Você está na página 1de 65

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E EXATAS


ENGENHARIA AMBIENTAL – TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

MEMORIAL DESCRITIVO: ETE MÁRIO DE CASTRO

ANA LUÍSA CURADO - 201010399


CAMILA DE MENEZES - 201010553
CAMILA C. OLIVEIRA - 201010000
THAIS NASCIMENTO - 201010000
VINÍCIUS RODRIGUES - 201010974

UBERABA - MG

2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E EXATAS
ENGENHARIA AMBIENTAL – TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

MEMORIAL DESCRITIVO: ETE MÁRIO DE CASTRO

ANA LUÍSA CURADO - 201010399


CAMILA DE MENEZES - 201010553
CAMILA C. OLIVEIRA - 201010000
THAIS NASCIMENTO - 201010000
VINÍCIUS RODRIGUES - 201010974

Trabalho apresentado a Universidade


Federal do Triangulo Mineiro, como
parte das exigências da conclusão da
disciplina de Tratamento de águas
residuárias do curso de Engenharia
Ambiental.

Prof. Msc. Vinícius Carvalho Rocha

UBERABA - MG

2014
1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3
1.1 EMBASAMENTO TEÓRICO PRELIMINAR .............................................................. 4
1.1.1 Tratamento preliminar ................................................................................................. 5
1.1.1.1 Gradeamento e peneiras ............................................................................................... 5
1.1.1.2 Desarenadores .............................................................................................................. 6
1.1.2 Tratamento primário .................................................................................................... 8
Figura 2 – Esquema de um decantador retangular .................................................................. 9
1.1.3 Tratamento secundário ............................................................................................... 10
1.1.3.1 Lagoas de Estabilização ............................................................................................. 10
1.1.3.2 Lodos Ativados .......................................................................................................... 12
1.1.3.3 Filtros Biológicos ....................................................................................................... 13
1.1.3.4 Tratamento Anaeróbio ............................................................................................... 14
1.1.3.5 Disposição no Solo .................................................................................................... 16
1.1.4 Pós-tratamento ........................................................................................................... 17
1.1.4.1 Lagoas de polimento .................................................................................................. 17
1.1.4.2 Filtro biológico percolador ........................................................................................ 17
1.1.4.3 Sistema de lodos ativados como pós-tratamento ....................................................... 18
1.1.4.4 Pós-tratamento por flotação ....................................................................................... 19
1.1.4.5 Desinfecção ................................................................................................................ 19
2 OBJETIVO ........................................................................................................................ 20
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 20
4 ESTUDO DE CONCEPÇÃO............................................................................................ 21
4.1 PROJEÇÃO POPULACIONAL ................................................................................... 21
4.1.1 Resultado da aplicação dos métodos ......................................................................... 23
4.2 CÁLCULO DAS VAZÕES .......................................................................................... 24
4.3 ADOÇÃO DE HIPÓTESES .......................................................................................... 25
5 DIMENSIONAMENTO ................................................................................................... 26
5.1 TRATAMENTO PRELIMINAR .................................................................................. 27
5.1.1 Canal de entrada ......................................................................................................... 27
5.1.2 Gradeamento .............................................................................................................. 29
5.1.3 Desarenador ............................................................................................................... 32
2

5.1.4 Calha Parshall ............................................................................................................ 34


5.2 TRATAMENTO SECUNDÁRIO ................................................................................. 35
5.2.1 Reator Uasb ............................................................................................................... 35
5.2.1.1 Dimensionamento ......................................................................................................... 35
5.3 PÓS-TRATAMENTO ................................................................................................... 47
5.3.1 Reator aerado ............................................................................................................. 48
5.3.2 Decantador secundário ............................................................................................... 57
5.4 TRATAMENTO DO LODO ......................................................................................... 59
5.4.1 Desidratação do lodo ................................................................................................. 60
5.4.1.1 Leitos de secagem ...................................................................................................... 60
5.4.1.2 Centrífugas ................................................................................................................. 61
5.4.1.3 Filtros-prensa ............................................................................................................. 61
5.4.1.4 Prensas desaguadoras ................................................................................................. 62
5.4.2 Escolha do Processo ................................................................................................... 62
3

1 INTRODUÇÃO

Desde quando começou a surgir às primeiras civilizações a coleta de esgoto já era uma
preocupação dos homens. Algumas obras primitivas de saneamento já eram efetuadas
naqueles tempos, como a construção de galerias de esgoto na babilônia e Nipur (Índia) em
3750 a.C., emprego de manilhas cerâmicas para tal finalidade em 3100 a.C. e a
implementação de ligações diretas entre as casas e os canais na Roma imperial. Por outro
lado, na idade média não se tem evidencias de desenvolvimento do que diz respeito ao
saneamento e a população daquela época era despreocupada com esta questão, tendo como
consequência o surgimento de grandes epidemias na Europa, como por exemplo, a peste
bubônica. (AZEVEDO NETTO, 1984; METCALF E EDDY, 1977 apud NUVOLARI, 2011,
p.17).
Diferentemente daqueles tempos, hoje existem os sistemas de esgotamento sanitário
cuja definição, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9648, é um
“Conjunto de condutos, instalações e equipamentos destinados a coletar, transportar,
condicionar e encaminhar somente esgoto sanitário a uma disposição final conveniente, de
modo contínuo e higienicamente seguro”.
Um sistema de esgoto sanitário é composto por uma rede coletora com função de
receber e conduzir os esgotos, interceptor com a finalidade de receber a contribuição da rede
coletora ao longo do seu comprimento, emissário a qual é uma canalização que conduz o
esgoto a um determinado destino (estações de tratamento/lançamento) sem receber
contribuição, sifão invertido usado para transposição de obstáculos, corpo d’água receptor
onde os esgotos são lançados, estação elevatória que tem como função transportar os esgotos
de uma cota mais baixa para uma mais alta e a estação de tratamento de esgoto. (TSUTIYA;
ALEM SOBRINHO, 2000).
As estações de tratamento de esgoto (ETE) constituem uma das partes mais importantes
do sistema de esgotamento sanitário e estão associadas a uma gama de técnicas de tratamento
com a função de reduzir a carga poluidora dos esgotos para serem lançados no corpo receptor
seguindo os padrões de qualidade do efluente e condições da legislação vigente. O tratamento
de esgoto em uma ETE é composto basicamente por quatro etapas sendo algumas delas
indispensáveis para se chegar a uma eficiência de tratamento que atenda tais padrões e
condições.
4

As Etapas que compõe um sistema de tratamento de esgoto são tratamento preliminar


no qual remove os sólidos grosseiros através de grades de barras podendo ser finas ou grossas,
tratamento primário onde é removida parte da matéria orgânica e sólidos sedimentáveis
através de decantadores primários, tratamento secundário com a função de retirar
principalmente matéria orgânica e alguns nutrientes como nitrogênio e fósforo feito através de
decantadores secundários e por fim o tratamento terciário que tem como objetivos a remoção,
principalmente, de nutrientes como nitrogênio e fósforo, podendo também remover alguns
patógenos, metais pesados, sólidos em suspensão remanescentes, sólidos inorgânicos
dissolvidos e compostos não biodegradáveis sendo realizado através de várias técnicas, como
lagoa de maturação, desinfecção, processos oxidativos avançados, entre outras. (MENEZES;
SILVINO; CARVALHO NETO, 2006).
Antes do lançamento no corpo receptor, o esgoto deve atender algumas condições e
padrões de qualidade da água sendo tais padrões são analisados através de parâmetros físicos,
químicos e biológicos. A resolução CONAMA 430/2011 traz alguns requisitos para
lançamento de efluentes nos corpos hídricos provindos de sistemas de tratamento de esgoto
tais como: pH entre 5 e 9; temperatura inferior a 40°C com a variação de temperatura do
corpo hídrico não ultrapassando 3°C no limite da zona de mistura; Materiais sedimentáveis
com até 1 ml/L podendo ser ausente se a velocidade de circulação for nula; Demanda
bioquímica de oxigênio (DBO5,20) tendo valor máximo de 120 mg/L sendo que esse valor
somente poderá ser ultrapassado no caso de um tratamento com eficiência de remoção de
mínima de 60%; Substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) até 100 mg/L e Ausência de
materiais flutuantes.

1.1 EMBASAMENTO TEÓRICO PRELIMINAR

Para possibilitar a escolha do melhor arranjo de unidades, que atendam o que se pede, é
necessário elucidar sobre as demais tecnologias de tratamento.
5

1.1.1 Tratamento preliminar

O tratamento preliminar tem o principal objetivo a remoção dos sólidos grosseiros e


também de areia por meios de dispositivos de remoção tanto manuais ou mecânicos.
Exemplos de medidas para remoção têm o gradeamento, peneiras e desarenadores, que são
mais detalhados a seguir.

1.1.1.1 Gradeamento e peneiras

Na etapa de gradeamento ocorre a remoção de sólidos grosseiros, no qual o material de


dimensão superior a aquela do espaçamento entre as barras da grade são retidos. As principais
finalidades dessa etapa são a proteção das bombas e tubulações que são usadas para o
transporte do efluente, proteção das unidades de tratamento subsequentes e proteção dos
corpos receptores.
Segundo a NBR 12209/2011 as barras de grades são classificadas de acordo com o
espaçamento entre as barras, sendo classificadas como:
 Grade grossa: espaçamento entre 40 a 100 mm;
 Grade média: espaçamento entre 20 a 40 mm;
 Grade fina: espaçamento entre 10 a 20 mm.
Esta norma também traz alguns requisitos na operação das grades e no seu
dimensionamento, tais como:
 A vazão de dimensionamento das grades e peneiras deve ser a vazão máxima afluente;
 As grades de barras podem ser de limpeza manual ou mecanizada. As grades são limpas
mecanicamente quando a vazão máxima afluente for igual ou superior a 100 L/s ou quando
for necessário o uso do equipamento mecanizado de acordo com o material retido, levando em
consideração as dificuldades de operação. As grades grossas não são limpas mecanicamente.
 Se a limpeza for mecanizada recomendam-se pelo menos duas unidades com
capacidade total de vazão afluente cada uma, podendo uma delas ser de reserva com limpeza
manual. Uma grade grossa de limpeza manual deve ser instalada a montante do equipamento
mecanizado quando este houver risco de danos.
6

 O sistema de limpeza mecanizada pode ser efetuado por correntes, cremalheiras,


catenárias, ou outro equipamento (barras retas). Também podem ser acionadas por um ou dois
braços rotativos com rastelo integrado, ou outro equipamento equivalente (barras curvas).
 As grades das barras no dimensionamento devem ser observadas os seguintes itens
como a inclinação das barras em relação a horizontal tem que ser de 60° a 90° para grades de
limpeza mecanizada e de 45° a 60° para grades de limpeza manual.
 São consideradas perdas de carga mínima no cálculo para estudo de escoamentos a
montante, para grades de limpeza mecanizada 0,10 m e de limpeza manual 0,15m.
 Em relação às peneiras, são considerados os equipamentos de remoção de sólidos
grosseiros com aberturas de 0,25mm a 10 mm, sendo peneira móvel de fluxo frontal (ou tipo
escalar ou escada), peneira estática, peneira móvel de fluxo axial ou interno (tambor rotativo)
e peneira móvel de fluxo tangencial ou externo (com tambor rotativo), a peneira deve ser
precedida de grade.
 Os canais afluentes e efluentes dos dispositivos de remoção de sólidos grosseiros devem
garantir uma velocidade de 4,0 m/s pelo menos uma vez ao dia, desde o inicio da operação.
 Em caso de uso de grades de barras de limpeza mecanizada ou peneiras, o equipamento
que é utilizado deve propiciar do depósito dos sólidos removidos em carrinhos diretamente ou
através de esteiras e no caso do uso de grades de barras e peneiras mecanizadas o
equipamento tem que dispor de um acionamento de limpeza automático.

1.1.1.2 Desarenadores

O desarenador também pode ser conhecido como caixa de areia, por ter como função a
remoção de areia através de sedimentação, sem que ocorra a remoção conjunta de sólidos
orgânicos, o qual o grão de areia, devido as suas maiores dimensões e densidade vão para o
fundo do tanque, enquanto a matéria orgânica, sendo a sedimentação bem mais lenta,
permanece em suspensão.

Os aspectos das partículas a serem removidas de acordo com a NBR 12209/2011são:

 Diâmetro efetivo: 0,2 mm ou superior


 Massa Específica: 2.650 kg/m3
 Velocidade de sedimentação: 2,0 cm/s
7

 Remoção de 95% em massa das partículas.

Os Dispositivos de remoção podem ser mecânicos ou manuais, por exemplo, por


bandeja de aço removida por talha e carretilha ou por bombeamento, retendo uma quantidade
de 30 a 40 l/1.000 m³ de esgoto, o destino do material retido pode ser para aterro sanitário ou
ser lavada para outras finalidades. Segundo a NBR 12209/2011 deve ter limpeza mecanizada
quando a vazão for igual ou superior a 100 l/s

Os tipos de desarenadores são:

 Tipo canal com velocidade constante controlada por Calha Parshall: Há remoção da
areia com a ajuda de um medidor de vazão para manter a velocidade constante. A velocidade
tem que estar aproximadamente 0,30 m/s, quando as velocidades são baixas, por exemplo, as
inferiores a 0,15 m/s podem ocorrer um depósito de matéria orgânica na caixa e com
velocidades são consideradas altas, superiores a 0,40 m/s há arraste de areia e a redução da
quantidade retida e com profundidade mínima de 0,20m.
 Secção quadrada e fluxo horizontal, com braços raspadores e lavador de areia para
remoção da areia retida.
 Fluxo em espiral aerado, pela remoção da areia retida por meio de bomba aspiradora,
nesse tipo de desarenador a velocidade do escoamento longitudinal deve ser inferior a 0,25
m/s para vazão máxima e injetar uma quantidade ar regulável entre 0,25 e 0,75 m³/min.m e o
tempo de detenção de 3 min ou mais.
 Fluxo tangencial, pela retirada da areia por bomba aspiradora ou air-lift, sendo a
velocidade de entrada de 0,75 a 1 m/s, e de saída no máximo 0,7 m/s e tempo de detenção
hidráulica igual ou superior a 25s.
 Fluxo em vórtice (tipo ciclone ou similar), sendo sua taxa de escoamento superficial
entre 600 a 1300 m³/m².d, sem decantadores primários o limite é de 1000 m³/m².d
A limpeza ocorre quando a areia ocupar metade da altura ou dois terços de seu
comprimento total. Controlando a quantidade de material removido por m³ de esgoto, teor de
umidade e teor de sólidos voláteis.
8

1.1.2 Tratamento primário

Após os esgotos atravessarem as unidades de tratamento preliminar, ainda estão


presentes sólidos em suspensão não grosseiros, sendo uma boa parte constituída por matéria
orgânica em suspensão. A remoção desses sólidos através da sedimentação implica na
redução da carga de DBO dirigida ao tratamento secundário, diminuindo os gastos. A
eficiência de remoção de sólidos em suspensão gira em torno de 60 a 70%, e a de DBO em
torno de 25 a 35% (VON SPERLING, 2011).
Segundo Von Sperling (2011) os tanques de decantação podem ser circulares ou
retangulares (Figuras 1 e 2) Os esgotos passam vagarosamente pelos decantadores, de forma
que os sólidos em suspensão, por possuírem uma densidade maior do que a do líquido
circundante, sedimentem gradualmente no fundo. A massa de sólidos que sedimenta é
denominada lodo primário bruto. Ela é retirada dos decantadores por meio de uma tubulação
única em tanques de pequenas dimensões ou através de raspadores mecânicos e bombas em
tanques maiores. Graxas e óleos, que possuem uma menor densidade que o líquido
circundante, acumulam-se na superfície, onde são coletados e removidos do tanque para
posterior tratamento.
Os decantadores primários ilustrados abaixo são utilizados principalmente antes de
processos de tratamento como lodos ativados e reatores aeróbios com biofilmes. Com a atual
tendência de utilização de reatores anaeróbios, os reatores UASB estão substituindo os
decantadores primários. Ao invés de se ter uma remoção de DBO em torno de 25 a 35% com
os decantadores primários, a eficiência passa a ser aproximadamente 70%, reduzindo o
volume das unidades do tratamento de jusante, além de economizar energia (VON
SPERLING, 2011).
9

Figura 1 – Esquema de um decantador circular

Fonte: Von Sperling, 2011

Figura 2 – Esquema de um decantador retangular

Fonte: Von Sperling, 2011


10

1.1.3 Tratamento secundário

O tratamento secundário consiste num processo biológico, onde a matéria orgânica


(poluente) é consumida por microrganismos nos chamados reatores biológicos. Estes reatores
normalmente encontram-se em tanques com grande quantidade de microrganismos aeróbios.
Por isso, no final desta etapa as águas encontram-se com elevado número de microrganismos,
o que leva à necessidade de existência da sedimentação nos designados sedimentadores
(decantadores) secundários. A eficiência de um tratamento secundário pode chegar a
95% ou mais. As águas residuais tratadas apresentam um reduzido nível de poluição por
matéria orgânica, podendo por vezes ser devolvida ao meio receptor sem o tratamento
terciário.

Os métodos mais comuns de tratamento secundário:

 Lagoas de estabilização
 Lodos ativados
 Filtros biológicos
 Tratamento anaeróbio
 Disposição sobre o solo

1.1.3.1 Lagoas de Estabilização

Os sistemas de lagoas de estabilização constituem-se na forma mais simples para o


tratamento de esgoto. Há diversas variantes dos sistemas de lagoas de estabilização . São os
seguintes sistemas de lagoas;

 Lagoas facultativas;
 Sistema de lagoas anaeróbias seguidas por facultativas;
 Lagoas aeradas facultativas;
 Sistema de lagoas aeradas de mistura completa.
As lagoas facultativas são as variantes mais simples dos sistemas de lagoas de
estabilização. Basicamente o processo consiste na retenção de esgotos por um período de
11

tempo o suficiente para que os processos naturais de estabilização da matéria orgânica se


desenvolvam. (VON SPERLING, 2009).
As vantagens relacionam-se à grande simplicidade e confiabilidade da operação. Os
processos naturais são confiáveis: não há equipamentos que possam estragar os esquemas
especiais requeridos. No entanto, a natureza é lenta, necessitando de longos tempos de
detenção para que as reações se completem, o que implica grandes requisitos de área. A
construção é simples e os custos operacionais são baixos. (VON SPERLING, 2009).
As lagoas anaeróbias constituem-se em uma forma alternativa de tratamento, onde a
existência de condições estritamente anaeróbias é essencial. Tal é alcançado através do
lançamento de uma grande carga de DBO por unidade de volume da lagoa, fazendo com que a
taxa de consumo de oxigênio seja varias vezes superior a taxa de produção. No balanço de
oxigênio, a produção pela fotossíntese e pela reaeração atmosféricas são, neste caso,
desprezíveis. (VON SPERLING, 2009).
A conversão da matéria orgânica em condições anaeróbias é lenta, pelo fato das
bactérias anaeróbias é lenta, pelo fato das bactérias anaeróbias se reproduzirem e vagarosa
taxa. A temperatura do meio tem uma grande influencia nas taxas de reprodução da biomassa
e conversão de substrato, o que faz com que se tornem propicias para regiões de clima quente.
São usualmente profundas no sentido de reduzir a possibilidade da penetração de oxigênio,
não requerem equipamento especial e tem um consumo de energia praticamente desprezível.
(VON SPERLING, 2009).
A lagoa aerada facultativa é utilizada quando se deseja ter um sistema
predominantemente aeróbio, e de dimensões mais reduzidas que as lagoas facultativas ou o
sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas. (VON SPERLING, 2009).
A principal diferença com relação a lagoa facultativa convencional é quanto à forma de
suprimento de oxigênio. Enquanto na lagoa facultativa o oxigênio é advindo da fotossíntese,
no caso da lagoa aerada facultativa o oxigênio é obtido principalmente por aeradores. (VON
SPERLING, 2009).
Devido à introdução de mecanização, as lagoas aeradas são menos simples em termos
de manutenção e operação, comparadas com as lagoas facultativas convencionais. A redução
dos requisitos de área é conseguida, portanto, com certa elevação no nível de operação, além
da introdução do consumo de energia elétrica. (VON SPERLING, 2009).
As lagoas aeradas de mistura completa são essencialmente aeróbias. Os aeradores
servem, não só para garantir a oxigenação do meio, ma também para manter os sólidos em
12

suspensão (biomassa) dispersos no meio líquido. O tempo de detenção típico de uma lagoa
aerada de mistura completa é de ordem de 2 a 4 dias. (VON SPERLING, 2009).
A qualidade do efluente de uma alagoa aerada de mistura completa não é adequada para
o lançamento direto, pelo fasto de conter elevados teores de sólidos em suspensão. Por esta
razão, estas lagoas são normalmente seguidas por outras lagoas, onde a sedimentação e
estabilização destes sólidos possam ocorrer. (VON SPERLING, 2009).
Os tempos de detenção nas lagoas de decantação são baixos, da ordem de dois dias. Este
tempo é suficiente para a eficiência de remoção dos sólidos em suspensão produzidos nas
lagoas aeradas, mas não contribui na remoção bioquímica de DBO, em virtude da baixa
concentração de biomassa mantida em suspensão. (VON SPERLING, 2009).
A área requerida por este sistema de lagoas é menos dentre os sistemas de lagoas. Os
requisitos de energia são similares aos demais sistemas de lagoas aeradas.

1.1.3.2 Lodos Ativados

O sistema de lodos ativados é amplamente utilizado, em nível mundial, para o


tratamento de despejos domésticos e industriais, em situações em que são necessários uma
elevada qualidade do efluente e reduzidos requisitos de área. No entanto, os sistemas de lodos
ativados inclui um índice de mecanização superior ao de outros tratamentos, implicando uma
operação mais sofisticada e em maiores consumos de energia elétrica. (VON SPERLING,
2012).
As seguintes unidades são parte integrante da etapa biológica dos sistemas de lodos
ativados:

 Tanque de aeração (reator);


 Tanque de decantação (decantador secundário);
 Recirculação de lodo.
No reator ocorrem as reações bioquímicas de remoção da matéria orgânica e, em
determinadas condições, da matéria nitrogenada. A biomassa se utiliza do substrato presente
do esgoto bruto para se desenvolver. No decantador secundário ocorre a sedimentação dos
sólidos (biomassa), permitindo que o efluente final saia clarificado. Os sólidos sedimentáveis
no fundo do decantador,são recirculados para o reator, aumentando a concentração de
13

biomassa no mesmo, o que é responsável pela elevada eficiência do sistema. (VON


SPERLING, 2012).
A biomassa consegue ser facilmente separada no decantador secundário devido a sua
propriedade de flocular. Tal se deve ao fato das bactérias possuírem uma matriz gelatinosa,
que permite a aglutinação das bactérias e outros microrganismos. (VON SPERLING, 2012)
Em virtude da recirculação do lodo, a concentração de sólidos em suspensão no tanque
de aeração no sistema de lodos ativados é mais de 10 vezes superior á de uma lagoa aerada de
mistura completa. No sistema de lodos ativados, o tempo de detenção do líquido é bem baixo,
de ordem horas, implicando que o volume do tanque de aeração seja bem reduzido. O tempo
de retenção dos sólidos é denominado de idade do lodo. É esta maior permanência de sólidos
no sistema que garante a elevada eficiência dos sistemas de lodos ativados, já que a biomassa
tem um tempo suficiente para metabolizar praticamente toda a matéria orgânica dos esgotos.
(VON SPERLING, 2012).
Para manter o sistema em equilíbrio, é necessário que se retire aproximadamente a
mesma quantidade de biomassa que é aumentada na produção. Este é, portanto o lodo
biológico excedente, que pode ser extraído diretamente do reator ou da linha de recirculação.
O lodo excedente deve sofrer tratamento adicional, na linha de tratamento do lodo,
usualmente compreendendo adensamento, estabilização e desidratação. (VON SPERLING,
2012).

1.1.3.3 Filtros Biológicos

O filtro biológico é constituído de um leito que pode ser de pedras, ripas ou material
sintético. O efluente é lançado sobre este por meio de braços rotativos e percola através das
pedras (ou outro material) formando sobre estas uma película de bactérias. O esgoto passa
rapidamente pelo leito em direção ao dreno de fundo, porém a película de bactérias absorve
uma quantidade de matéria orgânica e faz sua digestão mais lentamente. É considerado um
processo aeróbio uma vez que o ar pode circular entre os vazios do material que constitui o
leito fornecendo oxigênio para as bactérias. Quando a película de bactérias fica muito espessa,
os vazios diminuem de dimensões e a velocidade com que o efluente passa aumenta, devido a
isso surgem forças cisalhantes que fazem com que a película se desgarre do material.
14

Os filtros podem ser Filtros Biológicos de baixa Carga e Filtros Biológicos de Alta
Carga No sistema de Filtros Biológicos de Baixa Carga, como a carga de DBO aplicada é
baixa, o lodo sai parcialmente estabilizado devido ao consumo da matéria orgânica presente
na células das bactérias em seus processos metabólicos por causa da escassez de alimento.
Tem eficiência comparável ao sistema de lodos ativados convencional. Ocupa uma maior área
e possui uma menor capacidade de adaptação as variações do efluente, porém consome menos
energia e é mais simples operacionalmente. (SPERLING,1995).
O sistema de Filtros Biológicos de Alta Carga é menos eficiente que o sistema de
filtros biológicos de baixa carga e o lodo não sai estabilizado. A área ocupada é menor e a
carga de DBO aplicada é maior. Há uma recirculação do efluente para que mantenha os
braços distribuidores funcionando durante a noite, quando a vazão é menor e, evitando assim
que leito seque. Com isto há também um novo contato das bactérias com a matéria orgânica
melhorando a eficiência. Uma outra forma de aumentar a eficiência é colocando filtros
biológicos em série. Há diferentes formas de combinar os filtros e a recirculação de efluentes.
(SPERLING,1995).
A instalação de filtros biológicos não requer área extensa e sua mecanização exige
equipamentos relativamente simples (distribuidor rotativo, raspadores de lodo, elevatória para
recirculação, misturador para digestor, etc.). O custo de implantação é alto e há necessidade
de tratamento do lodo gerado e sua disposição final. Entre os inconvenientes estão a
dificuldade na operação de limpeza e a possibilidade de proliferação de insetos. (TORRES;
LANARI, 2014).

1.1.3.4 Tratamento Anaeróbio

O tratamento anaeróbio de águas residuárias sanitárias tem sido estudado,


principalmente como uma alternativa de tratamento de baixo consumo de energia e custo
operacional, em substituição aos processos de custos mais elevados, como o sistema de lodos
ativados ou, ainda, para diminuir áreas destinadas ao tratamento por sistema de lagoas.
(MORAES; FERREIRA, 2007).
Existem três fatores fundamentais que devem ser considerados para a utilização de
reatores anaeróbios de alta taxa de esgoto:
15

 Grande acumulação de biomassa no interior do reator, devido a sedimentação,


agregação a sólidos, ou recirculação. Estes sistemas fazem com que o tempo de residência dos
microrganismos sejam muito maior que o tempo de detenção hidráulico, inclusive dos
organismos de mais lento crescimento;
 Melhor contato entre a biomassa e despejo;
 Melhor atividade da biomassa.
Abaixo as vantagens e desvantagens do processo são apresentadas.

Quadro 1 – Vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios.

Vantagens Desvantagens
Baixa produção de sólidos, cerca de 5 a 10 As bactérias anaeróbias são susceptíveis à
vezes inferior à que ocorre nos processos inibição por um grande número de
aeróbios. compostos.
Baixo consumo de energia, usualmente A partida do processo pode ser lenta, na
associado a uma elevatória de chegada. ausência de lodo de semeadura adaptado.
Isso faz com que o sistema tenha custos
operacionais muito baixos.
Baixa demanda de área. A bioquímica e a microbiologia da
digestão anaeróbia são complexas e ainda
precisam ser mais estudadas.
Baixo custo de implantação. Alguma forma de pós – tratamento é
usualmente necessária.
Produção de metano. Possibilidade da geração de maus odores,
porém controláveis
Possibilidade de preservação da biomassa, Possibilidade de geração de efluente com
sem alimentação do reator por vários aspecto desagradável.
meses.
Tolerância a elevadas cargas orgânicas Remoção de nitrogênio, fósforo e
Aplicabilidade em pequena e grande patógenos insatisfatória.
escala.
Baixo consumo de nutrientes.
Fonte : MORAES; FERREIRA, 2007
16

1.1.3.5 Disposição no Solo

A disposição no solo é um sistema simplificado que requer áreas extensas nas quais os
esgotos são aplicados por aspersão, vala ou alagamento, sofrendo evaporação ou sendo
absorvidos pela vegetação. Grande parte do efluente é infiltrada no solo e o restante sai como
esgoto tratado na extremidade oposta do terreno. A eficiência na remoção de DBO está entre
85 e 99% e a de patogênicos está entre 90 e 99%. O custo de implantação e operação é
bastante reduzido e não apresenta geração de lodo. Pode gerar maus odores, insetos e vermes,
além de apresentar risco de contaminação da vegetação, no caso de agricultura, dos
trabalhadores envolvidos, do solo e do lençol freático.(TORRES; LANARI, 2014). Os
esgotos podem ser aplicados ao solo de modo a depurá-los, fundamentalmente, por um dos
seguintes processos: irrigação, infiltração/percolação e escoamento à superfície.
A irrigação com despejos residuários pode ser definida como a descarga controlada do
efluente sobre o solo com a finalidade de suportar o crescimento de plantações. Assim, os
esgotos são aplicados em solos cobertos por vegetação com o objetivo de auxiliar a
agricultura ou a silvicultura. A irrigação pode ser executada fundamentalmente por meio de
três sistemas distintos de aplicação: por aspersão, por sulcos, por inundação e por
gotejamento. (RINO; CORDEIRO, 2002).
A infiltração é similar aos filtros intermitentes de areia, onde a maior porção dos
esgotos infiltra-se no solo, ou a ele incorpora-se, embora uma parte evapore diretamente à
atmosfera. Tanto quanto na irrigação, a aplicabilidade da infiltração rápida depende de o solo
apresentar uma camada espessa acima do lençol freático, mais do que naquele método,
entretanto são exigidas grandes permeabilidades e boas características de drenagem, para que
se tornem viáveis as elevadas taxas de aplicação normalmente empregadas. (RINO;
CORDEIRO, 2002).
O escoamento à superfície é recomendado para terrenos que apresentam baixa
permeabilidade, o método de escoamento superficial também pode ser perfeitamente utilizado
para solos com maior porosidade. No processo de tratamento de esgotos por escoamento à
superfície, o afluente do tratamento é lançado na parte superior de um plano inclinado por
meio de aspersores ou através de tubos perfurados, sendo que a parcela líquida efluente é
recolhida na parte inferior através de canais de drenagem que transportam o líquido tratado ao
corpo receptor. (RINO; CORDEIRO, 2002).
17

1.1.4 Pós-tratamento

A etapa de pós-tratamento tem o objetivo de complementar as etapas anteriores de


tratamento, aumentando a remoção de matéria orgânica, sólidos suspensos, nutrientes
(Nitrogênio e Fósforo) e microrganismos patogênicos do esgoto tratado anteriormente. O
sistema de tratamento de reator anaeróbio seguido de pós-tratamento vem sendo a alternativa
mais usada atualmente no Brasil (PROSAB, 2001).
Alguns sistemas de pós-tratamento são bastante consolidadas nas estações de
tratamento de esgoto no Brasil, onde dentre esses sistemas estão: lagoas de estabilização e
polimento, filtro biológico percolador, sistema de lodos ativados, pós-tratamento por flotação
e desinfecção (PROSAB, 2001).

1.1.4.1 Lagoas de polimento

Nas lagoas de polimento o principal objetivo é a redução da concentração de DBO5 e


SST, redução de patógenos e remoção de nutrientes, caso o lançamento seja em lagos,
represas e estuários. Embora essas vantagens sejam importantes no pós-tratamento, as
desvantagens desse sistema é a grande concentração de algas no efluente, o que implica a
restrições por alguns órgãos ambientais. (CHERNICHARO, 2007).
Segundo Chernicharo, (2007) o sistema reator UASB seguido de lagoa de polimento é
uma opção bastante interessante no que diz respeito a área de implantação do sistema,
controle de odores e utilização do efluente da lagoa para fins agrícolas (devido a remoção dos
patógenos), tendo benefícios econômicos, técnicos e ambientais. Essas lagoas são projetadas
com profundidades rasas na faixa de 0,40 a 1,00 metro e com tempos de detenção entre a 9 e
12 dias num sistema de 3 a 4 lagos.

1.1.4.2 Filtro biológico percolador

Uma vantagem desse sistema, já explicitado anteriormente, é a não necessidade de


decantadores primários e unidades de adensamento e digestão, pois o lodo que sai do reator
UASB é adensado e estabilizado.
18

1.1.4.3 Sistema de lodos ativados como pós-tratamento

O sistema de lodo ativado é bastante aplicado em sistemas de tratamento direto dos


esgotos onde tal sistema tem como vantagens a alta eficiência e requisito de área mínima,
porém as desvantagens são o alto consumo de energia elétrica para aeração e a própria
produção de lodo. A utilização de lodos ativados como pós-tratamento vem sendo bastante
ampliada devido as vantagens inerentes ao processo que são o baixo consumo de energia
elétrica e baixa produção de lodo.
As principais vantagens e desvantagens do sistema de lodos ativados como pós-
tratamento com relação ao sistema de lodos ativados convencional é apresentado pela tabela
abaixo:

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens do sistema de lodos ativados

Fonte: PROSAB, 2001


19

1.1.4.4 Pós-tratamento por flotação

No sistema de flotação como pós-tratamento ocorre a redução de sólidos em suspensão,


nutrientes (quando combinado com agentes coagulantes), principalmente o fósforo e uma
parte da matéria orgânica dissolvida. Esse processo se dá em três fases que são as fases
líquida, sólida e gasosa. Tal processo separa as partículas suspensas ou de uma fase líquida. A
separação é promovida pela junção de bolhas de ar com a partícula formando um aglomerado
com densidade menor que o líquido. Com isso esse aglomerado sobe a superfície e pode ser
retirado por uma operação de raspagem superficial. (METCALF & EDDY, 1991 apud
PROSAB, 2001).

Os métodos de flotação são classificados de acordo com o tipo de técnica de introdução


das bolhas sendo elas a eletroflotação que é utilizado para tratamento de efluentes radioativos
e efluentes provindos de pinturas onde as bolhas são produzidas por eletrólise da água;
flotação por ar disperso que é feita por agitação do líquido e flotação por ar dissolvido onde a
supersaturação do efluente com ar produz as bolhas.

1.1.4.5 Desinfecção

A desinfecção é um método no qual ocorre a eliminação dos patógenos sem,


necessariamente, haver a destruição de todos os microrganismos. Os meios onde se pode
realizar a desinfecção são os meios mecânicos e radiação e os agentes envolvidos no processo
são os agentes químicos e físicos. Segundo Metcalf & Eddy (1991) cidado por PROSAB
(2001) os fatores determinantes que devem serem considerados para realizar uma desinfecção
efetiva são tempo de contato, concentração e tipo de agente químico, intensidade e natureza
do agente físico, temperatura, número de organismos, tipos de organismos e natureza do
líquido.
Os tipos de desinfecção são por aplicação de cloro onde visa a eliminação dos
patógenos sem produzir água esterilizada, por radiação ultravioleta que provoca uma mudança
estrutural no DNA das células interrompendo a reprodução celular, desinfecção por ozônio
que age membrana citoplasmática, nos sistemas enzimáticos e nos ácidos nucléicos dos
microrganismos atacando também as proteínas dos vírus.
20

2 OBJETIVO

Dentre as possíveis concepções para as unidades de uma estação de tratamento de


efluentes, determinar a mais adequada para atender a eficiência legalmente requerida para a
seguinte situação: em 2007 a população era 88.198 habitantes; 103.339 habitantes em 2015;
vazão per capita de 172 L/hab.d; DBO5 média de 315 mg/L; alcance de plano de 10 anos.
Realizar o dimensionamento do sistema analisando a viabilidade técnica, econômica e
ambiental.

3 METODOLOGIA

Visto que o alcance de plano seja de 10 anos, ou seja, que determinado componente do
sistema opere em sua máxima capacidade em 2025, prevê-se a população atendida (em 2015)
e a população atendível (2025) através de projeção populacional. Dentre os quatro principais
métodos de projeção populacional: aritmética, geométrica, crescimento logístico e taxa
decrescente de crescimento.
A aplicação dos métodos de projeção anteriormente citados requer que se tenham três
dados populacionais do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a
localidade desejada e que tais dados estejam em intervalos de tempo equidistantes, no caso
apresentado devido a inexistência de demais dados, realiza-se a interpolação entre os dados de
2007 e 2015 enunciados para estimar os dados de 2011 possibilitando a realização da
projeção.
Para designar a melhor opção utilizam-se outros dados, que não os três já citados,
efetuando o método dos mínimos quadrados entre os valores projetados e os valores
existentes. O método de projeção populacional mais adequado à situação será o que
apresentar menor valor quando analisado o somatório dos quadrados dos erros. Como dito
anteriormente a carência de demais dados impossibilita a análise detalhada, então visando
superestimar a ETE, dentre os métodos o escolhido será o que para o alcance de 10 anos
apresentar maior população atendível. A partir dos dados obtidos, calculam-se as vazões
médias, de início e de final de plano.
Como não enunciou-se o município de implementação da estação de tratamento de
efluentes em questão, adota-se o Estado em que se localiza o município hipotético para que se
21

tenha base normativa e um sistema de preços, custos e índices a seguir na determinação da


concepção, elaboração, implementação e operação da ETE.
No Estado em questão analisa-se para uma amostragem de 3 municípios, com
população aproximada a do município hipotético que contenham estações de tratamento no
sistema de esgotamento sanitário, como é realizado o tratamento dos efluentes analisando se
há alguma analogia entre eles.
No caso de semelhança entre as estações de tratamento dos municípios, adota-se a
concepção de tais estações e verifica-se a eficiência de remoção do sistema para o caso do
município hipotético e se ela atende os requisitos nacionais e estaduais. Em caso positivo,
realiza-se dimensionamento detalhado de cada componente do sistema.

4 ESTUDO DE CONCEPÇÃO

Segundo a Norma Brasileira Regulamentadora, NBR 9648 de novembro de 1986, que


fixa as condições exigíveis de sistemas de esgoto sanitário, o estudo de concepção é estudo de
arranjos das diferentes partes de um sistema organizadas de modo a formarem um todo
integrado e que devem ser qualitativamente e quantitativamente comparáveis entre si para a
escolha do melhor arranjo sob os pontos de vista técnico, econômico, financeiro e social.

4.1 PROJEÇÃO POPULACIONAL

Como previamente dito os principais métodos de projeção populacional são:


crescimento aritmético, crescimento geométrico, taxa decrescente de crescimento e logístico,
adiante melhor detalhados.

a. Projeção aritmética

Crescimento populacional segundo uma taxa constante. Método utilizado para


estimativas de menor prazo. O ajuste da curva pode ser também feito por análise de regressão.

e (1)
22

b. Projeção geométrica

Crescimento populacional em função da população existente a cada instante. Utilizado


para estimativas de menos prazo. O ajuste da curva pode ser também feito por análise de
regressão.

e (2)

c. Taxa decrescente de crescimento

Premissa de que, na medida em que a cidade cresce, a taxa de crescimento se torna


menor. A população tende assintoticamente a um valor de saturação. Os parâmetros podem
também ser estimados por regressão não linear.

e (3)

d. Crescimento logístico

O crescimento populacional segue uma relação matemática, que estabelece uma curva
em forma de S. A população tende assintoticamente a um valor de saturação. Os parâmetros
podem ser também estimados por regressão não linear. Condições necessárias:
e . O ponto de inflexão na curva ocorre no tempo e com
. Para serem aplicados nas equações os dados devem ser equidistantes no tempo.

, , . ln (4)

Em que,
= População em função do tempo;
23

= População de saturação;
, , = Populações selecionadas para intervalos de tempo equidistantes;
= Coeficientes.

4.1.1 Resultado da aplicação dos métodos

A compilação dos dados foi realizada no software Microsoft Excel, utilizados como
dados correspondentes à , , , as respectivas populações dos anos de 2007, 2011 e 2015.
Observa-se novamente que para os dados fornecidos não se visualizou nenhum com
espaçamentos temporais equidistantes, realizou-se então a interpolação entre os dados de
2007 e 2015 para obtenção de um valor aproximado de 95769 habitantes para 2011. Abaixo
tabela contendo crescimento da população ano a ano através das equações (1), (2), (3) e (4):

Tabela 1 – Crescimento da população


Proj. Taxa Cresc.
Ano Proj. Aritmética Geométrica decrescente Logístico
2016 105232 105406 105068 105220
2017 107124 107514 106763 107094
2018 109017 109665 108425 108959
2019 110910 111858 110055 110814
2020 112802 114095 111652 112657
2021 114695 116377 113218 114487
2022 116587 118705 114753 116303
2023 118480 121079 116258 118104
2024 120373 123501 117734 119888
2025 122265 125971 119180 121654
2026 124158 128491 120598 123402
Fonte: Autoria própria

Dentre os métodos utiliza-se o de projeção geométrica visando superestimar a


população para obter uma margem de segurança, portanto a população abastecível no início
de operação (Pi) será 103339 habitantes e a população abastecível (Pf) será 128491 habitantes.
24

4.2 CÁLCULO DAS VAZÕES

Segundo a Norma Brasileira Regulamentadora, NBR 12209 de abril de 1992, da


Associação Brasileira de Normas Técnicas, a vazão média afluente (Qmed) é a vazão final de
esgoto sanitário encaminhada a ETE, desconsiderando as variações (k1 e k2):

(5)

Em que:
= vazão de distribuição (L/s);
P = população de projeto;
C = coeficiente de retorno;
q = consumo médio per capita de água, incluindo as perdas de água no sistema público de
abastecimento (L/hab.dia).

O consumo médio per capita (q) é adotado conforme a população a ser abastecida no
alcance de plano, segundo enunciado (q) é igual a 172 L/hab.d; na ausência de dados
específicos o coeficiente de retorno (C) utilizado é 0,8.
O consumo não é uniforme em todos os dias do ano, ocorre sempre um dia de maior
consumo, há também determinadas horas do dia em que o consumo é mais acentuado. A
relação entre o maior consumo diário do ano e o consumo médio diário no mesmo ano
fornece o coeficiente do dia de maior consumo (k1) cujo valor varia de 1,2 a 2,0 enquanto o
coeficiente de hora de maior consumo (k2) é calculado pela razão entre a maior vazão horária
no dia e a vazão média horária no dia podendo variar entre 1,5 e 3. Ambos dependem das
condições locais, no caso em questão serão adotados valores de 1,2 e 1,5 respectivamente para
k1 e k2. A vazão mínima é calculada utilizando-se o coeficiente da hora de menor consumo
(k3) usualmente 0,5.
Portanto são (6), (7) e (8) nessa ordem as equações das vazões máximas de início (Q ip),
final de plano (Qfp) e vazão mínima (Qmín), derivadas da vazão média (Qmed) de final de plano
igual a 204, 64 L/s.
25

(6)

(7)

í (8)

Resultando em Qip = 246,87 L/s; Qfp = 368,34 L/s; e Qmín = 82,29 L/s.

4.3 ADOÇÃO DE HIPÓTESES

A primeira hipótese adotada é que o município em questão está situado no Estado de


Minas Gerais, portanto a ETE será licenciada pela Semad e além de prioritariamente atender
aos padrões legais de lançamento no corpo receptor estabelecidos pela resolução do Conselho
Nacional do Meio Ambiente, Conama 357/2005, deve atender também aos parâmetros
disposto nas Deliberações Normativas do Conselho Estadual de Política Ambiental, Copam
10/86 e 46/01 ainda em processo de revisão.
Os municípios de Minas Gerais os quais as populações estão próximas às populações de
início e final de plano do município hipotético são: Sabará (133528 habitantes), Itabira
(116506 habitantes) e Vespasiano (116506 habitantes). Abaixo tabela 2 relacionando as
unidades de tratamento de cada município:

Tabela 2 – Amostragem das ETEs dos municípios e suas respectivas unidades de tratamento
ETE Arrudas
ETE Itabira ETE Vespasiano*
(Sabará)
Tratamento Gradeamento Gradeamento
Gradeamento Manual
Preliminar Manual/Mecanizado Manual/Mecanizado

Desarenador Desarenador Desarenador

Tratamento Decantadores
_ _
Primário primários
Tratamento Lodos ativados, Uasb + Decantador Lodos ativados
Secundário convencional secundário aeração prolongada
26

+ Dec. secundário

Digestor anaeróbio +
Tratamento do
Desidratação Filtro Prensa Filtro Prensa
Lodo
mecanizada
Fonte: Autoria própria
*Na tabela encontra-se apenas uma das três Estações de Tratamento de Efluentes de Vespasiano

Outra hipótese é que o terreno possui declividade uniforme em toda sua extensão;
visando utilização de mínima área e analisando o caso das situações existentes acima citadas,
tem-se que as unidades de tratamento a serem dimensionadas são: gradeamento manual,
desarenador, medidor Parshall, reator Uasb, reator aeróbio, decantador secundário. O
tratamento do lodo será realizado por desidratação mecanizada.

5 DIMENSIONAMENTO

Figura 3 - Configuração da ETE Mário de Castro

Fonte: Von Sperling, 2009


27

5.1 TRATAMENTO PRELIMINAR

Considerando que o efluente seja encaminhado diretamente da estação elevatória para a


estação de tratamento de efluentes, fixa-se que o efluente já tenha passado por gradeamento
prévio ao recalque, e que antes de passar pelo gradeamento da ETE Mário de Castro tal
efluente seja recepcionado por um canal retangular. Através da tabela 3 empírica, é possível
determinar Hmín e Hmáx pela equação:

Q(m³/s) = K.HN (9)

Tabela 3: Tabela para determinação de Hmín e Hmáx a partir das vazões mínima e máxima

Largura Nominal N K Capacidade(L/s)


Mín Máx
3’’ 1,547 0,176 0,85 53,8
6’’ 1,580 0,381 1,52 110,4
9’’ 1,530 0,535 2,55 251,9
1’’ 1,522 0,690 3,11 455,6
1 ½’’ 1,538 1,054 4,25 696,2
2’’ 1,550 1,526 11,89 936,7
Fonte:

A vazão máxima tabelada que abrange a vazão de final de plano está para a largura
nominal de 1” (γ0,5 metros), ou seja, N e K serão respectivamente 1,5ββ e 0,690.
Para determinar o degrau da calha Parshall que influenciará na largura dos canais de
entrada e do gradeamento, utiliza-se a relação:

í í
= (10)
á á

Aplicando a vazão mínima e máxima as vazões de início e final de plano nessa ordem,
tem-se que Z é igual a 0,2 metros.

5.1.1 Canal de entrada

A primeira consideração a ser realizada é que o canal é de seção retangular:


28

Figura 4: Vista da seção transversal

Fonte: Slideplayer, 2014

Figura 5: Vista de planta e comportamento do escoamento

Fonte: Slideplayer, 2010

1°) É necessária a adoção de parâmetros como a velocidade (vc) e comprimento (Lc) do canal,
respectivamente 0,4 m/s e 1 metro.

2°) O comprimento do canal de entrada (Bc) é:

= = 1,67 (11)

3°) Área molhada no início de plano (Am ip), e área molhada no final de plano (Am fp):

= 0,62 (12)

= 0,92 (13)

4°) As lâminas d’ água de inicio (yip) e final (yfp) são:

= 0,37 (14)
29

= 0,55 (15)

5°) O perímetro molhado no início de plano (Pm ip) e final de plano (Pm fp):

= 2,41 (16)

= 2,77 (17)

6°) A declividade do canal é calculada pela equação de Manning, considerando canal de


concreto (n = 0,013), através da vazão de início de plano (Qip):

= (18)

Então a declividade do canal (I0) será 0,113 m/m.

5.1.2 Gradeamento

Figura 6: Exemplo de gradeamento manual

Fonte: Jorcyaguiar, 2011


30

Visto que os sólidos grosseiros foram retirados no gradeamento da estação elevatória, o


espaçamento (a) gradeamento manual utilizado na ETE será “Mediano” (γ0 mm) com grades
de espessura (t) também médias (7,9 mm).

1°) São adotadas a velocidade de entrada do canal de gradeamento(0,6 m/s), a altura da grade
(1 metro), o ângulo das barras (θ = 60°) e (1,67), visando a menor perda de carga e maior
eficiência.

Figura 7: Seção das barras

Fonte: Vinícius Carvalho, 2014

2°) Área útil (Au):

Au = = 0,61 metros (19)

Em que,

Q = vazão do fluxo entre as barras (m³/s);


V = velocidade de fluxo entre as barras da grade (m/s).

3°) Área total(S) :

S = Au = 0,78 metros (20)

Em que,
31

a = espaçamento entre as barras (m);


t = espessura das barras (m).

4°) Eficiência da Grade (E):

E= = 0,79 (21)

5°) Velocidade de aproximação (v0):

V0 = = 0,47 m/s (22)

6°) O número de barras é calculado por B (mesmo que o canal de entrada) / (t + a), resultando
em 44 barras.

7°) O comprimento da seção do gradeamento (Lg) é B.cos (θ), portanto Lg é igual a 0,84.

8°) Fórmula de Kirshmer

hf = x )4/3 x sen θ x ( ) = 0,004 (23)

Em que,

hf = perda de carga (m);


t = espessura das barras (m);
= fator que depende das seções das barras;
a = espaçamento entre as barras (m);
V= velocidade de fluxo entre as barras da grade (m/s);
g = aceleração da gravidade (m²/s);
φ = ângulo da grade com a horizontal;
vo = velocidade imediatamente a montante da grade (m/s).
32

9°) Velocidade após o gradeamento é obtida através da equação de Bernoulli modificada,


desconsiderando a cota geométrica:

(24)

Portanto a velocidade após o gradeamento será de 0,37 m/s.

5.1.3 Desarenador

A caixa de areia utilizada será tipo canal com velocidade constante controlada por Calha
Parshall, a velocidade de entrada considerada no desarenador, será a velocidade de saída do
gradeamento (0,37 m/s).

Figura 8: Desarenador em canal seguido por Calha Parshall

Fonte: Porta Luz, 2011

São os passos para dimensionamento da unidade:

1°) Como a velocidade de sedimentação das partículas (vs) está relacionada a velocidade
horizontal (vh) pela expressão:
33

(25)

E a velocidade de sedimentação adotada será de 0,02 m/s, se tem que o comprimento do


desarenador (L) será 18,5.Hmáx, aplica-se, porém, uma margem de segurança à relação, então
o comprimento final será calculado por L = 22,5.Hmáx - Z, portanto 14, 9 metros.

2°) Largura (B)

= 2,14 m (26)

Em que a área é calculada pela equação da continuidade (Q = v.A), resultando em A


igual a 0,995 m²

3°) Taxa de aplicação superficial – TAS (Lareia/1000 m³ de efluente):

= 0,00115 m³ (27)

4°) Volume (Vacúmulo) e altura (hacúmulo) acumulada de areia:

(28)

Considerando a Taxa igual a 30 L/dia, o volume acumulado de areia será de 0,95


m³/dia, portanto a altura de areia acumulada será 0,03 metros.

5°) Considerando que a limpeza da caixa de areia seja manual e que deve ser realizada de 6
em 6 dias, quando o material sólido completar a seção de rebaixo (Z = 0,2 metros).

6°) A largura total ocupada pela caixa de areia devido a inserção de uma divisão que
possibilitará que haja dois canais, para não interromper o fluxo durante a limpeza, será de
4,28 metros. A entrada nos canais será controlada por stop log, equipamento hidromecânico
geralmente instalado em estações de tratamento de efluentes para vedar a entrada de água em
recintos onde haja necessidade de efetuar trabalhos de manutenção.
34

5.1.4 Calha Parshall

As principais dimensões da Calha Parshall são determinadas a partir das vazões


mínimas (Qip) e máximas (Qfp):

Figura 9: Principais dimensões do Medidor Pashall

Fonte: Di Bernardo, 2005

Figura 10: Determinação das principais dimensões a partir das vazões

Fonte: Di Bernardo, 2005


35

7°) Como foi dito inicialmente a largura nominal selecionada foi de 30 cm, resultando que os
parâmetros da calha Parshall serão os da quarta coluna da tabela 10 apresentada, o
comprimento total da Calha será de 3,246 metros.

As vistas de planta e corte do tratamento preliminar encontram-se em Anexo.

5.2 TRATAMENTO SECUNDÁRIO

5.2.1 Reator Uasb

Os custos de construção dos reatores UASB têm sido bastante variados (10 a 40 dólares
per capita), com valores médios usuais se situando na faixa de US$ 20/hab a US$ 30/hab,
excluído o valor de aquisição do terreno.
Com relação aos custos de operação e manutenção de reatores UASB, os valores
reportados também têm variado bastante (cinquenta centavos a dois dólares per capita por na),
com valores médios se situando na faixa de US$ 1,00 A US$ 1,5/hab.ano.

5.2.1.1 Dimensionamento

Tabela 4 – parâmetros de projeto do reator UASB


Parâmetros de Projeto
População (P) 128.498
Vazão Afluente média (Qméd) 17.681 m³/d
Vazão Afluente máxima diária (Qmáx-dia) 26.525 m³/d
Vazão Afluente máxima horária (Qmáx-h) 31.825 m³/d
Concentração média de DBO afluente ao
0,315 Kg/m³
UASB ( )
Concentração média de DQO afluente ao
0,600 Kg/m³
UASB ( )
36

Temperatura do Esgoto (T) 25°C


Coeficiente de produção de Sólidos (Y) 0,18 kgSST/KgDBOaplicada
Coeficiente de produção de sólidos em
0,21 KgDQOlodo/KgDBOopl
termos de DQO (Yobs)
Concentração esperada para o lodo de
4%
descarte (Clodo)
Densidade do lodo (γ) 1020 KgSST/m³
Fonte: Von Sperling (2010).

1°) Carga afluente média de DQO (L0-UASB-DQO em KgDQO/d):

L0- A B- = 0- A B- 0 méd (29)

Em que,
Qméd: Vazão afluente média (m³/d);
S0-UASB-DQO: Concentração média de DQO afluente ao UASB (kg/m³).

2°) Adotar o tempo de detenção hidráulica

Tabela 5 - Tempos de detenção hidráulica para projeto de reator UASB.


Temperatura do Esgoto Tempo de detenção hidráulica (t)
(°C) Para Qmédio Para Qmáximo
15 a 18 ≥10,0 ≥7,0
18 a 22 ≥8,8 ≥5,5
22 a 25 ≥7,0 ≥4,5
> 25 ≥6,0 ≥4
Fonte: Von Sperling (2010).

 Tempo de detenção hidráulica adotado foi de 8 horas.

3°) Volume do reator (V em m³):

= méd t (30)
37

Em que,
t: Tempo (h).

Adotado o número de reatores (Nr):

 O número de reatores adotados foi igual a três.

4°) Volume de cada reator (Vr em m³)

(30)

5°) Adotar a altura do reator (H em m):

 A altura adotada foi de 4,5 metros.

6°) Área de cada reator (Ar em m²):

(31)

7°) Verificação da área, volume e tempo de detenção corrigidos :

(32)

(33)

(34)

Em que ,
At: área total corrigida (m²);
Vt: volume corrigido (m³).
38

8°) Verificação das cargas aplicadas, sendo elas a carga hidráulica volumétrica e a carga
orgânica volumétrica.

(35)

- -
(36)

Em que,
CHV: carga hidráulica volumétrica (m³/m³.d);
Cv: carga orgânica volumétrica (kgDQO/m³.d).

9°) Verificação das velocidades superficiais para a vazão média afluente, vazão afluente
máxima diária e vazão afluente máxima horária.

méd
v= (37)
At

-
(38)

-
(39)

Em que,
Qmáx-d: vazão afluente máxima diária (m³/h);
Qmáx-h: vazão afluente máxima horária (m³/h);
v: velocidade supercial (m/h).

Tabela 6 - Velocidades superficiais recomendadas para o projeto de reatores UASB, tratando esgotos
domésticos.

Vazão Afluente Velocidade Superficial (m/h)


Vazão Média 0,5 a 0,7
Vazão Máxima ≤ 1,1
39

Picos temporários < 1,5


Fonte: Von Sperling (2008).

Observa-se que as velocidades superficiais encontradas estão de acordo com os valores


preconizados na tabela 6.

10°) Sistema de distribuição do esgoto afluente (Nd):

(40)

Em que,
Nd: número de tubos;
Ad: área de influencia (m²).

 A área de influencia adotada foi 2,25 m² por tubo de distribuição.


 Em função da necessária simetria do reator, foram adotados 200 tubos de distribuição
em cada reator de forma que: 20 tubos foram colocados ao longo do comprimento de cada
reator e 10 tubos ao longo da largura de cada reator.

11°) Estimativa da eficiência de remoção de DQO (EDQO em %):

E =100 1-0,68 t-0,γ5 (41)

12°) Estimativa da eficiência de remoção de DBO do sistema (EDBO em %):

E B =100 1-0,70 t-0,50 (42)

13°) Estimativa de DQO no efluente final ( SUASB-DQO em mg/L):

-
- (43)
40

14°) Estimativa de DBO no efluente final (SUASB-DBO em mg/L):

-
- (44)

15°) Produção teórica de metano no sistema de tratamento (DQOCH4

C 4= méd 0- A B- - A B- - obs méd 0- A B- )


(45)

Em que,
Yobs: Coeficiente de produção de sólidos em termos de DQO (KgDQOlodo/KgDQOapl).

(46)

Em que,
f(T): fator de correção para a temperatura operacional do reator ( KgDQO/m³);
P: pressão atmosférica (1atm);
KDQO : DQO correspondente a um mol de CH4 (64 gDBO/mol);
R: constante de gases (0,08206 atm.L/mol.K);
T: temperatura operacional do reator (°C).

(47)

Em que,
QCH4 : produção volumétrica de metano (m³/d);

16°) Avaliação de biogás.

(48)

Em que,
41

CCH4 : concentração de metano no biogás (%);

 Adotou-se uma concentração de 75% do metano no biogás.

17°) Dimensionar as aberturas (passagens) para o decantador.

 Adotou-se 10 separadores trifásicos em cada reator.

 Número de aberturas simples ao longo do comprimento do reator (Nab-s-c):

- - (49)

 Número de aberturas simples, ao longo da largura do reator (Nab-s-l):

- - (50)

 Número de aberturas duplas ao longo da largura do reator (Nab-d-l):

- - (51)

 Número equivalente de aberturas simples ao longo da largura (Neqab-s-l):

- - (52)

 Largura de cada abertura simples (a= 0,35 m (adotado)).

 Comprimento de cada abertura simples, ao longo da largura do reator (Cab-s-l em m):

- - - (53)

 Comprimento equivalente de abertura simples ao longo da largura do reator (Ceqab-s-l


em m):
42

- - - - - - (54)

 Comprimento equivalente de aberturas simples, ao longo do comprimento do reator


(Ceqab-s-l):

- - (55)

 Área total das aberturas (Aab em m²):

- - - - (56)

18°) Verificação das velocidades através das aberturas para a vazão média, vazão máxima
diária e para a vazão máxima horária (Vab em m/h):

(57)

-
(58)

-
(59)

Tabela 7 - Velocidades através das aberturas de passagem do decantador.

Vazão Afluente Velocidades (m/h)


Vazão média ≤ β,5
Vazão máxima ≤ 4,0
Picos temporários < 5,5
Fonte: Von Sperling (2010).

Observa-se que as velocidades encontradas estão de acordo com os valores


preconizados na Tabela 7.
43

19°) Determinação da área superficial do compartimento de decantação seguindo os itens á


seguir.

 Número de compartimentos de decantação (Ndec = 30 (10 em cada reator)).

 Comprimento de cada decantador (Cdec = 14,6 m).

 Comprimento total de todos os decantadores:

Ctdec = Ndec x Cdec = 438 m (60)

 Largura de cada coletor de gás (Li = 0,25 m (adotado)):

 Largura externa de cada coletor de gás (Lg em m):

Lg = Li + (2 x e) = 0,26 m (61)

Em que :
e: é a espessura da parede do coletor de gás (m).

 Largura útil de cada compartimento de decantação (LDEC em m):

-
(62)

 Área total de decantadores (Atdec em m²):

Atdec = Ctdec x LDEC = 1200,12 m² (63)

20°) Verificação das taxas de aplicação superficiais nos decantadores para a vazão média,
máxima diária e máxima horária (qsdec em m/h).
44

(64)

-
(65)

-
(66)

Tabela 8 - Taxas de aplicação superficial e tempos de detenção hidráulica no compartimento de decantação.

Vazão Afluente Taxa de aplicação Tempo de detenção


superficial (m/h) hidráulica (h)
Vazão média ≤ 0,8 ≥ 1,5
Vazão máxima ≤ 1,β ≥ 1,0
Picos temporários < 1,5 > 0,6
Fonte: Von Sperling (2010).

Observa-se que as TAS estão de acordo com os valores preconizados na Tabela 8,


portanto, cada compartimento de decantação terá as seguintes dimensões em planta: 14,6
metros de comprimento e 2,74 metros de largura.

21°) Determinação do volume do compartimento de decantação.

 Altura da aba inclinada do compartimento de decantação (h1= 1,6 m).

 Largura da aba inclinada do compartimento de decantação (Laba em m):

- (67)

 Altura da aba vertical do compartimento do comprimento do decantador (h2 = 0,4 m).

 Área triangular compreendida entre as paredes inclinadas do decantador (Adec1 em m²):


45

(68)

 Área retangular compreendida entre as paredes retangulares (Adec2 em m²):

Adecβ = h1 (β a) (69)

 Área retangular compreendida entre as paredes verticais dos decantadores (Adec3 em


m²):

(70)

 Área total ao longo da profundidade do decantador (Adec qm m²):

(71)

 Volume total dos decantadores (Vdec em m³):

(72)

 Inclinação da aba do compartimento de decantação em relação á horizontal (α em °):

(73)

22°) Verificação dos tempos de detenção hidráulica para a vazão média, para a vazão
máxima diária e para a vazão máxima horária (tdec em h):

(74)

(75)
-

(76)
-
46

 Os tempos de detenção hidráulica nos decantadores estão de acordo com os valores


preconizados na Tabela 5. Portanto, cada compartimento de decantação terá as seguintes
dimensões em corte: comprimento de 14,6 metros e largura de 2,74 metros.

23°) Dimensionamento dos coletores de gases realizando os seguintes itens á seguir.

 Adotar o número de coletores de gases (Nc = 30 coletores (10 em cada reator).

 Adotar o comprimento de cada coletor de gás (Cg = 11,86 m).

 Calcular o comprimento de cada coletor (Ctg):

CTg = Nc Cg (77)

 Adotar a largura de cada coletor, junto á interface líquido-gás (Li = 0,25 m).

 Área total de coletores (Ai) de gases junto á interface líquido-gás:

Ai = Ctg Li (78)

 Verificação da liberação de biogás nos coletores (Kg em m³/m²/d):

(79)

24°) Avaliação da produção de lodo (Plodo em KgSST/d).

- - (80)

Em que,
Y: coeficiente de sólidos no sistema (KgSST/KgDQOaplicada).
47

(81)

Em que,
: massa específica do lodo (da ordem de 10β0 kg/m );
Clodo: concentração do lodo (%).

25°) Dimensionamento dos leitos de secagem.

 Adotar o ciclo de operações do leito de secagem (tc = 20 dias).

 Massa de lodo retirada dos reatores por ciclo de operação dos leitos (Mc em KgSST):

(82)

 Volume de lodo retirado dos reatores por ciclo de operação dos leitos;

(83)

 Adotar taxa de aplicação de sólidos de leito ( Tleito = 10 KgSST/m²)

 Área necessária de leitos de secagem (Aleito em m²):

(84)

 Calcular a geometria das células de secagem.

Adotando 6 células de secagem a área de cada célula será 636,52 m², sendo a largura
igual a 20 metros e comprimento igual a 31,9 metros.

 Altura da lâmina de lodo após a carga nos leitos (Hlodo em m):

c
lodo = A (85)
leito

5.3 PÓS-TRATAMENTO
48

5.3.1 Reator aerado

1°) Características do afluente à etapa de lodos ativados (LA):

O afluente do sistema de lodos ativados é o efluente do reator UASB.

2°) Características estimadas para o efluente final da ETE:

Adota-se, segundo a Tabela 9, a eficiência global para o sistema (UASB – lodos


ativados) de 90%. Assim, é possível estimar a concentração de DBO no efluente final:

çã = 31,5 mgDBO/L (86)

Tabela 9 – Principais características dos sistemas de lodos ativados como pós-tratamento

Fonte: VON SPERLING, 1997

3°) Parâmetros de projeto adotados:

Adota-se os seguintes parâmetros de acordo com a Tabela 9:


49

 Idade do lodo: θc = 7d;

 Sólidos em suspensão voláteis no tanque de aeração: SSVTA = Xv = 1500 mg/L;

 DBO solúvel efluente: S = 10 mg/L;

Tabela 10: Parâmetros de projeto do sistema de lodos ativados como pós-tratamento de efluentes de
reatores anaeróbios

Fonte: VON SPERLING, 1997


50

Também adota-se o coeficiente de produção celular (Y em gSSV/gDBO) e o coeficiente


de respiração endógena (Kd em gSSV/gSSV.d) a partir da Tabela 11. Além disso, é
estabelecido um valor para a DBO solúvel efluente (S em mg/L).

Tabela 11 – coeficientes do processo de lodos ativados

Fonte: VON SPERLING, 1997

 Coeficiente de produção celular (Y): 0,6 gSSV/gDBO;


 Coeficiente de respiração endógena (Kd): 0,06 gSSV/gSSV.d;
 Fração biodegradável dos SSV (relação fb): 0,70 kgSSb/kgSSV

4°) Volume do reator (V em m3):

m³ (87)

5°) Adotar número de reatores (n):

 Foram adotados 3 tanques.

6°) Volume de cada tanque (Vr em m3):

(88)

Em que,
51

n: Número de reatores.

7°) Adotar a profundidade dos tanques (H em m).

 Adotada uma profundidade de 3,5 metros

8°) Área superficial de cada tanque (Asr em m2):

(89)

Em que,

H: Profundidade (m).

9°) Adotar a relação comprimento/ largura.

 A relação (L/B) adotada foi 2, sendo B = 19,4 m e L = 38,8 m.

10°) Volume total resultante (Vtr em m3):

(90)

Em que,

L: Comprimento (m);

B: Largura (m).

11°) Tempo de detenção hidráulica (TDH em h):


52

(91)

Em que:

Q: Vazão média afluente (m3/h).

12°) Adotar a relação SSVTA/SSTA (= SSV/SS = Xv/X) através da Tabela 10.

 SSV/SS adotado = 0,76.

13°) Concentração de sólidos em suspensão no tanque de aeração (SSTA=X em mg/L) no


tanque de aeração:

= 1973,7 mg/L (92)

Em que,

SSVTA: Sólidos em suspensão voláteis no tanque de aeração;

SSV: Sólidos em suspensão voláteis;

SS: Sólidos em suspensão totais.

14°) Adotar coeficiente de produção de lodo (Tabela 10).

 Coeficiente de produção de lodo no tanque de aeração: 0,60 kgSS/kgDBO.

15°) Produção de lodo aeróbio excedente (Px em kgSS/d):

(93)
53

16°) Produção per capita de sólidos em suspensão aeróbio (Px per capita em kgSS/hab.d):

= (94)

Em que,

P: População (habitantes).

17°) Distribuição do lodo excedente em termos de sólidos voláteis e sólidos fixos:

 Sólidos voláteis (Pxv em kgSSV/d):

(95)

 Sólidos fixos (Pxf em kgSSF/d):

= (96)

18°) Adotar a razão de recirculação (R) (Tabela 10).

 A razão de recirculação adotada foi R = 0,8.

19°) Concentração de SS no lodo aeróbio excedente e no lodo de retorno (Xr em mgSS/L):

= (97)

Em que,

X: Concentração de sólidos em suspensão no tanque de aeração (mg/L).


54

20°)Vazão de lodo aeróbio excedente, retornado ao reator UASB (Qex aeróbio em m3/d):

(98)

Em que,

Xr: Concentração de SS no lodo aeróbio excedente e no lodo de retorno (kgSS/m3)

21°) Adotar o consumo médio de O2 por kg de demanda carbonácea (Tabela 10).

 O consumo médio de O2 para demanda carbonácea adotado é de 1,0 kgO2/kgDBO


aplicado.

22°) Consumo médio de O2 para demanda carbonácea (kgO2/d):

é á
é á
= (99)

23°) Adotar o consumo médio de O2 para demanda nitrogenada (Tabela 10).

 O consumo médio de O2 para a demanda nitrogenada (oxidação da amônia) adotado é


de 4,0 kgO2/kgNdisponível.

 Adotando a carga de NTK afluente igual 803,7 KgNTK/d sendo esse valor adotado por
analogia a outras ETEs que possuem vazões e cargas de DBO semelhantes.

24°) Carga Nlodo excedente (kgN/d):

= 63,5 kg/d (100)


55

25°) Carga Ndisponível (kgN/d):

(101)

26°) Consumo O2 para a demanda nitrogenada (kgO2/d):

é
é í

(102)

27°) Consumo médio total de O2 (kgO2/d):

(103)

28°) Adotar relação consumo máximo de O2 e consumo médio de O2 (ROmáx/ROméd) (Tabela


10).

 Adotou-se (ROmáx/ROméd) = 1,3

29°) Consumo de O2 máximo (kgO2/d):

á
á é = (104)
é

30°) Adotar o fator de correção padrão/campo (Tabela 10).

 O fator de correção padrão/campo adotado foi 1,6.


56

31°) Consumo de O2 em condições padrão (kgO2/d):

ã
çõ ã çã

(105)

32°) Adotar a eficiência de oxigenação padrão (Tabela 10).

 A eficiência de oxigenação padrão adotada foi 1,9 kgO2/kWh.

34°) Potência requerida (KW):

çõ ã
(106)
çã

35°) Potência requerida para cada aerador (kW):

 Foram adotados 8 aeradores para cada tanque

(107)

36°) Valor comercial para a potência instalada:

 Adotar aeradores comercializados com potência imediatamente superior a potência


requerida para cada aerador (15 CV);
 Determinar a potência total instalada

(108)
57

 Determinar a potência per capita (W/hab):

(109)

 Valor adequado, segundo a tabela a

 Calcular a potência consumida (kWh/ano)

(110)

 Valor adequado, segundo a Tabela 9.

37°) Densidade de potência média (W/m3):

(111)

 Valor suficiente para manter o lodo em suspensão.

5.3.2 Decantador secundário

1°) Área superficial com base na taxa de aplicação hidráulica (As1 em m2):

(112)

 Sendo TAH adotado igual a 33 m3/m2.d


58

Em que,

Q: Vazão afluente média (m³/d);

TAH: Taxa de aplicação hidráulica (m3/m2.d), adotada através da Tabela 10.

2°) Área superficial com base na taxa de aplicação de sólidos (As2 em m2):

(113)

Sendo TAS adotado igual a 125 kgSS/m2.d.

Em que,

Q: Vazão afluente média (m³/d);

Qr: Vazão de lodo de retorno (m³/d) (R*Q);

SSTA: Concentração de sólidos no reator (Kg/m3);

TAS: Taxa de aplicação dos sólidos (KgSS/m2.d), adotada através da Tabela 10.

3°) Área superficial a ser adotada (As em m2):

A área superficial a ser adotada para os decantadores secundários será a maior entre os
valores obtidos no 1° e no 2° passo, logo a área superficial a ser adotada será A s1 =
.

4°) Área superficial de cada decantador (Asd em m2):

(114)

Em que,

n = número de decantadores secundários.

5°) Diâmetro dos decantadores (D em m)


59

(115)

6°) Altura da parede lateral (H em m):

Deve-se adotar valores entre 3 e 4 metros.

 Foi adotado H=3,5 m

7°) Volume total dos decantadores (V em m3):

(116)

8°) Tempo de detenção hidráulica (TDH em h):

(117)

Em que,

Q: Vazão afluente média (m3/d).

5.4 TRATAMENTO DO LODO

No tratamento do lodo, apenas a etapa de desidratação foi levada em consideração, uma vez
que, o reator UASB tem a característica de promover o adensamento e a digestão do lodo, não
necessitando de tais etapas para o lodo excedente. Com isso foi feito uma análise entre as
alternativas de desidratação do lodo considerando as vantagens e desvantagens destas.
60

5.4.1 Desidratação do lodo

A desidratação do lodo é um processo unitário no qual o volume do material é bastante


reduzido por meio da retirada de água do mesmo. A capacidade de desaguamento do lodo
varia de acordo com as características deste, com o tipo de sólido e interação da água com as
partículas presentes no lodo. (PROSAB, 2001).
O processo de desidratação do lodo tem importância no que diz respeito a redução dos
custos com transporte, a facilidade no transporte do material, ao aumento do calorífico para
uso em incineração, melhor condições para disposição em aterros e reuso em agricultura.
Segundo PROSAB, (2001) os principais processos de desidratação usados no Brasil são:
 Leitos de secagem;
 Centrífugas;
 Filtros-prensa;
 Prensas desaguadoras;
 Secagem térmica.

5.4.1.1 Leitos de secagem

Os leitos de secagem são tanques rasos de piso com drenos nos quais se descarrega o
lodo úmido até uma altura de cerca de 30 cm e seu mecanismo básico é a secagem natural do
lodo. As principais vantagens e desvantagens desta técnica são:

Vantagens:
 Baixo investimento;
 Operação simples e baio nível de atenção quanto ao processo;
 Consumo baixo de energia elétrica e produtos químicos;
 Alto teor de sólidos na torta;
 Sensibilidade a variações nas características do lodo baixas.

Desvantagens:
 Requer uma área maior comparada com os outros métodos;
 Exige estabilização prévia do material;
61

 Influencia do clima no processo;


 Requerimento de mão de obra para a retirada da torta;
 Risco de liberação de odores ruins e proliferação de moscas;
 Risco de contaminação do lençol freático se o fundo e o sistema de drenagem forem mal
executados.
Este tipo de tratamento é indicado para ETEs que atendem populações de pequeno a
médio porte, com até 20 mil habitantes e em áreas afastas da zona urbana. (PROSAB, 2001).

5.4.1.2 Centrífugas

As centrífugas mais utilizadas atualmente em ETEs são do tipo “decanter” que é


constituído de um decantador cônico horizontal ou “tambor” e uma rosca transportadora
sendo seus componentes principais a base suporte, o tambor, o parafuso transportador, a
carcaça, o conjunto redutor, o motor principal e o tubo de alimentação. Nesse processo, a
eficiência se dá pela diferença de velocidade entre o tambor e a rosca onde uma pequena
diferença leva a uma eficiência de retirada da água maior e também pela concentração de
sólidos voláteis no lodo, ou seja, quanto maior o grau de estabilização do material maior será
a eficiência. (PROSAB, 2001).
Os problemas relacionados a esse método são o alto consumo de energia elétrica,
exigência de mão de obra qualificada e custo de manutenção alto o que limita sua utilização
em ETEs com vazão superior a 100 L/s ou onde a área é um fator considerável. Em
contrapartida, as centrífugas requerem áreas pequenas com cerca de 40 m² e não causam
ruídos nem emitem aerossol. (PROSAB, 2001).

5.4.1.3 Filtros-prensa

Este equipamento foi desenvolvido para uso industrial e posteriormente foi adaptado
para a desidratação do lodo. Ele opera em batelada e tem um grau de confiabilidade alto. Os
benefícios do filtro-prensa são alta captura de sólidos, alta qualidade do efluente líquido,
baixo consumo de produtos químicos no condicionamento do material e superioridade, em
relação aos outros processos mecânicos, no que diz respeito a concentração de sólidos na
torta.
62

A limitação desse processo em ETEs de médio a grande porte se dá no seu custo de


aquisição e a preocupação com a substituição das telas do filtro. (PROSAB, 2001).

5.4.1.4 Prensas desaguadoras

O sistema de prensa desaguadora é dividido em três etapas sendo elas zona de separação
por peneiramento, zona de baixa pressão e zona de alta pressão. Na zona de separação o lodo
é retido por uma tela superior e a água é percolada livremente na tela pela ação da gravidade.
O lodo então é encaminhado para a zona de baixa pressão onde ocorre a remoção do restante
da água e a compressão suave do lodo entre as telas superior e inferior. Por último, na zona de
alta pressão é removida a água que fica entre os interstícios do lodo por uma compressão
progressiva entre as telas. (PROSAB, 2001).
Dentre as desvantagens da utilização desse processo estão a emissão de aerossol
(equipamento aberto), produção de ruídos, emissão de odores desagradáveis dependendo do
tipo de lodo, além de exigência de atenção na operação devido ao grande número de
rolamentos presentes no equipamento o que leva a substituição destes regularmente. As
vantagens estão no baixo custo de aquisição e consumo de energia elétrica. (PROSAB, 2001).

5.4.2 Escolha do Processo

Levando em consideração os fatores preço de aquisição, gastos com energia elétrica,


área a ser implantada e o número de habitantes que é atendido pela ETE, o processo de
tratamento do lodo adotado na ETE Mario de Castro é o de Prensas desaguadoras. Apesar de
suas desvantagens como, por exemplo, a produção de ruídos e a frequente manutenção, seu
custo de aquisição e energia são baixos, além de possuir simples funcionamento e
manutenção.
63

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

ANDREOLI, Cleverson Vitório. Resíduos Sólidos do Saneamento: Processamento,


Reciclagem e Disposição Final. Rio de Janeiro: ABES. PROSAB. 2001
VON SPERLING, Marcos. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias –
Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos, v.01. Minas Gerais: ABES,
1995.

TORRES, Solange; LANARI, Nora. TRATAMENTO DE ESGOTO: TECNOLOGIAS


ACESSÍVEIS: Área de Projetos e Infra-Estrutura do Bndes. Disponível em:
<http://www.baraoemfoco.com.br/barao/noticias/ete/tecnologias.htm>. Acesso em: 22 nov.
2014.
RINO, Carlos Alberto Ferreira; CORDEIRO, João Sérgio. DISPOSIÇÃO DE EFLUENTES
DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS NO SOLO: UMA TÉCNICA DE
REÚSO DE ÁGUAS. 2002. 5 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Química,
Unicamp, Campinas, 2002.

VON SPERLING, Marcos. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias:


Lodos Ativados. 3. ed. Belo Horizonte: Ufmg, 2012. 428 p.

VON SPERLING, Marcos. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias:


Lagoas de Estabilização. 2. ed. Belo Horizonte: Ufmg, 2009. 196 p.

MORAES, Sara Ferreira; FERREIRA, Osmar Mendes. TRATAMENTO ANAERÓBIO:


AVALIAÇÃO DO CONJUNTO REATOR E FILTRO BIOLÓGICO – ESTUDO DE
CASO CEASA/GO. 2007. 17 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Ambiental,
Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2007.

Você também pode gostar