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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS


CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA E GESTÃO DE ÁGUA

PROPOTA DE MEDIDAS DE MELHORAMENTO DE ABASTECIMENTO DE


ÁGUA PARA O BAIRRO DE REASSENTAMENTO DE MUTUA.

ANTÓNIO ACÁCIO MORELA

Engenheiro Civil Pela UniZambeze – BEIRA


Especialista em Design de Interiores e Processamento Tecnológico de Madeira pelo IFSP -
Brasil
antonioacacio4675@gmail.com

BEIRA
Agosto, 2022
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

PROPOTA DE MEDIDAS DE MELHORAMENTO DE ABASTECIMENTO DE


ÁGUA PARA O BAIRRO DE REASSENTAMENTO DE MUTUA.

ANTÓNIO ACÁCIO MORELA

DOCENTES: PROF. DOUTOR ALBANO SALZON MAPARAGE

Trabalho individual de Mestrado


denominado MEGA de caracter
avaliativo, do módulo Sistema
Descentralizado de Fornecimento de
Água submetido a apreciação do
professor.

BEIRA
Agosto, 2022
ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................... III


ABSTRACT .....................................................................................................................V
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... VI
LISTA DE TABELAS .................................................................................................VIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA ...................................................................... IX
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
Estrutura do trabalho ........................................................................................................ 2
CAPITULO I: MARCO TEÓRICO ................................................................................. 3
1.0 Introdução .............................................................................................................. 3
1.1 Situação da água, saneamento e higiene em Moçambique ......................................... 3
1.2 Fontes ou manancial de abastecimento de água. ........................................................ 5
1.3 Acesso a água e saúde pública. ................................................................................... 7
1.4 Serviços e gestão pública – Funções elementares de governos resultantes da
descentralização .............................................................................................................. 10
1.5 Medidas de melhoramento de abastecimento de água.............................................. 13
1.6 Modelos de gestão de sistemas de abastecimento de água em Brasil. ..................... 18
1.7 Gestão dos serviços de abastecimento de água potável em Moçambique. ............... 18
CAPITULO II ................................................................................................................. 21
2.0 Introdução. ................................................................................................................ 21
2.1 Caracterização o bairro de reassentamento de Mutua, província de Sofala –
Moçambique. .................................................................................................................. 21
2.2 Planta de parcelamento do bairro de reassentamento de Mútua. .............................. 22
2.3 Levantamento dos tipos de fontes ou manancial de abastecimento de água existentes
no bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique. ................ 23
2.4 Características das fontes ou mananciais de abastecimento de água existentes no
bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique. ..................... 26
2.4.1 Manancial Superficial (F1, F2, F–FIPAG1 e F–FIPAG2) .................................... 26
2.4.2 Fonte ou Manancial Subterrâneo (FS1, FS2, FS3, FS4, FS5, FS6, FS7, FS8 e FS9)
........................................................................................................................................ 29
2.4.3 Fonte ou Manancial de águas meteóricas (Chuvas) .............................................. 32
2.5 Descrição dos tipos de serviços de abastecimento de água existentes no bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique. .................................... 33
2.6 Proposta de medidas de melhoramento de abastecimento de água para o bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique. .................................... 36
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 39

I
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 41

II
RESUMO

Em Moçambique parte da população não se beneficia acesso melhorado de abastecimento


de água, principalmente em zonas rurais, o que coloca em causa a saúde pública, desde
dos mais diversos problemas como cólera, problemas na coluna devido ao transporte de
água em longas distâncias entre outras. No entanto por meio de uma revisão bibliográfica,
realiza-se proposta de medidas de melhoramento de abastecimento de agua, para o bairro
de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique tendo em conta a
realizar levantamento dos tipos de fontes de abastecimento de água existentes no bairro
de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique, caracterização das
fontes ou manancial de abastecimento de água existentes no bairro de reassentamento de
Mútua, província de Sofala – Moçambique, descrição dos tipos de serviços de
abastecimento de água existentes no bairro de reassentamento de Mútua, província de
Sofala – Moçambique. Podendo chegar a realizar o quadro de proposta de medidas de
melhoramento de abastecimento de água para o bairro de reassentamento de Mútua por
meio de identificação do dispositivo atual ou problema existente e o dispositivo ou
melhoria proposta tais como montagem de sistema de bomba elétrica submersível com
painel solar que permita fornecer energia fotovoltaica a bomba elétrica para captação de
água com menos esforço, realização de pelo menos 5 furos com sistema de abastecimento
de agua publica (bomba submersível, canalização, torre, tanque de agua) em cada
unidade, reduzindo assim a problemática de agua e aderência aos mananciais superficiais
utilizado no bairro de reassentamento de Mútua, para edifícios de fontes ou mananciais
de aguas meteóricas propõem-se construção de 1 furo com sistema de abastecimento de
água pública (bomba submersível, canalização, torre, tanque de agua) em cada instalação
que contem a captação de água das chuvas por meio de cobertura, reduzindo assim a
problemática de água em períodos secos, sensibilização da população por meio de
palestras para fervura da agua de modo a eliminar possíveis microrganismos existentes
na agua ou aplicar cloro para desativação da maioria dos microrganismos, construir rede
de distribuição de água potável para todo bairro de reassentamento de Mútua, eliminando
assim a problemática da agua e elevando o nível de serviço para o acesso ideal, aumento
da capacidade de cisternas em função do número de consumidores de cada unidade de
modo a garantir abastecimento de água a população no inverno e em períodos de
manutenção e montagem de torneiras públicas em todas fontes subterrâneas tendo em

III
conta o sistema de abastecimento de água publica (bomba submersível, canalização, torre,
tanque de agua) em cada unidade.

Palavra-chave: Abastecimento de água, medidas de melhoria, nível de acesso.

IV
ABSTRACT

In Mozambique, part of the population does not benefit from improved access to water
supply, especially in rural areas, which jeopardizes public health, from the most diverse
problems such as cholera, problems with the spine due to transporting water over long
distances, among others. . However, through a bibliographic review, a proposal is made
for measures to improve the water supply, for the resettlement neighborhood of Mútua,
Province of Sofala - Mozambique, taking into account to carry out a survey of the types
of existing water supply sources. in the resettlement district of Mútua, province of Sofala
– Mozambique, characterization of water supply sources or springs in the resettlement
district of Mútua, province of Sofala – Mozambique, description of the types of water
supply services existing in the resettlement district of Mútua, province of Sofala –
Mozambique. Being able to carry out the framework of proposed measures to improve
the water supply for the Mútua resettlement district by identifying the current device or
existing problem and the proposed device or improvement such as mounting a
submersible electric pump system with a panel solar system that allows to supply
photovoltaic energy to the electric pump to capture water with less effort, making at least
5 holes with public water supply system (submersible pump, plumbing, tower, water tank)
in each unit, thus reducing the problem of water and adherence to surface springs used in
the resettlement district of Mútua, for buildings with fountains or fountains of meteoric
waters, it is proposed to build 1 hole with a public water supply system (submersible
pump, plumbing, tower, water tank) in each installation that contains rainwater harvesting
through a roof, thus reducing the problem water policy in dry periods, raising awareness
of the population through lectures to boil water in order to eliminate possible
microorganisms existing in the water or apply chlorine to deactivate most
microorganisms, build a drinking water distribution network for the entire resettlement
neighborhood of Mutual, thus eliminating the problem of water and raising the level of
service for ideal access, increase in the capacity of cisterns according to the number of
consumers of each unit in order to guarantee water supply to the population in winter and
in periods of maintenance and assembly of public taps in all underground sources taking
into account the public water supply system (submersible pump, plumbing, tower, water
tank) in each unit.

Keywords: Water supply, improvement measures, level of access.

V
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Sistema publico de abastecimento de agua potável, (UNICEF


MOZAMBIQUE,2012)……………………………………………………………….…4
Figura 1.2: Manancial abastecedores, (FUNASA, 2016).
………………………………………………………………………………………...…5
Figura 1.3: Principais tratamento de agua para consumo humano (DI BERNARDO e
DATAS, 2005). ………..……………………………………………………………….16
Figura 2.1: Localização do bairro de reassentamento de Mútua, adaptado. (Google earth,
2022)…………………………………………………………………………………....22
Figura 2.2: Victoria Poito e sua família incluindo obra das casas resilientes (UNDP
Mozambique, 2021)…………………………………………………………………….22
Figura 2.3: Planta de parcelamento do bairro de reassentamento de Mútua, (DPTADER,
2019)…………………………………………………………………………………....23
Figura 2.4: Mananciais Superficiais do bairro de reassentamento de Mútua, adaptado.
(Google earth, 2022)…………………………………………………….…………..….25
Figura 2.5: Mananciais subterrâneos e superficiais (FIPAG) do bairro de reassentamento
de Mútua, adaptado. (Google earth, 2022)……………………………………………...25
Figura 2.6: Manancial superficial F1 do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração
própria……………………………………………………………………………….….26
Figura 2.7: Residentes lavando roupa, no Manancial superficial F1 do bairro de
reassentamento de Mútua, Elaboração própria………………………………………….27
Figura 2.8: Residentes realizando atividades, no Manancial superficial F2 do bairro de
reassentamento de Mútua, Elaboração própria……………………………………….....27
Figura 2.9: Caudal reduzido no Manancial superficial F2 do bairro de reassentamento de
Mútua, Elaboração própria………………………………………………………….…..28
Figura 2.10: Residentes do bairro de reassentamento de Mútua beneficiando-se de agua
da FIPAG, Elaboração própria………………………………………………………….28
Figura 2.11: Contador F–FIPAG1, do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração
própria…………………………………………………………………………………..29
Figura 2.12: Fontenária com sistema manual do bairro de reassentamento de Mútua,
Elaboração própria…………………………………………………………………...…30
Figura 2.13: Placa de etiqueta das Fontenária com sistema manual do bairro de
reassentamento de Mútua, Elaboração própria…..30
Figura 2.14: Sistema de abastecimento de agua por meio de manancial subterrâneo da
Unidade G do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração própria………………...31
Figura 2.15: Residente da Unidade G do bairro de reassentamento de Mútua,
beneficiando-se de agua do furo FS3, Elaboração própria……………………………....31

VI
Figura 2.16: Sistema de coleta, reservação e abastecimento de água no mercado 25 de
Setembro do bairro de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique,
Elaboração própria…………………………………………………………………..….32
Figura 2.17: Sistema de coleta, reservação e abastecimento da Escola Primaria Completa
Heróis Moçambicanos - Dondo do bairro de reassentamento de Mútua, Província de
Sofala – Moçambique, Elaboração própria……………………………………………..32
Figura 2.18: Sistema de coleta, reservação e abastecimento da Escolinha 25 de Setembro
do bairro de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique, Elaboração
própria…………………………………………………………………………………..33

VII
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1: Níveis de acesso à agua segundo a estimativa de volume de água coletado,
distância percorrida, necessidades atendidas e consequentes efeitos à saúde, (adaptado de
HOWARD e BARTRAM, 2003).………………………………………………………..9
Tabela 1.2: Características de soluções alternativas de abastecimento de água (adaptado
de RAID, 2017)………………………………………………………………………....15
Tabela 1.3: Vantagem e limitações das principais tecnologias de tratamento de agua pra
o consumo humano, (adaptado de RAID, 2017)…………………………...……………17
Tabela 2.1: Fontes de abastecimento de água do bairro de reassentamento de Mútua,
Província de Sofala – Moçambique, Elaboração própria…………………………..……24
Tabela 2.2: Níveis de acesso à água segundo a estimativa de volume de água coletado,
distância percorrida, necessidades atendidas e consequentes efeitos à saúde, do bairro de
reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique, Elaboração
própria…………………………………………………………………………………..34
Tabela 2.3: Continuação Níveis de acesso à água segundo a estimativa de volume de água
coletado, distância percorrida, necessidades atendidas e consequentes efeitos à saúde, do
bairro de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique, Elaboração
própria…………………………………………………………………………………..35
Tabela 2.4: Quadro Dispositivo atual ou Problema existente e dispositivo ou melhoria
proposta, Elaboração própria………………………………………………………...…37
Tabela 2.5: Continuação quadro Dispositivo atual ou Problema existente e dispositivo ou
melhoria proposta, Elaboração própria…………………………………………………38

VIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA

FUNASA – Fundação nacional de Saúde


FIPAG – Fundo de Investimento e Património do Abastecimento
UNIR – Universidade Federal de Rondónia
DNA – Direção Nacional de Águas
DPOPH – Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação
DAS – Departamento de Água e Saneamento
CRA – Conselho de Regulação do Abastecimento de Água
PSAA – Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água
AIAS – Administração de infraestrutura de Agua e Saneamento.
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância
ONU – Organização das Nações Unidas
OMS – Organização Mundial de Saúde
FIME – Filtração em Múltiplas Etapas
DTM – Matriz de Localização de Deslocamentos
INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidade de Moçambique
MSLA – Avaliações Multi-sectoriais
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
DPTADER – Departamento Provincial de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
F1 – Fonte ou manancial superficial 1
F2 – Fonte ou manancial superficial 2
F-FIPAG 1 – Fonte da FIPAG 1
F-FIPAG 2 – Fonte da FIPAG 2
FS1 – Fonte ou manancial Subterrâneo 1
FS2 – Fonte ou manancial Subterrâneo 2
FS3 – Fonte ou manancial Subterrâneo 3
FS4 – Fonte ou manancial Subterrâneo 4
FS5 – Fonte ou manancial Subterrâneo 5
FS6 – Fonte ou manancial Subterrâneo 6
FS7 – Fonte ou manancial Subterrâneo 7
FS8 – Fonte ou manancial Subterrâneo 8

IX
FS9 – Fonte ou manancial Subterrâneo 9

X
INTRODUÇÃO

O atual desenvolvimento económico, científico e populacional, mostra uma crescente


necessidade do uso da água, no entanto o estado se vê obrigado em criar políticas e
serviços que permitam responder a necessidade das comunidades a nível das
infraestruturas e de gestão, trazendo assim os conceitos relativos a centralização e
descentralização de sistemas de abastecimento de água, tornando deste modo em sistemas
capazes de responder as necessidades das populações a curto e longo prazo, de forma
mais económica possível. No entanto baseando-se numa análise global e epistemológica
leva-se como prolema científico “acesso não melhorado de abastecimento de água no
bairro de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique ”. Este trabalho
tem como objetivo geral propor medidas de melhoramento de abastecimento de água
para o bairro de reassentamento de Mutua, Província de Sofala – Moçambique no
entanto para concretizar este objetivo foram delimitadas seis atividades, denominadas por
objetivos específicos:

1. Realizar revisão bibliográfica dos conceitos teóricos que sustentam a investigação.


2. Realizar levantamento dos tipos de fontes de abastecimento de água existentes no
bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.
3. Caracterizar as fontes ou manancial de abastecimento de água existentes no bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.
4. Descrever os tipos de serviços de abastecimento de água existentes no bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.
5. Propor medidas de melhoramento de abastecimento de água para o bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.

Havendo a necessidade de delimitar o objeto de investigação de forma mais estreita


possível, há que precisar o seguinte campo de ação: estudo de medidas de melhoramento
de abastecimento de água, e em correspondência da ordem problemática e dos objetivos
a serem alcançados se tem a seguinte hipótese: Se se fazer uma revisão bibliográfica,
utilizando técnicas de investigação tais como: observações, entrevistas, levantamento
dos tipos de fontes de abastecimento de água existentes no bairro de reassentamento de
Mútua, província de Sofala – Moçambique, caracterização das fontes ou manancial de
1
abastecimento de água existentes no bairro de reassentamento de Mútua, província de
Sofala – Moçambique e descrição dos tipos de serviços de abastecimento de água
existentes no bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique é
possível chegar a Propor medidas de melhoramento de abastecimento de água para o
bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.

Estrutura do trabalho

Este trabalho desenvolve-se em dois capítulos fundamentais, sendo o primeiro (1)


capítulo concernente ao marco teórico referente ao estudo medidas de melhoramento de
abastecimento de agua e o segundo (2) capítulo apresenta-se um estudo com a finalidade
de propor medidas de melhoramento de abastecimento de agua para o bairro de
reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique.

2
CAPITULO I: MARCO TEÓRICO

1.0 Introdução
Este capitulo cinge-se essencialmente nos conceitos fundamentais de situação da agua,
saneamento e higiene em Moçambique, Fontes ou manancial de abastecimento de agua,
acesso a agua e saúde publica, serviços e gestão publica – funções elementares de
governos resultantes da descentralização, medidas de melhoramento de abastecimento de
agua, Modelos de gestão de sistemas de abastecimento de agua em Brasil e Gestão dos
serviços de abastecimento de agua potável em Moçambique.

1.1 Situação da água, saneamento e higiene em Moçambique


Segundo informações a cessadas no website da UNICEF MOZAMBIQUE, no dia 17 de
agosto de 2022, Moçambique tem registrado progresso considerável ao longo dos anos,
sine qua non desdobrar que apenas metade dos moçambicanos tem acesso ao
abastecimento de água melhorado e menos de um quarto usa saneamento melhorado. De
uma maneira geral, persistem desigualdades flagrantes nos serviços de abastecimento de
água e saneamento entre as pessoas que vivem nas zonas rurais e as que vivem nas zonas
urbanas. A nível nacional, embora a proporção de pessoas sem acesso a fontes de água
melhoradas tenha reduzido de 65 por cento em 1990 para 49 por cento em 2015, as
disparidades entre as pessoas com cobertura nas zonas rurais e nas urbanas são
acentuadas, sendo o número estimado em 64 por cento e 17 por cento,
respetivamente. Além disso, nas zonas rurais, uma em cada cinco pessoas usa água de
superfície como sua fonte primária de água para beber.

A UNICEF MOZAMBIQUE acrescenta em seu website, embora as zonas rurais sejam


mais afetadas pela falta de serviços básicos de Água, Saneamento e Higiene, até mesmo
os indicadores urbanos moderadamente positivos de Água, Saneamento e Higiene
ocultam as graves lacunas de serviços prestados aos pobres nas cidades e vilas em rápido
crescimento, onde a falta de manutenção sistemática, o fraco investimento e mandatos
institucionais não claros têm prejudicado a prestação de serviços. Existem igualmente
disparidades geográficas, com os serviços a apresentarem-se mais inadequados de uma
maneira geral nas províncias do norte. A título de exemplo, na província de Maputo, no
sul, cerca de 87,1 por cento da população tem acesso à água potável e 70,1 por cento tem

3
acesso e usa o saneamento melhorado, comparativamente à província central da
Zambézia, uma das províncias mais populosas do país, onde apenas 30,6 por cento da
população tem acesso à água potável e 13,0 por cento tem acesso ao saneamento
melhorado. A situação da Água, Saneamento e Higiene nas escolas e unidades sanitárias
continua desconhecida.

Conforme informações a cessadas no website da UNICEF MOZAMBIQUE, no dia 17 de


agosto de 2022, também constitui um grande desafio a ocorrência frequente de desastres
naturais, que estão a ser exacerbados pelas alterações climáticas. Continuam a ter um
impacto devastador em milhões de moçambicanos. As alterações climáticas também
ameaçam a disponibilidade e a qualidade dos recursos hídricos do país, tanto a água de
superfície como subterrânea. As crianças pequenas estão mais em risco devido às más
condições de Água, Saneamento e Higiene. Embora Moçambique tenha registado
progressos na redução da mortalidade em menores de cinco anos, as doenças diarreicas
continuam a ser uma das principais causas de morte de crianças. Além disso, evidências
concludentes indicam que a Água, Saneamento e Higiene é uma intervenção essencial
para reduzir a desnutrição; este é um aspeto particularmente pertinente em Moçambique,
onde 43 por cento das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crónica grave
ou moderada. As mulheres e raparigas são particularmente afetadas pelo acesso
inadequado à água e saneamento. Além de ter um impacto prejudicial na sua saúde, o
acesso inadequado à Água, Saneamento e Higiene pelas raparigas ameaça a sua
segurança, bem-estar, educação, contribui para a perda de dignidade e para a ameaça de
agressão sexual devido à inexistência de casas de banho, tanto em períodos de emergência
como de estabilidade. Também as crianças com deficiência não têm acesso ao ensino nas
escolas quando não existem condições de Água, Saneamento e Higiene acessíveis ou se
forem inadequadas.

Conforme informações a cessadas no website da UNICEF MOZAMBIQUE, no dia 17 de


agosto de 2022, o crescimento da população e a rápida urbanização colocarão em breve
uma pressão ainda maior nos serviços de Água, Saneamento e Higiene. A população
urbana de Moçambique pode atingir os 50 por cento até 2025. As cidades e as suas zonas
peri-urbanas com serviços inadequados atraem migrantes provenientes das zonas rurais.
Também as vilas rurais em crescimento com até 50.000 habitantes representam mais ou
menos 15 por cento do total da população urbana e necessitarão de mais investimentos,

4
na figura 1.1 se pode observar o acesso a agua por meio de uma fontenária em uma das
zonas rural de Moçambique.

Figura 1.1: Sistema publico de abastecimento de agua potável, (UNICEF MOZAMBIQUE, 2012).

1.2 Fontes ou manancial de abastecimento de água.


Conforme FUNASA (2016), os mananciais têm grande participação nos sistemas de
abastecimento de água, pois são as fontes naturais de onde se pode extrair a água para
fins de abastecimento. Devem ser considerados abastecedores todos os mananciais que
apresentem condições sanitárias satisfatórias e que, isolados ou agrupados, apresentem
vazão suficiente para atender à demanda máxima prevista em um determinado período de
tempo. Existem trens grandes tipos de mananciais a citar:

 Manancial superficial
 Manancial subterrâneo
 Manancial de águas meteóricas.

Figura 1.2: Manancial abastecedores, (FUNASA, 2016).

5
Para FUNASA (2016), os mananciais superficiais (rios, lagos, barragens) por serem
as águas naturais potabilizáveis mais acessíveis, permitem o conhecimento do seu regime
e favorecem a captação.

Segundo FUNASA (2016), os mananciais subterrâneos (lençóis do subsolo ou


aquíferos), fornecem água de qualidade satisfatória para uso imediato, principalmente os
mais profundos, porém apresentam inconvenientes de uma exploração trabalhosa e, às
vezes, dispendiosa.

Conforme FUNASA (2016), os mananciais de águas meteóricas (chuva, neve e


granizo) por serem naturais e potabilizáveis podem ser admitidas, em condições
especiais, nos serviços de abastecimento de pequenos volumes.

Para FUNASA (2016), destaca-se que a utilização de qualquer manancial para


abastecimento público, exceto águas meteóricas está sujeita a OUTORGA. A outorga é o
instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos que tem o objetivo de assegurar o
controle quantitativo e qualitativo dos usos da água. Garante ao usuário outorgado o
direito de acesso à água, uma vez que regulariza o seu uso em uma bacia hidrográfica.

Para FUNASA (2016), a escolha do manancial abastecedor constitui-se na decisão mais


importante para a implantação de um sistema de abastecimento de água potável, seja ele
de caráter individual ou coletivo. Os fatores decisivos para a escolha do manancial recaem
sobre a qualidade e a quantidade de sua água, a distância do local a ser abastecido e as
implicações técnicas, econômicas e políticas que poderão surgir.

Segundo Para FUNASA (2016), o aumento da demanda por água é consequência direta
do crescimento populacional e da ampliação de seus níveis de consumo e, tais fatores,
exercem pressão sobre os mananciais abastecedores. Além da pressão exercida, a
degradação das áreas dos mananciais tem reflexos diretos no abastecimento de água
provocando situações que irão comprometer a saúde, a qualidade de vida e o bem estar
da população. Entre as situações que causam degradação das áreas de mananciais e que
merecem atenção e monitoramento constante, pode-se destacar: a ocupação desordenada
do solo, em especial áreas vulneráveis como as Áreas de Proteção Ambiental (APP);
práticas inadequadas de uso do solo e da água; falta de infraestrutura de saneamento
(precariedade nos sistemas de esgotamento sanitário, manejo de águas pluviais e resíduos
sólidos); super exploração dos recursos hídricos; remoção da cobertura vegetal; erosão e
assoreamento de rios e córregos; e atividades industriais que se desenvolvem

6
descumprindo a legislação ambiental. Por essas razões, medidas de controle da qualidade
dos mananciais devem ser sempre adotadas. As medidas podem ter caráter preventivo
(para se evitar ou minimizar impactos nos corpos hídricos) ou de caráter corretivo
(aplicado para corrigir uma situação já existente).

1.3 Acesso a água e saúde pública.


Conforme HELLER e MOLLER (1995), o acesso à água em quantidades limitadas e com
qualidade inapropriada para o consumo humano acarreta sérias implicações à saúde
pública. As doenças relacionadas à água podem ser agrupadas em quatro classes de
enfermidades:

 Transmitidas via feco-oral, cujo organismo patogênico é ingerido. A água e/ou


alimentos estão contaminados o que provoca doenças como diarreias, giardíase, febre
tifoide e paratifoide, leptospirose, amebíase, hepatite infecciosa, ascaridíase. Para
prevenção deve-se prover água potável e em quantidades suficientes para ingestão,
preparo de alimentos e limpeza doméstica.
 Vinculadas à falta de higiene pessoal e doméstica. A quantidade insuficiente de água
impossibilita a higiene e cria condições para a disseminação de doenças como
tracoma, tifo e escabiose.
 Associadas ao contato com a água. O agente patogênico penetra na pele ou é ingerido
ocasionando doenças como, por exemplo, a esquistossomose.
 Transmitidas por vetores que se relacionam com a água. Doenças tais como dengue,
malária, febre amarela e filariose são transmitidas por insetos que nascem na água ou
que estão próximos a ambientes aquáticos.

Conforme OHCHR (2003), Os critérios são conceituados pela Organização das Nações
Unidas – ONU da seguinte maneira:

Disponibilidade: O abastecimento de água para cada pessoa deve ser suficiente e


contínuo para uso pessoal e doméstico. Esses usos geralmente incluem beber, saneamento
pessoal, lavagem de roupa, preparação de alimentos, higiene pessoal e familiar. A
quantidade de água disponível para cada pessoa deve corresponder às diretrizes da
Organização Mundial de Saúde (OMS). Alguns indivíduos e grupos também podem
exigir água adicional devido à saúde, clima e condições de trabalho;

7
Qualidade: A água necessária para cada uso pessoal ou doméstico deve ser segura,
portanto, livre de microrganismos, substâncias químicas e riscos radiológicos que
constituem uma ameaça para a saúde de uma pessoa. Além disso, a água deve ser de cor
aceitável, odor e gosto para cada pessoa ou uso doméstico;

Acessibilidade física: A água e instalações e serviços de água adequados, devem estar


dentro de um alcance físico seguro para toda população. Água suficiente, segura e
aceitável deve ser acessível dentro, ou nas imediações vizinhas de cada domicílio,
instituição educacional e local de trabalho. Todas as instalações e serviços de água devem
ser de qualidade suficiente, culturalmente apropriada e sensível ao gênero, ao ciclo de
vida e aos requisitos de privacidade. A segurança física não deve ser ameaçada durante o
acesso a instalações e serviços de água;

Acessibilidade econômica: Água, instalações e serviços de água devem ser acessíveis


para todos. Os custos e encargos diretos e indiretos associados à segurança da água devem
ser acessíveis e não devem comprometer ou ameaçar a realização de outros direitos
convencionados.

Segundo WHO (2016), no que se refere à potabilidade da água, a Organização Mundial


da Saúde - OMS define que as características físicas, químicas e biológicas da água devem
atender aos padrões por ela definidos ou às normas nacionais de qualidade da água para
consumo humano. Acrescenta ainda que o indivíduo precisa ter acesso a agua, no mínimo,
20 litros de água por dia.

Conforme HOWARD e BARTRAM (2003), são determinados os níveis de acesso tendo


como base a distância percorrida, tempo gasto para atingir a fonte de água e o volume de
água coletado. (ver tabela 1.1).

8
Tabela 1.1: Níveis de acesso à agua segundo a estimativa de volume de água coletado, distância percorrida, necessidades atendidas e
consequentes efeitos à saúde, (adaptado de HOWARD e BARTRAM, 2003).

Medida de acesso Medida de acesso à Medida de acesso


Estimativa de
Nível de à água - distância água - distância à água - distância
volume de água
Acesso percorrida e percorrida e tempo percorrida e
coletado
tempo gasto gasto tempo gasto
Quantidade Mais de 1000m de Consumo não pode ser
coletada distância assegurado e a higiene
Sem acesso frequentemente percorrida ou 30 não é possível a menos Muito alto
abaixo de 5 litros minutos de tempo que praticada na fonte
per capita por dia total de coleta de água
Consumo pode ser
assegurado. A higiene
Distância
das mãos e higiene
Quantidade média percorrida entre
alimentar básica é
Acesso que não excederá 100 e 1000m ou 5
possível. A lavagem Alto
básico 20 litros per capita a 30 minutos de
de roupa e o banho é
por dia tempo total de
difícil de garantir a
coleta
menos que seja
realizada na fonte
Água entregue Consumo assegurado.
através de uma Higiene - toda a
Quantidade média torneira pública segurança básica do
Acesso
de cerca de 50 (ou distância indivíduo e de
intermediári Baixo
litros per capita percorrida dentro alimentos assegurada.
o
por dia de 100m ou 5 Lavagem de roupas e
minutos de tempo banho também podem
total de coleta ser assegurados
Água fornecida Todas as necessidades
Quantidade média
através de de consumo atendidas.
igual ou acima de
Acesso ideal múltiplas Todas as necessidades Muito baixo
100 litros per
torneiras de higiene devem ser
capita por dia
continuamente atendidas

Segundo HOWARD e BARTRAM (2003), em casos de intermitência, os volumes


estimados para cada um dos níveis de acesso podem minorar, gerando riscos à saúde pela
busca de fontes de água com qualidade inapropriada e pelo comprometimento do
funcionamento de instalações hidrosanitárias.

Para HOWARD e BARTRAM (2003), acrescentam ainda que além do tempo e distância,
a confiabilidade e o custo determinam o acesso à água.

Segundo BOS (2016), a acessibilidade financeira não possui critérios fixos para prestação
dos serviços de água por considerar, à luz dos direitos humanos, que existe desigualdade
de renda e diferenças conceituais a nível do poder de compra. O poder público é o

9
responsável por assegurar que as tarifas sejam justas e compatíveis com as realidades
locais. Nessa perspetiva, os órgãos reguladores figuram com relevante atribuição, sendo
imprescindível que o diálogo entre os reguladores, prestadores de serviços e população
seja baseado nos princípios de transparência e troca de informações, sendo que “o
envolvimento do público neste diálogo é vital para criar uma ampla compreensão e apoio
às decisões sobre regimes de preços da água que podem ser inerentemente impopulares”.

Conforme BRITO (2010), as políticas tarifárias existentes no Brasil não propiciam a


universalização do acesso aos serviços de saneamento tampouco garantem a equidade e
a justiça social, sendo assim, moradores que não possuem condições financeiras buscam
formas inapropriadas de acesso à água. Para a autora, um sistema tarifário inclusivo
abrange mecanismos como: obrigação do prestador de serviços de abastecimento de água
em atender o usuário que solicita conexão; proibição da desconexão de imóveis ocupados;
e a obrigação dos prestadores de serviços em assistir os usuários de baixa renda,
considerando o princípio de equidade.

Para WELL, (1998), outro critério que condiciona a efetividade das soluções técnicas de
abastecimento é a sustentabilidade que diz respeito à garantia de fornecimento dos
serviços de forma efetiva a longo prazo. Em termos setoriais, visar a sustentabilidade
significa garantir que os serviços e intervenções de abastecimento de água continuem a
operar satisfatoriamente e gerem benefícios ao longo de toda vida útil planejada.

Segundo CHOWNS (2014), aponta cinco fatores determinantes para a sustentabilidade:

 O tipo de solução de abastecimento de água;


 A disponibilidade de recursos financeiros;
 A qualidade de instalação da solução de abastecimento;
 A disponibilidade de habilidade humana;
 A frequência de manutenção.

1.4 Serviços e gestão pública – Funções elementares de governos resultantes da


descentralização
Para Justen Filho (2006) definir serviço público é definir as funções do Estado, os limites
da sua atuação e os limites da livre iniciativa. É portanto um conceito variável que reflete
a conceção política de cada sociedade. Assim, o serviço público pode ser definido como

10
sendo toda a atividade desempenhada direta ou indiretamente pelo Estado, visando solver
necessidades essenciais do cidadão, da coletividade ou do próprio Estado. É todo aquele
que é prestado pela administração direta, indireta ou por agentes delegados, sob normas
e controles estatais, com o objetivo de satisfazer as necessidades coletivas.

Conforme Uandela (2012), os princípios inerentes ao serviço público são, de acordo com
Shvoong, os seguintes:

 A continuidade: o serviço público deve ser permanente, não podendo ser


interrompido, a não ser em hipóteses previstas na lei ou num contrato.
 A generalidade (também conhecido como princípio da impessoalidade): de acordo
com este princípio todos os usuários que satisfaçam as condições legais fazem jus à
prestação do serviço, sem qualquer discriminação, privilégio, ou abusos de outra
ordem. O serviço público deve ser estendido ao maior número possível de
interessados, e todos devem ser tratados igualmente.
 A eficiência: os serviços devem ser prestados com a maior eficiência possível. A
eficiência reclama que o poder público se actualize relativamente aos novos
processos tecnológicos, de modo que a execução seja mais proveitosa e com o menor
dispêndio possível.
 A modicidade: os serviços públicos devem ser prestados a preços módicos,
razoáveis, devem ser estabelecidos de acordo com a capacidade económica do
usuário e com as exigências do mercado, evitando que o usuário com capacidades
económico-financeiras baixas seja excluído do universo de beneficiários do serviço
público.

Para Justen Filho (2006), e do ponto de vista institucional, os serviços públicos podem
ser classificados em quatro categorias, nomeadamente:

 Serviços delegáveis e não delegáveis: serviços delegáveis são aqueles que pela sua
natureza, ou pelo fato de disporem de um ordenamento jurídico, devem ser executados
pelo estado ou por particulares colaboradores. Serviços não delegáveis são aqueles
que só podem ser prestados pelo Estado diretamente, pelos seus órgãos ou agentes.
 Serviços administrativos e de utilidade pública: são aqueles que o Estado executa
para compor melhor sua organização. Os serviços de utilidade pública destinam-se
diretamente aos indivíduos.

11
 Serviços colectivos e singulares: são serviços gerais, prestados pela Administração
à sociedade como um todo, sem um destinatário determinado e são mantidos através
do pagamento de impostos. Serviços singulares são os individuais onde os usuários
são determinados e são remunerados pelo pagamento de taxa ou tarifa.
 Serviços sociais e económicos: serviços sociais são os que o Estado executa para
atender às necessidades sociais básicas e representam ou uma actividade propiciadora
de comodidade relevante, ou serviços assistenciais e de protecção. Serviços
económicos são aqueles que, por sua possibilidade de lucro, representam atividades
de carácter mais industrial ou comercial.

Segundo Dias (2022), gerir serviços públicos tem sido um grande desafio para as
sociedades em todos os tempos. Com o advento do estado moderno, as formas de gestão
de serviços públicos têm vindo a ser aperfeiçoadas de forma a responderem, por um lado,
à necessidade de providenciar serviços de qualidade para um público cada vez mais
exigente e, por outro, à necessidade de garantir a sustentabilidade através da eficiência e
eficácia. A gestão, neste âmbito, deve ser vista como o lançar mão de todas as funções e
conhecimentos necessários para através de pessoas se atingir os objectivos de uma
organização de forma eficiente e eficaz.

Conforme Uandela (2012), a tendência actual de gestão de serviços públicos tem feito
uma viragem em duplo sentido: por um lado, no sentido de tornar a gestão mais eficiente
e eficaz introduzindo um estilo mais empresarial na gestão pública e, por outro, no sentido
de descentralizar, desconcentrar e autonomizar. Neste último sentido, o objectivo
principal é o de aproximar cada vez mais a decisão sobre os serviços aos
consumidores/cidadãos.

Para Bailey (1999), do ponto de vista teórico a descentralização de serviços públicos


como o abastecimento de água pode ser sustentado pelo argumento da eficiência
económica da alocação de recursos públicos: é muito menos eficiente em termos
económicos, ou seja, é mais caro deixar o Estado central com a responsabilidade da gestão
de sistemas de água, de recolha de lixo, de cemitérios etc. em comparação com o governo
local.

Segundo Cheema (2007), associado ao argumento de Bailey (1999) esta é a crença


profundamente enraizada na literatura sobre a governação local de que a aproximação dos

12
serviços aos cidadãos melhora os processos de accountability e, por via disso, a qualidade
do serviço prestado.

Booth, (2010), coloca em causa os preceitos largamente advogados de que uma provisão
eficiente e eficaz de serviços públicos deva passar necessariamente pela boa governação
e pela descentralização dessa responsabilidade para os governos locais. Acrescentando
que no contexto africano, a provisão de serviços públicos pelos governos locais não
trouxe grandes melhorias e em muitos casos, os serviços se deterioraram.

Conforme Uandela (2012), uma centralização dos processos de gestão de serviços


públicos por lideranças comprometidas com o bem dos cidadãos tem vindo a mostrar
mais resultados positivos. Por outro lado, experiências indicam que uma gestão financeira
eficiente e transparente dos fundos e dos recursos humanos é uma condição sine qua non
para uma melhoria significativa dos processos de provisão de serviços públicos. Este é
um aspecto que não pode ser ignorado seja quais forem os mecanismos institucionais
colocados em prática, do ponto de vista de governação.

1.5 Medidas de melhoramento de abastecimento de água.


Conforme HELLER (2010), a escolha da solução técnica de abastecimento de água para
o consumo humano dependerá de diversos fatores tais como tamanho da população a ser
atendida densidade demográfica, tipo e características físicas, químicas e biológicas dos
mananciais, características topográficas, geológicas e geotécnicas, instalações existentes,
condições econômico-financeiras, recursos humanos e disponibilidade de energia
elétrica. Além disso, devem ser consideradas as características sociais e culturais da
população a ser atendida.

Segundo BRASIL (2015), as soluções de abastecimento de água podem ser categorizadas,


de acordo a abrangência de atendimento, como soluções individuais e coletivas. As
soluções individuais caracterizam-se pela produção e consumo de água de apenas um
domicílio. Estas, são utilizadas, principalmente, em áreas rurais ou periferias urbanas que
possuem população dispersa ou não acessam sistemas coletivos. As despesas de
manutenção e operação são, geralmente, custeadas pelo usuário. Diferentemente, as
soluções coletivas atendem populações urbanas e rurais com maior densidade
populacional, e possuem custos divididos por todos os usuários. Ademais, as soluções
coletivas podem ter maior controle e fiscalização das unidades componentes da instalação
13
de abastecimento de água, monitoramento regular da qualidade da água e redução de
recursos humanos e financeiros.

Segundo BRASIL (2011), o sistema de abastecimento de água para consumo humano é a


“instalação composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a
zona de captação até as ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento coletivo
de água potável, por meio de rede de distribuição”; a solução alternativa coletiva de
abastecimento de água para consumo humano é a “modalidade de abastecimento coletivo
destinada a fornecer água potável, com captação subterrânea ou superficial, com ou sem
canalização e sem rede de distribuição”, e a solução alternativa individual é a
“modalidade de abastecimento de água para consumo humano que atenda a domicílios
residenciais com uma única família, incluindo seus agregados familiares”

Para PADUA (2010), as soluções alternativas podem ser aplicadas a situações transitórias
ou emergenciais, porém não devem ser compreendidas como soluções improvisadas,
pois, assim como os sistemas de abastecimento de água, devem fornecer água potável e
em quantidade suficiente. Ainda segundo o autor, o monitoramento da água oriunda
dessas soluções de abastecimento é um aspecto que deve ser observado, fomentando
assim a necessidade de instruir as populações que utilizam dessa modalidade de
abastecimento de água. A seguir apresenta-se na tabela 1.2 as características da soluções
altenativas de abastecimento de água, segundo RAID, (2017).

BRASIL, (2009), a necessidade de instruir a população está relacionada às dificuldades


do poder público em realizar o controlo e a vigilância da qualidade da água oriunda de
soluções alternativas individuais, soluções essas comumente utilizadas nas áreas rurais
brasileiras

14
Tabela 1.2: Características de soluções alternativas de abastecimento de água (adaptado de RAID, 2017).

Componentes da
solução de Soluções
Características
abastecimento de alternativas
água
Apresentam, geralmente, propriedades compatíveis com os padrões de potabilidade
Nascente (PALMIER, 2010).
Necessita de dispositivo para captar a água, como, por exemplo, bombas. As vazões
Poço individuais dos poços são relativamente pequenas, sendo limitadas pelas
características geológicas do manancial subterrâneo (PALMIER, 2010).
Coleta e transporte da água realizada pelos próprios moradores, não havendo
Captação Manancial garantias em relação à qualidade da água, mesmo que realize posterior tratamento
superficial domiciliar (PÁDUA, 2010b). Esse tipo de manancial apresenta maior
susceptibilidade de contaminação (LIBÂNIO, 2008).
Possibilidade de utilização em localidades com baixo índice pluviométrico. Risco de
Água de contaminação da água por falta de barreiras de proteção sanitária adequadas.
chuva Ausência de legislação relacionadas à vigilância da qualidade da água de chuva
(Pádua et al., 2013).
Tecnologia de baixo custo. Possui maior aceitação pela população, pois não altera o
odor e sabor natural da água, diferentemente do cloro. Não requer póstratamento e
utilização de produtos químicos. Necessita de longo tempo para inativação de
Desinfecção microrganismos, por exemplo, em dias nublados recomenda-se que a água fique
Solar exposta a luz solar dois dias consecutivos. O volume de água tratada gerado é muito
pequeno. Nos casos em que a turbidez da água é muito elevada, acima de 100 UNT,
é necessário tempos de exposição a luz solar mais longos e a desinfecção pode não
ser efetiva para todos os agentes patogênicos (MALATO et al., 2009).
Destina-se a inativação ou eliminação de microrganismos (PÁDUA, 2010b). O custo
Fervura do combustível e o tempo envolvido na fervura e resfriamento da água, limitam a
Tratamento
utilização deste tratamento (BRAND, 2004).
Desinfetant O cloro pode ser aplicado para a desativação da maioria dos microrganismos e é
es a base de relativamente barato (HELMREICH; HORN, 2009). A cloração afeta o sabor da
cloro água e isso ocasiona a rejeição dos consumidores. (BRAND, 2004).
Filtro Consiste em uma barreira sanitária que se mal operado pode fomentar a proliferação
doméstico de microrganismos na água (PÁDUA, 2010b)
de areia
Filtro Consiste em uma barreira sanitária, no entanto demanda formas adicionais de
doméstico tratamento para assegurar a potabilidade da água (PÁDUA, 2010b).
de vela
É instalada na área externa do domicílio evitando deslocamento dos moradores para
Reservação Cisternas obtenção de água; possui baixo custo de implantação e demanda mão-obra local.
(PÁDUA et al., 2013).
A coleta e transporte da água é realizada pelas pessoas o que pode ocasionar
problemas à saúde humana como, por exemplo, distúrbios musculoesqueléticos e
Chafariz doenças relacionadas à água. Há maior dispêndio de tempo para obtenção de água e
limpeza do domicílio. Apresenta potencial risco de desperdício de água e
acondicionamento inadequado (BRASIL, 2009b; ONU, 2016).
A coleta e transporte da água é realizada pelas pessoas. Há maior dispêndio de tempo
Distribuição
Torneiras para obtenção de água e limpeza do domicílio. Apresenta o risco de armazenamento
Públicas inadequado da água e consequentemente alteração de sua qualidade (BRASIL,
2009b; ONU, 2016).
Veículos Apresentam riscos de degradação da qualidade da água se não forem bem operados
Transporta (PÁDUA, 2010b).
dores

15
Conforme HELLER (2010), considerando os diferentes tipos de soluções técnicas de
abastecimento de água, diversos arranjos de instalações podem ser propostos,
principalmente, por haver especificidades locais que demandam distintas soluções.

Segundo LIBÂNIO (2008), os mananciais superficiais possuem maior susceptibilidade a


contaminações e consequentemente requererão maiores gastos com tratamentos mais
complexos, além de apresentarem maiores riscos à saúde da população atendida. De modo
oposto, as águas subterrâneas, por passarem pelo processo de percolação no solo, em
geral, apresentam melhor qualidade, dispensando em grande medida as etapas de
tratamento, fazendo-se necessárias apenas a desinfecção, fluoretação e eventual correção
de pH.

Figura 1.3: Principais tratamento de agua para consumo humano (DI BERNARDO e DATAS, 2005).

Segundo GUDE; NIRMALAKHANDAN; DENG (2010), pode-se salientar as


tecnologias de dessalinização categorizadas em processos térmicos, evaporação e
condensação, que incluem a destilação solar e destilação multiefeito; os processos de
separação por meio de mecânica ou química/elétrica, a exemplo a osmose reversa; e os
processos híbridos que combinam as duas primeiras categorias citadas. Conforme
PADUA (2010), A redução da concentração de sais em água destinada ao consumo

16
humano é realizada geralmente por osmose reversa, que apresenta custo relativamente
alto, mas possui maior facilidade de adequação os padrões de potabilidade, requer menor
área de implantação, além de remover contaminantes orgânicos e inorgânicos com maior
eficiência quando comparada às técnicas tradicionais de tratamento de água.

Para DI BERNARDO e DANTAS (2005), as principais tecnologias de tratamento para


potabilizar a água são a filtração em múltiplas etapas (FIME), dupla filtração, filtração
direta ascendente, filtração direta descendente, floto-filtração e tratamento em ciclo
completo. A Figura 1.3 apresenta as etapas que constituem cada um dos tratamentos
supracitados. Suas vantagens e limitações são explicitados na tabela 1.3 apresentado por
RAID (2017).

Tabela 1.3: Vantagem e limitações das principais tecnologias de tratamento de agua pra o consumo humano, (adaptado de RAID,
2017).

Tecnologias de
Vantagens Limitações
tratamento
Filtração em Dispensa coagulantes químicos. Apresenta Apresenta baixa resistência à variações bruscas
múltiplas etapas baixo consumo de energia e possui simples dos parâmetros de qualidade da água bruta.
construção e operação.
Dupla filtração Possui capacidade de tratar água bruta Requerer maiores custos de implantação,
contendo: valores relativamente altos de operação e manutenção em relação à filtração
concentração de algas, de cor verdadeira, de direta ascendente e à filtração direta descendente.
turbidez ou de coliformes; vírus e
protozoários; variações bruscas dos
parâmetros de qualidade. Requer pequena
área para instalação.
Filtração direta Demanda menor área em razão de eliminar as Tem moderada resistência a variações bruscas
ascendente unidades de floculação e decantação. Reduz a dos parâmetros de qualidade da água bruta. Exige
quantidade de coagulante no processo de operação especializada.
tratamento.
Filtração direta Possibilita redução dos custos de operação e Apresenta dificuldades no tratamento de água
descendent manutenção, uma vez que se tem menor bruta com turbidez ou com cor verdadeira altas.
consumo de coagulante e de energia elétrica Mudanças na qualidade da água bruta afeta
desencadeando a eliminação de rapidamente a carreira de filtração. O tempo de
equipamentos de remoção de lodo dos detenção total da água no sistema é relativamente
decantadores e, também, quando possível, os curto para oxidação de substâncias orgânicas
equipamentos de floculação. presentes no afluente. Exige operação
especializada.
Floto-filtração Dispõe da capacidade de tratar águas que Apresenta inviabilidade econômica no
apresentam cor verdadeira elevada e baixa tratamento de águas com alto teor de turbidez e
turbidez e águas com alta concentração de sólidos suspensos.
algas.
Tratamento em Possui alta resistência a variação da Exige operação especializada. O consumo de
ciclo completo qualidade da água bruta. Não demanda produtos químicos é alto.
(Tratamento grandes áreas.
Convencional)

17
1.6 Modelos de gestão de sistemas de abastecimento de água em Brasil.
Segundo informações publicadas pela UNIR por meio do Prof. Marcelo Barroso a
cessado no dia 21 de agosto de 2022 existem dois modelos de sistema de abastecimento
de água:

 Modelo Centralizado ou administração direta: Prestado diretamente pela


prefeitura Municipal, por meio de secretaria, departamento ou repartição da
administração direta. Neste modelo não há autonomia financeira ou patrimonial isto
é caixa único.
 Modelo descentralizado ou por administração indireta: prestado por autarquias
municipais, SAAE (Serviços Autónomo Aguas e Esgoto), incluindo pessoas jurídicas
de direito público, de natureza meramente administrativa, criadas por lei específica,
para a realização de atividades, obras ou serviço descentralizados da entidade estatal
que as criou, mas sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas ao controlo
finalístico de sua administração e da conduta de seus dirigentes, também podem ser
administrados pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).
 Modelos descentralizados – companhias estaduais: prestado por personalidade
jurídica de direito, com finalidade de exploração de atividades económicas ou de
prestação de serviços públicos, onde a atuação nos municípios é regulada por contrato
de concessão.
 Gestão associada: associação voluntaria de entes federados, por convénio de
cooperação ou consorcio publico.

1.7 Gestão dos serviços de abastecimento de água potável em Moçambique.


Conforme Uandela (2012), Moçambique tem dois níveis de governação: o central e local.
O nível central é constituído pelos órgãos centrais e locais do estado e o local é constituído
pelas autarquias. A nível do estado central, o Ministério das Obras Públicas e Habitação,
através da Direcção Nacional de Águas (DNA) é a instituição responsável pela gestão
estratégica do sector de águas em Moçambique, que inclui nomeadamente, o
abastecimento de água e o saneamento e gestão dos recursos hídricos. A nível provincial,
a responsabilidade de coordenação do sector cabe à Direcção Provincial das Obras
Públicas e Habitação (DPOPH), através do Departamento de Água e Saneamento (DAS).

18
Segundo Uandela (2012), a nível do distrito, no âmbito da implementação da LOLE, a
responsabilidade pelo sector de águas cabe ao Serviço Distrital de Planeamento e Infra-
estruturas. Os municípios, como entidades autónomas do poder local, têm a
responsabilidade de garantir o abastecimento de água e saneamento na sua área de
jurisdição. O abastecimento de água para o consumo doméstico está dividido em duas
áreas principais, nomeadamente o abastecimento de água para as zonas urbanas e o
abastecimento de água para as zonas rurais. O abastecimento de água urbana pode, por
sua vez, ser subdividida em dois grandes grupos: os grandes sistemas urbanos e as
pequenas cidades e vilas urbanas.

Segundo Uandela (2012), o abastecimento de água às grandes cidades foi desenhado um Quadro
de Gestão Delegada que está em implementação desde 1999. Neste, o património necessário para
o abastecimento de água, que pertence ao Fundo de Investimento e Património de Águas
(FIPAG) é alugado a uma empresa privada, ou seja, um operador, que tem um contrato
de exploração e a obrigação de abastecer o consumidor, na base de um relacionamento
contratual entre o operador e o consumidor. O Conselho de Regulação do Abastecimento
de Água (CRA) representa a instância reguladora da Gestão Delegada, incluindo a função
de supervisão, controlo de qualidade e fixação de tarifas.

Para Uandela (2012) o quadro de gestão delegada é a base legal que viabiliza a
reestruturação dos sistemas de abastecimento de água e enquadramento para a gestão
delegada aos privados e cria novas entidades no sector. Este quadro tem como objectivos
garantir a eficiência da gestão dos sistemas do abastecimento de água e responder às
necessidades de planificação e de desenvolvimento do sector, bem como a execução dos
objectivos principais definidos na Política Nacional de Águas, que veio a ser revista em
2007, confirmando e reconhecendo a necessidade de ampliação desta experiência a outros
sistemas. Para as zonas rurais, está em implementação o princípio de procura, uma
estratégia que incentiva a participação dos beneficiários em todas as fases do processo de
abastecimento de água nas comunidades, e a sua responsabilização pela operação e
manutenção das fontes, condição essencial para a garantia de serviços sustentáveis.

Segundo Uandela (2012), o abastecimento de água às vilas e pequenas cidades,


nomeadamente feito por Pequenos Sistemas de Abastecimento de Água (PSAA) é um
segmento muito importante para o sector e que tem constituído um grande desafio. No
passado, a responsabilidade pelo abastecimento de água nestas vilas cabia, a nível central,
ao Departamento de Água Rural. Com o processo de transformações em curso, foi criada

19
uma entidade que se vai responsabilizar pela gestão deste segmento dos serviços, a
Administração de Infra-estruturas de Abastecimento de Água e Saneamento (AIAS), e
que abarca também algumas pequenas cidades.

Segundo Uandela (2012), em Moçambique, todos os sistemas públicos de abastecimento


de água são propriedade do Estado. Esta definição de propriedade é muito lacta, dando
espaço para interpretações diversas. O Estado tem vários níveis de governação e não está
claro se os OLEs podem deter a posse legal dos sistemas de abastecimento de água que
estão na área territorial sob a sua jurisdição, ou se a posse é dos órgãos centrais do Estado.

A Lei 2/97 estabelece no seu artigo 6 que cabe às autarquias, entre outras competências,
providenciar o abastecimento público, incluindo o abastecimento de água e saneamento.
A Lei 1/2008 (Lei das Finanças Autárquicas) estabelece, por seu turno, no artigo 3, que
‘as autarquias locais gozam de autonomia administrativa, financeira e patrimonial,
possuindo finanças e património próprios geridos autonomamente pelos respectivos
órgãos’. Assim, as autarquias passam a ser uma entidade que pode deter a posse legal das
infra-estruturas que compõem os sistemas de abastecimento de água e saneamento nas
áreas sob sua jurisdição, para a prossecução das suas atribuições. O investimento público
na área de abastecimento de água e saneamento é também competência própria das
autarquias locais. Contudo, os relevantes bens do domínio público necessários que
consubstanciam esta competência, isto é os sistemas de captação, tratamento e
distribuição de água, não pertencem formalmente ao património municipal (Gistac, 2001:
261).

Conforme Uandela (2012), o Estado delega a responsabilidade de gestão do património


nas entidades públicas autónomas (FIPAG, AIAS) que se responsabilizarão pela gestão
do financiamento do investimento público necessário em tais sistemas e pela organização
e disponibilização dos serviços até se efectivar a transferência total de responsabilidades
e do património para as autarquias locais. Neste compasso, as autarquias locais participam
no planeamento e superintendência dos serviços através de mecanismos institucionais
definidos para o efeito.

20
CAPITULO II

2.0 Introdução.
Este capitulo cinge-se essencialmente nos conceitos fundamentais de caracterização o
bairro de reassentamento de Mutua, província de Sofala – Moçambique, Planta de
parcelamento do bairro de reassentamento de Mútua, Levantamento dos tipos de fontes
ou manancial de abastecimento de água existentes no bairro de reassentamento de Mútua,
província de Sofala – Moçambique, Características das fontes ou mananciais de
abastecimento de água existentes no bairro de reassentamento de Mútua, província de
Sofala – Moçambique, Descrição dos tipos de serviços de abastecimento de água
existentes no bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique e
Proposta de medidas de melhoramento de abastecimento de água para o bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.

2.1 Caracterização o bairro de reassentamento de Mutua, província de Sofala –


Moçambique.
O bairro de reassentamento de Mútua, localiza-se na província de Sofala, concretamente
no distrito de Dondo, fazendo parte do posto administrativo de Mafambisse. Segundo a
colheita de dados realizados no período de 22 de Julho a 8 de Agosto de 2019 pela IOM
na área de Matriz de Localização de Deslocamentos (DTM) em coordenação com o
Instituto Nacional de Gestão de Calamidade de Moçambique (INGC), realizaram
avaliações multi-sectoriais (MSLA) no Bairro de Reassentamento de Mútua face as
inundações e destruições causadas pelo ciclone IDAI nos dias 14 e 15 de Março de 2019,
onde pode-se concluir que o bairro de reassentamento de Mútua possuiu 618 famílias
concernente 2393 habitantes (ver anexo I). Conforme os dados fornecidos pela PNUD, o
bairro de reassentamento de Mútua registou em 2021 um total de 2850 habitantes, no
hambito de construção de casas resilientes para população desfavorável face o ciclone
IDAI. O bairro de reassentamento de Mútua localiza-se a sensivelmente 3,71 Km da
estrada N6, cuja via de acesso tanto como as vias existe no bairro é estrada de terra, sem
nenhum tipo de dispositivo de drenagem de águas pluviais, atualmente a população do
bairro não beneficia de água potável da FIPAG, muito menos energia elétrica. A figura
1.1 ilustra a localização do bairro de reassentamento de Mútua.

21
Figura 2.1: Localização do bairro de reassentamento de Mútua, adaptado. (Google earth, 2022).

O bairro de reassentamento de Mútua, pertence a uma zona rural, de população de classe


económica e financeira baixa, que beneficiou-se de construção de casas resilientes
financiadas pela UNDP Mozambique. Segundo informações publicada na pagina da
UNDP Mozambique em 19 de Maio de 2021, o bairro de reassentamento beneficiou-se
de 200 casas, uma escola primaria e um mercado. A figura 1.2 ilustra Victoria Poito, sua
família incluindo obra das casas resilientes em andamento.

Figura 2.2: Victoria Poito e sua família incluindo obra das casas resilientes (UNDP Mozambique, 2021).

2.2 Planta de parcelamento do bairro de reassentamento de Mútua.


Conforme a planta produzido por Departamento Provincial de Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural de Sofala – DPTADER (2019), O bairro de Mutua é composto
com um total de 828 parcelas destinas a habitação, uma escola primária, 4 parcelas
reservado para saúde, área reservado para um posto policial, 10 parcelas reservado para
estado, 28 parcelas reservados a praças, áreas verdes.

22
Figura 2.3: Planta de parcelamento do bairro de reassentamento de Mútua, (DPTADER, 2019).

2.3 Levantamento dos tipos de fontes ou manancial de abastecimento de água


existentes no bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala –
Moçambique.
Os tipos de fontes ou manancial de abastecimento de água existentes no bairro de
reassentamento de Mútua localizado na província de Sofala – Moçambique são
apresentados na tabela 2.1. O bairro de Mútua possui 02 mananciais superficiais que
abastece a população do bairro para fins domésticos exceto consumo humano, 02 fontes
da FIPAG, destinado para uso domestico incluindo consumo humano, um total de 09
mananciais subterrâneos (furos) para fins domésticos e consumo humano incluindo 03
mananciais de águas meteóricas do tipo pluviais existentes na escola Primaria Completa
Heróis Moçambicanos- Dondo, mercado Eduardo Mondlane – Mútua e Escolinha de
Mutua.

23
Tabela 2.1: Fontes de abastecimento de água do bairro de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique,
Elaboração própria.

Item Fontes ou manancial de


abastecimento de água Quantidade Descrição
(designação)
1. A primeira fonte ou manancial superficial (F1) está
localizado na primeira Ponteca a sensivelmente 953 m
antes do bairro de reassentamento de Mútua com
Latitude 19°28'32"S e Longitude 34°36'6"L. (ver figura
2.4).
2. A Segunda fonte ou manancial superficial (F2) está
localizado entre FS3 e FS4 a sensivelmente 2019 m
Fonte ou Manancial Superficial (F1, relativamente ao manancial F1, com Latitude
01 04
F2, F–FIPAG1 e F–FIPAG2) 19°27'31"S e Longitude 34°36'32"L (ver figura 2.4).
3. Em todo Bairro existem duas torneiras da FIPAG que
se encontram operacionais designadas na figura 2.5 por
F–FIPAG1 (Latitude 19°27'60"S e Longitude
34°36'23"L ) e F–FIPAG2 (Latitude 19°28'00"S e
Longitude 34°36'10"L) – A agua bruta provem de
manancial superficial do rio Pungue na zona de Dingue-
Dingue e a estação de tratamento localiza-se em Mútua.
As fontes subterrâneas encontram-se ilustrados na figura
2.5, sendo 1 furo para cada unidade (o bairro contem 8
unidades a citar unidade A, B,C, D, E, F, G e G-2), onde
a unidade G-2 é única unidade que possui 2 dois furos.
Os furos possuem seguinte localização:
Unidade A: FS1 (Latitude 19°28'01"S e Longitude
34°36'15"L).
Unidade B: FS6 (Latitude 19°27'59"S e Longitude
34°36'33"L).
Unidade C: FS2 (Latitude 19°27'51"S e Longitude
Fonte ou Manancial Subterrâneo 34°36'21"L).
02 (FS1, FS2, FS3, FS4, FS5, FS6, FS7, 09 Unidade D: FS7 (Latitude 19°27'48"S e Longitude
FS8 e FS9) 34°36'32"L).
Unidade E: FS8 (Latitude 19°27'52"S e Longitude
34°36'42"L).
Unidade F: FS9 (Latitude 19°27'51"S e Longitude
34°36'50"L).
Unidade G: FS3 (Latitude 19°27'37"S e Longitude
34°36'27"L).
Unidade G-2: FS4 (Latitude 19°27'30"S e Longitude
34°36'32"L).
Unidade G-2: FS5 (Latitude 19°27'28"S e Longitude
34°36'41"L).
O Mercado 25 de Setembro possui um sistema
preparado para coletar toda agua que cai para cobertura
e canaliza-las a um tanque de água térreo em betão
armado, casa de bomba e um segundo tanque elevado
Fonte ou Mananciais de águas que abastece a população do mercado. O mesmo
03 03
meteóricas procedimento se verifica na Escola Primaria Completa
Heróis Moçambicanos – Dondo e na Escolinha 25 de
Setembro, porem as águas são coletadas para Tanques
de agua em PVC de 1500 litros e canalizadas para
pontos de consumo.
F1-Fonte ou manancial superficial 1; F2-Fonte ou manancial superficial 2; F–FIPAG1 -Fonte da FIPAG1; F–FIPAG2-Fonte da FIPAG
2; FS1-Fonte ou manancial superficial 1; FS2-Fonte ou manancial superficial 2; FS3-Fonte ou manancial superficial 3; FS4-Fonte ou
manancial superficial 4; FS5-Fonte ou manancial superficial 5; FS6-Fonte ou manancial superficial 6; FS7-Fonte ou manancial
superficial 7: FS8-Fonte ou manancial superficial 8; FS9-Fonte ou manancial superficial 9.

24
A figura 2.4 apresenta as fontes superficiais de abastecimento de água que a população
do barro de Mútua, província de Sofala – Moçambique, tem se beneficiado para fins
domésticos exceto consumo humano, cuja descrição dos mesmos se encontram
apresentados na tabela 2.1, onde os locais em que a população executa as suas atividades
de captação da água estão denominados como F1 e F2.

Figura 2.4: Mananciais Superficiais do bairro de reassentamento de Mútua, adaptado. (Google earth, 2022).

O bairro de Mútua possui um total de 09 furos cuja fonte ou manancial é subterrâneo, conforme
apresentado na figura 2.5. apresenta-se também na mesma figura 02 fontes da FIPAG que se
encontram enquadrados na tabela 2.1 como mananciais superficiais.

Figura 2.5: Mananciais subterrâneos e superficiais (FIPAG) do bairro de reassentamento de Mútua, adaptado. (Google earth, 2022)

25
2.4 Características das fontes ou mananciais de abastecimento de água existentes no
bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.

2.4.1 Manancial Superficial (F1, F2, F–FIPAG1 e F–FIPAG2)


A primeira fonte ou manancial superficial (F1) está localizado na primeira Ponteca a
sensivelmente 953 m antes do bairro de reassentamento de Mútua com Latitude
19°28'32"S e Longitude 34°36'6"L. (ver figura 2.4).

Segundo entrevista realizada aos residentes e consumidores de água do bairro de


reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique, o manancial superficial
F1 é caracterizado pela sua capacidade de permanecer ativo ao longo do ano, isto é como
qualquer outro manancial com a variação da estação do ano o caudal baixa, porem o
manancial superficial F1 não tem verificado período de seca ao longo dos anos. O
manancial superficial F1 é um manancial natural, constituído nas suas laterais por gramas
e o material do fundo incluindo nas suas bermas laterais é solo arenoso.

Figura 2.6: Manancial superficial F1 do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração própria.

Conforme a entrevista realizada aos residentes e consumidores de água do bairro de


Mútua, Província de Sofala – Moçambique, o manancial superficial F1 tem utilidade para
fins domésticos e de construção exceto para o consumo humano, a citar lavagem de roupa,
limpezas domesticas como banho entre outras, na figura 2.7 se pode verificar três
residentes do bairro de Mútua lavando roupa na berma do manancial superficial.

26
Figura 2.7: Residentes lavando roupa, no Manancial superficial F1 do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração própria

A Segunda fonte ou manancial superficial (F2) está localizado entre FS3 e FS4 a
sensivelmente 2019 m relativamente ao manancial F1, com Latitude 19°27'31"S e
Longitude 34°36'32"L (ver figura 2.4). Conforme a entrevista realizada aos moradores do
bairro de reassentamento de Mútua o manancial superficial F2, apresenta as mesmas
utilidades do manancial superficial F1 e características especificas como gramas, algas
ao longo do canal e solo do tipo arenoso no fundo e nas bermas entre outras e uma região
de capacitação da agua que em simultâneo funciona como caminho para passagem de
pessoas e veículos no tempo de estiagem, (ver figura 2.8).

Figura 2.8: Residentes realizando atividades, no Manancial superficial F2 do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração
própria.

Os moradores do bairro de Mútua acrescentam ainda que o manancial superficial F2


apresenta 4 meses de estiagem a citar Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro,
voltando ao regime normal no período entre fevereiro a Agosto. A figura 2.9 apresenta o
manancial F2 no estado avançado da redução de caudal.

27
Figura 2.9: Caudal reduzido no Manancial superficial F2 do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração própria

Em todo Bairro existem duas torneiras da FIPAG que se encontram operacionais


designadas na figura 2.5 por F–FIPAG1 (Latitude 19°27'60"S e Longitude 34°36'23"L )
e F–FIPAG2 (Latitude 19°28'00"S e Longitude 34°36'10"L) – A agua bruta provem de
manancial superficial do rio Pungue na zona de Dingue-Dingue e a estação de tratamento
localiza-se em Mútua. Se pode observar na figura 2.10, residentes de Mútua beneficiando
de agua da FIPAG

Figura 2.10: Residentes do bairro de reassentamento de Mútua beneficiando-se de agua da FIPAG, Elaboração própria

A razão do enquadramento de F–FIPAG1 e F–FIPAG2 como fonte ou manacial


superficial, deve-se ao facto dos mesmos resultarem de uma captação superficial no rio
Pungue na zona de Dingue-Dingue. A seguir apresenta-se na figura 2.11 o contador da
FIPAG que representa F–FIPAG1.

28
Figura 2.11: Contador F–FIPAG1, do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração própria

2.4.2 Fonte ou Manancial Subterrâneo (FS1, FS2, FS3, FS4, FS5, FS6, FS7, FS8 e
FS9)
O bairro de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique, possui um
total de 09 mananciais subterrâneos. As fontes subterrâneas encontram-se ilustrados na
figura 2.5, sendo 1 furo para cada unidade (o bairro contem 8 unidades a citar unidade A,
B,C, D, E, F, G e G-2), onde a unidade G-2 é única unidade que possui 2 furos, as aguas
de todo furo possuem utilidade das necessidades básicas da população local, como é o
caso de uso domestico, consumo humano entre outras necessidades. Os furos possuem
seguinte localização:

 Unidade A: FS1 (Latitude 19°28'01"S e Longitude 34°36'15"L) – Fontenárias


compostas por sistemas manuais para a sucção da água, pavimento e paredes em
betao armado, torre com iluminação acoplada a painel solar, para facilitar
captação da agua em períodos, se pode observar na figura 2.12 a captação de água
em uma das fontenárias do bairro de Mútua, província de Sofala – Moçambique.

29
Figura 2.12: Fontenária com sistema manual do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração própria

A seguir apresenta-se na figura 2.13 a placa de etiqueta das fontenárias que contem
informações relativamente aos equipamentos manuais de sucção da água para fins de
estudo ou manutenção.

Figura 2.13: Placa de etiqueta das Fontenária com sistema manual do bairro de reassentamento de Mútua, Elaboração própria.

 Unidade B: FS6 (Latitude 19°27'59"S e Longitude 34°36'33"L) – Fontenárias com


características da fontenária FS1, (ver figura 2.12 e 2.13).
 Unidade C: FS2 (Latitude 19°27'51"S e Longitude 34°36'21"L) – Fontenárias com
características da fontenária FS1, (ver figura 2.12 e 2.13).
 Unidade D: FS7 (Latitude 19°27'48"S e Longitude 34°36'32"L) – Fontenárias
com características da fontenária FS1, (ver figura 2.12 e 2.13).
 Unidade E: FS8 (Latitude 19°27'52"S e Longitude 34°36'42"L) – Fontenárias com
características da fontenária FS1, (ver figura 2.12 e 2.13).

30
 Unidade F: FS9 (Latitude 19°27'51"S e Longitude 34°36'50"L) – Fontenárias com
características da fontenária FS1, (ver figura 2.12 e 2.13).
 Unidade G: FS3 (Latitude 19°27'37"S e Longitude 34°36'27"L) – Possui furo com
sistema canalizado, tanque elevatório, bomba elétrica, painel solar que fornece
energia fotovoltaica a bomba e este eleva a água para o reservatório em PVC de
1000 litros que está localizado a sensivelmente 7.5 m de altura e este abastece por
gravidade nas toneiras apresentadas na figura 2.14.

Figura 2.14: Sistema de abastecimento de agua por meio de manancial subterrâneo da Unidade G do bairro de reassentamento de
Mútua, Elaboração própria.

A figura 2.15 ilustra um residente do bairro de reassentamento de Mútua, unidade G


beneficiando-se da água DO furo FS3.

Figura 2.15: Residente da Unidade G do bairro de reassentamento de Mútua, beneficiando-se de agua do furo FS3, Elaboração
própria.

 Unidade G-2: FS4 (Latitude 19°27'30"S e Longitude 34°36'32"L) – Sistema com


características similares da Unidade G (FS3)

31
 Unidade G-2: FS5 (Latitude 19°27'28"S e Longitude 34°36'41"L) – Sistema com
características similares da Unidade G (FS3)

2.4.3 Fonte ou Manancial de águas meteóricas (Chuvas)

O Mercado 25 de Setembro possui um sistema preparado para coletar toda agua que cai
para cobertura e canaliza-las a um tanque de água térreo em betão armado, casa de bomba
e um segundo tanque elevado que abastece a população do mercado, (ver figura 2.16). O
mesmo procedimento se verifica na Escola Primaria Completa Heróis Moçambicanos –
Dondo (ver figura 2.17) e na Escolinha 25 de Setembro, porem as águas são coletadas
para Tanques de água em PVC de 1500 litros e canalizadas para pontos de consumo.

Figura 2.16: Sistema de coleta, reservação e abastecimento de água no mercado 25 de Setembro do bairro de reassentamento de
Mútua, Província de Sofala – Moçambique, Elaboração própria.

Figura 2.17: Sistema de coleta, reservação e abastecimento da Escola Primaria Completa Heróis Moçambicanos - Dondo do bairro
de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique, Elaboração própria.

32
A figura 2.18, apresenta o sistema de coleta de água das chuvas, reservação e
abastecimento de água a Escolinha 25 de Setembro do bairro de reassentamento de
Mútua, Província de Sofala – Moçambique.

Figura 2.18: Sistema de coleta, reservação e abastecimento da Escolinha 25 de Setembro do bairro de reassentamento de Mútua,
Província de Sofala – Moçambique, Elaboração própria.

2.5 Descrição dos tipos de serviços de abastecimento de água existentes no bairro de


reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.
De acordo com as entrevistas realizadas aos residentes do bairro de Mútua, Província de
Sofala – Moçambique, considerando os estudos realizados no item 1.3 inerente ao acesso
a agua e saúde publica apresentado por HOWARD e BARTRAM, 2003. Tornou-se
possível a produção quadro de resumo dos níveis de acesso ou serviços de abastecimento
de agua apresentados na tabela 2.2 e 2.3.

De acordo com os resultados apresentados na tabela 2.2 e 2.3, em função de cada fonte
de abastecimento de agua, se pode concluir que de um modo geral o nível de acesso ou
níveis de servicos de abastecimento de agua no bairro de Mútua é acesso básico onde os
residentes tem um consumo medio por pessoa de 20 litros / dia, percorrendo distancias
entre 100 a 1000 m o equivalente 5 a 30 minutos de tempo total de coleta, onde o consumo
humano pode ser assegurado por meio de tratamentos caseiros, verifica-se também a
higiene das mãos e higiene alimentar básica, oferecendo dificuldades para lavagem de
roupa e o banho, sendo muitas vezes realizado nas fontes (ver figura 2.7 e 2.8), sendo a
medida de acesso a agua – distancia percorrida e tempo gasto classificada como alto.

33
Tabela 2.2: Níveis de acesso à água segundo a estimativa de volume de água coletado, distância percorrida, necessidades atendidas
e consequentes efeitos à saúde, do bairro de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique, Elaboração própria.

Fonte ou Designação da Estimativa Medida de acesso


Medida de acesso à água - Medida de acesso à água -
manancial Fonte ou Nível de de volume à água - distância
distância percorrida e distância percorrida e tempo
manancial Acesso de água percorrida e
tempo gasto gasto
coletado tempo gasto
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
F1 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
F2 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
Fonte ou
seja realizada na fonte
Manancial
Consumo assegurado. Higiene -
Superficial Água entregue através de
toda a segurança básica do
50 litros per uma torneira pública (ou
Acesso indivíduo e de alimentos
F–FIPAG1 capita por distância percorrida dentro Baixo
intermediário assegurada. Lavagem de roupas
dia de 100m ou 5 minutos de
e banho também podem ser
tempo total de coleta
assegurados
Consumo assegurado. Higiene -
Água entregue através de
toda a segurança básica do
50 litros per uma torneira pública (ou
Acesso indivíduo e de alimentos
F–FIPAG2 capita por distância percorrida dentro Baixo
intermediário assegurada. Lavagem de roupas
dia de 100m ou 5 minutos de
e banho também podem ser
tempo total de coleta
assegurados
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS1 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS2 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS3 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
Fonte ou 20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
Manancial FS4 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
Subterrâneo dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS5 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS6 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS7 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte

34
Tabela 2.3: Continuação Níveis de acesso à água segundo a estimativa de volume de água coletado, distância percorrida, necessidades
atendidas e consequentes efeitos à saúde, do bairro de reassentamento de Mútua, Província de Sofala – Moçambique, Elaboração
própria.

Fonte ou Designação da Estimativa Medida de acesso


Medida de acesso à água - Medida de acesso à água -
manancial Fonte ou Nível de de volume à água - distância
distância percorrida e distância percorrida e tempo
manancial Acesso de água percorrida e
tempo gasto gasto
coletado tempo gasto
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS8 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
Fonte ou
seja realizada na fonte
Manancial
Consumo pode ser assegurado.
Subterrâneo
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
FS9 Acesso básico capita por Alto
minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
Mercado 25 de 100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
Acesso básico capita por Alto
Setembro minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Fonte ou
Escola Primaria Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
Mananciais 20 litros per
Completa Heróis 100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
de águas Acesso básico capita por Alto
Moçambicanos – minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
meteóricas dia
Dondo coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
Consumo pode ser assegurado.
Distância percorrida entre A higiene das mãos e higiene
20 litros per
Escolinha 25 de 100 e 1000m ou 5 a 30 alimentar básica é possível. A
Acesso básico capita por Alto
Setembro minutos de tempo total de lavagem de roupa e o banho é
dia
coleta difícil de garantir a menos que
seja realizada na fonte
F1-Fonte ou manancial superficial 1; F2-Fonte ou manancial superficial 2; F–FIPAG1 -Fonte da FIPAG1; F–FIPAG2-Fonte da FIPAG
2; FS1-Fonte ou manancial superficial 1; FS2-Fonte ou manancial superficial 2; FS3-Fonte ou manancial superficial 3; FS4-Fonte ou
manancial superficial 4; FS5-Fonte ou manancial superficial 5; FS6-Fonte ou manancial superficial 6; FS7-Fonte ou manancial
superficial 7: FS8-Fonte ou manancial superficial 8; FS9-Fonte ou manancial superficial 9.

Segundo a entrevista realizada aos residentes do bairro de reassentamento de Mútua,


Província de Sofala – Moçambique, cada unidade possui um comité formado por FHI que
possui um presidente, que são responsáveis por selar pelo funcionamento contínuo das
fontenárias e sistemas de abastecimento de agua por meio de furos, garantindo assim as
manutenções necessárias dos equipamentos envolvidos. Este comité também é
responsável em fazer a coleta de contribuição de 25Mtn feita por cada família da unidade.
Este valor serve para garantir o pagamento dos técnicos ou funcionários do comité e a
manutenção dos equipamentos envolvidos.

Os moradores acrescentam ainda que em tempos passados a FIPAG implantou 07 torneira


nas unidades A, B, C, D, E, F e G, onde estipulou uma taxa de 25Mtn/família, porem não
teve muita aderência, pois os residentes já contribuíam o mesmo valor nos comités
formados pelo FHI pelo fraco poder económico da população. Atualmente o bairro de

35
Mútua possui apenas 02 torneiras da FIPAG que se encontram operacionais designados
neste trabalho por F-FIPAG1 e F-FIPAG2.

2.6 Proposta de medidas de melhoramento de abastecimento de água para o bairro


de reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique.
A tabela 2.4 e 2.5 apresenta os dispositivos atuais ou problemas existentes e dispositivos
ou melhoria proposta para cada fonte ou manancial de abastecimento de agua relativo aos
componentes da melhoria de abastecimento de agua. De forma particularizada em função
de cada fonte, destaca-se as melhorias, no entanto a tabela 2.4 e 2.5 apresentam melhoria
para todas fontenárias existentes, de um modo geral se pode concluir que há uma grande
necessidade de melhoramento e aumento massivo da rede de distribuição de água potável,
uma vez que a escassos metros se encontra a estação de tratamento de água de Mútua e
existe canalização da FIPAG no bairro de Mútua para duas torneiras públicas, porem não
contem a rede de distribuição para todo bairro facto que coloca em causa a saúde pública
da população.Como medidas de melhoramento de abastecimento de água para o bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique propõem-se montagem de
sistema de bomba elétrica submersível com painel solar que permita fornecer energia
fotovoltaica a bomba elétrica para captação de água com menos esforço, realização de
pelo menos 5 furos com sistema de abastecimento de agua publica (bomba submersível,
canalização, torre, tanque de agua) em cada unidade, reduzindo assim a problemática de
agua e aderência aos mananciais superficiais do tipo F1 e F2 utilizado no bairro de
reassentamento de Mútua, para edifícios de fontes ou mananciais de aguas meteóricas
propõem-se construção de 1 furo com sistema de abastecimento de água pública (bomba
submersível, canalização, torre, tanque de agua) em cada instalação que contem a
captação de água das chuvas por meio de cobertura, reduzindo assim a problemática de
água em períodos secos, sensibilizar a população por meio de palestras a ferver agua de
modo a eliminar possíveis microrganismos existentes na agua ou aplicar cloro para
desativação da maioria dos microrganismos, construir rede de distribuição de água
potável para todo bairro de reassentamento de Mútua, eliminando assim a problemática
da agua e elevando o nível de serviço para o acesso ideal, aumento a capacidade de
cisternas em função do número de consumidores de cada unidade de modo a garantir
abastecimento de água a população no inverno e em períodos de manutenção e montagem
de torneiras públicas em todas fontes subterrâneas tendo em conta o sistema de

36
abastecimento de água publica (bomba submersível, canalização, torre, tanque de agua)
em cada unidade.

Tabela 2.4: Quadro Dispositivo atual ou Problema existente e dispositivo ou melhoria proposta, Elaboração própria.

Componentes Dispositivo
Fontes ou manancial
da melhoria de atual ou
de abastecimento de Dispositivo ou melhoria proposta
abastecimento Problema
água (designação)
de água existente
Bomba manual
Fonte ou Manancial Montar sistema de bomba elétrica submersível com
de poço
Subterrâneo (FS1, painel solar que permita fornecer energia fotovoltaica a
profundo
FS2, FS3, FS4, FS5, bomba elétrica para captação de água com menos
(energia
FS6, FS7) esforço.
humana)
Insuficiência de
Realizar pelo menos 5 furos com sistema de
Sistema de
abastecimento de agua publica (bomba submersível,
Fonte ou Manancial abastecimento
canalização, torre, tanque de agua) em cada unidade,
Subterrâneo (FS8 e de água com
reduzindo assim a problemática de agua e aderência aos
FS9) bomba elétrica
mananciais superficiais do tipo F1 e F2 utilizado no bairro
submersível
de reassentamento de Mútua.
Captação com painel solar
Construir 1 furo com sistema de abastecimento de água
Sistema de pública (bomba submersível, canalização, torre, tanque de
Fonte ou Mananciais
captação de água agua) em cada instalação que contem a captação de água
de águas meteóricas
na Cobertura. das chuvas por meio de cobertura, reduzindo assim a
problemática de água em períodos secos.
Realizar pelo menos 5 furos com sistema de
Coleta manual, abastecimento de agua publica (bomba submersível,
Fonte ou Manancial longas canalização, torre, tanque de agua) em cada unidade,
Superficial (F1, F2) distâncias de reduzindo assim a problemática de agua e aderência aos
transporte. mananciais superficiais do tipo F1 e F2 utilizado no bairro
de reassentamento de Mútua.
Sensibilizar a população por meio de palestras a ferver
agua de modo a eliminar possíveis microrganismos
Fonte ou Manancial existentes na agua ou aplicar cloro para desativação da
Subterrâneo (FS1, maioria dos microrganismos.
Microrganismos
FS2, FS3, FS4, FS5,
FS6, FS7)

Sensibilizar a população por meio de palestras a ferver


Fonte ou Manancial
agua de modo a eliminar possíveis microrganismos
Subterrâneo (FS8 e Microrganismos
existentes na agua ou aplicar cloro para desativação da
FS9)
maioria dos microrganismos.
Sensibilizar a população por meio de palestras a ferver
Fonte ou Mananciais Tratamento água de modo a eliminar possíveis microrganismos
Microrganismos
de águas meteóricas existentes na agua ou aplicar cloro para desativação da
maioria dos microrganismos.
Não há garantias Realizar pelo menos 5 furos com sistema de
da qualidade de abastecimento de agua publica (bomba submersível,
água mesmo canalização, torre, tanque de agua) em cada unidade,
Fonte ou Manancial
com tratamento reduzindo assim a problemática de agua e aderência aos
Superficial (F1, F2)
domiciliar, É mananciais superficiais do tipo F1 e F2 utilizado no bairro
suscetível a de reassentamento de Mútua.
contaminação
Fonte ou Manancial Inexistência de Construir rede de distribuição de água potável para todo
Superficial (F– rede de bairro de reassentamento de Mútua, eliminando assim a
FIPAG1 e F– distribuição de problemática da agua e elevando o nível de serviço para o
FIPAG2) água potável. acesso ideal.

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Tabela 2.5: Continuação quadro Dispositivo atual ou Problema existente e dispositivo ou melhoria proposta, Elaboração própria

Componentes Dispositivo
Fontes ou manancial
da melhoria de atual ou
de abastecimento de Dispositivo ou melhoria proposta
abastecimento Problema
água (designação)
de água existente
Fonte ou Manancial
Subterrâneo (FS1,
FS2, FS3, FS4, FS5,
FS6, FS7) Aumentar a capacidade de cisternas em função do número
Insuficiência de
Fonte ou Manancial de consumidores de cada unidade de modo a garantir
Reservação Cisternas ou
Subterrâneo (FS8 e abastecimento de água a população no inverno e em
reservatórios
FS9) períodos de manutenção.
Fonte ou Mananciais
de águas meteóricas
Montar torneiras públicas em todas fontes subterrâneas
Fonte ou Manancial tendo em conta o sistema de abastecimento de água
Inexistência de
Subterrâneo (FS1, publica (bomba submersível, canalização, torre, tanque de
torneiras
FS2, FS3, FS4, FS5, agua) em cada unidade, reduzindo assim a problemática
Públicas
FS6, FS7) de agua e aderência aos mananciais superficiais do tipo F1
e F2 utilizado no bairro de reassentamento de Mútua.
Montar torneiras públicas em todas fontes subterrâneas
antigas e as 5 novas propostas tendo em conta o sistema
Insuficiente
Fonte ou Manancial Distribuição de abastecimento de água pública (bomba submersível,
número de
Subterrâneo (FS8 e canalização, torre, tanque de agua) em cada unidade,
torneiras
FS9) reduzindo assim a problemática de água e aderência aos
públicas
mananciais superficiais do tipo F1 e F2 utilizado no bairro
de reassentamento de Mútua.
Manter a
Fonte ou Mananciais solução de
Manter a solução de torneiras existentes
de águas meteóricas torneiras
existentes
F1-Fonte ou manancial superficial 1; F2-Fonte ou manancial superficial 2; F–FIPAG1 -Fonte da FIPAG1; F–FIPAG2-Fonte da FIPAG
2; FS1-Fonte ou manancial superficial 1; FS2-Fonte ou manancial superficial 2; FS3-Fonte ou manancial superficial 3; FS4-Fonte ou
manancial superficial 4; FS5-Fonte ou manancial superficial 5; FS6-Fonte ou manancial superficial 6; FS7-Fonte ou manancial
superficial 7: FS8-Fonte ou manancial superficial 8; FS9-Fonte ou manancial superficial 9.

38
CONCLUSÃO

1. De um modo geral metade da população Moçambicana não tem acesso ao


abastecimento de agua melhorada e menos de um quarto tem o saneamento
melhorado o que tem comprometido a saúde publica, consequentemente menor tempo
e esperança de vida.
2. O bairro de reassentamento de Mútua possui um total de 07 fontenárias com bomba
manual e 02 sistemas de abastecimento furo com sistema canalizado, tanque
elevatório, bomba elétrica, painel solar que fornece energia fotovoltaica a bomba e
este eleva a água para o reservatório em PVC de 1000 litros que está localizado a
sensivelmente 7.5 m de altura e este abastece por gravidade nas toneiras, possui duas
fontes superficiais citar fonte ou manancial superficial (F1) está localizado na
primeira Ponteca a sensivelmente 953 m antes do bairro de reassentamento de Mútua
com Latitude 19°28'32"S e Longitude 34°36'6"L, a segunda fonte ou manancial
superficial (F2) está localizado entre FS3 e FS4 a sensivelmente 2019 m relativamente
ao manancial F1, com Latitude 19°27'31"S e Longitude 34°36'32"L e 02 torneiras
publicas pertencente a FIPAG.
3. O manancial superficial F1 é caracterizado pela sua capacidade de permanecer ativo
ao longo do ano, isto é como qualquer outro manancial com a variação da estação do
ano o caudal baixa, está localizado na primeira Ponteca a sensivelmente 953 m antes
do bairro de reassentamento de Mútua com Latitude 19°28'32"S e Longitude
34°36'6"L, A Segunda fonte ou manancial superficial (F2) está localizado entre FS3
e FS4 a sensivelmente 2019 m relativamente ao manancial F1, com Latitude
19°27'31"S e Longitude 34°36'32"L e características especificas como gramas, algas
ao longo do canal e solo do tipo arenoso no fundo e nas bermas entre outras e uma
região de capacitação da agua que em simultâneo funciona como caminho para
passagem de pessoas e veículos no tempo de estiagem, Em todo Bairro existem duas
torneiras da FIPAG que se encontram operacionais designadas na figura 2.5 por F–
FIPAG1 (Latitude 19°27'60"S e Longitude 34°36'23"L ) e F–FIPAG2 (Latitude
19°28'00"S e Longitude 34°36'10"L) – A agua bruta provem de manancial superficial
do rio Pungue na zona de Dingue-Dingue e a estação de tratamento localiza-se em
Mútua, as Fontenárias compostas por sistemas manuais para a sucção da água,
pavimento e paredes em betão armado, torre com iluminação acoplada a painel solar,
para facilitar captação da água em períodos e os furos com sistema canalizado, tanque

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elevatório, bomba elétrica, painel solar que fornece energia fotovoltaica a bomba e
este eleva a água para o reservatório em PVC de 1000 litros que está localizado a
sensivelmente 7.5 m de altura e este abastece por gravidade nas toneiras
4. De modo geral o nível de acesso a agua potável no bairro de reassentamento
corresponde ao acesso básico onde as populações tem um consumo medio medio por
pessoa equivalente a 20 litros/dia e percorrem distancias entre 100 a 1000 metros onde
consumo pode ser assegurado, a higiene das mãos e higiene alimentar básica é
possível, a lavagem de roupa e o banho é difícil de garantir a menos que seja realizada
na fonte e uma medida de acesso a agua- distancia e tempo gasto classificado co, alto.
5. Como medidas de melhoramento de abastecimento de água para o bairro de
reassentamento de Mútua, província de Sofala – Moçambique propõem-se montagem
de sistema de bomba elétrica submersível com painel solar que permita fornecer
energia fotovoltaica a bomba elétrica para captação de água com menos esforço,
realização de pelo menos 5 furos com sistema de abastecimento de agua publica
(bomba submersível, canalização, torre, tanque de agua) em cada unidade, reduzindo
assim a problemática de agua e aderência aos mananciais superficiais do tipo F1 e F2
utilizado no bairro de reassentamento de Mútua, para edifícios de fontes ou
mananciais de aguas meteóricas propõem-se construção de 1 furo com sistema de
abastecimento de água pública (bomba submersível, canalização, torre, tanque de
agua) em cada instalação que contem a captação de água das chuvas por meio de
cobertura, reduzindo assim a problemática de água em períodos secos, sensibilizar a
população por meio de palestras a ferver agua de modo a eliminar possíveis
microrganismos existentes na agua ou aplicar cloro para desativação da maioria dos
microrganismos, construir rede de distribuição de água potável para todo bairro de
reassentamento de Mútua, eliminando assim a problemática da agua e elevando o
nível de serviço para o acesso ideal, aumento a capacidade de cisternas em função do
número de consumidores de cada unidade de modo a garantir abastecimento de água
a população no inverno e em períodos de manutenção e montagem de torneiras
públicas em todas fontes subterrâneas tendo em conta o sistema de abastecimento de
água publica (bomba submersível, canalização, torre, tanque de agua) em cada
unidade.

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