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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS


CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA E GESTÃO DE ÁGUA

DESCRIÇÃO DAS TECNOLOGIAS TERCIARIAS DE TRATAMENTO DE


AFLUENTES.

ANTÓNIO ACÁCIO MORELA

Engenheiro Civil Pela UniZambeze – BEIRA


Especialista em Design de Interiores e Processamento Tecnológico de Madeira pelo IFSP -
Brasil
antonioacacio4675@gmail.com

BEIRA
Setembro, 2022
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DESCRIÇÃO DAS TECNOLOGIAS TERCIARIAS DE TRATAMENTO DE


AFLUENTES.

ANTÓNIO ACÁCIO MORELA

DOCENTES: PROF. DOUTOR CASTELO BRANCO

Trabalho individual de Mestrado


denominado MEGA de caracter
avaliativo, do módulo Tecnologia para
Tratamento de Águas Residuais
submetido a apreciação do professor.

BEIRA
Setembro, 2022
ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................... IV
ABSTRACT .....................................................................................................................V
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... VI
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... IX
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA ...................................................................... XI
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
Estrutura do trabalho ........................................................................................................ 2
CAPITULO I: MARCO TEÓRICO ................................................................................. 3
1.0 Introdução .............................................................................................................. 3
1.1 Descrição de mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica .......... 3
1.1.1 Matéria orgânica ...................................................................................................... 3
1.1.2 Mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica ............................ 4
1.1.2.1 Parâmetros de avaliação da matéria orgânica. ...................................................... 6
1.1.2.1.1 CBO (Carência Bioquímica de Oxigénio). ........................................................ 7
1.1.2.1.2 CQO (Carência Química de Oxigénio). .......................................................... 10
1.1.2.1.3 COT (Carbono Orgânico Total). ..................................................................... 11
1.1.2.1.4 Avaliação da biodegrabilidade da matéria orgânica ........................................ 11
1.1.2.2 Oxigénio dissolvido em água ............................................................................. 11
1.1.2.2.1 Importância nos estudos de controlo de qualidade das águas. ........................ 13
1.1.2.3 Azotos e compostos azotados ............................................................................. 14
1.2 Descrição de tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de
nutrientes: N-nitrogénio (biológico) e P-fosforo (químico e biológico); (intensivo ou
extensivo). ...................................................................................................................... 16
1.2.1 Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de nutriente:
N-nitrogénio (biológico) ................................................................................................. 16
1.2.1.1 Processo de lodo ativado .................................................................................... 16
1.2.1.1.1 Variantes do processo de lodo ativado ............................................................ 18
1.2.1.1.2 Divisão quanto ao regime hidráulico do reator biológico................................ 18
1.2.1.1.3 Divisão quanto à idade do lodo ....................................................................... 19
1.2.1.1.4 Reatores de altíssima taxa (fluxo contínuo)..................................................... 19
1.2.1.1.5 Reatores de alta taxa (fluxo contínuo). ............................................................ 19
1.2.1.1.6 Reatores de baixa taxa (fluxo contínuo). ......................................................... 20

I
1.2.1.1.7 Remoção de nitrogênio no processo de lodo ativado....................................... 22
1.2.1.1.7.1 Balanço de Massa de Material Nitrogenado ................................................. 22
1.2.1.1.7.2 Forma e reações de material Nitrogenado .................................................... 22
1.2.1.1.7.3 Processo de Nitrificação ............................................................................... 23
1.2.1.1.7.4 Processo de desnitrificação ........................................................................... 24
1.2.1.2 Principais processos de remoção de nitrogênio com biomassa em suspensão ... 25
1.2.1.2.1 Sistema de lodo ativado com pré-desnitrificação ............................................ 25
1.2.1.2.2 Sistema de lodo ativado com pós-desnitrificação. ........................................... 26
1.2.1.2.3 Sistema de lodo ativado Bardenpho. ............................................................... 27
1.2.1.2.4 Sistema de lodo ativado UCT (University of Cape Town).............................. 28
1.2.2 Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de nutriente:
P-Fosforo (químico e biológico)..................................................................................... 29
1.2.2.1 Remoção de fosforo por precipitação química. .................................................. 29
1.3 Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de compostos
orgânicos: carvão ativado. .............................................................................................. 32
1.3.1 Processo de Adsorção em Carvão Ativado. .......................................................... 32
1.4 Descrever a tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos
suspensos: Microfiltração, membranas e nanofiltracao. ................................................. 34
1.4.1 Processos de membranas. ...................................................................................... 34
1.4.1.1 Mecanismo de remoção de poluentes por membranas. ...................................... 34
1.4.1.1.1 Colmatação das membranas. ........................................................................... 38
1.4.1.1.1 Eficiência dos processos de membranas. ......................................................... 39
1.4.1.1.2 Características especificas da MF, UF, NF OI. ............................................... 42
1.4.1.1.3 Requisitos de O & M. ...................................................................................... 44
1.4.1.1.3.1 Operação. ...................................................................................................... 44
1.4.1.1.3.2 Pré-tratamento do afluente............................................................................ 44
1.4.1.1.3.3 Lavagem de membranas. .............................................................................. 45
1.4.1.1.3.4 Manutenção. ................................................................................................. 47
1.5 Descrever a tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos
inorgânicos dissolvidos: osmose reversa e troca iónica. ................................................ 48
1.5.1 Osmose reversa ...................................................................................................... 48
1.5.2 Troca iónica ........................................................................................................... 50
1.5.2.1 Resina Catiónica: C.F.A ..................................................................................... 52
1.5.2.2 Resina Anionicas Forte: C.F.B ........................................................................... 52
1.5.2.3 Resina Catiónica Fracamente Acida: C.f.A ........................................................ 53
1.5.2.4 Resina Anionica Fracamente Basica: C.f.B ....................................................... 53

II
1.6 Descrição de dimensionamento de fossa séptica para tratamento de esgoto
domestico segundo NBR 7229 / 1993. ........................................................................... 53
1.7 Dimensionamento de um protótipo de fossa séptica para tratamento domestica. .... 54
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 59
ANEXO I: Variacao de OD em agua pura, com a salinidade, adaptado (MONTE et al,
2016). .............................................................................................................................. 61
ANEXO II: Tabela dos coeficientes e valores corresponde tentes para determinação do
volume útil total do tanque ou fossa séptica. .................................................................. 62
a) Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de
ocupante. (NBR 7229, 1993). ......................................................................................... 62
ANEXO III: Detalhes e dimensões de um tanque séptica. (NBR 7229, 1993). ............. 64
ANEXO IV: Dimensões do tanque ou fossa séptica. (NBR 7229, 1993). ..................... 65

III
RESUMO

Os microrganismos que escapam nos tratamentos de águas residuais por meios primários
e secundários devem ser removidos por tecnologias de tratamentos de águas residuais do
terceiro nível, no entanto este trabalho cinge-se essencialmente no desdobramento de
mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica, tecnologia de tratamento
terciário de afluentes de remoção de nutrientes: N-nitrogénio (biológico) e P-fosforo
(químico e biológico); (intensivo ou extensivo), tecnologia de tratamento terciário de
afluentes de remoção de compostos orgânicos: carvão ativado, tecnologia de tratamento
terciário de afluentes de remoção de sólidos suspensos: Microfiltração, membranas e
nanofiltração, tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos
inorgânicos dissolvidos: osmose reversa e troca iónica, descrição de dimensionamento de
fossa séptica para tratamento de esgoto doméstica segundo Norma Brasileira 7229 / 1993
e dimensionamento de um protótipo de fossa séptica para tratamento domestico. A
residência localiza-se na Cidade da Beira, Rua de Sofala, 6° bairro esturro, para satisfazer
um total de 5 contribuintes, com uma contribuição de despejos de 100 litro / pessoa e um
período de detenção de 1 dia, atendendo a taxa de acumulação de lodo 217 dias e
contribuição de lodo fresco de 1 litro / pessoa, considerando que a limpeza será realizado
em um intervalo de 5 anos e uma temperatura media do ambiente maior que °C, permitiu
chegar a dimensionar um volume útil total de 2585 litros por meio da metodologia
estipulada pela Norma Brasileira 7229 / 1993 atendendo a configuração geométrica do
tanque ou fossa séptica cilíndrica com diâmetro D= 1,50 m e altura H=1,80 m.

Palavra-chave: Tecnologia de tratamento, tratamento terciário, aguas residuais,


dimensionamento.

IV
ABSTRACT

The microorganisms that escape in the wastewater treatments by primary and secondary
means must be removed by third-level wastewater treatment technologies, however this
work is essentially limited to the unfolding of mechanisms of degradation and
stabilization of organic matter, technology of tertiary treatment of nutrient removal
effluents: N-nitrogen (biological) and P-phosphorus (chemical and biological); (intensive
or extensive), tertiary influent treatment technology to remove organic compounds:
activated carbon, tertiary influent treatment technology to remove suspended solids:
Microfiltration, membranes and nanofiltration, tertiary influent treatment technology to
remove inorganic solids dissolved substances: reverse osmosis and ion exchange,
description of septic tank design for domestic sewage treatment according to Brazilian
Standard 7229 / 1993 and design of a septic tank prototype for domestic treatment. The
residence is located in Cidade da Beira, Rua de Sofala, 6th esturro neighborhood, to
satisfy a total of 5 taxpayers, with an eviction contribution of 100 liters / person and a
detention period of 1 day, taking into account the sludge accumulation 217 days and fresh
sludge contribution of 1 liter / person, considering that the cleaning will be carried out in
an interval of 5 years and an average temperature of the environment greater than °C,
allowed to reach a dimension of a total useful volume of 2585 liters through the
methodology stipulated by the Brazilian Standard 7229 / 1993, taking into account the
geometric configuration of the tank or cylindrical septic tank with diameter D=1.50 m
and height H=1.80 m.

Keywords: Treatment technology, tertiary treatment, wastewater, design.

V
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Esquema da oxidação aeróbia da matéria orgânica, adaptada (Crites &
Tchobanoglous1998).…………………...…………………………………………….…6

Figura 1.2: Esquema da oxidação aeróbia da matéria orgânica, adaptada (Metcalf & Eddy,
2003)………………………………………………………………………………..……9

Figura 1.3: Simbiose entre bactérias e algas em lagoas de estabilização (JORDÃO &
PESSOA, 2010)………………………………………………………………………...13

Figura 1.5: Esquema das unidades da etapa biológica do sistema de lodo ativado, adaptado
(VON SPERLING, 2002)…………………………………………………………....…13

Figura 1.6: Representação esquemática das formas e das possíveis reações do material
nitrogenado no sistema de lodo ativado. Fonte: (VAN HAANDEL e MARAIS
1999)…………………………………………………………………………...……….23

Figura 1.7: Variação do número de oxidação de nitrogênio nos processos de nitrificação


e desnitrificação. (VAN HAANDEL e MARAIS 1999)…………………………..……24

Figura 1.8: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado com pré-


desnitrificação, adaptado. (VON SPERLING, 2002; METCALF & EDDY, 2003)…….26

Figura 1.9: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado com pós-


desnitrificação, adaptado (VON SPERLING, 2002; METCALF & EDDY, 2003)……..27

Figura 1.10: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado pelo processo


Bardenpho de 3 estágios, Adaptado (VON SPERLING, 2002; VAN HAANDEL e
MARAIS, 1999)…………………………………………………………………...……28

Figura 1.11: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado pelo processo


UCT com 5 reatores sequenciais (anaeróbio-anóxico-aeróbio-anóxico-aeróbio),
Adaptado. (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999)………………………………..……..29

Figura 1.12: Dosagem de cal em função da alcalinidade da ARU, Adaptado. (Metcalf &
Eddy, 2014)…………………………………………………………………………..…30

Figura 1.13: Variação da solubilidade com o pH para: a) fosfato de alumínio e b) fosfato


de ferro, Adaptado. (Metcalf & Eddy, 2014)……………………………………...…….32

VI
Figura 1.14: Esquema da separação de poluentes por membranas. (MONTE et al,
2016)……………………………………………………………………………...…….36

Figura 1.15: Separação de constituintes da água através da passagem pela membrana.


(Mulder, 1997)………………………………………………………………………….36

Figura 1.16: Recuperação de energia na NF e OI com dispositivo isobárico. (Metcalf &


Eddy, 2014)……………………………………………………………………………..38

Figura 1.17: Dimensão de partículas e microrganismos removidos por processos de


membranas, adptada (EPRI, 1997)……………………………………………………...39

Figura 1.18: Fenómenos de colmatação da membrana, adptada (Howe et al.,


2012)……………………………………………………………………………………39

Figura 1.19: Modos de operação: a) fluxo perpendicular (dead end flow) e b) fluxo
tangencial (cross flow). (MONTE, 2016)……………………………………………….40

Figura 1.20: Esquema de instalação de tratamento por MF e UF com alimentação


tangencial, adaptado(Metcalf & Eddy, 2014)……………………………………...……44

Figura 1.21: Esquema de instalação de tratamento por MF e UF com alimentação


tangencial com reservatório, adaptado (Metcalf & Eddy, 2014)………………………44

Figura 1.22: Esquema de instalação de tratamento por MF e UF com alimentação


perpendicular, adaptado (Metcalf & Eddy, 2014)…………………………………..…..45

Figura 1.23: Variação do fluxo de permeado numa membrana a operar a PTM constante
– sem lavagem e com lavagem em contracorrente, adaptado (Friedrich & Pinnekamp,
2006)…………………………………………………………………………………....47

Figura 1.24: Lavagem em contracorrente da membrana (MONTE, 2016)……………..47

Figura 1.24: Princípio de funcionamento da Osmose (GERBER, 2012)……………….50

Figura 1.25: Sistema de Osmose reversa (GERBER, 2012)………………………….…50

Figura 1.26: Exemplo de membranas para Osmose reversa (GERBER, 2012)……….....50

Figura 1.27: Coluna de troca iónica (GERBER, 2012)………………………………….51

Figura 1.28: Esquema de funcionamento de troca iónica (GERBER, 2012)…………….51

VII
Figura 1.28: Localizacao da residência, adaptada (Google Earth Pro, 2022)…………..55

Figura 1.29: Configuração do tanque ou fossa séptica adotado, adaptado (NBR


7229/1993)…………………………………………………………………………...…57

VIII
LISTA DE TABELAS

Figura 1.1: Percentagem de diluição da CBO5 . , adaptada (Metcalf & Eddy,2003)………9

Tabela 1.2: Classificação do sistema de lodo ativado em função da idade do lodo,


adaptada (VON SPERLING, 2002)……………………………………………….……19

Tabela 1.3: Principais características dos sistemas de lodos ativados utilizados para o
tratamento de esgotos domésticos, Adaptada parcialmente (ALEM SOBRINHO e
KATO, 1999, ALEM SOBRINHO, 2001, ALEM SOBRINHO e JORDÃO,
2001)…………………………………………………………………………………....21

Tabela 1.4.: Taxa de desnitrificação por miligrama de sólidos suspensos voláteis por dia,
em sistemas de lodo ativado com pré-desnitrificação e pós-desnitrificação. (apud
SPERLING, 1997 (ECKENFELDER & ARGAMAN, 1978; ARCEIVALA, 1981;
METCALF E EDDY, 1991 e EPA, 1993)……………………………………………....27

Tabela 1.5: Vantagens e desvantagens das diversas localizações do processo de


precipitação de fósforo. (MONTE, 2016)………………………………………………32

Tabela 1.6: Tratamento terciário, tipo de renovação e aplicação, METCALF e EDDY


(2003)…………………………………………………………………………………...34

Tabela 1.7: Vantagens e desvantagens do tratamento de AR pelos processos de


membranas (MONTE, et al, 2016)…………………………………………………..….43

Tabela 1.8: Principais caraterísticas dos processos de membranas aplicados a AR


Adaptado (Bruggen et al., 2003 e Metcalf & Eddy, 2003)…………………………...….43

Tabela 1.9: Requisitos da pre-filtracao, adaptado (EPA, 2005)……………………...…46

Tabela 1.10: Agentes de limpeza de membranas, adaptado (EPA, 2005)………………48

Tabela 1.11: Principais causas da degradação das membranas, adaptado (EPA,


2005)…………………………………………………………………………………....49

Tabela 1.12: Dados climatológicos para Cidade da Beira 1991 - 2021. (Climate-Data.Org,
a cessado em 13/06/2022)………………………………………………………………55

Tabela 1.13: Resumo de calculo de volume útil total da fossa ou tanque séptico.
Elaboração própria……………………………………………………………………...56

IX
Tabela 1.14: Resumo de cálculo de dimensões da fossa ou tanque séptico. Elaboração
própria……………………………………………………………..…….……………...56

X
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA

AR – Água Residual

NBR – Norma Brasileira

CBO – Carência Bioquímica de Oxigénio

CQO – Carência Química de Oxigénio

COT – Carbono Orgânico Total

CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio com tempo de incubação de 5 dias.

CBO7 – Carência Bioquímica de Oxigénio com tempo de incubação de 7 dias.

CBO20 – Carência Bioquímica de Oxigénio com tempo de incubação de 20 dias.

CBOc – Carência Bioquímica de Oxigénio carbonada.

CBON – Carência Bioquímica de Oxigénio Azotada.

OD – Oxigénio Dissolvido

CBO𝑢 Carência Bioquímica de Oxigénio ultima.

ARD – Água Residual Doméstica

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigénio

DQO – Demanda Química de Oxigénio

NDS – Nitrificacao e Desnitrificacao Simultanea

ST – Solidos Totais

UASB –Upflow Anaerobic Sludge Blanket

ETEs – Estacao de Tratamento de Esgoto

TRS – Tempo de Retencao de Solidos

UCT University of Cape Town

ARU – Aguas Residuais Urbnas

ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais

XI
EPT – Efluente do tratamento primário.
EBT – Efluente do tratamento biológico (antes da clarificação).
EST – Efluente do tratamento secundário (após a clarificação).
RW – Efluente bruto.
MF – Microfiltração
UF – Ultrafiltracao
NF – Nanofiltracao
OI – Osmose inversa
PTM – Pressão transmembranar
PO pressão osmótica
SDT – Sólidos Dissolvidos Totais
C.F.A – Catiônica fortemente ácida
C.f.A – Catiônica fracamente ácida
A.f.B – resinas fracamente básicas

XII
INTRODUÇÃO

Após o tratamento dos níveis preliminares, primários e secundários, alguns micro-organismos não
visíveis a olho nu passam e continuam dispersas nas águas residuais, quando não tratadas podem
levar a carência bioquímica de oxigénio, carência química de oxigénio, existência de sólidos
sedimentares, nitrogénio biológico, fosforo químico e biológico, compostos inorgânicos
dissolvidos, compostos orgânicos entre outros, no entanto a uma grande necessidade de se introduzir
o tratamento do terceiro nível de modo a remove-los e evitar problemas para o ambiente. Este
trabalho tem como objetivos descrever a tecnologia de tratamento terciário de afluentes e
dimensionar um protótipo de fossa séptica para tratamento doméstico no entanto para
concretizar este objetivo foram delimitadas seis atividades, denominadas por objetivos específicos:

1. Descrever mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica.


2. Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de nutrientes: N-
nitrogénio (biológico) e P-fosforo (químico e biológico); (intensivo ou extensivo).
3. Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de compostos orgânicos:
carvão ativado.
4. Descrever a tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos suspensos:
Microfiltração, membranas e nanofiltracao.
5. Descrever a tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos inorgânicos
dissolvidos: osmose reversa e troca iónica.
6. Descrever dimensionamento de fossa séptica para tratamento de esgoto domestica segundo
NBR 7229 / 1993.
7. Dimensionar um protótipo de fossa séptica para tratamento domestica.

Havendo a necessidade de delimitar o objeto de investigação de forma mais estreita possível, há


que precisar o seguinte campo de ação: descrição de tecnologia de coagulação para tratamento de
afluentes e dos objetivos a serem alcançados se tem a seguinte hipótese: Se se fazer uma revisão
bibliográfica, utilizando técnicas de investigação tais como: observações, entrevistas, Descrição
dos mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica, descrição da tecnologia de
tratamento terciário de afluentes de remoção de nutrientes: N-nitrogénio (biológico) e P-fosforo
(químico e biológico); (intensivo ou extensivo), Descrição da tecnologia de tratamento terciário de
afluentes de remoção de compostos orgânicos: carvão ativado, Descrever a tecnologia de
1
tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos suspensos: Microfiltração, membranas e
nanofiltracao Descrição da tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos
inorgânicos dissolvidos: osmose reversa e troca iónica Descrição de dimensionamento de fossa
séptica para tratamento de esgoto domestica segundo NBR 7229 / 1993 e Dimensionar um
protótipo de fossa séptica para tratamento domestica.é possível chegar a descrever a tecnologia
de tratamento terciário de afluentes e dimensionar um protótipo de fossa séptica para tratamento
doméstico.

Estrutura do trabalho

Este trabalho desenvolve-se em um capítulo fundamental, sendo concernente ao marco teórico onde
realiza-se desdobramento de mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica,
tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de nutrientes: N-nitrogénio (biológico)
e P-fosforo (químico e biológico); (intensivo ou extensivo), tecnologia de tratamento terciário de
afluentes de remoção de compostos orgânicos: carvão ativado, tecnologia de tratamento terciário
de afluentes de remoção de sólidos suspensos: Microfiltração, membranas e nanofiltração,
tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos inorgânicos dissolvidos:
osmose reversa e troca iónica, descrição de dimensionamento de fossa séptica para tratamento de
esgoto domestica segundo NBR 7229 / 1993 e dimensionamento de um protótipo de fossa séptica
para tratamento domestica.

2
CAPITULO I: MARCO TEÓRICO

1.0 Introdução
Este capitulo cinge-se essencialmente nos conceitos fundamentais de mecanismos de degradação e
estabilização de matéria orgânica, tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de
nutrientes: N-nitrogénio (biológico) e P-fosforo (químico e biológico); (intensivo ou extensivo),
tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de compostos orgânicos: carvão ativado,
tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos suspensos: Microfiltração,
membranas e nanofiltração, tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos
inorgânicos dissolvidos: osmose reversa e troca iónica, descrição de dimensionamento de fossa
séptica para tratamento de esgoto domestica segundo NBR 7229 / 1993 e dimensionamento de um
protótipo de fossa séptica para tratamento domestica.

1.1 Descrição de mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica

1.1.1 Matéria orgânica


Segundo MONTE et al (2016), os compostos orgânicos eram inicialmente definidos como os
produzidos por seres vivos. Porém, quando em 1828 Wöhler descobriu que um composto
tipicamente orgânico – a ureia – podia ser sintetizado em laboratório, essa definição perdeu
significado, considerando-se, atualmente, que compostos orgânicos são os que contêm átomos de
carbono. Excetuam-se desta definição os compostos da família do CO2 , como os carbonatos e
hidrogeno-carbonatos, os cianetos e um reduzido número de outros compostos.

Conforme MONTE et al (2016), no contexto desta definição, entre os compostos orgânicos de maior
interesse biológico e comercial podem citar-se os produtos petrolíferos, a borracha, os plásticos e
fibras sintéticas, os antibióticos e as vitaminas, os fertilizantes agrícolas, os pesticidas, os açúcares,
os corantes, as tintas, etc. Praticamente todas estas substâncias estão presentes nas AR.

Para MONTE et al (2016), a grande maioria dos compostos orgânicos é biodegradável. A


biodegradação é o processo de transformação dos compostos orgânicos em compostos minerais ou
inorgânicos, por ação de seres vivos, particularmente de microrganismos.

MONTE et al (2016), acrescenta ainda que a maioria dos compostos biodegradáveis presentes nas
AR são proteínas, glúcidos e lípidos. Tipicamente, as AR contêm 40 a 60 % de proteínas, 25 a 50
% de glúcidos e cerca de 10 % de lípidos (incluindo gorduras e óleos).
3
Para MONTE et al (2016), as proteínas são grupo de substâncias constitui o “material de
construção” mais comum de todos os organismos. Integradas por unidades construtivas menores –
os aminoácidos –, as proteínas possuem estruturas complexas, e pesos moleculares muito variados,
que podem atingir valores elevadíssimos. Há proteínas solúveis e insolúveis na água, pelo que são
substâncias passíveis de diferentes vias de decomposição. Todas as proteínas contêm carbono,
elemento comum à generalidade das substâncias orgânicas, assim como hidrogénio e oxigénio,
sendo caraterístico das proteínas a presença de azoto (cerca de 14 – 16 %). O fósforo, o ferro e o
enxofre estão também presentes em diversas proteínas. A ureia e as proteínas são as principais
fontes de azoto nas águas residuais domésticas. Se houver quantidades significativas de proteínas
nas águas residuais, a sua decomposição é suscetível de gerar odores nauseabundos.

Segundo MONTE et al (2016), os glúcidos, por vezes designados por glícidos, por carbohidratos
ou por hidratos de carbono, são compostos ternários de C, H e O, amplamente distribuídos na
natureza. Incluem açúcares, amidos, celulose e outras fibras. Entre os glúcidos ocorrem compostos
solúveis e insolúveis na água.

Conforme MONTE et al (2016), Óleos e gorduras são normalmente ternários (C, H e O em


diferentes proporções), são ésteres resultantes da reação de álcoois, como o glicerol, com ácidos
gordos.

1.1.2 Mecanismos de degradação e estabilização de matéria orgânica


Conforme MONTE et al (2016), a biodegradação da matéria orgânica é uma sequência de
reações redox, mediadas microbiologicamente, em que os aceitadores finais de eletrões (agente
oxidante) durante as cadeias transportadoras podem ser diversas substâncias:

 Se esse aceitador for o oxigénio (O2 ) o processo de biodegradação diz-se aeróbio;


 O processo da biodegradação diz-se anóxico se o aceitador final for o NO− −
3 ou o NO2 ;

 O processo diz-se anaeróbio se os aceitadores finais forem compostos orgânicos (e.g.


ácidos orgânicos voláteis) ou Fe+ 2−
3 , SO4 ou CO2 (Metcalf & Eddy, 2014).

Para MONTE et al (2016), os microrganismos responsáveis pela biodegradação da matéria orgânica


necessitam de uma fonte de carbono (que constitui uma fonte de energia), de fontes de azoto e de
um vasto leque de enzimas mediadoras dos processos de mineralização da matéria orgânica. Se não
ocorrerem fatores limitantes ou de inibição na degradação aeróbia da matéria orgânica, a
decomposição prosseguirá até ao pleno consumo de toda a matéria orgânica.

4
Segundo MONTE et al (2016), os produtos finais mais relevantes da oxidação da matéria orgânica
por ação de bactérias aeróbias, cujo metabolismo exige a presença de oxigénio livre O2 (que
funciona como aceitador final de eletrões) são: CO2 , H2 O, NO3− e SO2−
4 . MONTE et al (2016),

acrescenta se a decomposição da matéria orgânica for efetuada na ausência de oxigénio, por ação
de bactérias anaeróbias, a degradação decorre muito mais lentamente, segundo processos assaz
complexos, sendo os seguintes os produtos finais do processo: CH4 , NH3 , H2 𝑆, álcoois e outros. É
possível distinguir três processos mais ou menos distintos que se desenrolam no decurso da
degradação ou estabilização dos poluentes orgânicos das águas:

 Uma parcela da matéria orgânica é oxidada pelos microrganismos até à formação dos
produtos finais da reação, com a finalidade de se obter energia para as células suportarem o
seu metabolismo (expressão 1.0)
 Ao mesmo tempo, outra parte da matéria orgânica é transformada em novo tecido celular
(expressão 1.1), num processo que recorre a parte da energia libertada durante a oxidação;
 Finalmente o novo tecido celular (ou as novas células) consome parte de si próprio com a
finalidade de produção de energia de manutenção metabólica. Chama-se respiração
endógena (ou auto-oxidação) a esta terceira etapa (expressão 1.2)

Para MONTE et al (2016), no caso da estabilização aeróbia, estas três fases podem ser
traduzidas pelas expressões 1.0 a 1.3.

 Oxidação
COHNS + O2 + bactérias → CO2 + H2 O + NH3 , + outros produtos finais (1.0)

 Síntese de material celular novo (reprodução)


COHNS + O2 + bactérias + energia → C5 H7 NO2 (Novo tecido celular) (1.2)

 Respiração endógena
C5 H7 NO2 + 5O2 → 5CO2 + NH3 , + 2H2 O (1.3)

Conforme MONTE et al (2016), a matéria orgânica genericamente por COHNS (que expressa os
elementos carbono, oxigénio, hidrogénio, azoto e enxofre) e o termo C5 H7 NO2 para representar o
tecido celular, os três processos referidos podem representar-se conforme a Figura 1.1, no caso de
o processo ser aeróbio.

MONTE et al (2016), acrescenta é importante salientar que nem todas as substâncias orgânicas são
igualmente oxidáveis pelos microrganismos (durante iguais intervalos de tempo), apresentando
5
graus e ritmos de decomposição diferentes, por outras palavras, são diferentemente biodegradáveis.
Um composto terá uma alta biodegradabilidade se for facilmente oxidável/degradável pelos
microrganismos e uma baixa biodegradabilidade, em caso contrário. Intrinsecamente, a
biodegradabilidade depende da estrutura química dos compostos, designadamente da localização
dos átomos de carbono na molécula: verifica-se que os hidrocarbonetos de cadeia linear são mais
fáceis de biodegradar do que os de cadeia mais ramificada.

Figura 1.1: Esquema da oxidação aeróbia da matéria orgânica, adaptada (Crites & Tchobanoglous, 1998)

Conforme MONTE et al (2016), o conhecimento da biodegradabilidade da matéria orgânica pode


ser um elemento muito importante na seleção das opções de tratamento mais adequadas.

1.1.2.1 Parâmetros de avaliação da matéria orgânica.


Segundo MONTE et al (2016), A quantificação da matéria orgânica presente nas AR é muito
importante, e sendo impossível analisar todos os compostos orgânicos (tanto mais que a indústria
está constantemente a introduzir novas substâncias nos mercados), a avaliação da matéria orgânica
faz-se de forma agrupada e indireta, através dos parâmetros que traduzem a demanda ou carência
de oxigénio da água. Para a quantificação da matéria orgânica presente na água utilizam-se os
seguintes parâmetros:

 CBO (Carência Bioquímica de Oxigénio);


 CQO (Carência Química de Oxigénio);
 COT (Carbono Orgânico Total).

Para MONTE et al (2016), Cada um destes parâmetros avalia a quantidade de matéria orgânica
oxidável. Porém, fornecem informação diferente, que em certa medida se completa, pelo que
geralmente é insuficiente a determinação de apenas um destes parâmetros.

6
Conforme MONTE et al (2016), a oxidação bioquímica e a oxidação química dos compostos
orgânicos estão na base dos parâmetros pelos quais avaliamos a matéria orgânica presente nas
águas: a CBO baseia-se na oxidação bioquímica, enquanto a CQO se baseia na oxidação química
da matéria orgânica.

1.1.2.1.1 CBO (Carência Bioquímica de Oxigénio).


Conforme MONTE et al (2016), a CBO define-se como a quantidade de oxigénio utilizado na
oxidação bioquímica da matéria orgânica de uma água, durante um tempo determinado, a uma dada
temperatura, geralmente 5 dias e 20 °C, respetivamente.

Para MONTE et al (2016), este parâmetro constitui, pois, uma avaliação indireta da matéria
orgânica biodegradável presente numa água (hidratos de carbono, proteínas, gorduras), na medida
em que o que é medido experimentalmente é o consumo de oxigénio, o qual é proporcional à
quantidade de matéria orgânica que foi oxidada bioquimicamente.

Segundo MONTE et al (2016), na determinação da CBO apesar do tempo de incubação de


referência ser 5 dias, por vezes é substituído por um período de 7 dias, por razões de conveniência
prática do ponto de vista laboratorial. Note-se que nem toda a matéria orgânica é metabolizada em
5 ou em 7 dias, embora se reconheça que estes períodos de tempo são suficientes para oxidar a
maior parte da matéria orgânica. Para uma avaliação mais exata da matéria orgânica biodegradável,
a incubação deve processar-se durante 20 dias, período suficiente para oxidar 95-99 % da matéria
orgânica carbonada. Para expressar as condições do teste de determinação da CBO relativamente
ao tempo de incubação, utilizam-se índices, como por exemplo, CBO5 (20), CBO7 (20) ou CBO20
(20). A temperatura de incubação é indicada entre parêntesis, que são geralmente omitidos,
considerando-se implicitamente que se trata da temperatura de 20 °C. Frequentemente também é
omisso o índice 5, presumindo-se que CBO representa CBO5 .

Segundo MONTE et al (2016), A CBO20 . também se representa por CBOu , significando que se trata
da Carência Bioquímica de Oxigénio Última ou seja, toda a matéria orgânica é oxidável
bioquimicamente. Nesta oxidação bioquímica os microrganismos naturalmente presentes na água
vão utilizar oxigénio para metabolizar a matéria orgânica e necessitam de nutrientes para realizar
essa sua ação metabólica (expressão 1.4).

𝑛+𝑎 𝑏 3 𝑎 3
Cn Ha Ob N2 +( − 2 − 4𝑐) O2 →nCO2 +(2 − 2𝑐) H2 O+cNH3 , (1.4)
4

Para MONTE et al (2016), no caso de águas muito pobres nestes elementos nutrientes, como certos
efluentes industriais, poderá ser necessário adicioná-los à água. Analogamente, poderá ser
7
necessário proceder à inoculação da amostra com microrganismos (também designada por
sementeira) se a mesma os não contiver naturalmente em quantidade suficiente. Geralmente utiliza-
se o esgoto doméstico e/ou urbano para proceder a esta inoculação.

Conforme MONTE et al (2016), apesar de largamente utilizado, o parâmetro CBO tem algumas
limitações no que se refere ao seu significado ambiental, a principal das quais deriva da
circunstância de o oxigénio poder ser metabolicamente consumido não apenas na oxidação de
compostos orgânicos carbonados, mas caso existam bactérias nitrificantes presentes, ser utilizado
também na oxidação bioquímica de compostos inorgânicos azotados, como a amónia, que é
sucessivamente oxidada a nitrito e a nitrato Consequentemente, um valor elevado de CBO nem
sempre representa um elevado valor de matéria orgânica, pois pode englobar o consumo adicional
de oxigénio na oxidação de matéria inorgânica, por ação de bactérias nitrificantes.

Para MONTE et al (2016), é assim possível distinguir duas fases na oxidação bioquímica de
compostos orgânicos: primeiro oxidam-se os compostos carbonados que não contenham azoto,
processo que pode estender-se por cerca de 20 dias, mas que fica quase completo em 5 dias e que
corresponde à chamada CBO carbonada, representada por CBOc ; na segunda, oxidam-se os
compostos orgânicos azotados, os quais são sucessivamente oxidados a amónia, a nitritos e a
nitratos, correspondendo à CBO azotada, i.e. CBON . A Figura 1.2 traduz a CBO correspondente à
CBOc (ou simplificadamente apenas à CBO) e à CBON .

Conforme APHA et al (2005), geralmente a CBO5 não é afetada da incerteza relativa à CBON , dado
que as bactérias nitrificantes se multiplicam a uma taxa lenta, requerendo 6 a 10 dias para atingir
número suficiente para exercer uma CBON mensurável. Além disso, é possível suprimir a
interferência causada pelas reações de nitrificação no teste da CBO, através do pré-tratamento da
amostra de água por adição de agentes inibidores da atividade das bactérias nitrificantes, como a 2-
cloro-6-(triclorometil) piridina.

Segundo MONTE et al (2016),a quantificação da CBO consiste na determinação de diferença de


teor de oxigénio dissolvido presente na amostra antes e depois da incubação a 5 dias e à temperatura
de 20 °C.

8
Figura 1.2: Esquema da oxidação aeróbia da matéria orgânica, adaptada (Metcalf & Eddy, 2003)

Para MONTE et al (2016), geralmente a carga poluente das AR é tão elevada que a matéria orgânica
biodegradável presente consome todo ou quase todo o OD, pelo que é necessário fazer a diluição
desta com uma outra água não poluída, denominada “água de diluição”, sendo este método analítico
designado pelo método das diluições. Na tabela 1.1 encontram-se as diversas gamas de diluição
utilizadas na determinação de CBO.

Figura 1.1: Percentagem de diluição da CBO5. , adaptada (Metcalf & Eddy, 2003).

Origem da água Gama de Percentagem de


CBO diluição (%)*
Água residual industrial forte 200 – 70 000 0–1
Água residual urbana 40 – 200 1–5
Água residual de tratamento biológico 10 – 40 5 – 25
Água de rio poluído 0 – 10 25 – 100

Segundo MONTE et al (2016), a uma determinada temperatura, cada composto orgânico é oxidado
bioquimicamente a uma determinada velocidade. Estando presentes milhares de compostos
orgânicos nas AR, assume-se que a sua oxidação bioquímica se processa a uma velocidade k, que
é proporcional à concentração de CBOt presente na água no instante t, a qual será progressivamente
menor à medida que essa oxidação bioquímica se vai processando, o que se traduz pela expressão
1.5, que representa uma reação de 1ª ordem.

d(CBO)
dt
= K(CBO)t (1.5)

9
Onde:

K: constante da velocidade da reação (1/d);

(CBO)t – concentração de CBO no instant t (mg/L);

t – tempo (d).

Segundo MONTE et al (2016), apartir da expressão 1.5, desde que se disponha de um valor de
CBO𝑡 determinado experimentalmente, é possível calcular a CBOU, de acordo com a expressão 1.6.

CBO𝑡 = CBO𝑢 (1 − e −𝑘𝑡 ) (1.6)

k t = k 20 θ (T−20) (1.7)

Onde:

k t – constante de velocidade da reação à temperatura T (1/d);

k 20 – constante de velocidade da reação à temperatura de referência de 20 °C (1/d);

ϴ – coeficiente de Arrhenius

Segundo MONTE et al (2016), os próprios valores de ϴ dependem da temperatura (ϴ está


geralmente compreendida entre 1,01 e 1,09), diminuindo com o aumento da temperatura, mas
mantêm-se sensivelmente constantes dentro de intervalos de temperatura de 10 a 15 °C. Os valores
da constante da velocidade de reação k não são exatamente constantes, pois são influenciados pela
temperatura, mas mantêm-se constantes dentro de intervalos latos de temperatura . O coeficiente θ
é igual a 1,047 para temperaturas entre 9 e 30 °C. A expressão de Arrhenius mostra que o valor de
k cresce de cerca de 2 % por cada grau de elevação da temperatura. Efetivamente, ao fim de um dia
e à temperatura de 20 °C, oxida-se 20,6 % da matéria orgânica.

Segundo MONTE et al (2016), a expressão 1.7 de Arrhenius mostra que o valor de k cresce de cerca
de 2 % por cada grau de elevação da temperatura. Efetivamente, ao fim de um dia e à temperatura
de 20 °C, oxida-se 20,6 % da matéria orgânica.

1.1.2.1.2 CQO (Carência Química de Oxigénio).


Para MONTE et al (2016), a carência Química de Oxigénio (CQO) é um parâmetro de avaliação da
matéria orgânica presente na água que traduz o oxigénio necessário para a oxidação química dessa
matéria orgânica com dicromato de potássio (K 2 Cr2 O7 ), em condições padronizadas.

10
Segundo MONTE et al (2016), para uma mesma água, os valores de CQO são geralmente mais
elevados que os de CBO, pois o dicromato oxida quimicamente a matéria orgânica biodegradável e
a não biodegradável. Teoricamente, numa água em que todos os compostos orgânicos são fácil e
igualmente biodegradáveis, os valores de CBO e de CQO são iguais.

1.1.2.1.3 COT (Carbono Orgânico Total).


Conforme Metcalf & Eddy, (2003) a concentração total de matéria orgânica presente em águas só
pode ser avaliada através do parâmetro designado Carbono Orgânico Total (COT). Na determinação
do COT a matéria orgânica é oxidada cataliticamente a CO2, o qual é medido por infravermelhos.
A análise do COT é um teste rápido que demora cerca de 5 a 10 min, mas cuja determinação em
AR tem sido pouco habitual.

1.1.2.1.4 Avaliação da biodegrabilidade da matéria orgânica


Segundo MONTE et al (2016), A avaliação da biodegradabilidade da matéria orgânica tem
interesse, pois permite avaliar o tipo de processo de tratamento adequado para as AR (Sperling,
2007). A biodegradabilidade da matéria orgânica presente nas AR pode ser avaliada, de forma
expedita, pela razão CBO5 /CQO.

Segundo MONTE et al (2016), no caso das ARD, a razão CBO5/CQO pode variar entre 0,42 e 0,59
(Sperling, 2007), sendo usual utilizar o valor de 0,5. Dependendo do valor da razão CBO/CQO é
possível tirar conclusões sobre a biodegradabilidade de uma AR:

 CBO/CQO elevada (maior que 0,5), a fração biodegradável é grande, sendo um bom
indicador para aplicação do tratamento biológico;
 CBO/CQO intermédia (0,3 a 0,5), a fração inerte ou não biodegradável é elevada, devendo
ser efetuados estudos para determinar se é viável a aplicação de tratamentos biológicos;
 CBO/CQO baixa (menor que 0,3), a fração não biodegradável é muito elevada, possível
indicação para aplicação de tratamentos físicos-químicos.

Conforme MONTE et al (2016), no que concerne às ARU, elas são normalmente biodegradáveis,
embora o aparecimento de novos produtos, tais como os corantes, estabilizantes, produtos
tensioativos, conservantes, oxidantes, pesticidas e outras substâncias tóxicas, entre outros, possam
alterar essa biodegradabilidade.

1.1.2.2 Oxigénio dissolvido em água


Para MONTE et al (2016), o oxigénio dissolvido representa o teor de moléculas de oxigénio (O2) dissolvidas
na água, sendo costume representar-se por OD. Trata-se de um parâmetro muito importante na gestão

11
ambiental da água, por dois motivos principais: a possibilidade de formação de óxidos com quase todos os
elementos; e o seu papel no ciclo biogeoquímico do carbono, através do metabolismo dos seres vivos, tanto
no que se refere à oxidação da matéria orgânica, como à produção do próprio oxigénio por fotossíntese a
partir do CO2 .

Segundo MONTE et al (2016), a concentração de OD na água constitui um indicador importante do seu


estado de poluição: uma água não poluída apresenta elevada concentração de OD, enquanto uma água muito
poluída, como as AR não tratadas, praticamente não contém OD, porque todo o OD que se dissolva nas AR
a partir da atmosfera é rapidamente consumido na oxidação bioquímica dos poluentes orgânicos
biodegradáveis presentes na água. A estabilização da carga poluente orgânica por via biológica requer, pois,
o fornecimento intensivo de oxigénio às AR, o que é geralmente efetuado por arejamento forçado
mecanicamente. O fornecimento de ar é substituído, em alguns casos, sobretudo de ARI muito
concentradas, pelo fornecimento de O2 puro.

Conforme MONTE et al (2016), a solubilidade do oxigénio na água depende da temperatura, da


pressão atmosférica, da salinidade da água e dos poluentes presentes, diminuindo quando a
temperatura e a salinidade aumentam, (ver tabela do Anexo I).

Segundo JORDÃO e PESSOA (2010), A taxa de reintrodução de oxigênio dissolvido em águas


naturais através da superfície, depende das características hidráulicas e é proporcional à velocidade,
sendo que a taxa de reaeração superficial em uma cascata é maior do que a de um rio de velocidade
normal, que por sua vez apresenta taxa superior à de uma represa, onde a velocidade normalmente
é bastante baixa.

Conforme JORDÃO e PESSOA (2010), outra fonte importante de oxigênio nas águas é a
fotossíntese de algas, este fenômeno ocorre em maior extensão em águas poluídas ou, mais
propriamente, em águas eutrofizadas, ou seja, aquelas em que a decomposição dos compostos
orgânicos lançados levou à liberação de sais minerais no meio, especialmente os de nitrogênio e
fósforo que são utilizados como nutrientes pelas algas. Esta fonte não é muito significativa nos
trechos iniciais de rios à jusante de fortes lançamentos de esgotos. A turbidez e a cor elevadas
dificultam a penetração dos raios solares e apenas poucas espécies resistentes às condições severas
de poluição conseguem sobreviver. A contribuição fotossintética de oxigênio só é expressiva após
grande parte da atividade bacteriana na decomposição de matéria orgânica ter ocorrido, bem como
após terem se desenvolvido também os protozoários que, além de decompositores, consomem
bactérias clarificando as águas e permitindo a penetração de luz.

12
Para JORDÃO e PESSOA (2010), este efeito pode “mascarar” a avaliação do grau de poluição de
uma água, quando se toma por base apenas a concentração de oxigênio dissolvido. Sob este aspecto,
águas poluídas são aquelas que apresentam baixa concentração de oxigênio dissolvido (devido ao
seu consumo na decomposição de compostos orgânicos), enquanto que as águas limpas apresentam
concentrações de oxigênio dissolvido elevadas, chegando até a um pouco abaixo da concentração
de saturação. No entanto, uma água eutrofizada pode apresentar concentrações de oxigênio bem
superiores a 10 mg/L, mesmo em temperaturas superiores a 20°C, caracterizando uma situação de
supersaturação. Isto ocorre principalmente em lagos de baixa velocidade, onde chegam a se formar
crostas verdes de algas à superfície.

Para JORDÃO e PESSOA (2010), nas lagoas de estabilização fotossintéticas, usadas para o
tratamento de esgotos, recorre-se a esta fonte natural de oxigênio para a decomposição da matéria
orgânica pelos microrganismos heterotróficos que, por sua vez, produzem gás carbônico que é
matéria prima para o processo fotossintético. Esta simbiose pode ser representada pelo esquema da
figura 1.3.

Figura 1.3: Simbiose entre bactérias e algas em lagoas de estabilização (JORDÃO & PESSOA, 2010)

Conforme JORDÃO e PESSOA (2010), Existem outros processos de tratamento de esgotos em que
a aeração do meio é feita artificialmente, empregando-se areadores superficiais eletromecânicos ou
máquinas sopradoras de ar em tubulações contendo difusores para a redução do tamanho das bolhas.
Novos sistemas de aeração vêm sendo continuamente desenvolvidos. São utilizados também
processos em que, ao invés de aeração, introduz-se oxigênio puro diretamente no reator biológico.

1.1.2.2.1 Importância nos estudos de controlo de qualidade das águas.


Para JORDÃO e PESSOA (2010), o oxigênio dissolvido é o elemento principal no metabolismo
dos microrganismos aeróbios que habitam as águas naturais ou os reatores para tratamento biológico
de esgotos. Nas águas naturais, o oxigênio é indispensável também para outros seres vivos,
especialmente os peixes, onde a maioria das espécies não resiste a concentrações de oxigênio
13
dissolvido na água inferiores a 4,0 mg/L. É, portanto, um parâmetro de extrema relevância na
legislação de classificação das águas naturais, bem como na composição de índices de qualidade de
águas (IQAs). No IQA utilizado no Estado de São Paulo pela CETESB, a concentração de oxigênio
dissolvido é um parâmetro que recebe uma das maiores ponderações.

Segundo JORDÃO e PESSOA (2010), a concentração de oxigênio dissolvido é também o parâmetro


fundamental nos modelos de autodepuração natural das águas. Nestes modelos, são balanceadas as
entradas e saídas de oxigênio em função do tempo nas massas líquidas, de modo a prever-se sua
concentração em seus diversos pontos, o que pode ser utilizado, por exemplo, para se estimar as
eficiências necessárias na remoção de constituintes orgânicos biodegradáveis pelas estações de
tratamento de esgotos a serem construídas.

Conforme JORDÃO e PESSOA (2010), a determinação da concentração de oxigênio dissolvido em


águas é também imprescindível para o desenvolvimento da análise da DBO, demanda bioquímica
de oxigênio, que representa o potencial de matéria orgânica biodegradável nas águas naturais ou em
esgotos sanitários e muitos efluentes industriais. Em última instância, este teste bioquímico
empírico se baseia na diferença de concentrações de oxigênio dissolvido em amostras integrais ou
diluídas, durante um período de incubação de 5 dias a 20°C. O que se “mede” de fato nesta análise
é a concentração de oxigênio dissolvido antes e depois do período de incubação.

Para JORDÃO e PESSOA (2010), nos reatores anaeróbios de tratamento de esgotos ou lodos, o
oxigênio dissolvido na água exerce efeito tóxico sobre as metanobactérias, devendo ser evitado. Isto
faz com que a maioria dos reatores seja fechada. Também as elevadas cargas orgânicas aplicadas
garantem condições de anaerobiose. Em reatores que utilizam meio suporte inerte inserido
artificialmente para a formação de “películas biológicas” ou “biofilmes” e nos reatores com mantos
de lodo, onde se formam grânulos, estas estruturas naturais do próprio processo de tratamento
dificultam a entrada de oxigênio.

1.1.2.3 Azotos e compostos azotados


Para MONTE et al (2016), o azoto ou nitrogénio (N) é um nutriente vital, por ser um componente
fulcral nas estruturas tecidulares proteicas. Na forma molecular (N2 ) é relativamente inerte e é o gás
mais abundante na atmosfera (78 % em volume). A presença de compostos azotados na água é,
geralmente, indicadora de poluição. O azoto pode existir na AR sob as seguintes formas:

 Azoto molecular dissolvido N2 , decorrente da dissolução do ar na água ou da transformação


de nitratos (NO−
3 ) em N2 , por reação bioquímica intermediada por bactérias
desnitrificantes;
14
 Inorgânicas, como os iões nitrato (NO− − +
3 ), nitrito (NO2 ) e azoto amoniacal (NH4 );

 Orgânicas, como aminas e proteínas

Para MONTE et al (2016), as diversas formas em que o azoto se apresenta são transformáveis umas
nas outras, na sequência do ciclo do azoto (ver figura 1.4), com algumas fases acionadas por
microrganismos, dos quais se destacam as bactérias nitrificantes e desnitrificantes.

Figura 1.4: Ciclo de azoto (MONTE et al, 2016)

Segundo MONTE et al (2016), as principais transformações bioquímicas das formas azotadas


presentes nas AR são as seguintes:

 Aminização (5) – transformação de compostos orgânicos azotados, por ação de


microrganismos heterotróficos, em formas azotadas mais simples, mas ainda não utilizáveis
pelas plantas, como os aminoácidos;
 Amonificação (5) – transformação, por ação de microrganismos heterotróficos, dos
produtos da aminização em compostos amoniacais (assimiláveis pelas raízes de algumas
plantas);
 Nitrificação (3) – oxidação dos compostos amoniacais sucessivamente a nitrito e a nitrato,
por ação de bactérias autotróficas aeróbias, designadas por nitrificantes, e cujos géneros
mais importantes são as Nitrosomonas e Nitrobacter;
 Desnitrificação (6) – em condições anóxicas, como as que ocorrem em solos encharcados,
os nitratos podem ser reduzidos, por ação das chamadas bactérias desnitrificantes, a
compostos azotados voláteis ou pouco solúveis na água do solo. O produto final mais
importante da desnitrificação é o azoto molecular N2. Os géneros mais importantes de
bactérias desnitrificantes são: as Pseudomonas, Bacillus, Micrococcus, Achromobacter e
ainda Thiobacillus desnitrificans.

15
Segundo MONTE et al (2016), em solução aquosa o azoto amoniacal existe em duas formas – o ião
amónio NH4+ ;e o amoníaco NH3 que são reciprocamente intermutáveis, em função do pH da
solução, de acordo com a expressão 1.8.

NH3 + H2 O ⇋ NH4+ + OH − (1.8)

Segundo MONTE et al (2016), em meio alcalino, com valores de pH superiores a 7, o equilíbrio


pende para a parcela esquerda da expressão 1.8, predominando o amoníaco NH3 e para meios ácidos
(pH < 7) predomina o ião amónio NH4+ .

Para MONTE et al (2016), os nitratos são a forma mais oxidada de azoto presente nas AR. O ião
nitrito existe geralmente em pequenas concentrações, dada a sua instabilidade e propensão para ser
oxidado a nitrato ou reduzido a amónio, consoante a presença ou ausência de OD na água, mas a
sua toxicidade é mais elevada do que outras formas de azoto, sendo mesmo tóxico para as plantas
e para a vida aquática em geral.

Conforme MONTE et al (2016), os parâmetros de avaliação do teor de formas azotadas são, no


caso das formas inorgânicas, os iões NO− − +
2 , NO3 e NH4 e o azoto orgânico (N-org) no caso das

formas orgânicas, sendo também muito comum a determinação do chamado azoto Kjeldahl total
(NKT = N-org + N-NH4), parâmetro que constitui uma aproximação do azoto total (N-tot), pois
apenas não inclui o N-NO3 e o N-NO2 .

Segundo MONTE et al (2016), chama-se a atenção para o facto de os valores da concentração de


qualquer forma azotada variarem substancialmente, consoante essa concentração se expressa em
mg/L da forma azotada em questão ou em mg/L do elemento N. Por exemplo, uma água que
contenha 62 mg/L NO3 de nitratos não contém mais azoto do que outra água cujo teor de azoto
total seja 14 mg/L N, pois contêm ambas exatamente a mesma quantidade do elemento em questão.

1.2 Descrição de tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de nutrientes: N-


nitrogénio (biológico) e P-fosforo (químico e biológico); (intensivo ou extensivo).

1.2.1 Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de nutriente: N-


nitrogénio (biológico)
1.2.1.1 Processo de lodo ativado

Segundo VON SPERLING (2002), o processo de lodo ativado são sistemas biológicos amplamente
utilizados para o tratamento de despejos domésticos e industriais, em nível mundial, devido,
principalmente à qualidade do efluente e os baixos requisitos por área, além da possibilidade de se

16
variar alguns processos. No entanto, o sistema de lodo ativado inclui um índice de mecanização
superior ao de outros sistemas de tratamento, implicando em uma operação mais sofisticada e em
maiores consumos de energia elétrica. A Figura 1.5 mostra as unidades que são partes integrantes da
etapa biológica do sistema de lodo ativado:

Figura 1.5: Esquema das unidades da etapa biológica do sistema de lodo ativado, adaptado (VON SPERLING, 2002)

Segundo METCALF e EDDY (1991), no tanque de aeração (reator) ocorrem as reações


bioquímicas de remoção de matéria orgânica e, em determinadas condições, da matéria
nitrogenada. A matéria orgânica é em parte convertida em biomassa bacteriana (lodo) e em
parte mineralizada para CO2 e H2O. Devido às boas características de sedimentabilidade do
lodo, a biomassa bacteriana pode ser separada do efluente tratado por simples sedimentação
no decantador secundário, permitindo que o efluente final saia clarificado. Os sólidos
sedimentados no fundo do decantador secundário são recirculados para o tanque de aeração,
aumentando a concentração de biomassa ativa do mesmo, o que é responsável pela elevada
eficiência do sistema. Em um sistema de lodo ativado convencional os sólidos são
recirculados do fundo da unidade de decantação, por meio de bombeamento, para a unidade
de aeração. No sistema de lodo ativado, o tempo de detenção do líquido é bem baixo, da
ordem de horas, implicando em que o volume do tanque de aeração seja bem reduzido.

Conforme VAN HAANDEL e MARAIS (1999), devido à recirculação dos sólidos, estes
permanecem no sistema por um tempo superior ao do líquido. O tempo de retenção dos
sólidos é denominado idade do lodo, ou seja, a idade de lodo representa o tempo médio que
uma partícula de lodo permanece no sistema, e pode ser determinada pela razão: massa de
lodo no reator pela massa de lodo descarregada diariamente (grosseiramente dividindo-se a
quantidade de lodo (seco) contida no tanque de aeração pela quantidade diária de lodo (seco)
retirada do sistema como lodo em excesso). É o parâmetro fundamental para o
dimensionamento e operação de sistemas de lodo ativado. Ainda, no tanque de aeração,
devido à entrada contínua de alimento, na forma de DBO dos esgotos, os microrganismos

17
crescem e se reproduzem continuamente. Para manter o sistema em equilíbrio, é necessário
que se retire aproximadamente a mesma quantidade de biomassa que é aumentada por reprodução.
Este é, portanto o lodo biológico excedente, que pode ser extraído diretamente do tanque de aeração
ou da linha de recirculação.

1.2.1.1.1 Variantes do processo de lodo ativado


Desde sua concepção por LOCKETT e ADERN em 1914 apud (METCALF e EDDY, 1991),
desenvolveram-se vários sistemas que usam lodo ativado em suspensão para efetuar a
remoção de material orgânico e nutriente de águas residuárias, que deram lugar às seguintes
variantes (VON SPERLING, 2002; JORDÃO e PESSOA, 2005):

 Divisão quanto à idade do lodo

-Lodo ativado convencional


-Aeração prolongada

 Divisão quanto ao fluxo

-Fluxo contínuo
-Fluxo intermitente (batelada)

 Divisão quanto ao regime hidráulico do reator biológico

-Processo de mistura completa


-Processo tubular, pistonado ou “Plug Flow”

 Divisão quanto ao afluente à etapa biológica do sistema de lodo ativado

-Esgoto bruto
-Efluente de decantador primário
-Efluente de reator anaeróbio
-Efluente de outro processo de tratamento de esgotos

1.2.1.1.2 Divisão quanto ao regime hidráulico do reator biológico

Segundo VAN HAANDEL e MARAIS, 1999; VON SPERLING, 2002). Quanto ao regime
hidráulico do reator biológico, existe o sistema de mistura completa no qual o reator tem as
dimensões largura e comprimento igual, e o sistema pistonado, no qual o comprimento do
tanque de aeração é bem maior que a largura. O reator de mistura completa que é o nosso
caso, tem as vantagens de promover uma distribuição homogênea de oxigênio, possibilitando
18
um melhor controle na concentração de OD no licor misto, promovendo um ambiente mais
estável para ocorrência da NDS. O sistema de mistura completa apresenta uma boa
capacidade de absorver cargas tóxicas instantâneas e amenizar variações de cargas orgânicas,
pois essas se diluem rápida e uniformemente no conteúdo do tanque de aeração. No sistema
pistonado a carga orgânica é consumida ao longo do comprimento do mesmo, necessitando
gradualmente menos oxigênio dissolvido. A redução gradual de consumo de oxigênio
dissolvido pode ser atendida aplicando-se uma aeração maior no ponto de entrada do esgoto
e diminuindo-a ao longo do tanque de aeração, (Processo de Aeração Escalonada ou Aeração
Decrescente).
1.2.1.1.3 Divisão quanto à idade do lodo
Segundo VON SPERLING (2002), os sistemas de lodo ativado podem ser classificados, em
função da idade do lodo, em uma das seguintes principais categorias, conforme Tabela 1.2.

Tabela 1.2: Classificação do sistema de lodo ativado em função da idade do lodo, Adaptada (VON SPERLING, 2002).

Carga de DBO aplicada por Faixa de idade


Idade do lodo Denominação usual
unidade de volume do lodo
Reduzidíssima Altíssima taxa Inferior a 3 dias Aeração modificada
Lodo ativado
Reduzida Alta taxa 4 a 10 dias
convencional
Intermediária Intermediária 11 a 17 dias -
Elevada Baixa taxa 18 a 30 dias Aeração prolongada

1.2.1.1.4 Reatores de altíssima taxa (fluxo contínuo)


Conforme VAN HAANDEL e MARAIS, (1999) considerando JORDÃO e PESSOA (2005)
os reatores de altíssimas taxas ou de alta capacidade distinguem-se dos demais por operarem
com idade do lodo de 2 a 3 dias e tempo de detenção hidráulica de 1 a 2 horas. Nesses reatores
há pouca respiração endógena sendo exercida, visto que existe uma grande disponibilidade
de alimento, baixo TDH e pouca massa bacteriana, o que leva a uma grande produção de
lodo não estabilizado. Esse lodo em excesso pode exigir grandes unidades de tratamento para
estabilizá-lo.
1.2.1.1.5 Reatores de alta taxa (fluxo contínuo).
Segundo VON SPERLING, (2002), os reatores de alta taxa denominados de lodo ativado
convencional, operam com idade do lodo de 4 a 10 dias e o TDH no tanque de aeração é da
ordem de 6 a 8 horas. Para se economizar energia para aeração e reduzir o volume do reator
biológico, parte da matéria orgânica (em suspensão, sedimentável) dos esgotos é retirada
antes do tanque de aeração através de um decantador primário. Assim, os sistemas de lodo
19
ativado convencional tem como parte integrante o tratamento primário. Com esta idade do
lodo, a biomassa retirada do sistema no lodo de excedente requer ainda uma etapa de
estabilização no tratamento do lodo, por conter ainda um elevado teor de matéria orgânica
armazenada nas suas células

1.2.1.1.6 Reatores de baixa taxa (fluxo contínuo).


Segundo VON SPERLING (2002), os reatores de baixa taxa denominados de lodo ativado
por aeração prolongada, que é o nosso caso, opera com uma idade de lodo elevada entre 18
a 30 dias e com tempo de TDH em torno de 16 a 24 horas. Recomenda-se esse tipo de
processo para que se tenha a promoção satisfatória da nitrificação, visto que as bactérias
nitrificantes são de crescimento lento em comparação com as bactérias heterotróficas que
oxidam a matéria orgânica. Quando o sistema recebe a mesma carga de DBO de esgoto bruto
que o sistema convencional, haverá menor disponibilidade de alimento para as bactérias, ou
seja, a relação alimento/microrganismos (A/M) é menor que no processo convencional e a
quantidade de biomassa (KgSSVTA) maior. O volume do tanque de aeração é também mais
elevado. Portanto, há menos matéria orgânica por unidade de biomassa no tanque de aeração.
Em decorrência as bactérias, para sobreviver, passam a utilizar de forma mais intensa nos
seus processos metabólicos a própria matéria orgânica biodegradável componente das suas
células. Esta matéria orgânica celular é convertida em gás carbônico e água através da
respiração. Isto corresponde a uma estabilização da biomassa, ocorrendo no próprio tanque
de aeração. No entanto para a estabilização do lodo no tanque de aeração há um consumo
adicional de oxigênio (respiração endógena) que é significativo e pode ser maior que o
consumo para metabolizar o material orgânico afluente (respiração exógena). Deste modo,
os sistemas de aeração prolongada usualmente não possuem decantadores primários, para
evitar a necessidade de se estabilizar o lodo primário. Com isto, obtém-se uma grande
simplificação no fluxograma do processo, sendo o sistema composto de basicamente de
tanque de aeração e decantador secundário, conforme apresentado anteriormente na Figura
1.5. A consequência desta simplificação do sistema é o gasto elevado com energia para
aeração quando comparado com outros sistemas, já que o lodo é estabilizado aerobiamente
no tanque de aeração.
Estudos realizados por ALEM SOBRINHO e KATO (1999), ALEM SOBRINHO (2001),
ALEM SOBRINHO e JORDÃO (2001) comparam o gasto com energia elétrica na aeração
para os principais sistemas de lodo ativado e suas principais características no tratamento de
esgotos domésticos, como se observa na Tabela 2.2. Como veremos posteriormente, uma das
20
maneiras de se reduzir o gasto com energia elétrica em um sistema de aeração prolongada,
sem reduzir a eficiência dos processos, é adaptando o sistema para operar em condições
controladas com baixas concentrações de oxigênio dissolvido, desenvolvendo o processo de
nitrificação e desnitrificação simultânea, tema desse estudo. Que além da economia com o
gasto de energia elétrica na aeração nos traz o beneficio da desnitrificação no sistema.

Tabela 1.3: Principais características dos sistemas de lodos ativados utilizados para o tratamento de esgotos domésticos, Adaptada
parcialmente (ALEM SOBRINHO e KATO, 1999, ALEM SOBRINHO, 2001, ALEM SOBRINHO e JORDÃO, 2001).

Modalidade
Item geral Item específico Aeração UASB-lodos
Convencional
prolongada ativados
Idade do lodo Idade do lodo (d-1) 4-10 18-30 6-10
Relação A/M
Relação A/M 0,25 a 0,50 0,07 a 0,15 0,25 a 0,40
(kgDBO.KgSSVTA.d-1)
DBO (%) 85-95 93-98 85-95
DQO (%) 85-90 90-95 83-90
Sólidos em suspensão (%) 85-95 85-95 85-95
Eficiência de
Amônia (%) 85-95 90-95 75-90
remoção (1)
Nitrogênio (%) 25-30 15-25 15-25
(1)
Fósforo (%) 25-30 10-20 10-20
Coliformes (%) 60-90 70-95 70-95
A ser tratado
60-80 40-45 20-30
(L-1 lodo.hab.ano)
Massa de lodo
A ser disposto
30-45 40-45 20-30
(L-1 lodo.hab.ano)
A ser tratado
3,5-8,0 3,5-5,5 0,5-1,0
(2)
Volume de (g-1 ST.hab.dia)
lodo A ser disposto
0,10-0,25 0,10-0,25 0,05-0,15
(g-1 ST.hab.dia)
Potência instalada (w.hab) 2,5-4,5 3,5-5,5 1,8-3,5
(3)
Energia Consumo energético
18-26 20-35 14-20
(kwh.hab.ano)
Notas:
(1)
: Pode-se alcançar eficiências maiores na remoção de N (especialmente no lodo ativado convencional e na aeração prolongada) e de
P (especialmente no lodo ativado convencional) através de etapas específicas (desnitrificação e desfosfatação). A modalidade UASB
– lodo ativado não é eficiente na remoção biológica de N e P;

(2)
: O volume de lodo é função da concentração de sólidos totais (ST), a qual depende dos processos utilizados no tratamento da Fase
líquida e da Fase sólida. A faixa superior do volume per capita de lodo a ser disposto está associada ao desaguamento por centrífuga
e filtro de correia (menores concentrações de ST no lodo desidratado), ao passo que a faixa inferior está associada a leitos de secagem
ou filtros-prensa (maiores concentrações de ST);

(3)
: A potência instalada deve ser suficiente para suprir a demanda de O 2 em cargas de pico. O consumo energético pressupõe certo
controle do fornecimento do O2, reduzindo-o em momentos de menor demanda.

21
1.2.1.1.7 Remoção de nitrogênio no processo de lodo ativado

1.2.1.1.7.1 Balanço de Massa de Material Nitrogenado

Segundo VAN HAANDEL e MARAIS (1999), o balanço de massa do material nitrogenado (Bn)
permite avaliar os procedimentos analíticos utilizados para determinar as diversas formas de
nitrogênio, e assegurar a quantificação das frações de nitrogênio presentes em sistemas de lodo
ativado. As frações nitrogenadas deixam o sistema de lodo ativado sob três formas: como material
sólido no lodo de excesso, como material dissolvido no efluente ou como nitrogênio gasoso para a
atmosfera. A expressão 1.9 apresenta o cálculo típico do balanço de massa nitrogenado.

Bn = ( MNl + MNte + MNd ) / MNta (1.9)

Sendo:
Bn: balanço de massa de material nitrogenado (mgN.d-1)
MNl: fluxo de nitrogênio descarregado no lodo de excesso (mgN.d-1)
MNte: fluxo de nitrogênio descarregado no efluente (mgN.d-1)
MNd: fluxo de nitrogênio utilizado na desnitrificação (mgN.d-1)
MNta: fluxo de nitrogênio afluente (mgN.d-1)

1.2.1.1.7.2 Forma e reações de material Nitrogenado


Segundo VAN HAANDEL e MARAIS (1999), o material nitrogenado em águas residuárias se
compõe principalmente de nitrogênio amoniacal (gasoso, NH-3, e salino, NH+4) e nitrogênio orgânico
(uréia, aminoácidos e outras substâncias orgânicas como o grupo amino). Ocasionalmente ocorrem
traços de formas oxidadas do nitrogênio, nitrito (NO-2) e nitrato (NO-3 ), a Figura 1.6 mostra de forma
esquemática as frações e possíveis reações do material nitrogenado no sistema de lodo ativado. No
caso do material nitrogenado, o parâmetro adequado para quantifica-lo é bem definido: deve-se
determinar a concentração do nitrogênio nas suas diferentes formas. Na prática usam-se testes
titulométricos, espectrofotométricos, eletrodos específicos ou cromatografia iônica para determinar
as concentrações de amônia, nitrito e nitrato. O nitrogênio orgânico pode ser determinado após a sua
conversão química para amônia (digestão). A soma da concentração de nitrogênio orgânico e
amoniacal é chamada de NKT – nitrogênio total kjeldahl.

22
Figura 1.6: Representação esquemática das formas e das possíveis reações do material nitrogenado no sistema de lodo ativado. Fonte:
(VAN HAANDEL e MARAIS 1999).

1.2.1.1.7.3 Processo de Nitrificação


Conforme BUENO (2011), a nitrificação é a oxidação biológica da amônia, tendo como produto final
o nitrato. A reação requer a mediação de bactérias especificas e se realiza em dois passos sequencias.
No primeiro passo, a amônia é oxidada para nitrito (nitritação) através da ação bioquímica das
bactérias como as do gênero Nitrossomonas. No seguinte passo, a oxidação de nitrito para nitrato
(nitratação) é mediada por bactérias como as do gênero Nitrobacter. Ambos os gêneros
Nitrossomonas e Nitrobacter somente desenvolvem atividade bioquímica na presença de oxigênio
dissolvido (OD), isto é, são aeróbios obrigatórios. Ambos os passos podem ser escritos como:

NH+4 + 3/2 O2→NO- + H


2 2O + 2H
+
(1.10)
NO- 2 + 1/2 O2→ NO- 3 +
--------------------------------------------
NH+4 + 2 O2→NO- + H
3 2O + 2H
+

Segundo VAN HAANDEL e MARAIS (1999), em temperaturas baixas (< 20ºC), a nitratação é muito mais
rápida que a nitritação, de modo que se pode considerar que a nitratação é imediata e a acumulação de nitrito
sempre será muito pequena em sistemas sob condições estacionárias. Em contraste, em temperaturas
elevadas (> 25ºC) a nitritação é mais rápida que a nitratação, e por esta razão pode haver acumulação de
nitrito quando se cria condições adequadas. A Figura 1.7 mostra a demanda de oxigênio na nitrificação
(nitritação e nitratação) e a demanda de material orgânico na desnitrificação.

Figura 1.7: Variação do número de oxidação de nitrogênio nos processos de nitrificação e desnitrificação. (VAN HAANDEL e
MARAIS 1999).

23
1.2.1.1.7.4 Processo de desnitrificação

Conforme BUENO (2011), a desnitrificação é a redução biológica de nitrato para nitrogênio


molecular, tendo-se material orgânico como redutor. Admitindo-se uma fórmula geral estrutural
CXHYOZ para material orgânico, então as reações de redução e de oxidação podem ser escritas como:

Oxidação: (1.11)

CXHYOZ + (2x-z) H2O → xCO2 + (4x+y-2z) H+ + (4x+y-2z) e

Ou:

1/(4x+y-2z) CXHYOZ + (2x-z) / (4x+y-2z) H2O → 1/(4x+y-2z) CO2 + H+ + e

Redução no caso de nitrato: (1.12)

e + 6/5H+ + 1/5 NO-3 → 1/10N 2+ 1/5 H 2O


Redox:

1/(4x+y-2z) CXHYOZ + 1/5H+ + 1/5 NO- 3


→ x / (4x+y-2z) CO2 + 1/10 N2 + 1/5* (2x+3y-z) / (4x+y-2z) H2O
Ou:

CXHYOZ + (4x+y-2z) / 5 H+ + (4x+y-2z) / 5 NO-3


→ x CO2 + 1/5 (2x+3y-2z) H2O + 1/10 (4x+y-2z) N2

Redução no caso de nitrito: (1.13)

Nitrito: e + 4/3 H+ + 1/3 NO- →


2 1/6 N +2 2/3 H O2

Redox:

1/3H+ + 1/3 NO-2 + 1/(4x + y – 2z) CXHYOZ + (2x - z) / (4x + y – 2z) H2O

→ x / (4x+y-2z) CO2 + 1/6 N2 + 2/3 H2O

Tanto as Equações 1.12 e 2.13 como a Figura 1.7 mostram claramente que, em principio, há uma
grande vantagem em usar a nitritação em vez da nitratação como caminho para remoção de nitrogênio
– no caso de nitritação a demanda de oxigênio é 25% menor que no caso de nitratação. Por outro
lado, na desnitrificação, a demanda de material orgânico no caso de redução de nitrito é somente 3/5
ou 60% da demanda no caso da redução de nitrato. Estudos realizados por VAN HAANDEL, et al.,
(2009), evidenciaram experimentalmente que a taxa de utilização de nitrito é muito menor que a taxa
de utilização de nitrato – o que reduz sensivelmente a vantagem de se produzir nitrito. Outro problema
é que somente é possível parar a nitrificação em nitrito quando as condições são favoráveis:
temperaturas acima de 25ºC a 30ºC. Por esta razão, em sistemas convencionais, normalmente, tem-

24
se a nitrificação para nitrato como primeiro passo na remoção de nitrogênio.

Segundo VAN HAANDEL, et al., (2009) Numericamente, no caso de esgoto sanitário, a


concentração do NKT no afluente geralmente é de 40 a 60 mgN.L-1, ou seja, uma fração na faixa de
0,08 a 0,12 da DQO afluente. Desta concentração total, em torno de 75 por cento é nitrogênio
amoniacal e 25 por cento é nitrogênio orgânico. Nos processos de tratamento biológico dos esgotos,
o nitrogênio orgânico é rapidamente, e quase quantitativamente, convertido em nitrogênio amoniacal
(amonificação). Se a nitrificação ocorre, e se houver capacidade de oxigenação suficiente, então
também o processo de oxidação da amônia é quase completo, deixando uma baixa concentração de
nitrogênio amoniacal. Se depois da nitrificação o processo de desnitrificação se desenvolve
eficientemente, o teor de nitrogênio dissolvido no efluente final será baixo, menos que 5 mg/L, sendo
possível observar uma eficiência de remoção de 90 a 95 por cento do nitrogênio no efluente, por
exemplo, no caso do processo de lodos ativados. A eficiência da desnitrificação depende
acentuadamente da disponibilidade de material orgânico para redução de nitrato (ou nitrito) e da
temperatura (que influi na velocidade do processo). Quando a disponibilidade de material orgânico
no afluente é insuficiente, existe a possibilidade de se adicionar um composto de baixo custo e
degradação rápida como, por exemplo, metanol ou etanol.

1.2.1.2 Principais processos de remoção de nitrogênio com biomassa em suspensão


1.2.1.2.1 Sistema de lodo ativado com pré-desnitrificação

Segundo VON SPERLING, (2002) e METCALF & EDDY (2003), tendo em vista a necessidade não
apenas da nitrificação do esgoto, como também a redução biológica do nitrato. Entende-se que, nos
dias atuais, as alternativas de pré-desnitrificação e de pós-desnitrificação, processos que podem ser
associados aos sistemas de lodos ativados, são satisfatoriamente conhecidos. O reator possui uma
zona anóxica seguida pela zona aeróbia. A nitrificação ocorre na zona aeróbia, conduzindo a
formação de nitratos. Os nitratos são direcionados a zona anóxica por meio da recirculação interna,
como se observa na Figura 1.8. Embora possa ser futuramente implantado nas ETEs em operação, o
arranjo com pré- desnitrificação tem por principal aspecto desfavorável a necessidade de grandes
vazões de recirculação de lodo da zona aerada para a zona anóxica (100 a 400%) da vazão afluente,
dependendo da concentração de nitrato a ser obtida no efluente final, acarretando elevação
significativa dos custos operacionais em função do consumo de energia elétrica por estas elevatórias
adicionais.

25
Figura 1.8: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado com pré-desnitrificação, adaptado. (VON SPERLING, 2002;
METCALF & EDDY, 2003).

1.2.1.2.2 Sistema de lodo ativado com pós-desnitrificação.


Segundo VON SPERLING (2002), o sistema é composto por um reator com uma zona
aeróbia seguida por uma zona anóxica e, opcionalmente, uma zona aeróbia final, (ver figura
1.9) A remoção de carbono e a produção de nitratos ocorrem na zona aeróbia. Os nitratos
formados entram na zona anóxica, onde são reduzidos a nitrogênio gasoso. Desta forma, não
há necessidade de recirculações internas como no sistema de pré-desnitrificação. A
desvantagem é que a desnitrificação ocorre em condições endógenas, já que a maior parte do
carbono orgânico é removido na zona aeróbia. Em decorrência a taxa de desnitrificação é
mais lenta (0,015 a 0,045mgNO3-N.mgSSV.d-1).

Para VON SPERLING, (2002); METCALF & EDDY (2003), uma possibilidade para se
aumentar a taxa de desnitrificação na zona anóxica é adição artificial de carbono orgânico
ou de se direcionar parte do esgoto bruto diretamente à zona anóxica. No entanto, o uso do
esgoto pode acarretar problemas na zona anóxica, devido à introdução de amônia não
nitrificada, deteriorando a qualidade do efluente final. Em relação à adição artificial de
carbono orgânico, há uma elevação significativa dos custos operacionais no sistema. A zona
aerada final (opcional) é operada com baixo TDH (em torno de 30 minutos). As principais
finalidades são o desprendimento das bolhas de nitrogênio gasoso e a adição de oxigênio
dissolvido antes da sedimentação.

Figura 1.9: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado com pós-desnitrificação, adaptado (VON SPERLING, 2002;
METCALF & EDDY, 2003)

26
Conforme se observa na Tabela 1.4 os valores típicos das taxas de desnitrificação por miligrama de
sólidos ativos por dia, obtidas em sistemas de lodo ativado com pré-desnitrificação e pós-
desnitrificação tendo como substrato esgoto bruto.
Tabela 1.4.: Taxa de desnitrificação por miligrama de sólidos suspensos voláteis por dia, em sistemas de lodo ativado com pré-
desnitrificação e pós-desnitrificação. (apud SPERLING, 1997 (ECKENFELDER & ARGAMAN, 1978; ARCEIVALA, 1981;
METCALF E EDDY, 1991 e EPA, 1993).

Taxa de desnitrificação específica


Taxa de desnitrificação
Tipo Posição da zona anóxica (mgNO3--N.mgSSV.d-1)
Zona anóxica a montante da zona
Esgoto bruto 0,03 – 0,11
aerada (Pré-D)
Metabolismo Zona anóxica a jusante da zona
0,015 – 0,045
endógeno aerada (Pós-D)

1.2.1.2.3 Sistema de lodo ativado Bardenpho.

Segundo VON SPERLING (2002) e VAN HAANDEL e MARAIS (1999), o processo


Bardenpho de 3 estágios corresponde a uma combinação dos dois arranjos (Pré-
desnitrificação e Pós-desnitrificação), além da zona de re-aeração final (opcional), como se
observa na Figura 1.10. A eficiência de remoção de nitrogênio é bastante elevada, da ordem
de 90% ou mais, já que os nitratos não removidos na primeira zona anóxica podem ser
removidos na segunda zona anóxica. No entanto o TRS na zona aerada deve ser suficiente
para ocorrência da nitrificação. A desvantagem desse sistema é a necessidade de reatores
com volume total maior. Existem variantes desse sistema como o Bardenpho modificado de
3 estágios com o primeiro reator anaeróbio seguido de um anóxico e um aeróbio, e o
Bardenpho modificado de 5 estágios (anaeróbio-anóxico-aeróbio-anóxico-aeróbio) que
podem agregar a remoção biológica de fósforo na zona anaeróbia do sistema. No entanto, há
uma tendência de formação de lodo filamentoso e a desnitrificação pode ser incompleta
devido à falta de matéria orgânica.

Figura 1.10: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado pelo processo Bardenpho de 3 estágios, Adaptado (VON
SPERLING, 2002; VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).

27
1.2.1.2.4 Sistema de lodo ativado UCT (University of Cape Town)

Na Figura 1.11 apresenta-se o sistema UCT que é um sistema de lodo ativado composto de
4 reatores sendo o primeiro anaeróbio, o segundo e o quarto anóxicos e o terceiro aeróbio,
podendo ou não apresentar um quinto reator, sendo este aeróbio. Após a série de reatores há
um decantador secundário. O sistema UCT, proposto por RABINOWITZ e MARAIS (1980)
apud (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999), foi desenvolvido para que, simultaneamente,
houvesse a remoção dos macronutrientes nitrogênio e fósforo. Para a remoção de fósforo
nesse sistema, assim como para o sistema Bardenpho há necessidade da presença de uma
zona anaeróbia e de material rapidamente biodegradável. No sistema UCT se evita a
introdução de nitrato na zona anaeróbia (como ocorre no sistema Bardenpho modificado com
3 e/ou 5 reatores), introduzindo- se lodo da zona anóxica para a zona anaeróbia, recirculação
“r”. Na zona anóxica a concentração de nitrato é mantida baixa através do controle da taxa
de recirculação “a” (Figura 2.9), de tal maneira que o nitrato disponível para desnitrificação
na zona anóxica se iguala à capacidade de desnitrificação nesta. O sistema UCT modificado
foi desenvolvido para assegurar que não haja introdução de nitrato, mesmo quando a
concentração de nitrato e da taxa de desnitrificação varia com o tempo. A zona anóxica do
pré-desnitrificante está dividida em duas, descarregando-se o lodo de retorno do decantador
na primeira parte e na segunda parte o lodo proveniente do reator aeróbio. Nessas condições,
a remoção de nitrato na primeira parte será completa, havendo total proteção da zona
anaeróbia, favorecendo assim a remoção de fósforo. Porém, ao configurar as zonas anóxicas
dessa maneira, o efluente pode apresentar maiores concentrações de nitrato, visto que não
existe uma zona anóxica para pós-desnitrificação e pode acarretar problemas como flotação
do lodo no decantador secundário.

Figura 1.11: Representação esquemática de um sistema de lodo ativado pelo processo UCT com 5 reatores sequenciais (anaeróbio-
anóxico-aeróbio-anóxico-aeróbio), Adaptado. (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).

28
1.2.2 Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de
nutriente: P-Fosforo (químico e biológico).
1.2.2.1 Remoção de fosforo por precipitação química.
Conforme MONTE et al (2016), a remoção de fósforo de uma ARU por tratamento
químico consiste na precipitação de fosfatos pela adição de sais de iões metálicos
multivalentes e subsequente remoção do precipitado, geralmente por decantação. Os iões
metálicos mais utilizados são o cálcio (Ca2+ ), o alumínio (Al3+ ) e o ferro (Al3+ ), sulfato
de alumínio, aluminato de sódio, cloreto férrico e sulfato ferroso.

Conforme MONTE et al (2016), Precipitação de fosfatos com cálcio: O ião cálcio é


adicionado à água na forma de Ca(OH)2 (hidróxido de cálcio, vulgarmente conhecido
como cal hidratada) reagindo com o ácido carbónico (H2 (CO)3 ) e a com a alcalinidade
da água na forma de hidrogenocarbonato, geralmente de cálcio, por ser mais
abundante (Ca(HCO)3 ) 2 , de acordo com as seguintes reações (expressões 1.14 e 1.15).

H2 CO3 + Ca(OH)2 ⇋ CaCO2 + H2 O (1.14)

Ca(HCO3 )2 + Ca(OH)2 ⇋ 2 CaCO3 + 2 H2 O (1.15)

Conforme MONTE et al (2016), a medida que o pH da ARU aumenta para um valor


superior a 10, o excesso do ião cálcio reage com os fosfatos, dando origem ao precipitado
de Ca5 OH(PO4 )3, conhecido como hidroxiapatite segundo a expressão 1.16.

5Ca2+ + 3HPO2− −
4 + 4OH ⇋ Ca 5 OH(PO4 )3 + 3H2 O (1.16)

Segundo VESILIND (2003), a solubilidade da hidroxiapatite diminui rapidamente com o


aumento de pH e a remoção de fósforo aumenta assim com a subida de pH. Em termos
gerais, pode dizer-se que todos os ortofosfatos se convertem num precipitado insolúvel
de hidroxiapatite se o pH for superior a 9,5.

Para MONTE et al (2016), de acordo com a expressão 1.16, a razão molar cálcio/fósforo
seja de 5:3, a remoção de fósforo não é estequiométrica e esta razão varia entre 1,3 a 2,0.
Em termos práticos, a quantidade de cal necessária para remover os fosfatos depende
muito mais da composição das AR, principalmente da sua alcalinidade, do que da
quantidade de fosfatos, como se pode verificar na Figura 1.12. Tipicamente, a quantidade
de cal hidratada necessária para precipitar o fósforo de uma ARU é cerca de 1,4 a 1,5

29
vezes superior à alcalinidade total da ARU (expressa em CaCO3 ). Estes parâmetros devem
ser determinados em ensaios laboratoriais.

Figura 1.12: Dosagem de cal em função da alcalinidade da ARU, Adaptado. (Metcalf & Eddy, 2014).

Segundo MONTE et al (2016), como o pH para a remoção de fósforo é elevado, deve-se


ajustar o pH nos tratamentos subsequentes. Esse ajuste é geralmente realizado pela
formação de ácido carbónico H2 CO2 resultante da adição de CO2 à AR (recarbonatação).
Atualmente, a cal hidratada é menos utilizada do que os sais de iões metálicos, devido à
maior produção de lamas e aos problemas associados ao manuseamento, ao
armazenamento e a alimentação da cal nas estações de tratamento.
Segundo MONTE et al (2016), Precipitação de fosfatos com sais de alumínio e de ferro: o
principal sal de Al3+ utilizado na precipitação de fósforo é o sulfato de alumínio, conforme a
reação apresentada na expressão 1.17.
Al2 (SO4 )3. 14H2 O + 2H2 PO− − 2−
4 + 4HCO3 ⇋ 2AlPO4 ↓ + 4CO2 + 3SO4 +18H2 O

(1.17)

Conforme MONTE et al (2016), a presença do ião sulfato resultante desta reação


determina o abaixamento do pH da AR. Ora a solubilidade do precipitado de fosfato de
alumínio é condicionada pelo pH, pelo que o uso mais eficiente do precipitante se dá
quando a solubilidade do precipitado é mínima, o que ocorre a pH entre 5,5 a 6,5,
conforme ilustrado na Figura 1.13. Geralmente as AR apresentam pH próximo da
neutralidade, pelo que o abaixamento de pH resultante da adição de sulfato de alumínio
é geralmente suficiente para atingir o pH ótimo para a precipitação dos fosfatos. Quando

30
o pH das AR já é baixo, pode justificar-se a utilização de aluminato de sódio (Na2Al2O4)
como precipitante, pois da expressão 1.18 resulta uma ligeira subida de pH.

Na2 Al2 O4 + 2H2 PO− + −


4 + CO2 ⇋ 2AlPO4 ↓ + 2Na + 4HCO3 (1.18)

Para MONTE et al (2016), tanto sais de Fe2+ como de Fe3+ podem ser utilizados na
remoção de fosfatos, com resultados semelhantes. No entanto, o mais utilizado é o cloreto
férrico (FeCl3 ), cuja recção predominante com os fosfatos, indicada na expressão 1.20, é
semelhança à do sulfato de alumínio.

FeCl3 . 6H2 O + H2 PO− − −


4 + 2HCO3 ⇋ FePO4 ↓ + 3Cl + CO2 +8H2 O (1.20)

Figura 1.13: Variação da solubilidade com o pH para: a) fosfato de alumínio e b) fosfato de ferro, Adaptado.
(Metcalf & Eddy, 2014).

Para MONTE et al (2016), as vantagens e desvantagens da remoção de fósforo em


diferentes etapas da fileira de tratamento são apresentadas na tabela 1.5.

Tabela 1.5: Vantagens e desvantagens das diversas localizações do processo de precipitação de fósforo. (MONTE,
2016).

31
1.3 Descrever tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de
compostos orgânicos: carvão ativado.

1.3.1 Processo de Adsorção em Carvão Ativado.


Conforme FILHO (2009), a adsorção em carvão ativado promove a remoção da matéria
orgânica solúvel e é utilizada quando se necessita de tratamento com qualidade mais
elevada, após o tratamento biológico ou após o tratamento físico-químico por
coagulação/floculação, sedimentação e filtração, sendo considerado um processo de
polimento.

Segundo LEGROURI et al., 2005 O carvão ativado é um dos adsorventes usados na


indústria para remoção de cor, odor, cheiro, matéria orgânica, como catalisador, no
tratamento de poluentes atmosféricos, adsorção de compostos orgânicos, removedor de
pesticidas, metais pesados, compostos orgânicos dissolvidos dentre outros.

Segundo GUERSES et al. (2005), quase todos os compostos com alto teor de carbono em
sua estrutura molecular podem ser transformados em carvão ativado, tais como ossos de
animais, serragem, algas, turfa, casca de coco, casca de babaçu, diferentes classes de
madeiras, caroço de frutas, carvões minerais e resíduos de petróleo. A escolha do material
depende da sua pureza, preço e potencial de ativação e a maioria dos materiais
carbonáceos possui certo grau de porosidade natural.

Para CLAUDINO (2003), a ativação da área superficial aumenta com a oxidação dos
átomos de carbono, podendo apresentar área superficial após a ativação de 800 m2 .g-1.
O carvão ativado contém microporos (diâmetro menor que 20 Å), mesoporos (diâmetro
entre 20-500 Å) e macroporos (diâmetro maior de 500 Å) em sua estrutura, mas a
proporção relativa varia de acordo com a origem e processo de fabricação utilizado.

Segundo FILHO (2009), a matéria orgânica adsorve na superfície dos poros das partículas
de carvão, até que sua capacidade de adsorção seja exaurida, sendo necessária sua
regeneração, que é feita por meio do seu aquecimento até volatilização do material
orgânico adsorvido, tornando os poros do carvão livres e regenerados. Águas residuárias,
oriundas do tratamento primário de uma unidade industrial foram estudadas por

32
Abdessemed & Nezzal (2002) com o objetivo de reuso. Eles realizaram testes de
coagulação/floculação usando como coagulante o FeCl3 120 mg/L em um pH ótimo de
5,5. Logo após, adicionaram carvão ativado de densidade 0,41 g/cm3 com área de 600 –
800 m2/g para a etapa de adsorção. Depois de certo tempo de contato foi feita a
ultrafiltração, utilizando uma membrana tubular inorgânica, com uma diferença de
pressão de 1 bar e uma velocidade de fluxo de 3 m/s. O resultado apresentou uma redução
na turbidez de 90 NTU para zero e a DQO foi reduzida de 165 mg/L para 7 mg/L, usando
o processo combinado, coagulação-adsorção-ultrafiltração.

A seguir apresenta-se a tabela 1.6 de tratamento terciário, tipo de remoção e aplicação


segundo METCALF e EDDY (2003), onde identifica-se o tipo de remocao, processo
inerente ao carvao activado inclusive a sua aplicação.
Tabela 1.6: Tratamento terciário, tipo de renovação e aplicação, METCALF e EDDY (2003).

Tipo de remoção Operação ou processo Aplicação


Sólidos suspensos Filtração EST
Peneiramento
Oxidação de amônia Nitrificação biológica EST
Nitrogênio Nitrificação / desnitrificação biológica EST
Nitrato Desnitrificação em estágio separado EST + nitrificação
Remoção de fósforo na corrente
Fósforo principal a RW, EPT
Nitrogênio e fósforo por Nitrificação / desnitrificação biológica e
métodos biológicos remoção de fósforo RAS

Nitrogênio e fósforo por Arraste com ar EST


métodos físicos e químicos
Cloração no ponto de ruptura EST + filtração
Troca iônica EST + filtração
Fósforo por adição química Precipitação química com sais de metais RW, EST, EBT, EST
Precipitação química com cal RW, EST, EBT, EST
Compostos tóxicos e matéria Adsorção em carvão ativado EST + filtração
orgânica refratária
Lodo ativado com carvão ativado
granular EPT
Oxidação química EST + filtração
Sólidos inorgânicos dissolvidos Precipitação química RW, EST, EBT, EST
Troca iônica EST + filtração
Ultrafiltração EST + filtração
Osmose inversa EST + filtração
Eletrodiálise EST + filtração + carvão
ativado
Compostos orgânicos voláteis Volatização e arraste com gás RW, EPT

33
Nota:

ª EPT = efluente do tratamento primário.


EBT = efluente do tratamento biológico (antes da clarificação).
EST = efluente do tratamento secundário (após a clarificação).
RW = efluente bruto.

1.4 Descrever a tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de


sólidos suspensos: Microfiltração, membranas e nanofiltracao.

1.4.1 Processos de membranas.


Para MONTE et al (2016), no tratamento de águas os processos de membranas têm por
objetivo a separação da água de poluentes dissolvidos e em suspensão coloidal,
nomeadamente sais, nutrientes, metais, poluentes orgânicos e microrganismos.

Segundo MONTE et al (2016), estes processos começaram a ser utilizados para


desmineralizar e dessalinizar água. A sua utilização estendeu-se ao tratamento de AR,
sendo aplicados na afinação de efluentes secundários e terciários. Os processos de
membranas estão ainda na base do desenvolvimento de novos processos de tratamento,
como os reatores biológicos de membrana (MBR, de Membrane Biological Reactors na
terminologia de língua inglesa).

Conforme MONTE et al (2016), sob a designação de “processos de membranas” incluem-


se diversas operações de tratamento, sendo mais utilizadas no tratamento de AR as
seguintes:

 microfiltração (MF);
 ultrafiltração (UF);
 nanofiltração (NF);
 osmose inversa (IO)

1.4.1.1 Mecanismo de remoção de poluentes por membranas.


Para MONTE et al (2016), os processos de membranas utilizam uma membrana de fina
espessura, que funciona como uma barreira física seletiva à passagem de alguns
constituintes das AR, opondo-se à passagem de outros. A seletividade da membrana
permite separar a alimentação, isto é o afluente, em duas correntes distintas: a que
atravessa a membrana, designada por permeado, e que constitui a água tratada, e o
concentrado, que contém os poluentes removidos (Figura 1.14)

34
Figura 1.14: Esquema da separação de poluentes por membranas. (MONTE et al, 2016).

Segundo MONTE et al (2016), o mecanismo que explica a seletividade das membranas


de MF, UF e NF aos constituintes cuja passagem é permitida, resulta da combinação de
uma ação de filtração (separação pelo tamanho das partículas, sendo retidos pela
membrana os constituintes de dimensão superior à dos poros da membrana) com a de uma
força motriz que separa as moléculas de água. Essa força motriz pode ser uma diferença
de pressão – positiva ou negativa (vácuo) – ou um gradiente de concentração. Nas
operações de MF, UF, NF e OI a força motriz que impulsiona a passagem do afluente
através da membrana é o gradiente de pressão entre ambos os lados da membrana,
designada pressão transmembranar (PTM), como se representa na Figura 1.15, gradiente
de pressão esse conferido pela pressurização do afluente.

Figura 1.15: Separação de constituintes da água através da passagem pela membrana. (Mulder, 1997).

Segundo MONTE et al (2016), a NF e a OI configuram um caso particular, na medida em


que também há que considerar um mecanismo de difusão de moléculas de permeado
através da membrana. Este mecanismo de difusão ocorre devido à muito reduzida
dimensão dos poros das membranas utilizadas em NF e OI. Aliás, no tratamento por OI,
35
cujas membranas têm poros de dimensão inferior a 0,0005 µm, o mecanismo de separação
é predominantemente a difusão de moléculas de pequena dimensão.

Segundo MONTE et al (2016), efetivamente, quando duas soluções, com diferente


concentração no soluto, se encontram separadas por uma membrana semipermeável,
observa-se a difusão, através da membrana, de moléculas de água da solução menos
concentrada para a mais concentrada, tendendo a igualizar a concentração de ambos os
lados da membrana.

Conforme MONTE et al (2016), este gradiente de concentração, que determina o


mecanismo de difusão, é denominado pressão osmótica (PO), a qual é função da
concentração no soluto e da temperatura. No tratamento por NF e OI há que reverter o
fluxo osmótico, através da aplicação de uma pressão superior à osmótica no lado do
afluente, de modo a impedir que a água do permeado se difunda para o concentrado.
Consequentemente, pode afirmar-se que na NF e na OI a força motriz da separação dos
constituintes dissolvidos é a diferença entre dois gradientes de pressão que atuam em
sentido contrário – a pressão transmembranar e a pressão osmótica. A PTM é traduzida
pela expressão 1.21.

Pa +Pc
PTM = − Pp (1.21)
2

Onde:
PTM – pressão transmembranar;
Pa – Pressão do afluente;
Pc – Pressão do concentrado;
Pp – Pressão do permeado

Conforme MONTE (2016), A pressão osmótica é calculada pela equação de Van’t Hoff
(expressão 1.22).

P𝑜 = θ R T C (1.22)
Onde :
P𝑜 – pressão osmótica (atm);
R – constante dos gases perfeitos (R = 0,082 L atm /(K·mol);
T – temperatura (K);
C – concentração dos poluentes no permeado (mol/L);
36
θ – coeficiente de Van´t Hof.

Segundo MONTE (2016), a indução e manutenção do gradiente de pressão que assegura


o tratamento de AR por MF, UF, NF e OI obriga a um assinalável consumo de energia,
que, pelo seu custo, constituiu durante muitos anos um obstáculo a uma mais ampla
generalização deste tipo de tratamento de AR, não obstante o seu bom desempenho na
remoção de poluentes. Nos últimos anos têm sido desenvolvidos métodos para recuperar
parte da energia consumida na NF e na OI, através da despressurização do concentrado
(produzido com elevada pressão) no chamado dispositivo isobárico, conforme
exemplificado na Figura 1.16, o que tem contribuído para alargar a aplicação destas
operações de tratamento.

Figura 1.16: Recuperação de energia na NF e OI com dispositivo isobárico. (Metcalf & Eddy, 2014)

Conforme MONTE (2016), apesar de nos processos de membrana utilizados no


tratamento de AR ser aplicada o mesmo tipo de força motriz (gradiente de pressão),
existem algumas diferenças na intensidade do gradiente e nos mecanismos de separação,
devidas a diferentes caraterísticas das membranas, como a dimensão dos seus poros,
diferenças essas que conduzem a uma aplicação seletiva na remoção de diferentes
constituintes da AR. Consequentemente, torna-se possível adotar o processo mais
adequado à remoção de determinados poluentes, conforme ilustrado na Figura 1.17, a
qual evidencia que, de um modo geral, a MF e a UF são utilizadas para a remoção de SS
em suspensão coloidal, enquanto a NF e a OI se destinam à remoção de SD.

37
Figura 1.17: Dimensão de partículas e microrganismos removidos por processos de membranas, adptada (EPRI,
1997).

1.4.1.1.1 Colmatação das membranas.


Conforme MONTE (2016), no decurso da operação dos processos de membranas vai
ocurrendo a colmatação da membrana, devido a retenção de partículas, deposição de
precipitados, adsorção de material e formação de biofilmes na superfície e nos poros da
membrana, bloqueando-os total ou parcialmente, conforme ilustrado na Figura 1.18.

Figura 1.18: Fenómenos de colmatação da membrana, adptada (Howe et al., 2012).

Conforme MONTE (2016), o grau de colmatação depende das interações entre as


partículas em suspensão e em solução com a superfície da membrana, das condições
hidrodinâmicas do escoamento e da temperatura. As condições hidrodinâmicas do
escoamento são condicionadas pelo modo de alimentação, que é geralmente tangencial à

38
membrana (cross flow) como representado na Figura 1.19, podendo também ser
perpendicular à membrana (dead-end flow), principalmente nos processos de UF e MF.

Figura 1.19: Modos de operação: a) fluxo perpendicular (dead end flow) e b) fluxo tangencial (cross flow).
(MONTE, 2016).

1.4.1.1.1 Eficiência dos processos de membranas.


Segundo MULDER (1997), a eficiência dos processos de membranas é avaliada pelo
fluxo de permeado e pela seletividade da membrana.

Segundo MONTE (2016), o fluxo de permeado (J), também designado por velocidade de
separação ou velocidade de permeação, é definido como o caudal de AR que atravessa a
membrana por unidade de área, conforme a expressão 1.23.

QP
J= (1.23)
A

Onde:
J – fluxo de permeado (L/(m2.h));
QP – caudal de permeado (L/h);
A – área de membrana (m2 ).

Segundo MONTE (2016), o fluxo de permeado é tanto maior quanto mais elevado for o
gradiente de pressão aplicado através da membrana, diminuindo com o aumento da resistência à
permeação RP, conforme indicado na expressão 1.24.
Forca motriz ∆P
J= = μR (1.24)
Resistencia P

Onde:
ΔP – gradiente de pressão;
R P – resistência à permeação;
μ – viscosidade.

39
Segundo MONTE (2016), na MF e na UF o ΔP é igual à PTM e na OI e NF o ΔP = PTM
– ΔP0. A resistência à permeação (Rp) é o somatório de várias resistências54, sendo as
duas principais componentes: a resistência hidráulica da membrana limpa (Rm) e a
resistência devida à deposição de substâncias ou partículas na superfície e interior da
membrana (Rc).

MONTE (2016), acrecenta ainda o inverso da Rm é a permeabilidade hidráulica (Lp),


caraterística muito importante inerente à própria membrana, definindo-se como a razão
entre o fluxo de permeado e o gradiente de pressão ΔP, a uma dada temperatura.

Segundo HOWE et al. ( 2012), A permeabilidade e o fluxo de permeado dependem da


viscosidade e consequentemente da temperatura. Existem várias expressões para
correlacionar a dependência do fluxo de permeado com a temperatura, como por exemplo
a expressão 1.25.

J(200 C) = JT (1,03)(20−T) (1.25)


Onde:
J(200 C) – fluxo de permeado a 20 °C;
JT – fluxo de permeado à temperatura de operação;
T – temperatura de operação (°C)

Segundo MONTE (2016), a resistência à permeação aumenta ao longo do tempo de


operação, devido ao aumento de Rc, ou seja, devido a fenómenos de colmatação da
membrana (“fouling” na terminologia de língua inglesa) e de polarização da
concentração, o que se reflete num decréscimo do fluxo de permeado. A seletividade da
membrana, entendida como a capacidade de uma membrana reter determinados
constituintes, normalmente expressa pelo coeficiente de rejeição aparente da membrana
(S), é função dos seguintes fatores: duração da vida útil e da estabilidade da membrana
relativamente a colmatação e resistência a caraterísticas químicas da água, como o pH,
pressão aplicada e hidrodinâmica do sistema (e.g. velocidade na superfície da membrana).
A seletividade da membrana é calculada pela expressão 1.26.

Ca −CP C
S= = 1 − CP (1.26)
Ca a

Onde:

40
S – Coeficiente de rejeição aparente da membrana;
Ca – Concentração do poluente no afluente;
CP – Concentração do poluente no permeado.
Segundo MONTE (2016), o coeficiente de rejeição aparente da membrana varia entre 1
(membrana ideal que retêm 100 % dos poluentes) e 0 (todos os poluentes passam através
da membrana, portanto Cp = Ca).

Conforme MONTE (2016), A seletividade da membrana pode ainda ser expressa pela
taxa de permeação ou taxa de recuperação (R), definida como a razão entre o caudal de
alimentação e o caudal de permeado, expressa em percentagem (expressão 1.27) e
depende dos mesmos fatores que o coeficiente de rejeição aparente.

QP
R=Q × 100 (1.27)
alim

Onde:
QP – caudal de permeado;
Qalim – caudal de afluente.

Segundo ASANO et al. (2007), a taxa de recuperação R do processo deve ser superior a
80 %, caso contrário corre-se o risco de o processo não ser fiável, além do risco de não
ser financeiramente viável.

Para ASANO et al. (2007), A vida da membrana constitui um fator relevante na eficiência
do processo, devido aos custos induzidos por frequentes reparações, substituições e
arranques do equipamento. Pode dizer-se que membranas cuja duração seja inferior a 3
anos comprometem seriamente a viabilidade económica do processo. Atualmente
encontram-se com facilidade no mercado membranas com vida de duração superior a 10
anos.

Segundo MONTE (2016), O desempenho da membrana deve ser avaliado em ensaios-


piloto, através dos quais é possível determinar parâmetros de dimensionamento e de
O&M, como a metodologia de lavagem apropriada.

A seguir apresenta-se Segundo MONTE (2016) Vantagens e desvantagens do tratamento


de AR pelos processos de membranas. (ver tabela 1.7).

41
Tabela 1.7: Vantagens e desvantagens do tratamento de AR pelos processos de membranas (MONTE, et al, 2016)

1.4.1.1.2 Características especificas da MF, UF, NF OI.


Segundo MONTE (2016), os processos de membrana mencionados neste capítulo podem
ser classificados em função do tipo de membrana e da intensidade da força motriz
aplicada, conforme se sintetiza na tabela 1.8.

Conforme MONTE (2016), tanto a MF como a UF podem ser aplicadas no tratamento de


AR em alternativa a outras formas de remoção de SS, como a decantação antecedida de
coagulação-floculação ou a filtração, tanto em leito granular como superficial.

Tabela 1.8: Principais caraterísticas dos processos de membranas aplicados a AR Adaptado (Bruggen et al., 2003 e Metcalf &
Eddy, 2003)

Segundo HOWE et al. (2012), na UF podem ser removidas macromoléculas (ver Figura
1.17), pelo que as membranas de UF podem ser caraterizadas não pela dimensão de poros,
mas pela dimensão das moléculas que podem ser retidas, isto é, pelo chamado limite de
42
exclusão molecular (molecular weight cut-off). As membranas de UF possuem
geralmente um cut-off entre 1 000 e 500 000 Dalton.

Segundo MONTE (2016), na MF e na UF são geralmente aplicadas três configurações


(Figura 1.20):

 duas para a alimentação tangencial à membrana (cross flow) sem e com


reservatório que recebe a recirculação do concentrado e a água a tratar;
 uma para a alimentação perpendicular (dead-end flow) sem recirculação de
concentrado.

Segundo MONTE (2016), os requisitos para as unidades de NF e de OI são diferentes das


de MF e UF, uma vez que a pressão de trabalho é mais elevada e o tipo de módulo de
membranas tipicamente utilizado – módulo em espiral – só permite limpeza química. A
figura 1.20 representa o esquema de instalação de tratamento por MF e UF com
alimentação tangencial.

Figura 1.20: Esquema de instalação de tratamento por MF e UF com alimentação tangencial, adaptado(Metcalf & Eddy, 2014).

A figura 1.21 representa o esquema de instalação de tratamento por MF e UF com


alimentação tangencial com reservatório.

Figura 1.21: Esquema de instalação de tratamento por MF e UF com alimentação tangencial com reservatório, adaptado (Metcalf &
Eddy, 2014).

43
A figura 1.22 representa o esquema de instalação de tratamento por MF e UF com
alimentação perpendicular.

Figura 1.22: Esquema de instalação de tratamento por MF e UF com alimentação perpendicular, adaptado (Metcalf & Eddy, 2014).

1.4.1.1.3 Requisitos de O & M.

1.4.1.1.3.1 Operação.
Conforte MONTE (2016), os processos de membranas, tal como a filtração, devem ser
operados de modo que o ciclo de operação seja o mais longo possível, sem prejuízo da
qualidade da água tratada. um dos fatores contribuintes para a longevidade do ciclo
operativo de um processo de membranas é o pré-tratamento da AR afluente à unidade de
tratamento por membranas. Outro fator fundamental consiste na lavagem das membranas.

1.4.1.1.3.2 Pré-tratamento do afluente.


Para MONTE (2016), o pré-tratamento é aplicado para minimizar a incrustação, a
colmatação e a degradação da membrana, prolongando assim a sua vida útil. Existem
vários tipos de pré-tratamento, que podem ser agrupados em duas categorias: a pré-
filtração e o condicionamento químico.

Segundo EPA (2005), a pré-filtração é utilizada para remover partículas de maior


dimensão que podem danificar a membrana. Os requisitos de pré-filtração dependem do
tipo e do módulo de membranas, como se apresenta na tabela 1.9.

44
Tabela 1.9: Requisitos da pre-filtracao, adaptado (EPA, 2005)

Para MONTE (2016), o condicionamento químico da água a tratar é importante para


eliminar microrganismos e SDT que podem precipitar sobre a membrana (e.g.
hidrogenocarbonato de cálcio, que precipita na forma de carbonato de cálcio), com a
consequente diminuição do fluxo de permeado. O pré-tratamento por condicionamento
químico pode ser efetuado por meio de: ajuste de pH, precipitação de sólidos dissolvidos
e adição de desinfetantes para remoção de microrganismos (e.g. cloragem).

Para EPA (2005), os parâmetros mais utilizados para averiguar da necessidade de pré-
tratamento na NF e OF são o índice de colmatação ou índice de densidade de sedimentos
(SDI – Silt Density Index) e a turvação da água. Para valores de SDI > 2 é recomendado
um pré-tratamento antes da alimentação à unidade de NF ou de OI, de modo a prolongar
a duração do ciclo de filtração.

Para ASANO et al., (2007) o pré-tratamento da água é indispensável na NF e na OI, se a


turvação da água de alimentação exceder 0,5 UNT.

1.4.1.1.3.3 Lavagem de membranas.


Para MONTE (2016), em geral, um ciclo de lavagem é desencadeado quando é excedido
um dos parâmetros operacionais da membrana, tal como o tempo de operação, o aumento
da PTM ou a redução do fluxo de permeado. Idealmente, o processo de lavagem restaura
a PTM ou o fluxo para o nível da membrana nova. No entanto, ao longo do tempo
observa-se um aumento gradual da PTM ou uma diminuição do fluxo de permeado após
cada ciclo de lavagem, conforme ilustrado na Figura 1.23, indicando que nem todo
material depositado e/ou adsorvido na membrana foi removido pela operação de lavagem.

45
Segundo MONTE (2016), A limpeza da membrana pode ser efetuada por lavagem em
contracorrente com água permeada (backwash) e/ou por lavagem química.

Figura 1.23: Variação do fluxo de permeado numa membrana a operar a PTM constante – sem lavagem e com lavagem em
contracorrente, adaptado (Friedrich & Pinnekamp, 2006).

Segundo MONTE (2016), a lavagem em contracorrente consiste na inversão do fluxo de


permeado, arrastando o material depositado no interior da estrutura porosa ou à
superfície da membrana, conforme representado na Figura 1.24.

Figura 1.24: Lavagem em contracorrente da membrana (MONTE, 2016).

Segundo MONTE (2016), para minimizar a perda de filtrado e otimizar a lavagem em


contracorrente é necessário controlar a pressão aplicada na inversão do fluxo,
coadjuvando, por vezes, com a utilização de ar e/ou desinfetante (e.g. cloro) dissolvido
sob pressão na água de lavagem, ajudando assim a remover os sólidos, a inativar
microrganismos e a controlar a bio-incrustação.

Para EPA (2005), a lavagem química pode recorrer a diversos produtos químicos,
consoante a natureza dos poluentes causadores da colmatação. Por exemplo, o ácido
cítrico é utilizado para dissolver as substâncias orgânicas e inorgânicas. Na tabela 1.10
apresentam-se os diferentes agentes de lavagem e as substâncias eliminadas. A seleção
46
do agente de lavagem deve ter em conta a variedade de contaminantes presentes e a
compatibilidade com o material da membrana e do módulo.

Tabela 1.10: Agentes de limpeza de membranas, adaptado (EPA, 2005)

1.4.1.1.3.4 Manutenção.
Segundo MONTE (2016), a manutenção das unidades de membranas inclui tarefas de
limpeza e lubrificação dos diversos equipamentos, com pelo menos a frequência
recomendada pelos fornecedores, e ainda a realização de testes de integridade das
membranas, destinados a identificar e isolar problemas na instalação e/ou nas membranas.
Os testes de integridade podem ser diretos ou indiretos.

Conforme EPA (2005), Os testes diretos baseiam-se em técnicas não destrutivas, que
exigem a paragem da unidade de membranas, o que pode conduzir a uma perda de
produtividade. Estes testes podem ser classificados em dois tipos:

 testes de pressão – envolve a aplicação de pressão ou vácuo de um dos lados da


membrana e a medição de perda de pressão através da membrana;
 testes de marcadores – envolve a aplicação de um marcador (e.g. marcadores
moleculares) no afluente e verificação da ausência desse marcador no permeado.

Segundo MONTE (2016), os testes indiretos de integridade são baseados na


monitorização da qualidade da AR ou na eficiência das membranas. A perda da qualidade
da água tratada ou a variação brusca no valor de fluxo de permeado ou da pressão podem
ser uma indicação da perda de integridade da unidade.

Conforme EPA (2005), as alterações no desempenho das membranas são devidas à


colmatação e à polarização ou mesmo à degradação das membranas, como apresentado
na tabela 1.11. A degradação das membranas obriga à substituição das mesmas.

47
Tabela 1.11: Principais causas da degradação das membranas, adaptado (EPA, 2005)

1.5 Descrever a tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de


sólidos inorgânicos dissolvidos: osmose reversa e troca iónica.

1.5.1 Osmose reversa


Segundo GERBER (2012), a Osmose reversa é um processo no qual a água se separa dos
sais dissolvidos através da filtração em membrana semipermeável a uma pressão superior
à pressão osmótica causada pelos sais dissolvidos nesta água. O princípio da osmose
reversa ou inversa consiste em aplicar uma força bem superior à pressão osmótica no
compartimento da solução concentrada. Ocorre a inversão de fluxo devido à pressão
exercida no compartimento que contém solução concentrada, forçando a passagem de
solvente e retendo o soluto (ver figura 1.24).

Segundo GERBER (2012), a osmose reversa é utilizada na dessalinização e


desmineralização de águas. Sua aplicação a efluentes é restrita, mas está em fase de
ascensão.

Para GERBER (2012), Na maioria dos casos, são efluentes que contêm grande
concentração de sais dissolvidos (cloretos, por exemplo) como salgadeiras de couro, de
extração de petróleo, fertilizantes, tratamento de superfícies metálicas, etc.

48
Figura 1.24: Princípio de funcionamento da Osmose (GERBER, 2012).

Segundo GERBER (2012), o pré-tratamento previne a obstrução da membrana.


Geralmente, é utilizada a precipitação química, carvão ativado, filtração, micro ou
ultrafiltração. O rejeito é conduzido a um tanque de acumulação e evaporação. Na figura
1.25 apresenta-se um sistema de Osmose reversa

Figura 1.25: Sistema de Osmose reversa (GERBER, 2012).

A seguir apresenta-se na figura 1.26 exemplos de membrana para Osmose reversa

Figura 1.26: Exemplo de membranas para Osmose reversa (GERBER, 2012).

49
1.5.2 Troca iónica
Segundo GERBER (2012), o objetivo do sistema de tratamento com uso de resina de
troca iônica é cátions (Zn+2, Cu+2, Ni+2 , etc.) ou anions como nitratos, fosfatos, entre
outros. A técnica consiste basicamente na fixação desses íons em uma resina sintética,
que “captura” os contaminantes de interesse e liberam outros íons menos tóxicos para o
efluente. Basicamente existem 2 tipos de trocadores:

 Trocadores de cátions: são capazes de reter cátions da solução permutando por


íons de sódio ou nitrogênio.
 Trocadores de ânions: são capazes de reter ânion da solução permutando por
íons oxidrila.

Na figura 1.27, apresenta-se modelo de coluna aplicado em processos de troca iónica.

Figura 1.27: Coluna de troca iónica (GERBER, 2012).

Segundo GERBER (2012), as resinas depois de certo tempo de uso perdem sua
capacidade de troca, mas podem ser regeneradas. No caso dos trocadores de cátions, antes
se faz a lavagem da coluna em contra corrente para retirar os sólidos; após, com uma
solução de NaCl, se for utilizado o ciclo do sódio ou com uma solução de ácido sulfúrico
ou clorídrico, se for utilizado o ciclo do hidrogênio. Para trocadores de ânion, antes se faz
a lavagem da coluna em contracorrente para retirar os sólidos e após se faz a lavagem da
coluna com uma solução de hidróxido de sódio ou hidróxido de amônio. Na figura 1.28
apresenta-se o principio de funcionamento de troca iónica.

50
Figura 1.28: Esquema de funcionamento de troca iónica (GERBER, 2012).

Segundo MIERZWA & HESPANHOL (2005), Resinas de troca iônica são produtos
sintéticos, constituídas, em geral, de copolímeros de estireno com divinilbenzeno
(D.V.B.), que colocados na água, poderão liberar íons sódio ou hidrogênio (resinas
catiônicas) ou cloretos ou hidroxila (resinas aniônicas) e captar desta mesma água,
respectivamente, cátions e ânions, responsáveis por seu teor de sólidos dissolvidos
(cloretos, silicatos e sulfatos de sódio, magnésio e cálcio e combinados de Fe+2 e Fe+3)
indesejáveis a muitos processos industriais. Os íons presentes na água são substituídos
por uma quantidade equivalente de outras espécies iônicas, sendo retidos em uma fase
sólida imiscível denominada resina. Por se tratar de uma fase sólida insolúvel, as resinas
apresentam capacidade limitada. Em cada partícula de resina existe umnúmero limitado
de sítios ativos, de modo que quando todos estes sítios ativos são ocupados diz-se que a
resina está saturada. Como este processo envolve uma reação de equilíbrio químico, as
resinas podem ter a sua capacidade recuperada.

Segundo FILHO (2009) Após a copolimerização, grupamentos ácidos ou básicos poderão


ser inseridos nos núcleos de benzeno dos monômeros utilizados, dando uma
funcionalidade às resinas. Entre os grupamentos ácidos, o mais comum é o ácido
sulfônico, produzindo a resina catiônica fortemente ácida (C.F.A.) e o menos comum, o
ácido carboxílico, produzindo a resina catiônica fracamente ácida (C.f.A.). Entre os
grupamentos básicos inseridos nas cadeias dasresinas aniônicas têm-se aminas terciárias,
que produzem resinas fracamente básicas (A.f.B.) e os quaternários de amônio, que
51
produzem resinas fortemente básicas (A.F.B). As resinas com grupamentos ácidos ou
básicos, ao contrário das soluções aquosas de ácidos e bases, não se dissociam em duas
espécies iônicas. Somente uma espécie é dissociada nas resinas catiônicas, Na+ ou H+;
nas aniônicas, mais freqüentemente a hidroxila OH-. As demais espécies ficam ligadas às
cadeias de estireno e divinilbenzeno.

Segundo FILHO (2009), de acordo com os grupos ionizáveis presos às estruturas das
resinas, elas seclassificam em quatro grupos básicos: catiônica fraca, catiônica forte,
aniônica fraca e aniônica forte.

1.5.2.1 Resina Catiónica: C.F.A


Segundo FILHO (2009), estas resinas podem estar na forma de sal de sódio, quando são
utilizadas para abrandamento da água ou na forma de hidrogênio, quando são utilizadas
para descarbonatação ou desmineralização da água.

Reação de abrandamento

Ca2+ + 2 R-Na 2 Na+ + Ca-R (1.28)

Mg2+ + 2 R-Na 2 Na+ + Mg-R2 (1.29)

Reação de descarbonatação/desmineralização

Ca2+ + 2R-H 2 H+ + Ca-R2 (1.30)

Mg2+ + 2R-H 2 H+ + Mg-R2 (1.31)

2Na+ + 2R-H 2 H+ + Na2-R2 (1.32)

1.5.2.2 Resina Anionicas Forte: C.F.B


Segundo FILHO (2009), Todas as resinas aniônicas fortemente básicas removem ânions
fortes e fracos, tais como cloretos, sulfatos, nitratos, bicarbonatos e silicatos. As resinas
A.F.B são divididasem dois subgrupos, tipo I e tipo II, cuja diferença é a basicidade que
as mesmas apresentam. Resinas do tipo I têm um caráter básico mais forte, o que
resulta em umamenor fuga de íons, principalmente sílica. As resinas do tipo II também
possuem caráter básico forte, porém não possibilitam a remoção de sílica. No entanto,
apresentam como vantagem a necessidade de menor quantidade de solução regenerante.

H2SO4 + 2 R-OH 2 R-SO42- + 2 H2O (1.33)


52
HCl + R-OH R-Cl- + H2O (1.34)
HNO3 + 2 R-OH R-NO3- + H2O (1.35)

1.5.2.3 Resina Catiónica Fracamente Acida: C.f.A


Segundo FILHO (2009), estas resinas só removem ânions fortes, tais como sulfato,
cloreto e nitrato, não removendo ânions fracos, como os bicarbonatos e silicatos.

Ca2+(HCO3)2 + 2 R – COOH 2 RCOO-Ca + 2H2CO3 (1.36)


Mg2+(HCO3)2 + 2 R – COOH 2 RCOO-Mg + 2H2CO3 (1.37)
2Na+(HCO3)2 + 2 R – COOH 2 RCOO-Na2 + 2H2CO3 (1.38)

1.5.2.4 Resina Anionica Fracamente Basica: C.f.B


Segundo FILHO (2009), Estas resinas só removem ânions fortes, tais como sulfato,
cloreto e nitrato, não removendo ânions fracos, como os bicarbonatos e silicatos.

H2SO4 + 2 R-OH 2 R-SO42- + 2 H2O (1.39)


HCl + R-OH R-Cl- + H2O (1.40)

HNO3 + 2 R-OH R-NO3- + H2O (1.41)

1.6 Descrição de dimensionamento de fossa séptica para tratamento de esgoto


domestico segundo NBR 7229 / 1993.
Para o dimensionamento do tanque ou fossa séptica deve ser calculado por meio da
expressão 1.42 o volume útil total segundo a NBR 7229/1993.

V = 1000 + N × (CT + KLf) (1.42)

Onde:

V: volume útil, em litros

N: número de pessoas ou unidades de contribuição

C: contribuição de despejos, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia (Anexo II-a)

T: período de detenção, em dias (ANEXO II - b)

53
K: taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de acumulação de
lodo fresco (ANEXO II- c)

Lf:contribuição de lodo fresco, em litro/pessoa x dia ou em litro/unidade x dia (Anexo II


-a).

Para determinação da profundidade do tanque ou fossa séptica deve-se respeitar a tabela


d) do Anexo II. Apresenta-se também em anexo III e IV detalhes e condições de
dimensões mínimas da fossa ou tanque séptico.

1.7 Dimensionamento de um protótipo de fossa séptica para tratamento domestica.


A residência tida em conta para o respetivo dimensionamento do tanque ou fossa séptica
localiza-se no 6° bairro do esturro, cidade da Beira, rua de Sofala, província de Sofala.

Figura 1.28: Localizacao da residência, adaptada (Google Earth Pro, 2022).

A tabela 1.12, apresenta os dados climatológicos da cidade da Beira no período de 1991


a 2021 segundo informações acessadas no Climate-Data.Org, em 13/06/2022.

Tabela 1.12: Dados climatológicos para Cidade da Beira 1991 - 2021. (Climate-Data.Org, a cessado em 13/06/2022)

Descrição Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Temperatura média do ar (°C) 27,1 26.9 26,4 24,8 23,1 21,5 20,9 22,2 24,0 25,4 26,7 27,2
Temperatura mínima absoluta (°C) 24,0 23,8 23,3 21,2 18,9 17,1 16,5 17,3 19,2 21,1 22,7 23,7
Temperatura máxima absoluta (°C) 30,6 30,4 29,9 28,6 27,5 26,1 25,6 27,5 29,6 30,4 31,3 31,1
Precipitação media mensal (mm) 207 164 127 61 26 18 21 14 18 28 81 170
Umidade relativa do ar (%) 78 78 79 75 71 70 71 67 67 68 70 75
Dias chuvosos (d) 15 14 14 9 5 4 5 3 3 5 8 12
Horas de sol (h) 7,8 7,6 7,2 7,5 7,7 7,6 7,5 8,0 8,1 7,9 8,4 8,2

54
De acordo com o levantamento de dados realizado no campo o agregado familiar
permanente é composto por 5 pessoas. Obedeceu-se a norma NBR 7229 / 1993, Extraiu-
se no Anexo II – a) o valor corresponde a contribuição de despejo C=100 equivalente a
uma residência de padrão baixo e o lodo fresco Lf=1. Tendoem conta que a contribuição
diária é menor que 1500 litros, extraiu-se da tabela do Anexo II – b), o tempo pu periodo
de detenção T= 1 dia. No entanto atendendo um intervalo de limpeza equivalente a 5 anos
e a mínima temperatura media da cidade da Beira no período de 1991 a 2021 em todos
meses foi de t=20,9 °C correspondente ao mês de Julho, com esta informação extraiu-se
do Anexo II- c) a taxa de acumulação de lodo K=217, sendo assim possível chegar a
determinar o volume útil total da fossa ou tanque séptico. (ver resultados na tabela 1.13).

Tabela 1.13: Resumo de calculo de volume útil total da fossa ou tanque séptico. Elaboração própria.

C-
N-Número T-Período de K-Taxa de Lf Contribuição V-Volume
Contribuição
de pessoas detenção acumulação de de lodo fresco útil Total
de despejos
(un) (dia) lodo (dias) (litro/pessoa) (litros)
(litro/pessoa)
5 100 1 217 1 2585

De acordo com o item 1.6, que respeita a norma NBR 7229 / 1993, no que tange a
profundidade útil mínima e máxima do tanque ou fossa séptica, com o Volume útil total
V= 2585 litros, extraiu-se da tabela do Anexo II – d), a profundidade H= 1,80 metros de
altura. Adoptou-se a secção circular de acordo com o Anexo IV. A norma NBR 7229 /
1993 estabelece diâmetro D ≥ 1,10 m. (ver anexo IV).

Atendendo configuração geométrica prismática adoto os dados da tabela 1.14, de modo a


satisfazer o volume útil total.

Tabela 1.13: Resumo de cálculo de dimensões da fossa ou tanque séptico. Elaboração própria.

D=Diâmetro H =Altura
(m) (m)
1,50 1,80

55
Figura 1.29: Configuração do tanque ou fossa séptica adotado, adaptado (NBR 7229/1993).

56
CONCLUSÃO

1. De um modo geral os materiais orgânicos presentes nas águas residuais na sua maioria
fazem parte dos grupos das proteínas, dos glúcidos, óleos e gorduras. A
biodegradação da matéria orgânica é uma sequência de reações redox, mediadas
microbiologicamente, em que os aceitadores finais de eletrões (agente oxidante)
durante as cadeias transportadoras podem ser diversas substâncias, se esse aceitador
for o oxigénio (O2 ) o processo de biodegradação diz-se aeróbio; o processo da
biodegradação diz-se anóxico se o aceitador final for o NO− −
3 ou o NO2 ; o processo

diz-se anaeróbio se os aceitadores finais forem compostos orgânicos. A avaliação da


matéria orgânica é feita por meios dos parâmetros CBO, CQO e COT para sua
posterior estabilização.
2. As tecnologias terciaria largamente aplicada para tratamento de afluentes de remoção
de nutrientes N-nitrogénio (biológico) e P-fosforo (químico e biológico), é o processo
de lodo ativado onde se pode citar as varientes de divisa quanto a idade do lodo,
divisão quanto ao fluxo, divisão quanto ao regime hidráulico do reator biológico e
divisão quanto ao afluente a etapa biológica do sistema de lodo ativado. No entanto
os principais processos de remocao de nitrogénio com biomassa em suspensão são :
sistema de lodo ativado com pré – desnitrificação, sistema de lodo ativado com pós –
desnitrificação, sistema de lodo ativado Bardenpho E sistema de lodo ativado UCT.
3. A tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de compostos orgânicos:
carvão ativado, são processos que geram sistemas biológicos amplamente utilizados
para tratamento de despejos domésticos e industriais a nível mundial pelo facto de
apresentar qualidade do efluente tratado e com baixos requisitos, dando possibilidade
se variar os processos, consequentemente menor custo do tratamento.
4. A tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos suspensos:
Microfiltração são membranas que permitem remoção de sólidos suspensos de
dimensão ate 0,1 μm de natureza bacteriana, leveduras, macro moléculas orgânicas,
vírus gelatina, fumo do tabaco, partículas coloidais, algas e areia da praia, enquanto
que a nanofiltracao permite remover sólidos suspensos mais finos com dimensões ate
0,001 μm, isto inclui todos sólidos anteriormente citados incluindo proteínas, iões
metálicos, sais, compostos orgânicos, Porem para garantir uma melhor eficiência da
nanofiltracao é extremamente importante que se realize a Osmose inversa. Deve ser

57
respeitada a ordem dos processos de Microfiltração, Ultrafiltraao, Osmose inversa e
por fim a Nanofiltracao.
5. A tecnologia de tratamento terciário de afluentes de remoção de sólidos inorgânicos
dissolvidos: osmose reversa é um processo no qual a água se separa dos sais
dissolvidos através da filtração em membrana semipermeável a uma pressão superior
à pressão osmótica causada pelos sais dissolvidos nesta água. O princípio da osmose
reversa ou inversa consiste em aplicar uma força bem superior à pressão osmótica no
compartimento da solução concentrada Ocorre a inversão de fluxo devido à pressão
exercida no compartimento que contém solução concentrada, forçando a passagem de
solvente e retendo o soluto e a troca iónica é técnica que consiste basicamente na
fixação de íons em uma resina sintética, que “captura” os contaminantes de interesse
e liberam outros íons menos tóxicos para o efluente
6. O dimensionamento de fossa séptica para tratamento de esgoto domestica segundo
NBR 7229 / 1993 admite a determinação do volume útil total, levando em conta o
numero de pessoas ou unidades de contribuição, contribuição de despejos, período de
detenção, taxa de acumulação de lodo digerido em dias e contribuição de lodo fresco,
possibilitando assim a determinação das dimensões para satisfazer o volume útil
necessário em função da configuração geométrica a ser adotada.
7. O protótipo de fossa séptica para tratamento domestica de uma residência localizado
na Cidade da Beira, Rua de Sofala, 6° bairro esturro, para satisfazer um total de 5
contribuintes, com uma contribuição de despejos de 100 litro / pessoa e um período
de detenção de 1 dia, atendendo a taxa de acumulação de lodo 217 dias e contribuição
de lodo fresco de 1 litro / pessoa, considerando que a limpeza será realizado em um
intervalo de 5 anos e uma temperatura media do ambiente maior que °C, permitiu
chegar a dimensionar um volume útil total de 2585 litros por meio da metodologia
estipulada pela NBR 7229 / 1993 atendendo a configuração geométrica do tanque ou
fossa séptica cilíndrica com diâmetro D= 1,50 m e altura H=1,80 m.

58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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e Processos de tratamento Físico e Químico”, Gide – Artes Graficas, Lda, Liboa,
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TCHOBANOUGLOS, G.; BURTON, F. L.; STENSEL, H. D. 4th ed., McGraw Hill,
2003. ISBN-978-007-0416-90-1.
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Wastewater. 21st ed., Washington DC, USA, American Public Health Association,
2005.
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Concepções Clássicas de Tratamento - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária
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5. VON SPERLING, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias.
Vol. 4 Lodos Ativados. 2.ed. Belo Horizonte: DESA-UFMG, v.1. P.428, 2002.
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Ativado: Teoria e Aplicações para Projetos e Operações. Campina Grande: epgraf,
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com biomassa em suspensão e fluxo continuo de esgoto” São Paulo, 2011.
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59
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Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
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sépticos”, 1993.
20. A cessado no dia 31/05/2022 pelas 20:00 horas: https://pt.climate-
data.org/africa/mocambique/sofala/beira-3189/

60
ANEXO I: Variacao de OD em agua pura, com a salinidade, adaptado (MONTE et al,
2016).

61
ANEXO II: Tabela dos coeficientes e valores corresponde tentes para determinação do
volume útil total do tanque ou fossa séptica.

a) Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de
ocupante. (NBR 7229, 1993).

b) - Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária. (NBR 7229,
1993).

62
c) Taxa de acumulação total de lodo (K), em dias, por intervalo entre limpezas e
temperatura do mês mais frio (NBR 7229, 1993).

d) Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil (NBR 7229, 1993).

63
ANEXO III: Detalhes e dimensões de um tanque séptica. (NBR 7229, 1993).

64
ANEXO IV: Dimensões do tanque ou fossa séptica. (NBR 7229, 1993).

65

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