessura da chapa “S”. Além destes parâmetros é necessário ainda levar em consideração o
Faz-se ainda necessário prever onde estará o centro de aplicação da carga junto à
matriz, considerando os momentos resultantes de todas as forças já estimadas e envolvidas no
processo de estampagem. Para isto é utilizado o Critério de Varignon, onde é definido e
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posicionado um plano cartesiano de maneira arbitrária junto à matriz (em geral num dos
vértices). Posteriormente, faz-se a soma dos valores dos momentos (= força x distância), e se
iguala ao momento total cuja incógnita será a distância com relação ao plano cartesiano
arbitrado, conforme representado na Fig. 5.13. O resultado será a distância do centro de
aplicação da força com relação à matriz, e por onde deverá ser fixada a espiga – parte da matriz
que faz a conexão com a prensa utilizada.
Vale destacar, que este processo tanto pode ser manual quanto automatizado,
fazendo uso de maquinários e dispositivos diversos, como: utensílios manuais, viradeiras,
dobradeiras hidráulicas ou pneumáticas, prensas, etc. – ver Fig. 5.15 e 5.16.
A linha neutra pode ser definida como sendo a linha da seção transversal cuja fibra
correspondente não sofre qualquer esforço ou qualquer deformação durante o processo.
Logo, na linha neutra não ocorrem tensões trativas ou compressivas e nem deformações que
possam alterar sua dimensão (= comprimento), permanecendo inalterada.
Porém, e como já citado, a posição (= localização) da linha neutra com relação à
espessura da chapa sofre modificação durante o processo de deformação, principalmente se
for considerado o dobramento plástico (ou seja, em condições de deformação permanente do
material) onde a linha neutra se desloca em direção à superfície comprimida – interna ao
dobramento. Estima-se, que para chapas de até 1mm de espessura não ocorre o deslocamento da
linha neutra ficando esta localizada exatamente na metade da espessura da chapa, ou seja, y=S/2.
Por sua vez, para chapas com espessura maior que 1mm, considera-se que a posição da linha
neutra fica a um terço da espessura, ou seja, y=S/3. Mas vale ressaltar que existem outros
métodos quantitativos mais precisos para a obtenção da posição efetiva da linha neutra.
É importante salientar que o grau de deformação durante o dobramento eleva-se
com a diminuição do raio de curvatura, pois resultados experimentais mostram que a
deformação circunferencial das fibras externas é maior que das fibras internas junto à superfície
de contração, principalmente para grandes razões entre a espessura “S” e raio de curvatura “R”.
Portanto, é possível concluir que para uma dada operação de dobramento o raio de
dobramento “R” não pode ser inferior a um valor de raio crítico mínimo “Rmín”, visando
evitar trincas por tração na aresta da chapa junto à superfície tracionada. Este “Rmín” geralmente
é definido como um múltiplo da espessura da chapa, conforme exemplificado a seguir:
Rmín = 1 a 2xS, onde o valor do raio mínimo é definido entre 1 e 2 vezes a
espessura da chapa (utilizado para chapas finas e materiais dúcteis);
Rmín = 3 a 4xS, onde o metal é dobrado com um raio mínimo de 3 a 4 vezes maior
que a espessura da chapa (utilizado para chapas grossas de espessura considerável);
Rmín = 5xS, onde o raio mínimo equivale a 5 vezes a espessura da chapa (indicado
para chapas de ligas de alta resistência mecânica ou materiais de elevada dureza).
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FV FL FU
Assim, têm-se a seguir as equações 5.4, 5.5 e 5.6, que apresentam uma estimativa de
força e momentos envolvidos no processo de dobramento conforme o tipo de dobra.
Para dobra em “V”:
FV = .
( )
4 (b ). S 2 .σ t
⇔ M máx V =
L.(FV ) (b ). S 2 .σ t
=
( ) (5.4)
3 L 4 3
FU = .
( )
2 (b ). S 2 .σ t
⇔ M máx U =
f .(FU ) (b ). S 2 .σ t
=
( ) (5.6)
3 f 2 3
Onde:
“f”: consiste na folga entre punção e a matriz, cuja estimativa inicial para o
dobramento situa-se entre 10% a 20% maior que a espessura da chapa;
“L”: consiste na largura do canal em “V” da matriz.