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Capítulo 5
ESTAMPAGEM PROFUNDA
O processo de Estampagem Profunda ou Embutimento Profundo se caracteriza
como um processo de fabricação cuja matéria prima é uma chapa metálica plana (geratriz
ou blanck) que é transformada em diferentes formas geométricas com saliências profundas
ou rasas. A fig. 5.1 mostra exemplos de peças estampadas
b)
a)
b) b)
Fig. 5.1 Exemplos de peças estampadas: (a) Estampagem na história da humanidade /5.1/;
(b) Metalúrgica Forma – Caxias do Sul - RS
1
2
1 – Punção
2 – Guia do Punção
3 – Prendedor de
Chapas
4 – Matriz
5 - Extrator
6 – Base da Matriz
Fig. 5.2 Modelo esquemático de um ferramental de estampagem
2
3
3
4
5.2 TENSÕES
Fig. 5.6 Corpo com flange com rugas quando não usado o prendedor de chapas.
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5.3 DEFORMAÇÕES
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6
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A forma mais simples para determinação da geratriz (blanck) poder ser analisada na
estampagem de um corpo sem flange (fig. 5.10). A superfície externa desse corpo pode ser
calculada por:
π
d 2 + πdh (5.1)
4
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8
Como estas áreas devem ser iguais à secção da geratriz que possui um diâmetro (D)
tem-se:
π π
d2 + πdh = D 2 (5.2)
4 4
D = d 2 + 4dh (5.3)
πd12 /2 2 π πD 2
+ πd1 .h + (d 1 −d )
1 = (5.4)
4 4 4
ou seja:
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A passagem de uma geratriz com diâmetro (D) para um corpo estampado com
diâmetro (d), como por exemplo o copo da fig.5.10, somente pode ser realizado dentro de
certos limites. Esta análise é realizada a partir do cálculo da Relação de Estampagem ( β )
definido pelo quociente do diâmetro da geratriz (D) pelo diâmetro do copo ou do punção
(d):
D
β= (5.6)
d
d
β adm = 2,15 − (5.7)
1000.s
Sendo (d) o diâmetro do punção e (s) a espessura da chapa. Para aços de maior
estampabilidade tem-se:
1,1d
β adm = 2,0 − (5.8)
1000.s
2º estágio : β = 1,3
3º estágio : β = 1,2
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Fig. 5.13 Demonstração esquemática das operações após primeiro estágio de estampagem.
A Relação de Estampagem Total ( β tot ) quando ocorrem três estágios é dado por:
D d1 d 2 D
β tot = β 0 .β 1 .β 2 = . . = (5.9)
d1 d 2 d 3 d 3
2
hn D 2 − d n
n= = 2
(5.10)
dn 4d n
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projeto onde se pode avaliar o efeito dos principais parâmetros que interferem no processo :
raio da matriz, tensão de escoamento e máxima, relação de estampagem, etc...
A força necessária para proceder uma operação de estampagem tem origem nas
ações das tensões radiais - σr (de tração) e tangenciais - σt (compressão) na região do flange
(fig. 5.15). Na região do flange atua o prendedor de chapas que dá origem à Força Normal
(FN) e em conseqüência surgem as tensões normais ( σ N ). Esta Força Normal (FN) é
necessária para evitar a formação de rugas.
A força total (Ftot), para efetuar a operação de estampagem é composta das seguintes
forças /5.5/.
1. Força Ideal (Fid), que é necessária para transformar, por exemplo. a geratriz (disco)
num copo.
4. Força de retorno elástico (FRE) relacionado com as fibras externas que foram
dobradas na passagem da chapa pelo raio da matriz
Ftot=Fid+FAPC+FAR+FRE (5.11)
D
Fid = A0 .kfm. ln (5.12)
d0
sendo:
A0 – Secção do copo dado por: A0 = πd 0 .s0
D – Diâmetro do flange no momento da força máxima calculado por /5.6/:
D
D = 0,77 0 + 0,23 d 0 (5.12a)
d0
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Esse fenômeno acontece devido a ocorrência de duas tendências de efeitos opostos: por um
lado a força diminui com a diminuição da zona de conformação e por outro lado aumenta
com o encruamento.
kf1 + kf 2
kfm = (5.13)
2
onde kf1 é a tensão de escoamento da chapa na saída do raio da matriz e kf2 é a tensão de
escoamento no diâmetro externo da região do flange. Como a determinação da tensão de
escoamento (kf) depende da região e de quanto foi a deformação ( ϕ ) na região
considerada, é necessário saber como se calculam estas deformações. Assim sendo, tem-se
como deformação ( ϕ1 ) após a passagem da chapa pelo raio da matriz:
2 2
D0 + d 0 − D 2 2
ϕ1 = ln = ln β 0 + 1 − β 2 (5.14)
d0
ou seja:
D0
β0 = (5.15)
d0
e
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D
β= (5.16)
d0
D
ϕ 2 = ln 0 (5.17)
d0
A tensão radial máxima ( σ id ) que ocorre após a passagem da chapa pelo raio da
matriz é dada por:
D/ 2 D
σ id = kfm. ln = kfm. ln (5.18)
r0 d0
2
d0 π 2 β −1
F APC = 2.µ .FN . = µd 0 . p PC . 0 (5.19)
D 2 β
2
FAPC d β −1
σ RA = = µ . pPC . 0 . 0 (5.20)
π .d o .s0 s0 2 β
para o cálculo da pressão na região do prensa chapas (pPC) tem-se conforme Siebel /5.5/:
2 d0
ppc= 0,0025 (β 0 − 1) + 0,5. .R m [N/mm2] (5.21)
100.s 0
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π
µ
FAR= ( e 2
− 1)( Fid + FAPC ) (5.22)
µ
π
D d 0 β 0 −1
2
FAR=( e 2
− 1) πd 0 .s 0 . kfm. ln + µp pc . . (5.23)
d s 2 β
0 0
FAR
σ AR = (5.24)
(πd 0 .s0 )
σ A = σ RA + σ AR (5.25)
s0
FRE = π .d 0 .s 0 .kf 1 . (5.26)
4rm
onde rm é o raio da matriz
s0
σ RE = kf 1 . (5.27)
4rm
Essa tensão dá origem as tensões internas na chapa que tem influência na corrosão
sob tensão e no aparecimento de trincas na superfície externa.
A tensão total que então ocorre no processo de estampagem é dado por:
σ tot = σ id + σ A + σ RE (5.28)
Essa tensão total ( σ tot ) não deve ultrapassar a tensão máxima do material (Rm) sob
pena de ocorrer o rompimento da chapa. Observa-se que a tensão máxima (Rm) é dada em
função do valor correspondente à matéria prima. Com maior precisão dever-se-ia
considerar a tensão de escoamento em cada região da chapa após a sua conformação.
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β −1
F1 = π (d + s ) ⋅ s ⋅ Rm ⋅ 1,2 N
β max − 1
sendo:
F1 – Força no primeiro estágio
d0 – diâmetro do punção
s – espessura da chapa
kfm1 – tensão de escoamento média no primeiro estágio
β 1 - relação de estampagem no primeiro estágio
As deformações no primeiro estágio pode ser definido por:
D0
ϕ 1 = ln β 1 = ln
d0
kf 1 = C.ϕ 1n
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2 d0
ppc= 0,0025 (β 0 − 1) + 0,5. .R m
100.s 0
Neste caso a relação de estampagem β deve ser considerada para o estágio em questão.
O diâmetro do punção (d) também deve ser considerado para o punção correspondente.
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Solução:
Relação de embutimento:
D0 200 d 0 125
β1 = = = 1,6 β2 = = = 1,25
d 0 125 d 1 100
Deformação:
ϕ 1 = ln .β 1 = 0,47 ϕ 2 = ln .β 2 = 0,223
F1 = 5.d 0 .s.k f m1 . ln β 1
260 + 629
F1 = 5.125.1. .0,47 = 130kN (13ton)
2
F = 0,5.F1 + 5.d 2 .S .k f m 2 . ln β 2
629 + 684
F2 = 0,5.130000 + 5.100.1 .0,223 = 138kN (≈ 14ton)
2
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5.8 EQUIPAMENTOS
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b) Prensas de dupla-ação
Nesse caso a conformação é executada também com auxilio de pressão inferior da
prensa.. A fig. 5.18 mostra esquematicamente o uso de uma prensa de ação dupla.
Nesse caso o controle do prensa-chapas pode ser efetuado pelo sistema hidráulico
secundário da prensa. Na maioria das vezes os processos de estampagem são
executados com prensas hidráulicas de dupla ação /5.4/.
A fig. 5.19 mostra três prensas hidráulicas em série. Estão dispostas de forma a
permitir a automação em operações seqüenciais. Tais máquinas trabalham com um martelo
principal superior e uma almofada hidráulicas inferior que desempenha o papel do prensa-
chapas /5.4/.
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A fig. 5.21 mostra a foto de uma prensa hidráulica “pescoço de cisne” ou em “c”. Esta
máquina possui os recursos da prensa de duplo efeito com uma almofada adicional no
interior da haste do cilindro principal encarregado de servir de prensa-chapas nas
operações de embutimento duplo ou reverso /5.4/.
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22
Fig. 5.21 Prensa hidráulica de triplo efeito tipo “pescoço de cisne” ou em “c” /5.4/
Fig. 5.22 Princípio do ferramental para operação de estampagem reversa (ou estampagem
dupla) /5.9/.
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O raio da matriz (rm) pode ser dimensionado para uma primeira opção de
estampagem por (fig. 5.23a):
rp 1 =(5...6)s (5.31)
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D
w=s (5.32)
d
R. Fadanelli em sua exposição em /5.4/ indica que a folga deve ser pelo menos 10%
da espessura do material (aços e alumínio). Para aço inoxidável: 30% da espessura da
chapa.
De um modo geral pode-se usar aço ferramenta para trabalho a frio temperado para
o punção para a matriz e para o extrator. Outros elementos de fixação podem-se empregar
aço ABNT 1010 e 1020.
Para pequenos lotes o aço ao carbono temperado e o ferro fundido são os materiais
mais utilizados. Para grandes lotes é recomendado aço ligado temperado ou bronze especial
de alta dureza /5.4/.
5.9.5 Lubrificação
Aplicação: deve ser feita com rolos simples, rolos duplos, pistola, imersão,
esponjas. Deve-se utilizar a aplicação que permita controle sobre a espessura do filme
lubrificante. Só assim, pode-se utilizar a lubrificação como elemento adicional no controle
do deslizamento da chapa sobre a matriz e o prensa-chapas.
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Este trabalho conclui que o uso do aço apresenta uma maior estabilidade de
processo podendo-se chegar a valores de espessura de chapas inferiores a 0,22mm.
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Uma alternativa que pode oferecer grande economia de materia prima é uma
substituição por um sistema de transferências. Neste caso a geratriz é recortada da tira e sua
operação segure com o uso de garras. (“fingers”), fig. 5.27.
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Lista de Símbolos
Símbolos gregos
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Referências Bibliográficas
/5.1/ Lietzmann, K.: Metal Formung Geschichte Kunst Technik. VEB Deutscher Verlag
fur Grundstoffindustrie, Leipizig, 1983.
/5.5/ Pankin, W.: Die Grundlagen dês Tiefziehens im Anschlag unter besouderer
Berücksichtigung der Tiefziehprüfung. Forschungsberichte zur spanlose Formegenung I.
Michael Triltsch Verlag Düsseldorf, 1959.
/5.11/
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