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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA (Á POLITÉCNICA)

Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula

Departamento de Engenharias

Faculdade de Engenharia Civil

CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE DRENAGEM DE


ÁGUAS PLUVIAIS
Estudo de Caso do Bairro de Mapiazua da Cidade de Quelimane

Nampula, Fevereiro de 2018


i

Kelven Nelson Mikoy

CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE DRENAGEM


DE ÁGUAS PLUVIAIS - Estudo de Caso do Bairro de Mapiazua da Cidade de
Quelimane

Orientador: MSc. Valdemiro Condelaque Aboo

Parecer:

“Monografia apresentada à Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula da


Universidade politécnica (A Politécnica) como parte dos requisitos de graduação e
obtenção do grau de licenciatura em Engenharia Civil”.
ii

RESUMO

O presente trabalho versa sobre o tema: Concepção e dimensionamento de um sistema de


drenagem de águas pluviais no bairro de Mapiazua na Cidade de Quelimane. O objectivo geral
da pesquisa é de Conceber e Dimensionar um Sistema de Drenagem de Águas Pluviais no bairro
de Mapiazua na Cidade de Quelimane. Neste trabalho pretendeu-se reunir a informação
necessária ao correcta concepção e dimensionamento de um sistema de drenagem de águas
pluviais, dando-se particular relevância à regulamentação e normas vigentes bem como a
recomendações de carácter não regulamentar que constituem o conjunto de regras de boa arte a
dominar pelos profissionais do sector. O método de abordagem foi o Hipotético – Dedutivo.
Quanto à técnica, o estudo foi documental, combinado com a observação, entrevista e
questionário dirigidos aos moradores e o secretario do bairro de Mapiazua O sistema de
drenagem de águas pluviais nos municípios é, actualmente, uma prioridade para aumentar a
qualidade de vida e a qualidade ambiental. Os sistemas tradicionais de drenagem de águas
pluviais limitam-se a encaminhar a água para fora do meio urbano o mais rápido possível, mas
esse processo aumenta o risco de inundações e erosões a jusante das redes. Neste contexto,
começa-se por justificar a necessidade de uma nova abordagem na concepção e
dimensionamento de sistema de drenagem de águas pluviais, bem como a sua integração com
outras áreas da gestão urbana. Fez-se ainda uma descrição dos órgãos constituintes das redes e
das medidas mais comuns para redução dos caudais pluviais.

PALAVRAS-CHAVE: Concepção; sistema, drenagem, águas pluviais;


iii

ABSTRACT

The present work is about the conception and dimension of a rainwater drainage system in the
Mapiazua neighborhood in the City of Quelimane. The overall objective of the research is to
Conception and Dimension a Rainwater Drainage System in the Mapiazua neighborhood in the
City of Quelimane. The aim of this work was to gather the necessary information for the correct
conception and dimension of a rainwater drainage system, with particular relevance to current
regulations and standards, as well as non-regulatory recommendations that constitute the set of
rules of good art to be dominated by professionals in the sector. The approach method was the
Hypothetical - Deductive. As for the technique, the study was a documentary study, combined
with the observation, interview and questionnaire addressed to the residents and the secretary of
the neighborhood of Mapiazua. The rainwater drainage system in the municipalities is currently
a priority to increase the quality of life and environmental Quality. Traditional rainwater
drainage systems are limited to directing water out of the urban environment as quickly as
possible, but this process increases the risk of flooding and erosion downstream of the networks.
In this context, one begins by justifying the need for a new approach in the conception and
dimension of a rainwater drainage system, as well as its integration with other areas of urban
management. A description was also given of the constituent organs of the networks and the
most common measures for reducing rainfall flows.

KEYWORDS: Conception; system, drainage, rainwater;


iv

DEDICATÓRIA

Em especial, dedico este trabalho a minha filha KeiCy.


v

AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho a minha mãe Isabel José da Rocha, aos meus irmãos Milton,
Juninho e Naira e a filha KeiCy e a minha esposa Cidália João da Rosita Viegas. E em
especial a meu pai Bento António K. Mikoy ensinou-me que as victórias devem sempre
ser acompanhadas da humildade, respeito e caráter.
vi

Índice Geral

Resumo .............................................................................................................................. ii
Abstract ............................................................................................................................. iii
Dedicatória........................................................................................................................ iv
Agradecimentos .................................................................................................................v
Lista de Símbolos e Abreviatura....................................................................................... xi

CAPITULO I - INTRODUÇÃO.................................................................................. 12
1.1. Tema e Sua Relevância........................................................................................ 12
1.2. Problematização................................................................................................... 12
1.4. Objectivos ............................................................................................................ 14
1.4.1. Objectivo Geral ................................................................................................ 14
1.4.2. Objectivo Específicos ...................................................................................... 14
1.5. Hipótese do Problema .......................................................................................... 14
1.6. Breve Descrição da Área em Estudo ................................................................... 15
1.7. Situação Actual do Sistema de Drenagem de Águas Pluviais ............................. 16
1.8. Caracterização do Cenário com Relação à Saúde Pública................................... 17
1.9. Esquema Estrutural do Trabalho ......................................................................... 17

CAPITULO II - SISTEMA DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS ................. 19


2.1. Sistema de Drenagem de Águas Pluviais ............................................................ 19
2.2. Concepção dos Sistemas ...................................................................................... 20
2.3. Constituição dos Sistemas – Colectores e Órgãos Acessórios ............................ 22
2.3.1. Rede Publica de Colectores.............................................................................. 22
2.3.2. Órgão Acessórios ............................................................................................. 23

CAPITULO III - DIMENSIONAMENTO E CONCEPÇÃO DE DRENAGEM DE


ÁGUA PLUVIAIS ........................................................................................................ 39
3.1. Elementos de Base para o Calculo....................................................................... 39
3.2. Águas Pluviais – Método Racional...................................................................... 39
3.2.1. Tempo de Retorno............................................................................................ 42
3.2.2. Tempo de Concentração................................................................................... 43
3.2.3. Intensidade de Precipitação.............................................................................. 44
vii

3.2.4. Coeficiente de Escoamento .............................................................................. 47


3.3. Critérios de Dimensionamento e Disposições hidráulico-sanitárias
Regulamentares............................................................................................................... 48
3.3.1. Tipo de Escoamento......................................................................................... 48
3.3.2. Lei de Resistência ............................................................................................ 48
3.3.3. Coeficientes de Rugosidade ............................................................................. 49
3.3.4. Condições Hidráulico-Sanitárias e Construtivas Regulamentares................... 49
3.3.5. Condições Máximas ......................................................................................... 49
3.3.6. Condições Mínimas ou de Auto-Limpeza ....................................................... 50
3.3.7. Características do Traçado em Perfil ............................................................... 51
3.4. Calculo hidráulico-sanitário e colocação Optimizada dos colectores em Perfil.. 52
3.5. Expressões Analíticas das Condições Hidráulico-Sanitárias e Construtivas....... 54
3.6. Determinação dos Diâmetros............................................................................... 55
3.7. Colocação dos Colectores .................................................................................... 56
3.8. Calculo das Características do Escoamento ........................................................ 59

CAPITULO IV – METODOLOGIA .......................................................................... 61


4.1. Caracterização da Pesquisa do Campo ................................................................ 61
4.2. Quanto ao Método de Abordagem....................................................................... 61
4.3. Técnicas E Instrumentos de Recolha de Dados ................................................... 64
4.4. Procedimentos Metodológicos............................................................................. 65

CAPITULO V – CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE


DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS NO BAIRRO DE MAPIAZUA NA
CIDADE DE QUELIMANE ........................................................................................ 67
5.1. Descrição Da Rede .............................................................................................. 67
5.2. Caracterização Da Bacia Drenante ...................................................................... 68
5.4. Critério De Dimensionamento De Drenagem De Águas Pluviais ....................... 71
5.5. Dimensionamento Hidráulico dos Dispositivos do Sistema................................ 72
5.6. Descarga de Água ................................................................................................ 84

Conclusão ....................................................................................................................... 85
Recomendações e Sugestões........................................................................................... 86
Bibliografia e Referencia Bibliográfica .......................................................................... 87
viii

Apendice ......................................................................................................................... 91
Anexos ............................................................................................................................ 91
Anexo I - Órgão Acessórios ........................................................................................... 92
ix

Índice de Figuras

Figura 1 – Imagem da Zona Escolhida para o Estudo .................................................... 16


Figura 2 – Representação Esquemática de um Sistema do Tipo Unitário...................... 20
Figura 3 – Representação Esquemática de um Sistema do Tipo Separativo. ................. 21
Figura 4 – Rede de Drenagem Pluvial em Planta ........................................................... 22
Figura 5 – Valeta de Secção Triangular ......................................................................... 24
Figura 6 – Sargeta e Ramal de Sargeta ........................................................................... 24
Figura 7 – Representação Esquemática de Ramais de Ligação a Colectores ................. 29
Figura 8 – Posição Relativa dos Colectores de Águas Pluvial em Perfil ....................... 35
Figura 9 – Classificação do Tipo de Assentamento de Coletores ................................. 37
Figura 10 – Expressão Gráfica das Curvas IDF para Maputo ........................................ 45
Figura 11 – Regiões Pluviométricas de Moçambique .................................................... 46
Figura 12 – Abaco De Coeficientes de Escoamento ...................................................... 47
Figura 13 – Característica Geométricas da Secção Circular .......................................... 52
Figura 14 – Minimização da Profundidade de Assentamento dos Colectores – Terreno
Plano ............................................................................................................................... 56
Figura 15 – Minimização da Profundidade de Assentamento dos Colectores – Terreno
Inclinado ......................................................................................................................... 57
Figura 16 – Minimização da Profundidade de Assentamento dos Colectores – Terreno
Muito Inclinado .............................................................................................................. 57
Figura 17 – Recobrimento e Profundidade da Soleira - Relações Geométricas ............ 58
Figura 18 - Mapa de Localização dos Bairros Mapiazua (1) e Mapiazua (2) ............... 67
Figura 19 - Curvas de Nível do Bairro de Mapiazua ..................................................... 69
Figura 20 - Rede com Caixas de Visita e Colectores ..................................................... 71
Figura 21 - Gráfico de um Corte Longitudinal da Av. Eduardo Mondlane ................... 73
Figura 22 - Gráfico de um Corte Longitudinal da Av. 25 de Julho ................................ 73
Figura 23 - Gráfico de um Corte Longitudinal da Av. Ahmed Sekou Touré ................. 74
Figura 24 - Altura de Escoamento Uniforme em Valetas............................................... 77
Figura 25 - Altura de Escoamento Uniforme em Valetas............................................... 77
Figura 26 - Representação Esquemática de uma Sarjeta de Passeio sem Depressão ..... 79
Figura 27 - Representação Esquemática de um Sumidouro sem Depressão .................. 81
x

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Valores Médios do Coeficiente “C” para Utilização na Fórmula Racional


(Manual Nº37, ASCE) .................................................................................................... 40

Tabela 2 - Valores do Coeficiente C em Função do Período de Retorno, para Diversas


Tipologias de Ocupação (Adaptado de Drainage Criteira Manual 1977) ...................... 43

Tabela 3 - Obtenção dos Parâmetros Adimensionais de A e B ..................................... 45

Tabela 4: Representação do Universo e a Amostra da Pesquisa e as Respectivas


Técnicas de Recolha de Dados ....................................................................................... 63
xi

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURA

A Secção da tubagem (m2)


DEC Departamento de Engenharia Civil

ETAR Estacão de Tratamento de Aguas Residuais

I Inclinação (m/m)

k Coeficiente de simultaneidade

K Rugosidade da tubagem (m1/3/s)

NP Normalização portuguesa
PEAD Polietileno de Alta Densidade

PEAD Polietileno de alta intensidade

PP Polipropileno

PP Polipropileno

PVC Policloreto de Vinilo

PVC Policloreto de vinilo


PVC-U Policloreto de vinilo não plastificado

Qa Caudal acumulado (m3/s)

Qc Caudal de cálculo (m3/s)

Q máx Caudal máximo (l/s)

Q tot Caudal total de cálculo (l/s)

R Raio hidráulico (m)


RSPDADAR Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição Água e de
Drenagem de Águas Residuais

V Velocidade [m/s]
12

CAPITULO I - INTRODUÇÃO

1.1. Tema e sua relevância


O presente trabalho consiste na Concepção e Dimensionamento de um Sistema de
Drenagem de Águas Pluviais do Bairro de Mapiazua, na Cidade de Quelimane. Tendo em
vista melhorar a problemática das inundações que se fazem sentir a quando da ocorrência de
precipitações mesmo as de curta duração.

A escolha deste tema surge na sequência do autor pretender contribuir para uma perfeita
condição do sistema de drenagem de águas pluviais, de modo a prevenir riscos de infiltração e
inundação nas zonas urbanas.

Um sistema de águas pluviais é uma infraestrutura projectada para abrandar, colectar, e alterar
o excesso de água da chuva, a fim de evitar inundações ou outros danos causados por grandes
volumes de água em uma determinada área.

Portanto, além de mitigar impactos negativos, sistemas de águas pluviais oferecem


oportunidades para a colecta sustentável de água para a purificação e uso. Estes sistemas
consistem em microdrenagem, ou maneiras das ruas colectarem e moverem a água da chuva,
e macrodrenagem, a maior rede de drenos, canais, diques e rios.

1.2. Problematização
Um dos grandes problemas que a Cidade de Quelimane enfrenta actualmente e que tem sido
assunto permanente da maioria dos Municípios é o sistema de drenagem de águas Pluviais da
Cidade de Quelimane.

Na perspectiva de mitigar o problema do deficiente saneamento do meio e de precárias


condições de higiene que afectavam a população não só do Bairro de Mapiazua mais do
mesmo modo no centro da cidade, como também da periferia, devido ao estado obsoleto das
13

infraestruturas de colecta e evacuação das águas pluviais. Muitas vezes estas águas estavam
na origem de inundações, erosão, charcos de água estagnada, entre outros males, razão pela
qual surge a questão: Como melhorar à situação de drenagem de águas pluviais no bairro
de Mapiazua, na Cidade de Quelimane?

1.3. Justificativa

Os serviços urbanos de água são reconhecidos como indispensáveis para a saúde e segurança
públicas, tendo-se observado nas últimas décadas o crescimento das exigências aos
prestadores de serviços, mas também da sua qualidade.

A falta de saneamento básico mínimo nas cidades traz como consequências, impactos sociais,
econômicos e ambientais, principalmente, à saúde da população. Destaca-se em meio a esses
problemas o deficiente sistema de drenagem de águas pluviais na maioria dos bairros da
cidade Quelimane. Um efeito causado por essa deficiência são as inundações, cheias,
alagamentos que surgem em várias áreas durante o período de chuva. Nos alagamentos o
extravasamento das águas depende muito mais de uma drenagem deficiente, que dificulta a
vazão das águas acumuladas, do que das precipitações locais.

Um dos grandes problemas na drenagem urbana é o carreamento de lixo e sedimentos para as


sarjetas e sumidouros. Esses resíduos acabam por obstruir as entradas e as tubulações. Por
isso, são adotados caixas de visita, que permitem acesso à tubulação em pontos estratégicos,
tais como encontro de tubulações.

A motivação do autor para a realização de estudo sobre Concepção e Dimensionamento de


Drenagem de Águas Pluviais no bairro de Mapiazua, prende-se pelo facto que se tem
registado durante as épocas chuvosas casos de alargamento das principais avenida e ruas
como a transitabilidade de pedestres e veículos e áreas sujeitas inundações e erosões por falta
de inexistência de uma drenagem de águas pluviais eficaz para o escoamento das águas.
14

1.4. Objectivos
Toda a pesquisa científica possui seus objectivos de modo a compreender as metas a alcançar,
sendo, no entanto, uma decorrência directa do problema de investigação e consequentemente
se derivam as hipóteses a formular no estudo.

1.4.1. Objectivo Geral


As condições supracitadas permitem ascender em busca de soluções e por tanto se estabelece
o seguinte Objectivo Geral: Conceber e Dimensionar um Sistema de Drenagem de Águas
Pluviais no bairro de Mapiazua, Cidade de Quelimane.

1.4.2. Objectivo específicos


De forma a trilhar ao sucesso do objectivo da investigação torna-se necessário destacar os
seguintes Objectivos específicos:

▪ Caracterizar o estado actual do sistema de drenagem de agua no bairro de Mapiazua,


na Cidade de Quelimane.

▪ Abordar técnica e processo de drenagem de águas drenagem de aguas pluviais.

▪ Analisar os aspectos físicos naturais da drenagem adequada para o Bairro de


Mapiazua.

1.5. Hipótese do Problema


Hipótese “… é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente
um fenómeno até que os factos a venham contradizer ou afirmar”. (Cervo e Bervian 1996:
26).

Na verdade, as hipóteses, constituem suposições que dão supostas respostas e provisórias ao


problema. Assim, em função do problema de pesquisa, têm-se como hipóteses do problema as
seguintes:
15

▪ A fraca manutenção dos sistemas de drenagem de águas pluviais contribui para


ocorrência de erosões, assoreamento e alargamentos.
▪ O deficiente funcionamento dos sistemas de drenagem do bairro de Mapiazua
contribui negativamente no saneamento básico.

1.6. Breve Descrição da Área em Estudo


A expansão regional da cidade de Quelimane fez-se sentir da costa em direção ao interior, os
colonos instalavam-se preferencialmente nessa região para facilitar a comunicação com as
demais regiões e controlar a costa contra invasões vizinhas.

Segundo os dados do Perfil Estatístico do Município de Quelimane, esta região tem um clima
tropical. Há muito mais pluviosidade no verão que no inverno. Tem uma pluviosidade média
anual de 1346 mm. A diferença entre a precipitação do mês mais seco e do mês mais chuvoso
é de 235 mm.

Do censo habitacional realizado em 2017 contava com uma população de 2,691. No centro da
Cidade para alem da habitação são desenvolvidas actividades comerciais (Comercio formal e
informal) actividades empresariais.

Em termos de infraestruturas o centro da cidade conta maioritariamente com prédios antigos e


outros que estão sendo construídos com o principal objectivo de ampliar a rede de escritórios
e melhores ofertas de serviços ao publico.

A área escolhida trata-se de uma zona residencial localizada no Bairro de Mapiazua, com uma
extensão de 0,26km2 pois, drena para um único ponto localizado numa linha de água
existente. O Bairro de Mapiazua possui os seguintes limites: Norte – Bairro do Brandão, Sul –
Estrada Nacional N1, Este - Bairro de Saguar 1º e a Oeste – Estrada Nacional N1.
16

Figura 1 – Imagem da Zona escolhida para o estudo

Fonte: Google Earth (Adaptado)

1.7. Situação Actual do Sistema de Drenagem de Águas Pluviais


Da visita efectuada no terreno verificou-se a existência de um sistema de drenagem que foi
concebido recentemente, no entanto ineficiente. Foram listados os factores principais que
contribuíram para a ineficiência do sistema existente, dos quais se tem, a saber:

▪ Nível freático elevado;


▪ Zonas impermeáveis em grande e maior percentagem;
▪ Colmatação dos dispositivos de drenagem e obstrução dos meios receptores;
▪ Zona quase plana a jusante de uma zona com forte inclinação;
▪ Crescimento urbano criando novas edificações e ocupação de solo;
▪ Pouca vegetação;
▪ Falta de limpeza e manutenção das caixas;
▪ Estradas esburacadas e a maioria sem valetas ou tendo as valetas colmatadas,
sendo a própria estrada o meio de drenagem gerando assim vários problemas, tais
como: enchentes, inundações, surgimento de erosões e interdição de vias com
prejuízo ao trânsito de veículos.
▪ Crescimento urbano e consequente ocupação ilegal do solo;
17

▪ Construções efectuadas sem obediência ao parcelamento da zona


▪ Estradas sem valetas ou valetas obsoletas.
▪ Nível freático elevado.

1.8. Caracterização do Cenário com Relação à Saúde Pública


Quanto à questão de saneamento e saúde pública, a pesquisa identificou as principais doenças
de veiculação hídrica nas áreas de influência direta e área de influência de entorno dos pontos
mapeados, através do cruzamento, de dados das duas áreas, demonstrando a influência das
condições sanitárias nos índices de saúde pública, mostrando sua relação com os índices de
pluviosidade e quais doenças que podem ser evitadas se a população dispuser de bom serviço
de drenagem e manejo das águas pluviais. Disponibilizando os dados sobre a variação do
quadro de doenças de veiculação hídrica, como gastrointestinais, hepatite, leptospirose,
malaria, muito comum nos municípios devido às condições de saneamento.

O geoprocessamento foi utilizado nas atividades de campo com o intuito de facilitar a análise
da dinâmica espacial das doenças de veiculação hídrica, identificar as áreas expostas a
agravos de saúde, sendo também um importante instrumento no apoio às atividades de
vigilância epidemiológica e planejamento de ações de prevenção e controle das doenças.

1.9. Esquema estrutural do trabalho


A presente monografia é composta em seis capítulos, os quais são descritos resumidamente de
seguida nos pontos seguintes:

▪ Capítulo 1 - Introdução – tem como função apresentar o enquadramento do tema, os


objectivos da monografia e a sua organização;

▪ Capítulo 2 – Sistemas de drenagem de águas pluviais – caracterização do sistema de


drenagem de água pluviais, onde se enumeram as regras de concepção, abordando
cada componente do sistema separadamente. Por fim, são também descritos os
principais materiais utilizados nas redes de drenagem;
18

▪ Capítulo 3 – Dimensionamento e concepção de sistemas de drenagem de águas


pluviais – Neste capítulo, aborda-se fundamentalmente o dimensionamento de todo o
sistema de drenagem e os seus acessórios. Inicialmente, apresentam-se umas noções
de hidráulica para uma melhor compreensão do dimensionamento em si. Como será de
esperar, os principais documentos em termos de regulamentação, utilizados para o
dimensionamento são a norma EN 12056 – 3 e a NBR 10844.

▪ Capítulo 4 - apresenta-se um caso de estudo do bairro de Mapiazua na Cidade de


Quelimane, dimensionamento de acordo com a metodologia definida no Regulamento
dos Sistemas Públicos de Distribuição Água e de Drenagem de Águas Residuais,
EN12056 - 3 e com a metodologia apresentada pela NBR 10844;

▪ Capítulo 5 – neste último capítulo apresentam-se as conclusões finais mais


importantes do trabalho, bem como algumas sugestões para uma melhor concepção e
dimensionamento do sistema de drenagem de águas pluviais.
19

CAPITULO II - SISTEMA DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

O presente capitulo trata-se da descrição e caracterização dos sistemas de drenagem de águas


pluviais. Começa-se por abordar a questão dos sistemas unitários e separativos, e
seguidamente caracterizam-se os elementos, os órgãos principais e os acessórios, que
constituem uma rede de drenagem convencional de águas pluviais, abordando os aspetos mais
importantes na sua conceção, com ênfase nos aspetos regulamentares

2.1. Sistema de Drenagem de águas pluviais


O escoamento de águas pluviais em áreas urbanas, caracterizado pelo escoamento superficial
e pela acumulação de água nas partes baixas pode constituir um sério problema económico e
social, especialmente nas grandes cidades, com prejuízos no tráfego e nas habitações, além do
risco de vida das populações. (Sousa, 2001)

Um sistema de drenagem de águas pluviais é um serviço público que visa o conforto da


população, protegendo da acção das águas que escoam pela superfície do terreno, provocando
a erosão dos solos, o transporte de sedimentos e até mesmo o desabamento de construções.

O escoamento das águas pluviais é feito por meio de um sistema de captação nas ruas,
compreendendo os pavimentos, as valetas, as sarjetas e sumidouros, os colectores e, se
necessário, estruturas especiais, que são projectados com o objectivo de captar e conduzir as
águas pluviais até um ponto de descarga convenientemente localizado, impedindo assim
incómodos à população por ocorrência de precipitações.

No estudo destes sistemas devem-se procurar soluções hidrológicas e hidráulicas que


garantam a eficiência dos mesmos, com vista a cumprir o objectivo de proteger a população,
que frequentemente sofre os efeitos nocivos das inundações.
20

2.2. Concepção dos Sistemas


Os sistemas urbanos de drenagem podem ser distinguidos em sistemas unitários ou separados
consoante sejam constituídos por uma única rede publica de colectores, onde são admitidas
conjuntamente às águas residuais, ou por duas redes distintas, uma destinada exclusivamente
às águas pluviais e a outra ao esgoto domestico e industrial. (Sousa, 2001): os sistemas de
drenagem podem classificar-se em:

▪ Separativos, constituídos por duas redes de colectores distintas, uma destinada às


águas residuais domésticas e industriais e outra à drenagem das águas pluviais ou
similares;

▪ Unitários, constituídos por uma única rede de colectores onde são admitidas
conjuntamente as águas residuais domésticas, industriais e pluviais;

▪ Mistos, constituídos pela conjugação dos dois tipos anteriores, em que parte da rede
de colectores funciona como sistema unitário e o restante como sistema separativo;

▪ Separativos parciais ou pseudo-separativos, em que se admite, em condições


excecionais, a ligação de águas pluviais de pátios interiores ao colector de águas
residuais domésticas.

Figura 2 – Representação esquemática de um sistema do tipo unitário.

Fonte: Marques, 2001


21

Figura 3 – Representação esquemática de um sistema do tipo separativo.

Fonte: Marques, 2001

Portanto, a escolha do tipo de sistema é condicionada por diversos factores técnicos e


económicos.

Em sistema novos e independentemente de eventuais faseamentos diferenciados de execução


das obras, é obrigatório a Concepção conjunta das redes residual e pluviais devendo, por
principio, ser adoptado o sistema separado.

A Concepção actual aponta no sentido da economia de recursos. Assim, num sistema


separativo, a rede pluvial pode-se desenvolver, com vantagem, em menor extensão que a
domiciliaria aproveitando o escoamento natural. As águas residuais são conduzidas a estacão
de tratamento “ETAR” e as pluviais são lancadas em linhas de água existentes nas
proximidades da área a drenar. Sempre que a topografia seja favorável a drenagem devera ser
efectuada por gravidade.
22

Se possível devem-se evitar bombagem e, quando indispensáveis, devem-se localizar no


centro de gravidade da área a drenar (uma única estacão elevatória). As estacoes elevatórias
no sistema publico de drenagem apresentam custo de energia e de manutenção normalmente
elevados, necessitam da existência de descargas alternativas para o caso de avarias e originam
frequentemente inconvenientes sanitários.

2.3. Constituição dos sistemas – Colectores e órgãos acessórios

2.3.1. Rede publica de colectores


Os sistemas de drenagem de águas pluviais são constituídos por elementos que conduzem e
captam o escoamento superficial, valetas (1) e sarjetas ou sumidouros (2), pela rede de
coletores principais, coletores (5) e caixas de visita (6), e pelos componentes de ligação entre
órgãos de captação do escoamento superficial e a rede de coletores principal, os coletores (3)
e caixas de ligação (4). (Neves, 2002)

Figura 4 – Rede de drenagem pluvial em planta

Fonte: Neves, 2002

A rede de colectores localizam-se ao longo dos arruamentos, geralmente no eixo da via


publica, em troco de alinhamento recto. Funcionam como canais, ou seja, o escoamento dá-se
em superfície livre. Em novas urbanizações e nos arruamento e ruas largas os colectores
podem ser implantados fora das faixais de rodagem (menores sobrecargas).
23

Nestes casos, se revelar mais económico podem-se utilizar dois colectores (um de cada lado
da via publica), menores custos dos ramais de ligação domiciliários. O colector domestico
quando no eixo da via situar-se à direita do pluvial (observação de montante para jusante)
para evitar ligações indevidas.

Secções: geralmente utiliza-se a secção circular (a de maior raio hidráulico) pré-fabricado (em
diâmetro comerciais). Em colectores antigos podem-se ainda encontra outras secções:
elipsoidais, arcos de circulo baixo ovais, etc.

Materiais: os colectores pluviais podem ser em betão simples ou armado (material mais
utilizado e quase único no grande diâmetro) ou em PVC e polietileno de alta densidade –
PEAD. Nos colectores de águas residuais domesticas os materiais e respectivos revestimentos
deverão ser resistentes às acções químicas dos ácidos presentes no esgoto de resultantes da
sua putrefação. Podem ser utilizados grés cerâmico, betão e fibrocimento revestidos, PVC e
polietileno da alta densidade (mais resistentes quimicamente), este ultimo para maiores
diâmetros.

2.3.2. Órgão acessórios

2.3.2.1. Valetas
As valetas são fundamentais nos centros urbanos porque permitem o transporte do
escoamento superficial até ao ponto de captação com maior eficácia e celeridade.

As valetas podem apresentar uma secção triangular, trapezoidal, circular ou parabólica. Em


arruamentos urbanos apresentam frequentemente perfil triangular. Em espaços livres podem
estabelecer-se linhas de drenagem superficial, as chamadas valas, cuja seção transversal é
igualmente do tipo triangular, trapezoidal ou circular, mas cuja dimensão é superior à da
valeta. Trata-se simplificadamente de valetas de grandes dimensões e pouco profundas.

Os arruamentos devem ser concebidos de modo a que o fluxo de água nas valetas seja
encaminhado para as sarjetas e sumidouros. As valetas evitam que a água se acumule nas vias
24

de circulação, minimizando assim os incómodos que essa acumulação poderia provocar,


nomeadamente ao nível do tráfego e circulação de pessoas.

Figura 5 – Valeta de secção triangular

Fonte: Neves, 2002

2.3.2.2. Sarjetas e Sumidouros


Segundo Marques (2001), as sarjetas e os sumidouros são órgãos destinados a recolher as
águas pluviais de escoamento superficial (com entrada lateral e superior, respectivamente),
por forma a poderem ser conduzidas aos colectores.

Portanto, estes órgãos devem ser cuidadosamente localizados e em número adequado para que
em eventos de precipitações elevadas a sua capacidade de drenar a água seja maximizada,
evitando alagamentos nos arruamentos.

Figura 6 – Sargeta e ramal de sargeta

Fonte: Neves, 2002

Portanto, deve ser prevista a implantação de sarjetas ou sumidouros:


25

a) nos pontos baixos da via pública;


b) nos cruzamentos, de modo a evitar a travessia da faixa de rodagem pelo escoamento
superficial;
c) ao longo do percurso das valetas, de modo que a largura da lâmina de água não
ultrapasse o valor considerado nos critérios de dimensionamento hidráulico.

O artigo 144º do mesmo Regulamento define os seguintes tipos de dispositivos de entrada:

i) as sarjetas são dispositivos com entrada lateral das águas de escorrência pluvial,
normalmente instalados no passeio da via pública.

ii) os sumidouros são dispositivos com entrada superior de águas de escorrência e


implicam necessariamente a existência de uma grade que permita a entrada de
água sem prejudicar a circulação rodoviária e usualmente implantados no
pavimento da via pública.

iii) as sarjetas e os sumidouros podem dispor ou não de sifonagem e de câmara de


retenção de sólidos.

Quanto às dimensões mínimas destes órgãos o regulamento estipula o seguinte no artigo 146º:

i) as dimensões mínimas a que devem obedecer as sarjetas e os sumidouros são as


seguintes:
a) Sarjetas:
▪ Largura da abertura lateral – 45 cm
▪ Altura da abertura lateral – 10 cm

b) Sumidouros:
▪ Largura da grade – 35 cm
▪ Comprimento da grade – 60 cm

ii) as grades dos sumidouros devem ter as barras na direção do escoamento,


reduzindo-se ao mínimo o número de barras transversais.
26

iii) a área útil de escoamento dos sumidouros deve ter um valor mínimo de um terço
da área total da grade.

2.3.2.2.1. Tipos de sarjetas / sumidouros


De acordo com a NP-676, existem os doze tipos de sarjetas e sumidouros a seguir indicados:

▪ Tipo L - sarjeta de lancil de passeio, sem vedação hidráulica, sem câmara de retenção
(Fig.A1);
▪ Tipo LC - sarjeta de lancil de passeio, sem vedação hidráulica, com câmara de
retenção (Fig.A2);
▪ Tipo LH - sarjeta de lancil de passeio, com vedação hidráulica, sem câmara de
retenção (Fig.A3);
▪ Tipo LHC - sarjeta de lancil de passeio, com vedação hidráulica, com câmara de
retenção (Fig.A4);
▪ Tipo V - sumidouro de valeta sem lancil, sem vedação hidráulica, sem câmara de
retenção (Fig.A5);
▪ Tipo VC - sumidouro de valeta sem lancil, sem vedação hidráulica, com câmara de
retenção (Fig.A6);

O tipo de sarjeta ou sumidouro a implantar depende da localização no arruamento, da


necessidade de vedação hidráulica e da necessidade de retenção de material sólido.

Os sumidouros do tipo V utilizam-se exclusivamente quando a localização da entrada estiver


situada em valetas não acompanhadas de lancil de passeio. Se a inclinação longitudinal do
arruamento for superior a 5% então devem utilizar-se os sumidouros do tipo F, e se for
inferior a 5% podem usar-se os tipos F ou C.

Quanto à vedação hidráulica, adoptam-se sarjetas ou sumidouros não sifonados quando na


respectiva rede de drenagem de águas pluviais não haja possibilidade de deposição de
material que origine gases tóxicos, isto é, as redes separativas. As sarjetas ou sumidouros
27

sifonados utilizam-se em redes unitárias ou troços de redes separativas em que existam


condições para a deposição de material sólido que liberte maus odores.

A necessidade de câmaras de retenção em sarjetas ou sumidouros depende da quantidade de


material sólido que poderá ser transportado pelas águas pluviais que afluem à rede, e da
capacidade de transporte dos coletores. Em zonas totalmente pavimentadas onde não é de
esperar que o caudal sólido seja elevado, ou zonas onde os coletores tenham capacidade para
assegurar o transporte desse mesmo caudal, utilizam-se sarjetas e sumidouros sem câmara de
retenção.

A capacidade dos dispositivos de entrada, sarjetas e sumidouros, depende da sua geometria


bem como das características do escoamento nas valetas onde se localizam. Esta capacidade
determina a quantidade de água que é captada nas valetas, e, portanto, a quantidade de água
que aflui à rede de coletores. A inadequada localização nas valetas ou capacidade insuficiente
destes dispositivos pode impedir um funcionamento eficaz da rede de drenagem.

2.3.2.3. Colectores, Ramais e Caixas de Ligação


Os colectores de ligação estabelecem a ligação entre os dispositivos de entrada, sarjetas ou
sumidouros, e a rede de coletores principais.

Os colectores prediais podem descarregar nas valetas, ou em caixas de ramal de ligação


adjacentes aos limites das propriedades. Neste último caso, o coletor que liga a caixa de ramal
de ligação ao coletor principal, denominado ramal de ligação, tem uma função idêntica à dos
coletores de ligação.

Segundo o artigo 111º do Regulamento o diâmetro mínimo dos coletores de ligação é de 200
mm. Para os ramais de ligação, o artigo 131º, estabelece um diâmetro mínimo de 125 mm.

No que diz respeito às inclinações, o mesmo regulamento, refere no artigo 130º que não
devem ser inferiores a 1%, sendo aconselhável que se mantenham entre 2 e 4%. Para
28

inclinações superiores a 15% devem prever-se dispositivos especiais de ancoragem para estes
colectores.

Em termos de inserção dos colectores de ligação no colector principal da rede de drenagem o


regulamento estipula no artigo 133º:

i) A inserção dos ramais de ligação na rede pública pode fazer-se nas câmaras de
visita ou, direta ou indiretamente, nos coletores.

ii) A inserção direta dos ramais de ligação nos coletores só é admissível para
diâmetros destes últimos superiores a 500 mm e deve fazer-se a um nível superior
a dois terços de altura daquele.

iii) A inserção nos coletores pode fazer-se por meio de forquilhas simples com um
ângulo de incidência igual ou inferior a 67º, sempre no sentido do escoamento, de
forma a evitar perturbações na veia líquida principal.

No ponto i deste artigo refere-se à ligação indireta nos colectores. Esta ligação é feita através
de uma caixa enterrada de pequenas dimensões denominada “caixa de ligação”.

Quanto ao traçado, refere o artigo 134º:

i) O traçado dos ramais de ligação deve ser retilíneo tanto em planta como em perfil,
admitindo-se, no entanto, curvas de concordância entre as forquilhas e os ramais
de ligação.

Constitui prática adequada, aquando da implantação dos colectores, colocar tês e forquilhas
para os ramais de ligação que estejam previstos instalar, devendo estes ser tamponados até
que entrem em serviço. Se estes acessórios não forem colocados no momento da instalação do
colector, será necessário furar o colector para inserir o ramal de ligação. Consequentemente, a
qualidade da ligação será inferior e se não for perfeita, o ramal pode constituir um obstáculo
ao escoamento e introduzir uma perda de carga adicional.
29

Nos casos em que não há alternativa à inserção posterior destes acessórios, é conveniente
substituir o troço do coletor da rede já instalado por outro troço que já tenha acoplado um tê
ou forquilha, conforme o caso.

Figura 7 – Representação esquemática de ramais de ligação a colectores

Fonte: Sousa, 1991

2.3.2.4. Câmara de visita


Este órgão é dos mais vulgares nas redes drenagem de águas pluviais. As câmaras ou caixas
de visita têm como objectivos possibilitar operações de manutenção nos colectores,
designadamente a limpeza e desobstrução dos mesmos, permitir a verificação das condições
de escoamento e a amostragem da qualidade das águas.

Devem ser concebidas de modo a minimizar as perturbações do escoamento nos colectores,


ser construídas com materiais que garantam a respetiva durabilidade e resistência mecânica
para resistir às cargas aplicadas.
30

As câmaras de visita deverão ser solidamente construídas, facilmente acessíveis e munidas de


dispositivos de fecho resistentes que impeçam, quando necessário, a passagem dos gases para
a atmosfera. Segundo o artigo 139º do Regulamento:

▪ É obrigatória a implantação de câmaras de visita:


a) Na confluência dos coletores;
b) Nos pontos de mudança de direção, de inclinação e de diâmetro dos
coletores;
c) Nos alinhamentos retos, com afastamento máximo de 60 m e 100 m,
conforme se trate, respetivamente, de coletores visitáveis ou não visitáveis.
d) os afastamentos máximos referidos na alínea anterior poderão ser
aumentados, no primeiro caso em função dos meios de limpeza
disponíveis, e, no segundo, em situações especiais devidamente
justificadas.

As camaras de visita destinam-se a facilitar o acesso aos colectores para observação e


manutenção (exploração da rede de saneamento em condições de segurança e eficiência). A
sua localização vem regulamentada e é obrigatória em mudança de direcção, inclinação e
diâmetro dos colectores, confluência de colectores, alinhamentos rectos afastados no máximo
de 60m em colectores não visitáveis (altura interior < 1,60𝑚 ) e 100 em colectores visitáveis
(altura inferior > 1,60𝑚).

As camaras podem incluir quedas, mais frequentes no caso de arruamentos muito inclinados.
As quedas nos colectores pluviais são normalmente simples, entanto, quando superior a 1,0m
a soleira devera ser protegida com um revestimento resistente para evitar o desgaste. Nos
colectores domiciliários para quedas pequenas (menores ou iguais a 0,5m) devera ser
efectuada uma concordância na caleira e para valores superiores devera ser executada uma
queda guiada à entrada da camara.

Na execução das câmaras de visita devem respeitar-se os seguintes aspectos construtivos:


31

a) a menor dimensão útil em planta de uma câmara de visita não deve ser inferior a 1,00
ou 1,25 m para profundidades inferiores ou, iguais ou superiores a 2,5 m
respectivamente;

b) a relação entre a largura e profundidade de uma câmara de visita deve ter em


consideração a operacionalidade e a segurança do pessoal de exploração;

c) a inserção de um ou mais colectores noutro deve ser feita no sentido do escoamento,


de forma a assegurar a tangência da veia líquida secundária à principal. Havendo
alterações dos diâmetros dos colectores que se inserem na mesma câmara, a
concordância deverá ser feita de modo a garantir a continuidade do geratriz superior
interior dos colectores;

d) as mudanças de direcção, diâmetro e inclinação que se realizam numa câmara de


visita, devem fazer-se por meio de caleiras semi - circulares construídas na soleira,
com altura igual a 2/3 do maior diâmetro, de forma a assegurar a continuidade da veia
líquida;

e) as soleiras devem ter uma inclinação mínima de 10% no sentido das caleiras;

f) em zonas em que o nível freático se situe, de uma forma contínua ou sazonal, acima da
soleira da câmara de visita, deverá garantir-se a estanquidade das suas paredes e do
fundo;

g) a profundidade das câmaras de visita é condicionada pela profundidade do colector.


No caso em que esta profundidade exceda os 5,00 m, deverão ser construídos, por
razões de segurança, patamares espaçados no máximo de 5,00 m, com aberturas de
passagem desencontradas;

h) em sistemas de águas residuais pluviais e para quedas superiores a 1,00 m, a soleira


deve ser protegida de forma a evitar a erosão;
32

i) em sistemas unitários ou de águas residuais domésticas é de prever uma queda guiada


à entrada da câmara de visita, sempre que o desnível a vencer for superior a 0,5 m, e
uma concordância adequada na caleira, sempre que o desnível for inferior a este valor.

2.3.2.4.1. Constituição e tipos das câmaras de visita


As câmaras de visita são constituídas por:

▪ Soleira, formada em geral por uma laje de betão que serve de fundação às paredes;
▪ Corpo, formado pelas paredes com disposição em planta de forma circular ou
retangular;
▪ Cobertura, plana ou troco-cónica assimétrica, com um geratriz vertical na continuação
do corpo para facilitar o acesso;
▪ Dispositivo de acesso, formado por degraus encastrados ou por escada fixa ou
amovível, devendo esta última ser utilizada somente para profundidades iguais ou
superiores a 1,7m;
▪ Dispositivo de fecho resistente.

Os tipos de câmaras de visita utilizados em redes de coletores com diâmetro até 600 mm
podem classificar-se em:

▪ Tipo CT – De corpo circular e cobertura troncocónica (Fig.A7);


▪ Tipo CP – De corpo circular e cobertura plana (Fig.A8);
▪ Tipo P – De corpo retangular ou quadrado e cobertura plana (Fig.A9).

De preferência devem-se utilizar as câmaras de corpo circular, sendo que as câmaras de corpo
retangular se utilizam quando não é possível recorrer a elementos pré-fabricados e é
necessário construir a câmara in situ recorrendo a tijolos ou blocos de cimento.

Em termos de cobertura, devem-se utilizar as planas para profundidades de câmara igual ou


inferiores a 1,6m e troncocónicas para profundidades superiores.
33

2.3.2.4.2. Pormenores construtivos


▪ Soleira

Pode ser constituída por uma laje de betão simples ou armado conforme as condições
específicas do local. A espessura mínima, na zona mais profunda das caleiras, nunca deve ser
inferior a 0,10m. Para evitar a retenção de sólidos em suspensão transportados pelas águas
pluviais a superfície da soleira deve ter uma inclinação entre 10% e 20% no sentido das
caleiras e as linhas de crista devem ser ligeiramente boleadas.

Em sistemas com diâmetro dos coletores superiores a 200 mm e em que a queda na caixa de
visita seja superior a 1 m, a soleira deve ser localmente protegida. Caso exista queda entre os
coletores de montante e jusante deve-se utilizar um troço de queda guiada (Fig.A10), e caso
esta seja superior a 0,50m este troço será exterior à câmara (Fig.A11).

▪ Corpo

Para câmaras de corpo circular (CT e CP) as dimensões interiores mínimas em planta são de
1m e 1,25m de diâmetro, respetivamente para profundidades inferiores e superiores a 2,5m.
Para câmaras retangulares (P), as paredes não atravessadas pelos coletores devem ter no
mínimo 1,0m em planta, enquanto as restantes devem ter no mínimo 0,80m. Normalmente o
corpo das câmaras é de betão, armado ou não, mas pode também ser de alvenaria. O mais
comum é utilizar betão pré-fabricado. A espessura das paredes deverá ser entre 0,10m e
0,20m.

▪ Cobertura

Pode ser troncocónica ou plana (Fig.A12) conforme o tipo de câmara em que se aplica. As
troncocónicas podem ser simétricas (Fig.A13) ou assimétricas (Fig.A14). O diâmetro interior
da base é igual ao do corpo da câmara, sendo que na parte superior possui uma gola cilíndrica
para assentar o aro do dispositivo de fecho. Podem ser de betão, armado ou não, moldadas no
local ou pré-fabricadas.
34

▪ Dispositivos de fecho e de acesso

O dispositivo de fecho é a parte superior da cobertura da câmara, constituída por aro e tampa.
Estes dispositivos estão classificados segundo a carga de ensaio e devem ser escolhidos
conforme a zona em que estarão inseridos e respetiva utilização. Os materiais mais utilizados
são o ferro fundido e a grafite lamelar ou esferoidal.

O diâmetro dos dispositivos de fecho circulares deverá ser, no mínimo, 0,55 m ou maior
quando se achar conveniente, enquanto os dispositivos retangulares devem ter as dimensões
mínimas de 0,50 m x 0,50 m. Para permitir o acesso à câmara é usual instalar degraus
metálicos cravados nas paredes da câmara, mas estes devem estar protegidos contra a
corrosão. Em alternativa pode-se utilizar uma escada portátil, evitando assim preocupações
com a eventual corrosão nos degraus fixos.

2.3.2.5. Câmaras de visita de coletores de dimensões excecionais

Para colectores de dimensão superior a 600 mm, utiliza-se, em geral, uma câmara de visita de
maiores dimensões, compatível com a dimensão dos coletores.

Nestes casos são utilizadas câmaras de visita de base retangular com uma dimensão mínima
igual ao diâmetro dos coletores, acrescida de 0,30m nas paredes atravessadas por coletores e
de 1,50m a 1,80m para as paredes não atravessadas.

A caixa deve ter dimensões que permitam efetuar as operações de limpeza em cima de uma
plataforma, que normalmente é instalada em cima do colector de jusante (Fig.A15). O acesso
à câmara é feito através de uma chaminé construída com anéis circulares pré-fabricados.

No caso de os coletores terem um diâmetro superior a 1,60 m, a caixa serve apenas de acesso
aos mesmos, já que, estes são visitáveis. Esta câmara de acesso é feita com anéis pré-
fabricados e apoiada no próprio coletor, que, portanto, deve ser reforçado com envolvimento
de betão.
35

2.3.2.6. Colectores
Os coletores são os constituintes principais de uma rede de drenagem. Os colectores têm por
finalidade assegurar o transporte das águas pluviais provenientes das edificações ou da via
pública a destino final adequado.

Em relação à secção dos colectores o Regulamento refere no artigo 111º que o diâmetro
nominal mínimo admitido é de 200 mm, o diâmetro pode ser reduzido para jusante, desde que
se mantenha a capacidade de transporte. Em relação aos materiais é referido no artigo 121º
que os colectores utilizados em redes de águas pluviais são quase exclusivamente de betão, a
não ser em troços a funcionar sobre pressão, podendo nesses casos ser de fibrocimento, PVC,
ferro fundido ou aço.

O traçado em planta e em perfil dos colectores depende da disposição planimétrica e


altimétrica dos aglomerados urbanos. Este traçado deve respeitar, necessariamente, outras
infraestruturas subterrâneas, tais como as do sistema de distribuição de água, gás, eletricidade,
etc. Os aspetos relativos às tubagens de água são muito importantes devido à possível
contaminação por parte das águas residuais que possam eventualmente infiltrar-se.

Figura 8 – Posição relativa dos colectores de águas pluvial em perfil

Fonte: Sousa, 1991


36

A implantação das condutas deve ser feita num plano superior ao dos coletores de águas
residuais e a uma distância não inferior a 1m, de forma a garantir protecção eficaz contra
possível contaminação, devendo ser adoptadas protecções especiais em caso de
impossibilidade daquela disposição.

É importante referir também os limites das inclinações para os colectores preconizados no


artigo 109º, que define que, em geral, as inclinações não devem ser inferiores a 0.3% nem
superiores a 15%, sendo admissíveis inclinações inferiores se forem garantidos o rigor de
nivelamento, a estabilidade de assentamento e a capacidade de transporte. Se houver
necessidade de utilizar inclinações superiores a 15% devem prever-se dispositivos especiais
de ancoragem dos colectores.

2.3.2.6.1. Condições de assentamento


O artigo 26º do Regulamento estabelece regras para a largura de valas. Para profundidades até
3 m, a largura das valas para assentamento dos coletores deve ser igual ao diâmetro do coletor
adicionado de 50 cm, no caso de diâmetros de coletor até 0.50 m, e igual ao diâmetro do
coletor adicionado de 70 cm, no caso de diâmetros de coletores superiores a 0.50 m.

Para profundidades superiores a 3 m a largura mínima da vala pode ter de ser aumentada em
função do tipo de terreno, processo de escavação e nível freático.

Em termos de assentamento o artigo 117º enumera as seguintes condições:

i) As tubagens devem ser assentes por forma a assegurar-se que cada troço de
tubagem se apoie continua e diretamente sobre terrenos de igual resistência.

ii) Quando, pela sua natureza, o terreno não assegure as necessárias condições de
estabilidade das tubagens ou dos acessórios, deve fazer-se a sua substituição por
material mais resistente devidamente compactado.
37

iii) Quando a escavação for feita em terreno rochoso, as tubagens devem ser assentes,
em toda a sua extensão, sobre uma camada uniforme previamente preparada de
0.15 m a 0.30 m de espessura, de areia, gravilha ou material similar cuja maior
dimensão não exceda 20 mm.

iv) Devem ser previstos maciços de amarração nas curvas e pontos singulares,
calculados com base nos impulsos e resistência dos solos.

Segundo o artigo 117º o aterro das referidas valas deve ser efetuado de 0.15 m a 0.30 m acima
do extradorso das tubagens com material cujas dimensões não excedam os 20 mm. A
compactação do material de aterro deve ser feita cuidadosamente de forma a não danificar as
tubagens e garantir a estabilidade do pavimento.

Para além do método tradicional de instalação de um colector em vala, em certas situações


pode recorrer-se a outro tipo de instalação. Os colectores podem ser assentes sob aterro ou
executados em túnel. Esta classificação é muito importante para o dimensionamento estrutural
e cálculo da capacidade resistente do colector. Na figura 18 ilustra-se essa classificação:

Figura 9 – Classificação do tipo de assentamento de coletores

Fonte: Sousa, 1991


38

Os colectores assentes sob aterros são assentes de tal forma que o seu extradorso se encontra
ao nível ou próximo do nível do terreno natural (ou de terreno previamente bem compactado),
e que após a instalação são aterrados, ficando o topo do aterro acima da linha do terreno
natural. Também se podem englobar nestas condições os coletores assentes em valas
excessivamente largas.

Quando as profundidades de assentamento dos colectores são superiores a 9 m, ou a


superfície do terreno tem uma utilização tal que impede o colector de ser instalado pelos
métodos convencionais de vala a céu aberto, pode tornar-se necessário assentar o colector
com macaco hidráulico ou por intermédio de um túnel.
39

CAPITULO III - DIMENSIONAMENTO E CONCEPÇÃO DE DRENAGEM DE


ÁGUA PLUVIAIS

O presente capitulo descreve método usualmente utilizado para o dimensionamento de uma


rede de drenagem de águas pluviais, apresentando-se tanto as fórmulas matemáticas, como os
ábacos e as tabelas necessários para o correcto dimensionamento de uma rede de drenagem
desta génese.

3.1. Elementos de base para o Calculo


O colector deverá, dentro do possível, acompanhar a inclinação do arruamento e do terreno ao
longo de toda a rede. Este deverá posicionar-se a uma profundidade de assentamento nunca
inferior a 1.0 𝑚 entre o seu extradorso e o pavimento.

A rede, bem como as caixas de visita serão ligadas nos vários pontos à Rede Publica de
Drenagem de Águas Pluviais, sendo implantadas conforme as peças desenhadas. Assim,
consideraram-se caixas de visita sempre que haja uma cada mudança de direcção ou
inclinação, nunca excedendo uma distância máxima entre elas de 60 metros. As águas
pluviais provenientes do arruamento serão recolhidas em sarjetas.

3.2. Águas Pluviais – Método Racional


A utilização do método racional requer o conhecimento da área e dos tipos de ocupação e solo
da bacia de drenagem, do tempo de concentração e das curvas de intensidade - duração –
frequência (Curvas IDF) para o período de retorno pretendido.

Os caudais de projecto foram estimados pela aplicação do Método Racional, os quais são
obtidos em função do coeficiente de escoamento (𝐶), da intensidade de precipitação (𝐼) e da
área a drenar em projecção horizontal (𝐴). O método racional é expresso pela equação:

Q p = CiA
40

que é uma expressão dimensionalmente homogenia (não depende do sistema de unidades),


Sendo:

𝑄𝑝 – Caudal de ponta (𝑚3 /𝑠)


𝐶 – Coeficiente de escoamento, relação entre o caudal máximo por unidade de área e a
intensidade media da precipitação que o provoca.
𝑖 – Intensidade de precipitação (𝑚/𝑠), com duração igual ao tempo de concentração
da bacia - tc e período de retorno Tr que se pretende para o caudal.
𝐴 – Área da bacia de drenagem a montante (𝑚2 )

O coeficiente de escoamento vem tabelado no projecto de novo regulamento em função do


tipo e inclinação do terreno e da percentagem de áreas impermeáveis. No caso da existência
de varias baciais parciais C pode ser ponderado analiticamente ou subjectivamente.

Tabela 1 - Valores médios do coeficiente “C” para utilização na fórmula racional (Manual nº37,
ASCE)
Tipologia de ocupação Coeficiente
Comercial
no centro da cidade 0,70 – 0,95
nos arredores 0,50 – 0,70
Residencial
habitações unifamiliares 0,30 – 0,50
prédios isolados 0,40 – 0,60
prédios geminados 0,60 – 0,70
suburbano 0,25 – 0,40
Industrial
pouco denso 0,50 – 0,80
muito denso 0,60 – 0,90
Parque e cemitérios 0,10 – 0,25
Campos de jogos 0,20 – 0,40
Tipologia de superfície Coeficiente
Pavimento
asfáltico 0,70 – 0,95
betão 0,80 – 0,95
Passeios para pões 0,85
Cobertura (telhados) 0,75 – 0,95
Relvado sobre solo permeável
plano <2% 0,05 – 0,10
medio, 2% a 7% 0,10 – 0,15
inclinação 0,15 – 0,20
Relvado sobre solo impermeável
plano <2% 0,13 – 0,17
41

medio, 2% a 7% 0,18 – 0,22


inclinado >7% 0,25 – 0,35

Os seguintes pressupostos são inerentes ao uso desta fórmula:

▪ O caudal de ponta ocorre quando toda a bacia de drenagem está a contribuir para o
escoamento;
▪ A intensidade de precipitação é igual em toda a bacia de drenagem;
▪ A intensidade de precipitação é uniforme durante um tempo igual ao tempo de
concentração da bacia;
▪ A frequência do caudal de ponta é a mesma que a da intensidade de precipitação que
lhe deu origem;
▪ O coeficiente de escoamento é igual para todas as precipitações, qualquer que seja o
tempo de recorrência.

Apesar de este método ser de grande utilidade há que ter em conta as suas limitações, que
derivam das simplificações consideradas.

Em termos hidrológicos admite-se que a precipitação é invariável no espaço e no tempo, que


como se sabe não se verifica, que a relação entre precipitação e escoamento é linear e
traduzida pelo coeficiente de escoamento, que também não se verifica, já que C aumenta com
a intensidade de precipitação. Os fenómenos de infiltração e retenção não são considerados.
Por exemplo, se ocorrerem duas chuvadas separadas por um curto espaço de tempo, a
infiltração durante a segunda será menor, devido à água que se infiltrou durante a primeira
chuvada.

Em termos hidráulicos considera-se que o caudal de ponta só ocorre quando toda a bacia está
a contribuir para o escoamento, o que pode não se verificar.
42

3.2.1. Tempo de Retorno


No cálculo dos caudais de ponta de cheia, para os quais os sistemas de drenagem devem ser
dimensionados, é fundamental a escolha do tempo de retorno.

O tempo de retorno T, é o intervalo de tempo estimado de ocorrência de um evento, ou seja, é


o intervalo de tempo médio que decorre para que um determinado evento seja igualado ou
excedido. Define-se como o inverso da probabilidade de ocorrência de um evento.

Existe o risco de o caudal associado a um período de retorno ser excedido num certo intervalo
de tempo. Esse risco pode ser calculado pela fórmula:

1 C
R = 1 − (1 − )
𝑇

Sendo,

R – Risco
T – Tempo de retorno
C – Intervalo de tempo

O risco calculado vem sob a forma de probabilidade, estando, portanto, entre 0 e 1.

Assim, o tempo de retorno deve ser escolhido em função do risco que é aceitável correr dentro
do tempo de vida útil de uma obra. Como tal, o tempo de retorno deve ser escolhido
cuidadosamente tendo em conta as consequências negativas para pessoas e bens que um
caudal superior ao caudal de ponta, para o qual o sistema de drenagem foi dimensionado.

No cálculo de sistemas de drenagem de águas pluviais, os períodos de retorno a considerar


para o cálculo da intensidade de precipitação são de 5 ou 10 anos.
43

Tabela 2 - Valores do coeficiente C em função do período de retorno, para diversas tipologias


de ocupação (adaptado de Drainage Criteira Manual 1977)
Coeficiente
Tipologia de Superfície Período de retorno (anos)
5 a 10 25 100
Pavimento
asfáltico 0.80 0.88 0.95
betão 0.85 0.93 0.95
Passeios para peões 0.85 0.93 0.95
Coberturas (telhados) 0.85 0.93 0.95
Relvado sobre solo permeável
plano <2% 0.07 0.08 0.09
médio, 2 a 7% 0.12 0.13 0.15
inclinado >7% 0.17 0.19 0.21
Relvado sobre solo impermeável
plano <2% 0.18 0.20 0.22
médio, 2 a 7% 0.22 0.24 0.27
inclinado >7% 0.30 0.33 0.37
Área florestada em solo permeável
plano <2% 0.12 0.13 0.15
médio, 2 a 7% 0.15 0.20 0.22
inclinado >7% 0.30 0.33 0.37
Área florestada em solo permeável
plano <2% 0.30 0.33 0.37
médio, 2 a 7% 0.40 0.44 0.50
inclinado >7% 0.40 0.55 0.62
Fonte: RSPDADAR, 2003

3.2.2. Tempo de Concentração


O tempo de concentração 𝑡𝑐, é o tempo necessário para que uma gota de água caída no ponto
hidraulicamente mais afastado da bacia atinja a secção em estudo.

tc = te + tp

Pode-se afirmar que o tempo de concentração é o tempo após o qual todos os pontos da bacia
estão a contribuir para o escoamento e após o qual este escoamento permanece constante
enquanto a precipitação for constante.

Os factores que influenciam o tempo de concentração de uma bacia são:

▪ Forma da bacia;
▪ Inclinação média da bacia;
44

▪ Tipo de cobertura vegetal;


▪ Comprimento e inclinação do curso principal de água e afluentes;
▪ Distância horizontal entre o ponto mais afastado da bacia e a sua saída;
▪ Condições do solo em que a bacia se encontra no início da chuva.

Na aplicação do método racional, o tempo de precipitação é considerado igual ao tempo de


concentração.

O tempo de concentração considerado para o dimensionamento de redes de drenagem de


águas pluviais é igual à soma do tempo inicial com o tempo de percurso. O tempo inicial varia
entre os 5 min em zonas inclinadas e com grande densidade de sumidouros ou sarjetas, e os
15 min em zonas planas com pequena densidade de dispositivos de entrada.

3.2.3. Intensidade de Precipitação


A precipitação utilizada no método racional é representada pela intensidade média máxima
para um período igual ao tempo de concentração da bacia. A intensidade de precipitação
depende da duração da precipitação e do tempo de retorno.

Quanto maior for o tempo de retorno, maior é a intensidade de precipitação, e quanto maior
for o tempo de precipitação considerado, menor é a intensidade de precipitação.

O Regulamento moçambicano estabelece que para o cálculo da intensidade de precipitação, se


deve recorrer às curvas de IDF que permitem obter um valor em função das várias durações e
para vários períodos de retorno escolhidos com base nas curvas IDF de Maputo.

Afectação do valor obtido pelo factor multiplicativo correspondente à região pluviométrica


em causa. Expressão analítica das curvas IDF para Maputo, (RSPDADAR, 2003):

I(mm/h) = a x t(min)b

em que:
45

T - período de retorno (anos);


I - intensidade da precipitação (mm/h);
a, b - parâmetros adimensionais;
t - duração(min);

Tabela 3 - Obtenção dos parâmetros adimensionais de a e b

T(anos) 2 5 10 20 25 50
a 534.0468 694.504 797.3841 896.5751 930.8815 1026.694
b -0.6075 -0.59383 -0.5869 -0.58197 -0.58119 -0.57749

Figura 10 – Expressão gráfica das curvas IDF para Maputo

Fonte: RSPDADAR, 2003

Estas curvas são obtidas a partir da análise estatística de séries históricas de registo de
precipitações para um elevado número de anos.
46

O Regulamento distingue para Moçambique continental quatro regiões pluviométricas


distintas, A, B, C e D. Os concelhos incluídos nas diferentes regiões pluviométricas estão
indicados no anexo 11 do Regulamento, 2003.

Figura 11 – Regiões pluviométricas de Moçambique

Fonte: RSPDADAR, 2003


47

3.2.4. Coeficiente de Escoamento


O coeficiente de escoamento é definido pelo quociente entre a altura eficaz ou útil de
precipitação e a altura total de precipitação, isto é, a percentagem de água precipitada que dá
origem a escoamento.

O coeficiente de escoamento pode ser estimado directamente a partir do ábaco fornecidos no


anexo 12 do Regulamento. Observando a figura 12, na qual está representado o ábaco
referido, verifica-se que o coeficiente de escoamento é estimado em função da percentagem
de áreas impermeáveis da bacia e do valor de x1, que é função da inclinação do terreno e do
tipo de terreno.

Figura 12 – Abaco de Coeficientes de Escoamento


48

VALOR DE  Terreno plano Terreno pouco Terreno inclinado Terreno muito


I = 0 a 1% inclinado I = 1,5 a 8% inclinado
I = 1 a 1,5% I = 8%
Terreno arenoso 0,13 0,22 0,31 0,49
Terreno semi-arenoso 0,22 0,31 0,40 0,58
Terreno semi-compacto 0,31 0,40 0,49 0,70
Terreno compacto 0,40 0,49 0,58 0,82

▪ Terreno arenoso: inclui essencialmente areias profundas com muito pouco limo ou
argila.
▪ Terreno semi-arenoso: inclui essencialmente areias menos profundas do que as do
terreno arenoso e algum limo ou argila.
▪ Terreno semi-compacto: inclui essencialmente solos com quantidades apreciáveis de
argila.
▪ Terreno compacto: inclui essencialmente argilas pouco expansivas e solos pouco
profundos com sub-horizontes quase impermeáveis.

3.3. Critérios de Dimensionamento e Disposições Hidráulico-Sanitárias


Regulamentares

3.3.1. Tipo de escoamento


Para efeitos de calculo dos colectores considera-se que o escoamento se da em superfície livre
(secção parcialmente ocupada) em regime uniforme e permanente.

3.3.2. Lei de resistência


A lei de resistência a utilizar será a lei de resistência do escoamento uniforme que poderá ser a
formula de Chézy, a formula de Manning – Strickler (ambas validas para escoamentos
turbulentos rugosos) ou a formula de Colebrook – White (valida em todo o domínio dos
escoamentos turbulentos). Neste caso vamos considerar a formula de Manning – Strickler:

Q = Ks ∙ A ∙ R2/3 ∙ I 1/2

em que:
Q - caudal escoado em (𝑚3 /𝑠);
K - coeficiente de Manning-Strickler em (𝑚1/3 𝑠 −1 );
A - área liquida em (𝑚2 );
49

R - raio hidráulico em (𝑚);


I - inclinação longitudinal da tubagem (𝑚/𝑚)

3.3.3. Coeficientes de Rugosidade


A rugosidade é muito influenciada não só pelo tipo de material como pela idade dos
colectores, forma e dimensão das secções, condições de assentamento em obra e estado das
juntas. A bibliografia corrente fornece valores aproximados para estimativa em projecto,
obtidos com base em medições efectuadas em condições reais de funcionamento. São
indicados de 𝐾𝑠 da ordem 90 𝑚1/3 𝑠 −1 para tubos lisos (PVP - PEAD) e de 60 𝑎 75 𝑚1/3 𝑠 −1
para betão em razoável estado de limpeza, ate valores de 50 𝑚1/3 𝑠 −1 em colectores ma
alinhados ou com obstruções.

Em secções circulares o coeficiente 𝐾𝑠 varia com a altura do escoamento sendo Máximo para
a secção cheia. Por simplificação normalmente não se considera essa variação.

3.3.4. Condições hidráulico-sanitárias e construtivas regulamentares


Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas
Residuais de Moçambique – Titulo II – Disposições Técnicas da Drenagem Publica de Águas
Residuais.

3.3.5. Condições máximas


A serem garantidas para o caudal máximo ou de dimensionamento.

3.3.5.1. Altura máxima do escoamento


A altura da lamina liquida nos colectores é limitada superiormente para facilitar a ventilação
dos mesmos de modo a garantir a ausência de condições de septicidade. As tubagens não
podem entrar em carga.
50

▪ Colector pluvial –secção cheia ⟺ (h/D)máx = 0,82

3.3.5.2. Velocidade máxima


A velocidade máxima deve ser limitada devido à erosão provocada nos colectores e nas
camaras de visita pela turbulência e transporte solido.

▪ Colector pluvial: Vmáx = 5 m/s

3.3.6. Condições mínimas ou de Auto-Limpe za


Devem ser garantidas pelo “caudal mínimo” para evitar a obstrução dos colectores devido à
sedimentação dos sólidos em suspensão transportados nas águas residuais. (Garantir
condições de transporte solido).

Portanto, existem 2 critérios, o critério da velocidade mínima (consagrado no Regulamento) e


o critério do poder de transporte mínimo τ0 (τ0 = γJR h em que 𝛾 é o peso especifico da água
residual).

3.3.6.1. Critério da velocidade mínima


▪ Colector pluvial: Vmáx = 0,9 m/s

3.3.6.2. Critério do poder de transporte mínima


▪ Colector pluvial: 𝜏𝑂 = 4 𝑁/𝑚2

3.3.6.3. Altura mínima de escoamento


A necessidade de fixação de uma altura mínima de escoamento não é um aspecto consensual.
Não vem igualmente consagrada no actual projecto de regulamento.
51

3.3.7. Características do traçado em perfil


3.3.7.1. Alinhamento dos colectores
O alinhamento dos colectores em perfil deve-se à necessidade de garantir a continuidade
hidráulica nas camaras de visita. Normalmente esse alinhamento é efectuada pelo geratriz
superior interior, embora existem outros critérios.

3.3.7.2. Sequencia de secções e diâmetro mínimo


Segundo RSPDADAR (2003), “o diâmetro nominal mínimo para evitar obstruções por matérias
grosseiras é de 200mm”.

Relativamente à sequencia de secções o Regulamento consagra de progressão dos diâmetros


para jusante no sentido de evitar o estrangulamento de secção que se verificaria no caso de
uma diminuição. Em casos devidamente justificados de colectores pluviais (aumento da
capacidade de transporte por aumento de inclinação) admite-se, contudo, a violação desta
regra.

3.3.7.3. Inclinações máxima e mínima construtivas


Para evitar escorregamento dos colectores considera-se por razões construtivas 𝑖𝑚á𝑥𝑐 =
15%. Devido à dificuldade em garantir o alinhamento e a problemas de ocorrência de
assentamentos diferenciais considera-se como inclinação – 𝑖𝑚í𝑛𝑐 = 3%.

3.3.7.4. Profundidade mínima


A distancia entre o pavimento e o extradorso dos colectores (recobrimento) devera ser
limitada inferiormente. A profundidade ou recobrimento mínimo esta condicionada por
sobrecargas, resistência ao esmagamento dos colectores e cotas dos ramais. De acordo com o
Regulamento refere para este parâmetro o valor de 1,0 𝑚.
52

3.4. Calculo hidráulico-sanitário e colocação optimizada dos colectores em perfil

3.4.1. Definição do problema


Secção circular parcialmente cheia em regime uniforme, neste caso teremos duas equações
(Lei de Resistência e Equação de Continuidade):

▪ Lei de Residência: Q = Ks ∙ A ∙ R2/3 ∙ I 1/2


▪ Equação de Continuidade: Q = V ∙A

3.4.2. Relações Geométricas em Coletores Circulares


Segundo Sousa (2001), nos sistemas de drenagem de águas pluviais, os colectores funcionam
em regime de superfície livre e como tal, pode-se usar a fórmula de resistência de Manning-
Strickler, para o cálculo da velocidade nos colectores.

O cálculo da secção molhada, A, e do raio hidráulico, R, no caso de secção cheia ou meia


cheia é simples, mas em casos intermédios é necessário recorrer a relações geométricas com o
ângulo 𝜃, que por sua vez se relaciona com a altura de água, h. P representa o perímetro
molhado e d o diâmetro do colector.

Figura 13 – Característica geométricas da secção circular

Fonte: Sousa, 2001

Da seguinte figura, vem:

▪ Velocidade com secção cheia


53

2
d 3 1
ν0 = ks × ( ) × i2
4

▪ Caudal com secção cheia

Π × d2
Q 0 = v0 × ( )
4

D2
A= (θ − sinθ)
8

D θ − sinθ
Rh = ( )
4 θ

D cosθ
h= (1 − )
2 2

Conhecidos:

▪ Material dos colectores (ks)


▪ Caudais –Caudal Máximo (Qmáx) e de auto-limpeza (Qal)

A determinar:

▪ Dimensionamento (diâmetro dos colectores)


▪ Colocação em perfil (profundidades e inclinações dos colectores)
▪ Calculo das características do escoamento (velocidades e altura da lamina liquida)

Procedimentos:

1º Determinam-se os diâmetros que podem ser colocados em cada troco satisfazendo as


condições hidráulico-sanitárias.

2º Calculam-se os limites de inclinação a que cada colector pode ser colocado,


verificando
as condições regulamentares.

3º Colocam-se os colectores de forma a minimizar os custos de escavação garantindo os


limites de inclinação e as profundidades exigidas.
54

4º Calculam-se as características do escoamento. (As condições regulamentares ficaram


verificadas no ponto 2).

3.5. Expressões analíticas das condições hidráulico-sanitárias e construtivas


3.5.1. Condições máximas

Altura máxima (𝒉/𝑫) ≤ 𝒂

h/D = 1/2(1 − cosθ/2) = a ⟹ 1 − cosθ/2 = 2a ⇒ θ = 2arccos(1 − 2a)

θ ≤ 2arccos(1 − 2a)

Velocidade máxima

Qmax Qal 8 Qmáx


≤ Vmax ⇒ Vmáx ⇒ (θ − sinθ) ≥
A D2 D2 Vmax
(θ − sinθ)
8

3.5.2. Condições mínimas (auto-limpeza)

Qal Qal 8 Qmáx


≤ Vmin ⇒ ≥ Vmáx ⇒ (θ − sinθ) ≤
A D2 ( D2 Vmin
)
8 θ − sinθ

3.5.3. Aspectos construtivos


Diâmetro mínimo 𝐷 ≥ 𝐷𝑚𝑖𝑛
Inclinação mínima construtiva 𝑖 ≥ 𝑖 𝑚𝑖𝑛𝑐
Inclinação máxima construtiva 𝑖 ≤ 𝑖 𝑚á𝑥𝑐
55

3.6. Determinação dos diâmetros


As condições máximas de altura, velocidade e de inclinação construtiva determinam o
diâmetro mínimo, que são expressas nas seguintes equações:

8 Qmáx
D≥[ ]1/2
Vmáx (θ − sinθ)

3
8 × 42/3 𝑄𝑚á𝑥 8 𝜃 1/4
D≥[ ] ×
Ks √𝑖𝑚á𝑥𝑐 (𝜃 − 𝑠𝑖𝑛)5/8

𝜃 = 2arccos(1 − 2𝑎)

𝐷 ≥ 𝐷𝑚í𝑛

Em cada troço calcula-se o menor diâmetro que pode ser utilizado resolvendo o sistema.

As condições mínimas determinariam o diâmetro Máximo no caso de ser limitada a altura


mínima de escoamento. Caso contrario é possível satisfazer Vmin para qualquer diâmetro,
bastando aumentar a inclinação do colector. Não havendo limitação hidráulica há, contudo,
limitações de caracter económico ao aumento do diâmetro.

Portanto, na generalidade das situações e para as condições regulamentares actuais o diâmetro


Máximo economicamente viável é aquele que permite atingir a inclinação mínima construtiva
com altura máxima de escoamento para o caudal de dimensionamento. Nessas circunstancias
resulta:

Ainda que seja possível a consideração de diâmetros superiores, nos casos correntes não se
conseguem reduções de escavação gerando soluções anti-económicas para a totalidade do
sistema.
56

3.7. Colocação dos Colectores


Para a colocação optimizada dos colectores, pré-fixados os respectivos diâmetros. Existem
três situações que correspondem à minimização das profundidades de escavação em coda
troço. A optimização global do sistema por utilização de Programação Dinâmica requeria a
discretização sistemática e em cada estádio (troço) dos diâmetros viáveis (segunda variável de
estado), bem como a definição da função de contribuição e da função objectivo.

Onde:

L – Comprimento do troço
it – declive do terreno
p- profundidade de chegada à camara do colector anterior (recobrimento)
∆𝑦 - queda na camara de visita a montante

a) Terreno Plano – (não se atinge a profundidade mínima - pmín)

p + L(imín − it) ≥ pmín

Figura 14 – Minimização da profundidade de assentamento dos colectores – Terreno Plano

Fonte: Marques, 2001

b) Terreno inclinado – (Atinge-se a profundidade mínima)

p + L(imín − it) < pmín

p + L(imáx − it) > pmín


57

Figura 15 – Minimização da profundidade de assentamento dos colectores – Terreno inclinado

Fonte: Marques, 2001

c) Terreno muito inclinado – (Necessidade de queda a montante)

p + L(imáx − it) < pmín

Figura 16 – Minimização da profundidade de assentamento dos colectores – Terreno muito inclinado

Fonte: Marques, 2001

Procedimentos heurístico (sem a utilização de optimização - aproximado)


58

Caso a)

▪ Se a profundidade atingida a jusante for muito elevada passa-se ao diâmetro comercial


seguinte e repete-se o raciocínio.

Caso b)

▪ Atingida a profundidade mínima. Não é económico aumentar o diâmetro.

Caso c)

▪ Em terrenos muito inclinados regra geral não compensa aumentar o diâmetro para
diminuir a queda a montante.

Partindo de um troco de cabeceira à profundidade minimal, resolvem-se os sucessivos trocos


para jusante determinando as cotas do extradorso, profundidade (recobrimentos) e inclinações
dos colectores. As profundidades e cotas de soleira nas camaras de visita são dadas por:

prof. soleira = Rec + Dint + e

Zsoleira = Zterreno − prof. soleira

Figura 17 – Recobrimento e profundidade da soleira - Relações geométricas

Fonte: Marques, 2001


59

3.8. Calculo das características do escoamento


Colocados os colectores ficam conhecidos em cada troco: Q (Qmáx e Qal)

A utilização da equação abaixo permite determinar iterativamente 𝜃 (o angulo ao centro não é


explicitável na equação) e, consequentemente h e V.

(θ − sinθ)5/3 8 × 42/3 Q
=(
θ2/3 Ks D8/3 √ i

Equação onde 2º termo é conhecido, fazendo:

(θ − sinθ)5/3
=b resulta θ − sinθ = 𝑏0,6 𝜃 0,4
θ2/3

Ou seja:

f(θ) = θ − sinθ − b0,6 θ0,4 = 0

Resolvendo pelo Método de Newton (das tangentes)

f′(θ) = 1 − cosθ − 0,4b0,6 θ−0,6

f ′′(θ) = sinθ + 0,24b0,6 θ−1,6

Fazendo

θn + 1 = θn − f(θn)/f′(θn)

O processo iterativo converge para a solução desde que:

f′(θ) ≠ 0

f′′(θ) ≠ 0

f(θ)f"(θ)
<1
(f′(θ))2

Neste caso, resulta


60

θn − sinθn − b0,6 θn0,4


θn + 1 = θn −
1 − cosθn − 0,4b 0,6 θn−0,6

Conhecido o angulo ao centro 𝜃 vem, finalmente:

D
h= (1 − COSθ/2)
2

8Q
V=
D2 (θ − sinθ)

τ0 = γiD(θ − sinθ)/4θ

H = h + V 2 /2g

Com Qmáx calculam-se a altura e velocidade máxima atingidas no colector que não podem
exceder os valores máximos regulamentares. Com Qal calculam-se a altura e velocidade (ou
poder de transporte) mínimos que não podem ser inferiores aos valores regulamentares.
61

CAPITULO IV – METODOLOGIA

O presente capítulo ocupa-se da pesquisa do campo e procede a caracterização da pesquisa de


campo, nos aspectos dos sujeitos da pesquisa, instrumentos de pesquisa e procedimentos
metodológicos.

4.1. Caracterização da Pesquisa do Campo


O trabalho cingiu-se na pesquisa bibliográfica, que foi desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos e na pesquisa de campo
que procurou o aprofundamento de uma realidade específica, realizada por meio da
observação simples, entrevista semiestruturada e questionários.

Segundo Oliveira (2005: 28), a metodologia define-se como o “processo onde se aplicam
diferentes métodos, técnicas e materiais (…) para a colecta de dados no campo”. Este
conceito, por sua vez, é constituído por procedimentos que não são mais do que uma forma de
progredir em direcção a um objectivo que se materializam com a sua escolha para a recolha
de dados, a escolha do instrumento de recolha, a identificação da amostra, a categorização e a
análise dos dados obtidos.

De acordo com Sarmento (2013: 4-7) a metodologia científica significa “o estudo do método
aplicado à ciência”. Por sua vez, Marconi e Lakatos, (2003: 83), define método como sendo
“o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia,
permitem alcançar um determinado objectivo”.

4.2. Quanto ao método de abordagem


Para a materialização deste presente Trabalho de Investigação Aplicada será utilizado o
método científico com a linha de abordagem Hipotético-Dedutivo.
62

De acordo com Manfroi & Noal, (2006:43), Hipotético-Dedutivo é considerado lógico por
excelência. Acha-se historicamente relacionado com a experimentação, motivo pelo qual é
bastante usado no campo de pesquisa das ciências naturais.

Com vista a atingir-se os objectivos definidos no início deste trabalho serão utilizados vários
métodos de investigação.

4.2.1. Abordagem do Problema


De acordo com Manfroi & Noal, (2006:38), Abordagem Qualitativo é aquele cujo dado não
são passíveis de serem matematizados. É uma abordagem largamente utilizada no universo
das ciências sociais, e, por conseguinte, da educação, quando a opção é trabalhar
principalmente com representações sociais, que grosso modo podem ser entendidas como a
visão de mundo”.

Segundo Manfroi & Noal, (2006:39), Abordagem Quantitativo é aqueles cujos dados
colectados podem ser matematizados, ou seja, a análise é feita mediante tratamento estatístico.

Demo (1995, p. 231) afirma que, “embora metodologias alternativas facilmente se uni-
lateralizem na qualidade política, destruindo-a em consequência, é importante lembrar que
uma não é maior, nem melhor que a outra. Ambas são da mesma importância metodológica”.

Assim para a prossecução deste trabalho usara a pesquisa quali-quantitativa, de modo a obter
êxito dos objectivos propostos.

Conforme Manfroi & Noal, (2006:39), Abordagem quali-quantitativo é aquela que envolve
aspectos qualitativos e quantitativo, dando, todavia, ênfase aos aspectos qualitativo.
63

4.2.2. Sujeitos da pesquisa


A pesquisa de campo foi realizada na Cidade de Quelimane, concretamente no bairro de
Mapiazua.

O universo ou população da pesquisa foi constituído pelos residentes no bairro de Mapiazua,


na cidade de Quelimane. Por isso, Silva & Menezes, (2001, p. 32) “População ou universo da
pesquisa é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para
um determinado estudo”.

A amostra da pesquisa foi aleatória, que consiste “em atribuir a cada elemento da população
um número único para depois seleccionar alguns desses elementos de forma casual.” (Gil
2003:32).

Para realização deste trabalho de pesquisa, será envolvida uma parte do universo acima
referido como uma amostra representativa, para a realização das entrevistas. Deste modo o
questionário foi feito a 1 secretario do bairro e 10 residentes do bairro de Mapiazua, essas
amostras totalizarão em 11 indivíduos.

Tabela 4: representação do universo e a amostra da pesquisa e as respectivas técnicas de


recolha de dados
Percentagem Técnica de Recolha de
Universo Amostra Quantidade
(%) Dados
Bairro de Secretario do Bairro 01 35 Questionário
Mapiazua Residentes 10 65 Questionário
Total 11 100
Fonte: Adaptado pelo Autor
64

4.3. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados


Com vista à prossecução dos objectivos traçados no âmbito de uma investigação científica
será utilizada como técnicas e instrumentos de colecta de dados o questionário e observação
directa.

4.3.1. Observação
Lakatos e Marconi, (2003: 190), “é uma técnica de colecta de dados para conseguir
informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não
consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se
desejam estudar”.

4.3.1.1. Observação participante


Segundo Marconi e Lakatos (2003: 193) “consiste na participação real do pesquisador com a
comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo
quanto um membro do grupo que está estudando e participa das actividades normais deste”.

Para Mann (1991: 81, como citado em Marconi & Lakatos 2003), a observação participante é
uma “tentativa de colocar o observador e o observado do mesmo lado, tomando-se o
observador um membro do grupo de molde a vivenciar o que eles vivenciam e trabalhar
dentro do sistema de referência deles”. Moretti (2008) acrescenta dizendo que “o observador
participante enfrenta grandes dificuldades para manter a objectividade, pelo fato de exercer
influência no grupo, ser influenciado por antipatias ou simpatias pessoais, e pelo choque do
quadro de referência entre observador e observado”.

4.3.1.2. Observação individual


De acordo com Diehl e Tatim (2004) a observação individual “é técnica de observação
realizada por um pesquisador. Nesse caso, a personalidade dele se projecta sobre o observado,
fazendo algumas inferências ou distorções, pela limitada possibilidade de controlos. Por outro
lado, pode intensificar a objectividade de suas informações, indicando, ao anotar os dados,
quais são os eventos reais e quais são as interpretações”. “É uma tarefa difícil, mas não
65

impossível. Em alguns aspectos, a observação só pode ser feita individualmente.” (Marconi &
Lakatos, 1992).

4.4. Procedimentos Metodológicos


O estudo foi desenvolvido em três momentos, o primeiro foi realizado um levantamento
bibliográfico sobre o assunto; depois a pesquisa secundária coleta de dados, na qual se buscou
nas instituições que tratam do controle de eventos de alagamentos no municípios informações
sobre as áreas de risco do bairro, e por último, o terceiro coleta directa de dados, na qual se
constitui na busca das informações de campo nas áreas apontadas pelas instituições onde
ocorrem frequentemente os fenômenos de alagamentos urbanos.

Para a execução deste trabalho foi realizado uma visita in loco para avaliação da área de
estudo e para a obtenção de fotografias, devido ao regime irregular de chuvas não foi possível
obter fotografias de toda a área de estudo na época chuvosa onde a avenida alaga, ainda
assim, é possível avaliar a drenagem da área. Também foram realizadas pesquisas
bibliográficas acerca da literatura estudada foram fundamentais para a conclusão da pesquisa.

Os caudais de cálculo de projecto serão determinados pelo método racional, sendo este
método uma função das características físicas e de ocupação da bacia, área da bacia drenante
e intensidade de precipitação.

O bairro de Mapiazua é um centro urbano e o coeficiente de escoamento médio a aplicar no


método racional é 0,8. As áreas drenantes são variáveis, a sua determinação será feita
especificamente para cada região de estudo e a intensidade de precipitação será determinada
com base nas curvas IDF para Maputo. No caso de inundações, não são previstos prejuízos
avultados e para os investimentos iniciais, razão pela qual toma-se um período de retorno de
dois anos.

Para a elaboração deste trabalho, foram empregadas duas metodologias uma de natureza
qualitativa e outra quantitativa sobre a existência e as condições do serviço de drenagem das
66

águas pluviais no município, utilizados métodos de abordagem com a aplicação de


formulários junto à população: a metodologia utilizada contou com actividades de campo no
município de Quelimane com aplicação dos formulários para coleta de dados junto aos
residentes do bairro selecionados.

Observação in locu: Dados de observação com produção de imagens por meio de registros
fotográficos e anotações de campo da área, para avaliar as condições ambientais, sociai-
econômicas e consulta ao banco de dados em órgãos públicos responsáveis pelo serviço de
drenagem das águas pluviais, levantamento de diagnósticos realizados pela população, em
relação aos atendimentos relativos a enchentes e alagamentos na cidade de Quelimane.
67

CAPITULO V – CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE


DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS NO BAIRRO DE MAPIAZUA NA CIDADE DE
QUELIMANE

Este capítulo tem como objectivo propor a concepção e dimensionamento hidráulico do


Sistema de Drenagem de Águas Pluviais do Bairro de Mapiazua, na Cidade de Quelimane. O
dimensionamento será feito de montante para jusante e consistirá na determinação das
dimensões dos diversos dispositivos que constituem a rede e posterior verificação das
disposições regulamentares.

5.1. Descrição da Rede


Foi feito um levantamento de cotas, áreas e morfologia do terreno escolhido, utilizando
imagens de satélite recorrendo ao programa informático Google Earth, e ao sítio do Instituto
Nacional de Estatística.

A área escolhida trata-se de uma zona residencial localizada na Cidade de Quelimane, pois
toda a sua área de cerca de 261.241m2 drena para um único ponto localizado numa linha de
água existente. Esta zona está constituída por habitações unifamiliares, prédios
multifamiliares, um centro de saúde, uma creche e uma escola primaria, um instituto medio e
um pavilhão de desporto.

Figura 18 - Mapa de localização dos bairros Mapiazua (1) e Mapiazua (2)

M apiazua (1)

M apiazua (2)
68

Fonte: Google Earth (adaptado)

Para a zona em estudo, propõe-se a execução de drenagem de água pluviais prevê-se o uso de
sarjetas de passeio ou sumidouros (simples e/ou duplos) conforme os caudais escoados e com
câmaras de visita dispostas no eixo da via pública.

Construtivamente, deve-se dar atenção para a inclinação das valetas de drenagem de forma a
evitar o assoreamento e deposição de sedimentos, tendo em conta que inclinações exageradas
provocam erosão do leito.

Os caudais de cálculo de projecto serão determinados pelo método racional, sendo este
método uma função das características físicas e de ocupação da bacia, área da bacia drenante
e intensidade de precipitação.

O bairro de Mapiazua é um centro urbano e o coeficiente de escoamento médio a aplicar no


método racional é 0,8. As áreas drenantes são variáveis, a sua determinação será feita
especificamente para cada região de estudo e a intensidade de precipitação será determinada
com base nas curvas IDF para Maputo. No caso de inundações, não são previstos prejuízos
avultados e para os investimentos iniciais, razão pela qual toma-se um período de retorno de
cinco anos.

5.2. Caracterização da Bacia Drenante


O Bairro de Mapiazua é uma bacia urbana, tem uma área de 0,26km2 , tem forma rectangular,
a sua cota máxima é de 19,67m (Av. Ahmed Sekou Toure) e mínima é de 14,59m (Av. 25 de
Julho). Na região mais a montante da bacia o declive é forte originando grandes velocidades o
que contribuem para maiores pontas de cheia, os seus edifícios têm grande influência na
retenção superficial das águas, contudo verifica-se grande predominância de áreas
impermeáveis podendo se estimar que estas representam mais de 90 % da bacia.
69

Figura 19 - Curvas de Nível do Bairro de Mapiazua

Fonte: Google Earth (Adaptado)

Os residentes dos bairros Mapiazua não aprovam o sistema de drenagem de águas pluviais
dos seus respectivo bairro, pois dos 11 formulários aplicados, 50% dos entrevistados
consideram a drenagem do bairro em estado péssimo.

Quanto ao levantamento geoespacial dos pontos com maior vulnerabilidade de ocorrência de


alagamentos, o bairro pesquisado apresenta áreas alagadas e com condições propícias para
novos eventos de alagamentos, em razão de obstruções ao escoamento das águas pelos canais
existentes com aterro, resíduos sólidos, entupimentos em conduto e assoreamento, o serviço
de limpeza nessas áreas é realizado de maneira precária e sem uma periodicidade necessária
para manter o ambiente em condições adequadas.
70

Figura 19 - Sistema de Drenagem Actual e Pontos de Alagamento Bairro de Mapiazua

Fonte: Google Earth (Adaptado)

De forma a facilitar os procedimentos de cálculo o tratamento dos dados e dimensionamento


será feito de forma particular para cada Avenida / Rua, tendo em conta também a interligação
entre essas.

5.1. Desenvolvimento da Rede


5.3.1. Colectores e Caixas de Visita

Sabendo as cotas e dimensões do terreno foi desenhada a rede que inclui as caixas de visita e
os colectores, respeitando a distância máxima entre caixas de visita de 60m. As cotas e
inclinações das condutas foram estabelecidas. Nesta fase inicial todos os colectores são de
diâmetro de 200mm.

Concluído o desenho, a rede tem o seguinte aspecto, onde as caixas de visita estão
representadas por pontos e os colectores por linhas. O ponto representado por uma seta simula
71

o sentido de escoamento das águas, o ponto mais baixo para onde todo o caudal irá escoar, e
que será expelido para a linha de água ali existente.

Figura 20 - Rede com caixas de visita e colectores

Fonte: Google Earth (Adaptado)


Ponto de Saída

5.4. Critério de Dimensionamento de Drenagem de Águas Pluviais

a. Colectores

Artigo 109
▪ Velocidade máxima de escoamento 𝑣𝑚á𝑥 = 5𝑚/𝑠
▪ Velocidade mínima de escoamento 𝑣𝑚í𝑛 = 0,9𝑚/𝑠
𝑦
▪ Altura máxima de escoamento nos colectores será em secção cheia =1
𝐷
▪ Inclinação mínima 𝑗𝑚í𝑛 = 0,3 %
▪ Inclinação máxima 𝑗𝑚á𝑥 = 15 %
72

Artigo 111
▪ Diâmetro mínimo dos colectores 𝐷𝑚í𝑛 = 200 𝑚𝑚

Artigo 113
▪ Profundidade mínima de assentamento dos colectores 𝐻𝑚í𝑛 = 1 𝑚

b. Valetas
Artigo 110
▪ Velocidade máxima de escoamento 𝑣𝑚á𝑥 = 3 𝑚/𝑠
▪ Altura máxima de escoamento nas valetas será 80% da altura da valeta.
▪ Inclinação mínima 𝑗𝑚í𝑛 = 0,5 %

c. Ramais de Ligação
Artigo 130
▪ Inclinação mínima 𝑗𝑚í𝑛 = 1 %
▪ Inclinação máxima 𝑗𝑚á𝑥 = 4 %
▪ Aconselhável 𝑗 = 2 − 4 %
𝑦
▪ Altura máxima de escoamento nos colectores será em secção cheia <1
𝐷

Artigo 131
▪ Diâmetro mínimo dos ramais de ligação 𝐷𝑚í𝑛 = 125 𝑚𝑚

5.5. Dimensionamento hidráulico dos dispositivos do Sistema


A Avenida Eduardo Mondlane e as paralelas a esta, têm um declive fraco no sentido Sudeste
(SE)- Noroeste (NO), pelo que, prevê-se o uso de sarjetas de passeio ou sumidouros (simples
e/ou duplos) conforme os caudais escoados e com câmaras de visita dispostas no eixo da via
pública.
73

Figura 21 - Gráfico de um Corte longitudinal da Av. Eduardo Mondlane

Fonte: Storm Water Management Model (SWMM)

No que respeita a Avenida 25 de Julho e as paralelas aquela, têm um declive forte no sentido
Nordeste (NE)- Sudoeste (SO) até o cruzamento com a Avenida Ahmed Sekou Toure, e
declive fraco (quase plano) da referida anteriormente até a Avenida da Ahmed Sekou Toure.

Figura 22 - Gráfico de um Corte longitudinal da Av. 25 de Julho

Fonte: Storm Water Management Model (SWMM)


74

Nos locais com declive forte será dispensado o uso de dispositivos de intersecção, contando
apenas com valetas, visto que a água poderá facilmente escoar-se superficialmente. Nos locais
com declive fraco serão instalados dispositivos de intersecção de modo a darem vazão à água
proveniente das cotas altas e evitar o seu armazenamento nas vias.

Deste grupo, a Avenida Ahmed Sekou Toure tem menor cota, posto isto fará a ligação das
câmaras de visita do grupo das avenidas com sentido NO-SU. (Ver o Traçado de estradas)

Figura 23 - Gráfico de um Corte longitudinal da Av. Ahmed Sekou Touré

Fonte: Storm Water Management Model (SWMM)

a. Avenida da Liberdade

A avenida acima possui duas faixas de rodagem é completamente pavimentada em toda sua
extinção, razão pela qual grande da água precipitada origina o escoamento superficial.

i. De Colectores

Cálculo de caudais pluviais de projecto


75

Q p = CiA

Com,

𝐶 = 0,8

I(mm/h) = a x t(min)b

Para

𝑎 = 534,0468
𝑇 = 2 𝑎𝑛𝑜𝑠 {
𝑏 = −0,6075

𝑡 = 𝑡𝑐 = 𝑡𝑒 + 𝑡𝑝

E terreno inclinado com 𝐴𝐼 > 50 % → 𝑡𝑒 = 7,5 𝑚𝑖𝑛

∑ 𝑙𝑖
𝑡𝑝 =
𝑣𝑖

Adopta-se 𝑣𝑖 = 2 𝑚/𝑠

Cálculo de Diâmetros dos colectores pela fórmula de Manning-Strickler

1
𝑄= 𝐴𝑅 2/3 𝑗 1/3
𝑛

𝑦/𝐷 = 1

Serão usados tubos circulares de betão

𝑛 = 0,015𝑚−1/3 𝑠

𝜋𝐷 2
𝐴=
4

𝐷
𝑅=
4

1
𝑄 = 0,3115 𝐷 8/3 𝑗 1/2
𝑛
76

1
𝑉 = 0,397 𝐷 2/3 𝑗 1/2
𝑛

(𝑄𝑛)3/8
𝐷 = 1,5486
𝑗 3/16

Verificação das tensões de arrastamento

1
𝜏= 𝛾𝐷𝑗
4

Sendo 𝜏𝑚í𝑛 = 2 𝑁/𝑚2

Com os valores e fórmulas acima indicados e com o conhecimento do perfil da via


determinaram-se os diâmetros dos colectores e foram feitas as verificações preconizadas no
regulamento. Os resultados foram resumidos na tabela e o perfil longitudinal.

ii. De Valetas

O caudal máximo é de 119,49 𝑙/𝑠, a avenida possui 6 valetas, portanto, o caudal de


dimensionamento da valeta será:

1
𝑄𝑑𝑖𝑚 = 𝑄 = 19,92 𝑙/𝑠
6 𝑚á𝑥

∑ ∆ℎ𝑖 18,82
𝑗= = = 0,0216 > 𝑗𝑚í𝑛 = 0,005
∑ 𝐿𝑖 870

𝑛 = 0,02 𝑚−1/3 𝑠 (superfície de betão rugosa com acabamento manual)

500
𝜃𝑂 = tan−1 = 78,69°
100

tg 𝜃𝑜 = tg 78,69° = 5
77

Figura 24 - Altura de escoamento uniforme em valetas

Fonte: Sousa, 2001

Figura 25 - Altura de escoamento uniforme em valetas

Fonte: Sousa, 2001

Verificação da altura máxima de escoamento e de não transbordo do passeio – Artigo110

𝑦𝑜 ≤ 0,8ℎ = 0,8 × 150 = 120 𝑚𝑚

𝑄3/8 𝑛3/8 0,01993/8 × 0,023/8


𝑦𝑜 = 1,542 = 1,542 3/8 × 1000 = 58,99 𝑚𝑚
tg 𝜃𝑜 3/8 𝑗 3/16 5 × 0,02163/16

→ verifica-se a não excedência da altura máxima e do não transbordo.

Verificação da velocidade máxima – Artigo 110


78

𝑣0 ≤ 𝑣𝑚á𝑥 = 3 𝑚/𝑠

𝑄𝑑𝑖𝑚 𝑄𝑑𝑖𝑚 0,0199


𝑣0 = = = = 1,21 𝑚/𝑠
𝐴0 1 2 0,5 × 0,081 2×5
2 𝑦0 𝑡𝑔𝜃0

→ verifica-se a não excedência da velocidade máxima o que garante o não desgaste da


superfície e incómodos.

iii. De Sarjetas de passeio

O uso de sarjetas de passeio é justificável em zonas rebaixadas e de caudais inferiores a 20 l/s.

Adoptam-se as dimensões mínimas preconizadas pelo regulamento.

Largura de abertura lateral 𝐿 = 0,90𝑚

Altura de abertura lateral ℎ = 0,15𝑚

Para 𝑗 = 2,16 % → 𝐾 = 0,23

𝑦𝑜 = 81 𝑚𝑚

𝑔 = 9,81 𝑚/𝑠 2
79

Figura 26 - Representação esquemática de uma sarjeta de passeio sem depressão

Fonte: Sousa, 2001

O caudal captado pela sarjeta é dado pela expressão:

𝑄 = 𝐿𝐾𝑦𝑜 3/2 𝑔1/2

𝑄 = 0,90 × 0,23 × 0,0813/2 × 9,811/2 × 1000 = 14,90 𝑙/𝑠

𝑄 12,96
𝐸𝑓 = × 100 % = × 100 = 52,9 % < 75 %
𝑄0 19,92

→ verifica-se que a eficiência é baixa, para aumentar a eficiência deve-se aumentar a


largura da abertura lateral. Desta forma, fixa-se a eficiência para 90 %.

𝑄 = 𝑄0 𝐸𝑓 = 19,92 × 0,9 = 17,93 𝑙/𝑠

𝑄
𝐿= 3/2 𝑔1/2
𝐾𝑦𝑜

17,93
𝐿= = 1,20 𝑚
0,23 × 0,0813/2 × 9,811/2 × 1000
80

Logo, as dimensões da abertura da sarjeta de passeio serão:

▪ Largura de abertura lateral 𝐿 = 1200 𝑚𝑚


▪ Altura de abertura lateral ℎ = 100 𝑚𝑚

Serão usadas sarjetas de passeio do tipo L e LC conforme se tratar de locais com previsão de
entupimento com sedimentos.

iv. De Sumidouros

Serão usados sumidouros nas zonas mais baixas e planas por estes terem maior capacidade de
vazão que as sarjetas de passeio, visto que nestas zonas há maior concentração de volume de
água.

Adoptam-se as dimensões mínimas preconizadas pelo regulamento.

▪ Comprimento da grade 𝐿 = 560 𝑚𝑚


▪ Largura da grade 𝑙 = 280 𝑚𝑚

Como forma exemplificativa para as restantes zonas, em que o dimensionamento é análogo,


realizar-se-á o dimensionamento de um sumidouro na Av. Amílcar Cabral.

𝑄𝑑𝑖𝑚 = 38,65 𝑙/𝑠

𝑗 = 0,5 %

𝑛 = 0,02 𝑚−1/3 𝑠

tg 𝜃𝑜 = 5

𝑚 = 4 (constante empírica para grade do sumidouro sem barras transversais)


81

Figura 27 - Representação esquemática de um sumidouro sem depressão

Fonte: Sousa, 2001

Procedimento de cálculo:

Cálculo de y0 , A0 e V0 .

Q 3/8 n3/8 0,038653/8 0,023/8


yo = 1,542 = 1,542 × 1000 = 100 mm
tg θo 3/8 j 3/16 53/8 0,0053/16

1 2
A0 = y tgθ0 = 0,5 × 0,1002 × 5 = 0,025 m2
2 0

Q dim 0,03865
v0 = = = 1,54 m/s
A0 0,025

Cálculo de L0

L0 = mv0 (y0 g)1/2

1
L0 = 4 × 1,54 × (0,100 × 9,8)2 = 0,61 m

Cálculo de y’, L’ e q

B 0,4
y ′ = y0 − = 0,1 − = 0,02 m
tgθ0 5
82

L′ = 1,2 × tgθ0 × v0 × (y ′ /g)1/2 = 1,2 × 5 × 1,54 × (0,1/9,8)1/2 = 0,93 m

Cálculo de q e Q

q = q1 + q2

Onde:

▪ q1 representa o caudal escoado entre a primeira abertura da grade e o passeio


▪ q2 representa o caudal escoado sobre o arruamento.
1 1
𝑦 2 0,1 2
( 0) ( )
𝑔 9,8
𝑞1 = 6 × 𝑣0 2 × 𝑑 3 × 2 = 6 × 1,542 × 0,033 × = 0,035 𝑙/𝑠
𝐿 0,56

𝐿′ − 𝐿 1 3 0,93 − 0,56 1 3
𝑞2 = × 𝑔2 × 𝑦 ′ 2 = × 9,82 × 0,12 = 9,15 𝑙/𝑠
4 4

𝑞 = 9,185 𝑙/𝑠

𝑄 = 𝑄0 − 𝑞 = 38,65 − 9,185 = 29,465 𝑙/𝑠

Cálculo da eficiência do sumidouro

𝑄 29,465
𝐸𝑓 = × 100 % = × 100 = 76 % > 75 %
𝑄0 38,65

→ verifica-se que a eficiência é satisfatória.

Serão usados sumidouros de passeio do tipo F e FC conforme se tratar de locais com previsão
de entupimento com sedimentos.

v. De Ramais de Ligação

Determinação do diâmetro
83

(𝑄𝑛)3/8
𝐷 = 1,5486 3/16
𝑗

𝑗 = 2,16 %

𝑛 = 0,015 (tubagem de betão)

𝑄 = 17,93 𝑙/𝑠 (Capatado pela sarjeta)

𝑦
<1
𝐷

(0.0179 × 0.015)3/8
𝐷 = 1,5486 = 146 𝑚𝑚
0,02163/16

𝐷𝑐𝑜𝑚 = 200 𝑚𝑚

Verificação da altura de escoamento

1
𝑄𝑠𝑐 = 0,3115 × × 0,28/3 × 0,02161/2 = 41,75 𝑙/𝑠
0,015

𝑄 17,9 𝑦
= = 0,43 → = 0,43
𝑄𝑠𝑐 41,75 𝐷

→ verifica-se que a razão entre a altura de escoamento e o diâmetro da conduta é inferior


que a unidade.

vi. Câmaras de Visita

As câmaras de visita terão profundidades superiores a 1,6 m. Segundo as disposições


regulamentares que têm em conta as dimensões dos colectores serão usadas câmaras dois
tipos de câmara de visita um tipo para colectores com diâmetro inferior a 600 mm e outras
com diâmetros superiores a 600 mm.

As profundidades das câmaras estão apresentadas nos perfis de implantação referente a cada
avenida.
84

Os dimensionamentos dos colectores das restantes avenidas estão também no apêndice.

5.6. Descarga de água


A todos colectores da rede irão convergir na Avenida Eduardo Mondlane, estão previstos para
esta avenida caudais elevados caudais de projecto, pelo que tem condutas enormes, na ordem
dos 2 m.
85

CONCLUSÃO

O estudo de caso apresentado neste trabalho demonstra que os sistemas de drenagem de água
pluviais existente no Bairro de Mapiazua na Cidade de Quelimane não e eficaz para o
escoamento das águas pluviais.

Tendo em conta, o crescimento progressivo do bairro de Mapiazua e consequente


impermeabilização do solo, alteram consideravelmente este escoamento, agravando os
caudais gerados na bacia hidrográfica. Este facto é consequência direta das práticas de
planeamento, uso do solo e de drenagem habitualmente usadas em Moçambique, mas já há
muito ultrapassadas noutros países.

Visto que para a resolução dos problemas de caudais pluviais excessivos e poluição das
ocorrências pluviais, pode revelar bastante eficaz se forem adoptadas como práticas habituais
e fazendo parte de um planeamento urbano cuidado, e não apenas como soluções pontuais.

Finalmente pode-se concluir que recorrendo a órgãos inovadores, consegue-se uma gestão
sustentável e ambientalmente correcta das redes de drenagem de águas pluviais. Para o bairro
de Mapiazua, o escoamento das águas pluviais será feito por meio de um sistema de captação
nas ruas, compreendendo os pavimentos, as valetas, as sarjetas e sumidouros, os colectores,
que devem ser projectados com o objectivo de captar e conduzir as águas pluviais até um
ponto de descarga convenientemente localizado, impedindo assim incómodos à população por
ocorrência de precipitações.

Através deste estudo de caso do bairro de Mapiazua, na Cidade de Quelimane, o sistema de


drenagem de águas pluviais, procurou-se uma solução hidrológica e hidráulica que garantam a
eficiência dos mesmos, com vista a cumprir o objectivo de proteger a população, que
frequentemente sofre os efeitos nocivos das inundações. Tendo em conta a concepção de um
sistema de separado, a rede pluvial pode-se desenvolver, com vantagem, em menor extensão.
Todavia o sistema separador actualmente ponta no sentido da economia de recursos.
86

RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES

Muitas medidas podem ser tomadas para o controle de drenagem de águas pluviais em áreas
urbanas. Uma delas é o disciplinamento do uso e ocupação do solo que tem grande
importância, pois as áreas que tem maior relação com os recursos hídricos devem ter a
ocupação controlada e, em alguns casos, evitada, de forma que sejam garantidos a infiltração
e o escoamento das águas sem prejuízos ao ambiente.

Como observado na área de estudo, o bairro Mapiazua possui algumas áreas de


amortecimento, onde a superfície de infiltração é bem maior. É preferível que essas áreas
sejam protegidas, devendo haver uma arborização adequada, sem nenhum tipo de
pavimentação. Essas áreas verdes são as maiores responsáveis por diminuir a velocidade da
água já que o tipo de asfaltamento não oferece nenhum tipo de resistência à correnteza.

É recomendável também o uso de pavimentação permeável nas vias de menor circulação de


veículos pesados, incentivando a pavimentação com paralelepípedos e pedras toscas, ficando
o uso do asfalto restrito as vias de maior circulação de veículos. Com isso espera-se que a taxa
de infiltração aumente e que a velocidade da água diminua.

Uma vens que as infra-estruturas são para o bem da sociedade, e que visam garantir uma boa
sanidade, deve se apostar na qualidade das mesmas, isto é, apostar no factor qualidade e
durabilidade e não apenas no cumprimento dos prazos estabelecidos. Criar mecanismo para
que após a entrega das mesmas haja meios para sua manutenção considerando sempre o factor
economia.

Na construção das mesmas deverá ser formada e capacitada a sociedade e população


benificiária, isto para o caso de manutenção das obras a população esteja apta a responder e
solucionar os problemas sem que haja necessidade de contratação de equipas especializadas
acarretando custos adicionais.
87

BIBLIOGRAFIA E REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

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Contribuição para o Estudo da Drenagem de Aguas Pluviais em Zonas Urbanas, Vol. 2,
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BOTELHO, M. H. C. Águas de Chuva: Engenharia das Águas Pluviais nas Cidades.


EDGARD
BLÜCHER LTDA, 2ª Ed. rev. e ampl. - São Paulo, 1998.

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GARCEZ, L. N. - "Elementos de Engenharia Hidráulica e Sanitária", Ed. Edgard Blucher


Ltda,
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São Paulo, 1969;

HAMMER, M. J. "Sistemas de Abastecimento de Água e Esgotos", LTC Editora S.A., Rio de


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HWANG, N. H. C. - "Fundamentos de Sistemas de Engenharia Hidráulica", Prentice-Hall do

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LENCASTRE, A. - "Hidráulica Geral", Edição Luso-Brasileira da HIDRO - PROJECTO,


Lisboa, 1983;

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Lisboa, Lisboa, 451 pp.

MARCONI, Maria de Andrade e LAKATOS, Eva Maria (2003), Fundamentos de

Metodologia Cientifica, 5ª Edição, Editora Atlas, São Paulo.

MARCONI, Maria de Andrade e LAKATOS, Eva Maria (2007), Fundamentos de

Metodologia Cientifica, 6ª Edição, Editora Atlas, São Paulo.

MASCARÓ, J.L. Manual de Loteamentos e Urbanizações. Porto Alegre, SAGRA/D.C.


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Águas Residuais – Decreto Regulamentar n. º 23/95, de 23 de agosto de 2003.

SOUSA, E. Sistemas de drenagem de águas residuais e pluviais. 2001.

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UFRGS, 1995.

WILKEN, P., S.. “Engenharia de drenagem superficial”, 1978, São Paulo, CETESB., 477 p.
90

APÊNDICE
UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

ESCOLA SUPERIOR DE ESTUDOS UNIVERSITÁRIOS DE NAMPULA

Formulário para caracterização sócio econômico e ambiental

Este inquérito faz parte de uma investigação que está a realizar com objectivo de
avaliar a eficiência do sistema de drenagem de águas pluviais no bairro de Mapiazua,
na Cidade de Quelimane. A sua colaboração é importante para o sucesso desta
pesquisa, por isso pedimos-lhe uns minutos para o preenchimento deste inquérito.

Marca com X os quadrados e preencha onde apareça a linha continua

1. Dados Pessoais
Nome: _________________________________________________________________
Endereço: ______________________________________________________________
Idade: ____ anos Sexo: M F Estado Civil: __________ Naturalidade :
__________________ Profissão: _________________ Trabalha sim não . Qual
atividade? ___________________________________

2. Domicílio
Quanto tempo mora no domicílio:_____Nº. de pessoas que moram no domicílio :
________________
O domicílio é: próprio alugado emprestado outros

3. Saneamento Básico
a) Drenagem Urbana

Sua rua possui tubulação para escoamento das águas de chuva: Sim: Não:
Tem pontos de alagamento na rua: ___________________________
Condições da pavimentação asfáltica: ________________________
Meio fio: ______________________________________________
Estrutura de Caixas de Visita: ______________________________

Apresenta obras de saneamento básico em andamento ou recém-executadas: __________


Que nota você daria para o sistema de drenagem das águas pluviais em seu bairro? (Zero=
Mínimo; 10 = Máximo)

Justificara nota: _________________________________________________________

4. Saúde
O acúmulo de água proveniente de precipitações intensas (chuvas) e meio de transmissão
de várias doenças. Poderia citar algumas delas?

Não sei citar nenhuma:


Posso citar 1: ___________________________________________________________
Posso citar 2: ___________________________________________________________
Posso citar 3: ___________________________________________________________
Posso citar 4 ou mais: _____________________________________________________
Outras: ________________________________________________________________

Levantar algumas doenças já ocorridas na família nos últimos anos, por idade e o tempo
que ocorreu a enfermidade:

Doença Idade da há quanto tempo Quais providências p/ tratamento


pessoa atrás (posto, hospital, casa)
01 Malária
02 Febre
03 Filariose (elefantíase)
04 Diarréia
05 Hepatite A
06 Outras: quais?

5. Opinião

Na sua opinião, por ordem de prioridade, quais as providências que deverão ser tomadas
na sua cidade?
Regularizar/implantar/melhorar o abastecimento de água:
Implantar/melhorar o sistema de limpeza urbana (lixo):
Implantar sistema de esgoto:
Implantar/melhorar o sistema de escoamento de águas:
Implantar um programa de educação sanitária:
Implantar/melhorar centros, postos de saúde e hospitais:

Responsável___________________________ Data: ___/___/2018


91

ANEXOS
92

Anexo I - Órgão Acessórios

Figura A1 - Sarjeta de lancil de passeio, sem vedação hidráulica, sem câmara de retenção
93

Figura A2 - Sarjeta de lancil de passeio, sem vedação hidráulica, com câmara de retenção
94

Figura A3 - Sarjeta de lancil de passeio, com vedação hidráulica, sem câmara de retenção
95

Figura A4 - Sarjeta de lancil de passeio, com vedação hidráulica, com câmara de retenção
96

Figura A5 - Sumidouro de valeta sem lancil, sem vedação hidráulica, sem câmara de retenção
97

Figura A6 - Sumidouro de valeta sem lancil, sem vedação hidráulica, com câmara de
retenção
98

Figura A7 - Câmara de visita de corpo circular e cobertura tronco cônica


99

Figura A8 - Câmara de visita de corpo circular e cobertura plana


100

Figura A9 - Câmara de visita de corpo retangular e cobertura plana


101

Figura A10 - Câmara de visita com queda guiada dentro da câmara


102

Figura A11 - Câmara de visita com queda brusca exterior à câmara


103

Figura A12 - Cobertura tronco cônica simétrica de câmara de visita


104

Figura A13 - Câmara de visita para diâmetros superiores a 600mm

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