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CADERNO DIDÁTICO
1° Edição, 2018
Prof: Dr. Cesar Valverde Salvador
UFSM/CT/DEM
CADERNO DIDÁTICO
1° Edição, 2018
Prof: Dr. Cesar Valverde Salvador
UFSM/CT/DEM
CDU 531.3
Sobre o Autor
O Dr. Salvador ministra atualmente as disciplinas de: Mecânica dos Fluidos, Máquinas
de Fluidos e Propulsão Aeroespacial.
Dedicatória
A todos os meus alunos e estudantes, pois meu maior anseio é estimulá-los na procura
de respostas para o nosso universo, do qual a mecânica dos fluidos é uma pequena parte, mas
fascinante. E à minha esposa, Elisa Valverde, pelo seu eterno apoio.
SUMÁRIO
Pag.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
4.1. (a) Movimento da onda de pressão em um meio estacionário. (b) Escoamento visto por
um observador solidário ao volume de controle que contém a onda de pressão................ 146
4.2. Ondas de som (ondas de pressão) produzidas por dispositivos alto-falantes ...................... 148
4.3. (a) Ondas de pressão em t = 3 s, v = 0; (b) Ondas de pressão em t = 3 s, v < c; (c) Ondas de
pressão em t = 3 s, v = c (d) Ondas de pressão em t = 3 s, v > c ............................................ 149
4.4. Cone de som, produzido por um avião ao quebrar a barreira do som ................................. 150
4.5. Nuvem é provocada pela onda de choque no momento em que o avião ultrapassa a
barreira do som. O cone de nuvem chama-se "Cone de Mach" ........................................... 150
4.6. Escoamento compressível em um tubo de corrente infinitesimal ....................................... 151
4.7. Variação de P0/P com M, utilizando as equações (4.30) e (4.31) ......................................... 154
4.8. Funções de Escoamento Isentrópico .................................................................................... 156
4.9. Formas de bocal e difusor como função do número de Mach inicial ................................... 158
4.10. Bocal convergente operando com diversas pressões na região de descarga ....................... 161
4.11. Diagrama T−s esquemático para escoamento bloqueado através de um bocal convergente
.............................................................................................................................................. 162
4.12. Distribuições de pressão para escoamento isentrópico em um bocal convergente-
divergente ............................................................................................................................. 163
4.13. Volume de controle para a análise do choque normal ......................................................... 164
4.14. Efeito da razão de pressão sobre a variação de entropia através de uma onda de choque
normal ................................................................................................................................... 168
4.15. Variações das propriedades de uma onda de choque normal.............................................. 169
4.16. Esquema do processo de choque normal no plano T−s ....................................................... 170
4.17. Variação da entropia através de uma onda de choque normal em função do M1 ............... 176
4.18. Fotografia de uma onda de choque normal ocorrida pelo escoamento sobre uma
superfície plana horizontal .................................................................................................... 176
4.19. Influência do número de Mach à montante, M1, sobre o quadrado do número de Mach à
jusante, para o choque normal forte, choque normal fraco e choque normal atual............ 178
4.20. Escoamento supersônico sobre um corpo rombudo ............................................................ 180
4.21. Escoamento supersônico através de um tubo de pitot ........................................................ 180
4.22. Fotografia de uma onda de choque obliqua sobre uma superfície rombuda ....................... 181
UNIDADE 5
5.1. Componentes na direção x das forças superficiais que atuam em um elemento de fluido . 193
5.2. Escoamento viscoso entre duas placas paralelas e imóveis. O perfil de velocidades é
parabólico ............................................................................................................................. 198
5.3. Escoamento viscoso entre duas placas paralelas. A placa inferior é fixa e a superior é móvel
(Escoamento de Couette) ..................................................................................................... 202
5.4. Perfis de velocidade em função do parâmetro Ψ. (Escoamento de Couette) ..................... 203
5.5. Escoamento no canal de um mancal de deslizamento ......................................................... 203
5.6. Escoamento viscoso em um tubo horizontal. (a) Sistema de coordenadas utilizado na
análise do escoamento e (b) Escoamento em um anel diferencial....................................... 206
5.7. Escoamento viscoso em um espaço anular........................................................................... 208
5.8. Diagrama básico de velocidades de um escoamento viscoso entre cilindros rotativos
concêntricos .......................................................................................................................... 213
5.9. Aproximação do escoamento rotativo para o escoamento de Couette ............................... 216
5.10. Região de entrada, desenvolvimento do escoamento e escoamento plenamente
desenvolvido em uma tubulação .......................................................................................... 217
5.11. Distribuição de pressão no escoamento em um tubo horizontal ......................................... 218
5.12. Movimento de um elemento fluido cilíndrico em um tubo .................................................. 219
5.13. Diagrama de corpo livre do elemento de fluido cilíndrico .................................................... 220
5.14. Distribuição da tensão de cisalhamento no escoamento em tubo (laminar ou turbulento)
e perfis de velocidade típicos ................................................................................................ 221
5.15. Diagrama de corpo livre para um elemento de fluido cilíndrico localizado em um tubo
inclinado ................................................................................................................................ 223
UNIDADE 6
LISTA DE TABELAS
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
UNIDADE 4
UNIDADE 5
UNIDADE 6
6.1. A função f(η) para a Camada Limite Laminar ao longo de uma Placa Plana em Ângulo de
Incidência Zero ...................................................................................................................... 241
6.2. Resultados do cálculo do escoamento de camada limite laminar sobre uma placa plana
em ângulo de incidência zero fundamentado em perfis de velocidade aproximados.......... 249
1.1 INTRODUÇÃO
Ciência que estuda o comportamento físico dos fluidos, assim como as leis que regem este
comportamento.
1.2 OBJETIVOS
Apresentar e aplicar os conceitos fundamentais da mecânica dos fluidos, entre eles, propriedades
dos fluidos, estática dos fluidos, cinemática dos fluidos, dinâmica dos fluidos ideais, dinâmica dos fluidos
viscosos, camada limite e medida de descargas.
Por tanto, ao final desta disciplina, o aluno deverá demonstrar conhecimento dos fundamentos
de mecânica dos fluidos estudados, bem como deverão ser capazes de aplicar a teoria e metodologia
apresentada para a solução de problemas de mecânica dos fluidos propostos.
1.3 APLICAÇÕES
A definição de fluido mais elementar diz: “Fluido é uma substância que não tem uma forma
própria, assume o formato do recipiente”. Os fluidos são, portanto, os líquidos e os gases, sendo que estes
se distinguem dos primeiros por ocuparem todo o recipiente, enquanto os líquidos apresentam uma
superfície livre. (Fig. 1.1).
Outra definição de fluido é uma substância que se deforma continuamente por ação de uma força
(tensão) tangencial, não importante quão diminuto seja o esforço (Fig. 1.2).
Pode-se dizer, portanto, que um sólido no qual é aplicada uma força tangencial constante
deforma-se angularmente até atingir uma nova configuração de equilíbrio estático.
Suponha que seja possível visualizar um determinado volume do fluido ABCD, por meio de um
corante, (Fig. 1.3).
A placa inferior é fixa e a superior é móvel, ao se aplicar uma força Ft constante na placa superior,
esta irá se deslocar. Se a placa superior adquire uma velocidade v, então os pontos de fluido em contato
com a superfície da placa terão a mesma velocidade v, e os pontos de fluido em contato com a placa fixa
terão velocidade zero, este fenômeno é conhecido como “Princípio de aderência”.
Observa-se, não entanto, que o volume ABCD do fluido, sob a ação de uma força Ft, deforma-se
continuamente, não alcançando uma nova posição de equilíbrio estático, supondo-se as placas de
comprimento infinito.
Fig. 1.3 – Comportamento de um fluido sob ação de uma força tangencial constante.
A nível molecular, um material é considerado sólido quando o espaço entre as suas moléculas é
pequeno quando comparado com fluidos, e as mesmas estão sujeitas a forças intermoleculares intensas
e coesivas.
No caso dos líquidos as forças intermoleculares são fracas, quando comparadas com as forças
intermoleculares nos materiais sólidos. Os líquidos podem ser facilmente deformados (mas não
facilmente comprimidos), ser vertidos em reservatórios ou forçados a escoar em tubulações.
Os gases apresentam espaços intermoleculares ainda maiores e as forças entre as moléculas são
desprezíveis. Os gases podem ser facilmente deformados e comprimidos e sempre ocuparão totalmente
o volume de qualquer reservatório que os armazene.
Há nove (9) quantidades que são consideradas dimensões fundamentais: comprimento, massa,
tempo, temperatura, quantidade de uma substância, corrente elétrica, intensidade luminosa, ângulo
plano e ângulo sólido. O sistema mais comum para representar estas dimensões fundamentais é o Sistema
Internacional (SI), adotado pela maioria dos países do planeta. Os únicos países que não adotaram este
sistema são: EUA, Gâmbia, Jamaica, Libéria e Malavi.
As dimensões de todas as outras quantidades podem ser expressas em termos das dimensões
fundamentais, sendo conhecidas como dimensões derivadas.
Em mecânica de fluidos escalas absolutas devem ser usadas para a pressão e temperatura. A
pressão absoluta chega a zero quando o vácuo ideal é atingido, ou seja, quando não resta mais nenhuma
molécula em determinado espaço. Consequentemente uma pressão absoluta negativa é impossível. Uma
segunda escala é definida medindo pressões relativas à pressão atmosférica local. Essa pressão é chamada
de pressão manométrica. A pressão absoluta e a pressão manométrica estão relacionadas pela seguinte
expressão,
A pressão manométrica é negativa sempre que a pressão absoluta for menor que a pressão
atmosférica, tal como se mostra na Fig. 1.4.
Duas escalas de temperatura são geralmente usadas, a Celsius (°C) e a Fahrenheit (°F). A escala
absoluta correspondente à escala Celsius é a escala Kelvin (K), a relação entre estas duas escalas é dada
pela expressão:
A escala absoluta correspondente à escala Fahrenheit é a escala Rankine (R), dada por,
Uma expressão mais completa que relaciona as quatro temperaturas é dada pela seguinte
expressão:
°C K − 273,15 °F − 32 R − 491,67
= = = (1.4)
5 5 9 9
A massa específica de uma substância (ρ) é a massa de fluido por unidade de volume. A unidade
de massa específica no SI é kg/m3,
m
ρ= (1.5)
V
A Tabela 1.6 apresenta valores de massa específica para vários líquidos. Por outro lado, a massa específica
dos gases é fortemente influenciada tanto pela pressão quanto pela temperatura.
Tabela 1.4 – Propriedades físicas aproximadas de alguns gases na pressão atmosférica padrão.
Temperatura Massa Viscosidade Constante do Razão entre
Específica Dinâmica Gás calores específicos
T (°C) ρ (kg/m3) µ (N.s/m2) R (J/kg.K) k
Ar (padrão) 15 1,2300 1,79×10-5 2,869×102 1,40
Dióxido de carbono 20 1,8300 1,47×10-5 1,889×102 1,30
Hélio 20 0,1660 1,94×10-5 2,077×103 1,66
Hidrogênio 20 0,0838 8,84×10-6 4,124×103 1,41
Metano (Gás natural) 20 0,6670 1,10×10-5 5,183×102 1,31
Nitrogênio 20 1,1600 1,76×10-5 2,968×102 1,40
Oxigênio 20 1,3300 2,04×10-5 2,598×102 1,40
Fonte: Munson et al. “Fundamentos da Mecânica dos Fluidos”, 2002 (p. 11).
Fonte: Munson, B.R. et al. “Fundamentos da Mecânica dos Fluidos”, 2002 (p. 10).
O volume específico ( υ ) é o volume ocupado por uma unidade de massa. Note que o volume
específico é o recíproco da massa específica, portanto,
1
υ= (1.6)
ρ
Normalmente, o volume específico não é muito utilizado em mecânica de fluidos, no entanto, ele
é muito utilizado em termodinâmica. A unidade de volume específico no SI é m3/kg.
O peso específico (γ) é definido como o peso da substância contida em uma unidade de volume,
portanto,
mg
γ ρ=
= g (1.7)
V
onde, g é a aceleração da gravidade local (9,807 m/s2). A unidade do peso específico no SI é N/m3.
A gravidade específica de um fluido, designada por SG (specific gravity) é definida como a razão
entre a massa específica de um fluido e a massa específica da água na temperatura de referência.
Usualmente, a temperatura de referência é 4°C (nesta temperatura a massa específica da água é de 1000
kg/m3). Nestes termos,
ρ γ (1.8)
=SG =
ρH O ( 4°C ) γ H O ( 4°C )
2 2
Como a gravidade específica é uma relação entre as massas específicas, seu valor não depende do
sistema de unidades utilizado. É claro que a massa específica, o peso específico e a gravidade específica
são interdependentes. Assim, se conhecermos uma das três propriedades, as outras duas podem ser
calculadas.
Exercícios: 1.1
1.8 VISCOSIDADE
A viscosidade é considerada como sendo a aderência interna de um fluido. Ela é responsável pelas
perdas de energia associadas ao transporte de fluidos em dutos, canais e tubulações. A tensão de
cisalhamento de um fluido é diretamente proporcional a sua viscosidade. Para uma determinada tensão
um fluido altamente viscoso deforma-se a uma taxa menor do que um fluido com baixa viscosidade. No
sistema SI a unidade da viscosidade é N.s/m2.
Considere o escoamento da Fig. 1.5 no qual as partículas de fluido se movem na direção x com
velocidades diferentes, de tal forma que as velocidades das partículas (u) variam com a coordenada y.
Duas posições de partículas são mostradas em tempos diferentes. Para este tipo de escoamento, onde
u=u(y), define-se a viscosidade µ do fluido como,
du
τ =µ (1.9)
dy
Na Fig. 1.6 um torque, T, no sentido anti-horário, é aplicado no cilindro interno que está girando
a uma velocidade, ω, e gerando uma força de cisalhamento no fluido em direção contrária ao escoamento.
O cilindro externo encontra-se em repouso e está separado do cilindro rotativo por uma folga h a qual é
preenchida com fluido. A resistência gerada pela rotação do cilindro interno é devida à viscosidade.
Fig. 1.5 – Movimento relativo de duas partículas de fluido sob influência das tensões de cisalhamento.
Fig. 1.6 – Fluido sendo cisalhado entre cilindros. (a) Cilindro interno móvel e externo fixo. (b) Distribuição
de velocidades. (c) Cilindro interno, torque e força de cisalhamento.
A viscosidade dinâmica tem pouca dependência com a variação pressão, sendo que, na maioria
dos casos os efeitos da pressão são desprezados. No entanto, a viscosidade dinâmica tem forte
dependência com a temperatura. Observa-se da Fig. 1.7 que a viscosidade dos líquidos diminui com a
temperatura, enquanto a viscosidade dos gases aumenta quando há um incremento da temperatura.
A influência das variações de temperatura na viscosidade dinâmica pode ser estimada com duas
equações empíricas, a seguir:
A. Equação de Andrade
onde, A e B são constantes empíricas que dependem do tipo de substância e T e a temperatura absoluta.
Esta equação foi originalmente proposta por Guzman, no entanto, é popularmente conhecida como
equação de Andrade. Observe que é possível determinar os valores de A e B conhecendo o valor da
viscosidade dinâmica em duas temperaturas. Caso sejam conhecidas um conjunto de valores da
viscosidade é possível correlacionar o conjunto de dados com a equação (1.10) e algum tipo de esquema
de aproximação por curvas.
B. Equação de Sutherland
Utilizada para expressar a viscosidade dinâmica de gases ideais como função da temperatura, e
pode ser expressa como:
T3 2
µgases = λ (1.11)
T +C
µ0 (T0 + C )
λ= (1.12)
T03 2
Gás
C T0 µ0 λ
(K) (K) (µPa.s) (µPa.s/K2)
Ar 120 291,15 18,27 1,51204129
N2 111 300,55 17,81 1,40673219
O2 127 292,25 20,18 1,69341129
CO2 240 293,15 14,80 1,57208593
CO 118 288,15 17,20 1,42819322
H2 72 293,85 8,76 0,63623656
NH3 370 293,15 9,82 1,29744337
SO2 416 293,65 12,54 1,76846608
He 79,4 273,00 19 1,48438149
Fonte: Smits e Dussauge “Turbulent shear layers in supersonic flow”, 2006.
É comum, em problemas de mecânica dos fluidos, encontrar a viscosidade dinâmica dividida pela
massa específica, esta propriedade é conhecida como viscosidade cinemática e é expressa da seguinte
forma,
µ
ν= (1.13)
ρ
Fonte: Munson et al. “Fundamentos da Mecânica dos Fluidos”, 2002 (Apêndice B).
Fonte: Munson et al. “Fundamentos da Mecânica dos Fluidos”, 2002 (Tabela B-2/Apêndice B).
Os fluidos que apresentam relação não linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de
deformação por cisalhamento são denominados Fluidos não Newtonianos. Em fluidos não newtonianos
a viscosidade varia proporcionalmente a energia cinética que se imprime a esse mesmo fluido,
respondendo de forma quase instantânea. A Fig. 1.8 mostra o comportamento dos fluidos newtonianos
mais simples e comuns. É interessante ressaltar que existem fluidos não newtonianos que exibem outros
tipos de comportamento, como por exemplo, o plástico de Bingham.
Para os fluidos não dilatantes (curva acima da referente ao fluido newtoniano), a viscosidade
dinâmica aparente diminui com o aumento da taxa de cisalhamento, ou seja, a viscosidade aparente se
torna menor quanto maior for a tensão de cisalhamento imposta no fluido. Muitas suspensões coloidais
e soluções de polímeros apresentam este comportamento. Por exemplo, a tinta látex não pinga do pincel
porque a taxa de cisalhamento é baixa e a viscosidade aparente é alta. Entretanto, ela escoa suavemente
na parede porque o movimento do pincel provoca uma taxa de cisalhamento suficientemente alta na
camada fina de tinta que recobre a parede. Assim, como du/dy é grande, a viscosidade dinâmica aparente
torna-se pequena.
Fig. 1.8 – Tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação por cisalhamento para alguns fluidos
(incluindo alguns não newtonianos).
O outro tipo de comportamento indicado na Fig. 1.8 é o do Plástico de Bingham (que não é um
fluido nem um sólido). Este tipo de material pode resistir a uma tensão de cisalhamento finita sem se
mover (assim ele não é um fluido), no entanto, uma vez excedida a tensão de escoamento, o material se
comporta como um fluido (assim ele não é um sólido). Dois exemplos típicos deste tipo de material são a
pasta de dente e a maionese. Embora estas substâncias apresentem duplo comportamento estas podem
ser caracterizadas também como fluidos não-newtonianos.
Os gases são muito mais compressíveis do que os líquidos. Em determinadas condições, a massa
específica de um gás está relacionada com a pressão e a temperatura através da equação:
P = ρ RT (1.14)
R0
R= (1.15)
Mg
A equação (1.14) é também conhecida como equação de estado para os gases perfeitos e
aproxima o comportamento dos gases reais nas condições normais, ou seja, quando os gases não estão
próximos da liquefação. Na Tabela 1.4, por exemplo, são apresentados valores de R para algumas
substâncias comuns.
1.11 COMPRESSIBILIDADE
∂P (1.16)
Ev = ρ
∂ρ T
P
= constante (1.17)
ρ
Se a expansão ou compressão ocorre sem atrito e não há transferência de calor do gás para o
meio e vice-versa (processo isentrópico), resulta,
P
= constante (1.18)
ρk
onde, k é a razão entre o calor específico a pressão constante e a volume constante, Cp/Cv. Assim o
coeficiente de compressibilidade é calculado aplicando a Eq. (1.16) em (1.17) e (1.18). Assim, para um
processo isotérmico,
Ev = P (1.19)
Ev = kP (1.20)
Note-se que, em ambos os casos, o valor de Ev varia proporcionalmente com a pressão. Na Tabela
1.4 apresentam-se valores de k para alguns gases conhecidos.
dP (1.21)
c=
dρ
Ev (1.22)
c=
ρ
kP (1.23)
c=
ρ
c = kRT (1.24)
Esta equação mostra que a velocidade do som em um gás perfeito é proporcional à raiz quadrada
da temperatura absoluta. Por exemplo, a velocidade do som no ar a 20 °C (k = 1,4 e R = 286,9 J/kg-K) é
igual a 343,1 m/s. A velocidade do som no ar como, uma função da temperatura, pode ser encontrada na
Tabela 1.9. A equação (1.23) também é válida para líquidos, desta forma, é possível determinar a
velocidade do som em líquidos conhecendo o valor de Ev. Por exemplo, a água a 20 °C apresenta Ev = 2,19
GN/m2 e ρ = 998,2 kg/m3. Note que a velocidade do som na água é maior do que a sua correspondente
no ar. A velocidade do som na água, para várias temperaturas, pode ser encontrada na Tabela 1.10.
Como que um clipe pode ficar em cima da água sem afundar? Como um mosquito pode pousar
cima da água? Fatos como estes podem ser explicados através de algo chamado tensão superficial dos
líquidos.
A tensão superficial é um efeito físico que ocorre na camada superficial de um líquido que leva a
sua superfície a se comportar como uma membrana elástica. As moléculas situadas no interior de um
líquido são atraídas em todas as direções pelas moléculas vizinhas e, por isso, a resultante das forças que
atuam sobre cada molécula é praticamente nula. As moléculas da superfície do líquido, entretanto,
sofrem apenas atração lateral e inferior. Esta força para o lado e para baixo cria a tensão na superfície,
que faz a mesma comportar-se como uma película elástica.
A tensão superficial é uma propriedade do líquido e depende da temperatura bem como do outro
fluido que está em contato com o líquido. A dimensão da tensão superficial no SI é N/m. Na Tabela 1.12
apresentam-se dados da tensão superficial de vários líquidos em contato com água e ar.
(a) (b)
Fig. 1.9 – (a) Forma quase esférica das gotículas de água devido à tensão superficial, (b) Forças de atração
das moléculas de água dentro e na superfície da gota.
A pressão dentro de uma gota de fluido pode ser calculada utilizando o diagrama mostrado na Fig.
1.10(b). Se a gota esférica for cortada pela metade, a força desenvolvida ao longo da borda, devida à
tensão superficial, é 2πRσ. Essa força precisa ser balanceada pela diferença de pressão (entre a pressão
interna, Pi, e a pressão externa, Pe) que age sobre a área πR2, ou seja,
2π Rσ = ∆Pπ R 2
onde,
∆P = Pi − Pe
Portanto,
2σ
∆P = (1.25)
R
Água 72,8 ∼0
Benzeno 28,9
Etanol 22,3
Glicerina 63,0
Hexano 18,4
Mercúrio 484 140
Metanol 22,6
Octano 21,8
Óleo Lubrificante 25-35
Querosene 26,8
Tetracloreto de Carbono 27,0
Benzeno 35,0
Hexano 51,1
Mercúrio 375 140
Metanol 22,7
Octano 50,8
Tetracloreto de Carbono 45,0
Fonte: Fox e McDonald “Introdução à Mecânica dos Fluidos”, 2001 (p. 455).
0,080
0,075
0,070
σ (N/m)
0,065
0,060
0,055
0 20 40 60 80 100
T (°C)
Fig. 1.11 – Tensão superficial da água a 1 atm.
Este resultado mostra que a pressão interna da gota é sempre maior do que a pressão do meio
que envolve a gota. De maneira análoga, a força da pressão da bolha é equilibrada pelas forças de tensão
superficial nas duas circunferências, assim,
4σ
∆P = (1.26)
R
Das equações (1.25) e (1.26) podemos concluir que, para uma gota e uma bolha do mesmo
diâmetro, a pressão interna da bolha, Pi, é duas vezes maior do que a pressão interna da gota.
2∆Pgota
∆Pbolha = (1.27)
(a) (b)
Fig. 1.12 – Exemplos práticos da tensão superficial da água. (a) Aranha; (b) Clip. Fonte: Internet
1.13 CAPILARIDADE
Um dos fenômenos associados com a tensão superficial é a subida (ou queda) de um líquido em
um tubo capilar. Se um tubo com diâmetro pequeno e aberto é inserido na água, o nível da água no tubo
subirá acima do nível do reservatório, tal como mostra a Fig. 1.13(a). Para este caso específico, haverá
uma atração (adesão) entre as moléculas da parede do tubo e as moléculas de fluido. Esta força de atração
é forte o suficiente para sobrepujar a atração mútua (coesão) das moléculas de fluido.
− Forças adesivas são as forças exercidas entre as moléculas de fluido e uma superfície capilar.
− Quando as forças adesivas são superiores às forças de coesão o líquido sobe pelas paredes do
tubo. Neste caso nós dizemos que o líquido molha a superfície de contato.
− Se as forças de coesão são superiores às forças adesivas o líquido encurva para abaixo de
interface. Neste caso dizemos que o líquido não molha a superfície de contato.
− Quando θ > 90°, as forças coesivas são maiores do que as forças de adesivas.
− Quando θ < 90°, as forças adesivas são maiores do que as forças coesivas.
Analisando o diagrama de corpo livre da Fig. 1.13(b), definimos a força provocada pela tensão
superficial dada por, Fσ = σ ( 2π R ) .
Fig. 1.14 – Efeitos resultantes da interação entre forças coesivas e adesivas em fluidos, em um tubo
capilar. Fonte: Internet
A componente vertical desta força seria, Fσ ,y = σ ( 2π R ) cosθ . A força exercida pela coluna devido
ao peso da massa fluida é dada por, F=
ω V γπ R 2 h .
γ=
γπ R 2 h = σ ( 2π R ) cosθ
2σ cosθ
h= (1.28)
γR
Pressão de vapor é a pressão exercida por um vapor quando este está em equilíbrio dinâmico com
o líquido que lhe deu origem, ou seja, a quantidade de líquido que evapora é igual à quantidade de vapor
que se condensa. Em outras palavras, quando o equilíbrio é atingido, o número de moléculas que deixam
a superfície é igual ao número de moléculas que são absorvidas na superfície. Neste caso, o vapor é dito
saturado e a pressão que o vapor exerce na superfície da fase líquida é denominada pressão de vapor.
Este ponto recebe o nome de ponto de ebulição ou temperatura de ebulição.
A Fig. 1.15 apresenta valores da pressão de vapor para a água em várias temperaturas e, a Tabela
1.3 apresenta valores da pressão de vapor para alguns líquidos.
Alguns líquidos conhecidos, tais como a gasolina e o benzeno, tendem a evaporar rapidamente
quando são colocados em um recipiente aberto para a atmosfera. A evaporação ocorre porque as
moléculas do líquido, localizadas perto da superfície livre do fluido, apresentam quantidade de
movimento suficiente para superar as forças intermoleculares coesivas.
A formação de bolhas de vapor no fluido é iniciada quando a pressão absoluta no fluido alcança a
pressão de vapor (pressão de saturação). Em alguns casos, como o escoamento através de passagens
estreitas por bombas e válvulas, as bolhas de vapor formadas em um escoamento podem ser
transportadas para as regiões de alta pressão. Nestas condições as bolhas podem colapsar rapidamente
e com uma intensidade suficiente para causar danos estruturais. Este fenômeno é conhecido como
cavitação.
120
100
80
Pv (kPa)
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100
T (°C)
EXERCÍCIOS
1.1: O peso específico relativo de uma substância é 0,8. Qual será seu peso específico?
1.2: O peso de 3 dm3 de uma substância é 23,5 N. A viscosidade cinemática é 10−5 m2/s, se g = 10 m/s2.
Qual será a viscosidade dinâmica em N.min/km2?
1.3: São dadas duas placas planas paralelas à distância de 2 mm. A placa superior move-se com
velocidade de 4 m/s, enquanto a inferior é fixa. Se o espaço entre as duas placas for preenchido
com óleo (ν = 10−5 m2/s, ρ = 830 kg/m3). Qual será a tensão de cisalhamento que agirá no óleo?
Admita um perfil de velocidades linear entre a placa móvel e a placa fixa.
Fig. E-1.3
1.4: Uma placa quadrada de 1 m de lado e 20 N de peso desliza sobre um plano inclinado de 30°, sobre
uma película de óleo. A velocidade da placa é 2 m/s constante. Admita um perfil de velocidades
linear entre a placa móvel e a parede inclinada. Qual é a viscosidade dinâmica do óleo, se a
espessura da película é 2 mm.
Fig. E-1.4
1.5: O diâmetro e a altura do tanque cilíndrico mostrado na Fig. E-1.5 são, respectivamente, iguais a
244 e 305 mm. Observe que o tanque desliza vagarosamente sobre um filme de óleo, a velocidade
constante, que é suportado pelo plano inclinado. Admita que a espessura do filme de óleo é
constante e que a viscosidade dinâmica do óleo é igual a 9,6 N.s/m2. Considere também que a
distribuição de velocidade na película de óleo é linear e que a gravidade seja 9,81 m/s2. Sabendo
que a massa do tanque é 18,14 kg, determine o ângulo de inclinação do plano.
Fig. E-1.5
1.6: A condição de não escorregamento é muito importante na mecânica dos fluidos. Considere o
escoamento mostrado na Fig. E-1.6 onde duas camadas de fluido são arrastadas pelo movimento
da placa superior. Observe que a placa inferior é imóvel. Determine a razão entre o valor da tensão
de cisalhamento na superfície da placa superior e aquele referente à tensão de cisalhamento que
atua na placa inferior do aparato.
Fig. E-1.6
1.7: Um fluido newtoniano, de massa específica e viscosidade cinemática respectivamente iguais a 920
kg/m3 e 4×10−4 m2/s, escoa sobre uma superfície imóvel. O perfil de velocidade deste escoamento,
na região próxima à superfície, está mostrado na Fig. E-1.7. Determine o valor, a direção e o
sentido da tensão de cisalhamento que atua na placa. Expresse seu resultado em função de U
(m/s) e δ (m).
Fig. E-1.7
1.8: O pistão da figura tem uma massa de 0,5 kg. O cilindro de comprimento ilimitado é puxado para
cima com velocidade constante. O diâmetro do cilindro é 10 cm e do pistão é 9 cm e entre os dois
existe um óleo de ν = 10−4 m2/s e γ = 8000 N/m3. Com que velocidade deve subir o cilindro para
que o pistão permaneça em repouso (Supor diagrama linear e g = 9,81 m/s2)
Fig. E-1.8
1.9: Em um tear, o fio é esticado passando por uma fieira e é enrolado em um tambor com velocidade
constante, como mostra na Fig. E-1.9. Na fieira, o fio é lubrificado e tingido por uma substância. A
máxima força que pode ser aplicada no fio é 1 N, pois, ultrapassando-a, ele rompe. Sendo o
diâmetro do fio 0,5 mm e o diâmetro da fieira 0,6 mm, e sendo a rotação do tambor 30 rpm. Qual
é a máxima viscosidade do lubrificante e qual é o momento necessário no eixo do tambor?
(Lembrar que ω = 2πn).
Fig. E-1.9
1.10: O dispositivo mostrado na Fig. E-1.10 é constituído de dois pistões (de mesmas dimensões
geométricas) que se deslocam em dois cilindros, também de dimensões idênticas. Entre os pistões
e os cilindros existe um lubrificante de viscosidade dinâmica 10−2 N.s/m2. O peso específico do
pistão (1) é 20000 N/m3. Qual é o peso específico do pistão (2) para que o conjunto se desloque
na direção indicada com uma velocidade de 2 m/s constante? Desprezar o atrito entre a corda e
as roldanas.
Fig. E-1.10
1.11: O eixo da figura, ao girar, provoca a rotação do tambor. Este enrola a corda, que levanta um peso
de 10 N com uma velocidade constante de 0,5 m/s. O fluido existente entre o eixo e o tambor tem
µ = 0,1 N.s/m2 e apresenta um diagrama linear de velocidades. Pede-se: (a) A rotação do eixo em
rpm; (b) O momento provocado pelo fluido contra a rotação do eixo. Utilize: R1 = 10 cm; R2 = 10,1
cm; R3 = 20 cm; ω = 2πn.
Fig. E-1.11
1.12: No viscosímetro da figura, o cilindro externo gira com uma rotação constante de 100 rpm. O
cilindro interno é oco, sua parede tem espessura desprezível e está preso a um fio calibrado a
torção. O cilindro gira torcendo o fio até que nele se atinja um momento de 10 N.m. Supondo o
diagrama de velocidades linear e um líquido cuja viscosidade cinemática é 10−4 m2/s, e massa
específica 800 kg/m3, qual é a altura do líquido?
Fig. E-1.12
1.13: Assumindo o diagrama de velocidades indicado na figura, em que a parábola tem seu vértice a 10
cm do fundo, calcular o gradiente de velocidade e a tensão de cisalhamento para y = 0; 5 e 10 cm.
Adotar µ = 0,4 N.s/m2.
Fig. E-1.13
1.14: O turbocompressor de um motor de combustão interna tem uma rotação de 120000 rpm ( ω =
2πn). Os mancais do eixo são flutuantes e giram com uma determinada rotação. São dados: µ =
8×10−3 N.s/m2; D1 = 12 mm; D2 = 12,05 mm; D3 = 15,05 mm; D4 = 15,1 mm; L = 20 mm. Na condição
de equilíbrio dinâmico, na rotação dada, pede-se:
Fig. E-1.14
1.15: No sistema da figura, o corpo cilíndrico de peso G desce com velocidade constante v = 2 m/s,
fazendo o eixo girar. Dados µ = 10−3 N.s/m2; L = 2/π m; De = 50,2 cm; Di = 50 cm; d = 10 cm; G =
50 N. Qual é o momento que deve ser aplicado no eixo para que haja movimento? Este momento
seria motor (a favor do movimento) ou resistente (contra o movimento)?
Fig. E-1.15
1.16: Dois discos são dispostos coaxialmente face a face, separados por um filme de óleo lubrificante
de espessura, ε, pequena. Aplicando-se um momento no disco (1), ele inicia um movimento em
torno de seu eixo e, através do fluido viscoso, estabelece-se o regime, de forma que as velocidades
angulares ω1 e ω2 ficam constantes. Admitindo o regime estabelecido, determinar a função ω1 −
ω2 = f(MT, ε, D, µ), onde MT é o momento aplicado no eixo (1).
Fig. E-1.16
1.17: A viscosidade dinâmica de líquidos pode ser medida com um viscosímetro do tipo mostrado na
Fig. E-1.17 (cilindro rotativo). O cilindro externo deste dispositivo é imóvel enquanto o interno
pode apresentar movimento de rotação (velocidade angular ω). O experimento para a
determinação de µ consiste em medir a velocidade angular do cilindro interno e o torque
necessário, MT, para manter o valor de ω constante. Note que a viscosidade dinâmica é calculada
a partir destes dois parâmetros. Desenvolva uma equação que relacione o momento torsor MT
com µ, ω, L, Ri e Ro. Despreze os efeitos de borda e admita que o perfil de velocidade no
escoamento entre os cilindros é linear.
Fig. E-1.17
1.18: O espaço anular formado entre dois cilindros concêntricos, com comprimento igual a 0,15 m, está
preenchido com glicerina (µ = 4,1×10−1 N.s/m2). Os diâmetros dos cilindros interno e externo são
iguais a 152,4 e 157,5 mm. Determine o torque e a potência necessária para manter o cilindro
interno girando a 180 rpm. Admita que o cilindro externo é imóvel e que a distribuição de
velocidade no escoamento de glicerina é linear.
Fig. E-1.18
1.19: A Fig. E-1.19 mostra uma placa móvel e circular montada num suporte fixo. O diâmetro da placa
móvel é igual a 305 mm e o espaço delimitado pela superfície inferior da placa móvel e o suporte
está preenchido com glicerina. Sabendo que a espessura do filme de glicerina é igual a 2,5 mm,
determine o torque necessário para que a placa móvel gire a 2 rpm. Admita que o perfil de
velocidade no filme é sempre linear e que os efeitos de borda são desprezíveis. Considere a
viscosidade dinâmica da glicerina como 1,5 N.s/m2.
Fig. E-1.19
1.20: Um fluido escoa sobre uma placa com o diagrama dado. Pede-se: a) v = f(y) b) A tensão de
cisalhamento junto à placa.
Fig. E-1.20
1.21: A placa da figura tem uma área de 4 m2 e espessura desprezível. Entre a placa e o solo existe um
fluido que escoa, formando um diagrama de velocidades dado por v = 20yvmax(1 − 5y). A
viscosidade dinâmica do fluido é 10−2 N.s/m2 e a velocidade máxima do escoamento é 4 m/s.
Calcule o gradiente de velocidades junto ao solo e a força necessária para manter a placa em
equilíbrio.
Fig. E-1.21
1.22: Na figura uma placa de espessura desprezível e área A1 = 2 m2 desloca-se com v = 5 m/s constante,
na interface de dois fluidos, tracionada por uma força F = 400 N. Na parte superior, ε = 1 mm e o
diagrama de velocidades é considerado linear. Na parte inferior, o diagrama é dado por v = ay2 +
by + c. Pede-se:
Fig. E-1.22
1.23: Um tanque de ar comprimido apresenta volume igual a 2,38×10−2 m3. Determine a massa
específica e o peso do ar contido no tanque quando a pressão manométrica do ar no tanque for
igual a 340 kPa. Admita que a temperatura do ar no tanque seja igual a 21 °C e que a pressão
atmosférica vale 101,3 kPa. Considere g = 9,81 m/s2.
1.24: Um metro cúbico de hélio a pressão absoluta de 0,3 MPa é comprimido isentropicamente até que
seu volume se torne igual a 1/3 do volume inicial. Qual o valor da pressão no estado final?
1.25: Ar escoa ao longo de uma tubulação. Em uma seção (1), P1 = 200000 N/m2 (abs) e T1 = 50 °C. Em
uma seção (2), P2 = 150000 N/m2 (abs) e T2 = 20 °C. Determinar a variação porcentual de massa
específica de (1) para (2).
1.26: Um gás natural tem peso específico relativo 0,6 em relação ao ar a 9,8×104 Pa (abs) e 15 °C. Qual
é o peso específico desse gás nas mesmas condições de pressão e temperatura? Qual é a
constante R desse gás? (Rar = 287 m2/s2.K; g = 9,81 m/s2)
1.27: Calcular o peso específico do ar a 441 kPa (abs) e 38 °C. Admita g = 9,81 m/s2 e R = 287 J/kg.K.
1.29: Um avião a jato voa com velocidade de 890 km/h em uma altitude de 10700 m (onde a
temperatura é igual a −55 °C). Determine a razão entre a velocidade do avião, v, e a velocidade
do som nesta altitude. Admita que, para o ar, k é igual a 1,4.
1.30: Um volume de 10 m3 de dióxido de carbono (k = 1,28) a 27 °C e 133,3 kPa (abs) é comprimido até
se obter 2 m3. Se a compressão for isotérmica, qual será a pressão final? Qual seria a pressão final
se o processo fosse adiabático?
1.31: Estime o excesso de pressão em uma gota de chuva que apresenta diâmetro igual a 3 mm?
Fig. E-1.31
1.32: Escreva uma expressão para o diâmetro máximo d, de uma agulha com comprimento L, que pode
flutuar em um líquido com tensão superficial σ. A densidade da agulha é ρ.
Fig. E-1.32
1.33: A pressão pode ser determinada medindo-se a altura da coluna de líquido em um tubo vertical.
Qual é o diâmetro de um tubo de vidro (limpo) necessário para que o movimento da água
promovido pela ação capilar seja menor do que 1 mm?. Admita que a temperatura seja uniforme
e igual a 20 °C.
1.34: Um tubo de pequeno diâmetro é imerso em um líquido, em um tanque aberto. Obtenha uma
expressão para a mudança de nível do líquido no interior do tubo causada pela tensão superficial.
Faça um gráfico dos resultados como função do diâmetro do tubo.
Fig. E-1.34
RESPOSTAS
2.1 INTRODUÇÃO
A estática dos fluidos é o estudo dos fluidos no qual não há movimento relativo entre as partículas
de fluido. Assim, se não há movimento relativo, não existem tensões de cisalhamento.
Da Fig. 2.1 observam-se três situações comuns encontradas em estática dos fluidos, entre elas: (a)
água empurrando uma represa, (b) fluidos contidos em dispositivos sujeitos a aceleração linear e (c)
fluidos contidos em cilindros rotativos. Em cada uma das três situações o fluido está em equilíbrio estático
com relação ao referencial conectado ao contorno do fluido.
Considere o elemento de fluido com formato de cunha, com uma unidade de profundidade (na
direção z, ou seja, ∆z = 1) mostrada na Fig. 2.2.
Admite-se que uma pressão P é aplicada na hipotenusa e que uma pressão diferente aplica-se nas
bordas x e y da cunha. Aplicando a segunda lei de Newton ao elemento para ambas as direções, x e y,
obtém-se:
∆x∆y
∑ Fx max : Px ∆y − Psen=
= (θ ) ∆s ρ
2
ax
(2.1)
∆x∆y ∆x∆y
∑ Fy may : Py ∆x − P cos (θ ) ∆s − ρg=
=
2
ρ
2
ay
∆x
Px − P =ρ ax (2.2.a)
2
∆y
−P ρ
Py=
2
( g + ay ) (2.2.b)
Note que, no limite em que o elemento diminui até um ponto, ou seja, ∆x → 0 e ∆y → 0, portanto,
P=
x P=
y P (2.3)
Como a escolha do ângulo θ foi arbitrária, conclui-se que a pressão em um ponto de um fluido em
repouso, ou em um movimento onde as tensões de cisalhamento não existem, é independente da
direção. Analogamente analisando a Fig. 2.3 (elemento de volume de fluido) pode ser encontrado o valor
da pressão Pz para um fluido em repouso.
Finalmente,
P=
x P=
y P=
z P (2.4)
Fig. 2.5 – Forças agindo em um elemento de volume infinitesimal que está em repouso no referencial xyz.
O referencial pode estar acelerado ou girando.
Note que existem dois tipos de forças que atuam neste elemento: as forças superficiais, devidas à
pressão e as forças de campo, devidas à gravidade. Para um elemento de fluido infinitesimal, a segunda
lei de Newton, na forma vetorial, é dada por:
∑ dF = dma (2.5)
onde,
∑ dF = ∑ dF ˆi + ∑ dF ˆj + ∑ dF kˆ
x y z
(2.6.a)
a = ax ˆi + ay ˆj + az kˆ (2.6.b)
Assumindo que a pressão no centro do volume de fluido é P, as pressões em cada um dos lados
podem ser descritas, sabendo que a distância do centro até os lados é, para o caso do eixo x, dx/2,
podemos escrever:
∑ dF x = dmax (2.7)
1 ∂P 1 ∂P
P − dx dydz − P + dx dydz =
dmax (2.8)
2 ∂x 2 ∂x
Considere-se z como sendo a componente vertical e dm, a massa do elemento de volume dada
por: dm = ρdV = ρdxdydz. Resolvendo a equação (2.8) e simplificando os termos, resulta:
∂P
= − ρ ax (2.9.a)
∂x
∂P
= − ρ ay (2.9.b)
∂y
∂P
− ρ ( az + g )
= (2.9.c)
∂z
O diferencial de pressão, dP, em qualquer direção, pode ser obtido aplicando a regra da cadeia
em P = P(x,y,z), desta forma:
∂P ∂P ∂P
dP = dx + dy + dz (2.10)
∂x ∂y ∂z
− ρ ax dx − ρ ay dy − ρ ( az + g ) dz
dP = (2.11)
A equação (2.11) é comumente utilizada para encontrar diferenças de pressão entre pontos
específicos em um fluido em repouso.
A equação (2.11) também pode ser escrita na forma vetorial, a partir das equações (2.6) e (2.9),
−∇P − γ kˆ = ρ a (2.12)
∂ ∂ ∂
=
∇ dx + dy + dz (2.13)
∂x ∂y ∂z
dP
− ρg =
= −γ (2.14)
dz
A expressão anterior implica que não há variação da pressão nas direções x e y. Nota-se também
que dP é negativo se dz é positivo, ou seja, a pressão diminui conforme nos movimentamos para cima e
aumenta se nos movimentamos para baixo. Observa-se também que a equação (2.14) é válida para casos
onde o fluido apresenta γ constante (líquidos) e também para os casos onde o peso específico varia
(gases).
A. Teorema de Stevin
“A diferença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto do peso
específico do fluido pela diferença de cotas entre dois pontos”.
P2 z2
∫ dP =−γ ∫ dz ⇒ P2 − P1 =−γ ( z2 − z1 )
P1 z1
∆P =−γ∆z (2.15)
ou,
P
+z=constante (2.16)
γ
Fig. 2.6 – Diferencial de pressão agindo sob um fluido em repouso e em superfície livre.
Da Fig. 2.6 observa-se que h é igual à distância z2 - z1. O parâmetro h é comumente conhecido
como “carga”, e é dado pela seguinte expressão:
P1 − P2
h= (2.17)
γ
P=
1 P0 + γ h (2.18)
B. Lei de Pascal
(a) (b)
Fig. 2.9 – Lei de Pascal em um fluido em repouso.
Na Fig. 2.9, (a) e (b), mostra-se o mesmo recipiente cilíndrico em que foram escolhidos alguns
pontos. Na Fig. 2.9.a, o fluido apresenta uma superfície livre a atmosfera e supõe-se que as pressões nos
pontos indicados sejam:
= N/cm2 ; P2 2=
P1 1= N/cm2 ; P3 3=
N/cm2 ; P4 4 N/cm2
Ao aplicar a força F = 100 N, por meio do êmbolo da Fig. 2.9.b, tem-se um acréscimo de pressão
de:
F 100
P= = = 20 N/cm2
A 5
=P1 21
= N/cm2 ; P2 22
= N/cm2 ; P3 23
= N/cm2 ; P4 24 N/cm2
Torna-se evidente, então, o significado da Lei de Pascal. Essa lei apresenta sua maior importância
em problemas de dispositivos que transmitem e ampliam uma força através da pressão aplicada em um
fluido.
Gases, em geral, são comumente modelados como fluidos compressíveis devido a que as suas
massas específicas variam de modo significativo com as alterações de pressão e temperatura. Assim,
torna-se necessário considerar a possibilidade de variar o peso específico do fluido antes de integrar a
equação (2.14).
dP
= − ρg
dz
No entanto, os pesos específicos dos gases comuns são pequenos quando comparados com os
pesos específicos dos líquidos. Por exemplo, os pesos específicos do ar e da água, ao nível do mar e a 15°C,
são 12 N/m3 e 9810 N/m3, respectivamente. Analisando a equação (2.14) nota-se que, o gradiente de
pressão na direção vertical é pequeno porque o peso específico dos gases é normalmente baixo. Assim a
variação da pressão em uma coluna de ar com centenas de metros de altura é pequena, podendo ser
desprezada, na maioria dos casos.
Na Fig. 2.10 mostra-se a evolução da pressão com a elevação para o ar. Nota-se que, uma coluna
de 2 km de ar é necessária para diminuir a pressão em 0,18 atm.
Para casos onde a variação de altura é muito grande, da ordem de milhares de metros, deve-se
considerar a variação do peso específico do fluido nos cálculos da variação de pressão. Para um gás
perfeito, a seguinte equação é válida:
P = ρ RT (2.19)
dP Pg
= −
dz RT
P g z2 dz
ln 2 = − ∫ (2.20)
P1 R z1 T ( z )
Nota-se da equação (2.20) que os parâmetros g e R são constantes considerando um gás perfeito
como fluido. O resultado da integração do termo do lado direito da equação dependerá apenas da
variação da temperatura com a elevação.
Na atmosfera padrão, na troposfera, por exemplo, a temperatura varia linearmente com a altura,
T ( z=
) T0 − α z
g
T − α z2 α R
P2 = P1 0 (2.21.a)
T0 − α z1
Tomando-se como ponto de referência o nível do mar, a equação (2.21.a) pode ser simplificada
usando, z1 = 0 e P1 = Patm, portanto,
g
α z αR
=P2 Patm 1 − 2 (2.21.b)
T0
g
P2 = P1 exp − ( z2 − z1 ) (2.22.a)
RTs
g
P2 = Ps exp − ( z2 − zs ) (2.22.b)
RTs
2.5 MANÔMETROS
Manômetros são instrumentos que envolvem o uso de colunas de líquidos verticais ou inclinados,
utilizados para medir pressão. Os três tipos usuais de manômetros são: o tubo piezométrico, o
manômetro em U e o manômetro com tubo inclinado.
É o tipo mais simples de manômetro consistindo de um tubo vertical aberto no topo e conectado
ao recipiente no qual se deseja medir a pressão. A Fig. 2.12 ilustra esquematicamente um tubo
piezométrico. Considerando que o líquido encontra-se em equilíbrio estático, a equação (2.16) pode ser
utilizada. Assim, a pressão em (1) é calculada pela equação:
− A pressão no recipiente deve ser maior do que a pressão atmosférica, caso contrário poderá haver
sução de ar para o interior do tubo.
− A pressão no recipiente não pode ser muito grande, quando comparada à pressão atmosférica, de
forma a que a altura da coluna seja razoável.
Este tipo de manômetro é um dos mais utilizados, e foi desenvolvido principalmente para resolver
os problemas técnicos apontados no tubo piezométrico. A Fig. 2.13 apresenta esquemas de manômetros
em “U”: (a) utilizado para medir pressões relativamente pequenas, (b) utilizado para medir pressões
relativamente altas, (c) utilizado para medir pressões muito pequenas.
A pressão em (1), da Fig. 2.13.a, pode ser determinada aplicando a equação (2.16), da forma:
P1 + γ z1 =P2 + γ z2
P1 = γ h (2.24)
Para o manômetro com tubo em “U” utilizado na medição de fluidos em altas pressões, como o
mostrado na Fig. 2.13.b, a pressão em (1) é calculada resolvendo o sistema de equações abaixo,
P1 + γ 1 z1 =P2 + γ 1 z2
P2 = P2′
P3 + γ 2 z3 =P2′ + γ 2 z2′
Uma forma mais simples de representar o sistema anterior de equações é identificar primeiro os
pontos relevantes no sistema, para o caso da Fig. 2.13.b seriam os pontos (1), (2), (2’) e (3). Começar no
ponto (1), somar a pressão quando a elevação decresce e subtrair a pressão quando a elevação aumenta.
Assim o sistema de equações anteriormente descrito pode ser simplificado:
P1 + γ 1 h − γ 2 H =
P3
P1 =P3 + γ 2 H − γ 1 h (2.25)
Caso se deseje trabalhar com pressões absolutas o valor de P3 = Patm. Se o interesse for encontrar
a pressão relativa (manométrica) P3 = 0.
(a) (b)
(c)
Fig. 2.13 – Manômetros: (a) Tubo em “U” para pressões pequenas; (b) Tubo em “U” para pressões altas;
(c) Micro manômetro em “U” utilizado para medir mudanças de pressão muito pequenas.
Para o caso do micro manômetro mostrado na Fig. 2.13.c a pressão no tubo, P1, é dada pela
equação:
P1 + γ 1 ( z1 − z2 ) + γ 2 ( z2 − z3 ) − γ 3H − γ 2 ( z5 − z4 ) =
P5
−γ 1 ( z1 − z2 ) − γ 2 ( H − h ) + γ 3H
P1 = (2.26)
Este tipo de manômetro é frequentemente utilizado para medir pequenas variações de pressão
em sistemas que contém gases. Uma perna do manômetro é inclinada, formando um ângulo θ com o
plano horizontal e a leitura diferencial l2 é medida ao longo do tubo inclinado, tal como é mostrado na
Fig. 2.14.
Note que a distância vertical entre os pontos (1) e (2) é l2senθ. O que significa que para ângulos
relativamente pequenos a leitura diferencial ao longo do tubo inclinado pode ser encontrada mesmo
quando ∆P é um valor pequeno. Considerando que os fluidos em A e B são gases a equação (2.27) pode
ser reduzida para:
γ 2 l2 senθ
PA − PB =
ou,
PA − PB
l2 = (2.28)
γ 2 senθ
A equação (2.28) mostra, para um fluido determinado (γ2) e para uma dada diferença de pressão
(∆P = PA - PB) a leitura diferencial (l2) do manômetro de tubo inclinado é 1/senθ vezes maior do que aquela
do manômetro com tubo em “U”.
θ, e a razão entre os diâmetros do reservatório e do tubo inclinado, D/d. Também é possível determinar
uma expressão para a sensibilidade do manômetro, s.
(a) (b)
Fig. 2.15 – Diagrama esquemático para análise do manômetro de tubo inclinado. (a) Estado inicial; (b)
Estado final.
∆P= γ ( h + H ) (2.29)
Para eliminar H, deve-se levar em conta que o volume do líquido no manômetro permanece
constante, isto é, o volume deslocado do reservatório deve ser igual ao volume que sobe na coluna do
tubo, portanto,
π D2 π d2
H= L
4 4
2
d
H = L (2.30)
D
h = L senθ (2.31)
d
2
∆P γ L senθ +
= (2.32.a)
D
ou,
∆P
L= (2.32.b)
d
2
γ senθ +
D
Para obter uma expressão para a sensibilidade, expressa-se ∆P em termos de uma altura de
coluna de água equivalente, he, ou seja:
∆P =γ H2O he (2.33)
d
2
L 1
s
= = (2.34)
he d
2
SG senθ +
D
Esta expressão define a sensibilidade de um manômetro de tubo inclinado. Ela mostra que, para
aumentar a sensibilidade, todos os parâmetros, SG, senθ, e d/D devem ser tão pequenos quanto possível.
Portanto, o projetista deve escolher o líquido manométrico e dois parâmetros geométricos para
completar um projeto, conforme discutido a seguir:
A. O Líquido Manométrico
O líquido manométrico deve ter a menor gravidade específica possível de modo a aumentar a
sensibilidade. Por outro lado, o líquido manométrico deve ser seguro (não tóxico e não inflamável), ser
imiscível com o fluido cuja pressão esteja sendo medida, sofrer perda mínima por evaporação e
desenvolver um menisco satisfatório. Finalmente o líquido manométrico deve apresentar tensão
superficial relativamente baixa e aceitar tingimento para melhorar sua visibilidade.
A Tabela 1.8 mostra que hidrocarbonetos líquidos, entre eles, o octano e o heptano, satisfazem
muitos destes critérios. A menor gravidade específica encontrada nesta Tabela é do heptano, SG = 0,684,
a qual aumenta a sensibilidade do manômetro em torno de 35 % quando comparada com a água. No
entanto, para o mercúrio, cuja gravidade específica é 13,55 obteve-se a pior sensibilidade, tal como se
mostra na Fig. 2.16.a. O ângulo adotado na Fig. 2.16.a foi θ = 90°, ou seja, um tubo em U normal.
1.5 6
SG = 0,684
Heptano
Água
Mercúrio 5
1 SG = 1,0 4
Sensibilidade, s
Sensibilidade, s
3
SG = 1,0
d/D = 0
0.5 2
1
SG = 13,55
0 0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 20 40 60 80 100
Razão de diâmetros, d/D Ângulo, θ (°)
(a) (b)
Fig. 2.16 – (a) Variação da sensibilidade para três fluidos diferentes, heptano, água e mercúrio, com θ =
90°; (b) Variação da sensibilidade com o ângulo de deflexão, θ, para um fluido com SG = 1 e
d/D = 0.
B. A Relação de Diâmetros
O gráfico apresentado na Fig. 2.16.a mostra também o efeito da relação de diâmetros sobre a
sensibilidade para um manômetro de gravidade específica igual a 1 (linha vermelha, SG = 1). Note que
d/D = 1 corresponde a um manômetro de tubo em U normal; sua sensibilidade é igual a 0,5 porque metade
da diferença de altura na coluna de líquido aparece em cada lado do manômetro. A sensibilidade dobra
para 1 quando d/D se aproxima de zero porque a maior parte da variação no nível do líquido ocorre no
tubo de medida.
O diâmetro mínimo do tubo, d, deve ser maior que 6 mm para evitar efeito capilar excessivo. O
máximo diâmetro do reservatório, D, é limitado pelo tamanho do manômetro. Se D é fixado em 60 mm,
de forma que d/D seja 0,1, então (d/D)2 = 0,01, e a sensibilidade cresce para 0,99, bem próximo do valor
máximo atingível, 1.
C. O Ângulo de Inclinação
O gráfico mostrado na Fig. 2.16.b mostra o efeito do ângulo de inclinação sobre a sensibilidade
para d/D = 0. A sensibilidade aumenta rapidamente quando o ângulo de inclinação é reduzido para valores
abaixo de 30°. Um limite prático é estabelecido em torno de 10°, o menisco torna-se indistinto, e a leitura
do nível torna-se difícil para ângulos menores.
Combinando os melhores valores (SG = 0,684; d/D = 0,1 e θ = 10°), obtêm-se uma sensibilidade de
7,96 para o manômetro. Fisicamente, esta é a razão entre a deflexão observada no líquido e a altura de
coluna de água equivalente. Portanto, a deflexão no tubo inclinado é ampliada 7,96 vezes quando
comparada a uma coluna de água vertical. Com a melhora na sensibilidade, uma pequena diferença de
pressão pode ser lida com maior precisão que em um manômetro de água, ou uma menor diferença de
pressão pode ser lida com a mesma precisão.
Para uma análise detalhada da força hidrostática em uma superfície plana horizontal considere
um tanque contendo líquido com peso específico γ e uma coluna de fluido de altura h, tal como mostrado
na Fig. 2.17. O módulo da força resultante sobre a superfície inferior do tanque é FR = PA, onde P é a
pressão e A é a área desta superfície. Para um tanque aberto à atmosfera a pressão manométrica seria, P
= γh. Considerando que a Patm atua na superfície do fluido e na superfície inferior do tanque, a força
resultante na superfície interior do tanque deve-se apenas ao líquido contido no tanque. A força
resultante FR é, portanto, aplicada no centroide da área da superfície inferior porque a pressão é
constante e está distribuída uniformemente nesta superfície.
Fig. 2.17 – Pressão hidrostática e força resultante desenvolvida no fundo de um tanque aberto.
A Fig. 2.18 mostra uma superfície plana submersa e inclinada a um ângulo θ, com uma pressão na
superfície livre, Patm. O sistema de coordenadas x-y define-se de forma que “0” está na origem do sistema
de coordenadas e y seja paralelo ao plano que está sendo analisado. Note-se que a superfície em análise
não tem forma definida. Uma força diferencial dF, perpendicular à superfície, é aplicada em dA a uma
profundidade h,
dF = γ hdA (2.35)
Fig. 2.18 – Força hidrostática em uma superfície plana, inclinada e com formato arbitrário.
FR
= ∫=
A
dF ∫ γ hdA
A
A integral da equação (2.36) é o momento de primeira ordem da área em relação ao eixo x. Desta
forma,
∫ ydA = y A
A
c
onde, yc é a coordenada y do centroide medido a partir do eixo x que passa através de 0. Portanto, a
equação (2.36) resulta,
FR = γ senθ yc A (2.37.a)
FR = γ hc A (2.37.b)
onde, hc é a distância vertical entre a superfície livre do fluido e o centroide da área. A equação (2.37)
indica que o módulo da força resultante é igual à pressão no centroide multiplicada pela área total da
superfície submersa.
A coordenada yR da força resultante pode ser determinada pela soma dos momentos em torno
do eixo x, ou seja, o momento da força resultante deve ser igual aos momentos das forças exercidas pela
pressão,
FR yR
= ∫=
F
ydF ∫ γ yhdA
= γ ∫ y.y sen=
A A
θ dA γ senθ ∫ y 2 dA
A
γ senθ ∫ y 2dA
yR = A
(2.38)
FR
∫ y dA
2
yR = A
yc A
Ix
yR = (2.39)
yc A
Utilizando o teorema dos eixos paralelos, Ix, pode ser expresso como:
I=
x Ixc + Ayc2 (2.40)
onde, Ixc é o momento de segunda ordem em relação ao eixo que passa no centroide e é paralelo ao eixo
x. Substituindo (2.40) em (2.39) e simplificando resulta:
Ixc
yR
= + yc (2.41)
yc A
Ixc
yRC = (2.42)
yc A
A equação (2.41) mostra que a força resultante não passa através do centroide, mas sempre atua
abaixo dele, isto porque Ixc/ycA > 0, exceto em uma área horizontal para a qual yc = ∞, neste caso o centro
de pressão e o centroide coincidem e Ixc/ycA = 0.
FR xR
= ∫=
F
xdF ∫ γ xhdA
= γ ∫ x.y sen=
A A
θ dA γ senθ ∫ xydA
A
∫ xydA
Ixy
=xR =
A
(2.43)
yc A yc A
onde, Ixy é o produto de inercia em relação aos eixos x e y. Utilizando novamente o teorema dos eixos
paralelos, Ixy, pode ser expresso como:
I=
xy Ixyc + Axc yc (2.44)
Ixyc
xR
= + xc (2.45)
yc A
onde, Ixyc é o produto de inércia em relação ao sistema de coordenadas que passa através do centroide
da área e criado por uma translação do sistema de coordenadas x-y. Se a área submersa é simétrica em
relação ao eixo que passa pelo centroide e paralelo a um dos eixos, o produto de inércia Ixyc = 0.
A Eq. (2.45) pode ser analisada de maneira semelhante à Eq. (2.41), isto é, a força resultante na
seção transversal da placa (perpendicular à superfície do papel) tampouco passa pelo centroide e sim
desloca-se para a direita uma distância XRC, dada por:
Ixyc
xRC = (2.46)
yc A
N N
∑A x n n ∑A y n n
=
=
x n=
1=
N
; y n 1N (2.47.a)
=
∑ An
n 1=n 1
∑ An
As Tabelas 2.2 e 2.3 apresentam centroides de curvas planas e superfícies planas para diversas
formas, respectivamente. A Tabela 2.4 apresenta também as áreas e os momentos de inércia para
algumas figuras geométricas.
SUPERFÍCIE x y L
Arco de ¼ de 2r 2r πr
círculo π π 2
C
r
y
O O 2r
Arco semicircular 0 πr
x π
α r senα
Arco de círculo C 0 2α r
O α α
SUPERFÍCIE x y A
h h bh
Triangular
C 3 2
y
b2 b2
4r 4r π r2
¼ de Círculo
3π 3π 4
C
r
y 4r π r2
Semicírculo O O 0
3π 2
x
4a 4b π ab
¼ de Elipse
C C b
3π 3π 4
y
O
4b π ab
Semielíptica O 0
x a 3π 2
a
3a 3h 2ah
Semiparabólica
C C 8 5 3
h
y 3h 4ah
Parabólica O 0
x
O a 5 3
a
Arco
y = kx n n +1 n +1 ah
Exponencial h a h
qualquer
C n+2 4n + 2 n +1
y
O
x
r
2r senα
Setor circular α C 0 αr2
O α
3α
Em geral, o momento de inércia de uma área composta, consistindo de uma série de partes
simples conectadas, é dado pela soma algébrica dos momentos de inércia de todas as partes. O
procedimento a seguir é adotado:
a) Dividir a área em partes e localizar o centroide de cada parte com relação ao eixo de referência
dado;
b) Determinar o momento de inércia de cada parte com relação ao eixo centroidal;
c) Quando o eixo centroidal não coincida com o eixo de referência utiliza-se o teorema dos eixos
paralelos;
d) O momento de inércia total resulta da soma dos momentos de inércia das suas partes.
Ixc + Ad x2 ;
Ix = Iyc + Ady2
Iy = (2.47.b)
onde, Ix e Iy são os momento de inércia com relação ao eixo x e y, respectivamente, Ixc é o momento de
inércia que passa pelo centroide e é paralelo ao eixo x, A é a área da figura geométrica, dx é a distância
entre os eixos x e xc e dy é a distância entre os eixos y e yc.
ba3 ab3
Retangular − ba
12 12
ba3 ba 2 ba2 ab
Triangular
36 36
( d − db + b2 ) 72
(2d − b ) 2
π R4 π R4
Círculo 0 π R2
4 4
π R4 π R2
Semicírculo 0,1098R 4 0
8 2
π R2
¼ Círculo 0,05488R 4 0,05488R 4 −0,01647R 4
4
π ab3 π ba3
Elipse − π ab
4 4
π ab
¼ Elipse 0,05488ab3 0,05488a3b −0,01647a2b2
4
R4 R4
Setor Circular (2α − sen2α ) (2α + sen2α ) 0 α R2
8 8
8ba3 19b3a b2 a 2
Meia parábola −
75 480 60
Para equilibrar o sistema de forças em x, o módulo da componente de FH deve ser igual ao módulo
de F2. Por outro lado, para equilibrar o sistema de forças em y, o módulo da componente FV deve ser igual
à soma dos módulos F1 e W. Desta forma:
FH = F2 (2.48.a)
FV= F1 + W (2.48.b)
FR
= FH2 + FV2 (2.49)
A linha de ação da força FR passa pelo ponto “O” e o ponto de aplicação pode ser localizado
somando-se os momentos em relação a um eixo apropriado.
O empuxo é uma força resultante gerada pelo fluido e que atua nos corpos que estão
completamente submersos ou flutuando. Considere um corpo com forma arbitrária e volume VC que se
encontra imerso em um fluido, tal como mostrado na Fig. 2.20.a. Para analisar o diagrama de corpo livre,
da Fig. 2.20.b, admite-se que o corpo esteja envolvido por um paralelepípedo, onde as forças F1, F2, F3 e
F4 são as forças que atuam nas superfícies planas deste paralelepípedo, onde W é o peso do fluido contido
no paralelepípedo e FB é a força que o corpo exerce sobre o fluido. As forças na direção horizontal, F3 e F4
são iguais e se cancelam. A condição para o equilíbrio em y é dada por:
FB = F2 − F1 − W (2.50)
Considerando o peso específico do fluido constante, as forças (F2 - F1) e W podem ser expressas
como,
F2 − F1= γ ( h2 − h1 ) A= γ VP
W = γ ( h2 − h1 ) A − VC = γ (VP − VC )
FB = γ VC (2.51)
O sentido da força de empuxo é o oposto de FB, que é a força que o corpo exerce sobre o fluido,
tendo como modulo FB, com direção vertical e sentido para cima.
FB xB = F2 x1 − F1 x1 − WxW
VP x1 − (VP − VC ) xW
xB = (2.52)
VC
onde, xB é a coordenada horizontal do centroide do volume VC. Conclui-se, portanto, que o ponto de
aplicação da força de empuxo coincide com o centroide do volume deslocado.
Um densímetro é um dispositivo utilizado para medir a gravidade específica, SG, de fluidos. Seu
funcionamento está baseado no princípio de flutuação. A haste do densímetro possui um diâmetro
constante e quando colocado em água pura, SG = 1. Na Fig. 2.21 apresenta-se um bosquejo de um
densímetro utilizado para medir a gravidade específica de um líquido desconhecido. Da análise das forças
na Fig. 2.21.a resulta,
F=
B W= γ H2OVS (2.53.a)
W γ x (VS − A∆h )
= (2.53.b)
onde, A é a área da seção transversal do haste e ∆h é a altura deslocada com relação ao nível de referência
para a água, SG = 1.
VS 1
h
∆= 1 − (2.54)
A SGx
onde SGx é a gravidade específica do líquido desconhecido. Para um densímetro dado VS e A são
parâmetros conhecidos de modo que ∆h depende apenas da leitura de SGx.
2.9 ESTABILIDADE
As forças que agem em um corpo total ou parcialmente submerso e em repouso são o seu peso,
W, cujo ponto de aplicação é o centro de gravidade do corpo (CG), e o empuxo, FB, cujo ponto de aplicação
é o centro de carena (CC). Um diagrama esquemático de um flutuador total e parcialmente submerso é
apresentado na Fig. 2.22.
(a) (b)
Fig. 2.22 – Estabilidade de um flutuador. (a) Totalmente submerso; (b) Parcialmente submerso.
Torna-se evidente que, para que um flutuador esteja em equilíbrio, é necessário que essas duas
forças tenham a mesma intensidade, a mesma direção e sentidos opostos. Resta analisar a estabilidade
desse equilíbrio.
Suponha-se um corpo em equilíbrio e aplique-se uma força pequena nesse corpo. É evidente que,
se ele estava em equilíbrio, a aplicação dessa força isolada fará com que se desloque em relação a sua
posição inicial. Retirando essa força, aplicada durante um intervalo de tempo muito pequeno, podem
ocorrer três situações:
c) O corpo permanece na nova posição, sem retornar, mas sem se afastar mais da posição inicial:
diz-se que o equilíbrio é indiferente.
Em outras palavras, um corpo está em uma posição de equilíbrio estável se, quando perturbado,
retorna à posição de equilíbrio original. Em contrapartida, um corpo está em equilíbrio instável se, quando
perturbado (mesmo que a perturbação seja bastante pequena), ele se move para uma nova posição de
equilíbrio.
Se o corpo estiver totalmente submerso em equilíbrio, o volume deslocado será sempre o mesmo.
Qualquer que seja o deslocamento, sempre existirá o equilíbrio, de forma que é um caso de equilíbrio
indiferente.
Neste caso, ao deslocar o corpo para baixo, o volume de carena e o empuxo aumentam,
resultando em uma situação onde FB > W. Ao retirar a força que causou o deslocamento, o flutuador sobe
até que haja uma diminuição no volume de carena para que novamente FB = W. Se o corpo for deslocado
para cima, o volume de carena diminuirá, de forma que FB < W. Ao retirar a força aplicada, o corpo desce
até que FB = W novamente, e isso acontece na posição inicial.
Suponha-se um flutuador obrigado a abandonar a sua posição de equilíbrio, por uma pequena
força que o faça girar de um pequeno ângulo em torno de um eixo de rotação. Nessa situação, devem ser
examinados dois casos para os quais o comportamento é diferente.
Suponha-se um corpo totalmente submerso em equilíbrio, cujo centro de gravidade esteja abaixo
do centro de carena, tal como se mostra na Fig. 2.23. Se o corpo girar um pequeno ângulo, o CG e o CC
permanecerão fixos em relação a ele, de forma que o empuxo e o peso, de módulos constantes e sempre
verticais, se encontrarão na posição indicada em (b).
(a) (b)
Fig. 2.23 – Estabilidade de um corpo submerso com CC acima do CG. (a) Equilíbrio; (b) Momento de
restauração.
Dessa forma, uma pequena perturbação pode resultar em um momento de restauração que tende
a girar o corpo no sentido contrário ao da rotação. É evidente que o corpo tenderá novamente à posição
(a), que será, portanto, de equilíbrio estável.
Entretanto, se o centro de gravidade estiver acima do centro de carena, como mostra a Fig. 2.24,
o corpo estará em equilíbrio instável e uma pequena perturbação deslocará este corpo para uma nova
posição de equilíbrio. Em outras palavras, o momento de instabilização criado pelo empuxo e pelo peso
tenderá a girar mais o corpo, de forma que ele se afastará ainda mais da posição de equilíbrio inicial.
Nesse caso, a posição (a) da Fig. 2.24 será de equilíbrio instável.
Observa-se que em um corpo totalmente submerso em equilíbrio, para que haja estabilidade à
rotação, o centro de gravidade deverá estar abaixo do centro de carena.
(a) (b)
Fig. 2.24 – Instabilidade de um corpo submerso com CC abaixo do CG. (a) Equilíbrio; (b) Momento de
instabilização.
Fig. 2.25 – Estabilidade de corpo onde o centro de carena e o centro de gravidade coincidem.
Nesse caso, o estudo não é tão simples como no caso dos corpos totalmente submersos. É obvio
que o centro de gravidade abaixo do centro de carena é uma garantia para que o equilíbrio seja estável,
entretanto, essa condição não é necessária.
Às vezes, a rotação do corpo causa uma variação no formato do volume de carena (o que não
acontecia com o corpo totalmente submerso), o que cria um deslocamento no centro de carena, em
relação ao corpo, tal que o equilíbrio pode ser estável mesmo que este esteja abaixo do centro de
gravidade.
Pela Fig. 2.26, nota-se que se o corpo estivesse totalmente submerso, o volume deslocado seria
constante, de forma que o CC acompanharia o movimento do corpo, mantendo-se fixo em relação a ele.
Isso, como já foi visto, causaria o aparecimento de um momento de instabilização, a favor da rotação, que
provocaria o afastamento indefinido da posição de equilíbrio.
Estando o corpo parcialmente submerso, com a rotação em torno do eixo O, o volume de carena,
que era ABCD, passa a ser LBCI, com consequente deslocamento do centro de carena para a direita em
CC’.
Fica assim mostrado, intuitivamente, que o flutuador terá condições de retornar à posição inicial,
estando, portanto, em equilíbrio estável desde que o empuxo esteja à direita do peso, tal como se mostra
na Fig. 2.26.b.
Note-se que o sentido do momento (restaurador ou instabilizador) pode ser analisado pela
posição do ponto M, chamado de metacentro, que é a interseção do eixo de simetria do flutuador com a
direção do empuxo.
a) Se o ponto M estiver acima de CG, o momento será contrário à rotação e o equilíbrio, estável.
b) Se o ponto M estiver abaixo de CG, o momento será a favor da rotação e o equilíbrio, instável.
c) Se o ponto M estiver em CG, o equilíbrio será indiferente.
Note-se que quanto mais acima estiver o metacentro em relação ao CG, maior será o momento
que contraria a rotação e, portanto, mais estável o equilíbrio. Por essa observação, conclui-se que é
importante conhecer a distância do metacentro ao centro de gravidade. Tal distância é chamada de altura
metacêntrica e será indicada por r.
(a) (b)
Fig. 2.26 – Estabilidade de um corpo flutuante. (a) Posição de equilíbrio original; (b) Posição de equilíbrio
com centroide deslocado.
Para determinar uma expressão quantitativa para a distância r observe o diagrama esquemático
da Fig. 2.27. Nota-se que, o volume deslocado durante a perturbação do corpo é igual ao volume original
mais o volume compreendido entre a seção ODE menos o volume compreendido na seção AOB. O centro
de carena do novo volume deslocado pela perturbação é calculado por:
onde, V0 é o volume original submergido abaixo da linha da água. Os volumes V1 e V2 podem ser calculados
por:
V1 = AODE L
V2 = AAOD L
xV
= ∫V1
xdV − ∫ xdV
V2
(2.56)
= = x tanα
dV dxdyL = dxL x tanα dA (2.57)
Nota-se que I0 é o segundo momento de inércia da área da linha de água em torno do eixo x que
passa por O, em outras palavras, I0 é o momento de inércia da área da seção de flutuação em relação ao
eixo x, isto é, I0 = Ixc, tal como se mostra na Fig. 2.28. Utilize a Tabela 2.4 para o cálculo dos momentos de
inércia com relação ao eixo x.
A área total da linha da água seria o comprimento AE vezes L. Usando x = CM tanα e CM= r + t
, a equação (2.58) resulta,
Ixc γ Ixc
r= −t= −t (2.59.a)
V W
γ Ixc
=r −t (2.59.b)
W
Como já foi visto, deve-se ter r > 0 e, quanto maior, maior será a estabilidade. Logo, a estabilidade
do flutuador será aumentada diminuindo t e, portanto, abaixando o centro de gravidade ou aumentando
Ixc/V, isto é, aumentando o momento de inércia da seção de flutuação.
Considere o fluido em repouso relativo ao referencial que está acelerando com uma componente
horizontal, ax, e uma componente vertical, az. Portanto, a equação (2.11) simplifica-se para,
∂P ∂P
dP = − ρ ax dx − ρ ( az + g ) dz
dx + dz = (2.60)
∂x ∂z
P2 − P1 =− ρ ax ( x2 − x1 ) − ρ ( az + g )( z2 − z1 ) (2.61)
z1 − z2 ax
= = tanα (2.62)
x2 − x1 az + g
Considere-se um líquido contido em um recipiente rotativo, tal como o mostrado na Fig. 2.30.
Após o período transitório inicial, o fluido contido em um tanque que gira com uma velocidade angular,
ω, constante também rotacionará como um corpo rígido em torno do mesmo eixo.
O módulo de aceleração de uma partícula localizada a uma distância r do eixo de rotação é igual
a ω2r e tem direção radial e é dirigida para o eixo de rotação. Como as trajetórias das partículas são
circulares é conveniente utilizar um sistema de coordenadas cilíndrico.
Aplicando a segunda lei de Newton na direção r no elemento mostrado na Fig. 2.30.b e usando
sen(dθ/2) ≅ dθ/2, e o volume = rdθdrdz, resulta:
∂P ∂P
dP
= dr + dz
∂r ∂z
Integrando a equação (2.63) entre dois pontos quaisquer (r1,z1) e (r2,z2), para obter:
ρω 2 2 2
P2 =
− P1
2
( r2 − r1 ) − γ ( z2 − z1 ) (2.64.a)
ou,
ρω 2 r 2
P− +γz =
cte (2.64.b)
2
Se dois pontos estão na superfície de pressão constante, tal como a superfície livre, localizando o
ponto 1 no eixo z, para que r1 = 0, obtêm-se:
ω 2 r22
= g ( z2 − z1 ) (2.65)
2
Nota-se que (2.65) é a equação de uma parábola, ou seja, a superfície livre é uma paraboloide de
revolução.
(a) (b)
Fig. 2.30 – Recipiente em rotação: (a)Seção transversal do líquido; (b) Vista de cima do elemento.
EXERCÍCIOS
2.1: A Fig. E-2.1 mostra o efeito da infiltração de água em um tanque subterrâneo de gasolina. Se a
densidade da gasolina é 0,68. Determine as pressões absolutas na interface gasolina-água e no
fundo do tanque.
Fig. E-2.1
2.2: A Fig. E-2.2 mostra, esquematicamente, uma prensa hidráulica. Os dois êmbolos tem,
respectivamente, as áreas A1 = 10 cm2 e A2 = 100 cm2. Se for aplicada uma força de 200 N no
êmbolo (1), qual será a força transmitida em (2) de forma a se manter o nível de líquido nas
condições dadas?
Fig. E-2.2
2.3: No sistema da Fig. E-2.3, desprezando-se o desnível entre os cilindros, determinar o peso G, que
pode ser suportado pelo pistão (5). Desprezar os atritos. Dados: P1 = 500 kPa (manométrica); A1 =
10 cm2; AH = 2 cm2; A2 = 2,5 cm2; A3 = 5 cm2; A4 = 20 cm2; A5 = 10 cm2; h = 2 m; γHg = 136000 N/m3.
Fig. E-2.3
2.4: Aplica-se uma força de FA = 200 N na alavanca AB, como é mostrado na Fig. E-2.4. Qual é a força F
que deve ser exercida sobre a haste do cilindro para que o sistema permaneça em equilíbrio?
Observe que: LA = 20 cm; LB = 10 cm; d2 = 5 cm; d1 = 25 cm.
Fig. E-2.4
2.5: Qual é a altura da coluna de mercúrio (γHg = 136000 N/m3) que irá produzir na base a mesma
pressão de uma coluna de água de 5 m de altura? (γH2O = 10000 N/m3)
2.6: A pressão atmosférica é dada como 90,66 kPa em uma região montanhosa. Calcule o decréscimo
da pressão devido a um incremento de 500 m de altitude, começando em uma elevação de 2000
m. Utilize a Tabela 2.1 como referência.
a) Assumindo ρ = cte.
b) Assumindo ρ variável e utilizando a equação (2.21.a) para a região da troposfera. Compare os
resultados.
2.7: O pistão mostrado na Fig. E-2.7 apresenta peso desprezível e área da seção transversal igual a 0,28
m2. O pistão está em contato com um óleo (SG = 0,9) e o cilindro está conectado a um tanque
pressurizado que armazena ar, óleo e água. Observe que a força F atua sobre o pistão para que
ocorra o equilíbrio. Calcule o valor de F e a pressão no fundo do tanque. Admita γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.7
2.8: A Fig. E-2.8 mostra um manômetro com tubo em U conectado a um tanque fechado que contém
ar e água. A pressão do ar na extremidade fechada do manômetro é igual a 1,1 bar (abs.).
Determine a leitura no outro manômetro se a altura diferencial no manômetro com tubo em U é
igual a 1,22 mm. Admita que o valor da pressão atmosférica seja o padrão e despreze o efeito do
peso do ar nas colunas do manômetro. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.8
2.9: Na Fig. E-2.9, o tanque contém água e um óleo imiscível a 20 °C. Qual é o valor de h (em cm) se a
massa específica do óleo é 898 kg/m3? Considere que a massa específica da água seja 1000 kg/m3.
Fig. E-2.9
2.10: Considere o arranjo mostrado na Fig. E-2.10. Sabendo que a diferença entre as pressões em B e A
é igual a 20 kPa, determine o peso específico do fluido manométrico. Considere ρH2O = 1000 kg/m3
e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.10
2.11: O medidor de pressão em B (Fig. E-2.11) é utilizado para medir a pressão no ponto A, por onde
circula água. Se a pressão em B é 87 kPa, calcule a pressão em A, em kPa. Admita que todos os
fluidos se encontram a 20 °C. Utilize como auxílio a Tabela 1.6 e considere g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.11
2.12: Na Fig. E-2.12 todos os fluidos estão a 20 °C. Determine a diferença de pressão (em Pa) entre os
pontos A e B. Utilize como auxílio a Tabela 1.8 e considere g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.12
2.13: Na Fig. E-2.13, a leitura do manômetro A mostra 1,5 kPa. Os fluidos operam a uma temperatura
de 20 °C. Determine as elevações z (em metros), nos tubos piezométricos abertos em B e C. Utilize
como auxílio a Tabela 1.8 e considere g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.13
2.14: Na Fig. E-2.14, os fluidos encontram-se a 20 °C. A água e a gasolina têm as suas superfícies abertas
à atmosfera e na mesma elevação. Qual seria a altura, h, de um terceiro líquido que se encontra
no fundo do recipiente? Utilize como auxílio a Tabela 1.8 e considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.14
2.15: O tanque fechado mostrado na Fig. E-2.15 está a 20 °C. Se a pressão no ponto A é 95 kPa (abs),
qual seria a pressão absoluta no ponto B? (em kPa). Qual é a percentagem de erro no cálculo
quando o peso específico do ar é desprezado? Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.15
2.16: O sistema ar-óleo-água mostrado na Fig. E-2.16 está a 20 °C. Sabendo que o manômetro em A
indica uma leitura de 0,1 MPa (abs) e o manômetro em B marca 8,62 kPa menos do que em C.
Calcule: (a) O peso específico do óleo em N/m3 e (b) A leitura atual do manômetro C em MPa (abs).
Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.16
2.17: Na Fig. E-2.17 a pressão no ponto A é 0,17 MPa. Todos os fluidos estão a 20 °C. Qual é a pressão
do ar na câmara fechada em B (em MPa). Utilize como auxílio a Tabela 1.6 e considere γH2O = 9810
N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.17
2.18: Um cone invertido e fechado, de 100 cm de altura e 60 cm de diâmetro está preenchido com ar a
20 °C e 1 atm. Água a 20 °C é introduzida no fundo de modo a comprimir o ar isotermicamente
até que o manômetro no topo do cone tenha uma leitura de 30 kPa (manométrica). Estime: (a) A
quantidade de água necessária (em m3); (b) A pressão absoluta resultante no fundo do cone (em
kPa). Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
2.19: Água flui para cima em um tubo inclinado a 30°, tal como se mostra na Fig. E-2.19. O manômetro
de mercúrio tem uma leitura de h = 12 cm. Ambos fluidos estão a 20 °C. Qual é a diferença de
pressão P1−P2 na tubulação. Utilize como auxílio a Tabela 1.6 e considere γH2O = 9810 N/m3 e g =
9,81 m/s2.
Fig. E-2.19
2.20: O sistema na Fig. 2.20 está a 20 °C. Se a pressão no ponto A é 90,973 kPa, determine a pressão
nos pontos B, C e D em kPa. Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.20
2.21: O sistema na Fig. 2.21 está a 20 °C. Se a pressão atmosférica é 101,325 kPa e a pressão no fundo
do tanque é 242 kPa (abs). Qual é a gravidade específica do fluído X? Utilize como auxílio a Tabela
1.8 e considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.21
2.22: O macaco hidráulico na Fig. E-2.22 está preenchido com óleo com γÓleo = 8307 N/m3. Desprezando
o peso dos dois pistões, calcule a força F requerida sobre a alavanca para que o sistema esteja em
equilíbrio. Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.22
2.23: O sistema mostrado na Fig. E-2.23 encontra-se a 20 °C. A leitura do manômetro em A é 350 kPa
(abs). Calcule a altura de água h e a leitura do manômetro em B (abs). Utilize como auxílio a Tabela
1.6 e considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.23
Fig. E-2.24
2.25: Na Fig. E-2.25 ambos os fluídos estão a 20 °C. Se os efeitos da tensão superficial forem
desprezíveis. Qual é a massa específica do óleo, em kg/m3? Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81
m/s2.
Fig. E-2.25
2.26: Na Fig. E-2.26 mostram-se dois containers cilíndricos (a) e (b) de forma que, inicialmente, Pa = Pb,
conforme a Fig. E-2.26 abaixo mostrada. Obtenha uma expressão para a diferença de pressão ∆P
= Pa − Pb quando a interface óleo-água (no lado direito) se desloque uma distância ∆h < h, para as
seguintes condições: (a) d << D e (b) d = 0,15D. Observe que o ∆P pode ser obtido colocando um
pistão no cilindro esquerdo. (c) Qual é a variação de ∆P (em %). Admita que os fluidos encontram-
se a 20 °C e utilize γH2O = 9810 N/m3, γSAE = 8946,72 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.26
2.27: Na Fig. E-2.27 ambos o tanque e o tubo estão abertos à atmosfera. Se L = 2,13 m. Qual é o ângulo
de inclinação do tubo, θ. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.27
2.28: Um pistão de diâmetro D está conectado a um manômetro que contém óleo através de um tubo
inclinado de diâmetro d, tal como se mostra na Fig. E-2.28. Quando um peso W é adicionado no
topo do pistão a superfície de óleo no tubo aumenta uma distância adicional de L. Encontre uma
expressão para o peso W em função de SG, γH2O, D, d, L e θ. Qual seria o valor do peso W se D =
0,08 m, d = 0,007 m, L = 0,1 m, SG = 0,827, γH2O = 9810 N/m3 e θ = 15o.
Fig. E-2.28
2.29: Na Fig. E-2.29 o fluído 1 é óleo (SG = 0,87) e o fluído 2 é glicerina a 20 °C. Se a Patm = 98 kPa,
determine a pressão absoluta no ponto A. Utilize como auxílio a Tabela 1.8 e considere γH2O = 9810
N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.29
2.30: Para o manômetro invertido da Fig. E-2.30, todos os fluídos estão a 20 °C. Se PB − PA = 97 kPa, qual
deve ser a altura H em cm? Utilize como auxílio a Tabela 1.8 e considere γH2O = 9810 N/m3 e g =
9,81 m/s2.
Fig. E-2.30
2.31: Uma bomba lentamente introduz mercúrio pelo fundo de um tanque fechado, tal como se mostra
na Fig. E-2.31. No instante mostrado a pressão do ar PB = 80 kPa (absoluta). A bomba para quando
a pressão do ar sobe para 110 kPa (absoluta). Admita que todos os fluidos permanecem a 20 °C e
que o tanque tem formato cilíndrico. Admita também que o processo de compressão do ar ocorre
a temperatura constante. Qual será a leitura no manômetro nesse instante, h (em cm), se este
está conectado na atmosfera padrão, Patm. Considere que as massas específicas da água e do
mercúrio sejam 1000 kg/m3 e 13600 kg/m3, respectivamente. Admita g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.31
2.32: Água flui para baixo por uma tubulação a 45°, tal como se mostra na Fig. E-2.32. A queda na
pressão, P1−P2, deve-se a dois fatores, à gravidade e ao atrito. O manômetro de mercúrio fornece
uma leitura de h = 0,15 m. Qual é a queda total da pressão, P1−P2, (em kPa). Qual é a queda de
pressão devido ao atrito entre os pontos 1 e 2 (em kPa). Qual é a parcela de queda de pressão que
o manômetro consegue ler? Explique. Utilize como auxílio a Tabela 1.6 e considere γH2O = 9810
N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.32
2.33: O tanque cilíndrico na Fig. E-2.33 está sendo preenchido com água a 20 °C, e utilizando uma bomba
com pressão de saída de 175 kPa (abs). No instante mostrado a pressão do ar é 110 kPa (abs) e H
= 35 cm. A bomba desliga quando não é mais possível aumentar a pressão da água. Para uma
compressão isotérmica do ar, estime H nesse instante. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.33
2.34: O manômetro indicado na Fig. E-2.34 contém óleo manométrico vermelho Meriam (SG = 0,827).
Considere que o reservatório seja muito grande. Se o braço inclinado tiver graduações a cada 25
mm, qual deve ser o ângulo θ se cada graduação corresponde a 48 Pa de pressão manométrica
para PA?
Fig. E-2.34
2.35: O sistema na Fig. E-2.35 está a 20 °C. Calcule a pressão no ponto A em kPa (absoluta). Utilize como
auxílio a Tabela 1.6 e considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.35
2.36: Um artigo interessante foi publicado no AIAA Journal (v. 30, n. 1, p. 279-280, jan. 1992). Os autores
explicam que o ar no interior de um tubo plástico novo pode ser até 25% mais denso do que aquele
das vizinhanças, devido ao escape de gás ou outros contaminantes introduzidos no momento da
fabricação. Muitos pesquisadores, no entanto, supõem que o tubo esteja cheio com ar ambiente,
com a massa específica padrão do ar, o que pode levar a erros significativos quando se usa este
tipo de tubo para medir pressões. Para ilustrar isso, considere o manômetro de tubo em U com
fluído manométrico ρm. Um lado do manômetro está aberto ao ar, enquanto o outro está
conectado a um tubo novo que se conecta ao local 1 de medida da pressão, a uma altura H
superior à superfície do líquido manométrico. Para consistência, seja ρa a massa específica do ar
na sala, ρt a massa específica do gás dentro do tubo, ρm a massa específica do líquido manométrico
e h a diferença de altura entre os dois lados do manômetro. Veja a Fig. E-2.36. (a) Encontre uma
expressão para a pressão manométrica no ponto de medida. Nota: Ao calcular a pressão
manométrica, use a pressão atmosférica local na elevação do ponto de medida. Você pode
considerar que h << H; isto é, considere que o gás no lado esquerdo inteiro do manômetro tenha
massa específica ρt. (b) Escreva uma expressão para o erro causado quando se assume que o gás
dentro do tubo tenha a mesma massa específica daquele das proximidades. (c) Qual o erro (em
Pa) causado por ignorar essa diferença de massa específica para as seguintes condições: ρm = 860
kg/m3, ρa = 1,20 kg/m3, ρt = 1,50 kg/m3, H = 1,32 m e h = 0,58 cm? (d) Você consegue pensar em
uma maneira simples de evitar esse erro?
Fig. E-2.36
2.37: Diferenças de pressão muito pequenas PA − PB podem ser medidas com precisão pelo manômetro
diferencial de dois fluidos da Fig. E-2.37. A massa específica ρ2 é apenas ligeiramente maior do
que a massa específica do fluído superior ρ1. Deduza uma expressão para a proporcionalidade
entre h e PA − PB se os reservatórios forem muito grandes.
Fig. E-2.37
2.38: Na Fig. E-2.38, determine a pressão manométrica no ponto A em Pa. Ela é mais alta ou mais baixa
do que a pressão atmosférica? Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.38
2.39: O manômetro inclinado da Fig. E-2.39 indica que a pressão no tubo A é 4,14 kPa. O fluido que
escoa nos tubos A e B é agua e o fluido manométrico apresenta densidade 2,6. Qual é a pressão
no tubo B que corresponde à condição mostrada na figura. Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81
m/s2.
Fig. E-2.39
2.40: Um tanque grande e exposto à atmosfera contém água e está conectado a um conduto com 1830
mm de diâmetro do modo mostrado na Fig. E-2.40. Note que uma tampa circular é utilizada para
selar o conduto. Determine o ponto de aplicação, o módulo, a direção e o sentido da força com
que a água atua na tampa. Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.40
2.41: A Fig. E-2.41 mostra uma comporta AB de comprimento L e largura b, perpendicular à superfície
do papel. A comporta está articulada em B e possui peso desprezível. Um líquido de altura h cobre
totalmente a comporta que forma um ângulo θ com a horizontal. Encontre uma expressão
analítica para a força P, perpendicular a AB, requerida para manter a comporta em equilíbrio.
Fig. E-2.41
2.42: A Fig. E-2.42 mostra o corte transversal de uma comporta que apresenta massa igual a 363 kg.
Observe que a comporta é articulada e que está imobilizada por um cabo. A largura e o
comprimento da placa são 1,2 e 2,4 m, respectivamente. Sabendo que o atrito na articulação é
desprezível, determine a tensão no cabo. Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.42
2.43: A comporta AB na Fig. E-2.43 tem 4,57 m de comprimento e 2,44 m de largura, perpendicular à
superfície do papel e está articulada em B com um apoio em A. A comporta é de aço inox, com
espessura de 0,03 m e densidade 7836 kg/m3. Calcule o nível de água h para a qual a comporta
começará a ceder. Considere γH2O = 9810 N/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.43
2.44: A comporta AB na Fig. E-2.44 é um triângulo isósceles, está articulado em A e pesa 1500 N. Calcule
a força horizontal P requerida no ponto B para equilíbrio. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.44
2.45: A porta AB na Fig. E-2.45 tem formato retangular e possui 1,2 m de comprimento e 0,8 m de
largura (perpendicular à superfície de papel). Desprezando os efeitos da pressão atmosférica,
calcule a força F sobre a porta e o centro de pressão na posição X. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.45
2.46: A porta AB na Fig. E-2.46 tem formato retangular e mede 1,52 m de largura (perpendicular à
superfície de papel) e está articulada em A, e é contida por uma parada em B. A água está a 20 °C.
Calcule (a) A força exercida no ponto B e (b) as reações em A se a profundidade da água é h = 2,9
m. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.46
2.47: Na Fig. E-2.47 a tampa da porta AB fecha uma abertura circular de 80 cm de diâmetro. A porta é
mantida fechada por uma massa de 200 kg, como mostrado. Admita que a água está a 20 °C. Em
que nível da água o portão AB será deslocado da sua posição original? Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.47
2.48: Encontre a força hidrostática exercida sobre a porta retangular AB mostrada na Fig. E-2.48. A porta
tem uma largura de 1 m (perpendicular à superfície de papel). Encontre também o ponto de
aplicação desta força. Considere γH2O = 9810 N/m3 e SGGlicerina = 1,26.
Fig. E-2.48
2.49: A porta AB mostrada na Fig. E-2.49 possui uma massa homogênea de 180 kg e 1,2 m de largura
(perpendicular à superfície de papel) está articulada em A e descansa sobre um fundo liso em B.
Todos os fluidos encontram-se a 20 °C. Determine para qual profundidade de água, h, a força no
ponto B é zero. Considere γH2O = 9810 N/m3 e SGGlicerina = 1,26.
Fig. E-2.49
2.50: O tanque mostrado na Fig. E-2.50 possui um tampão (plugue) de 4 cm de diâmetro situado na
parte inferior direita. Todos os fluidos estão a 20 °C. O plugue poderá rasgar se a força hidrostática
sobre este for 25 N. Para estas condições, qual será a leitura h medida no manômetro de mercúrio
que se encontra no lado esquerdo do dispositivo? Considere γH2O = 9810 N/m3 e SGHg = 13,55.
Fig. E-2.50
2.51: A porta ABC mostrada na Fig. E-2.51 possui uma articulação em B e tem 2 m de largura
(perpendicular à superfície de papel). A porta abrirá em A para liberar a água se a profundidade h
for alta o suficiente. Calcule o valor de h para o qual a porta se abrirá. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.51
2.52: A porta AB mostrada na Fig. E-2.52 é semicircular, articulada em B, e mantida por uma força
horizontal P em A. Que força P é requerida para o equilíbrio. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.52
2.53: O tanque de água mostrado na Fig. E-2.53 é pressurizado, tal como indica a leitura do manômetro
de mercúrio. Determine a força hidrostática sobre a porta retangular AB por unidade de
profundidade da porta b. Considere γH2O = 9810 N/m3 e SGHg = 13,55.
Fig. E-2.53
2.54: A barragem ABC na Fig. E-2.54 tem 30 m de largura e é feita em concreto (SG = 2,4). Calcule a
força hidrostática sobre a superfície AB e seu momento em C. Considerando que não haja
percolação de água por baixo da barragem, poderia essa força tombar a barragem? Qual é o seu
argumento se houver percolação por baixo da barragem?
Fig. E-2.54
2.55: O painel ABC no lado inclinado de um tanque de água é um triângulo isósceles com o vértice em
A e a base BC = 2 m, como mostra a Fig. E-2.55. Determine a força da água sobre o painel e sua
linha de ação.
Fig. E-2.55
2.56: Calcule a força e o centro de pressão sobre o painel vertical triangular ABC, na Fig. E-2.56.
Despreze a Patm.
Fig. E-2.56
2.57: Na Fig. E-2.57 a comporta AB tem 3 m de largura e está conectada por um cabo e polia a uma
esfera de concreto (SG = 2,4). Qual o menor diâmetro da esfera suficiente para manter a comporta
fechada?
Fig. E-2.57
2.58: Um recipiente com formato em V, tal como o mostrado na Fig. E-2.58, é articulado em A e é
mantido unido pelo cabo BC no topo. Se a largura do recipiente é 1 m, perpendicular à superfície
do papel, calcule a tensão no cabo?
Fig. E-2.58
Fig. E-2.59
2.60: A comporta AB tem 1,5 m de largura (perpendicular à superfície do papel) e abre para permitir a
saída de água doce quando a maré do oceano estiver baixando. A articulação em A está 0,6 m
acima do nível de água doce. Em que nível h do oceano a comporta abrirá? Despreze o peso da
comporta.
Fig. E-2.60
2.61: Considere uma comporta angular ABC, tal como mostrada na Fig. E-2.61, articulada em C e com
largura b (perpendicular à superfície do papel). Encontre uma expressão para a força horizontal P
(como função de θ) requerida para que o sistema esteja em equilíbrio.
Fig. E-2.61
2.62: A comporta circular ABC na Fig. E-2.62 tem um raio de 1 m e é articulada em B. Calcule a força P
exatamente suficiente para impedir que a comporta se abra quando h = 8 m. Despreze a pressão
atmosférica.
Fig. E-2.62
2.63: A comporta ABC da Fig. E-2.63 tem 1 m2 e está articulada em B. Ela abrirá automaticamente
quando o nível h da água se tornar suficientemente alto. Determine a menor altura para a qual a
comporta se abrirá. Despreze a pressão atmosférica. O resultado é independente do peso
específico do líquido?
Fig. E-2.63
2.64: A comporta AB mostrada na Fig. E-2.64 tem 2,1 m de largura (perpendicular à superfície de papel)
e pesa 13,34 kN. A comporta está articulada em B e descansa sobre uma parede lisa em A.
Determine o nível de água h no lado esquerdo que permitirá a abertura da comporta.
Fig. E-2.64
2.65: A represa na Fig. E-2.65 é um quarto de círculo com 50 m de largura, perpendicular à superfície
de papel. Determine as componentes vertical e horizontal da força hidrostática que atua sobre a
represa no ponto CP. Calcule também o módulo da força resultante e a linha de ação desta força.
Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.65
2.66: O tanque na Fig. E-2.66 possui 3 m de largura, perpendicular à superfície de papel, desprezando a
pressão atmosférica calcule: (a) A força hidrostática horizontal, (b) A força hidrostática vertical e,
(c) O módulo da força resultante e a linha de ação desta força. Considere a superfície curva como
sendo ¼ de círculo e admita γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.66
2.67: A comporta ABC na Fig. E-2.67 é ¼ de círculo e possui 2,44 m de largura, perpendicular à superfície
de papel. Calcule as forças hidrostáticas, horizontal e vertical, sobre a comporta e a linha de ação
da força resultante. Admita que o peso da comporta é desprezível e a reação do ponto C é nula.
Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.67
2.68: Um tanque possui uma abertura circular de 0,3 m no fundo deste, tal como se mostra na Fig. E-
2.68. A abertura é posteriormente fechada por uma tampa com formato cônico, com ângulo de
45o. Desprezando o peso da tampa, calcule a força F requerida para manter a tampa na abertura.
A pressão do ar em contato com a superfície da água é 20,7 kPa (manométrica). Considere γH2O =
9810 N/m3.
Fig. E-2.68
2.69: A porta AB mostrada na Fig. E-2.69 é ¼ de círculo de 3,05 m (perpendicular à superfície de papel)
e articulado em B. Encontre a força F necessária para manter a porta na posição determinada. A
porta é uniforme e pesa 13,34 kN. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.69
2.70: Determine: (a) A força hidrostática total sobre a superfície curvada AB, tal como se mostra na Fig.
E-2.70. (b) A linha de ação desta força. Despreza os efeitos da pressão atmosférica e admita que
a superfície possua uma largura unitária. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.70
2.71: Calcule as componentes horizontal e vertical da força hidrostática sobre o painel de quarto de
círculo que está no fundo do tanque de água, tal como se mostra na Fig. E-2.71. Calcule também
a força resultante e a linha de ação desta força. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.71
Fig. E-2.72
2.73: Um tronco secionado de 1,22 m de diâmetro (SG = 0,80), tal como se mostra na Fig. E-2.73, possui
2,44 m de comprimento (perpendicular à superfície de papel) e barra a água como mostrado.
Calcule as reações horizontal e vertical no ponto C. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.73
2.74: A porta AB mostrada na Fig. E-2.74 possui um comprimento de 3/8 de círculo, 3 m de largura (no
sentido perpendicular à superfície de papel) e está articulada em B e descansa sobre uma parede
lisa em A. Calcule as forças de reação nos pontos A e B.
Fig. E-2.74
2.75: O corpo de densidade uniforme, A, dado na Fig. E-2.75 tem largura b perpendicular à superfície
de papel e está em equilíbrio estático quando rotacionado em torno da articulação O. Qual é a
gravidade específica deste corpo se: (a) h = 0; (b) h = R. Admita que o nível de água se mantenha.
Fig. E-2.75
2.76: Uma esfera de 0,6 m de diâmetro pesando 1,78 kN fecha um orifício de 0,3 m de diâmetro, o qual
está localizado no fundo do recipiente, tal como se mostra na Fig. E-2.76. Calcule a força F mínima
requerida para deslocar a esfera da sua posição atual. Considere γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.76
2.77: Um tanque é preenchido com água pressurizada, tal como se mostra na Fig. E-2.77. Calcule a força
hidrostática sobre a superfície cônica ABC.
Fig. E-2.77
2.78: A garrafa de champanhe (SG = 0,96) da Fig. E-2.78 está sob pressão, como mostra a leitura do
manômetro de mercúrio. Calcule a força líquida sobre a extremidade hemisférica de 50 mm de
raio no fundo da garrafa.
Fig. E-2.78
2.79: A comporta ABC é um arco de círculo, às vezes chamada de comporta Tainter, que pode ser
elevada e abaixada pivotando em torno do ponto O. Veja a Fig. E-2.79. Para a posição mostrada,
determine (a) A força hidrostática da água sobre a comporta e (b) Sua linha de ação. A Força passa
pelo ponto O?
Fig. E-2.79
2.80: O tanque na Fig. E-2.80 tem 120 cm de largura (perpendicular à superfície de papel). Determine
as forças hidrostáticas horizontal e vertical sobre o painel AB de um quarto de círculo. O fluído é
água a 20°C. Despreze a pressão atmosférica.
Fig. E-2.80
2.81: A cúpula hemisférica na Fig. E-2.81 pesa 30 kN e está cheia de água e presa ao piso por 6 parafusos
igualmente espaçados. Qual é a força exigida em cada parafuso para manter a cúpula fixa ao chão?
Fig. E-2.81
2.82: Um tanque de água com diâmetro de 4 m consiste em 2 meios-cilindros, cada um pesando 4,5
kN/m, aparafusados juntos como mostra a Fig. E-2.82. Se o apoio das tampas nas extremidades
for desprezado, determine a força induzida em cada parafuso.
Fig. E-2.82
2.83: Na Fig. E-2.83, uma carcaça esférica de um quadrante de raio R está submersa em líquido de peso
específico γ e profundidade h > R. Encontre uma expressão analítica para a força hidrostática
resultante e sua linha de ação, sobre a superfície da carcaça.
Fig. E-2.83
2.84: Uma barra de madeira de seção circular e uniforme de 5 m de comprimento, tal como se mostra
na Fig. E-2.84 está presa ao fundo por uma corda. Determine: (a) A gravidade específica da
madeira e, (b) A tensão na corda. Admita que g = 9,81 m/s2 e γH2O = 9810 N/m3. É possível com a
informação fornecida encontrar o ângulo de inclinação? Explique.
Fig. E-2.84
2.85: O cilindro da Fig. E-2.85 flutua na posição mostrada. Qual é o peso do cilindro em N? Admita que
g = 9,81 m/s2 e γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.85
2.86: Um densímetro flutua a um nível que é uma medida da gravidade específica do líquido. A haste
do densímetro possui um diâmetro D, e um peso no fundo do densímetro estabiliza o mesmo para
que possa flutuar verticalmente, como mostrado na Fig. E-2.86. Na posição h = 0 o fluido é agua
pura (SG = 1,0). Encontre uma expressão para h como uma função do peso total W, D, SG e o peso
específico da água γo. Admita que g = 9,81 m/s2 e γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.86
2.87: O balão na Fig. E-2.87 é preenchido com hélio e pressurizado a 135 kPa e 20 oC. O material do
balão possui uma massa de 85 g/m2. Calcule: (a) A tensão na corda, (b) A altura na atmosfera
padrão até a qual o balão subiria caso a corda seja cortada.
Fig. E-2.87
2.88: A vara uniforme mostrada na Fig. E-2.88 está articulada no ponto B sobre a linha da água e está
em equilíbrio estático com 2 kg de chumbo (SG = 11,4) amarrados no extremo inferior. Qual é a
gravidade específica do material da vara. O que há de especial no ângulo de inclinação de 30o?
Admita que g = 9,81 m/s2 e γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.88
2.89: Um bloco uniforme de aço (SG = 7,85) flutua em uma interface água-mercúrio, como mostrado na
Fig. E-2.89. Encontre a razão h1/h2 para esta condição? Considere que o bloco tem comprimento
L e largura b (perpendicular à superfície de papel). Admita γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.89
2.90: Um cubo homogêneo de 12 cm de lado é balançado por uma massa de 2 kg, colocada no lado
direito da balança, tal como mostrado na Fig. E-2.90. O cubo é imerso em etanol a 20 °C, SG =
0,789. Considere g = 9,81 m/s2 e γH2O = 9810 N/m3. Qual é o peso específico do cubo?
Fig. E-2.90
2.91: Uma viga de madeira de seção uniforme (SG = 0,65) e quadrada 10x10 cm possui 3 m de
comprimento e está articulada em A, tal como mostrado na Fig. E-2.91. Calcule o ângulo θ para o
qual a viga flutuará. O fluido é água e está a 20 °C. Considere g = 9,81 m/s2 e γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.91
2.92: Uma boia de mastro é uma haste flutuante com peso ajustado para flutuar e sair verticalmente
para fora, como mostra a Fig. E-2.92. Ela pode ser usada para medidas ou marcações. Considere
que a boia seja feita de madeira de bordo (SG = 0,6), de 50 mm por 50 mm por 3,65 m, flutuando
na água do mar (SG = 1,025). Quantos Newtons de aço (SG = 7,85) devem ser acrescentados à
extremidade do fundo de modo que h = 450 mm?
Fig. E-2.92
2.93: A boia de mastro de 50 mm por 50 mm por 3,65 m, da Fig. E-2.92, tem 2,3 kg de aço na
extremidade e se apoia sobre uma pedra, como se mostra na Fig. E-2.93. Calcule o ângulo θ no
qual a boia se equilibrará, considerando que a pedra não exerce nenhum momento sobre o
mastro.
Fig. E-2.93
2.94: Quando um peso de 22 N é colocado na extremidade de uma barra de madeira flutuante na Fig.
E-2.94, a barra inclina a um ângulo θ com seu canto superior direito na superfície, como mostra a
figura. Determine (a) O ângulo θ e (b) a gravidade específica da madeira (Dica: As forças verticais
e os momentos em relação ao centroide da barra devem estar equilibrados.)
Fig. E-2.94
2.95: A barra uniforme da Fig. E-2.95, de tamanho L por h por b e com peso específico γb, flutua
exatamente em sua diagonal quando uma esfera uniforme pesada é presa ao canto esquerdo,
como mostra a figura. Mostre que isso pode acontecer somente (a) quando γb = γ/3 e (b) quando
a esfera tem o tamanho,
13
Lhb
D=
π ( SG − 1)
Fig. E-2.95
2.96: Um navio desloca 9,45×106 N de água e tem uma seção de flutuação como indicada na Fig. E-2.96.
O centro de carena está a 1,8 m abaixo da superfície de flutuação e o centro de gravidade a 0,3
m. Determinar a altura metacêntrica em relação a uma inclinação em torno do eixo y. Considere
γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.96
2.97: Um cubo de peso específico γc flutua em um líquido de peso específico γl. Determinar a relação
γc/γl para que o cubo flutue com as arestas na vertical.
Fig. E-2.97
2.98: Uma balsa tem o formato de um paralelepípedo com 9 m de largura (perpendicular à superfície
de papel), 24 m de comprimento e 2,4 m de altura. A balsa pesa 4,72×106 N quando carregada e
o seu centro de gravidade está a 3 m acima do fundo. Determinar a altura metacêntrica. Considere
γH2O = 9810 N/m3.
Fig. E-2.98
2.99: Um objeto de madeira é mostrado na Fig. E-2.99. O seu peso é 2,5 N e o centro de gravidade está
a 5 cm da superfície superior. O equilíbrio é estável em relação ao eixo y?
Fig. E-2.99
2.100: Qual a máxima altura H de um cilindro de seção circular de raio R, para que possa flutuar em
equilíbrio estável com seu eixo na vertical em qualquer líquido? Dados: cilindro, γ; líquido, γl.
Fig. E-2.100
2.101: Um cone circular reto sólido tem SG = 0,99 e flutua verticalmente como na Fig. E-2.101. Essa é
uma posição estável para o cone?
Fig. E-2.101
2.102: Ao flutuar em água (SG = 1), um corpo triangular equilateral (SG = 0,9) pode assumir uma das duas
posições mostradas na Fig. E-2.102. Qual é a posição mais estável? Considere que a largura seja
grande (perpendicular à superfície do papel).
Fig. E-2.102
2.103: Um iceberg pode ser idealizado como um cubo de lado L, como na Fig. E-2.103. Se a água do mar
for representada por SG = 1, então o gelo da geleira (que forma os icebergs) tem SG = 0,88.
Determine se esse iceberg “cúbico” é estável para a posição mostrada.
Fig. E-2.103
2.104: Considere um cilindro circular reto homogêneo de comprimento L, raio R e gravidade específica
SG, flutuando em água (SG = 1). Mostre que o corpo será estável com seu eixo vertical se,
R 12
> 2SG (1 − SG )
L
Fig. E-2.104
2.105: O tanque mostrado na Fig. E-2.105 abaixo é acelerado para a direita. Calcule a aceleração ax
necessária para que a superfície livre, toque no ponto A. Encontre também PB e a força total
agindo no fundo do tanque se a largura é 1 m (perpendicular à superfície do papel). Considere ρ
= 1000 kg/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.105
2.106: O tanque de líquido mostrado na Fig. E-2.106 acelera para a direita junto ao fluido, o qual
apresenta um movimento de corpo rígido. (a) Calcule ax em m/s2, (b) Determine a pressão
manométrica no ponto A se o fluido é glicerina a 20oC (ρ = 1260 kg/m3). Considere g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.106
2.107: O tanque de líquido mostrado na Fig. E-2.107 é o mesmo mostrado na Fig. E-2.106, no entanto,
ele se move agora com uma aceleração constante sobre um plano inclinado, cujo ângulo de
inclinação é 30°. Admitindo um movimento de corpo rígido, calcule: (a) O valor da aceleração a;
(b) Se a aceleração se dá para cima ou para baixo; (c) A pressão manométrica no ponto A se o
fluido é mercúrio a 20 °C (ρ = 13600 kg/m3). Considere g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.107
2.108: O tanque de água mostrado na Fig. E-2.108 está cheio e aberto para a atmosfera no ponto A. Para
qual aceleração ax (m/s2) a pressão em B será, (a) a pressão atmosférica e; (b) zero absoluto?
Considere ρ = 1000 kg/m3 g = 9,81 m/s2.
Fig. E-2.108
2.109: O tanque de água na Fig. E-2.109 possui 12 cm de largura, perpendicular à superfície de papel. Se
o tanque é acelerado para a direita em movimento de corpo rígido a 6 m/s2, calcular: (a) A
profundidade da água sobre o lado AB, (b) A força de pressão que a água exerce sobre o lado AB.
Assumir que não há vazamentos para fora do recipiente.
Fig. E-2.109
2.110: O tanque mostrado na Fig. E-2.110 é preenchido com água e tem espaço aberto à atmosfera em
A. O tanque tem uma largura de 1 m (perpendicular à superfície de papel). Dentro do tanque há
um balão de 10 cm de diâmetro que contém hélio no seu interior a 130 kPa. O balão é fixado por
uma corda no centro do tanque. Se o tanque acelera para a direita a 5 m/s2, em um movimento
de corpo rígido. Qual seria o ângulo de inclinação do balão. Ele irá se inclinar para a direita ou para
a esquerda?
Fig. E-2.110
2.111: O tanque de água da Fig. E-2.111 acelera uniformemente descendo livremente um declive de 30°.
Se as rodas não tiverem atrito, qual é o ângulo θ? Você pode explicar este interessante resultado?
Fig. E-2.111
2.112: A roda de água de 1,8 m de raio da Fig. E2.112 está sendo usada para elevar água com suas pás
semicilíndricas de 30 cm de diâmetro. Se a roda gira a 10 rpm e se considera movimento de corpo
rígido, qual é o ângulo θ da superfície da água na posição A?
Fig. E-2.112
2.113: O cilindro mostrado na Fig. E-2.113 está girando em volta de sua linha central. Calcule a velocidade
rotacional que é necessária para que a água toque a origem O e as pressões em A e B.
Fig. E-2.113
2.114: Calcule a velocidade rotacional necessária em rev/min sobre o eixo C que manterá o tubo em U
da Fig. E-2.114 na posição mostrada. O fluido é mercúrio a 20 oC (ρ = 13600 kg/m3). Considere g =
9,81 m/s2.
Fig. E-2.114
2.115: Um acelerômetro barato, que provavelmente vale pelo que custa, pode ser feito com um tubo em
U, como na Fig. E-2.115. Se L = 18 cm e D = 5 mm, qual será a altura h se ax = 6 m/s2? As marcações
da escala sobre o tubo podem ser múltiplos lineares de ax?
Fig. E-2.115
2.116: O tubo em U da Fig. E-2.116 é aberto em A e fechado em D. Se ele for acelerado para a direita
com ax uniforme, qual é a aceleração que fará a pressão no ponto C ser a pressão atmosférica? O
fluído é água (SG = 1).
Fig. E-2.116
2.117: O tubo em V da Fig. E-2.117 contém água e está aberto em A e fechado em C. Qual rotação
uniforme em rpm em torno do eixo AB fará a pressão ser igual nos pontos B e C? Para essa
condição, em que ponto no ramo BC a pressão será mínima?
Fig. E-2.117
RESPOSTAS
2.28:
= W Senθ + ; W = 1,087 N
4 D
2.29: PA,abs = 101,102 kPa
2.30: H = 22,3 cm
2.31: h = 21,34 cm
2.32: P1 − P2 = 8 kPa; 18,54 kPa (O manômetro lê apenas as perdas por atrito de 18,54 kPa e não perdas
por ação da gravidade que seriam de 10,54 kPa)
2.33: H = 0,614 m
2.34: θ = 13,69°
2.35: PA = 130,75 kPa
2.36:
( ρ − ρa ) H ; erro = 7,95 %
(a) P1,man = ( ρm − ρa ) gh − ( ρt − ρa ) gH ; (b) erro = t
( ρ m − ρa ) h
2.37: PA − PB = (ρ2 − ρ1)gH
2.38: PA = 12,22 kPa
2.39: PB = 1,55 kPa
2.40: yRC = 57,3 mm; FR = 94,31 kN
γ hLb
2.41: P=
6
2.42: T = 5796,9 N
2.43: h = 3,2 m
2.44: P = 18137 N
2.45: F = 38828,4 N; X = 0,615 m
2.46: (a) Bx = 22,67 kN; (b) Ax = 18,98 kN ←; Ay = 0 ↓
2.47: h = 0,4 m
2.95: Demonstre
2.96: r = 0,2 m
2.97: 0 < γc/γl < 0,21; 0,79 < γc/γl < 1
2.98: r = 1,14 m
2.99: É estável (r = 0,0167 m)
H 1
2.100: <
R γ γ
2 1 −
γl γl
2.101: Estável se R/h > 3,31
2.102: (a) Instável; (b) Estável
2.103: É estável para SG > 0,789
2.104: Demonstre
2.105: ax = 17,65 m/s2; PB = 35,32 kPa; F = 35,32 kN
2.106: (a) ax = 1,275 m/s2; (b) PA = 3,46 kPa
2.107: (a) a = −3,80 m/s2; (b) Para abaixo; (c) PA = 32,1 kPa (manométrica)
2.108: (a) ax = 9,81 m/s2; (b) ax = 176,5 m/s2
2.109: (a) hAB = 0,163 m; (b) FAB = 15,63 N
2.110: Inclina-se para a direita em θ = 27°
2.111: θ = 30°
2.112: θ = 12,5°
2.113: ω = 26,6 rad/s; PA = 3540 Pa; PB = 2360 Pa
2.114: n = 138,18 rpm
2.115: h = 5,5 cm; escala linear SIM
2.116: ax = g = 9,81 m/s2
2.117: n = 77 rpm; r = 0,15 m
3.1 INTRODUÇÃO
Foram definidas, nas duas primeiras unidades, algumas propriedades básicas dos fluidos e
analisamos muitas situações onde o fluido estava em repouso ou se movimentando de um modo muito
simples. Também foram apresentados casos onde o fluido estava imóvel ou apresentando deslocamentos
tão pequenos que podem ser desprezados. Entretanto, os fluidos normalmente apresentam tendência a
escoar. É muito difícil segurar um fluido e restringir o seu movimento. Por menor que seja a tensão de
cisalhamento aplicada em um fluido ela induzirá um movimento no fluido. De modo análogo, um
desbalanço apropriado das tensões normais (pressão) também provocará o movimento nos fluidos.
Diz-se que um escoamento está em regime permanente quando as propriedades do fluido são
invariáveis em cada ponto com o passar do tempo. Note-se que as propriedades do fluido podem variar
de ponto para ponto, desde que não haja variações com o tempo. Isto significa que, a pesar do fluido
estar em movimento, a configuração de suas propriedades em qualquer instante permanece a mesma.
Um exemplo prático seria o escoamento que flui pela tubulação do tanque mostrado na Fig. 3.1, desde
que o nível deste permaneça constante, ou seja, h = cte.
Neste tipo de escoamento, a quantidade de água que entra em (1) é idêntica à quantidade de
água que sai em (2), nessas condições, a configuração de todas as propriedades do fluido, como
velocidade, massa específica, pressão, etc., será, em cada ponto, a mesma em qualquer instante.
∂P ∂v ∂ρ
= 0=, ,
0= 0 (3.1)
∂t ∂t ∂t
Regime variável é aquele em que as condições do fluido em alguns pontos ou regiões de pontos
variam com o passar do tempo. Se no tanque da Fig. 3.1 não houver fornecimento de água por (1), o
regime será variado em todos os pontos. A Fig. 3.3 mostra um reservatório no qual o nível deste varia
sensivelmente com o passar do tempo, o que caracteriza um regime variável.
Para definir estes tipos de escoamentos recorre-se à experiência de Reynolds, que demonstrou a
sua existência. Em 1883, o físico britânico Osborne Reynolds (1842−1912) construiu um dispositivo para
demostrar a existência de dois regimes de escoamento: o regime laminar e o turbulento.
A Fig. 3.4 mostra um reservatório que contém água. Um tubo transparente é ligado ao
reservatório e, no fim deste, uma válvula permite a variação da velocidade de descarga da água. No eixo
do tubo é injetado um líquido corante do qual se deseja observar o comportamento. Nota-se que ao abrir
pouco a válvula, o que conduz a pequenas velocidades de descarga, forma-se um filete reto e continuo
de fluido colorido no eixo do turbo. Ao abrir mais a válvula, o filete começa a apresentar ondulações e
finalmente desaparece a uma pequena distância do ponto de injeção. Estes fatos denotam a existência
de dois tipos de escoamentos separados por um escoamento de transição.
No primeiro caso, em que é observável o filete colorido reto e contínuo, conclui-se que, as
partículas viajam sem agitação transversal, mantendo-se em lâminas concêntricas, entre as quais não há
troca macroscópica de partículas.
Reynolds verificou que o fato de o movimento ser laminar ou turbulento depende do valor do
número adimensional, Re. O número de Reynolds do escoamento é um parâmetro adimensional definido
como a razão entre as forças de inércia e as forças viscosas, dado por:
Finércia ρv ρvD vD
Re
= = = = (3.2)
Fvis cos as µ D µ ν
Note-se que o movimento turbulento é variável por natureza, devido às flutuações da velocidade
em cada ponto. Pode-se, no entanto, muitas vezes, considerá-lo permanente, adotando em cada ponto a
média das velocidades em relação ao tempo. Isto ocorre, pois, na prática, apenas aparelhos muito
sensíveis, conseguem indicar as flutuações dos valores das propriedades em cada ponto, tal como se
mostra na Fig. 3.5.
Assim, mesmo que o escoamento seja turbulento, poderá, em geral, ser admitido como
permanente em média nas aplicações.
O escoamento é dito unidimensional quando uma única coordenada é suficiente para descrever
as propriedades do fluido. Para que isso aconteça é necessário que as propriedades sejam constantes em
cada seção. Na Fig. 3.6 pode-se observar que em cada seção a velocidade é a mesma, em qualquer ponto,
sendo suficiente fornecer o seu valor em função da coordenada x para obter sua variação ao longo do
escoamento. Diz-se, neste caso, que o escoamento é uniforme nas seções.
Suponha-se que, estando a torneira aberta, seja empurrado o recipiente da Fig. 3.8 embaixo dela
e simultaneamente seja disparado o cronômetro. Admita-se que o recipiente encha em 10 s. Pode-se
então dizer que a torneira enche 20 litros em 10 segundos ou que a vazão volumétrica da torneira é 20
L/10 s = 2 L/s.
Define-se vazão volumétrica, Q , como o volume de fluido que atravessa determinada seção por
unidade de tempo. No SI a vazão volumétrica é dada em m3/s.
V
Q =
t
Uma equação importante que relaciona a vazão volumétrica com a vazão de massa é dada pela
seguinte expressão:
m
Q
= = Av (3.3)
ρ
É claro que a expressão anterior só seria verdadeira se a velocidade fosse uniforme na seção. Na
maioria dos casos práticos, o escoamento não é unidimensional; no entanto é possível obter uma
expressão semelhante à equação (3.3) definindo a velocidade média na seção.
dQ = vdA
Q = ∫ vdA
A
Define-se velocidade média na seção como uma velocidade uniforme que, substituída no lugar da
velocidade real, reproduziria a mesma vazão na seção, portanto:
=Q ∫=
vdA vm A
A
1
A ∫A
vm = vdA (3.4)
Outra variável comum utilizada para medir escoamentos é a vazão em peso (no SI é dada em N/s)
sendo expressa pela seguinte equação:
G = mg
(3.5)
Seja o escoamento de um fluido por um tubo de corrente, tal como se mostra na Fig. 3.11. Como
em um tubo de corrente não pode haver fluxo lateral de matéria, a vazão de massa na entrada é igual à
vazão de massa na saída, ou seja, não há variação das propriedades do fluido com o tempo. Ou seja,
1 = m
m 2 (3.6)
Para o caso de diversas entradas e saídas de fluido, a equação (3.6) pode ser generalizada por uma
somatória de vazões em massa na entrada e na saída, ou seja,
∑ m = ∑ m
e s (3.9)
Exercícios: 3.1 a 3.22
Trajetória é o lugar geométrico dos pontos ocupados por uma partícula em instantes sucessivos.
Note-se que a equação de uma trajetória será função do ponto inicial, que individualiza a partícula, e do
tempo.
Linhas de corrente são curvas imaginárias tomadas através do fluido para indicar a direção da
velocidade em diversas seções do escoamento no sistema fluido. Uma tangente a curva em qualquer
ponto representa a direção instantânea da velocidade das partículas fluidas naquele ponto. As linhas de
corrente e as trajetórias coincidem geometricamente no regime permanente.
Tubo de corrente é a superfície de forma tubular formada pelas linhas de corrente que se apoiam
em uma superfície geométrica fechada qualquer. O tubo de corrente é também conhecido como “veia
líquida”. As linhas imaginárias fechadas que limitam o tubo são chamadas de diretrizes do tubo.
(a) (b)
Fig. 3.12 – (a) Linhas de corrente; (b) Tubo de corrente.
Nos escoamentos laminares as linhas de correntes são estáveis, enquanto que nos escoamentos
turbulentos as linhas de corrente se alteram aleatoriamente, conforme mostram as Figs. 3.13.
(a) (b)
Fig. 3.13 – Linhas de corrente em escoamentos: (a) Laminar; (b) Turbulento.
Fonte: Internet.
Antes de formular os efeitos de forças sobre o movimento dos fluidos (dinâmica), considere
primeiro o movimento (cinemática) de um elemento fluido em um campo de escoamento. Por
conveniência, acompanhe o movimento do elemento infinitesimal de identidade fixa (massa), tal como
se mostra na Fig. 3.14.
A deformação linear envolve uma mudança de forma sem mudança na orientação do elemento:
uma deformação na qual os planos do elemento que eram originalmente perpendiculares entre si (por
exemplo, o topo e o lado do elemento) permanecem perpendiculares.
A deformação angular envolve uma distorção do elemento na qual os planos que eram
originalmente perpendiculares não mais permanecem perpendiculares.
Em geral, um elemento fluido pode sofrer uma combinação de translação, rotação e deformações
linear e angular no curso do seu movimento.
Essas quatro componentes do movimento dos fluidos são ilustradas na Fig. 3.15, para movimento
no plano xy. Para um escoamento genérico tridimensional, movimentos similares da partícula seriam
observados nos planos yz e xz. Para translação ou rotação pura, o elemento fluido mantém a sua forma,
isto é, não há deformação. Desse modo, tensões de cisalhamento não surgem como resultado de
translação ou rotação pura e sim da deformação angular.
ou,
V = uiˆ + vjˆ + wkˆ (3.10.b)
Por definição, a velocidade da partícula é igual à taxa de variação temporal do vetor posição desta
partícula. A Fig. 3.16 mostra que a posição da partícula A, em relação ao sistema de coordenadas, é dada
pelo seu vetor posição rA, e que este vetor é uma função do tempo se a partícula está se movimentando.
A derivada temporal do vetor posição fornece a velocidade da partícula, ou seja,
drA
VA = (3.11)
dt
A velocidade é um vetor, logo ela apresenta módulo, direção e sentido. O módulo de V é
representado por:
V = V = ( u2 + v 2 + w 2 )
12
(3.13)
As linhas de corrente são obtidas, analiticamente, integrando as equações que definem as linhas
tangentes ao campo de velocidade. Para os escoamentos bidimensionais, a inclinação da linha de
corrente, dy/dx precisa ser igual à tangente do ângulo que o vetor velocidade faz com o eixo x, ou seja,
dy v
= (3.14)
dx u
Esta equação pode ser integrada para fornecer as equações das linhas de corrente se o campo de
velocidade for dado como uma função de x e y (e t se o escoamento for transitório).
Considere novamente a partícula de fluido que se move ao longo da trajetória mostrada na Fig.
3.16. Normalmente, a velocidade da partícula A, VA , é uma função de sua posição e do tempo, ou seja,
VA = VA x A ( t ) , y A ( t ) , z A ( t ) ,t (3.15)
onde, xA(t), yA(t) e zA(t) definem a posição da partícula fluida. Por definição, a aceleração da partícula é
igual à taxa de variação de sua velocidade. Como a velocidade pode ser uma função da posição e do
tempo, seu valor pode ser alterado em função das variações temporais bem como devido a mudanças de
posição. Assim, aplicando a regra da cadeia na equação (3.15) obtém-se,
dVA ∂VA dx A ∂VA dy A ∂VA dz A ∂VA
= + + + (3.16)
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt ∂t
onde,
dx A dy A dz A
=uA = ; vA = ; wA (3.17)
dt dt dt
dVA ∂VA ∂VA ∂VA ∂VA
= uA + vA + wA +
dt ∂x ∂y ∂z ∂t
Generalizando esta equação para qualquer partícula fluida, isto é, removendo o subíndice “A”
podemos escrever a aceleração de uma partícula da seguinte forma:
dV ∂V ∂V ∂V ∂V
a = = +u +v +w (3.18)
dt ∂t ∂x ∂y ∂z
∂u ∂u ∂u ∂u
ax = + u + v + w (3.19.a)
∂t ∂x ∂y ∂z
∂v ∂v ∂v ∂v
ay = + u + v + w (3.19.b)
∂t ∂x ∂y ∂z
∂w ∂w ∂w ∂w
az = + u +v +w (3.19.c)
∂t ∂x ∂y ∂z
a = ax ˆi + ay ˆj + az kˆ (3.20)
onde o operador,
D ∂ ∂ ∂ ∂
( ) = ( )+u ( )+v ( )+w ( ) (3.22)
Dt ∂t ∂x ∂y ∂z
é denominado derivada material ou derivada substantiva, sendo utilizado para uma descrição Lagrangiana
da partícula. Outra notação utilizada para o operador derivada material é:
D ∂
( =) ( ) + (V .∇ ) ( ) (3.23)
Dt ∂t
onde ∇ é conhecido como operador gradiente. Dada uma função f pode-se escrever este operador em
coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas, respectivamente:
∂f ˆ ∂f ˆ ∂f ˆ
∇. f= i + j+ k (3.24.a)
∂x ∂y ∂z
∂f 1 ∂f ∂f
∇.=
f eˆr + eˆθ + eˆz (3.24.b)
∂r r ∂θ ∂z
∂f 1 ∂f 1 ∂f
∇.=
f eˆr + eˆθ + eˆφ (3.24.c)
∂r r ∂θ r senθ ∂φ
∂vr ∂v v ∂v v 2 ∂v
ar = + vr r + θ r − θ + v z r (3.25.a)
∂t ∂r r ∂θ r ∂z
∂vθ ∂v v ∂v v v ∂v
aθ = + vr θ + θ θ − r θ + v z θ (3.25.b)
∂t ∂r r ∂θ r ∂z
∂v ∂v v ∂v ∂v
az = z + v r z + θ z + v z z (3.25.c)
∂t ∂r r ∂θ ∂z
Obteve-se uma expressão para a aceleração de uma partícula em qualquer local de um campo de
escoamento, esse é o método Euleriano de descrição. Para determinar a aceleração de uma partícula em
um ponto particular no campo de escoamento, substituem-se as coordenadas do ponto na expressão de
campo para a aceleração. No método Lagrangiano de descrição, o movimento (posição, velocidade e
aceleração) da partícula é descrito como uma função do tempo.
3.8.1 Rotação
Uma partícula movendo-se em um escoamento tridimensional genérico pode girar em torno dos
três eixos coordenados. Então, a rotação de uma partícula é uma quantidade vetorial e, em geral,
ω = ωx iˆ + ωy ˆj + ωz kˆ (3.26)
onde, ωx, ωy e ωz, são as rotações em torno do eixo x, y e z, respectivamente. De acordo com a regra da
mão direita, a rotação anti-horária é positiva.
Para avaliar as componentes do vetor de rotação de uma partícula, nós definimos a velocidade
angular média de dois segmentos diferenciais de linha inicialmente perpendiculares entre si, em um plano
perpendicular ao eixo considerado. Desta forma, a componente de rotação sobre o eixo z é igual à
velocidade angular média de dois segmentos infinitesimais de linha, inicialmente perpendiculares entre
si no plano xy.
Para obter uma expressão matemática para ωz, a componente de rotação de fluido sobre o eixo
z, considere o movimento de um elemento de fluido no plano xy. As componentes de velocidade em cada
ponto no campo de escoamento são dadas por u(x,y) e v(x,y). A rotação de um elemento de fluido em tal
campo de escoamento é ilustrada na Fig. 3.11. As duas linhas perpendiculares, oa e ob, girarão para as
posições mostradas durante o intervalo de tempo ∆t, somente se as velocidades nos pontos a e b forem
diferentes da velocidade em o.
Considere a rotação da linha oa, de comprimento ∆x. A rotação dessa linha deve-se a variações
da componente y da velocidade. Se a componente y da velocidade no ponto o for tomada como vo, então
a componente y da velocidade no ponto a pode ser escrita, usando-se uma expansão em série de Taylor
como:
∂v
v =vo + ∆x
∂x
∆α ∆η ∆x
ωoa lim
= = lim
∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t
Como:
∂v
∆η= ∆x∆t
∂x
Portanto:
∂v ∂v
ωoa lim
= =
∆t →0 ∂x ∂x
A velocidade angular da linha ob é obtida de forma similar. A rotação do segmento de linha ob,
de comprimento ∆y, resulta de variações da componente x da velocidade. Se a componente x da
velocidade no ponto o for tomada como uo, então a componente x da velocidade no ponto b pode ser
escrita como,
∂u
u =uo + ∆y
∂y
∆β ∆ξ ∆y
ωob lim
= = lim
∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t
Como:
∂u
∆ξ =− ∆y∆t
∂y
Portanto:
∂u ∂u
ωob =
lim − =
−
∆t →0 ∂y ∂y
O sinal negativo foi introduzido para dar um valor positivo a ωob. A rotação do elemento fluido em
torno do eixo z é a velocidade angular média de quaisquer duas linhas perpendiculares entre si, oa e ob,
no plano xy, então:
1 ∂v ∂u
ωz
= − (3.27.a)
2 ∂x ∂y
1 ∂w ∂v
ωx
= − (3.27.b)
2 ∂y ∂z
1 ∂u ∂w
ωy
= − (3.27.c)
2 ∂z ∂x
1 ∂w ∂v ˆ ∂u ∂w ˆ ∂v ∂u ˆ
ω
= − i + − j+ − k (3.28)
2 ∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
1
ω= ∇× V (3.29)
2
Uma partícula fluida movendo-se, sem rotação, em um campo de escoamento, não pode
desenvolver rotação sob ação de uma força de campo (gravitacionais) ou de forças normais superficiais
(de pressão). O desenvolvimento de rotação em uma partícula fluida, inicialmente sem rotação, requer a
ação de uma tensão de cisalhamento na superfície da partícula. Uma vez que a tensão de cisalhamento é
proporcional à taxa de deformação angular, concluímos que uma partícula incialmente desprovida de
rotação não a desenvolverá sem uma simultânea deformação angular. A tensão de cisalhamento é
relacionada com a taxa de deformação angular pela viscosidade. A presença de forças viscosas significa
que o escoamento é rotacional.
A condição de irrotacionalidade pode ser uma hipótese válida para aquelas regiões de um
escoamento nas quais as forças viscosas são desprezíveis. Tal região existe, por exemplo, fora da camada
limite no escoamento sobre uma superfície sólida.
3.8.2 Vorticidade
O fator de ½ pode ser eliminado da equação (3.29) definindo-se uma grandeza chamada
vorticidade, ζ , como sendo duas vezes o valor da rotação,
ζ = 2ω = ∇× V (3.30)
A vorticidade é uma medida da rotação de um elemento fluido à medida que ele se move no
campo escoamento. Em coordenadas cilíndricas a vorticidade é:
3.8.3 Circulação
=
Γ ∫ V ⋅ ds
C
(3.32)
onde, ds é um vetor elementar de comprimento ds tangente à curva; um sentido positivo corresponde
a uma trajetória anti-horária de integração sobre a curva. Uma relação entre a circulação e a vorticidade
pode ser obtida considerando-se o elemento fluido da Fig. 3.17. O elemento foi redesenhado na Fig. 3.18;
as variações da velocidade mostradas são consistentes com aquelas usadas na determinação da rotação
do fluido.
∂v ∂u
∆Γ = u∆x + v + ∆x ∆y − u + ∆y ∆x − v∆y
∂x ∂y
∂v ∂u
= − ∆x∆y
∆Γ
∂x ∂y
= 2ωz ∆x∆y
∆Γ
Logo:
Γ
= ∫ V ⋅ ds= ∫ 2ω dA= ∫ ( ∇×V )
C A z A z
dA (3.33)
A deformação angular de um elemento fluido envolve variações no ângulo entre duas linhas
mutuamente perpendiculares no fluido. Na Fig. 3.19, nota-se que a taxa de deformação angular do
elemento fluido no plano xy é a taxa de decréscimo do ângulo γ entre as linhas oa e ob. Visto que durante
o intervalo de tempo ∆t, ∆γ = γ − 90o = − ( ∆α + ∆β ) , a taxa de deformação angular é dada por:
dγ dα d β
− = +
dt dt dt
No entanto,
dα
= lim
∆α
= lim = lim
∆η ∆x ( ∂v ∂x ) ∆x=
∆t ∆x ∂v
dt ∆t → 0 ∆t ∆t → 0 ∆t ∆t → 0 ∆t ∂x
e,
dβ
= lim
∆β
= lim = lim
∆ξ ∆y ( ∂u ∂y ) ∆y=
∆t ∆y ∂u
dt ∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t ∂y
dγ dα d β ∂v ∂u
−γ =− = + = + (3.34)
dt dt dt ∂x ∂y
Durante a deformação linear, a forma de um elemento de fluido, descrita pelos ângulos de seus
vértices, permanece imutável, visto que todos os ângulos retos continuam a sê-lo, veja Fig. 3.20. O
elemento irá variar de comprimento na direção x apenas se ∂u ∂x for diferente de zero. Analogamente,
uma mudança na dimensão y exige um valor diferente de zero para ∂v ∂y , e uma mudança na dimensão
z exige um valor diferente de zero para ∂w ∂z . Essas quantidades representam as componentes das taxas
longitudinais de deformação nas direções x, y e z, respectivamente. Mudanças no comprimento das faces
podem produzir alterações no volume do elemento.
∂u ∂v ∂w
Taxa de dilatação volumétrica = + + = ∇ ⋅V (3.35)
∂x ∂y ∂z
Para avaliar as propriedades em cada uma das seis faces da superfície de controle, utiliza-se uma
expansão em série de Taylor com relação ao ponto O. Por exemplo, uma extensão da propriedade θ, nas
faces direita e esquerda, respectivamente:
2 n
∂θ dx ∂ θ 1 dx n ∂ θ 1 dx
2 N n
θ ) x+dx 2 =θ + + 2
∂x 2 ∂x 2! 2
+ =θ + ∑ ( +1 ) n
n=1 ∂x n! 2
2 n
∂θ dx ∂ θ 1 dx n∂ θ 1 dx
2 N n
θ ) x−dx 2 =θ − + 2
∂x 2 ∂x
− =θ + ∑ ( −1 ) n
2! 2 n=1 ∂x n! 2
∂θ dx
θ ) x+dx 2= θ +
∂x 2
∂θ dx
θ ) x−dx 2= θ −
∂x 2
∂ρ dx
ρ ) x+dx 2= ρ +
∂x 2
∂ρ dx
ρ ) x−dx 2= ρ −
∂x 2
∂u dx
u ) x +dx 2= u +
∂x 2
∂u dx
u ) x −dx 2= u −
∂x 2
Tabela 3.1 – Vazão de massa através da superfície de controle de um volume de controle retangular
diferencial.
Superfície ∫ ρV ⋅ dA
Esquerda ∂ρ dx ∂u dx 1 ∂ρ ∂u
(−x) = − ρ − u − dydz = − ρudydz + u + ρ dxdydz
∂x 2 ∂x 2 2 ∂x ∂x
Direita ∂ρ dx ∂u dx 1 ∂ρ ∂u
(+x) = ρ + u + dydz = ρudydz + u + ρ dxdydz
∂x 2 ∂x 2 2 ∂x ∂x
Inferior ∂ρ dy ∂v dy 1 ∂ρ ∂v
(−y) = − ρ − v − dxdz = − ρvdxdz + v + ρ dxdydz
∂y 2 ∂y 2 2 ∂y ∂y
Superior ∂ρ dy ∂v dy 1 ∂ρ ∂v
(+y) = ρ + v + dxdz = ρvdxdz + v + ρ dxdydz
∂y 2 ∂y 2 2 ∂y ∂y
Posterior ∂ρ dz ∂w dz 1 ∂ρ ∂w
(−z) = − ρ − w − dxdy = − ρwdxdy + w + ρ dxdydz
∂z 2 ∂z 2 2 ∂z ∂z
Frontal ∂ρ dz ∂w dz 1 ∂ρ ∂w
(+z) = ρ + w + dxdy = ρwdxdy + w + ρ dxdydz
∂z 2
∂z 2
2 ∂z ∂z
Desta forma,
∂ρ ∂u ∂ρ ∂v ∂ρ ∂w
∫ ρV=⋅ dA u
∂x
+ ρ + v
∂x ∂y
+ ρ + w
∂y ∂z
+ ρ
∂z
dxdydz
SC
Conclui-se, portanto, que a taxa líquida de vazão de massa que entra e sai do volume de controle
é dada por:
∂ ∂ ∂
∂x ( ρu ) + ∂y ( ρv ) + ∂z ( ρw ) dxdydz
A massa dentro do volume de controle, em qualquer instante, é o produto da massa por unidade
de volume, ρ, pelo volume, dxdydz. Então a taxa de variação de massa dentro do volume de controle é
dada por:
∂ρ
dxdydz
∂t
∂ρ ∂ ∂ ∂
+ ( ρu ) + ( ρv ) + ( ρw ) =
0 (3.36)
∂t ∂x ∂y ∂z
∂ ∂ ∂
∇ ˆi + ˆj + kˆ
= (3.37)
∂x ∂y ∂z
∂ρ
+ ∇ ⋅ ρV = 0 (3.38)
∂t
Há dois casos de escoamento para os quais a equação diferencial da continuidade pode ser
simplificada: escoamento incompressível e escoamento em regime permanente.
Para um escoamento incompressível, ρ = constante, a massa específica não é função nem das
coordenadas espaciais nem do tempo. Nestas condições, a equação da continuidade é simplificada para:
∂u ∂v ∂w
+ + 0
= (3.39)
∂x ∂y ∂z
O campo de velocidade, V = V ( x , y , z ,t ) , para escoamento incompressível deve satisfazer a
condição, ∇ ⋅ V = 0 .
Para um escoamento em regime permanente, todas as propriedades dos fluidos são, por
definição, independentes do tempo, assim: ∂ρ/∂t = 0 e, quando muito, ρ = ρ(x,y,z). Para escoamento
permanente, a equação da continuidade pode ser escrita como:
∂ ∂ ∂
( ρu ) + ( ρv ) + ( ρw ) =
0 (3.40)
∂x ∂y ∂z
Um volume de controle adequado para coordenadas cilíndricas é mostrado na Fig. 3.22. A massa
específica no centro, O, do volume de controle é ρ, e o vetor velocidade é dado por:
V =vr eˆr + vθ eˆθ + v z eˆz (3.41)
onde eˆr , êθ e eˆz são vetores unitários nas direções r, θ e z, respectivamente.
Para avaliar ∫ SC
ρV ⋅ dA deve-se considerar a vazão de massa através de cada uma das seis faces
da superfície de controle. As propriedades em cada uma delas são obtidas partindo-se de um
desenvolvimento em série de Taylor em torno do ponto O. Os detalhes da avaliação da vazão de massa
são mostrados na Tabela 3.2. As componentes de velocidade vr, vθ e vz são todas admitidas no sentido
positivo das coordenadas e os termos de ordem superior foram desprezados.
(a) (b)
Fig. 3.22 – Volume de controle diferencial em coordenadas retangulares. (a) Vista isométrica. (b) Projeção
no plano rθ.
Tabela 3.2 – Vazão de massa através da superfície de controle de um volume de controle cilíndrico
diferencial.
Superfície ∫ ρV ⋅ dA
De dentro ∂ρ dr ∂vr dr dr
(−r) = − ρ − vr − r − dθ dz
∂r 2 ∂r 2 2
De fora ∂ρ dr ∂vr dr dr
(+r) = ρ + vr + 2 r + 2 dθ dz
∂r 2 ∂r
Frontal ∂ρ dθ ∂vθ dθ
(−θ) = − ρ − vθ − drdz
∂θ 2 ∂θ 2
Posterior ∂ρ dθ ∂vθ dθ
(+θ) = ρ + vθ + drdz
∂θ 2
∂θ 2
Inferior ∂ρ dz ∂v z dz
(−z) = − ρ − v z − rdrdθ
∂z 2 ∂z 2
Superior ∂ρ dz ∂v z dz
(+z) = ρ + v z + rdrdθ
∂z 2
∂z 2
Desta forma verifica-se que a taxa líquida de vazão de massa que entra e sai do volume de controle
é dada por:
∂ ∂ ∂
∫ ρV ⋅ dA= ρvr + r ∂r ( ρvr ) + ∂θ ( ρvθ ) + r ∂z ( ρv z ) drdθ dz
A massa dentro de volume de controle, em qualquer instante, é o produto da massa por unidade
de volume, ρ, pelo volume, rdθdrdz. Então a taxa de variação de massa no interior do volume de controle
é dada por:
∂ρ
rdrdθ dz
∂t
∂ρ 1 ∂ 1 ∂ ∂
+ ( ρ rvr ) + ( ρvθ ) + ( ρvz ) =
0 (3.42)
∂t r ∂r r ∂θ ∂z
∂ 1 ∂ ∂
=
∇ eˆr + eˆθ + eˆz (3.43)
∂r r ∂θ ∂z
∂ρ
+ ∇ ⋅ ρV = 0 (3.44)
∂t
Para avaliar ∇ ⋅ ρV em coordenadas cilíndricas, deve-se lembrar que:
∂eˆr ∂eˆθ
= eˆθ e = −eˆr
∂θ ∂θ
1∂ 1 ∂v ∂v
( rvr ) + θ + z =0 (3.45)
r ∂r r ∂θ ∂z
1∂ 1 ∂ ∂
( ρ rvr ) + ( ρvθ ) + ( ρvz ) =
0 (3.46)
r ∂r r ∂θ ∂z
ou,
∇ ⋅ ρV = 0 (3.47)
linhas de corrente e o enunciado do princípio da conservação da massa. A função corrente é uma função
matemática única, ψ(x,y,t), que substitui as duas componentes de velocidade, u(x,y,t) e v(x,y,t).
Para um escoamento incompressível bidimensional no plano xy, a conservação da massa (Eq. 3.39)
pode ser escrita como:
∂u ∂v
+ 0
= (3.48)
∂x ∂y
Se uma função continua, ψ(x,y,t), chamada função corrente, for definida de modo que,
∂ψ ∂ψ
u= e v= − (3.49)
∂y ∂x
∂u ∂v ∂ 2ψ ∂ 2ψ
+ = − = 0
∂x ∂y ∂x∂y ∂x∂y
Lembre-se que, linhas de corrente são linhas traçadas no campo de escoamento tais que, em um
dado instante, são tangentes à direção do escoamento em cada ponto do campo de escoamento. Logo,
se dr é um elemento de comprimento ao longo de uma linha de corrente, a equação da linha de corrente
é dada por:
( ) ( )
ˆ + ˆjdy =kˆ ( udy − vdx )
ˆ + ˆjv × idx
V × dr =0 = iu
udy − vdx =
0
∂ψ ∂ψ
dx + dy =
0 (3.50)
∂x ∂y
Como ψ = ψ(x,y,t), então, em um dado instante, t0, ψ = ψ(x,y,t0); nesse instante, uma variação em
ψ pode ser avaliada como se ψ = ψ(x,y). Logo, em qualquer instante:
∂ψ ∂ψ
dψ
= dx + dy (3.51)
∂x ∂y
Comparando as equações (3.50) e (3.51), verifica-se que, ao longo de uma linha de corrente
instantânea, dψ = 0; ψ é uma constante ao longo de uma linha de corrente. Como o diferencial de ψ é
exato, a integral de dψ entre dois pontos quaisquer em um campo de escoamento, isto é, ψ2 − ψ1,
depende apenas dos pontos extremos de integração.
Da definição de linha de corrente, reconhece-se que não pode haver fluxo através de uma linha
de corrente. Assim, se as linhas de corrente em um campo de escoamento incompressível bidimensional
em um dado instante forem como mostrado na Fig. 3.23, as taxas de fluxo entre as linhas de corrente, ψ1
e ψ2, através das linhas AB, BC, DE e DF, devem ser iguais.
y2 y2 ∂ψ
=Q ∫=
udy ∫ dy
y1 y1 ∂y
y2 ∂ψ ψ2
Q
= ∫ dy
= ∫ψ dψ= ψ 2 −ψ 1
y1 ∂y 1
x2 x2 ∂ψ
Q = ∫ vdx = − ∫ dx
x1 x1 ∂x
x2 ∂ψ ψ1
Q =
−∫ − ∫ dψ =
dx = ψ 2 −ψ 1 (3.53)
x1 ∂x ψ2
Então, a vazão em volume (por unidade de profundidade) entre duas linhas de corrente quaisquer
pode ser escrita como a diferença entre os valores constantes de ψ que definem as duas linhas de
corrente. Se a linha de corrente através da origem for designada ψ = 0, então, o valor de ψ para qualquer
outra linha de corrente representa o escoamento entre a origem e aquela linha de corrente.
A partir da definição de u em termos de ψ, fica claro que u está na direção positiva de x quando ψ
cresce com y. Para um escoamento incompressível bidimensional no plano rθ, a conservação da massa
pode ser escrita como:
∂ ∂v
( rvr ) + θ =
0 (3.54)
∂r ∂θ
1 ∂ψ ∂ψ
vr = e vθ = − (3.55)
r ∂θ ∂r
Com ψ definido de acordo com a equação (3.55), a equação de continuidade (3.54) é plenamente
satisfeita.
A equação de Bernoulli foi deduzida pelo físico-matemático suíço Daniel Bernoulli (1700-1782).
Esta equação traduz o princípio de conservação da energia em uma mesma linha de corrente para um
escoamento em regime permanente, massa específica constante, viscosidade desprezível e sujeito
principalmente às forças de pressão e de gravidade.
O estabelecimento da equação de Bernoulli tem por base a equação de Euler, dada por:
DV
ρ = −∇P + ρ g (3.56)
Dt
g = −gkˆ
Para deduzir a equação de Bernoulli considere uma linha de corrente tal como se mostra na Fig.
3.24. Nesta figura observam-se os vetores unitários ŝ e n̂ , tangente e normal à linha de corrente,
respectivamente, assim como o vetor k̂ . O comprimento infinitesimal de arco da linha de corrente está
denotado por ds. Suponha-se que a linha de corrente é parametrizada em termos das coordenadas do
referencial definido pelas componentes vs e vn em cada ponto.
Fig. 3.24 – Análise de uma linha de corrente para obtenção da equação de Bernoulli.
Neste caso podemos expressar o vetor velocidade, em qualquer ponto da linha de corrente, da
seguinte maneira:
V v s sˆ + vn nˆ
=
∂V ∂V ∂sˆ
ρ +V sˆ + V 2 = −∇P + ρ g
∂t ∂s ∂s
∂V ∂V
ρ +V sˆ = −∇P + ρ g (3.58)
∂t ∂s
O termo V 2 ∂sˆ ∂s representa uma aceleração normal à linha de corrente, consequentemente seu
valor é nulo. Por outro lado a componente do gradiente de pressão ∇P na direção tangencial à linha de
corrente reduz-se a:
∂P
( ∇P ) s = (3.59)
∂s
dz
( ρg )s ρ=
= g senθ ρ g (3.60)
ds
dV dP dz
ρV − − ρg
=
ds ds ds
ou,
d V2 dP dz
ρ =− − ρg (3.61)
ds 2 ds ds
d ρV 2 dP d
=− − (γ z )
ds 2 ds ds
d ρV 2 dP d
+ + (γ z ) =
0
ds 2 ds ds
d ρV 2
+P +γ z =0
ds 2
ρV 2
P+ +γ z =
cte (3.62)
2
A equação (3.62) é conhecida como equação de Bernoulli. Ela pode ser aplicada a uma linha de
corrente de qualquer escoamento que está em regime permanente, apresenta viscosidade desprezível e
massa específica constante (incompressível) e, sujeito a um campo de força gravitacional.
ρv 2
PT = P + (3.63)
2
Dividindo a equação (3.62) pelo peso específico obtém-se a altura total, H, dada por:
P v2
H = + +z (3.64)
γ 2g
P
Hz= +z (3.65)
γ
ρ1 A1v1 − ρ2 A2v2 =
0
ou seja, a quantidade de massa que se acumula no volume de controle considerado é nula. Considere-se
ainda que a massa específica seja constante, a equação da continuidade assume a forma,
Muitos fluidos são armazenados em reservatórios pressurizados: água para consumo doméstico,
gases combustíveis, ar comprimido ou vapor de água em instalações industriais, etc. Normalmente, a
descarga destes fluidos para regiões com pressões inferiores é regulada por válvulas ou orifícios. A
velocidade de descarga e, consequentemente, o correspondente caudal de descarga (vazão volumétrica),
pode ser determinado pela equação de Bernoulli.
Considere o reservatório pressurizado mostrado na Fig. 3.25 no qual é mantido um gás a pressão
P1. Uma válvula no reservatório permite regular a descarga do líquido na parte inferior do reservatório
para uma região onde a pressão é P2. O escoamento supõe-se estacionário (regime permanente), invíscido
e de massa específica constante.
A velocidade de descarga, v2, através da válvula pode ser determinada utilizando a equação de
Bernoulli entre as seções (1) e (2) da corrente idealizada, ou seja:
ρv12 ρv 2
P1 + + γ z1 =P2 + 2 + γ z2 (3.67)
2 2
Nota-se também que pelo princípio de conservação da massa, admitindo-se massa específica
constante e escoamento permanente,
A1v1 = A2v2
onde, A1 e A2 correspondem as áreas transversais de passagem, sendo que, A1 >> A2 e, por tanto, v2 >>
v1. Desta forma, na equação (3.67) o termo ρv12 2 pode ser desprezado na presença de ρv22 2 , e
fazendo h= z1 − z2 , resulta,
12
P −P
=v2 2 1 2 + 2gh (3.68)
ρ
Escoamentos entre reservatórios podem realizar-se através de orifícios de passagem que limitam
a vazão, ou seja, restrições. Veja-se Fig. 3.26.
É possível mostrar, com base na equação de Bernoulli que o escoamento invíscido de um fluido
através de uma restrição é realizado a uma velocidade que depende da diferença de pressão entre os dois
reservatórios. Fazendo uma análise semelhante, sendo que, A1 >> A2 e, por tanto, v2 >> v1, e desprezando
a variação de energia potencial por estar na mesma elevação, a velocidade na saída da restrição é dada
por:
P −P
v2 = 2 1 2 (3.69)
ρ
A expressão anteriormente obtida permite confirmar, como foi afirmado, que a velocidade de
passagem do fluido na restrição depende da diferença de pressão.
O tubo de Venturi é um dispositivo criado por Giovanni B. Venturi (1746-1822) para medir a
velocidade do escoamento e a vazão de um líquido incompressível através da variação da pressão,
durante a passagem deste líquido por um tubo de seção mais larga e depois por outro de seção mais
estreita.
O dispositivo conhecido por Tubo Venturi encontra-se ilustrado na Fig. 3.27. Para tal, o fluido em
escoamento permanente, invíscido e massa específica constante passa pelo dispositivo referido. Note-se
que pela conservação da massa,
A1v1 = A2v2
Por outro lado observa-se que a altura geométrica é a mesma nos pontos (1) e (2) deste
dispositivo. Assim pela equação de Bernoulli, tem-se:
ρv12 ρv 2
P1 + P2 + 2
=
2 2
2 ( P1 − P2 )
v1 =
v 2
ρ 2
− 1
v1
P1 − P2= ( ρM − ρ ) gh
v2 A1
=
v1 A2
2 ( ρM − ρ ) gh
v1 = (3.70)
A 2
ρ 1 − 1
A2
O tubo de Pitot, construído pela primeira vez pelo físico francês do século XVIII Henri Pitot, é um
instrumento utilizado para medir a velocidade de fluidos em modelos físicos em laboratórios de
hidráulica, em laboratórios de aerodinâmica e também em hidrologia para a medição indireta de vazões
em rios e canais, em redes de abastecimento de água, em adutoras, em oleodutos e ainda a velocidade
dos aviões, medindo, neste caso, a velocidade do escoamento do ar.
Na Fig. 3.28 é apresentado um esquema do Tubo de Pitot. Este dispositivo é inserido no interior
do escoamento de forma a fazer coincidir o seu eixo longitudinal com a direção da velocidade.
Naturalmente, o escoamento é considerado invíscido, estacionário e incompressível. Nestas condições, a
equação de Bernoulli aplicado às seções 1 e 2 da linha de corrente que se mostra na figura, notando que
a altura geométrica do escoamento é constante e que a velocidade v2 é nula.
P2 v12 P1
= +
ρ g 2g ρ g
2 ( P2 − P1 )
v1 =
ρ
Observe que,
P2 − P1= ( ρM − ρ ) gh
Portanto,
2 ( ρM − ρ ) gh
v1 = (3.71)
ρ
A equação (3.71) permite, da forma descrita, obter a velocidade v1 do escoamento em termos dos
parâmetros h e das diferenças das massas específicas do fluido manométrico e de trabalho. Naturalmente
supõe-se que a diferença, ρM − ρ , seja positiva.
Para analisar os efeitos de compressibilidade nós vamos retornar à equação (3.61) e integrar
adequadamente o termo ∫dP/ρ, levando em consideração a variação da massa específica do fluido.
A. Escoamento Isotérmico
dP v 2
RT ∫ cte
+ + gz = (3.72)
P 2
v12 RT P v 2
+ z1 + ln 1 = 2 + z2 (3.73)
2g g P2 2g
A equação (3.73) é uma versão da equação de Bernoulli adequada para escoamentos isotérmicos
de um gás perfeito e invíscido. Na situação limite em que,
P1 (P − P ) 1 + ε
1+ 1 2 =
=
P2 P2
onde, ε << 1, a equação (3.73) se reduz à equação de Bernoulli padrão. A equação (3.73) é muito restrita
porque os efeitos viscosos são importantes na maioria dos escoamentos isotérmicos.
B. Escoamento Isentrópico
P
=C
ρk
onde, γ é a razão de calores específicos e C é uma constante. Desta forma a equação (3.61) pode ser
escrita como:
1
C 1 k ∫ P −1 k dP + v 2 + gz =
cte (3.74)
2
Assim, o termo de pressão pode ser avaliado entre os pontos (1) e (2) para fornecer,
2 2
k P1 v1 k P2 v2
+ = + gz1 + + gz2 (3.75)
k − 1 ρ1 2 k − 1 ρ2 2
A equação (3.75) é adequada para escoamentos compressíveis de gases perfeitos que ocorrem
em regime permanente e que são isentrópicos.
Outra restrição da equação de Bernoulli é que ela só pode ser aplicada ao longo de uma linha de
corrente. A aplicação da equação de Bernoulli entre linhas de corrente, ou seja, de um ponto em uma
linha de corrente para um ponto em outra linha de corrente, pode levar a erros consideráveis e que
dependem das condições do escoamento que está sendo analisado. Geralmente, a constante de Bernoulli
varia de linha de corrente para linha de corrente. Entretanto, em determinadas condições, estas
constantes são iguais em todo o campo do escoamento.
EXERCÍCIOS
3.1: Um gás escoa em regime permanente no trecho de tubulação da Fig. E-3.1. Na seção (1), tem-se
A1 = 20 cm2, ρ1 = 4 kg/m3 e v1 = 30 m/s. Na seção (2), A2 = 10 cm2 e ρ2 = 12 kg/m3. Qual seria a
velocidade na seção (2).
Fig. E-3.1
3.2: O Venturi é um tubo convergente/divergente, tal como é mostrado na Fig. E-3.2. Determinar a
velocidade na seção mínima (garganta) de área 5 cm2, se na seção de entrada de área 20 cm2 a
velocidade é 2 m/s. O fluido é incompressível.
Fig. E-3.2
3.3: Determinar a velocidade média correspondente ao diagrama de velocidades a seguir. Supor que
não haja variação da velocidade segundo a direção normal ao plano da figura (escoamento
bidimensional).
Fig. E-3.3
3.6: Um gás (γ = 5 N/m3) escoa em regime permanente com uma vazão de 5 kg/s pela seção A de um
conduto retangular de seção constante de 0,5 m por 1 m. Em uma seção B, o peso específico do
gás é 10 N/m3. Qual será a velocidade média do escoamento nas seções A e B?
3.7: Uma torneira enche de água um tanque, cuja capacidade é 6000 L, em 1h e 40 min. Determine a
vazão em volume, em massa e em peso se ρH2O = 1000 kg/m3 e g = 9,81 m/s2.
3.8: No tubo da figura, determinar a vazão em volume, em massa e em peso. Determine também a
velocidade média na seção (2), sabendo que o fluido é água. Considere que, A1 = 10 cm2 e A2 = 5
cm2, ρH2O = 1000 kg/m3 e g = 9,81 m/s2.
Fig. E-3.8
3.9: O ar escoa em um tubo convergente. A área da maior seção do tubo é 20 cm2 e a da menor é 10
cm2. A massa específica do ar na seção (1) é 1,2 kg/m3, enquanto na seção (2) é 0,9 kg/m3. Sendo
a velocidade na seção (1) 10 m/s, determinar as vazões em massa, em volume e em peso assim
como a velocidade média na seção (2).
Fig. E-3.9
3.10: Um tubo admite água (ρ = 1000 kg/m3) em um reservatório com uma vazão de 20 L/s. No mesmo
reservatório é trazido óleo (ρ = 800 kg/m3) por outro tubo com uma vazão de 10 L/s. A mistura
homogênea formada é descarregada por um tubo cuja seção tem uma área de 30 cm2. Determinar
a massa específica da mistura no tubo de descarga e sua velocidade. Considere que o escoamento
se encontra em regime permanente.
Fig. E-3.10
3.11: Os reservatórios (1) e (2) da Fig. E-3.11 são cúbicos, sendo enchidos pelos tubos, respectivamente,
em 100 s e 500 s. Determinar a velocidade da água na seção A, sabendo que o diâmetro do
conduto nessa seção é 1 m. Considere regime permanente no processo.
Fig. E-3.11
3.12: O insuflador de ar da Fig. E-3.12 gera 16200 m3/h na seção (0) com uma velocidade média de 9,23
m/s. Foram medidas as temperaturas nas seções (0), (1) e (2), sendo, respectivamente, T0 = 17 oC,
T1 = 47 oC e T2 = 97 oC. Admitindo como imposição do projeto do sistema que o número de
Reynolds nas seções (1) e (2) deva ser 105 e sabendo que o D2 = 80 cm e ν = 8x10-5 m2/s e que a
pressão tem variação desprezível no sistema, determinar: (a) As vazões mássicas em (1) e (2); (b)
As vazões volumétricas em (1) e (2); (c) O diâmetro na seção (1).
Fig. E-3.12
3.13: O filtro de admissão de combustível de uma determinada máquina é formado por um elemento
poroso com forma de tronco de cone. O combustível líquido penetra no filtro com uma vazão de
10 L/s. A distribuição de velocidades na fase superior é linear com vmax = 0,3 m/s. Qual é a vazão
de combustível que será filtrada pela parede porosa?
Fig. E-3.13
3.15: O tanque maior da figura abaixo permanece em nível constante. O escoamento na calha tem uma
seção transversal quadrada e é bidimensional, obedecendo à equação v = 3y2. Sabendo que o
tanque (B) tem 1 m3 e é totalmente preenchido em 5 segundos e que o conduto circular tem 30
cm de diâmetro, determinar:
Fig. E-3.15
Fig. E-3.16
3.17: A água escoa por um conduto que possui dois ramais em derivação. O diâmetro do conduto
principal é 15 cm e os das derivações são 2,5 cm e 5 cm, respectivamente. Os perfis das
velocidades no conduto principal e nas derivações são dados por:
17
r 2 r
v1 =
vmax,1 1 − ; v2,3 =
vmax,2,3 1 −
R R2,3
1
Se vmax,1 = 0,02 m/s e vmax,2 = 0,13 m/s. Determinar a velocidade média no tubo de 5 cm de
diâmetro.
Fig. E-3.17
3.18: No sistema da figura, tem-se um único fluido incompressível de ν = 10-4 m2/s e ρ = 1000 kg/m3.
Fig. E-3.18
3.19: A placa da figura tem uma área de 2 m2 e espessura desprezível. Entre a placa e o solo existe um
fluido que escoa formando um diagrama de velocidades bidimensional dado por v =
20yvmax(1−5y). A viscosidade dinâmica do fluido é 10-2 N.s/m2 e a velocidade máxima é 2 m/s.
Fig. E-3.19
3.20: Um propulsor a jato queima 1 kg/s de combustível quando o avião voa a velocidade de 200 m/s.
Sendo dados, ρar = 1,2 kg/m3, ρg = 0,5 kg/m3 (na seção 2), A1 = 0,3 m2 e A2 = 0,2 m2. Determine a
velocidade dos gases (vg) na seção de saída.
Fig. E-3.20
3.21: No sistema da figura, A3 = 0,5 m2, ρ3 = 0,4 kg/m3 e os fluidos são gases. Considere que na Seção
(1): v = 4[1−(r/R)2]; Q1 = 2 m3/s; ρ1 = 0,6 kg/m3 e na Seção (2): v = 9(1−r/0,4); ρ2 = 1,2 kg/m3.
Determinar:
a) A velocidade do pistão;
b) O raio da seção (1);
c) A mínima viscosidade dinâmica do fluido na seção (1).
Fig. E-3.21
3.22: No sistema da figura, o óleo fornecido pela bomba mantém o pistão parado. O óleo escoa através
da folga entre o pistão e o cilindro com uma distribuição linear de velocidades, tendo a máxima
velocidade na linha de centro da seção de escoamento. Calcular a vazão de óleo que deve ser
fornecida pela bomba adotando a área da coroa circular igual a πDε. Considere que a pressão na
base do pistão seja 50 kPa; L = 2 m; D = 20 cm; peso do pistão, W = 520π; µ = 5×10-3 N.s/m2; ε = 1
mm.
Fig. E-3.22
3.23: O campo de velocidade de um escoamento é dado= por V (V0 L)(xiˆ − yjˆ) , onde V0 e L são
constantes. Determine o local no campo de escoamento onde a velocidade é igual a V0, as linhas
de corrente para este escoamento e a sua aceleração.
3.24: Em um escoamento o campo de velocidades é dado por: u = 2xt e v = y2t. Determinar a aceleração
na origem e no ponto P = (1,2), no instante t = 5 s (medidas em cm).
3.25: O campo de velocidades de um escoamento tridimensional é dado por u = 2(1 + t), v = 3(1 + t) e w
= 4(1 + t). Qual é o módulo da velocidade e aceleração no ponto (3;1;4), no instante t = 2 s
(medidas em m).
3.26: Água escoa por um nebulizador oscilante e produz um campo de velocidade dado por,
V= u0 sen[ω (t − y / v0 )]ˆi + v0 ˆj , onde u0, v0 e ω são constantes. Note que o componente y do vetor
velocidade permanece constante (v = v0) e que o componente x, em y = 0, coincide com a
velocidade do nebulizador oscilante, u = u0 sen( ωt).
3.27: O campo de velocidades de um escoamento bidimensional é dado por u = 3 + 2xy + 4t2, v = xy2 +
3t. Determinar os módulos da velocidade e aceleração no ponto (2;1) no instante t = 5 s.
3.30: Água escoa pelo difusor mostrado na Fig. E-3.30 quando uma válvula é aberta. A velocidade ao
uiˆ =
longo da linha de centro do difusor é dada, em função do tempo, por V = V (1 − e − ct )(1 − x / L)ˆi
0
, onde V0, c e L são constantes. Determine a aceleração do escoamento em função de x e t. Se V0
= 3 m/s e L = 1,5 m. Qual o valor de c (não nulo) para que a aceleração seja nula em qualquer x e
em t = 1 s? Como a aceleração pode ser nula em um escoamento onde a vazão volumétrica
aumenta com o tempo?
Fig. E-3.30
3.32: O campo de velocidade de um escoamento é dado por V= 20y / (x 2 + y 2 )1/2 ˆi − 20 x / (x 2 + y 2 )1/2 ˆj
m/s, onde x e y são medidos em metros. Determine a velocidade do fluido ao longo dos eixos x e
y. Quais são os ângulos formados pelos vetores velocidade com o eixo x nos pontos (5,0); (5,5) e
(0,5)?
3.34: Um escoamento flui através de um bocal convergente, tal como se mostra na Fig. E-3.34, pode ser
aproximado por uma distribuição de velocidades unidimensional, dado por:
2x
u ≈ V0 1 + ; v ≈ 0; w≈0
L
Fig. E-3.34
3.35: Considere campos de escoamento com movimento puramente tangencial (linhas de corrente
circulares): vr = 0 e vθ = f(r). Avalie a rotação, vorticidade e circulação para rotação de corpo rígido,
um vórtice forçado. Mostre que é possível escolher f(r) de modo que o escoamento seja
irrotacional, i.e., produza um vórtice livre.
3.36: Um escoamento viscométrico em uma estreita fresta entre grandes placas paralelas é mostrado.
O campo de velocidade na fresta é dado por V = U ( y h ) ˆi , onde U = 4 mm/s e h = 4 mm. Em t = 0,
duas linhas, ac e bd, são marcadas no fluido, como mostrado na Fig. E-3.36. Avalie as posições dos
pontos marcados em t = 1,5 s e faça um esboço para fins de comparação. Calcule a taxa de
deformação angular e a taxa de rotação de uma partícula fluida nesse campo de velocidade.
Comente os resultados.
Fig. E-3.36
3.37: O campo de velocidade= V Axiˆ − Ayjˆ representa escoamento em uma “esquina”, onde A = 0,3 s-
1
e as coordenadas são medidas em metros. Um quadrado é marcado no fluido, em t = 0, conforme
mostrado na Fig. E-3.37. Avalie as novas posições dos quatro pontos dos cantos, quando o ponto
a tiver se movido para x = 3/2 m, após τ segundos. Avalie as taxas de deformação linear nas
direções x e y. Compare a área a’b’c’d’ em t = τ, com área abcd em t = 0. Comente o significado
desse resultado.
Fig. E-3.37
3.38: Um escoamento é representado pelo campo de velocidade V = 10 xiˆ − 10yjˆ + 30kˆ . Determine se o
campo é (a) um possível escoamento incompressível e (b) irrotacional.
3.39: Um escoamento é representado pelo campo de velocidade V = (4x 2
+ 3y ) ˆi + ( 3x − 2y ) ˆj .
Determine se o campo é (a) um possível escoamento incompressível e (b) irrotacional.
3.40: Considere o perfil de velocidade senoidal usado para modelar a componente x da velocidade em
uma camada limite,
u πy
= sen onde δ = cx 1 2 e, c = constante, U = constante
U 2δ
3.41: Considere o campo de escoamento bidimensional incompressível no qual u = Axy e v = By2, onde
A = 1 m-1.s-1, B = −1/2 m-1.s-1 e as coordenadas são medidas em metros. Mostre que o campo de
velocidades representa um possível escoamento incompressível. Determine a rotação no ponto
(x,y) = (1,1). Avalie a circulação na “curva” limitada por y = 0, x = 1, y = 1 e x = 0.
3.42: Para um escoamento bidimensional no plano xy, a componente x da velocidade é dada por u = Ax.
Encontre uma possível componente y para escoamento permanente, incompressível. Quantas
componentes y são possíveis?
3.43: Considere um escoamento radial, unidimensional no plano rθ, caracterizado por vr = f(r) e vθ = 0.
Determine as condições de f(r) requeridas para escoamento incompressível.
3.44: Dado o campo de velocidade para o escoamento permanente e incompressível com= V Axiˆ − Ayjˆ
sendo que A = 0,3 s . Encontre a função corrente que resultará desse campo de velocidade. Plote
-1
3.45: Quais dos seguintes conjuntos representam possíveis casos de escoamento bidimensional
incompressível?
a) u = x+y ; v= x−y
b) 2x2 + y2
u= ; v=x 3 − x ( y 2 − 2y )
c) ( x + 2y ) xt ;
u= (2x − y ) yt
v=
Fig. E-3.46
3.47: Quais dos seguintes conjuntos de equações representam possíveis casos de escoamento
tridimensional incompressível?
a) u = x + y + z2 ; v = x−y+z ; w = 2 xy + y 2 + 4
b) u=
xyzt − xyzt 2
; v= ( z2 2)( xt 2 − yt )
; w=
c) y 2 2 xz
u =+ ; −2yz + x 2 yz
v= ; 1 2 2
w=
2
x z + x3y4
3.48: As três componentes da velocidade em um campo de velocidade são dadas por u = Ax + By + Cz,
v = Dx + Ey + Fz e w = Gx + Hy + Jz. Determine a relação entre os coeficientes A e J necessária se
isso se trata de um possível campo de escoamento incompressível.
3.49: Determinar a velocidade do jato de fluido no orifício do tanque de grandes dimensões, tal como
se mostra na Fig. E-3.49. Considerar fluido ideal.
Fig. E-3.49
3.50: Um tubo de Pitot é preso em um barco que se desloca a 45 km/h. Qual será a altura h alcançada
pela água no ramo vertical?
Fig. E-3.50
3.51: Água escoa em regime permanente no Venturi da Fig. E-3.51. No trecho considerado supõem-se
as perdas por atrito desprezíveis e as propriedades uniformes nas seções. A área (1) é 20 cm2,
enquanto a da garganta (2) é 10 cm2. Um manômetro cujo fluido manométrico é mercúrio (γHg =
136000 N/m3) é ligado entre as seções (1) e (2) e indica o desnível mostrado na figura. Calcule a
vazão volumétrica da água que escoa pelo Venturi (γH2O = 9810 N/m3).
Fig. E-3.51
3.52: Quais são as vazões em massa e em peso no tubo convergente da Fig. E-3.52, para elevar uma
coluna de 20 cm de óleo no ponto (0). Desprezar as perdas, considere γÓleo = 8000 N/m3 e g = 9,81
m/s2. Considere que o tubo manométrico e a saída (seção 1) estão abertos à atmosfera.
Fig. E-3.52
3.53: Dado o dispositivo da Fig. E-3.53, calcular a vazão volumétrica do escoamento de água no conduto.
Considere γH2O = 9810 N/m3; γm = 6x104 N/m3, P2 = 20 kPa (manométrica), A1 = 10-2 m2; g = 9,81
m/s2. Desprezar as perdas e considerar o diagrama de velocidades uniforme.
Fig. E-3.53
3.54: Querosene (SG = 0,85) escoa no medidor Venturi mostrado na Fig. 3.54 abaixo e a vazão em
volume varia de 0,005 a 0,050 m3/s. Determine a faixa de variação da diferença de pressão medida
nestes escoamentos, (P1 – P2). Admita ρH2O = 1000 kg/m3.
Fig. E-3.54
RESPOSTAS
3.1: v2 = 20 m/s
3.2: vG = 8 m/s
3.3: vm = v0/2 m/s
3.4: Partir da integral de vm
3.5: Partir da integral de vm
3.6: vA = 19,62 m/s; vB = 9,81 m/s
3.7: Q = 10-3 m3/s; m = 1 kg/s; G = 9,81 N/s
3.8: Q = 1 L/s; m = 1 kg/s; G = 10 N/s; vm2 = 2 m/s
3.9:
m = 2,4×10-2 kg/s; Q2 = 0,0267 m3/s; G 2 = 0,24 N/s; vm2 = 26,7 m/s
3.10: ρ3 = 933 kg/m3; v3 = 10 m/s
3.11: vA = 4,14 m/s
3.12: (a) m 2 = 4,72 kg/s; (b) Q1 = 0,62 m3/s; Q 2 = 5,02 m3/s; (c) D1 = 0,099 m
1 = 0,68 kg/s; m
3.13: Q F = 8,82 L/s
3.14: v = 4×10-4 m/s; t = 500 s
3.15: vmc = 1 m/s; Q = 0,8 m3/s; vmax = 13,86 m/s
3.16: (a) ∂v/∂y = 26 s-1; (b) τmax = 0,193 N/m2; (c) vm = 66,67 cm/s; (d) m = 0,765 kg/s
3.17: vm,3 = 0,065 m/s
3.18: (a) Re1 = 3430; Re4 = 2000; (b) vm2 = 5 m/s; (c) Q1 = 18,9 L/s; Q 4 = 7,8 L/s; (d) Q der = 38,8 L/s;
(e) G 0 = 199 N/s; (f) v4 = 5,12 m/s; (g) τ2 = 66,7 N/m2
3.19: (a) ∂v/∂y = 40 s-1; (b) F = 0,8 N; (c) vm = 1,33 m/s; (d) vmax = 2,66 m/s;
3.20: vg = 730 m/s
3.21: (a) vP = 15 m/s; (b) R1 = 0,564 m; (c) µ1,min = 6,77×10-4 N.s/m2
3.22: Q O = 1,57 L/s
V02 2
( )
12
3.23: (a) x2 + y2 = L2; (b) xy = C; (c)
= a 2
x + y2
L
3.24: (a) a P( 0,0 ) = 0 cm/s2; (b) a P(1,2) = 416,7 cm/s2
3.25: (a) v = 16,16 m/s; (b) a = 5,39 m/s2
U0 ω y U0 ωy x U
3.26:
= (a) x cos − 1 ; x = sen ; (b) x = 0 e y = V0t; = 0 ; (c) a = 0 m/s
ω V0 ω V
0 y V0
3.28: (a) É permanente; (b) ax = 6 m/s; ay = 0 m/s; (c) v = 12,2 m/s; a = 6 m/s2
3.29: a ( 2 x 3 ) ˆi + ( 2 x 2 y ) ˆj + ( x 2 − 2 xy ) kˆ
=
x V
(a) a =ax ˆi = 2
3.30: V0 1 − ce − ct − 0 (1 − ce − ct ) ˆi ; (b) c = 0,49 s ; (c) A aceleração local (du/dt > 0)
-1
L L
é balanceada pela desaceleração convectiva (udu/dt < 0)
3.31: (a) Partir derivando x2y – y3/3 = C até chegar em, u = c(x2 – y2) e v = -2cxy; (b) O escoamento é
paralelo ao eixo x quando v = 0; (c) Pontos de estagnação em x = y = 0
3.32: (a) v = 20 m/s; (b) Em (5,0), θ = −90°; em (5,5), θ = −45°; em (0,5), θ = 0°;
3.33: (2,2)
ˆ 2V02 2x ˆ 2
3.34: (a) =
a a=
xi 1 + i ; (b) a x =0 = 333,33 m/s ; a x =L = 1000 m/s
2
L L
3.35: (a) ω = ω; (b) ζ = 2ω; (c) Γ = 2 ωA
3.36: (a) Pa = (4;2); Pb = (6,5;3); Pc = (6;2); Pd = (3,5;1); (b) γ = −1 s-1; (c) ω = −0,5 s-1. Este escoamento
é viscoso, portanto, espera-se que haja tanto deformação angular quanto rotação.
3.37: (a) τ = 1,35 s; Pa = (3/2;2/3); Pb = (3/2;4/3); Pc = (3;4/3); Pd = (3;2/3); (b) ∂u/∂x = 0,3 s-1; ∂u/∂y =
−0,3 s-1; TDV = 0; (c) Aabcd = 1 m2; Aa’b’c’d’ = 1 m2
3.38: (a) É incompressível; (b) É irrotacional
A pressão, a massa específica e a temperatura de uma substância podem ser relacionadas por
uma equação de estado, conhecida também como equação do gás perfeito, dada por,
P = ρ RT (4.1)
onde R é uma constante para cada gás (por exemplo, Rar = 0,287 kJ/kg.K), dada por,
R0
R= (4.2)
M
onde, R0 é a constante universal dos gases (R0 = 8,3145 kJ/kmol.K) e M é a massa molar do gás (em
kmol/kg). Embora nenhuma substância real se comporte como um gás ideal, a equação (4.1) erra em
menos de 1% para o ar em condições de temperatura compreendidas entre 298 K e 140 K e para pressões
compreendidas entre 1 até 30 atm.
P
h= u + (4.3)
ρ
Para um gás ideal, a variação de energia interna e a variação de entalpia de uma substância,
podem ser expressas como,
du = Cυ dT
(4.4)
dh = C P dT
CP
k= (4.5)
Cυ
Outras relações importantes podem também ser definidas a partir das equações (4.3), entre elas,
C P − Cυ =
R (4.6.a)
kR R
=CP = ; Cυ (4.6.b)
k −1 k −1
Dentro de faixas de temperaturas razoáveis, os calores específicos de um gás ideal podem ser
tratados como constantes para cálculos com precisão de engenharia. Nessas condições,
u2 − u=
1 Cυ (T2 − T1 )
(4.7)
h2 − h=
1 C P (T2 − T1 )
Símbolo M R Cp Cυ
Gás k
Químico (kg/kmol) (J/kg.K) (J/kg.K) (J/kg.K)
Ar - 28,98 286,9 1004 717,4 1,40
Bióxido de carbono CO2 44,01 188,9 840,4 651,4 1,29
Hélio He 4,003 2077 5225 3147 1,66
Hidrogênio H2 2,016 4124 14180 10060 1,41
Metano CH4 16,04 518,3 2190 1672 1,31
Monóxido de carbono CO 28,01 296,8 1039 742,1 1,40
Nitrogênio N2 28,01 296,8 1039 742 1,40
Oxigênio O2 32,00 259,8 909,4 649,6 1,40
Vapor de água H2O 18,02 461,4 ∼2000 ∼1540 ∼1,30
Fonte: Tab. A.6 (Fox e McDonald, 1998)
δQ
ds = (4.8)
T rev
Uma relação útil entre as propriedades (P, υ , T, s, u) pode ser obtida considerando-se a primeira
e a segunda lei conjuntamente.
= dh − υdP
Tds (4.9.a)
= du + Pdυ
Tds (4.9.b)
Portanto, para um gás ideal, a variação de entropia pode ser avaliada das equações anteriores da
seguinte forma,
dT dP
ds C P
= −R (4.10.a)
T P
dT dυ
ds Cυ
= +R (4.10.b)
T υ
Para calores específicos constantes essas equações podem ser integradas para dar:
T P
s=
2 − s1 C P ln 2 − R ln 2 (4.11.a)
T1 P1
T ρ1
s=
2 − s1 Cυ ln 2 + R ln (4.11.b)
T1 ρ2
dP dυ
+k 0
=
P υ
P
Pυ=
k
= cte (4.12)
ρk
k
PT 1−k = cte (4.13)
As equações (4.12) e (4.13) fornecem relações entre propriedades para um gás ideal submetido a
um processo isentrópico.
Para entender melhor a noção de velocidade do som, nós vamos analisar o comportamento de
uma onda de pressão que é unidimensional, apresenta espessura infinitesimal e se desloca com a
velocidade do som em um meio estacionário, tal como se mostra na Fig. 4.1.a.
Note que a velocidade do fluido é nula, a pressão é P e a massa específica do fluido é ρ, a montante
da onda de pressão. A velocidade do fluido foi alterada para dv, a pressão e a massa específica também
foram alteradas por quantidades dP e dρ à jusante da onda.
Para analisar este fenômeno adota-se um volume de controle com espessura infinitesimal que se
desloca com a onda, tal como mostrado na Fig. 4.1.b. Considera-se também que a velocidade da onda de
pressão é constante e unidirecional. Observe que, nestas condições, o nosso volume de controle é inercial.
(a) (b)
Fig. 4.1 – (a) Movimento da onda de pressão em um meio estacionário. (b) Escoamento visto por um
observador solidário ao volume de controle que contém a onda de pressão.
Um observador que se move solidariamente com o volume de controle descreveria este
escoamento do seguinte modo: o fluido entra no volume com velocidade c, pressão P e massa específica
ρ e o deixa com velocidade c − dv, pressão P − dP e massa específica ρ − dρ . Aplicando a equação da
continuidade ao escoamento neste volume de controle resulta,
( ρ + d ρ ) A ( c − dv )
ρ Ac = (4.14)
Resolvendo a equação (4.14) e desprezando o termo dρ dv, porque ele é um termo muito menor
do que os outros termos da equação, resulta:
ρ dv = cd ρ (4.15)
− ρ Acc + ( ρ + d ρ ) A ( c − dv )( c − dv ) = PA − ( P + dP ) A (4.16)
ρ cdv = dP (4.17)
dP
c= (4.18)
dρ
Esta equação para a velocidade do som é o resultado da aplicação das equações de conservação
da massa e da quantidade de movimento linear ao escoamento no volume de controle indicado na Fig.
4.1.b.
A velocidade do som é a distância percorrida por uma onda sonora em uma unidade de tempo.
Também pode ser definida como a velocidade na qual uma perturbação se propaga em um determinado
meio.
Para um escoamento isentrópico podemos utilizar a equação (4.13) na equação (4.18) e ainda
considerar o gás como gás perfeito utilizando a equação (4.1), desta forma:
c = kRT (4.19)
Esta equação mostra que a velocidade do som em um gás perfeito é proporcional à raiz quadrada
da temperatura absoluta. Por exemplo, a velocidade do som no ar a 20 oC (k = 1,4 e R = 286,9 J/kg.K) é
igual a 343,1 m/s.
v
M= (4.20)
c
Para M < 0,3, a variação máxima de massa específica é inferior a 5%. Assim, os escoamentos de
gases com M < 0,3 podem ser tratados como incompressíveis.
Fig. 4.2 – Ondas de som (ondas de pressão) produzidas por dispositivos alto-falantes. Fonte: Internet
Normalmente, o que nós percebemos como som é uma consequência de ondas de pressão que
se deslocam pelo ar. Quando nossos ouvidos respondem a uma sucessão de ondas móveis de pressão nós
escutamos os sons.
Os escoamentos para os quais M < 1 são considerados subsônicos, enquanto aqueles para os quais
M > 1 são considerados supersônicos. Os campos de escoamento que possuem ambas as regiões,
subsônica e supersônica, são denominados transônicos. O regime transônico ocorre para números de
Mach entre 0,9 e 1,2. Embora a maioria dos escoamentos, na nossa experiência, seja subsônica, há
importantes casos práticos em que M ≥ 1 ocorre em um campo de escoamento. Talvez os mais óbvios
sejam os aviões supersônicos e os escoamentos transônicos nos compressores e ventiladores de
aeronaves. Ainda há outro regime de escoamento, o hipersônico, que ocorre para M ≥ 5, sendo muito
útil no projeto de mísseis e de veículos de reentrada na atmosfera.
r c ( t − t0 )
= (4.21)
A Fig. 4.3.a mostra o formato simétrico das ondas geradas por uma fonte estacionária. O formato
das ondas de pressão deixa de ser simétrico quando a fonte pontual se desloca para a esquerda com
velocidade v. As Figs. 4.3.b, 4.3.c e 4.3.d mostram os formatos das ondas em t = 3 s para valores diferentes
de v. Os pontos indicados por "+" são as posições da fonte pontual móvel nos instantes 0 s, 1 s, 2 s e 3 s.
É importante conhecer a posição da fonte pontual nos diversos instantes para que seja possível identificar
onde as diferentes ondas foram geradas.
Nós podemos tirar várias conclusões se analisarmos os formatos das ondas de pressão mostradas
na Fig. 4.3. É importante, neste ponto, observar que os formatos das ondas geradas por uma fonte pontual
móvel que se desloca para a esquerda com velocidade v são iguais aos formatos das ondas geradas por
uma fonte imóvel imersa num fluido que escoa para a direita com velocidade v.
O formato da onda de pressão é simétrico quando a fonte pontual e o fluido estão imóveis (Fig.
4.3.a). Assim, um observador posicionado em qualquer ponto do campo de escoamento ouvirá o mesmo
som (mesma frequência) que foi gerado na fonte pontual. Quando a velocidade da fonte (ou do fluido) é
pequena em relação à velocidade do som, o formato das ondas de pressão ainda será quase simétrico.
(a) (b)
(c)
(d)
Fig. 4.3 – (a) Ondas de pressão em t = 3 s, v = 0; (b) Ondas de pressão em t = 3 s, v < c; (c) Ondas de pressão
em t = 3 s, v = c (d) Ondas de pressão em t = 3 s, v > c.
O formato das ondas de pressão deixa de ser simétrico quando a fonte móvel se desloca através
de um fluido parado (ou quando o fluido se move e a fonte está estacionária). Observe que a deformação
das ondas de pressão varia em função da razão entre a velocidade da fonte (ou do fluido) e a velocidade
do som. Quando M < 1, o formato das ondas é similar ao mostrado na Fig. 4.3.b. Este escoamento é
considerado subsônico e compressível.
Quando M = 1, as ondas de pressão não estão presentes a frente da fonte pontual móvel e o
escoamento é denominado sônico. Você não escutaria o som emitido pela fonte móvel se estiver
posicionado a esquerda da fonte até que sua posição fique coincidente com a da fonte. Note que todas
as ondas de pressão são tangentes a um plano perpendicular ao escoamento em torno da fonte pontual
estacionária que apresenta velocidade igual a do som (M = 1). Isto nos sugere que ocorre uma variação
significativa de pressão neste plano. Este plano é conhecido como onda de Mach. Observe que, neste
caso, a comunicação de uma informação de pressão está restrita a região posicionada a jusante da onda
de Mach. A região do escoamento a montante da onda de Mach é denominada zona de silêncio e a região
a jusante do plano tangente é denominada zona de ação.
Fig. 4.4 – Cone de som, produzido por um avião ao quebrar a barreira do som. Fonte: Internet
Fig. 4.5 – Nuvem é provocada pela onda de choque no momento em que o avião ultrapassa a barreira do
som. O cone de nuvem chama-se "Cone de Mach". Fonte: Internet
Quando v > c o escoamento é supersônico e o formato das ondas de pressão é parecido com o
esboçado na Fig. 4.3.d. O cone (cone de Mach) que é tangente às ondas de pressão pode ser construído
para representar a onda de Mach que separa a zona de silêncio da de ação. A comunicação da informação
de pressão está restrita a zona de ação. Analisando a Fig. 4.3.d nós podemos concluir que o ângulo do
cone, α, é dado por,
c 1
senα= = (4.22)
v M
1
P + ρv 2 + γ z =
cte (4.23)
2
O processo de desaceleração sem atrito leva à pressão de estagnação P0, dada por:
1
P0= P + ρv 2 (4.24)
2
Para escoamento compressível usamos novamente o processo de desaceleração sem atrito, além
disso, especificamos que o processo é adiabático, ou seja, especificamos um processo isentrópico de
desaceleração para definir as propriedades locais de estagnação.
( ρ d ρ )(v + dv )( A + dA )
ρ Av =+ (4.25)
dP
P + dA + PA − ( P + dP )( A + dA ) + ρ Av − ( ρ + d ρ )( A + dA )( v + dv ) =
2 2
0
2
dP v2
= −d (4.26)
ρ 2
Para integrar a equação (4.26) entre os estados inicial e final utiliza-se a equação (4.12) para um
escoamento isentrópico, portanto,
P1 k
=ρ = onde, C cte (4.27)
C1 k
dP v2
C1 k 1k
= −d
P 2
0 v
2
P0
C 1 k ∫ P −1 k dP = − ∫ d
P v
2
Obtendo,
v2 k ( k −1) k P0 ( k −1) k
= C1 k P − 1
2 k −1 P
v2 k P P0 ( k −1) k
= − 1
2 k −1 ρ P
Uma vez que buscamos uma expressão para a pressão de estagnação, podemos escrever a
equação anterior como:
( k −1) k
P0 k − 1 ρ v2
P = 1+
k P 2
k ( k −1)
P0 k − 1 v 2
= 1+
P 2 kRT
k ( k −1)
P0 k − 1 2
= 1 + M (4.28.a)
P 2
T0 k − 1 2
= 1 + M (4.28.b)
T 2
1 ( k −1)
ρ0 k − 1 2
= 1+ M (4.28.c)
ρ 2
É possível demonstrar matematicamente que escoamentos gasosos com M < 0,3 podem ser
considerados como incompressíveis, o que permitiria o uso da equação de Bernoulli nestes tipos de
escoamentos, tal como será mostrado a seguir.
1
P0= P + ρv 2 (4.29)
2
k ( k −1)
P0 k − 1 2
= 1 + M (4.30)
P 2
Observe que a Eq. 4.29 é a equação de Bernoulli desenvolvida para escoamento incompressível.
Note-se também que é possível expressar o comportamento de ambas as equações como uma função do
número de Mach, assim:
P0 ρv 2 v2 kv 2 kv 2
1+
= 1+
= 1+
= 1+ 2
=
P 2P 2RT 2kRT 2c
P0 k
= 1 + M2 (4.31)
P 2
A Eq. (4.30) pode ser expandida usando o teorema binomial (Binômio de Newton),
n
n n ( n − 1) 2 n n!
(1 + x ) =∑ x δ =1 + nx +
n
x + , x < 1 ⇔ =
δ =0 δ 2! δ
δ ! ( − δ )!
n
k −1 2 k
=x = M ; n
2 k −1
k −1
Dessa forma a série converge para M 2 < 1 , e para escoamento compressível.
2
2
P0 k k − 1 2 k k 1 k −1 2
1+
= M + − 1 M +
P k −1 2 k − 1 k − 1 2! 2
3
k k k 1 k −1 2
− 1 − 2 M +
k − 1 k − 1 k − 1 3! 2
P0 k k k (2 − k ) 6
1 + M2 + M 4 +
= M +
P 2 8 48
P0
=
k 1
1 + M 2 1 + M 2 +
( 2 − k ) M 4 + (4.32)
P 2 4 24
No limite, quando M → 0, o termo entre colchetes da Eq. (4.32) aproxima-se de 1. Assim, para
escoamento a baixos números de Mach, as equações para escoamento compressível e para escoamento
incompressível dão o mesmo resultado. A variação de P0/P com o número de Mach é mostrada na Fig.
4.7. Quando o número de Mach é aumentado, a equação compressível dá uma razão maior, P0/P.
Incompressível
Compressível
1.8
1.6
P0/P
1.4
1.2
1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Número de Mach, M
Fig. 4.7 – Variação de P0/P com M, utilizando as equações (4.30) e (4.31).
As equações (4.31) e (4.32) podem ser comparadas quantitativamente, de modo mais simples,
escrevendo-se:
P0 k
− 1 = M2 “Incompressível”
P 2
P0 k 2 1 2 (2 − k ) 4
= −1 M 1 + M + M + “Compressível”
P 2 4 24
O termo entre colchetes é igual a 1,02 para M = 0,3 e 1,04 para M = 0,4. Assim, para cálculos com
a precisão da engenharia, o escoamento pode ser considerado incompressível se M < 0,3. As duas
equações concordam dentro de 5% para M ≤ 0,45.
v* = c * (4.33)
k ( k −1)
P0 k + 1
= (4.34.a)
P* 2
T0 k + 1
= (4.34.b)
T* 2
1 ( k −1)
ρ0 k + 1
= (4.34.c)
ρ * 2
A velocidade crítica pode ser escrita em termos da temperatura crítica, T*, ou da temperatura de
estagnação isentrópica, T0. Para um gás ideal,
c* = kRT *
e assim,
v* = kRT *
2k
v* = RT0 (4.35)
k +1
Outras relações de igual importância podem ser encontradas dividindo as equações (4.28) e (4.34),
desta forma obtêm-se expressões que relacionam as propriedades em qualquer ponto do escoamento e
as propriedades críticas,
k ( k −1)
P* 2 k −1 2
= + M (4.36.a)
P k +1 k +1
T* 2 k −1 2
= + M (4.36.b)
T k +1 k +1
1 ( k −1)
ρ* 2 k −1 2
= + M (4.36.c)
ρ k + 1 k + 1
Para o caso de um duto convergente-divergente uma relação entre a área local e a área crítica
pode ser encontrada empregando a equação de continuidade,
ρ Av = ρ * A * v *
ou,
A ρ * v *
= (4.37)
A* ρ v
onde,
v* = ( kRT *)
12
(4.38.a)
v = M ( kRT )
12
(4.38.b)
( k +1) 2( k −1)
A 1 2 k −1 2
= + M (4.39)
A* M k + 1 k + 1
Valores representativos das funções de escoamento isentrópico para k = 1,4 estão apresentados
na Tabela 4.2 e plotados na Fig. 4.8. A Tabela A.1 do Apêndice apresenta uma lista mais detalhada para
as propriedades isentrópicas do ar em função de M.
3.0
P/P0
2.5 T/T0
Razões de Propriedades
ρ/ρ0
2.0 A/A*
1.5
1.0
0.5
0
0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
Número de Mach, M
Fig. 4.8 – Funções de Escoamento Isentrópico.
De maneira geral, para um escoamento isentrópico, as seguintes relações podem ser utilizadas
entre dois pontos de um escoamento,
k
k − 1 2 ( k −1)
P 1 + M cte
= (4.40.a)
2
k −1 2
T 1 + M =cte (4.40.b)
2
1
k − 1 2 ( k −1)
ρ 1 + M cte
= (4.40.c)
2
( k +1 )
AM 2 + ( k − 1) M 2 2(1−k ) =
cte (4.40.d)
Para responder a esta questão, é conveniente trabalhar com as formas diferenciais das equações
governantes. A equação diferencial da quantidade de movimento para escoamento isentrópico, Eq.
(4.26), pode ser escrita como:
dP v2
+d = 0
ρ 2
ou,
dP = − ρvdv
dP dv
=− (4.41)
ρv 2 v
Uma forma diferencial conveniente da equação da continuidade pode ser obtida usando,
ρ Av = cte
dρ dA dv
+ + 0
=
ρ A v
dA dv d ρ
=
− − (4.42)
A v ρ
dA dP d ρ
= −
A ρv 2 ρ
ou,
dA dP v2
= 2
1−
A ρv dP d ρ
dA dP v 2 dP
2 (
= 2
1 − 2 = 1 − M2 ) (4.43)
A ρv c ρv
Da Eq. (4.43), vemos que, para M < 1, uma variação de área da origem a uma variação de pressão
de mesmo sinal (dA positivo significa dP positivo, para M < 1); para M > 1, uma variação de área causa
uma variação de pressão de sinal oposto.
dA −dv
=
A v
(1 − M 2 ) (4.44)
Da Eq. (4.44) verifica-se que, para M < 1, uma variação de área provoca uma variação de
velocidade de sinal oposto (dA positivo significa dv negativo, para M < 1); para M > 1, uma variação de
área causa uma variação de velocidade de mesmo sinal.
Esses resultados estão resumidos na Fig. 4.9. Para escoamentos subsônicos (M < 1), a aceleração
do escoamento em um bocal requer uma passagem de seção transversal decrescente; a área deve
diminuir para provocar um aumento de velocidade. Isso produz uma passagem com a forma parecida com
aquela mostrada na parte superior esquerda da Fig. 4.9, e esse resultado está de acordo com a nossa
experiência. Um difusor subsônico requer que a área de passagem aumente para provocar um decréscimo
da velocidade.
Fig. 4.9 – Formas de bocal e difusor como função do número de Mach inicial.
Nos escoamentos supersônicos (M > 1), os efeitos da variação de área são o oposto. De acordo
com a Eq. (4.44) um bocal supersônico deve ser construído com um aumento de área no sentido do
escoamento. Um difusor supersônico deve ser um canal convergente. Embora essas previsões possam ser
contrárias à nossa experiência, experimentos em laboratório mostram que elas são válidas. Podem-se
citar, por exemplo, os bocais divergentes projetados para produzir escoamento supersônico em mísseis e
veículos de lançamento.
A análise da Eq. (4.44) mostra que, para M = 1, dA/dv = 0; isto significa que a área do duto deve
passar por um mínimo ou máximo para M = 1. A inspeção da Fig. 4.9 mostra que M = 1 pode ser atingido
apenas em uma garganta ou seção de área mínima.
A área da garganta de um difusor supersônico real deve ser ligeiramente maior do que a requerida
para reduzir o escoamento para M = 1. Em condições de jusante apropriadas, um choque normal de pouca
intensidade forma-se no duto divergente logo após a garganta. O escoamento deixando o choque é
subsônico e desacelera-se no duto divergente. Dessa forma, a desaceleração de escoamento supersônico
para subsônico não pode ocorrer isentropicamente, na prática, uma vez que o choque normal fraco causa
um aumento da entropia.
A contrapressão, Pb, para a qual o bocal descarrega é controlada pela válvula. As condições de
estagnação à montante (T0, P0, etc.) são mantidas constantes. A pressão no plano de saída do bocal é Pe.
Deseja-se investigar o efeito das variações na pressão na região de descarga sobre a distribuição de
pressão através do bocal, sobre a vazão em massa e sobre a pressão no plano de saída. Os resultados
estão ilustrados graficamente na Fig. 4.10. A seguir são examinados cada um dos casos mostrados.
condição (iii) na Fig. 4.10.a. Essas tendências continuarão indefinidamente enquanto a contrapressão
estiver sendo reduzida?
(b)
(a) (c)
Fig. 4.10 – Bocal convergente operando com diversas pressões na região de descarga.
Observe que em um canal convergente, o número de Mach não pode aumentar além da unidade
em um escoamento isentrópico. Portanto, com o decréscimo continuado da contrapressão, o escoamento
no plano de saída do bocal atingirá, eventualmente, um número de Mach igual à unidade. A pressão
correspondente é a pressão crítica, P*. A condição (iυ) ilustra o caso em que Me é igual à unidade e Pb/P0
é igual a P*/P0.
Desta forma, para M = 1, a razão de pressão crítica para um gás ideal é dada por:
k ( k −1)
P* 2
= (4.45)
P0 k + 1
O que acontece quando a contrapressão é reduzida ainda mais, abaixo de P*, tal como na condição
(υ)? Uma vez que o número de Mach na garganta é igual à unidade (ve = ce), a informação sobre as
condições na descarga do canal não podem ser transmitidas para montante. Consequentemente,
reduções de Pb abaixo de P* não tem efeito sobre as condições de escoamento no bocal; dessa forma,
nem a distribuição de pressão através do bocal, nem a pressão no plano de saída, nem a vazão em massa
são afetadas pelo abaixamento de Pb a um valor inferior a P*. Quando Pb é inferior ou igual a P*, diz-se
que o bocal está bloqueado ou engasgado.
Para Pb menor que P*, o escoamento deixando o bocal expandir-se-á até o valor da contrapressão,
como mostrado para a condição (υ) na Fig. 4.10.a. Esse processo de expansão não confinada é
tridimensional; a distribuição de pressão não pode ser prevista pela teoria unidimensional. Experimentos
mostram que formam-se choques na corrente de saída, acarretando um aumento de entropia.
2. No regime II, Pb/P0 < P*/P0. O escoamento para a garganta é isentrópico e Me = 1. Uma
expansão não isentrópica ocorre no escoamento deixando o bocal; Pe = P* > Pb.
Fig. 4.11 – Diagrama T−s esquemático para escoamento bloqueado através de um bocal convergente.
Com a válvula incialmente fechada, não há escoamento através do bocal; a pressão é constante
no valor P0. Uma leve abertura da válvula (Pb ligeiramente inferior a P0) produz a curva de distribuição de
pressão (i). Se a vazão for suficientemente baixa, o escoamento será subsônico e essencialmente
incompressível em todos os pontos sobre essa curva. Nestas condições, o bocal C-D comportar-se-á como
um venturi, com o escoamento acelerando-se na parte convergente até que um ponto de velocidade
máxima e pressão mínima seja atingido na garganta, desacelerando-se em seguida na parte divergente
até a saída do bocal.
À medida que se abre mais a válvula e a vazão aumenta, ocorre um mínimo de pressão definido
de forma mais pronunciada, conforme mostrado pela curva (ii). Embora os efeitos de compressibilidade
tornam-se importantes, o escoamento ainda é subsônico em toda parte e a desaceleração acontece na
parte divergente. Finalmente, abrindo-se ainda mais a válvula, resulta a curva (iii). Na seção de área
mínima, o escoamento finalmente atinge M = 1 e o bocal é bloqueado; a vazão é a máxima possível para
o bocal e as condições de estagnação dados.
Todos os escoamentos com distribuições de pressão (i), (ii) e (iii) são isentrópicos; cada curva é
associada com um único valor de vazão mássica. Finalmente, quando a curva (iii) é atingida, as condições
críticas estão presentes na garganta. Para essa vazão em massa, o escoamento está bloqueado e,
= ρ ∗v ∗ A∗
m (4.46)
onde, A* = At.
12
k
2 ( k + 1 )
( k +1) 2( k −1) ∗
=m A P0 T0 (4.47)
R
Na nossa discussão sobre o efeito da variação de área no escoamento isentrópico, nota-se que
uma seção divergente era requerida para acelerar um escoamento isentrópico à velocidade supersônica,
partindo de M = 1 na garganta. A esta altura, cabe então a pergunta: “Que contrapressão, Pb, é necessária
para acelerar o escoamento isentropicamente na porção divergente do bocal?”
A diminuição da contrapressão abaixo da condição de (iυ), digamos para a condição (υ), não
produz efeito sobre o escoamento no bocal. O escoamento é isentrópico da grande câmara até a saída do
bocal, passando em seguida por uma expansão irreversível, tridimensional, para a contrapressão mais
baixa. Um bocal operando nestas condições é dito estar subexpandido, pois uma expansão adicional
acontece fora dele.
Veículos propelidos por foguete utilizam bocais C-D para acelerar os gases de descarga até a maior
velocidade possível, a fim de produzir empuxo elevado. Um bocal de propulsão é submetido a condições
ambientais variáveis durante o voo através da atmosfera; sendo impossível, portanto, atingir o empuxo
máximo teórico em toda a faixa de operação.
Bocais operando com Piii > Pb > Piυ são ditos superexpandidos porque a pressão em algum ponto
do bocal é inferior à contrapressão. Podemos concluir que, os escoamentos de fluido compressível real
são afetados por atrito, aquecimento ou resfriamento, e pela possível presença (no caso supersônico) de
ondas de choque. A consideração de escoamento isentrópico deve-se, a princípio, porque é um modelo
idealizado útil para muitos processos reais, e porque ele nos dá uma percepção valiosa do comportamento
de fluidos em escoamento compressível.
m
ρ=
1v1 ρ=
2v2 (4.48)
A
Considerando o atrito desprezível nas paredes do duto porque o choque é extremamente delgado
e desprezando as forças devidas à gravidade, obtém-se:
( v2 − v1 )
P1 A − P2 A= m
(4.49)
P1 + ρ v =+
P2 ρ v
2
1 1
2
2 2
v12 v2
h1 + =h2 + 2
2 2
(4.50)
2 2
v v
C P T1 + 1
= C P T2 + = C P T0 = cte
2
2 2
h0,1 = h0,2
(4.51)
T0,1 = T0,2
O escoamento através do choque normal é irreversível por causa das variações quase
descontínuas de propriedades através dele. A segunda lei para o volume de controle mostrado na Fig.
4.13 nos diz então que s2 > s1. Para calores específicos constantes a variação de entropia através do
choque é dada por:
T P
s=
2 − s1 C P ln 2 − R ln 2 (4.52)
T
1 P1
P = ρ RT (4.53)
As equações (4.48) à (4.53) são as equações governantes para o escoamento de um gás ideal
através de uma onda de choque normal estacionária. Se todas as propriedades no estado (1)
(imediatamente à montante do choque) forem conhecidas, teremos então 6 incógnitas (T2, P2, ρ2, v2, h2,
s2) nessas 5 equações. No entanto dispomos da conhecida relação entre h e T para um gás ideal, dh =
CPdT. Para um gás ideal com calores específicos constantes,
∆h = h2 − h1 = C P ∆T = C P (T2 − T1 ) (4.54)
− P2 ρ1v1 ( v2 − v1 )
P1 =
ou,
− P2 ρ2v2 ( v2 − v1 )
P1 =
P1 − P2
= v1v2 − v12
ρ1
e,
P1 − P2
= v22 − v1v2
ρ2
1 1
v22 − v12 = ( P1 − P2 ) + (4.55)
ρ1 ρ 2
v12 2C P (T1 − T2 )
v22 −=
Rk
Usando a lei do gás perfeito (4.53), P ρ = RT e C P = , a equação anterior pode ser escrita
k −1
como:
2k P1 P2
v22=
− v12 − (4.56)
k − 1 ρ1 ρ 2
1 1 2k P2 P1
( P2 − P1 ) + = −
ρ1 ρ 2 k − 1 ρ 2 ρ1
A relação entre a razão de massas específicas, ρ2/ρ1, e a razão de pressão, P2/P1, pode ser definida
multiplicando a expressão anterior por ρ2/P1, portanto,
P2 ρ2 2k P2 ρ2
− 1 = + 1 −
P
1 ρ
1 k − 1 P1 ρ1
k + 1 ρ2
− 1
P2 k − 1 ρ1
= (4.57)
P1 k + 1 ρ2
−
k − 1 ρ1
k + 1 P2
+ 1
ρ2 k − 1 P1
= (4.58)
ρ1 k + 1 P2
+
k − 1 P1
k + 1 P2
+
v2 ρ1 k − 1 P1
= = (4.59)
v1 ρ2 k + 1 P2
+ 1
k − 1 P1
=P1 ρ=
1 RT1 ; P2 ρ2 RT2
k + 1 P2
+
T2 k − 1 P1
= (4.60)
T1 k + 1 P1
+
k − 1 P2
Enquanto a aplicação dos princípios de conservação da massa, momentum e energia mostram que
a onda de choque pode de fato existir, esta não indica se o choque é compressivo (P2/P1 > 1) ou expansivo
(P2/P1 < 1). Uma análise rápida na segunda lei da termodinâmica deverá, portanto, ser usada.
T P
s=
2 − s1 C P ln 2 − R ln 2
T1 P1
P ρ P
s2 − s1 = ( R + CV )ln 2 1 − R ln 2
P1 ρ2 P1
s2 − s1 1 P2 ρ1 P2
=1 + ln − ln
R k − 1 P1 ρ2 P1
1 −k
s2 − s1 P2 k−1 ρ2 k−1
= ln (4.61)
R P1 ρ1
−k
k + 1 P k −1
1 2
+ 1
s2 − s1 P2 k−1 k − 1 P1
= ln
R P1 k + 1 + P2
k −1 P
1
Simplificando,
−k
1
P2 k−1
P k−1
( k + 1 ) + ( k − 1 )
s2 − s1 P1
= ln 2 (4.62)
R P1 ( k + 1 ) + ( k − 1 ) P2
P1
Por outro lado, a aplicação da segunda lei da termodinâmica estabelece que a entropia deve
permanecer invariável ou aumentar, isto é,
s2 − s1
≥0 (4.63)
R
A variação de ( s2 − s1 ) R com P2 P1 para vários valores de k (onde k é sempre maior do que 1),
tal como dado pela equação (4.62), é apresentado na Fig. 4.14.
2
k = 1.1
k = 1.2
k = 1.3
1 k = 1.4
(s2 - s1)/R
-1
-2
0.1 1 10
P2/P1
Fig. 4.14 – Efeito da razão de pressão sobre a variação de entropia através de uma onda de choque normal.
Observa-se deste gráfico que, para satisfazer a expressão (4.63) é necessário que P2 P1 ≥ 1 .
Conclui-se, portanto, que a onda de choque deverá ser sempre compressiva, isto é P2 P1 deve ser sempre
maior que 1, em outras palavras, a pressão deverá sempre aumentar através do choque.
Com base nas equações (4.58), (4.59) e (4.60) nota-se também que a massa específica aumenta,
a velocidade diminui e a temperatura incrementa, respectivamente, através da onda de choque. O fato
de haver um incremento de entropia através do choque deve-se, principalmente, à fina espessura da onda
de choque, consequentemente, os gradientes de velocidade e temperatura são elevados. Como
resultado, os efeitos da viscosidade e a condução de calor tornam-se importantes dentro da onda de
choque, conduzindo a um incremento de entropia.
T P02
− s01 C P ln 02
s02= − R ln
T01 P01
Como a temperatura de estagnação não varia através do choque o primeiro termo do lado direito
é zero, portanto, a equação anterior pode ser simplificada para,
P
s02 − s01 =
−R ln 02
P01
O escoamento pode ser considerado isentrópico antes e depois do choque, assim, s02 = s2 e s01 =
s1. Por outro lado, a través do choque, a entropia deve ser incrementada, resultando,
P
s2 − s1 =−R ln 02 ≥ 0
P01
2
10
M2
P2/P1
T2/T1
Razões de Propriedades
ρ2/ρ1
1
10 P02/P01
0
10
-1
10
1 2 3 4 5
Número de Mach antes do choque, M1
O resultado apresentado na equação (4.64) mostra que a pressão de estagnação deve diminuir
após o choque. A variação das propriedades do escoamento antes e depois do choque são apresentadas
graficamente na Fig. 4.15.
Tabela 4.3 – Resumo das variações das propriedades através de um choque normal.
Propriedade Efeito Obtido de:
Temperatura de estagnação, T0 Constante Equação da Energia
Entropia, s Aumenta Segunda Lei
Pressão de estagnação, P0 Diminui Diagrama T-s
Temperatura, T Aumenta Diagrama T-s
Velocidade, v Diminui Equação da energia e efeito sobre T
Massa específica, ρ Aumenta Equação da continuidade e efeito sobre v
Pressão, P Aumenta Equação da quantidade de movimento e efeito sobre v
Número de Mach, M Diminui M = v/c e efeitos sobre v e T
Fonte: Tab. 12.3 (Fox e McDonald, 1998)
As relações derivadas na seção anterior, que expressam as variações das propriedades através de
uma onda de choque normal em função da razão das pressões (força de choque), P2/P1, são úteis na
maioria dos casos. No entanto, em determinadas aplicações, é mais conveniente representar essas
relações em função do número de Mach à montante, M1.
Portanto, para obter as equações, prossegue-se em três etapas. Primeiro obtém-se as razões de
propriedades (por exemplo, T2/T1 e P2/P1) em termos de M1 e M2. Finalmente, usamos essa relação para
obter expressões para as razões de propriedades em termos do número de Mach a montante, M1.
T2 T2 T0,2 T0,1
=
T1 T0,2 T0,1 T1
Dado que a temperatura de estagnação é constante através do choque, a equação anterior, com
auxílio da equação (4.28.b), simplifica-se para,
k −1 2
1+ M1
T2 T2 T0,1 T0,1 T1 2
= = =
T1 T0,2 T1 T0,2 T2 k −1 2
1 + M2
2
T2 2 + ( k − 1 ) M1
2
= (4.65)
T1 2 + ( k − 1 ) M22
A razão entre as velocidades do som à jusante e à montante, c2/c1, pode ser obtida por,
12
2 + ( k − 1 ) M12
12
c2 kRT2 T2 T2
= = = = 2
(4.66)
c1 kRT1 T1 T1 2 + ( k − 1 ) M2
12
v2 M2 c2 M2 c2 M2 2 + ( k − 1) M1
2
= = =
(4.67)
v1 M1 c1 M1 c1 M1 2 + ( k − 1) M22
ρ1v1 = ρ2v2
Portanto:
12
ρ2 v1 M1 2 + ( k − 1) M2
2
= = (4.68)
ρ1 v2 M2 2 + ( k − 1) M12
P1 + ρ1v12 =+
P2 ρ2v22
v2 v2
P1 1 + 1 =P2 1 + 2
RT1 RT2
Sabendo que,
v2 v2
= k= kM 2
RT kRT
Segue-se que,
Finalmente,
P2 1 + kM12
= (4.69)
P1 1 + kM22
Para resolver para M2 em termos de M1, devemos obter outra expressão para uma das razões de
propriedades, como por exemplo a equação dada em (4.65). Da equação de estado do gás ideal, T = P/ρR,
a razão de temperaturas pode ser escrita,
T2 P2 ρ1R P2 ρ1
= =
T1 ρ2R P1 P1 ρ2
12
T2 1 + kM12 M2 2 + ( k − 1 ) M1
2
= 2 2
(4.70)
T1 1 + kM2 M1 2 + ( k − 1 ) M2
As equações (4.65) e (4.70) são duas equações para T2/T1. Podemos combiná-las e resolver para
M2 em termos de M1. Dessa forma, obtêm-se:
12
2 + ( k − 1 ) M12 1 + kM12 M2 2 + ( k − 1) M12
= 2
2 + ( k − 1 ) M22 1 + kM22 M1 2 + ( k − 1) M2
A equação anterior pode ser resolvida explicitamente para M22 . Expandindo os termos,
reagrupando e simplificando, resulta:
2 ( M22 − M12 ) − 2kM12 M22 ( M22 − M12 ) − ( k − 1 ) ( M22 − M12 )( M22 + M12 ) =
0
M22 = M12
( k − 1) M12 + 2 (4.71)
M22 =
2kM12 − ( k − 1 )
Obviamente a primeira dessas soluções é trivial e pode ser descartada, visto que, para que haja
choque, M2 deve que ser diferente de M1. A segunda solução expressa a dependência singular de M2 em
relação a M1.
Agora, tendo uma relação entre M2 e M1, podemos resolver para as razões de propriedades
através de um choque. Conhecendo M1, pode-se obter M2 da equação (4.71), em seguida as razões de
propriedades podem ser determinadas das equações (4.66) até (4.70).
T0,1
=1 (4.72)
T0,2
P2 1 + kM12
=
P1 ( k − 1 ) M12 + 2
1 + k
2kM1 − ( k − 1 )
2
P2
=
( 1 + kM12 ) 2kM12 − ( k − 1)
P1 2kM12 − ( k − 1 ) + k ( k − 1 ) M12 + 2
P2
=
(1 + kM12 ) 2kM12 − ( k − 1)
P1 2kM12 − k + 1 + k 2 M12 − kM12 + 2k
P2 (1 + kM1 ) 2kM1 − ( k − 1 )
2 2
=
P1 kM12 + k 2 M12 + k + 1
P2 (1 + kM1 ) 2kM1 − ( k − 1 )
2 2
=
P1 ( k + 1) (1 + kM12 )
P2 2kM1 − ( k − 1 )
2
= (4.73)
P1 k +1
k ( k −1)
P0,2 P0,2 P2 P1 P2 2 + ( k − 1 ) M22
= =
P0,1 P2 P1 P0,1 P1 2 + ( k − 1 ) M12
k ( k −1)
( k − 1 ) M12 + 2
2 + ( k − 1 )
P0,2 2kM12 − ( k − 1 ) 2kM12 − ( k − 1 )
=
P0,1 k +1 2 + ( k − 1) M12
k ( k −1)
2kM12 − ( k − 1 ) 2 2kM1 − ( k − 1 ) + ( k − 1 ) ( k − 1 ) M1 + 2
2 2
P0,2
=
P0,1 k +1 2kM12 − ( k − 1 ) 2 + ( k − 1 ) M12
k ( k −1)
P0,2 2kM12 − ( k − 1 ) ( k + 1) M12
= 2
P0,1 k +1 2kM1 − ( k − 1 ) 2 + ( k − 1 ) M1
2
−k ( k −1) k ( k −1)
P0,2 2kM12 − ( k − 1 ) 2kM12 − ( k − 1 ) ( k + 1 ) M12
= 2
P0,1 k +1 k +1 2 + ( k − 1) M1
−1 k −1 k ( k −1)
P0,2 2kM12 − ( k − 1 ) ( k + 1 ) M12
= 2
(4.74)
P0,1 k +1 2 + ( k − 1) M1
Por outro lado, a razão de massas específicas, ρ2/ρ1, também pode ser expressa em função do M1.
Elevando ao quadrado a equação (4.68) e substituindo M2, descrita na equação (4.71), resulta:
ρ2 M12 2 + ( k − 1 ) M22
2
= 2 2
ρ1 M2 2 + ( k − 1 ) M1
( k − 1 ) M12 + 2
2 + ( k − 1 )
2kM12 − ( k − 1 )
2
ρ2 M12
=
ρ1 ( k − 1 ) M1 + 2
2
2 + ( k − 1 ) M12
2kM1
2
− ( k − 1 )
=
ρ1 2 + ( k − 1 ) M12 2kM12 − ( k − 1 ) 2 + ( k − 1 ) M12
ρ2 M1 ( 2kM1 + k M1 + M1 )
2
2 2 2 2 2
=
ρ1 2 2
2 + ( k − 1 ) M1
M14 ( k + 1 )
2 2
ρ2
=
ρ1 2 + ( k − 1 ) M12
2
Portanto,
ρ2 ( k + 1) M1 2
= (4.75)
ρ1 2 + ( k − 1) M12
v2 2 + ( k − 1 ) M1
2
= (4.76)
v1 ( k + 1) M12
T2 2 + ( k − 1) M12
=
T1 ( k − 1) M12 + 2
2 + ( k − 1)
2kM1 − ( k − 1)
2
Portanto,
T2 2kM1 − ( k − 1) 2 + ( k − 1) M1
2 2
= (4.77)
( k + 1) M12
2
T1
12
c2 T2
12
2kM12 − ( k − 1 ) 2 + ( k − 1 ) M12
= (4.78)
=
( )
2
c1 T1 k + 1 M 2
1
Finalmente, podemos obter uma relação para a variação da entropia através da onda de choque.
Da equação (4.61):
1 −k
k −1 ρ k −1
s2 − s1 P
= ln
2 2
R P1 ρ1
1 −k
2kM1 − ( k − 1) k−1 ( k + 1) M1 k−1
2 2
s2 − s1
= ln 2 (4.79)
R k +1 2 + ( k − 1) M1
A variação de (s2−s1)/R com M1, tal como descrita pela equação (4.79), é mostrada na Fig. 4.17
para alguns valores de k. Como a entropia deve permanecer invariável ou aumentar, a equação (4.79)
será satisfeita apenas para M1 > 1.
Portanto, conclui-se que, para que haja choque, o número à montante deve ser sempre maior do
que 1 e que a onda de choque, como discutido anteriormente, deve ser sempre compressiva, isto é, P2/P1
deve ser sempre maior do que 1. Isto pode ser observado fazendo uma análise da equação (4.71) descrita
abaixo,
( k − 1) M12 + 2
M22 =
2kM12 − ( k − 1 )
Para valores de k entre 1 e 2, e sabendo que M1 é sempre maior do que 1, conclui-se, da equação
anterior que M2 será sempre menor do que 1, isto é, o escoamento à jusante de uma onda de choque
normal será sempre subsônico, tal como se mostra na Fig. 4.17.
k = 1.3
k = 1.4
k = 1.5
3
(s2 - s1)/R
-3
-6
0.3 1 5
M1
Fig. 4.17 – Variação da entropia através de uma onda de choque normal em função do M1.
As equações (4.71) até (4.79) resumem as relações de propriedades para uma onda de choque
normal estacionária como função de M1. A Fig. 4.18 mostra uma onda de choque normal estacionária
originada em uma superfície rugosa durante a passagem de um escoamento de ar em um túnel de vento.
Observa-se também a formação de uma camada limite viscosa na parede do túnel.
Fig. 4.18 – Fotografia de uma onda de choque normal ocorrida pelo escoamento sobre uma superfície
plana horizontal.
É de nosso interesse analisar alguns casos limites para a intensidade de uma onda de choque
normal estacionária. Por exemplo, quando ocorre uma onda de choque normal forte, isto é, uma onda
de choque normal onde M1 é muito grande, as equações (4.71) até (4.79) podem ser simplificadas para
dar,
P2 2kM12
= (4.80)
P1 k + 1
ρ2 k + 1
= (4.81)
ρ1 k − 1
T2 2k ( k − 1) M1
2
= (4.82)
( k + 1)
2
T1
k −1
M22 = (4.83)
2k
Outro caso limite, quando a onda de choque normal é muito fraca, pode ser analisado observando
a equação da variação de entropia dada em (4.79). Nota-se que, no caso de uma onda de choque fraca,
o escoamento pode ser considerado isentrópico, isto é, as relações para as razões de pressão e massa
específica, derivadas para o escoamento isentrópico, podem ser utilizadas para choques de baixa
intensidade. Portanto, para o caso limite de um choque fraco, a equação da continuidade pode ser escrita
como:
M2 ρ1 c1
= (4.84)
M1 ρ2 c2
1 k −1
ρ2 T2
=
ρ1 T1
12
c2 T2
=
c1 T1
( k +1) 2( k −1)
M2 T1
= (4.85)
M1 T2
T1 2 + ( k − 1 ) M2
2
= (4.86)
T2 2 + ( k − 1 ) M12
( k +1) 2( k −1)
M2 2 + ( k − 1 ) M2
2
= (4.87)
M1 2 + ( k − 1 ) M12
A equação (4.87) não tem solução analítica para M22 , no entanto, uma solução numérica pode ser
obtida utilizando o método de Newton-Raphson, dado a seguir:
f ( M22 )
( M=
) (M )
2
2 n+1
2
2 n −
f ′ ( M22 )
(4.88.a)
( k +1) ( k −1)
2
2 + ( k − 1) M22
f ( M=
2
2) M2
−
M12 2 + ( k − 1) M12
(4.88.b)
2 ( k −1)
1 ( k + 1) 2 + ( k − 1) M2
2
f ′ ( M=
2 )
2
− (4.88.c)
M12 2 ( k +1) ( k −1)
2 + ( k − 1) M1
1
Choque Atual
Choque Forte
Choque Fraco
0.8
0.6
2
M2
0.4
0.2
0 0 1
10 10
M1
Fig. 4.19 – Influência do número de Mach à montante, M1, sobre o quadrado do número de Mach à
jusante, para o choque normal forte, choque normal fraco e choque normal atual.
A equação (4.87) fornece uma relação entre o número de Mach à jusante, M2, e o número de
Mach à montante, M1, para uma onda de choque fraca. Uma vez que M2 é encontrado, as variações da
pressão, massa específica e temperatura através do choque fraco podem ser encontradas, usando as
relações isentrópicas com auxílio da equação (4.86).
Finalmente, na Fig. 4.19 apresenta-se uma comparação da variação do número de Mach para o
choque normal forte, choque normal fraco e o choque normal atual, utilizando k = 1,4. Nota-se que, as
relações de choque normal fraco podem ser aplicadas para M1 < 1,1, enquanto as relações do choque
normal forte somente devem ser aplicadas quando M1 for muito grande, isto é M1 > 10.
Uma forma alternativa para calcular as relações, P2/P1, T2/T1, ρ2/ρ1, c2/c1, P02/P01, P02/P1 e M2 como
função de M1 é uso das tabelas de onda choque que estão disponíveis em muitos livros sobre escoamento
compressível, normalmente apresentadas para k = 1,4 (Ar). Os valores dessas tabelas são derivados a
partir, naturalmente, das equações desenvolvidas e apresentadas nesta seção.
Valores representativos das funções de uma onda de choque normal estacionária para k = 1,4 são
apresentados na Tabela 4.4. A Tabela A.2 do Apêndice apresenta uma lista mais completa das
propriedades da onda de choque normal M2, P2/P1, T2/T1, ρ2/ρ1, P02/P01 e P02/P1 como função de M1.
Tabela 4.4 – Relações de propriedades através de uma onda de choque normal para o ar (k = 1,4).
Considere um escoamento supersônico passando através de um corpo com perfil rombudo, tal
como se mostra na Fig. 4.20. Como M > 1, uma onda de choque forma-se na frente do corpo.
Normalmente, esta onda de choque tem um perfil curvado, no entanto, a parte frontal desta onda é quase
uma linha reta, perpendicular ao eixo do corpo, podendo ser considerada como uma onda de choque
normal.
Assim, as condições através do choque, isto é, entre os pontos 1 e 2 da Fig. 4.20, estão
relacionadas pelas equações de onda de choque normal. Desta forma, o escoamento à jusante da onda
de choque normal será subsônico e, a desaceleração entre os pontos 2 e 3, quando a velocidade será
reduzida para zero, pode ser considerada como isentrópica. Usando este modelo de escoamento a
pressão de estagnação pode ser calculada por quaisquer condições especificadas à montante.
Como há uma variação da pressão de estagnação através do choque não é possível usar as
equações de um tubo de pitot subsônicas quando o escoamento é supersônico. No entanto, como
mencionado anteriormente, o escoamento torna-se subsônico e a desaceleração isentrópica em uma
pequena região à jusante da onda de choque normal, tal como se indica na Fig. 4.21.
P02 P02 P2
= (4.89)
P1 P2 P1
k ( k −1)
( k − 1 ) M12 + 2 2kM 2 − k − 1
P02 k − 1 1 ( )
= 1 +
P1 2kM1 − ( k − 1 )
2
2 k +1
k 1
A equação anterior também é conhecida como equação de Rayleigh para um tubo de Pitot
supersônico. Na prática P02 e P1 são medidos experimentalmente permitindo calcular, portanto, o valor
de M1. Valores de P02/P1 também são apresentados na Tabela 4.4 e no Apêndice A.2 como função de M1.
A Fig. 4.22 mostra uma fotografia das ondas de choque formadas quando um escoamento
supersônico passa sobre um perfil rombudo;
(a) (b)
Fig. 4.22 – Fotografia de uma onda de choque obliqua sobre uma superfície rombuda (a) Perfil frontal de
um avião; (b) Perfil inferior de uma capsula espacial para reentrada atmosférica.
A geometria do escoamento de um choque oblíquo mostra-se na Fig. 4.23. Assim como para o
choque normal, o estado 1 denota as condições a montante e o estado 2 a jusante. O ângulo do choque
tem um valor arbitrário β e o escoamento a jusante v2 deflete de um ângulo θ que é função de β e das
condições do estado 1. O escoamento a montante é sempre supersônico, mas o número de Mach a
jusante M2 = v2/c2 pode ser subsônico, sônico ou supersônico, dependendo das condições.
Continuidade
ρ1 v n 1 = ρ 2 v n 2 (4.91.a)
P1 − P=
2 ρ2vn22 − ρ1vn21 (4.91.b)
=0 ρ1 v n 1 ( v t 2 − v t 1 ) (4.91.c)
Energia
1 1 1 1
h1 + vn21 + vt21 =h2 + vn22 + vt22 =h0 (4.91.d)
2 2 2 2
Vemos na equação (4.91.c) que não há mudança na velocidade tangencial através de um choque
oblíquo, logo,
vt =
2 vt =
1 v=
t cte (4.92)
Logo, a velocidade tangencial tem como único efeito a adição de uma energia cinética constante
1
2
vt2 a cada lado da equação da energia (4.91.d). Concluímos que as Equações (4.91) são idênticas às
relações de choque normal, com v1 e v2 substituídas pelos componentes normais vn1 e vn2. Todas as
relações encontradas para uma onda de choque normal podem ser usadas para calcular as propriedades
de uma onda de choque oblíqua. O truque é usar os números de Mach “normais” no lugar de M1 e M2.
v n1
M=
n1 = M1 sen β (4.93a)
c1
v n2
M=
n2 = M2 sen ( β − θ ) (4.93b)
c2
Logo, para um gás perfeito com calores específicos constantes, as razões de propriedades através
de um choque obliquo podem ser escritos como:
P2 2kMn1 − ( k − 1 )
2
= (4.94.a)
P1 k +1
=2
= = (4.94.b)
ρ1 tan ( β − θ ) 2 + ( k − 1) Mn21 vn2
= (4.94.c)
( k + 1) Mn21
2
T1
−1 k −1 k ( k −1)
P0,2 2kMn21 − ( k − 1 ) ( k + 1 ) Mn21
= 2
(4.94.e)
P0,1 k +1 2 + ( k − 1 ) Mn1
( k − 1) Mn21 + 2
Mn22 = (4.94.f)
2kMn21 − ( k − 1 )
Desta forma, podemos deduzir que uma onda de choque oblíqua é o padrão de escoamento que
observaríamos se nos deslocássemos ao longo de uma onda de choque normal a uma velocidade
tangencial constante vt. Logo, os choques normal e oblíquo estão relacionados por uma transformação de
velocidade galileana, ou inercial, e, portanto, satisfazem as mesmas equações básicas.
Nota-se que o ângulo de deflexão θ aumenta com a velocidade vt até um valor máximo e depois
diminui. Com base na geometria da Fig. 4.23, o ângulo de deflexão é dado por:
vt v
=θ tan−1 − tan−1 t (4.95)
v n2 v n1
1
vt v n 2 2
= (4.96)
v n1 v n1
A Fig. 4.24 é conhecida como Diagrama Polar de Choque. Ela usa os componentes vx e vy como
coordenadas, com x paralelo a v1. Tal plotagem é chamada de hodógrafa. A linha grossa, que parece um
aerofólio espesso, é o “lugar geométrico” de todas as possíveis soluções para o dado M1 (diagrama polar
de choque). As duas linhas tracejadas em formato de rabo de peixe são soluções que aumentam v2; elas
são fisicamente impossíveis porque violam a segunda lei.
Examinando o diagrama polar de choque na Fig. 4.24, vemos que uma linha de deflexão de
pequeno ângulo θ cruza a curva polar em duas possíveis soluções: o choque forte, que desacelera
bastante o escoamento, e o choque fraco, que causa uma desaceleração bem mais suave. O escoamento
a jusante do choque forte é sempre subsônico enquanto o escoamento a jusante do choque fraco é
usualmente supersônico, mas às vezes subsônico se a deflexão for grande. Ambos os tipos de choque
ocorrem na prática. O choque fraco é prevalecente, mas o choque forte ocorrerá se houver uma obstrução
ou uma condição de alta pressão a jusante.
Fig. 4.24 – A hodógrafa polar do choque oblíquo, mostrando a solução dupla (forte e fraca) para um
pequeno ângulo de deflexão e nenhuma solução para grandes deflexões.
Fonte: White, F.M., 6°Ed. “Mecânica dos Fluidos”, (p.645)
Como a curva polar de choque tem um tamanho limitado, existe um ângulo de deflexão máximo
θmáx, mostrado na Fig. 4.24, que resvala a parte superior da curva polar. Isso verifica a discussão
cinemática que levou à Equação (4.97). O que acontece se um escoamento supersônico é forçado a
defletir de um ângulo maior que θmáx? A resposta está ilustrada na Fig. 4.25 para o escoamento em torno
de um corpo em formato de cunha.
Na Fig. 4.25a, o semiângulo θ da cunha é menor que θmáx, formando-se então um choque oblíquo
no nariz com ângulo de onda β exatamente suficiente para fazer com que a corrente supersônica de
aproximação sofra uma deflexão igual ao ângulo θ da cunha. Exceto pelo efeito usualmente pequeno do
crescimento da camada-limite, o número de Mach M2 é constante ao longo da superfície da cunha e é
dado pela solução das Equações (4.94). A pressão, massa específica e temperatura ao longo da superfície
também são quase constantes, como previsto pelas Eqs. (4.94). Quando o escoamento atinge a quina da
cunha, ele se expande para um número de Mach mais alto e forma uma esteira (não mostrada).
(a) (b)
Fig. 4.25 – Escoamento supersônico em torno de uma cunha: (a) a um pequeno ângulo de cunha, forma-
se um choque oblíquo colado; (b) a um grande ângulo de cunha, o choque colado não é
possível, e se forma um choque amplo, curvado e destacado.
Na Figura 4.25b, o semiângulo da cunha é maior que θmáx, e um choque oblíquo colado é
impossível. O escoamento não pode ser defletido de uma vez do ângulo θmáx completo, mas de alguma
maneira o escoamento ainda deve contornar a cunha. Uma onda de choque curva destacada forma-se na
frente do corpo, defletindo descontinuamente o escoamento de ângulos menores que θmáx. O
escoamento então se curva, expande e deflete subsonicamente ao redor da cunha, tornando-se sônico e
depois supersônico, assim que ele passa pela região da quina. O escoamento em cada ponto da superfície
interior do choque curvo satisfaz exatamente as relações de choque oblíquo (4.94) para aquele valor
particular de β e para o M1 dado. Cada condição ao longo do choque curvo é um ponto sobre a curva polar
de choque da Figura 4.24. Pontos na região frontal à cunha estão na família de choques fortes e pontos
após a linha sônica estão na família de choques fracos.
Toda família de soluções de choque oblíquo pode ser plotada ou calculada por meio das Equações
(4.94). Para um dado k, o ângulo da onda β varia com M1 e θ, da Equação (4.94b). Aplicando uma
identidade trigonométrica para tan(β–θ), essa equação pode ser reescrita em uma forma mais
conveniente,
Todas as soluções possíveis da equação (4.98) para k = 1,4 estão mostradas na Fig. 4.26. Para
deflexões θ < θmax, há duas soluções: um choque fraco (β pequeno) e um choque forte (β grande), como
se esperava. Todos os pontos ao longo da linha traço ponto para θmax satisfazem a Equação (4.97). Uma
linha tracejada foi adicionada para mostrar onde M2 é exatamente sônico. Vemos que há uma região
estreita perto da deflexão máxima onde o escoamento a jusante do choque fraco é subsônico.
Para deflexões nulas (θ = 0), a família de choques fracos satisfaz a relação do ângulo da onda
1
β= α= sen−1 (4.99)
M1
Logo, os choques fracos de deflexão evanescente são equivalentes a ondas de Mach. Por outro
lado, os choques fortes à deflexão nula convergem todos para a condição de choque normal β = 90°.
Fig. 4.26 – Deflexão do choque oblíquo em função do ângulo da onda para vários números de Mach a
montante, k = 1,4: curva traço-ponto, lugar geométrico de θmax, divide os choques fortes
(direita) dos choques fracos (esquerda); curva tracejada, lugar geométrico dos pontos sônicos,
divide os escoamentos com M2 subsônico (direita) daqueles com M2 supersônico (esquerda).
Fonte: White, F.M., 6°Ed. “Mecânica dos Fluidos”, (p.670)
Para qualquer valor finito de, θ, o ângulo da onda, β, para um choque fraco é maior que o ângulo
de Mach, α. Para u pequeno, a Equação (4.98) pode ser expandida em uma série de potências em tanθ
com o seguinte resultado linearizado para o ângulo da onda:
k +1
sen
= β senα + tanθ + + Θ ( tan2 θ ) + (4.100)
4cosα
Para M1 entre 1,4 e 20 e deflexões menores que 6°, essa relação prevê̂ β com precisão de 1° para
um choque fraco. Para deflexões maiores, ela pode ser usada como uma estimativa inicial útil para uma
solução iterativa da Equação (4.98).
Outras variações de propriedades através do choque oblíquo podem ser expandi- das em séries
de potências para pequenos ângulos de deflexão. De particular interesse é a variação de pressão da
Equação (4.94a), cujo resultado linearizado para um choque fraco é,
P2 − P1 kM12
= tanθ + + Θ ( tan2 θ ) + (4.101)
(M − 1)
12
P1 2
1
A forma diferencial dessa relação é usada na próxima seção para desenvolver uma teoria das
deflexões de expansão supersônica. A Figura 4.27 mostra o salto de pressão exato de um choque fraco
calculado pela Equação (4.94a). Para deflexões muito pequenas, as curvas são lineares com inclinações
dadas pela Equação (4.101).
=
s2 − s1 ( k 2 − 1) M16
tan3 θ + + Θ ( tan4 θ ) + (4.102)
12 ( M12 − 1)
32
CP
Fig. 4.27 – Salto de pressão através de uma onda de choque oblíqua da Equação (4.94a) para k = 1,4. Para
deflexões muito pequenas, a Equação (4.101) se aplica.
Fonte: White, F.M., 6°Ed. “Mecânica dos Fluidos”, (p.671)
As relações encontradas para o choque oblíquo da Seção anterior referem-se a uma deflexão, θ,
finita e compressiva, que obstrui um escoamento supersônico, reduzindo assim seu número de Mach e
sua velocidade. A presente seção trata de mudanças graduais no ângulo de escoamento que são
primariamente expansivas; ou seja, elas alargam a área do escoamento e aumentam o número de Mach
e a velocidade. As deflexões locais do escoamento são infinitesimais, de modo que o escoamento é
considerado quase isentrópico no local.
A Figura 4.28 mostra quatro exemplos, um dos quais (Figura 4.28c) não passa no teste de
mudanças graduais. A compressão gradual da Figura 4.28a é essencialmente isentrópica, com um
aumento suave de pressão ao longo da superfície, mas o ângulo de Mach aumenta ao longo da superfície
e as ondas tendem a coalescer mais para fora em uma onda de choque oblíqua. A expansão gradual da
Figura 4.28b causa um aumento isentrópico suave do número de Mach e da velocidade ao longo da
superfície, formando ondas de Mach divergentes.
A compressão súbita da Figura 4.28c não pode ser realizada por ondas de Mach: forma-se um
choque oblíquo e o escoamento é não isentrópico. Isso poderia ser o que você̂ veria se olhasse a Figura
4.28a bem de longe. Finalmente, a expansão súbita da Figura 4.28d é isentrópica e forma um leque de
ondas de Mach centradas, emanando da quina. Observe que o escoamento em qualquer linha de corrente
passando através do leque varia suavemente no sentido de maiores números de Mach e velocidades. No
limite, à medida que nos aproximamos da quina, o escoamento se expande quase descontinuamente
sobre a superfície. Os casos da Figura 4.28a, b e d podem ser tratados pela teoria das ondas supersônicas
de Prandtl-Meyer desta seção, formulada pela primeira vez por Ludwig Prandtl e seu aluno Theodor
Meyer, entre 1907 e 1908.
Observe que nada desta discussão fará sentido se o número de Mach a montante for subsônico,
pois os padrões de ondas de Mach e ondas de choque não podem existir no escoamento subsônico.
1 Ondas de Mach
Choque Oblíquo Ondas de Mach
M diminui M>1
M>1 M aumenta
2
2
1
(a) (b)
(c) (d)
Fig. 4.28 – Alguns exemplos de expansão e compressão supersônica: (a) compressão isentrópica gradual
em uma superfície côncava, as ondas de Mach coalescem mais para fora para formar um
choque obliquo; (b) expansão isentrópica gradual em uma superfície convexa, as ondas de
Mach divergem; (c) compressão súbita, forma-se um choque não isentrópico; (d) expansão
súbita, forma-se um leque de ondas de Mach isentrópico centrado.
Considere uma deflexão dθ pequena, quase infinitesimal, tal como a que ocorre entre as duas
primeiras ondas de Mach na Figura 4.28a. Das Equações (4.100) e (4.101) temos, no limite,
1
β ≈α =
sen−1 (4.103a)
M
dP kM 2
≈ dθ (4.103b)
P ( M 2 − 1)1 2
dv
− ρvdv =
dP = −kPM 2 (4.104)
v
Combinando as Equações (4.103a) e (4.104) para eliminar dP, obtemos uma relação entre o ângulo
de deflexão e a variação de velocidade,
dv
− ( M2 − 1)
12
dθ = (4.105)
v
Essa equação pode ser integrada em uma relação funcional para ângulos de deflexão finitos, se
pudermos relacionar v a M. Fazemos isso com base na definição do número de Mach:
v = Mc
ou,
dv dM dc
= + (4.106)
v M c
Por fim, podemos eliminar dc/c porque o escoamento é isentrópico e, portanto, c0 é uma
constante para um gás perfeito,
−1 2
c = c0 1 + 12 ( k − 1) M 2
ou,
dc − 12 ( k − 1) MdM
= (4.107)
c 1 + 12 ( k − 1) M 2
Eliminando dv/v e dc/c das Equações (4.105) a (4.107), obtemos uma relação unicamente entre o
ângulo de deflexão e o número de Mach:
(M − 1)
2 12
dM
dθ = − (4.108)
1 + ( k − 1) M M
1
2
2
Antes de integrarmos essa expressão, notamos que a principal aplicação é para as expansões, isto
é, com M aumentando e θ decrescendo. Logo, por conveniência, definimos o ângulo de Prandtl-Meyer
ω(M) que aumenta quando θ diminui e é zero no ponto sônico:
dω = −dθ ω = 0 em M = 1 (4.109)
Logo, integramos a Equação (4.108) desde o ponto sônico até́ um valor arbitrário de M:
(M − 1)
2 12
ω M dM
∫0
dω = ∫
1 1 + 12 ( k − 1) M 2 M
(4.110)
A integral pode ser calculada em forma fechada, com o seguinte resultado, em radianos,
12
M2 − 1
− tan−1 ( M 2 − 1)
12
ω ( M ) K 1 2 tan−1
= (4.111)
K
onde,
k +1
K=
k −1
π 12
ωmax
=
2
( K −=
1) 130,45° Se k = 1,4 (4.112)
Logo, um escoamento supersônico só́ pode se expandir através de um ângulo de deflexão finito
antes de atingir um número de Mach infinito, velocidade máxima e temperatura zero.
Uma expansão ou compressão gradual entre números de Mach finitos M1 e M2, nenhum dos quais
é igual a um, é calculada relacionando-se o ângulo de deflexão ∆ω à diferença entre os ângulos de Prandtl-
Meyer para as duas condições,
∆ω1→2= ω ( M2 ) − ω ( M1 ) (4.113)
A variação ∆ ω pode ser tanto positiva (expansão) como negativa (compressão) desde que as
condições extremas fiquem na faixa supersônica.
Fig. 4.29 – A função de expansão supersônica de Prandtl-Meyer da Equação (4.111), para k = 1,4.
Fonte: White, F.M., 6°Ed. “Mecânica dos Fluidos”, (p.676)
As teorias de choque oblíquo e expansão de Prandtl-Meyer podem seu usadas para justapor uma
variedade de campos de escoamento supersônico práticos e interessantes. Esse casamento, chamado de
teoria de choque e expansão, é limitado por duas condições: (1) exceto em situações raras, o escoamento
deve ser supersônico em toda parte e (2) o padrão da onda não deve sofrer interferência das ondas
formadas em outras partes do campo de escoamento.
A Figura 4.30 mostra um aerofólio em formato de cunha e profundidade infinita por onde passa
um escoamento supersônico de propriedades M1, v1, P1 e T1. Este escoamento está indo para cima com
um desvio λ da horizontal. Da mesma forma esta cunha é simétrica com semiângulo δ e seu eixo encontra-
se inclinado a um ângulo φ da horizontal. Nota-se que para esta direção de escoamento (indo para cima)
duas condições (choque ou expansão) podem se estabelecer na superfície superior (região 2), que vai
depender estritamente da relação entre os ângulos δ, φ e λ.
Na figura 4.30a, por exemplo, ocorre uma expansão na região 2 e uma compressão na região 3,
sempre que λ > δ −φ e λ < 90°− (δ +φ). Para entender melhor como este processo funciona, projeta-se
uma extensão da linha de corrente do escoamento (linha tracejada vermelha) para dentro da cunha, os
ângulos de deflexão, podem ser calculados a partir desta linha projetada, tanto o da superfície superior,
θ2, quanto o da inferior, θ3. O ângulo de choque na região 3, β3, seria o ângulo entre a linha de escoamento
projetada e a onda de Mach formada nesta região. Nota-se também os ângulos inicial e final do leque de
expansão, α1 e α1, traçados a partir da primeira e última onda, respectivamente.
Já na figura 4.30b, ocorrem ondas de choque oblíquo em ambas as regiões, 1 e 2, para ângulos de
λ entre 0 e (δ − φ). Neste caso, os ângulos de deflexão, tanto o da superfície superior, θ2, quanto o da
inferior, θ3, podem ser calculados usando os teoremas de ângulos internos e externos, isto é, θ2 = (δ − φ)
− λ e θ3 = λ + (δ + φ). Para o cálculo dos ângulos de choque nestas regiões de escoamento, β2 e β3, deve-
se respeitar sempre a condição de que,θ2 e θ3, sejam menores que θmax, para evitar o descolamento da
onda de choque da superfície, e evitar ao máximo as perdas de energia devido à camada limite. Neste
ponto ressaltamos a importância de calcular o valor de θmax, que depende apenas do número de Mach a
montante desta onda.
Por outro lado, temos a figura 4.31a, onde a direção do escoamento ocorre para abaixo, de forma
diferente do que na figura 4.30a, se desviando um ângulo λ da horizontal. Nestas condições, a compressão
na região 2 é garantida, já na região (3) pode ocorrer uma compressão ou uma expansão, dependendo de
como os ângulos δ, φ e λ, estejam relacionados. Por exemplo, para λ > (δ + φ) e λ < 90°− (δ − φ) origina-
se uma expansão na região inferior que possibilita o cálculo das propriedades em (3) usando a teoria de
Prandtl-Meyer, isto pode ser observado na Figura 4.31a. Já para um escoamento com λ ≥ 0 e λ ≤ (δ + φ),
resulta em ondas de choque oblíqua para todas as regiões da cunha, tal como mostrado na Figura 4.31b.
Para o caso em que, λ = φ, ambas as ondas de choque serão idênticas, conduzindo a propriedades do
escoamento idênticos em (2) e (3).
Os ângulos de deflexão, θ2 e θ3, podem ser calculados. Por exemplo, para o caso 1: θ2 = λ + (δ − φ);
e θ3 = λ − (δ + φ). Já para o caso 2: θ2 = λ + (δ − φ) e θ3 = −λ + (δ + φ).
θ2 2
v
α2
1 α1
θ3
φ
λ δ
β3
(a)
2
v 1 β2
θ2
λ φ
θ3
β3 δ
(b)
Fig. 4.30 – Escoamento supersônico inclinado para cima a um ângulo λ, sobre uma cunha cujo eixo está
deslocado um ângulo φ da horizontal. (a) Caso 1: δ − φ < λ < 90°− (δ + φ); Caso 2: 0 ≤ λ ≤ δ − φ.
v
λ 2
β2
φ
1 θ2
α1 δ
α3
3 θ3
(a)
v
2
1 β2
λ θ2
φ
δ
θ3
β3
3
(b)
Fig. 4.31 – Escoamento supersônico inclinado para baixo a um ângulo λ, sobre uma cunha cujo eixo está
deslocado um ângulo φ da horizontal. (a) Caso 1: δ + φ < λ < 90°− (δ − φ); Caso 2: 0 ≤ λ ≤ δ +
φ.
EXERCÍCIOS
4.1: Ar escoa em regime permanente entre as seções (1) e (2) de um tubo que apresenta diâmetro
igual a 102 mm (veja a Fig. E-4.1). As distribuições de pressão e de temperatura nas seções (1) e
(2) são uniformes. Sabendo que T1 = 300 K, P1 = 6,90 bar (abs), T2 = 252 K e P2 = 1,27 bar (abs).
Determine:
Fig. E-4.1
4.2: A velocidade de propagação do som é maior no verão do que no inverno? Justifique sua resposta.
4.3: Estime o valor da velocidade de propagação do som num ponto situado a 70 km acima do nível do
mar.
4.5: Um avião moderno voa a Mach 3 numa altitude de 25000 m. Qual o valor da velocidade do avião
em m/s?
4.6: Determine a velocidade do som no (a) ar, (b) dióxido de carbono, (c) hélio, (d) hidrogênio e (e)
metano. Admita que a temperatura seja igual a 20 °C e que os fluidos se comportam como gases
perfeitos.
4.7: O escoamento de um gás perfeito pode ser considerado incompressível se o número de Mach é
menor do que 0,3. Determine o valor da velocidade correspondente a este número de Mach
admitindo que o escoamento seja: (a) ar e (b) hidrogênio e que a temperatura é igual a 20 °C.
4.8: Hélio é comprimido isotermicamente de 121 kPa (abs) a 301 kPa (abs.) em um processo.
Determine a variação de entropia associada a este processo.
4.9: Ar entra em uma turbina em escoamento permanente a 0,5 kg/s com velocidade desprezível. As
condições de entrada são 1300 °C e 2 MPa (abs.). O ar é expandido através da turbina até a pressão
atmosférica. Se a temperatura e a velocidade reais na saída da turbina forem 500 °C e 200 m/s,
determine a potência produzida pela turbina. Determine os pontos de estado em um diagrama
T−s para este processo.
4.10: Um avião voa a 180 m/s a 500 m de altitude em um dia padrão. O avião sobe para 15 km e voa a
320 m/s. Calcule o número de Mach do voo em ambos os casos.
4.11: O cone de Mach encontrado no escoamento sobre uma bala apresenta ângulo igual a 28°. Qual é
a velocidade desta bala? Admita que as propriedades do ar são P = 1 atm e T = 25 °C.
4.12: Um avião F-4 faz uma passagem de alta velocidade sobre um aeroporto em um dia em que T = 35
°C. O avião voa a M = 1,4 e a 200 m de altitude. Calcule a velocidade do avião. Quanto tempo após
a sua passagem diretamente sobre o ponto A no solo o seu cone de Mach passará sobre o ponto
A?
4.13: Um avião voa numa altitude 1000 m acima do plano onde está localizado um observador.
Determine o intervalo de tempo decorrido entre o avião passar sobre o observador e ele ouvir o
som do avião sabendo que o avião voa com número de Mach igual a 1,5 e que a temperatura na
atmosfera é uniforme e igual a 20 °C.
4.14: Ar escoa isentropicamente em um duto. Na seção (1) o número de Mach é 0,3, a área é 0,001 m2
e a pressão absoluta e a temperatura são respectivamente 650 kPa e 62 °C. Na seção (2) o número
de Mach é 0,8. Esboce a forma do canal, plote um diagrama T−s para o processo e avalie as
propriedades na seção (2).
4.15: Ar entra em uma passagem (1) a uma pressão absoluta de 60 kPa, 27 °C e 486 m/s, onde A = 0,02
m2. Na seção (2), a jusante, P = 78,8 kPa (abs.). Admitindo escoamento isentrópico, calcule o
número de Mach na seção (2). Esboce a forma da passagem.
4.16: Ar escoa isentropicamente através de uma passagem, em regime permanente. Na seção (1), onde
a área transversal é de 0,02 m2, o ar está a 40 kPa (abs.), 60 °C e M = 2. Na seção (2), a jusante, a
velocidade é de 519 m/s. Calcule o número de Mach na seção (2). Esboce a forma de passagem
entre as seções (1) e (2).
4.17: Ar escoa isentropicamente e, em regime permanente, através de uma passagem a 100 kg/s. Na
seção onde A = 0,464 m2, M = 3, T = −60 °C e P = 15 kPa (abs.). Determine a velocidade e a área
da seção transversal à jusante, onde T = 138 °C. Esboce a forma da passagem.
4.18: Ar escoa através de um bocal com uma área de entrada de 10 cm2. Se o ar possui uma velocidade
de 80 m/s, uma temperatura de 28 °C, e uma pressão de 700 kPa na seção de entrada e uma
pressão de 250 kPa na seção de saída. Encontre a vazão de massa através do bocal. Admitindo um
escoamento isentrópico e unidimensional encontre a velocidade na seção de saída do bocal.
Considere que a razão de calores específicos e a constante específica do ar sejam 1,4 e 287 J/kg-
K, respectivamente.
Fig. E-4.18
4.19: Um gás com uma massa molar de 39,9 e uma razão de calores específicos de 1,67 é descarregado
de um reservatório de grandes dimensões no qual a pressão é 500 kPa, a temperatura é 30 °C e a
velocidade do fluido é zero na entrada do bocal. Admitindo escoamento isentrópico e
unidimensional. Se a pressão em alguma seção do bocal é 80 kPa, calcule o número de Mach, a
temperatura e a velocidade nesta seção. Se o bocal possui uma seção transversal circular e seu
diâmetro é 12 mm, encontre a vazão volumétrica através do bocal.
Fig. E-4.19
4.20: Um gás com uma massa molar de 4 e uma razão de calores específicos de 1,3 escoa através de um
duto de seção variável. Em algum ponto do escoamento, a velocidade é 150 m/s, a pressão é 100
kPa e a temperatura é 15 °C. Encontre o número de Mach neste ponto do escoamento. Em outra
seção do duto a temperatura do escoamento é encontrada a ser de −10 °C. Encontre o número
de Mach, pressão e velocidade nesta seção admitindo que o escoamento é isentrópico e
unidimensional.
Fig. E-4.20
4.21: Ar entra em um duto longo, isolado termicamente, a M1 = 0,2; T1 = 286 K e P1 = 98,5 kPa (abs.). A
jusante as propriedades são, M2 = 0,6; T2 = 268,9 K e P2 = 31,3 kPa (abs.). Avalie as condições de
estagnação isentrópica local (a) na seção de entrada e (b) na seção de saída. Calcule a variação na
entropia específica ao longo do duto. Plote os pontos de estado de estagnação e estático em um
diagrama T−s.
4.22: Um Boeing 747 voa em cruzeiro a M = 0,87 a uma altitude de 13 km em um dia padrão. Uma janela
na cabine do piloto localiza-se onde o número de Mach do escoamento externo é 0,2 em relação
à superfície do avião. A cabine é pressurizada para uma altitude equivalente de 2500 m em uma
atmosfera padrão. Estime a diferença de pressão através da janela. Certifique-se de especificar o
sentido da força da pressão resultante.
4.23: Um cartucho de CO2 é usado para propelir um foguete de brinquedo. O gás no cartucho é
pressurizado a 45 MPa (man.) e está a 25 °C. Calcule as condições críticas (temperatura,
velocidade e pressão do escoamento) que correspondem a essas condições de estagnação.
4.24: O reservatório de armazenamento de gás de um túnel de vento de alta velocidade contém hélio
a 2500 K e 6 MPa (man.). Calcule as condições críticas (temperatura, pressão e velocidade de
escoamento) que correspondem a essas condições de estagnação.
4.26: A corrente de gás quente na entrada da turbina de um motor a jato JT9-D está a 1288 °C, 140 kPa
(abs.) e M = 0,32. Calcule as condições críticas (temperatura, velocidade e pressão do escoamento)
que correspondem a essas condições. Admita as propriedades do fluido como ar puro.
4.27: Uma passagem é projetada para expandir ar isentropicamente para a pressão atmosférica a partir
de um grande tanque no qual as propriedades são mantidas constantes a 5 °C e 304 kPa (abs.). A
vazão desejada é de 1 kg/s. Determine a área de saída da passagem. Esboce o gráfico do número
de Mach e da pressão em função da distância ao longo da passagem.
4.28: Ar, a uma pressão absoluta de 60 kPa e 27 °C, entra em uma passagem a 486 m/s, onde A = 0,02
m2. Na seção (2) à jusante, P = 78,8 kPa (abs.). Admitindo escoamento isentrópico, calcule o
número de Mach na seção (2). Esboce a forma da passagem.
4.31: Ar escoa de um grande tanque, P = 650 kPa (abs.) e T = 550 °C, através de um bocal convergente
com uma área de garganta de 600 mm2 e descarrega para a atmosfera. Determine a vazão em
massa do escoamento isentrópico através do bocal.
4.32: Um bocal convergente, com área de garganta de 0,001 m2, é operado com ar a uma contrapressão
de 591 kPa (abs.). O bocal é alimentado a partir de uma grande câmara pressurizada onde a
pressão absoluta de estagnação e a temperatura são, respectivamente, 1,0 MPa e 60 °C. O número
de Mach na saída e a vazão em massa deverão ser determinados.
4.33: Ar escoa isentropicamente através de um bocal convergente. Em uma seção em que a área do
bocal é 1,17×10−3 m2, a pressão local, a temperatura e o número de Mach são 413,7 kPa, 277,6 K
e 0,52, respectivamente. A contrapressão é de 206,9 kPa. Determine o número de Mach, a vazão
em massa e a área da garganta.
4.34: Ar escoa isentropicamente em um bocal convergente-divergente, com área de saída de 0,001 m2.
O bocal é alimentado a partir de uma grande câmara de pressão onde as condições de estagnação
são de 350 K e de 1 MPa (abs.). A contrapressão é de 954 kPa (abs.) e o número de Mach na
garganta é 0,68.
a) Determine as condições de escoamento na garganta (Tt, Pt, ρt, vt, At) e o número de Mach na
saída.
b) Se o bocal tem uma contrapressão de projeto de 87,5 kPa (abs.) mas é operado a uma
contrapressão de 50 kPa (abs.). Admitindo que o escoamento dentro do bocal seja
isentrópico, calcule o número de Mach na saída e a vazão de massa.
4.35: Ar com P0 = 650 kPa (abs.) e T0 = 350 K, escoa isentropicamente através de um bocal convergente.
Na seção em que a área do bocal é de 2,6×10−3 m2, o número de Mach é 0,5. O bocal descarrega
para uma região com pressão de 270 kPa (abs.). Determine a área de saída do bocal.
4.36: Um grande tanque supre ar para um bocal convergente que descarrega para a pressão
atmosférica. Admita que o escoamento é reversível e adiabático. Para qual faixa de pressões no
tanque o escoamento na saída do bocal será sônico? Se a pressão no tanque for de 600 kPa (abs.)
e a temperatura de 600 K, determine a vazão em massa através do bocal, se a área de saída for
de 1,29x10−3 m2.
4.37: Uma passagem é projetada para expandir ar isentropicamente para a pressão atmosférica a partir
de um grande tanque no qual as propriedades são mantidas constantes a 5 °C e 304 kPa (abs.). A
vazão desejada é de 1 kg/s. Determine a área de saída de passagem. Esboce o gráfico do número
de Mach e da pressão em função da distância ao longo da passagem.
4.38: Ar escoa isentropicamente através de um bocal conectado a um grande tanque onde a pressão
absoluta é de 171 kPa e a temperatura é de 27 °C. Na seção de entrada o número de Mach é 0,2.
O bocal descarrega para a atmosfera, a área de descarga é de 0,015 m2. Determine a magnitude
e o sentido da força que deve ser aplicada para manter o bocal no lugar.
4.39: Um pequeno motor a ignição por centelha é testado em condição atmosférica padrão. Em marcha
lenta, o consumo de ar é 0,35 kg/min; a pressão no coletor de admissão é de 635 mmHg (vácuo).
Determine a área de escoamento do carburador.
4.40: Considere um “carrinho foguete” propelido por um jato que é suprido por um tanque de ar
comprimido sobre o carrinho. Inicialmente, o ar no tanque está a 1,52 MPa (abs.) e 27 °C, e a
massa do carrinho e tanque é m0 = 23,2 kg. O ar descarrega através de um bocal convergente com
área de saída Ae = 31,7 mm2. A resistência de rolamento do carrinho é FR = 5,2 N; a resistência
aerodinâmica é desprezível. No instante seguinte ao início do fluxo de ar através do bocal: (a)
Calcule a pressão no plano de saída do bocal; (b) Avalie a vazão em massa de ar através do bocal
e; (c) Calcule a aceleração do conjunto carrinho e tanque.
4.41: Um gás ideal, com k = 1,4, escoa isentropicamente através de um bocal convergente e descarrega
para o interior de um grande duto onde a pressão é Pb = 125 kPa (abs.). O gás não é o ar e a sua
constante, R, é desconhecida. O escoamento é permanente e uniforme em todas as seções.
Determine a área de saída do bocal, Ae, e a velocidade de saída do jato, ve.
4.42: Um grande tanque termicamente isolado, pressurizado a 620 kPa (man.), fornece ar para um bocal
convergente que descarrega para a atmosfera. A temperatura inicial no tanque é de 127 °C.
Quando o escoamento através do bocal é iniciado, qual é o número de Mach no plano de saída do
bocal? Qual é a pressão no plano de saída quando o escoamento é iniciado? Em que condição o
número de Mach no plano de saída será modificado? Como será a variação da pressão no plano
de saída com o tempo? Qual a sua estimativa para a temperatura do ar no tanque quando a vazão
do escoamento através do bocal aproxima-se de zero?
4.43: Um avião de transporte a jato, com cabine pressurizada, viaja a 11 km de altitude. A temperatura
e a pressão na cabine são inicialmente 25 °C e o equivalente a 2,5 km de altitude. O volume interior
da cabine é de 25 m3. Ar escapa através de um pequeno orifício com área efetiva de escoamento
de 0,02 m2. Calcule o tempo requerido para que a pressão na cabine decresça 40%.
4.44: Ar escapa de um pneu de bicicleta de alta pressão através de um furo com diâmetro d = 0,254
mm. A pressão inicial no pneu é P1 = 620 kPa (man.). Admita que a temperatura permanece
constante a 27 °C. O volume interno do pneu é de aproximadamente 4,26×10−4 m3, e é constante.
Estime o tempo necessário para a pressão no pneu cair para 310 kPa (man.). Calcule a variação de
entropia específica do ar no pneu durante este processo.
4.45: Um bocal convergente-divergente, projetado para expandir o ar para M = 3, tem área de saída de
250 mm2. O bocal é parafusado na lateral de um grande tanque e descarrega para a atmosfera
padrão. O ar no tanque está pressurizado a 4,5 MPa (man.), a 750 K. Admita que o escoamento
seja isentrópico no bocal. Avalie a pressão no plano de saída do bocal. Calcule a vazão mássica do
ar através do bocal.
4.46: Ar a uma pressão de estagnação de 7,2 MPa (abs.) e uma temperatura de estagnação de 1100 K,
escoa isentropicamente através de um bocal convergente-divergente que tem uma área de
garganta de 0,01 m2. Determine a velocidade e a variação mássica na seção à jusante onde o
número de Mach é 4.
4.47: Um choque normal ocorre em um duto. O fluido é o ar, que pode ser considerado um gás ideal.
As propriedades a montante do choque são T1 = 5 °C, P1 = 65 kPa (abs.) e v1 = 668 m/s. Determine
às propriedades a jusante (P2, T2, M2, v2, ρ2, T02, P02) e s2 – s1. Determine também as propriedades
de estagnação a montante (T01, P01). Organize os dados em uma tabela e compare as propriedades
e esboce um diagrama T−s para representar seus resultados.
4.48: Uma onda de choque ocorre em uma região de um escoamento de ar onde a pressão é 30 kPa e
a temperatura é −30 °C. Se a razão de pressões através da onda de choque é de 2,7, encontre a
pressão e a temperatura à jusante desta onda de choque normal e as velocidades antes e depois
do choque. Encontre também a variação na pressão de estagnação através do choque.
4.49: Um gás com uma massa molar de 39,9 e uma razão de calores específicos de 1,67 é descarregado
através de um bocal. Uma onda de choque normal ocorre em uma seção do escoamento no qual
o número de Mach é 2,5, a pressão é 40 kPa e a temperatura é −20 °C. Encontre o número de
Mach, a pressão e a temperatura à jusante da onda de choque desta onda de choque normal.
Fig. E-4.49
Fig. E-4.50
4.51: Uma onda de choque normal ocorre em um escoamento de ar, em um ponto onde a velocidade
é 680 m/s, a pressão estática é 80 kPa e a temperatura estática é 60 °C. Encontre a velocidade, a
pressão estática e a temperatura estática à jusante da onda de choque. Encontre também as
pressões e temperaturas de estagnação à montante e a jusante da onde choque.
4.52: Ar escoa sobre um corpo de perfil rombudo. A corrente livre à montante do corpo tem um número
de Mach de 1,5 e uma pressão estática de 40 kPa. Encontre a pressão agindo na superfície frontal
deste corpo.
Fig. E-4.52
4.53: A razão de pressões através de uma onda de choque normal que ocorre em ar é de 1,25. À frente
da onda de choque, a pressão é de 100 kPa e a temperatura é de 15 °C. Encontre a velocidade,
pressão e temperatura do ar atrás da onde choque.
4.54: Ar a uma temperatura de 10° C e a uma pressão de 50 kPa flui sobre um perfil de formato rombudo
a uma velocidade de 500 m/s. Estime a pressão agindo na superfície deste corpo.
4.55: Uma onda de choque normal em ar ocorre em um ponto onde a velocidade é 600 m/s e a
temperatura de estagnação e pressão são 200 °C e 600 kPa, respectivamente. Encontre o número
de Mach, pressão e temperatura à jusante e à montante da onda de choque.
4.56: Ar é expandido isentropicamente de um reservatório no qual a pressão é 1000 kPa para outro
onde a pressão é de 150 kPa. Uma onda de choque normal ocorre em um ponto neste
escoamento. Encontre a pressão à montante da onde de choque.
4.57: Os gases de exaustão de um motor foguete possuem uma massa molar de 14. Eles podem ser
assumidos a se comportarem como um gás perfeito com uma razão de calores específicos de 1,25.
Esses gases são acelerados através de um bocal convergente-divergente. Uma onda de choque
normal ocorre no bocal em um ponto no escoamento onde o número de Mach é 2. Encontrar as
razões de pressão, temperatura, massa específica e pressão de estagnação através da onda de
choque.
4.59: Um gás com uma massa molar de 4 e uma razão de calores específicos de 1,67 é expandido de um
reservatório de grandes dimensões, onde a pressão e a temperatura são 600 kPa e 35 °C,
respectivamente, através de um bocal até alcançar um número de Mach de 1,5. Uma onda de
choque normal ocorre neste ponto do escoamento. Encontrar a pressão e a velocidade à jusante
da onda de choque.
4.60: Ar é expandido isentropicamente desde uma câmara de grandes dimensões na qual a pressão é
de 10000 kPa e a temperatura é 50 °C até que o número de Mach alcance um valor de 2. Uma
onda de choque normal então ocorre neste ponto do escoamento. Seguindo a onda de choque, o
ar é isentropicamente desacelerado até que a velocidade é novamente igual à zero. Encontre a
pressão e a temperatura neste ponto.
4.61: Um choque normal ocorre quando um tubo de Pitot-estática é inserido em um túnel de vento
supersônico. Pressões medidas pelo tubo são P02 = 68,1 kPa (abs.) e P2 = 54,8 kPa (abs.). Antes do
choque, T1 = 160 K e P1 = 11 kPa (abs.). Calcule a velocidade do ar no túnel de vento.
4.62: Ar aproxima-se de um choque normal a M1 = 3, com T01 = 700 K e P1 = 120 kPa (abs.). Determine
a velocidade e a temperatura do ar saindo do choque e a variação de entropia através do choque.
4.63: Ar aproxima-se de um choque normal a T1 = 18 °C, P1 = 101 kPa (abs.) e v1 = 766 m/s. Determine
a velocidade imediatamente a jusante do choque e a mudança de pressão através do mesmo.
Calcule a variação na pressão correspondente para uma desaceleração sem choque e sem atrito
entre as mesmas velocidades.
4.64: Um avião supersônico voa a M = 2,2 e 12 km de altitude. Um tubo de Pitot é usado para medir a
pressão requerida para o cálculo da velocidade do ar. Um choque normal ocorre a montante do
tubo. Avalie as condições de estagnação isentrópica local na frente do choque. Estime a pressão
medida pelo tubo de Pitot. Mostre todos os pontos de estado de estagnação e estático e o
caminho do processo em um diagrama T−s.
4.66: Um túnel de vento supersônico deve ser operado a M = 2,2 na seção de teste. A montante da
seção de teste, a área da garganta do bocal é de 0,07 m2. Ar é suprido nas condições de estagnação
de 500 K e 1 MPa (abs.). Em uma condição de escoamento, enquanto a velocidade no túnel está
em ascensão, um choque normal ocorre no plano de saída do bocal. O escoamento é permanente.
Para essa condição de partida, imediatamente a jusante do choque, determine: (a) o número de
Mach; (b) a pressão estática; (c) a pressão de estagnação e (d) a área mínima, teoricamente
possível, para a segunda garganta a jusante da seção de teste. Em um diagrama T−s, mostre os
pontos de estado de estagnação e estático, e o sentido do processo.
4.68: Uma onda de choque propaga-se para fora de uma explosão. Em raios grandes, a curvatura é
pequena e a onda pode ser considerada como um choque normal de grande intensidade. O
aumento de pressão e temperatura associado com a onda diminui vagarosamente à medida que
ela desloca-se para fora. Em um instante, uma frente de onda desloca-se a M = 1,6 com relação
ao ar não perturbado na condição padrão. Determine: (a) a velocidade do ar a jusante da onda de
choque com relação à onda e; (b) a velocidade do ar a jusante da onda de choque como vista por
um observador sobre o solo. Desenhe um diagrama T−s para o processo como visto por um
observador sobre a onda, indicando os pontos de estado estáticos e de estagnação e os valores
das propriedades.
4.69: Ar supersônico faz um giro de compressão de 5°, como mostrado na Figura. Calcule a pressão e o
número de Mach a jusante e o ângulo da onda.
M2,P2
P1 = 100 kPa
M1 = 3
5°
Fig. E-4.69
4.70: Quando um escoamento ao nível do mar aproxima-se de uma rampa de ângulo de 20°, forma-se
uma onda de choque oblíqua, como na Figura abaixo. Calcule (a) M1, (b) P2, (c) T2 e (d) v2. É um
choque forte ou fraco?
1
40°
20°
Fig. E-4.70
4.71: Sabe-se que, para k = 1,4, a máxima deflexão possível causada por uma onda de choque oblíqua
ocorre para um número de Mach de aproximação infinito é θmax = 45,58°. Considerando gás
perfeito, qual é θmax para (a) Argônio e (b) Dióxido de carbono.
4.72: O escoamento de ar, mostrado na Figura E-4.72, sofre um giro de compressão total de 5°, na forma
de cinco giros de compressão separados de 1° cada. Calcule o número de Mach e a pressão finais.
Compare seus resultados com os do exercício 4.69.
M6,P6
1°
1°
6
P1 = 100 kPa 5
M1 = 3 1°
4
3 1°
1 2
1°
Fig. E-4.72
4.73: Um escoamento de ar com M = 2,8, P = 80 kPa e T = 280 K sofre um giro de compressão de 15°.
Encontre os valores a jusante de (a) Número de Mach, (b) Pressão e (c) temperatura.
4.74: Ar escoa em torno de um corpo bidimensional com nariz em forma de cunha, como na Figura E-
4.74. Determine o semiângulo da cunha, δ, para que o componente horizontal da força total de
pressão sobre o nariz seja de 35 kN por metro de profundidade normal ao plano da figura.
P1 = 100 kPa P2
M1 = 3
F
δ
12 cm
Fig. E-4.74
4.75: Ar escoa com velocidade supersônica rumo a uma rampa de compressão, como na Figura E-4.75.
Uma rebarba na parede no ponto a produz uma onda com 30° de ângulo, enquanto o choque
oblíquo gerado tem um ângulo de 50°. Qual é (a) o ângulo da rampa, θ, e (b) o ângulo da onda, α,
produzido por uma rebarba em b?
Fig. E-4.75
4.76: Um escoamento de ar à temperatura de 300 K atinge uma cunha e é defletido 12°. Se a onda de
choque resultante é colada e a temperatura após o choque é de 450 K, (a) calcule o número de
Mach de aproximação e o ângulo da cunha. (b) Por que existem duas soluções?
4.77: Ar escoa a M = 3 e P = 68,95 kPa absoluta com incidência igual a zero rumo a uma cunha com
ângulo de 16°, como na Figura E-4.77. Se a extremidade aguda estiver para a frente, (a) qual será
a pressão no ponto A? Se a extremidade abrupta estiver para a frente, (b) qual será a pressão no
ponto B?
Fig. E-4.77
4.78: Ar escoa supersonicamente rumo ao sistema de dupla cunha na Figura E-4.78. As coordenadas (x,
y) das pontas são dadas. A onda de choque da cunha anterior atinge a ponta da cunha posterior.
Ambas as cunhas têm ângulos de deflexão de 15°. Qual é o número de Mach da corrente livre?
Fig. E-4.78
4.79: Quando uma onda de choque oblíqua atinge uma parede sólida, ela reflete como um choque de
intensidade suficiente para fazer o escoamento na saída com M3 ficar paralelo à parede, como na
Figura E-4.79. Para escoamento de ar com M1 = 2,5 e P1 = 100 kPa, calcule M3, P3 e o ângulo α.
Fig. E-4.79
4.80: Uma dobra na superfície inferior de um duto com escoamento supersônico induz uma onda de
choque que reflete na superfície superior, como na Figura E-4.80. Calcule o número de Mach e a
pressão na região 3.
Fig. E-4.80
4.81: Uma cunha de semiângulo de 6° cria o sistema com onda de choque refletida da Figura E-4.81. Se
M3 = 2,5, encontre (a) M1 e (b) o ângulo α.
Fig. E-4.81
4.82: Ar supersônico a M1 = 2 e P1 = 230 kPa escoa paralelamente a uma parede plana que se expande
repentinamente com δ = 10°. Ignorando todos os efeitos causados pela camada limite ao longo
da parede, calcular o número de Mach e a pressão à jusante, M2 e P2. Encontre também os ângulos
das ondas de Mach no início e no fim da expansão.
4.83: Ar (k = 1,4) escoa com M1 = 3 e P1 = 200 kPa. Calcule os valores finais do número de Mach e da
pressão a jusante para (a) uma deflexão de expansão de 20° e (b) uma deflexão de compressão
gradual de 20°.
4.84: Ar que escoa a 32 kPa, 240 K e M1 = 3,6 é forçado a sofrer uma curva de expansão de 15°.
Determine o número de Mach, a pressão e temperatura do ar após a expansão.
4.85: Um escoamento supersônico tem os seguintes dados à montante, M1 = 3 e P1 = 100 kPa. Calcule
a pressão e o número de Mach à jusante para um giro de compressão isentrópica de 5°, utilizando
a teoria de Prandtl-Meyer.
4.86: O escoamento supersônico de ar faz um giro de expansão de 5°, como na Figura E-4.86. Calcule o
número de Mach e a pressão a jusante.
Leque de expansão
M1 = 3
P1 = 100 kPa
M2, P2
5°
Fig. E-4.86
M1 = 2,4
10° 25°
Fig. E-4.87
4.89: Um escoamento de ar com M1 = 3,2 passa por uma deflexão de choque oblíquo de 25°. Que giro
de expansão isentrópica é necessário para trazer o escoamento de volta para M1?
4.90: Um escoamento supersônico de ar com M1 = 1,64 e P1 = 117,78 kPa passa por uma expansão
isentrópica. (a) Que ângulo de giro criará um leque de Prandtl-Meyer que trará o número Mach
para 2,0? (b) Qual será́ a pressão final?
4.91: Ar a M1 = 2,0 e P1 = 100 kPa passa por uma expansão isentrópica para uma pressão a jusante de
50 kPa. Qual é o ângulo de giro desejado em graus?
4.92: Ar escoa supersonicamente sobre uma superfície que muda de direção duas vezes, como na Figura
E-4.92. Calcule (a) M2 e (b) P3.
Leque de expansão
M2
M1 = 2
P1 = 200 kPa
P3
170° 168°
Fig. E-4.92
4.93: Ar escoa supersonicamente sobre uma superfície em arco de círculo, como na Figura E-4.93.
Calcule (a) o número de Mach M2 e (b) a pressão P2 assim que o escoamento deixa a superfície
circular.
M1 = 2
P1 = 150 kPa M2
32° P2
Fig. E-4.93
RESPOSTAS
4.1: (a) ∆u = −34,464 kJ/kg; (b) ∆h = −48,192 kJ/kg; (c) ∆ρ = −6,26 kg/m3; (d) ∆s = 0,311 kJ/kg-K
4.2: Como a temperatura sobe no verão e a velocidade do som é diretamente proporcional à
temperatura, portanto, cverão > cinverno
4.3: c = 297 m/s
4.4: (a) M = 0,032; (b) M = 0,073; (c) M = 0,13
4.5: v = 894,925 m/s
4.6: (a) c = 343 m/s; (b) c = 267,27 m/s; (c) c = 1005,25 m/s; (d) c = 1305,61 m/s; (e) c = 446,14 m/s
4.7: (a) v = 102,943 m/s; (b) v = 391,683 m/s
4.8: ∆s = −1893 J/kg-K
4.9: W = −391,6 kW
4.10: (a) M1 = 0,532; (a) M2 = 1,085
4.11: v = 737,11 m/s
4.12: (a) v = 492,536 m/s; (b) ∆t = 0,398 s
4.13: t = 2,17 s
4.14: T2 = 302 K; P2 = 454 kPa; ρ2 = 5,24 kg/m3; c2 = 348 m/s; v2 = 278 m/s; A2 = 5,10×10−4 m2
4.15: M2 = 1,199
4.16: M2 = 1,2
4.17: v2 = 610,689 m/s; A2 = 0,129 m2
4.18: m = 0,648 kg/s; v2 = 399,72 m/s
4.19: M1 = 1,8; T1 = 144,2 K; v1 = 403,23 m/s; Q = 45,6 L/s
4.20: M2 = 0,815; P2 = 67,5 kPa; v2 = 687,3 m/s
4.21: (a) T01 = 288 K; P01 = 101 kPa; (b) T02 = 288 K; P02 = 39,9 kPa; (c) s2 – s1 = 267 J/kg-K
4.22: ∆P = Pin − Pout = 48,2 kPa
4.23: T* = 260 K; P* = 24,7 MPa (abs.); v* = 252 m/s
4.24: T* = 1880 K; P* = 2,98 MPa (abs.); v* = 2550 m/s
4.25: Tt = 3181,82 K; Pt = 22,64 MPa (abs.); vt = 1110,53 m/s
4.26: T* = 1328 K; P* = 79,2 kPa (abs.); v* = 731,5 m/s
4.27: Ae = 1,49×10−3 m2
4.28: M2 = 1,20
4.29: Pe = 112,15 kPa
4.30: m = 8,477 kg/s
4.31: m = 0,55 kg/s
4.32: Me = 0,9; m = 2,194 kg/s
4.33: Me = 1; m = 1,055 kg/s; Ae = 8,977×10−4 m2
4.34: (a) Pt = 733,758 kPa; Tt = 320,372 K; ρt = 7,983 kg/m3; vt = 243,93 m/s; At = 4,789×10−4 m2; Me =
0,26; (b) Me = 2,24; m = 1,035 kg/s
4.35: Ae = 1,941×10−3 m2
4.36: P0 ≥ 191,9 kPa; m = 1,28 kg/s
4.37: Ae = 1,48×10−3 m2
4.38: Rx = 1551,8 N (Para a direita)
4.39: At = 24,1 mm2
4.40: (a) Pe = 803 kPa (abs.); (b) m
= 0,113 kg/s; (c) arfx = 2,28 m2/s
4.41: Ae = 0,0174 m ; ve = 439 m/s
2
Para a análise das equações de movimento devem-se considerar dois tipos de forças que atuam
no elemento de fluido: as forças de superfície (que atuam na superfície do elemento, entre elas estão a
pressão e a tensão de cisalhamento) e as forças de campo (que são forças distribuídas que atuam no meio
fluido. A atração gravitacional e a força eletromagnética são exemplos de forças de campo).
As equações de movimento podem ser obtidas aplicando as expressões para as forças de campo
e de superfície na segunda lei de Newton, dada por:
δ F = δ ma (5.1)
O vetor aceleração dado na equação (5.1) foi descrito na Unidade 3, pelas Eqs. (3.19). Da mesma
forma o vetor da força total é a soma das forças de campo e de superfície, ou seja,
δ=
F δ Fb + δ Fs (5.2)
Nesta unidade iremos considerar a força de campo devida à aceleração da gravidade, assim,
δ Fb = δ mg
onde, g é o vetor aceleração e δm = ρδxδyδz. Também podemos expressar o vetor de forças de campo
como função das suas componentes, ou seja,
δ Fb = δ Fbx ˆi + δ Fby ˆj + δ Fbz kˆ (5.3)
δ Fbx = δ mgx
δ Fbz = δ mgz
δ Fs = δ Fsx iˆ + δ Fsy ˆj + δ Fsz kˆ (5.5)
∂σ xx ∂τ yx ∂τ zx
δ Fsx = + + δ xδ yδ z (5.6.a)
∂x ∂y ∂z
∂τ xy ∂σ yy ∂τ zy
δ Fsy = + + δ xδ yδ z (5.6.b)
∂x ∂y ∂z
∂τ xz ∂τ yz ∂σ zz
δ Fsz = + + δ xδ yδ z (5.6.c)
∂x ∂y ∂z
Fig. 5.1 – Componentes na direção x das forças superficiais que atuam em um elemento de fluido.
Assim, as equações de movimento para o elemento de fluido descrito na Fig. 5.1, podem ser
obtidas substituindo as Eqs. (5.3) e (5.5) em (5.2), ou seja,
∂σ xx ∂τ yx ∂τ zx ∂u ∂u ∂u ∂u
ρ gx + + + = ρ +u +v +w (5.7.a)
∂x ∂y ∂z ∂t ∂x ∂y ∂z
∂τ xy ∂σ yy ∂τ zy ∂v ∂v ∂v ∂v
ρ gy + + + = ρ +u +v +w (5.7.b)
∂x ∂y ∂z ∂t ∂x ∂y ∂z
∂τ xz ∂τ yz ∂σ zz ∂w ∂w ∂w ∂w
ρ gz + + + = ρ +u +v +w (5.7.c)
∂x ∂y ∂z ∂t ∂x ∂y ∂z
Note que o volume do elemento fluido, δ∀ = δxδyδz, não aparece nestas equações. As expressões
dadas nas Eqs. (5.7) são as equações diferenciais gerais do movimento para um fluido. De fato, elas são
aplicáveis a qualquer meio continuo (sólido ou fluido) em movimento ou em repouso.
1 ∂ ( rσ rr ) 1 ∂τ θ r σ θθ ∂τ zr ∂v ∂v v ∂v v 2 ∂v
ρ gr + + − + = ρ r + vr r + θ r − θ + v z r (5.8.a)
r ∂r r ∂θ r ∂z ∂t ∂r r ∂θ r ∂z
1 ∂ ( r τ rθ ) 1 ∂σ θθ ∂τ zθ
2
∂v ∂v v ∂v v v ∂v
ρ gθ + 2 + + = ρ θ + vr θ + θ θ − r θ + v z θ (5.8.b)
r ∂r r ∂θ ∂z ∂t ∂r r ∂θ r ∂z
1 ∂ ( rτ rz ) 1 ∂τ θ z ∂σ zz ∂v ∂v v ∂v z ∂v
ρ gz + + + = ρ z + vr z + θ + vz z (5.8.c)
r ∂r r ∂θ ∂z ∂ t ∂ r r ∂θ ∂z
1 ∂ ( r σ rr ) 1 ∂ (τ θ r senθ )
2
1 ∂τ φr σ θθ + σ φφ
ρ gr + + + − ...
=
r 2
∂r r senθ ∂θ r senθ ∂φ r
(5.9.a)
∂v ∂v v ∂v v 2 2
∂vr vθ + vφ
ρ r + vr r + θ r + φ −
∂t ∂r r ∂θ r senθ ∂φ r
1 ∂ ( r τ rθ ) 1 ∂ (σ θθ senθ )
3
1 ∂τ φθ σ φφ cotθ
ρ gθ + 3 + + − ...
=
r ∂r r senθ ∂ θ r senθ ∂φ r
(5.9.b)
∂v ∂vθ vr vθ vφ cotθ
2
∂v v ∂v v
ρ θ + vr θ + θ θ + φ + −
∂t ∂r r ∂θ r senθ ∂φ r r
1 ∂ ( r τ rφ ) 1 ∂ (τ θφ senθ )
3
1 ∂σ φφ τ φθ cotθ
ρ gφ + + + + ...
=
r 3
∂r r senθ ∂θ r senθ ∂φ r
(5.9.c)
∂v ∂v v ∂v v ∂vφ vr vφ vφ vθ cotθ
ρ φ + vr φ + θ φ + φ + −
∂t ∂r r ∂θ r senθ ∂φ r r
Note-se que as relações entre as tensões e as taxas de deformação são lineares nos fluidos
Newtonianos e incompressíveis. Utilizando um sistema de coordenadas cartesiano para expressar as
tensões normais, resulta,
2 ∂u
σ xx = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ (5.10.a)
3 ∂x
2 ∂v
σ yy = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ (5.10.b)
3 ∂y
2 ∂w
σ zz = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ (5.10.c)
3 ∂z
onde, P é a pressão termodinâmica local, definida como o negativo da média das três tensões normais,
ou seja,
1
− (σ xx + σ yy + σ zz )
P= (5.11)
3
As três tensões normais não são necessariamente iguais para os fluidos viscosos em movimento.
Quando o fluido está em repouso, ou em situações onde os efeitos viscosos são desprezíveis, as três
tensões normais são iguais.
Por outro lado, a tensão viscosa é proporcional à taxa de deformação por cisalhamento (taxa de
deformação angular). As tensões podem ser expressas em termos dos gradientes de velocidade e das
propriedades dos fluidos, ou seja,
∂u ∂v
τ=
xy τ=
yx µ + (5.12.a)
∂y ∂x
∂v ∂w
τ=
yz τ=
zy µ + (5.12.b)
∂z ∂y
∂w ∂u
τ=
zx τ=
xz µ + (5.12.c)
∂x ∂z
Utilizando um sistema de coordenadas cilíndrico polar, as tensões normais podem ser descritas
como,
2 ∂v
σ rr = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ r (5.13.a)
3 ∂r
2 1 ∂vθ vr
σ θθ = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ + (5.13.b)
3 r ∂θ r
2 ∂v
σ zz = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ z (5.13.c)
3 ∂z
∂ v 1 ∂v
τ=
rθ τ=
θr µ r θ + r
(5.14.a)
∂r r r ∂θ
∂v 1 ∂v
τ=
θz τ=
zθ µ θ + z
(5.14.b)
∂z r ∂θ
∂vr ∂v z
τ=
zr τ=
rz µ + (5.14.c)
∂z ∂r
O duplo índice tem o mesmo significado daquele utilizado no sistema de coordenadas cartesiano,
ou seja, o primeiro índice indica o plano aonde atua a tensão e o segundo índice indica a direção. Por
exemplo, σ rr é a tensão que atua em um plano perpendicular à direção radial e na direção radial (é uma
tensão normal). De modo análogo, τ rθ é a tensão que atua em um plano perpendicular à direção radial,
mas na direção tangencial (direção θ ), ou seja, é uma tensão de cisalhamento.
2 ∂v
σ rr = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ r (5.15.a)
3 ∂r
2 1 ∂vθ vr
σ θθ = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ + (5.15.b)
3 r ∂θ r
2 1 ∂vφ vr vθ cotθ
σ φφ = −P − µ∇ ⋅ V + 2µ + + (5.15.c)
3 r senθ ∂φ r r
∂ v 1 ∂v
τ=
rθ τ=
θr µ r θ + r
(5.16.a)
∂r r r ∂θ
1 ∂vr ∂ vφ
τ=
rφ τ=
φr µ + r (5.16.b)
r senθ ∂φ ∂r r
senθ ∂ vφ 1 ∂vθ
τ=
θφ τ=
φθ µ + (5.16.c)
r ∂θ senθ r senθ ∂φ
∂u ∂u ∂u ∂u ∂P ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
ρ +u +v +w = − + ρ gx + µ 2 + 2 + 2 (5.17.a)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ∂x ∂y ∂z
∂v ∂v ∂v ∂v ∂P ∂ 2v ∂ 2v ∂ 2v
ρ +u +v +w = − + ρ gy + µ 2 + 2 + 2 (5.17.b)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y ∂x ∂y ∂z
∂w ∂w ∂w ∂w ∂P ∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w
ρ +u +v +w =
− + ρ gz + µ 2 + 2 + 2 (5.17.c)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂z ∂x ∂y ∂z
Observa-se das Eqs. (5.17) que os termos de aceleração estão no lado esquerdo e os termos de
força no lado direito. Estas equações são também conhecidas como Equações de Navier-Stokes em honra
ao matemático francês L.M.H. Navier (1758 – 1836) e ao físico inglês Sir. G.G. Stokes (1819 – 1903).
Estas três equações combinadas com a equação de conservação da massa, fornecem uma
descrição matemática completa do escoamento incompressível de um fluido Newtoniano, isto porque há
quatro equações e quatro incógnitas (u, v, w e P).
∂u ∂v ∂w
+ + 0
= (5.18.a)
∂x ∂y ∂z
Em coordenadas cilíndricas,
1 ∂ ( rvr ) 1 ∂vθ ∂v z
+ + 0
= (5.18.b)
r ∂r r ∂θ ∂z
Em coordenadas esféricas,
1 ∂ 2 1 ∂ 1 ∂vφ
2
r ∂r
( r vr ) +
r senθ ∂θ
(vθ senθ ) +
r senθ ∂φ
0
= (5.18.c)
∂v ∂v v ∂v v v ∂v
ρ θ + vr θ + θ θ − r θ + v z θ = ...
∂t ∂r r ∂θ r ∂z
(5.19.b)
1 ∂P ∂ 1 ∂ 1 ∂ 2v 2 ∂v ∂ 2v
− + ρ gθ + µ ( rvθ ) + 2 2θ + 2 r + 2θ
r ∂θ ∂r r ∂r r ∂θ r ∂θ ∂z
∂v ∂v v ∂v ∂v ∂P 1 ∂ ∂v z 1 ∂ 2v z ∂ 2v z
ρ z + vr z + θ z + v z z =
− + ρ gz + µ r + 2 2 + 2 (5.19.c)
∂t ∂r r ∂θ ∂z ∂z r ∂r ∂r r ∂θ ∂z
Por outro lado, as equações de Navier-Stokes para um sistema de coordenadas esféricas são dadas
por:
Para o caso do escoamento sem atrito (µ = 0), as equações do movimento (5.17), reduzem-se à
equação de Euler, que pode ser escrita, na forma vetorial, da seguinte maneira:
DV
ρ = ρ g − ∇P (5.21)
Dt
existe um procedimento analítico geral para resolver equações diferenciais parciais não lineares e cada
problema precisa ser analisado individualmente.
A. Hipóteses Envolvidas
Considere um fluido incompressível com escoamento em regime permanente entre duas placas
infinitas, paralelas e horizontais, tal como mostrado na Fig. 5.2. As placas são consideradas infinitas na
direção z, sem variação de qualquer propriedade de fluido nesta direção. Note que, neste escoamento,
as partículas fluidas se deslocam na direção x, que é paralela às placas, e que não existem outros
componentes do vetor velocidade, ou seja, v = 0 e w = 0. Nestas circunstâncias, a equação da
continuidade, Eq. (5.18.a), fornece ∂u/∂x = 0. Como o regime de escoamento é permanente, ∂u/∂t = 0, de
modo que u = u(y).
Fig. 5.2 – Escoamento viscoso entre duas placas paralelas e imóveis. O perfil de velocidades é parabólico.
B. Perfil de Velocidade
∂P ∂ 2u
− +µ 2
0= (5.22.a)
∂x ∂y
∂P
− − ρg
0= (5.22.b)
∂y
∂P
0= − (5.22.c)
∂z
Note que, gx = gz = 0 e gy = −g, ou seja, o eixo y aponta para cima. Estas equações são muito mais
simples do que as equações de Navier-Stokes. As equações (5.22) podem ser integradas facilmente, por
exemplo, da equação (5.17.c) conclui-se que a pressão é constante ao longo de z, ou seja, varia apenas
com x e y. Integrando a equação (5.22.b), resulta:
− ρ gy + f1 ( x )
P= (5.23)
Este resultado mostra que a pressão varia hidrostaticamente na direção y. A equação (5.22.a)
pode ser reescrita do seguinte modo:
d 2u 1 ∂P
=
dy 2 µ ∂x
Nota-se da equação anterior que a derivada parcial foi substituída pela derivada total porque u é
apenas função de y. Integrando duas vezes a equação anterior, resulta:
du 1 ∂P
= y + c1
dy µ ∂x
1 ∂P 2
=u y + c1 y + c2 (5.24)
2µ ∂x
Observa-se que o gradiente de pressão ∂P/∂x foi tratado como uma constante, isto porque tal
como se mostra na equação (5.23) este gradiente não é função de y. As duas constantes c1 e c2 podem ser
determinadas com as condições de contorno do escoamento. Por exemplo, se ambas as placas são
estacionárias, u = 0 para y = 0 e para y = h. Para satisfazer esta condição c2 precisa ser igual a zero. Portanto
c1 seria,
h ∂P
c1 = −
2µ ∂x
h2 ∂P y y
2
=u − (5.25)
2µ ∂x h h
Esta equação mostra que o perfil de velocidade do escoamento entre duas placas imóveis é
parabólico.
C. Vazão Volumétrica
h h3 ∂P
Q ′ = ∫ udy = − (5.26)
0 12µ ∂x
Observa-se da equação (5.26) que o gradiente de pressão deve ser negativo para que a vazão, Q ′
, seja positiva, isto significa que a pressão diminui no sentido do escoamento. A uma distância L a variação
de pressão pode ser representada por ∆P. Desta forma:
∆P ∂P
= − (5.27)
L ∂x
3
h ∆P
Q ′ = (5.28)
12µL
D. Velocidade Média
Q ′
u=
h
h2 ∂P
u= − (5.29.a)
12µ ∂x
ou,
h2 ∆P
u= (5.29.b)
12µL
Para determinar o ponto de velocidade máxima fazemos du/dy = 0 e resolvemos para o valor de
y correspondente. Observa-se, neste caso, que a velocidade máxima do escoamento, umax, ocorre no plano
médio do canal (y = h/2). Utilizando a equação (5.25) obtém-se:
h2 ∂P h2 ∆P
umax =
− = (5.30.a)
8 µ ∂x 8 µL
ou,
3u
umax = (5.30.b)
2
Outra relação de interesse neste tipo de escoamento é a razão u/umax. Das equações (5.25) e
(5.30.a), obtém-se:
u y y 2
= 4 − (5.31)
umax h h
F. Tensão de Cisalhamento
du
τ =µ
dy
∂P y 1
=τ h − (5.32)
∂x h 2
G. Pressão Estática
Adicionalmente, a função f1(x) dada pela equação (5.23), pode ser expressa como:
∂P
f1 ( x ) x + P0
=
∂x
onde, P0 é a pressão de referência em x = y = 0. Assim, a pressão do fluido dada pela equação (5.23),
resulta:
∂P
− ρ gy + x + P0
P= (5.33)
∂x
Deste modo, para uma dada pressão de referência, a pressão em qualquer ponto do campo do
escoamento pode ser determinada. O escoamento no canal será laminar se o número de Reynolds,
baseado na distância entre as placas, Re = ρuh µ , for menor do que 1400. Se o número de Reynolds for
maior do que este valor, o escoamento será turbulento e a análise apresentada não será mais válida, isto
porque o escoamento turbulento é tridimensional e transitório.
H. Transformação de Coordenadas
c1 = 0
(5.34)
2
h ∂P
c2 = −
8 µ ∂x
h2 ∂P y ′ 1
2
=u − (5.35)
2µ ∂x h 4
A. Considerações Preliminares
B. Perfil de Velocidade
Considere agora outro escoamento paralelo simples fixando uma das placas da seção anterior e
impondo um movimento com velocidade constante U na outra placa. As equações de Navier-Stokes ficam
reduzidas as mesmas equações apresentadas na seção anterior, ou seja, o perfil de velocidade continua
sendo fornecido pela equação (5.25) e o campo de pressão pela equação (5.23). Entretanto, as condições
de contorno do novo problema são diferentes. As constantes c1 e c2 da Eq. (5.25) podem ser determinadas
com as condições de contorno u = 0 em y = 0 e u = U em y = h. Deste modo:
U h ∂P
c1= −
h 2µ ∂x
(5.36)
c2 = 0
y 1 ∂P 2
u=
U + ( y − hy ) (5.37)
h 2µ ∂x
u y h2 ∂P y y
= − 1 − (5.38)
U h 2µU ∂x h h
h2 ∂P
Ψ =− (5.39)
2µU ∂x
Fig. 5.3 – Escoamento viscoso entre duas placas paralelas. A placa inferior é fixa e a superior é móvel
(Escoamento de Couette).
u y y y
= + Ψ 1 − (5.40)
U h h h
A equação (5.40) sugere que o perfil de velocidade pode ser tratado como uma combinação de
perfis linear e parabólico. A Fig. 5.4 mostra vários perfis de velocidade deste escoamento que é conhecido
como escoamento de Couette. Vários perfis foram esboçados na Fig. 5.4, o escoamento para perfis de Ψ
< 0, é conhecido como escoamento reverso, isto é, escoamento no sentido de x negativo, que pode
ocorrer quando ∂P/∂x > 0.
O escoamento de Couette mais simples é aquele onde o gradiente de pressão é nulo, ou seja, o
escoamento é provocado pelo fluido arrastado pela fronteira móvel. Assim, ∂P/∂x = 0 e a Eq. (5.38) fica
reduzida a:
y
u =U (5.41)
h
Este resultado indica que a velocidade varia linearmente entre as duas placas.
Em um escoamento ocorrendo entre dois cilindros concêntricos, por exemplo, o externo fixo e o
interno apresentando velocidade angular constante, ω, pode ser modelado como um escoamento de
Couette desde que a folga entre os cilindros seja pequena, ou seja,
ri
re − ri ri ou, > 1000 (5.42)
h
U = ri ω (5.43.a)
h= re − ri (5.43.b)
µ riω
τ= (5.43.c)
h
Note que os cilindros se tornarão acêntricos se o eixo estiver carregado (isto é, quando existe uma
força atuando na direção normal ao eixo de rotação). Nesta situação o escoamento de lubrificante não
pode ser modelado como um escoamento de Couette.
U ∂P y 1
τ=
µ + h − (5.44)
h ∂x h 2
D. Vazão Volumétrica
Q h Uy 1 ∂P 2
∫0 h + 2µ ∂x ( y − hy ) dy
h
Q ′ =
b ∫0
= udy =
′ Uh − 1 ∂P h3
Q
= (5.45)
2 12µ ∂x
E. Velocidade Média
Q Uh 1 ∂P 3
u= = b − h bh
A 2 12µ ∂x
U 1 ∂P 2
u= − h (5.46)
2 12µ ∂x
Para determinar o ponto de velocidade máxima fazemos du/dy = 0 e resolvemos para o valor de
y correspondente. Derivando a Eq. (5.38):
du U h2 ∂P 2y 1 U h ∂P y
= + − = + 2 − 1
dy h 2µ ∂x h2 h h 2µ ∂x h
Portanto,
du h U h
=0 em y= − (5.47)
dy 2 (1 µ )( ∂P ∂x )
Não há relação simples entre a velocidade máxima, umax, e a velocidade média, u , para esse caso
de escoamento.
Todos os resultados desenvolvidos nesta secção são válidos apenas para escoamento laminar.
Experiências mostram que o escoamento laminar torna-se turbulento (para ∂P/∂x = 0) a um número de
Reynolds de aproximadamente 1500. Não há muitas informações disponíveis para o caso em que o
gradiente de pressão é diferente de zero.
A. Considerações Preliminares
Provavelmente, a solução exata das equações de Navier Stokes mais conhecida é a do escoamento
laminar que ocorre em regime permanente em um tubo reto. Este tipo de escoamento é conhecido como
o escoamento de Hagen-Poiseuille em honra ao médico francês J.L. Poiseuille (1799-1869) e ao
engenheiro hidráulico alemão G.H.L. Hagen (1797-1884).
B. Hipóteses Envolvidas
Considere o escoamento em um tubo com raio R, tal como se mostra na Fig. 5.6. Note que é
conveniente utilizar um sistema de coordenadas cilíndrico porque a geometria do problema é cilíndrica.
Admite-se que o escoamento é paralelo à parede de modo que vr = 0 e vθ = 0. Nestas circunstâncias a
equação da continuidade (Eq. 5.18.b) indica que ∂vz/∂z = 0. A velocidade vz não é função do tempo, pois
é um escoamento em regime permanente, nem de θ (o escoamento é axissimétrico). Desta forma, é
possível concluir que vz = f(r). Nestas condições as equações de Navier-Stokes ficam reduzidas para:
∂P
− ρ g senθ −
0= (5.48.a)
∂r
1 ∂P
− ρ g cosθ −
0= (5.48.b)
r ∂θ
∂P 1 ∂ ∂v z
− +µ
0= r (5.48.c)
∂z r ∂r ∂r
C. Perfil de Velocidade
Nota-se das equações anteriores que foram utilizadas as seguintes relações, gr = −gsenθ e gθ =
−gcosθ, com θ conhecido a partir do plano horizontal. Reordenando os termos e entegrando a equação
(5.48.a),
dP
= − ρ g senθ
dr
− ρ gr senθ + c ( r )
P= (5.49.a)
dP
= − ρ gr cosθ
dr
− ρ gr senθ + c (θ )
P= (5.49.b)
Nota-se que as equações (5.49.a e b) são idênticas exceto pela constante de integração c(r) e c(θ).
Portanto, como a pressão deve ser a mesma, as equações devem ser idênticas, isto é, a constante deve
ser função apenas de z, consequentemente,
− ρ g ( r senθ ) + f1 ( z )
P= (5.50)
Esta equação mostra que a pressão varia hidrostaticamente em qualquer seção transversal do
tubo e que o componente na direção z do gradiente de pressão, ∂P/∂z, não é função de r ou de θ.
(a) (b)
Fig. 5.6 – Escoamento viscoso em um tubo horizontal. (a) Sistema de coordenadas utilizado na análise do
escoamento e (b) Escoamento em um anel diferencial.
d dv z r ∂P
r =
dr dr µ ∂z
dv 1 ∂P 2
r z
= r + c1
dr 2µ ∂z
dv z 1 ∂P c
= r+ 1 (5.51)
dr 2µ ∂z r
1 ∂P 2
v=
z r + c1 ln r + c2 (5.52)
4 µ ∂z
R 2 ∂P
c2 = −
4 µ ∂z
1 ∂P 2 2
=vz (r − R )
4 µ ∂z
R 2 ∂P r
2
vz =
− 1 − (5.53)
4 µ ∂z R
Note que o perfil de velocidade em qualquer seção transversal do tubo é parabólico. Uma vez que
temos o perfil de velocidade, podemos obter várias características adicionais do escoamento.
dv z
τ =µ
dr
r ∂P
τ= (5.54)
2 ∂z
Nota-se que a tensão de cisalhamento no centro do tubo é zero, isto é, o atrito torna-se nulo
quando a velocidade do escoamento atinge um valor máximo. Por outro lado, a força de atrito torna-se
máxima para r = R, ou seja, na parede.
E. Vazão Volumétrica
Utilizando o volume de controle infinitesimal dado na Fig. (5.6.b) pode ser obtida uma relação
para a vazão volumétrica no tubo e o gradiente de pressão no escoamento. A área da seção transversal
do anel com espessura diferencial é dA = 2πrdr e a velocidade do escoamento nesta seção é constante e
igual a vz. Assim:
R
Q = 2π ∫ v z rdr (5.55)
0
Substituindo vz pelo perfil de velocidade do escoamento dado pela equação (5.53) e integrando:
π R 4 ∂P
Q = − (5.56)
8 µ ∂z
Esta relação pode ser expressa em função da queda de pressão, ∆P = P2 − P1, que ocorre em um
comprimento de tubo igual a L, ou seja:
∆P ∂P
= − (5.57)
L ∂z
π R 4 ∆P π D 4 ∆P
=Q = (5.58)
8 µL 128 µL
Para uma dada queda de pressão por unidade de comprimento, a vazão em volume de
escoamento é inversamente proporcional à viscosidade do fluido e proporcional ao raio do tubo elevado
à quarta potência. Note que se dobramos o diâmetro do tubo, e mantivermos todas as outras condições
inalteradas, obtém-se uma vazão em volume dezesseis vezes maior. A equação (5.58) é conhecida como
a lei de Pouseuille.
F. Velocidade Média
Q R 2 ∆P
u
= = (5.59)
πR 2
8 µL
Para determinar o ponto de velocidade máxima, fazemos dvz/dr = 0 e resolvemos para o valor
correspondente de r. Da Eq. (5.53) observa-se que a velocidade máxima deste escoamento, umax, ocorre
no centro do tubo para r = 0. Portanto:
R 2 ∂P R 2 ∆P
umax =
− = (5.60)
4 µ ∂z 4 µL
De modo que:
umax = 2u (5.61)
2
vz r
= 1− (5.62)
umax R
A solução das equações de Navier-Stokes forneceu uma descrição detalhada das distribuições de
velocidade e pressão para o escoamento laminar e que ocorre em regime permanente no trecho reto de
um tubo (do mesmo modo que forneceu uma descrição detalhada destas distribuições para o escoamento
entre placas da seção anterior)
A. Perfil de Velocidade
1 ∂P 2
0
= ri + c1 ln ri + c2
4 µ ∂z
1 ∂P 2
c2 =
− ri − c1 ln ri (5.63.a)
4 µ ∂z
1 ∂P 2
0
= re + c1 ln re + c2
4 µ ∂z
1 ∂P 2
c2 =
− re − c1 ln re (5.63.b)
4 µ ∂z
1 ∂P 2 1 ∂P 2
− re − c1 ln re =
− ri − c1 ln ri
4 µ ∂z 4 µ ∂z
1 ∂P 2 1 ∂P 2
− re + ri =
c1 ln re − c1 ln ri
4 µ ∂z 4 µ ∂z
1 ∂P 2 2
4 µ ∂z
( ri − re=) c1 (lnre − lnri )
1 ∂P 2 2 r
4 µ ∂z
( ri − re ) =
c1 ln e
ri
1 ∂P ri2 − re2
c1 = (5.64.a)
4 µ ∂z ln ( re ri )
1 ∂P 2 1 ∂P ri2 − re2
c2 =
− re − ln re
4 µ ∂z 4 µ ∂z ln ( re ri )
1 ∂P r2 − r2
− re2 + i e ln re
c2 = (5.64.b)
4 µ ∂z ln( re ri )
Reagrupando os termos,
1 ∂P 2 ri − re
2 2
2 ri2 − re2
=vz r + ln r − re + ln re
4 µ ∂z
ln ( r r
e i )
ln ( r r
e i )
1 ∂P 2 2 ri2 − re2
=vz r − re + (ln r − ln re )
4 µ ∂z ln ( re ri )
Portanto,
1 ∂P 2 2 ri2 − re2 r
=vz r − re + ln (5.65)
4 µ ∂z ln ( re ri ) re
B. Vazão Volumétrica
A vazão volumétrica que corresponde a esta distribuição de velocidade pode ser calculada por:
re
=Q ∫=
v dA
z 2π ∫ v z rdr
ri
re 1 ∂P r 2 − re2 r
=Q 2π ∫ r 2 − re2 + i ln rdr
ri
4 µ ∂z ln ( re ri ) re
π ∂P r 2 2 ri2 − re2
Q ln ( r re ) rdr
2µ ∂z ∫r
e
= r − re +
i
ln ( re ri )
π ∂P r 3 ri2 − re2
Q ∫r r − rre +
2
r ln ( r re ) dr
e
=
2µ ∂z i ln ( re ri )
π ∂P r 4 r 2 re2
re
ri2 − re2 r
Q ∫ r ln ( r re ) dr
e
= − +
2µ ∂z 4 2 r ln ( re ri ) r
i
i
π ∂P 1 4 re ( ri − re ) 1 ri2
2 2
1
2
Q − ( re − 2re ri + ri ) + − − 2 ln ( ri re ) −
2 2 4
=
2µ ∂z 4 2ln ( re ri ) 2 re 2
π ∂P 1 2 2 2 re ( re − ri ) 1 ri2 1
2 2 2
=Q − ( re − ri ) + − 2 ln ( re ri ) +
2µ ∂z 4 2ln ( re ri ) 2 re 2
π ∂P 1 2 re ( re − ri ) ri ( re − ri )
2 2 2 2
1
2 2
− ( re − ri ) +
2 2
=Q − ln ( r r ) +
4ln ( re ri ) 2ln ( re ri )
e i
2µ ∂z 4 2
π ∂P 1 2 2 2 re ( re − ri ) ri ( re − ri ) ri ( re − ri )
2 2 2 2 2 2 2 2 2
=Q − ( re − ri ) + − ln ( re ri ) −
2µ ∂z 4 4ln ( re ri ) 2ln ( re ri ) 4ln ( re ri )
π ∂P ( re − ri ) ri ( re − ri ) re ( re − ri ) ri ( re − ri )
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Q = − − + −
2µ ∂z 4 2 4ln ( re ri ) 4ln ( re ri )
π ∂P 1 2 2 2 2 ( re − ri ) r 2 − r 2
2 2
=Q − ( re − ri )( re + ri ) + ( e i )
2µ ∂z 4 4ln ( re ri )
π ∂P 1 4 4 ( re − ri )
2 2 2
=Q − ( re − ri ) +
2µ ∂z 4 4ln ( re ri )
Finalmente,
π ∂P 4 4 ( re − ri )
2 2 2
Q=− re − ri − (5.66)
8 µ ∂z ln ( re ri )
Esta equação pode ser reescrita em função da queda de pressão por unidade de comprimento,
∆P/L, desta forma:
π∆P 4 4 ( re − ri )
2 2 2
=
Q re − ri − (5.67)
8 µL ln ( re ri )
C. Velocidade Média
Q
u=
π ( r − ri2 )
e
2
∆P 2 2 re2 − ri2
=u re + ri − (5.68)
8 µL ln ( re ri )
A velocidade máxima ocorre no ponto onde dvz/dr = 0. Derivando a equação (5.65) e igualando a
zero, tem-se,
dv z d 1 ∂P 2 2 ri2 − re2
= r − re + = ln( r re ) 0
dr dr 4 µ ∂z ln( re ri )
1 ∂P ri2 − re2 1
2r + =0
4 µ ∂z ln ( re ri ) r
Se a coordenada radial do ponto onde a velocidade é máxima for representada por rmax, portanto,
ri2 − re2
2rmax + 0
=
rmax ln ( re ri )
2 re2 − ri2
rmax =
2ln ( re ri )
12
r2 − r2
rmax = e i (5.69)
2ln ( re ri )
Uma análise deste resultado mostra que a velocidade máxima não ocorre no raio médio do espaço
anular, mas em um ponto mais próximo ao cilindro interno.
Não há uma expressão simples para a velocidade máxima, no entanto, podemos expressar a
velocidade máxima, umax, e função do rmax,
1 ∂P 2
rmax − re − 2rmax ln ( rmax re )
2 2
=umax (5.70)
4 µ ∂z
Podemos encontrar uma expressão para a razão entre a velocidade média e a velocidade máxima
dividindo a equação (5.68) entre (5.70), assim:
dv z
τ =µ
dr
1 ∂P ri2 − re2 1
=τ 2r + (5.72)
4 ∂z ln ( re ri ) r
Os resultados apresentados nesta unidade são válidos para escoamentos laminares. O critério
baseado no número de Reynolds convencional (definido em função do diâmetro do tubo) não é aplicável
a este caso porque o espaço anular apresenta dois diâmetros (interno e externo). Para resolver este
problema define-se o diâmetro hidráulico (um diâmetro equivalente ou efetivo) muito utilizado para
escoamentos em condutos com seção transversal diferente de um tubo.
G. O Diâmetro Hidráulico
O perímetro molhado é o perímetro que está em contato com o fluido. O diâmetro hidráulico para
o espaço anular é:
4π ( re2 − ri2 )
DH =
2π ( re + ri )
DH 2 ( re − ri )
= (5.74)
A. Considerações Preliminares
Para um escoamento em regime permanente, laminar e entre cilindros concêntricos supõe-se que
as linhas de corrente são circulares, de modo que, vr = vz = 0, e vθ = vθ (r) apenas, e ∂P/∂θ = 0, tal como se
indica na Fig. 5.8. Nestas condições, a equação de Navier-Stokes para a componente θ da velocidade pode
ser simplificada a partir da equação (5.19.b), ou seja,
1 ∂ ∂vθ vθ
r − 0
=
r ∂r ∂r r 2
Fig. 5.8 – Diagrama básico de velocidades de um escoamento viscoso entre cilindros rotativos
concêntricos.
∂ 2vθ 1 ∂vθ vθ
+ − = 0
∂r 2 r ∂r r 2
∂ 2vθ ∂ vθ
+ 0
= (5.75)
∂r 2 ∂r r
∂ ∂vθ vθ
+ = 0
∂r ∂r r
∂ 1 ∂
( rvθ ) = 0
∂r r ∂r
1d
( rvθ ) = c1
r dr
c1 c
vθ
= r+ 2 (5.76)
2 r
re2ωe − ri2ωi
c1 = 2 (5.77.a)
re2 − ri2
Em algumas situações, como por exemplo, durante a lubrificação de um eixo girando em torno de
um mancal fixo, ωe = 0, as Eqs. (5.76) e (5.77) podem ser simplificadas, e um novo perfil de velocidade é
encontrado, desta forma,
ri2ωi re2
=vθ −r (5.78)
re2 − ri2 r
D. Tensão de Cisalhamento
A tensão de cisalhamento, τi, no cilindro interno pode ser encontrada fazendo τi = −τrθ, da Eq.
(5.14.a), assim,
d v
τ i = − µr θ (5.79)
dr r r =r i
O termo de derivada da Eq. (5.79) pode ser encontrado a partir da Eq. (5.75), ou seja,
d vθ d 2v
= − 2θ
dr r dr
d vθ c
= −2 23
dr r r
c
τ i = 2µ 22
r r =ri
2µ re2ωi
τi = (5.80)
re2 − ri2
E. Momento Torsor
O momento torsor necessário para girar o cilindro interno de comprimento L é dado por,
T = τ i Ai ri
4πµLri2 re2ωi
T= (5.81)
re2 − ri2
F. Potência
A potência necessária para girar o cilindro interno é encontrada multiplicando o momento torsor,
T, pela velocidade angular ω1, ou seja,
= T ωi
W
= 4πµLri re ωi
2 2 2
W (5.82)
re2 − ri2
Esta potência torna-se necessária para vencer o atrito (viscosidade), como resultado incrementa-
se a energia interna e, por decorrência, a temperatura do fluido. Para a eliminação desta energia do fluido,
requeresse, com frequência, o uso de trocadores de calor.
É possível mostrar que o perfil de velocidades dado pela Eq. (5.78), para um escoamento laminar
entre cilindros rotativos, tende a um perfil linear entre placas paralelas, com uma placa fixa e uma placa
móvel, e gradiente de pressão nulo (Escoamento de Couette).
Partindo da distribuição de velocidades dada em (5.78), a equação pode ser reescrita como:
ri2ωi ( re − r ) ( re + r )
vθ = (5.83)
( re − ri )( re + ri ) r
Introduzindo uma variável independente y, veja Fig. 5.9, medida a partir do cilindro externo e
definida por,
re − y , e seja,
r= h=
re − ri
ri2ωi y 2re − y
vθ = (5.84)
h ( re + ri ) re − y
ri ≈ re =
R
Rωi y 2R − y
vθ =
2h R − y
2R − y
≈2
R−y
y
vθ = U (5.85)
h
Que é exatamente a equação descrita pelo escoamento de Couette para um gradiente de pressão
nulo, como dado em (5.41) e válida para h << re.
A grande maioria dos condutos utilizados para transportar fluidos apresentam seção transversal
circular. Normalmente, as tubulações de água, mangueiras hidráulicas e outros condutos apresentam
seção transversal circular e são projetados para suportar uma diferença de pressão considerável sem se
deformar. Por outro lado, os dutos utilizados nos sistemas para o condicionamento de ambientes
normalmente apresentam seções transversais retangulares. Isto é possível porque a pressão relativa do
fluido que escoa nestes dutos é relativamente pequena.
Qualquer conduto onde escoa um fluido deve apresentar uma seção de alimentação e uma de
descarga. A região do escoamento próxima da seção de alimentação é denominada região de entrada, tal
como se mostra na Fig. 5.10. Esta região pode ser constituída pelos primeiros metros de um tubo
conectado a um tanque ou pela porção inicial de uma longa tubulação de ar quente vindo de uma
fornalha.
Normalmente, o fluido entra no conduto, seção (1), com um perfil de velocidade uniforme. Os
efeitos viscosos provocam a aderência do fluido às paredes do conduto. Isto é verdade para um óleo muito
viscoso e também para um fluido que apresente viscosidade dinâmica baixa (como o ar). Assim, é
produzida uma camada limite, onde os efeitos viscosos são importantes, ao longo da parede do duto,
tanto que o perfil inicial de velocidade muda com a distância longitudinal, x, até que o fluido atinja o final
do comprimento de entrada, seção (2).
Note que, a partir desta seção, o perfil não varia mais com x. A camada limite cresce até preencher
totalmente o duto. Os efeitos viscosos são de considerável importância dentro da camada limite. Para o
fluido fora da camada limite, dentro da região invíscida localizada em torno da linha de centro de (1) a (2),
os efeitos viscosos são desprezíveis.
Le
= 0,06Re Para escoamento Laminar (5.86.a)
D
Le
= 4,4Re1 6 Para escoamento Turbulento (5.86.b)
D
O comprimento de entrada pode ser curto se o escoamento apresenta número de Reynolds muito
baixo (Le = 0,6D se Re = 10, Regime Laminar), ao passo que ele pode ser muito longo se o número de
Reynolds for muito grande (Le = 120D se Re = 2000, Regime Laminar). Nós encontramos em muitos
problemas de engenharia que 104 < Re < 105 (Regime Turbulento) e, assim, obtemos 20D < Le < 30D.
O escoamento entre as seções (2) e (3) é denominado plenamente desenvolvido, nesta seção a
análise o escoamento é mais simples de descrever porque a velocidade é apenas uma função da distância
ao centro do tubo, r, e é independente de x. Isto é verdade até que as características do tubo mudem de
alguma maneira, como uma alteração no diâmetro, a presença de uma curva, válvula ou de um outro
componente. Depois do trecho curvo da tubulação, o escoamento gradualmente começa seu retorno à
condição de plenamente desenvolvido, seção (5), e continua com este perfil até que o próximo
componente do sistema é atingido, na seção (6).
Em muitos casos, a tubulação é suficientemente longa para que as regiões com escoamentos
plenamente desenvolvidos sejam muito maiores do que aquelas onde ocorre o desenvolvimento do
escoamento, ou seja, (x3 – x2) >> Le e (x6 – x5) >> (x5 – x4). Em outros casos, as distâncias entre os
componentes da tubulação (curvas, tês, válvulas, etc.) são tão pequenas que o escoamento plenamente
desenvolvido nunca é atingido.
Nas regiões onde o escoamento não é plenamente desenvolvido, como na região de entrada do
tubo, o fluido acelera e desacelera. Assim, na região de entrada existe um equilíbrio entre as forças de
pressão, as viscosas e as de inércia. O resultado deste processo é a distribuição de pressão indicada na
Fig. 5.11. O módulo do gradiente de pressão, ∂P/∂x, é maior na região de entrada do que na região de
escoamento plenamente desenvolvido, onde ele é constante é igual a ∂P/∂x = −∆P/L. Note que este
gradiente de pressão não é nulo porque existem os efeitos viscosos.
A força de pressão é necessária para vencer as forças viscosas geradas no escoamento. Se fizermos
um balanço de energia do escoamento nós identificamos que o trabalho realizado pela força de pressão
é utilizado para vencer a dissipação viscosa de energia no escoamento. Se o tubo não é horizontal, o
gradiente de pressão ao longo do duto é devido, em parte, ao componente do peso naquela direção.
Como veremos posteriormente, a contribuição da força-peso pode ajudar ou retardar o escoamento.
Considere o elemento fluido mostrado na Fig. 5.12 no instante t. Note que o elemento fluido é
cilíndrico, apresenta comprimento L, raio r e está centrado no eixo de um tubo horizontal de diâmetro
interno D. O perfil de velocidade do escoamento no tubo não é uniforme e provoca a deformação do
elemento fluido, ou seja, as superfícies frontal e traseira do cilindro, que inicialmente eram planas no
instante t, estão distorcidas no instante t + δt.
Considerando o diagrama de corpo livre mostrado na Fig. 5.13 podemos aplicar a segunda lei de
Newton no elemento cilíndrico. Assim, o escoamento plenamente desenvolvido no tubo é o resultado do
equilíbrio entre as forças de pressão e viscosas, a diferença de pressão atua na extremidade do cilindro
(área igual a π r 2 ) e a tensão de cisalhamento atua na superfície lateral do cilindro (área igual a 2π rL ). Este
equilíbrio de forças pode ser escrito da seguinte forma:
P1π r 2 − ( P1 − ∆P )π r 2 − τ ( 2π rL ) =0
Simplificando a equação,
∆P 2τ
= (5.87)
L r
A equação (5.86) representa o equilíbrio de forças necessário para mover cada partícula fluida
através do tubo com uma velocidade constante. Como ∆P e L não são funções de uma coordenada radial,
r, segue que 2τ/r também deve ser independente de r. Assim, τ = Cr, onde C e uma constante. Em r = 0 (a
linha de centro do tubo), não há tensão de cisalhamento (τ = 0). Em r = D/2 (a parede do tubo) a tensão
de cisalhamento é máxima, e é denominada τ = τP, a tensão de cisalhamento na parede.
2τ P r
τ= (5.88)
D
A Fig. 5.14 mostra o esboço desta distribuição. A dependência linear de τ com r é o resultado da
força de pressão ser proporcional a r2 (a pressão atua nas extremidades do elemento fluido com área igual
a πr2) e da força de cisalhamento ser proporcional a r (tensão de cisalhamento atua na superfície lateral
do elemento fluido com área igual a 2πrL). Se a viscosidade for nula, não há tensão de cisalhamento e a
pressão será constante ao longo do tubo horizontal (∆P = 0). Combinando as equações (5.87) e (5.88), a
queda de pressão e a tensão de cisalhamento na parede estão relacionadas por:
4Lτ
∆P = P (5.89)
D
Assim, uma pequena tensão de cisalhamento pode produzir uma grande diferença de pressão se
o tubo é relativamente longo (L/D >> 1). Nós estamos analisando escoamentos laminares mas uma
consideração mais cuidadosa nas hipóteses envolvidas na derivação das equações (5.87), (5.88) e (5.89)
revela que estas equações também são válidas para escoamentos turbulentos.
Para um fluido Newtoniano a tensão de cisalhamento está associada à velocidade no tubo pela
relação:
du
τ = −µ (5.90)
dr
Nota-se que foi incluído o sinal negativo para que τ > 0 quando du/dr < 0 (a velocidade decresce
da linha do centro para a parede do duto). As equações (5.87), derivada a partir da segunda Lei de Newton
e, (5.90), definição de fluido Newtoniano, representam as duas leis que descrevem o escoamento
plenamente desenvolvido de um fluido Newtoniano em um tubo horizontal. Combinando estas duas
equações, obtém-se:
du ∆P
= − r (5.91)
dr 2µL
O perfil de velocidades pode ser obtido integrando esta equação. Deste modo:
∆P 2
u=
− r + c1 (5.92)
4 µL
onde c1 é uma constante. O fluido é viscoso, e por isso adere às paredes do tubo e faz com que u = 0 em
r = D/2. Utilizando esta condição temos que c1 = (∆P/16µL). Assim, o perfil de velocidade do escoamento
pode ser escrito como:
∆PD2 2r 2r 2
2
u ( r ) = max 1 −
1 − =u (5.93)
16 µL D D
onde umax é a velocidade máxima, isto é, a velocidade na linha de centro do tubo. Uma expressão
alternativa pode ser escrita utilizando a relação entre a tensão de cisalhamento e o gradiente de pressão
(Eq. 5.89), desta forma:
τ PD r
2
u(r )
= 1 − (5.94)
4 µ R
Este perfil de velocidade (Veja Fig. 5.14) é parabólico na coordenada radial, r, apresenta
velocidade máxima, umax, na linha de centro do tubo e velocidade nula na parede do tubo. A vazão
volumétrica do escoamento no duto pode ser obtida pela integração do perfil de velocidade. Como o
escoamento é axissimétrico, a velocidade é constante em uma área pequena formada por um anel com
raio r e espessura dr. Assim:
R r
2
r =R π R 2umax
Q =
∫ udA ∫r =0
= u ( r ) 2π rdr 2
=π umax ∫0 1 − rdr = (5.95)
R 2
Por definição, a velocidade média é igual à vazão volumétrica dividida pela área transversal do
tubo, ou seja,
Q Q u ∆PD2
u= = = max= (5.96)
A πR 2
2 32µL
e,
π D ∆P4
Q = (5.97)
128 µL
A Eq. (5.96) indica que a velocidade média do escoamento laminar e que ocorre em regime
permanente em um tubo é igual à metade da velocidade máxima do escoamento. Geralmente, para
outros perfis de velocidade (como o relativo ao escoamento turbulento), a velocidade média não é igual
à média das velocidades máxima (umax) e mínima (0) como no perfil laminar parabólico.
Com todos os outros parâmetros fixos, se dobrarmos o diâmetro do tubo nós aumentaremos a
vazão em 16 vezes, note que a vazão é fortemente influenciada pelo diâmetro do tubo. Um erro de 2%
no diâmetro do tubo provocará um erro de 8% na vazão ( Q ∼ D4 ou δ Q ∼ 4D3δD, resultando em δ Q / Q
=4δD/D). Lembre-se que estes resultados estão restritos a escoamentos laminares em tubos horizontais
e que apresentam números de Reynolds menores do que 2100.
O ajuste necessário para levar em consideração a inclinação do tubo, tal como é mostrado na Fig.
5.15, no modelo de escoamento laminar é bastante simples pois basta incluir no cálculo da queda de
pressão, ∆P, os efeitos gravitacionais, ou seja, a nova queda de pressão é dada por ∆P – γLsenθ, onde θ é
o ângulo formado pela linha de centro do tubo e o plano horizontal. Observe que θ é maior que 0 se o
escoamento é para cima e que θ < 0 se o escoamento é para baixo. Isto pode ser visto no equilíbrio de
forças na direção x (ao longo do eixo do tubo) do elemento fluido mostrado na Fig. 5.15.b. O resultado é
uma expressão modificada da equação (5.86), ou seja:
∆P − γ L senθ 2τ
= (5.98)
L r
Assim, todos os resultados para os dados horizontais são válidos desde ∆P seja substituído por ∆P
– γLsenθ. Deste modo:
u=
( ∆P − γ L senθ ) D2 (5.99)
32µL
π D 4 ( ∆P − γ L senθ )
Q = (5.100)
128 µL
(a) (b)
Fig. 5.15 – Diagrama de corpo livre para um elemento de fluido cilíndrico localizado em um tubo inclinado.
Nós mostramos que a força motora para o escoamento em condutos pode ser tanto a queda de
pressão na direção do escoamento, ∆P, ou a componente do peso na direção do escoamento, −γLsenθ.
Se o escoamento é para baixo, a gravidade ajuda o escoamento (é necessária uma queda de pressão
menor porque senθ < 0). Se o escoamento é para cima, a gravidade atua contra o escoamento (é
necessária uma queda de pressão maior porque senθ > 0). Observe que γLsenθ =γ∆z (onde ∆z é a mudança
na elevação) é um termo do tipo pressão hidrostática. Se não há escoamento u = 0 e ∆P = γLsenθ = γ∆z.
∆P =f ( u , L, D , µ )
D∆P L
=φ (5.101)
µu D
onde, φ(L/D) é uma função desconhecida da razão entre o comprimento e o diâmetro do duto.
Embora isso seja o mais longe que a análise dimensional possa nos levar, parece razoável
admitirmos que a queda de pressão seja diretamente proporcional ao comprimento do duto. Isto é, se o
comprimento é dobrado, a queda de pressão ao longo do duto é multiplicada por dois. A única maneira
para que isso possa ser verdade é quando φ(L/D) = CL/D, onde C é uma constante. Deste modo, a equação
(5.101) pode ser rescrita da seguinte maneira:
D∆P CL
=
µu D
∆P C µu
= 2
L D
(π 4C ) ∆PD 4
Q Au
= = (5.102)
µL
O valor de C para escoamentos laminares em tubos é 32. Para dutos que apresentam outras
formas de seção transversal o valor de C é diferente.
µLu
∆P =32
D2
e dividimos os dois lados da equação pela pressão dinâmica, ρu 2 2 . Seguindo este procedimento obtém-
se:
∆P 32µLu D2 µ L 64 L
= = 64 =
ρ ρ ρuD D Re D
2 2
1
2 u 1
2 u
L ρu 2
∆P =f (5.103)
D 2
D
f = ∆P
L
( ρu 2 )
2
é denominada fator de atrito (ou coeficiente de atrito). A nomenclatura fator de atrito de Darcy também
é utilizada para este adimensional. Note que o fator de atrito para escoamento laminar plenamente
desenvolvido em tubos é igual a,
64
f= (5.104)
Re
8τ w
f= (5.105)
ρu 2
O conhecimento do fator de atrito nos permitirá obter várias informações referentes aos
escoamentos em condutos. A relação entre o fator de atrito e o número de Reynolds é muito mais
complexa nos escoamentos turbulentos do que aquela indicada na equação (5.103), que é adequada para
escoamentos laminares.
P1 u12 P u2
+ α1 + z1 = 2 + α 2 2 + z2 + hL (5.106)
γ 2g γ 2g
Observe que a equação da energia é semelhante à equação de Bernoulli obtida para escoamentos
invíscidos. Os coeficientes de energia cinética, α1 e α2, corrigem os efeitos provocados pela não
uniformidade dos perfis de velocidade nas seções transversais do duto. Assim, α = 1 se os perfis de
velocidade são uniformes e α > 1 para perfis não uniformes.
O termo de perda de carga distribuída, hL, contabiliza qualquer perda de energia associada com o
escoamento. Esta perda é uma consequência direta da dissipação viscosa que ocorre ao longo do
escoamento no conduto. Para escoamentos ideais (invíscidos) α1 = α2 = 1, hL = 0 e a equação da energia
fica reduzida à equação de Bernoulli.
P1 P2
+ z1 − + z2 =
hL (5.107)
γ γ
Note que a energia dissipada pelas forças viscosas no escoamento é fornecida pelo trabalho
realizado pelas forças de pressão e gravitacionais.
A comparação da equação (5.107) com a equação (5.98) mostra que a perda de carga distribuída
é dada por:
2τ L
hL = (5.108)
γr
4Lτ P
hL = (5.109)
γD
Esta equação mostra que a tensão de cisalhamento na parede é responsável pela perda de carga
distribuída. Uma análise mais cuidadosa das hipóteses envolvidas na derivação da equação (5.108)
mostrará que este resultado é válido para escoamentos laminares e turbulentos.
Desta forma, para um escoamento em um tubo horizontal, a perda de carga pode ser expressa
em função do coeficiente de atrito da seguinte forma:
L u2
hL = f (5.110)
D 2g
A expressão (5.110) é também conhecida como a equação de Darcy-Weisbash, ela é válida para
qualquer escoamento incompressível, em regime permanente e plenamente desenvolvido, não
importando se o tubo é horizontal ou inclinado.
EXERCÍCIOS
5.1: Uma correia larga se movimenta em um tanque que contém um líquido viscoso do modo indicado
na Fig. E-5.1. O movimento da correia é vertical e ascendente e a velocidade da correia é v0. As
forças viscosas provocam o arrastamento de um filme de líquido que apresenta espessura h. Note
que a aceleração da gravidade força o líquido a escoar, para baixo, no filme. Admita que o
escoamento seja laminar, unidimensional e está em regime permanente. A partir das equações
de Navier-Stokes obtenha uma equação para a velocidade média do filme de líquido, obtenha
também uma expressão para a vazão em volume. Escreva as hipóteses adequadas para justificar
as suas simplificações.
Fig. E-5.1
5.2: Um fluido Newtoniano viscoso e incompressível escorre para baixo, em uma parede vertical, em
escoamento laminar e em regime permanente. A espessura, h, da película é constante. Como a
superfície livre do líquido é exposta à pressão atmosférica, não há gradiente de pressão. Para este
escoamento conduzido pela gravidade, desenvolva uma expressão para a velocidade da camada
líquida viscosa, para a vazão volumétrica deste escoamento e para a velocidade máxima. Escreva
as hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações.
Fig. E-5.2
5.3: Uma lâmina de fluido viscoso, com espessura constante h, escoa em regime permanente em um
plano infinito e inclinado a um ângulo θ com a horizontal, considere que a velocidade
perpendicular à placa é nula. O escoamento é laminar e a tensão de cisalhamento na superfície
livre da lâmina também é nula. Partindo das equações de Navier-Stokes obtenha uma expressão
para a vazão volumétrica no filme, por unidade de comprimento, b, em função da espessura da
lâmina e escreva as hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações. Encontre também
uma expressão para a tensão de cisalhamento.
Fig. E-5.3
5.4: Um fluido viscoso escoa em regime permanente entre duas placas infinitas, verticais e paralelas
como indicadas na Fig. E-5.4. Utilize as equações de Navier-Stokes para determinar o gradiente de
pressão na direção do escoamento. Admita que o escoamento seja laminar é incompressível e
possua um comprimento b uniforme em z. Expresse seu resultado em função da velocidade média
do escoamento e escreva as hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações.
Fig. E-5.4
5.5: Um fluido com massa específica ρ escoa em regime permanente entre duas placas infinitas,
verticais e paralelas, tal como mostrado na Fig. E-5.4. A direção do escoamento é vertical, mas o
sentido é coincidente com o sentido negativo do eixo y. O escoamento é laminar, plenamente
desenvolvido e o gradiente de pressão na direção do escoamento é nulo. Utilize as equações de
Navier-Stokes para obter uma equação para a vazão do escoamento por unidade de comprimento
b, neste canal. Escreva as hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações.
5.6: A Fig. E-5.6 mostra duas placas infinitas, paralelas e horizontais. O espaço entre as placas está
preenchido com um fluido viscoso e incompressível. Os valores das velocidades e os sentidos dos
movimentos das placas são os mostrados na figura. O gradiente de pressão na direção x é nulo e
a única força de campo é a devida a ação da gravidade. Utilize as equações de Navier-Stokes para
determinar o perfil de velocidade de escoamento entre as placas. Admita que o escoamento seja
laminar. Escreva as hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações.
Fig. E-5.6
5.7: Dois fluidos imiscíveis, incompressíveis e viscosos escoam entre as placas infinitas, paralelas e
horizontais mostradas na Fig. E-5.7. As massas específicas dos fluidos são iguais, no entanto, as
viscosidades são diferentes. A placa inferior é imóvel e a superior apresenta o movimento indicado
na figura. Determine a velocidade na interface dos fluidos. Expresse seus resultados em função de
U, µ1 e µ2. O escoamento é promovido apenas pelo movimento da placa superior, ou seja, não
existe gradiente de pressão na direção x. Os perfis de velocidade e de tensão de cisalhamento são
contínuos na interface entre os fluidos. Admita que o escoamento seja laminar e escreva as
hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações.
Fig. E-5.7
5.8: A Fig. E-5.8 mostra um escoamento viscoso e incompressível entre duas placas paralelas. O
escoamento é promovido pelo movimento da placa inferior e pela presença de um gradiente de
pressão dP/dx. Determine a relação entre U e dP/dx de modo que a tensão de cisalhamento na
parede fixa seja nula. Escreva as hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações.
Fig. E-5.8
5.9: Um fluido viscoso (γ = 12568 N/m3 e µ = 1,44 N.s/m2) está contido entre duas placas infinitas e
paralelas, como mostradas na Fig. E-5.9. O escoamento é promovido pelo movimento da placa
superior e pela ação de um gradiente de pressão. Note que a placa inferior é imóvel. O manômetro
em U indicado na figura fornece uma leitura diferencial de 2,54 mm quando a velocidade da placa
superior, U, é igual a 6,1 mm/s. Nestas condições, determine a distância entre a placa inferior e o
ponto onde a velocidade do escoamento é máxima. Admita que o escoamento é laminar e escreva
as hipóteses adequadas para justificar as suas simplificações.
Fig. E-5.9
5.10: A Fig. E-5.10 mostra um mancal de deslizamento vertical lubrificado com um óleo que apresenta
viscosidade dinâmica igual a 0,2 N.s/m2. Admita que o escoamento de óleo pode ser modelado
como um escoamento laminar entre as duas placas paralelas e com gradiente de pressão nulo na
direção do escoamento. Estime o torque necessário para manter a rotação do eixo constante e
igual a 80 rpm.
Fig. E-5.10
5.11: Um fluido viscoso está contido entre dois cilindros longos e concêntricos. A geometria do sistema
é tal que o escoamento entre os cilindros pode ser aproximado como aquele que ocorre entre
duas placas paralelas e infinitas. Determine a expressão que relaciona o torque que deve ser
aplicado no cilindro externo para que o cilindro externo apresente velocidade angular ω. O cilindro
interno é imóvel. Expresse seu resultado em função da geometria do sistema, da viscosidade
dinâmica do fluido e da velocidade angular. Escreva as hipóteses adequadas para justificar as suas
simplificações.
5.13: Um sistema hidráulico opera a uma pressão manométrica de 20 MPa e 55 oC. O fluido hidráulico
é óleo SAE 10W. Uma válvula de controle consiste em um pistão com 25 mm de diâmetro montado
em um cilindro com uma folga média de 0,005 mm. Determine a vazão em volume do vazamento
se a pressão manométrica do lado de baixa pressão do pistão for 1,0 MPa. O pistão tem 15 mm
de comprimento. Verifique também se o escoamento encontra-se em regime laminar. Considere
a viscosidade absoluta do óleo SAE 10W a 55 oC de 0,018 N.s/m2 e uma gravidade específica de
0,92.
Fig. E-5.13
Fig. E-5.14
5.15: Um líquido viscoso (ρ = 1,18×103 kg/m3; µ = 0,0045 N.s/m2) escoa em um tubo horizontal que
apresenta diâmetro interno igual a 4 mm. A vazão em volume do escoamento no tubo é de 12
ml/s. (a) Admitindo que o escoamento é plenamente desenvolvido, determine a queda de pressão
por unidade de comprimento de tubo. (b) Se instalarmos um cilindro sólido, diâmetro externo de
2 mm, concentricamente ao tubo, nós obteremos um espaço anular. Admitindo que a vazão de
líquido no canal é igual a ao do item anterior, determine a queda de pressão no escoamento por
unidade de comprimento de canal anular.
5.16: Um viscosímetro simples e preciso pode ser feito com um tubo capilar. Se a vazão em volume e a
queda de pressão forem medidas, e a geometria do tubo for conhecida, a viscosidade de um fluido
Newtoniano poderá ser calculada pela equação (5.58). Um teste de certo líquido em um
viscosímetro capilar forneceu os seguintes dados: vazão em volume, 880 mm3/s; comprimento do
tubo, 1 m; diâmetro do tubo, 0,50 mm; queda de pressão, 1 MPa. Determine a viscosidade do
5.17: Considere um escoamento incompressível em um duto circular. Deduza expressões gerais para o
número de Reynolds em termos de (a) vazão em volume e diâmetro do tubo e (b) vazão em massa
e diâmetro do tubo. O número de Reynolds é 1800 em uma seção onde o diâmetro do tubo é 10
mm. Determine o número de Reynolds para a mesma vazão em uma seção em que o diâmetro do
tubo é 6 mm. Considere as propriedades dos fluidos na condição padrão.
5.18: O perfil de velocidade para escoamento completamente desenvolvido entre placas planas
paralelas estacionadas é dado por u = ay(h – y), onde a é uma constante, h é a largura total da
fresta entre as placas e y é a distância medida para cima a partir da placa inferior. Determine a
razão u umax .
5.19: Um fluido incompressível escoa entre duas placas paralelas estacionadas infinitas. O perfil de
velocidade é dado por
= u umax ( Ay 2 + By + C ) , onde A, B e C são constantes e y é medido a partir
do centro da fresta. O espaçamento total entre as placas é h. use condições de contorno
apropriadas para expressar a magnitude e as unidades das constantes em termos de h. Desenvolva
uma expressão para a vazão em volume por unidade de profundidade e avalie a razão u umax .
5.20: Um óleo viscoso escoa em regime permanente entre duas placas paralelas. O escoamento é
laminar e completamente desenvolvido. O espaçamento total entre as placas é h = 3 mm. A
viscosidade do óleo é 0,5 N.s/m2 e o gradiente de pressão é -1200 N/m2/m. Determine a
magnitude e o sentido da tensão de cisalhamento na placa superior e a vazão em volume através
da fresta por metro de largura.
5.21: O componente básico de um aparelho para testar manômetros consiste de um conjunto cilindro-
pistão, conforme mostrado na Fig. E-5.21. O pistão, com 6 mm de diâmetro, é carregado de modo
a desenvolver uma pressão de valor conhecido, o comprimento do pistão é 25 mm. Calcule a
massa, m, necessária para produzir 1,5 MPa (manométrico) no cilindro. Determine a vazão de
vazamento como função da folga radial, a, para essa carga, se o líquido for óleo SAE 30 a 20 oC.
Especifique a máxima folga radial admissível de modo que o movimento vertical do pistão devido
ao vazamento seja inferior a 1 mm/min. Determine também se o escoamento é laminar ou
turbulento.
Fig. E-5.21
5.22: Ar padrão entra em um duto de 0,3 m de diâmetro. A vazão em volume é 2 m3/min. Determine se
o escoamento é laminar ou turbulento. Estime o comprimento de entrada necessário para
estabelecer escoamento completamente desenvolvido.
5.23: Para escoamento laminar em um tubo com 12,7 mm de diâmetro, determine (a) a máxima vazão
em volume permissível se o fluido for água e (b) a máxima velocidade média se o fluido for ar. (c)
Qual o correspondente comprimento de entrada? Considere as propriedades dos fluidos na
condição padrão.
5.24: Água a 10 oC escoa em um tubo que apresenta diâmetro D = 19 mm. (a) Determine o tempo
mínimo para encher um copo de 359 ml com água se o escoamento for laminar. (b) Determine o
tempo máximo para encher o copo se o escoamento for turbulento. Refaça os cálculos admitindo
que a temperatura da água seja igual a 60 oC.
5.25: Um óleo (viscosidade dinâmica de 0,40 N.s/m2 e massa específica de 900 kg/m3) escoa em um
tubo que apresenta diâmetro interno, D, igual a 20 mm. (a) Qual a queda de pressão, P1 – P2,
necessária para produzir uma vazão volumétrica de 2,0x10-5 m3/s, se o tubo for horizontal com x1
= 0 e x2 = 10 m. (b) Qual deve ser a inclinação do tubo, θ, para que o óleo escoe com a mesma
vazão que na parte (a) mas com P1 = P2? (c) Para as condições da parte (b), determine pressão na
seção x3 = 5 m (onde x é medido ao longo do tubo) sabendo que P1 = 200 kPa.
5.26: Ar, a 38 oC e pressão atmosférica padrão, escoa em um tubo com uma vazão em massa igual a
0,036 kg/s. Determine o diâmetro máximo do tubo para que o escoamento ainda permaneça
turbulento.
5.27: Dióxido de carbono, a 20 oC e 550 kPa (abs.) escoa em um tubo com uma vazão de 0,04 kg/s.
Determine o diâmetro máximo do tubo para que o escoamento permaneça turbulento.
5.28: A vazão de ar utilizada para resfriar uma sala é 0,113 m3/s. O ar é transportado dentro de uma
tubulação que apresenta diâmetro interno igual 0,2 m. Qual é o comprimento da região de
entrada do escoamento de ar nesta tubulação? Considere νar = 1,47×10-5 m2/s.
5.29: Água escoa, de modo plenamente desenvolvido, em um tubo com 0,305 m de diâmetro. A tensão
de cisalhamento na parede é 12,8 kPa. Determine o gradiente de pressão, ∂P/∂x, onde x é a
direção do escoamento, se o tubo for (a) horizontal, (b) vertical com escoamento ascendente e (c)
vertical com escoamento descendente.
5.30: O gradiente de pressão necessário para forçar água a escoar em um tubo horizontal com 25,4 mm
de diâmetro é 1,13 kPa/m. Determine a tensão de cisalhamento na parede do tubo. Calcule
também a tensão de cisalhamento a 7,6 e 12,7 mm da parede do tubo. Refaça os cálculos
considerando que o tubo apresenta uma inclinação de 20o e que a seção de descarga está
localizada acima da seção de alimentação. O escoamento é para acima ou para abaixo. Justifique
a sua resposta.
5.31: Água escoa em um tubo com diâmetro constante e apresenta as seguintes características: na
seção (a) Pa = 2,2 bar e za = 17,3 m, e na seção (b) Pb = 2,0 bar e zb = 20,8 m. O sentido do
escoamento é de (a) para (b) ou de (b) para (a)? Justifique a sua resposta.
5.32: Água escoa em um tubo de aço inclinado que apresenta diâmetro interno igual a 76 mm.
Considere que a seção de alimentação do tubo esteja em uma cota superior àquela da seção de
descarga. Sabendo que o comprimento da tubulação é igual a 1609 m e que a pressão é constante
ao longo do escoamento, determine a máxima inclinação do tubo de modo que o escoamento
permaneça laminar. Considere νH2O = 1,004×10-6 m2/s.
( n+1) n
n ∆P ( n+1) n D
1n
u(r ) =
− r −
n + 1 2LC 2
5.34: Um fluido de massa específica e viscosidade dinâmica iguais a 1000 kg/m3 e 0,30 N.s/m2, escoa
em regime permanente em um tubo vertical que apresenta diâmetro e altura iguais a 0,10 m e 10
m. O escoamento é para baixo e o fluido é descarregado do tubo como um jato livre. Determine
a máxima pressão na seção de alimentação do tubo para que o escoamento permaneça laminar
ao longo do tubo.
Fig. E-5.35
Fig. E-5.36
5.37: Um viscosímetro de cilindros coaxiais utiliza um cilindro que gira no interior de outro. Admitindo
que o movimento entre os dois cilindros é laminar, quando o cilindro interno gira; as componentes
radial e axial da velocidade são nulas; o escoamento não varia segundo o eixo z; e desprezando o
efeito da base. Determinar o perfil de velocidades e o momento torsor causado pelas tensões de
cisalhamento no cilindro externo que é fixo.
Fig. E-5.37
5.38: Estime a viscosidade de um óleo contido no espaço tubular entre dois cilindros de 25 cm de
comprimento, como mostrado na Figura E-5.38. O cilindro externo estacionário tem 8 cm de
diâmetro. O cilindro interno de 7,8 cm de diâmetro gira a 3800 rpm quando é aplicado um torque
de 0,12 N.m. A densidade do óleo é de 0,85. Despreze qualquer torque devido às bordas dos
cilindros.
Fig. E-5.38
5.39: Óleo SAE-10W a 40°C preenche o espaço entre dois cilindros concêntricos com comprimento de
40 cm e raios respectivos de 2 cm e 3 cm. Que torque é necessário para girar o cilindro interno a
3000 rpm, se o cilindro interno é fixo? Que potência é necessária?
5.40: Um torque de 0,015 N.m é requerido para girar um cilindro de 4 cm de raio a 40 rad/s, localizado
dentro de um cilindro fixo de 5 cm de raio. Os cilindros concêntricos têm 50 cm de comprimento.
Calcule a viscosidade do fluido. Use SG = 0,9.
5.41: Encontre uma expressão para o torque necessário para girar o cilindro externo, se o cilindro
interno da Fig. E-5.38 é fixo.
5.42: Uma casa de alvenaria localizada no bairro de Camobi, em Santa Maria, possui uma calha, que
conduz a água proveniente das chuvas para o dreno, por um tubo de seção circular que está na
posição vertical. Obtenha uma expressão para a velocidade média, a vazão volumétrica e a tensão
de cisalhamento que circula através deste tubo vertical. Admita que o fluído é incompressível,
Newtoniano, laminar e está em regime permanente durante sua passagem pelo tubo.
Fig. E-5.42
5.43: Resolva o problema 5.42 substituindo o tubo circular por um tubo de cilindros concêntricos de
diâmetros D1 e D2.
RESPOSTAS
γ h2 γ h3
5.1: (a) v= v0 − ; (b) Q
=′ v0 h −
3µ 3µ
γ 2 γh γ h3 γ h2
5.2: =
(a) v x − x (Para abaixo ↓); (b) Q′ = ; (c) vmax = (Para abaixo ↓)
2µ µ 3µ 2µ
γ h3 senθ
5.3: Q′ = = ; τ γ senθ ( h − y )
3µ
dP 3µ v
5.4: =− 2 −γ
dy h
2γ h3
5.5: Q′ = −
3µ
u +u
5.6:
= u 1 2 y − u2
b
U
5.7: u2 ( = ) A2=
y h= h
1 + µ2 µ1
2
U b
5.8: =
∂P ∂x 2µ
5.9: ym = 1,37 cm
5.10: Τ = 0,355 N.m
2π r 3 µωl
5.11: Τ= 0
r0 − ri
senθ y2 ρ g senθ bh3 ρ g senθ h2
5.12:
= u ρg hy −= ; τ yx ρ g senθ ( h − y ) ; Q = ;u= ;¿
µ 2 3µ 3µ
13
3µQ
h=
ρ g senθ b ; Q = 0,846 L/s
5.13: Q = 57,57 mm3/s; Re = 0,0376 (Laminar)
5.14: = 1,36 N.m; W
Τ
= 514,38 W; Re = 30,82 (Laminar)
5.15: ∆P/L = 8594 Pa/m; ∆P/L = 68,2 kPa/m
5.16: µ = 1,74×10−3 N.s/m2; Re = 1290 (Laminar)
4Q
5.17: Re = ; Re = 3000
π Dµ
5.18: u umax = 2/3
2 y 2 2
5.19: (a) u umax 1 − ; (b) Q b = umax h ; (c) u umax = 2/3
=
h 3
5.20: τ xy = −1,80 N/m2 (Para a direita); Q b = 5,40×10−6 m3/s/m
π a3 ∆PD 3
5.21: m = 4,32
= kg; Q ∼ a ; a = 1,28×10−5 m; Re = 5,46×10−5 (Laminar)
12 µL
5.22: Re = 9689,8 (Turbulento); Le = 6,1 m
5.23: (a) Qmax = 2,39×10−5 m3/s (Água); (b) Qmax = 3,06×10−4 m3/s (Ar); (c) Le = 1,6 m
5.24: (a) tmin,10°C = 8,73 s; tmin,60°C = 24,4 s; (b) tmax,10°C = 4,6 s; tmax,60°C = 12,7 s;
5.25: (a) P1 − P2 = 20,4 kPa; (b) −13,34°; (c) P3 = 200 kPa
5.26: Dmax = 0,69 m
5.27: Dmax = 0,0883 m
5.28: Le = 5,32 m
5.29: (a) ∂P/∂x = −167,87 kN/m3; (b) ∂P/∂x = −177,68 kN/m3; (c) ∂P/∂x = −158,06 kN/m3
5.30: (a) τw = 7,176 N/m2; τ1 = 2,882 N/m2; τ2 = 0 N/m2; (b) τw = −14,13 N/m2; τ1 = −5,67 N/m2; τ2 = 0
N/m2
5.31: hL = −1,46 m ↓
5.32: z = 31 mm
5.33: Fazer a demonstração partindo da Eq. 5.86
5.34: P = 138,95 kPa
CAMADA LIMITE
6.1 INTRODUÇÃO
Diversos fenômenos que ocorrem no escoamento externo sobre um corpo são ilustrados no
esboço do escoamento viscoso, com alto número de Reynolds, sobre um aerofólio (Fig. 6.1). O
escoamento de corrente livre divide-se no ponto de estagnação e circunda o corpo, desta forma, o fluido
em contato com a superfície adquire a velocidade do corpo como resultado da condição de não
deslizamento.
Camadas limites formam-se tanto na superfície superior quanto na superfície inferior do corpo,
assim, o escoamento na camada limite é inicialmente laminar. A transição para escoamento turbulento
ocorre a alguma distância do ponto de estagnação, dependendo das condições da corrente livre,
rugosidade da superfície e gradiente de pressão. Os pontos de transição estão indicados por “T” na figura,
sendo que, a camada limite turbulenta a jusante da transição cresce mais rapidamente do que a camada
laminar a montante. Um leve deslocamento das linhas de corrente do escoamento externo é causado
pelo crescimento das camadas limites nas superfícies. Em uma região de pressão crescente a separação
do escoamento poderá ocorrer. Os pontos de separação estão indicados por “S” na figura. O fluido que
estava nas camadas limites na superfície do corpo forma a esteira viscosa atrás dos pontos de separação.
O aerofólio da Fig. 6.1 é submetido a uma força resultante das forças de cisalhamento e de pressão
que atuam nas suas superfícies. A componente da força resultante paralela ao escoamento uniforme a
montante, U∞, é chamada de força de arrasto. A componente da força resultante perpendicular a U∞ é
chamada de sustentação, pois, a presença de separação do escoamento impede a determinação analítica
de sustentação e arrasto.
O conceito de uma camada limite foi introduzido pela primeira vez por Ludwig Prandtl, em 1904.
Embora as equações completas que descrevem o movimento de um fluido viscoso (equações de Navier-
Stokes) fossem conhecidas anteriormente por Prandtl, as dificuldades matemáticas na resolução dessas
equações (exceto para alguns casos simples) proibiam um tratamento teórico de escoamentos viscosos.
Prandtl mostrou que muitos escoamentos viscosos podem ser analisados dividindo-os em duas regiões,
uma perto das fronteiras sólidas, a outra cobrindo o restante do escoamento. Apenas na delgada região
adjacente a uma fronteira sólida (a camada limite), o efeito da viscosidade é importante. Na região fora
da camada limite, o efeito da viscosidade é desprezível e o fluido pode ser tratado como invíscido.
O conceito de camada limite forneceu o elo que faltava entre a teoria e a prática. Além disso, este
conceito permitiu a resolução de problemas de escoamentos viscosos que seriam impossíveis de resolver
pela aplicação das equações de Navier-Stokes ao campo de escoamento completo. Na camada limite,
tanto as forças viscosas quanto as de inércia são importantes, por isso, não é surpreendente que o número
de Reynolds (que representa a razão entre as forças de inércia e as forças viscosas) seja significativo na
caracterização dos escoamentos de camada limite. O comprimento característico usado no número de
Reynolds é o comprimento, no sentido do escoamento, sobre o qual a camada limite desenvolveu-se, ou
alguma medida da sua espessura.
Da mesma forma que em um duto, o escoamento em uma camada limite pode ser laminar ou
turbulento. Não há valor singular do número de Reynolds no qual ocorre a transição de regime laminar
para turbulento na camada limite. Entre os fatores que afetam a transição em uma camada limite estão:
gradiente de pressão, rugosidade superficial, transferência de calor, forças de campo e perturbações de
corrente livre.
Um diagrama esquemático do crescimento da camada limite sobre uma placa plana é mostrado
na Fig. 6.2. A camada limite é laminar por uma curta distância a jusante da borda de ataque. A transição
ocorre sobre uma região da placa em vez de em uma linha única transversal à placa. A região de transição
estende-se para jusante até o local onde o escoamento de camada limite torna-se completamente
turbulento.
Para escoamento incompressível sobre uma placa plana lisa (gradiente de pressão zero), na
ausência de transferência de calor, a transição de escoamento laminar para turbulento na camada limite
pode ser retardada para um número de Reynolds, Re x = ρUx µ , maior que um milhão, se as
perturbações externas forem minimizadas, onde o comprimento x é medido a partir da borda de ataque
da placa. Para fins de cálculo, sob condições típicas de escoamento, considera-se que a transição
geralmente ocorre em um comprimento correspondente ao número de Reynolds de 5×105. Para ar na
condição padrão, com velocidade de corrente livre U = 30 m/s, isso corresponde ao comprimento x ≈ 2,4
m ao longo da placa. Na Fig. 6.2, mostra-se a camada limite turbulenta crescendo mais depressa que a
laminar.
Fig. 6.2 – Camada limite sobre uma placa plana (espessura vertical exageradamente ampliada).
A camada limite é a região adjacente a uma superfície sólida na qual as forças viscosas são
importantes. A espessura de perturbação ou simplesmente espessura, δ, da camada limite é usualmente
definida como a distância da superfície ao ponto em que a velocidade é 99 % da velocidade de corrente
livre. Como o perfil de velocidade na camada limite une-se suave e assintoticamente com a velocidade de
corrente livre, a espessura da camada limite é difícil de medir.
O efeito das forças viscosas na camada limite é retardar o escoamento. A vazão em massa
adjacente a uma superfície sólida é inferior àquela que passaria pela mesma região na ausência de uma
camada limite. O decréscimo de vazão em massa devido à influência das forças viscosas é dado por:
∞
∫ ρ (U − u ) Ldy
0
∞
ρ=
ULδ * ∫ ρ (U − u ) Ldy
0
Para escoamento incompressível, ρ = constante, a expressão anterior pode ser simplificada para:
∞ u δ u
δ * = ∫ 1 − dy ≈ ∫ 1 − dy (6.1)
0 U 0 U
A diminuição de fluxo dentro da camada limite também acarreta uma redução em fluxo de
quantidade de movimento (comparado com escoamento não viscoso) em uma seção. A deficiência de
quantidade de movimento da vazão mássica real através da camada limite é:
∞
∫ ρu (U − u ) Ldy
0
Na ausência de forças viscosas, seria necessário mover a fronteira sólida para dentro do
escoamento a fim de obter uma deficiência de quantidade de movimento. Com essa distância (a espessura
de quantidade de movimento) denotada por θ, para ρ constante, a deficiência da quantidade de
movimento seria, ρU2θL. A espessura de quantidade de movimento, θ, é definida como a espessura de
uma camada de fluido, com velocidade U, para a qual o fluxo de quantidade de movimento é igual ao
déficit do fluxo de quantidade de movimento através da camada limite. Dessa forma, tal como se ilustra
na Fig. 6.3(b), para ρ = cte.,
∞
ρU2θ
= ∫ ρu (U − u ) dy
0
e,
∞ u u δ u u
θ= ∫0 1 − dy ≈ ∫0 1 − dy
U U U U
(6.2)
Observa-se que o perfil de velocidade na camada limite une-se assintoticamente com a velocidade
de corrente livre local. Um pequeno erro é introduzido se a leve diferença entre as velocidades na borda
da camada limite for ignorada em uma análise aproximada. Entre as hipóteses simplificadoras usualmente
feitas em análises de engenharia para o desenvolvimento da camada limite temos:
1) u → U para y = δ.
2) ∂u/∂y → 0 para y = δ.
3) v << U dentro da camada limite.
4) A variação de pressão através da camada limite fina é desprezível. A distribuição de pressão
da corrente livre é impressa na camada limite.
A solução para a camada limite laminar em uma placa plana horizontal foi obtida por H. Blasius,
aluno de Prandtl, em 1908. Para escoamento bidimensional, permanente, incompressível, com gradiente
de pressão nulo, as equações que governam o movimento reduzem-se a:
∂u ∂v
+ 0
= (6.3)
∂x ∂y
∂u ∂u ∂ 2u
u +v = ν 2 (6.4)
∂x ∂y ∂y
Para, y = 0, → u = 0, v=0
Para, y = ∞, → u = U, ∂u/∂y = 0
Blasius argumentou que o perfil de velocidade, u/U, deveria ser similar para todos os valores de x
quando traçado contra uma distância adimensional em relação à parede. A espessura da camada limite,
δ, era uma escolha natural para tornar adimensional a distância da parede. Então a solução é da forma:
u y
= g (η ) onde η∝ (6.5)
U δ
U
η =y (6.6)
νx
∂ψ ∂ψ
u= e v= − (6.7)
∂y ∂x
ψ
f (η ) = (6.8)
ν xU
faz f(η) a variável dependente e η a variável independente, na equação (6.4). Com ψ definido pela Eq.
(6.8) e η definido pela Eq. (6.6), podemos avaliar cada um dos termos da Eq. (6.4). Desta forma as
componentes de velocidade são dadas por:
∂ψ ∂ψ ∂η df U df
u
= = = ν xU = U (6.9)
∂y ∂η ∂y dη ν x dη
e,
∂ψ ∂f 1 ν U df 1 1 1 ν U
v=
− − ν xU +
= f=− ν xU − η + f
∂x ∂x 2 x dη 2 x 2 x
1 ν U df
=v η − f (6.10)
2 x dη
∂u U d2 f
= − η 2
∂x 2 x dη
∂u U d2 f
=U
∂y ν x dη 2
∂ 2u U 2 d 3 f
=
∂y 2 ν x dη 3
d3 f d2 f
2 + f 0
= (6.11)
dη 3 dη 2
df
Para, η =0, → f = =0
dη
(6.12)
df
Para, η =
∞, → 1
=
dη
Pode-se concluir que, as equações diferenciais parciais que governam o crescimento da camada
limite, em uma placa plana, (Eqs. 6.3 e 6.4) foram transformadas em uma equação diferencial não linear
de terceira ordem (Eq. 6.11) com condições de contorno dadas pela Eq. 6.12. Não é possível resolver a Eq.
(6.11) de forma analítica. Blasius resolveu-a usando uma expansão em série exponencial em torno de η =
0, combinada com uma expansão assintótica para η → ∞. A Tabela 6.1 mostra valores numéricos para f,
df/dη e d2f/dη2.
O perfil de velocidade é obtido na forma adimensional plotando-se u/U versus η, com os valores
da Tabela 6.1. Perfis de velocidade medidos experimentalmente mostram excelente concordância com a
solução analítica. Os perfis de todos os locais, em uma placa plana, são similares, eles caem em um só
perfil quando traçados em coordenadas adimensionais.
Tabela 6.1 – A função f(η) para a Camada Limite Laminar ao longo de uma Placa Plana em Ângulo de
Incidência Zero.
U u
η =y f f′= f ′′
νx U
0 0 0 0,3321
0,5 0,0415 0,1659 0,3309
1,0 0,1656 0,3298 0,3230
1,5 0,3701 0,4868 0,3026
2,0 0,6500 0,6298 0,2668
2,5 0,9963 0,7513 0,2174
3,0 1,3968 0,8460 0,1614
3,5 1,8377 0,9130 0,1078
4,0 2,3057 0,9555 0,0642
4,5 2,7901 0,9795 0,0340
5,0 3,2833 0,9915 0,0159
5,5 3,7806 0,9969 0,0066
6,0 4,2796 0,9990 0,0024
6,5 4,7793 0,9997 0,0008
7,0 5,2792 0,9999 0,0002
7,5 5,7792 1,0000 0,0001
8,0 6,2792 1,0000 0,0000
Da Tabela 6.1, verificamos que para η = 5, u/U = 0,992. Com a espessura de camada limite, δ,
definida como o valor de y para o qual u/U = 0,992, a Eq. (6.6) resulta:
5 5x
δ≈ = (6.13)
U νx Re x
∂u d2 f
τw ≈ µ µ
=U U ν x
∂y y =0 dη 2 η =0
Então:
0,332 ρU2
=τ w 0,332
= U ρµU x (6.14)
Re x
τ 0,664
Cf
= =w
(6.15)
ρU 2
1
2 Re x
Observa-se das Eqs. (6.13), (6.14) e (6.15) que cada um dos resultados para a espessura de camada
limite, δ, para a tensão de cisalhamento na parede, τw, e para o coeficiente de atrito superficial, Cf,
dependem do número de Reynolds, Rex. Estes resultados caracterizam o comportamento da camada
limite laminar sobre uma placa plana.
A. Equação da Continuidade
Aplicando a equação da continuidade ao volume de controle dado pela Fig. 6.4, assumindo
escoamento permanente e bidimensional, têm-se:
ab + m
m bc + m
cd =
0 (6.16)
δ
ab = − ∫ ρudy L
m (6.17)
0
∂m
x +=
m x +
m dx
∂x x
dx
e, por conseguinte:
∂ δ
cd ∫ ρudy + ∫ ρudy dx L
δ
=m (6.18)
0 ∂x 0
Deste modo, para a superfície bc, podemos substituir (6.17) e (6.18) em (6.16), resultando:
∂ δ
bc = − ∫ ρudy dx L
m (6.19)
∂x 0
onde, mf representa a componente x do fluxo de quantidade de movimento. Para aplicar essa equação
ao volume de controle diferencial abcd, devemos obter expressões para o fluxo da quantidade de
movimento na direção x, através da superfície de controle, e também das forças superficiais que atuam
sobre o volume de controle na direção x.
δ
mfab = − ∫ uρudy L (6.21)
0
∂mf
mfx= mfx + dx
∂x x
+dx
ou,
δ ∂ δ
mfcd ∫ uρudy + ∫ uρudy dx L
= (6.22)
0 ∂x 0
bc
mfbc = Um
∂ δ
mfbc = −U ∫ ρudy dx L (6.23)
∂x
0
=
∂
FS , x
∂x
( ∫ uρudy )dx − U ∂∂x ( ∫ ρudy )dx L
δ
0
δ
0
(6.24)
A equação (6.24) representa uma expressão para o fluxo de quantidade de movimento segundo
x, através da superfície de controle. Considerando as forças superficiais que atuam sobre o volume de
controle na direção x, observa-se que as forças normais com componentes não nulas na direção x atuam
sobre três superfícies do volume de controle. Além disso, uma força cisalhante atua sobre a superfície ad,
tal como se mostra na Fig. 6.5. Como o gradiente de velocidade vai a zero na borda da camada limite, a
força de cisalhamento atuando ao longo de bc é desprezível.
A camada limite é muito fina, consequentemente, as variações de pressão no sentido y podem ser
desprezadas, ou seja, dentro da camada limite P = P(x).
dP
Px +dx= P + dx
dx x
dP
− P + dx (δ + dδ ) L
Fcd = (6.26)
dx x
1 dP
P+ dx
2 dx x
1 dP
Fbc
= P +
2 dx dx Ldδ (6.27)
x
− (τ w + 12 dτ w ) Ldx
Fad = (6.28)
dP 1 dP ≈0 1 ≈0
− δ dx −
FS , x = dδ dx − τ w dx − dτ w dx L
dx 2 dx 2
dP
− δ dx − τ w dx L
FS , x = (6.29)
dx
dP
− δ dx =
dx
∂
− τ w dx L
∂x
( ∫ uρudy )dx − U ∂∂x ( ∫ ρudy )dx L
δ
0
δ
dP ∂ δ ∂ δ
δ − ∫ u ρudy + U ∫ ρudy
+τw = (6.30)
dx ∂x 0 ∂x 0
A equação (6.30) é uma equação integral de quantidade de movimento, que dá uma relação entre
as componentes x das forças atuando em uma camada limite e o fluxo de quantidade de movimento
segundo x.
O gradiente de pressão, dP/dx, pode ser determinado pela aplicação da equação de Bernoulli ao
escoamento não viscoso fora da camada limite, ou seja:
dP dU
= − ρU
dx dx
Se admitirmos que,
δ
δ = ∫ dy
0
∂ δ ∂ δ dU δ
− ∫ u ρudy + U ∫ dx ∫0
τw = ρudy + ρUdy
∂x 0 ∂x 0
Visto que:
∂ δ ∂ δ dU δ
∂x ∫0 ∂x ∫0
U= ρudy ρuUdy − ∫ ρudy
dx 0
temos:
∂ δ dU δ
∫ ρu (U − u ) dy + ρ (U − u ) dy
dx ∫0
τw
=
∂x 0
e,
∂ 2 δ u u dU δ u
U ∫ ρ 1 − dy + U
dx ∫0 U
=τw ρ 1 − dy
∂x 0 U U
τ
=w
ρ
∂ 2
∂x
(U θ ) + δ * U dU
dx
(6.31)
Nota-se que a Eq. (6.31) fica restrita a escoamento permanente, incompressível e bidimensional,
sem a presença de forças de campo paralelas à superfície. Não foi feita qualquer hipótese específica
relacionando a tensão de cisalhamento na parede, τw, com o campo de velocidade. Consequentemente,
a Eq. (6.31) é válida para escoamento de camada limite laminar e turbulento.
Para fazer uso dessa equação para estimar a espessura da camada limite como uma função de x,
deve-se:
i) Obter uma primeira aproximação para a distribuição de velocidade de corrente livre, U(x).
Isso pode ser feito a partir da teoria de escoamento não viscoso (a velocidade que existiria na
ausência de uma camada limite). A pressão na camada limite é relacionada com a velocidade
de corrente livre, U(x), usando a equação de Bernoulli.
ii) Admitir uma forma razoável para o perfil de velocidade dentro da camada limite.
iii) Relacionar a tensão de cisalhamento na parede com o campo de velocidade.
6.2.5 Uso da Equação Integral da Quantidade de Movimento para Escoamento com Gradiente de
Pressão Nulo
Para o caso especial do escoamento sobre uma placa plana, U = constante. Da equação de
Bernoulli, vemos que para este caso, P = constante, e assim, dP/dx = 0.
dθ d δ u u
=τ w ρ=
U2 ρU2 ∫ 1 − dy (6.32)
dx dx 0 U U
A distribuição de velocidade, u/U, na camada limite é suposta ser similar para todos os valores de
x e normalmente é especificada como uma função de y/δ (note que u/U é adimensional e δ é uma função
de x apenas). Consequentemente, é conveniente mudar a variável de integração de y para y/δ. Assim:
y
η= → dy =δ dη
δ
e a equação integral da quantidade de movimento para gradiente de pressão zero é escrita como:
dδ 1 u u
=τ w ρU 2
dx ∫
0 1 − dη
U U
(6.33)
Desejamos resolver esta equação para a espessura de camada limite como uma função de x. Para
fazer isso devemos:
u y
f (η )
= f=
U δ
Para
= y 0,= u 0
Para
= y δ=, u U
∂u
Para
= y δ=, 0
∂y
b) Note que, uma vez admitida a distribuição de velocidade, o valor numérico da integral na
Eq. (6.33) é simplesmente:
1 u u θ
∫0 1 − dη =
U U δ
= β
constante =
dδ
τ w = ρU 2 β
dx
ii. Obter uma expressão para τw em termos de δ. Isso permitirá então resolver para δ(x).
Para escoamento laminar sobre uma placa plana, uma suposição razoável para o perfil de
velocidade é um polinômio em y:
u =a + by + cy 2
Para
= y 0,= u 0
Para
= y δ=, u U
∂u
Para
= y δ=, 0
∂y
2
u y y
2η − η 2
2 − =
= (6.34)
U δ δ
∂u U ∂ (u U ) µU d ( u U )
=τ w µ= µ =
∂y y =0 δ ∂ ( y δ ) y δ =0 δ dη η =0
Substituindo o perfil de velocidade admitido, Eq. (6.34), na expressão para τw, resulta:
µU d µU 2 µU
τw =
δ dη
( 2η − η 2 ) = ( 2 − 2η ) η =0 = (6.35)
η =0 δ δ
dδ dδ
∫ (2η −η )(1 − 2η=
+ η ) dη ∫ (2η − 5η + 4η 3 − η 4 ) dη
1 1
=τ w ρU 2 2 2
ρU 2 2
dx 0 dx 0
15µ
δ dδ = dx
ρU
δ 2 15µ
= x + c1
2 ρU
30 µ x δ 30 5,48
=δ ou, = = (6.36)
ρU x Re x Re x
A Eq. (6.36) mostra que a razão entre a espessura de camada limite laminar e a distância ao longo
de uma placa plana varia inversamente com a raiz quadrada do número de Reynolds. Ela tem a mesma
forma que a solução exata deduzida das equações diferenciais completas do movimento por H. Blasius.
Deve-se notar que a Eq. (6.36) erra somente em 10 % em comparação com a solução exata. A Tabela 6.2
resume resultados correspondentes calculados com o uso dos perfis de velocidade aproximados e lista
resultados obtidos da solução exata.
Uma vez conhecida a espessura da camada limite, todos os detalhes do escoamento podem ser
determinados. O coeficiente de tensão de cisalhamento na parede é definido por:
τw
Cf ≡ (6.37)
1
2 ρU 2
τw 2µ (U δ ) 4 µ µ x 1 Re x
Cf ≡ = 1 2 = =4 =4
1
2 ρU 2 2 ρ U ρ Uδ ρ Ux δ Re x 5,48
Finalmente:
0,73
Cf = (6.38)
Re x
Como a variação de τw é conhecida, o arrasto viscoso sobre a superfície pode ser avaliado por
integração sobre a área da placa plana.
A Eq. (6.36) pode ser usada para calcular a espessura da camada limite laminar no regime de
transição. Para Rex = 5×105, com U = 30 m/s, x = 0,24 m para o ar na condição padrão. Então:
δ 5,48
= = 0,00775
x 5 × 105
Os dados da Tabela 6.2 indicam que resultados razoáveis podem ser obtidos com uma variedade
de perfis de velocidade aproximados.
Tabela 6.2 – Resultados do cálculo do escoamento de camada limite laminar sobre uma placa plana em
ângulo de incidência zero fundamentado em perfis de velocidade aproximados.
Distribuição de velocidade
u y θ δ* δ* δ b = C f Re x
= f= f (η ) δ δ
H=
θ
a= Re x
U δ x
f (η ) = η 1/6 1/2 3,00 3,46 0,577
f (η=
) 2η − η 2 2/15 1/3 2,50 5,48 0,730
3 1
f (η=) η − η3 39/280 3/8 2,69 4,64 0,647
2 2
f (η ) =2η − 2η 3 + η 4 37/315 3/10 2,55 5,84 0,685
π 4 −π π −2
f (η ) = sen η 2,66 4,80 0,654
2 2π π
Exata 0,133 0,344 2,59 5,00 0,664
Detalhes do perfil de velocidade turbulento para camadas limites com gradiente nulo de pressão
são muito semelhantes àqueles para escoamento turbulento em tubos e canais. A equação integral da
quantidade de movimento é aproximada, um perfil de velocidade adequado para camadas limites
turbulentas sobre placas planas lisas é o perfil empírico de lei de potência. Um expoente de 1/7 é
tipicamente usado para modelar o perfil de velocidade turbulento,
17
u y
= = η1 7 (6.39)
U δ
Entretanto, este perfil não prevalece nas vizinhanças imediatas da parede, uma vez que nesta ele
prevê du/dy = ∞. Consequentemente, não podemos usá-lo na definição de τw para obter uma expressão
para τw em termos de δ, como fizemos para o escoamento laminar de camada limite. Para escoamento
turbulento de camada limite, pode ser utilizada uma expressão desenvolvida para escoamento em tubos,
dada por:
0,25
ν
τ w = 0,0332 ρV 2
RV
onde, V é a velocidade média no tubo, R é o raio do tubo e ν é a viscosidade cinemática. Para um perfil
de potência 1/7 em um tubo V U = 0,817 . Substituindo V = 0,817U e R = δ na equação anterior, obtém-
se:
14
ν
τ w = 0,0233ρU2 (6.40)
Uδ
14 1
ν dδ dδ 7 8 7 7 9 7 7 dδ
(η 1 7 −η 2 7 ) dη=
1
0,0233 =
Uδ
dx ∫ 0 η − η =
dx 8 9 0 72 dx
14
ν
δ 1 4 dδ = 0,24 dx
U
Integrando:
14
4 54 ν
= δ 0,24 x + c1
5 U
15
ν
δ = 0,382 x 4 5
U
ou,
15
δ ν 0,382
= 0,382
= (6.41)
x Ux Re1x 5
14
τw ν
Cf
= = 0,0466
1
2 ρ U 2
Uδ
Substituindo para δ,
0,0594
Cf = (6.42)
Re1x 5
Experimentos mostram que a Eq. (6.42) prediz com boa concordância o atrito superficial
turbulento em uma placa plana para 5×105 < Rex < 107. Os parâmetros da camada limite laminar variam
com Rex-1/2, enquanto a camada limite turbulenta variam com Rex-1/5, desta forma a camada limite
turbulenta desenvolve-se mais rapidamente do que a camada limite laminar. A tensão de cisalhamento
na parede é muito maior na camada limite turbulenta do que na camada limite laminar. Esta é a principal
razão para o rápido desenvolvimento das camadas limites turbulentas.
EXERCÍCIOS
6.1: Um túnel de vento de laboratório tem uma seção de teste quadrada, com 305 mm de lado. Perfis
de velocidade de camada limite são medidos em duas seções, e as espessuras de deslocamento
são avaliadas a partir dos perfis medidos. Na seção (1), onde a velocidade livre é U1 = 26 m/s, a
espessura de deslocamento é δ1*= 1,5 mm. Na seção (2), localizada à jusante da seção (1), δ2*=
2,1 mm. Calcule a variação de pressão estática entre as seções (1) e (2). Expresse o resultado como
uma fração da pressão dinâmica de corrente livre na seção (1). Admita condições de atmosfera
padrão.
6.2: Utilize os resultados numéricos apresentados na Tabela 6.1 a fim de avaliar as seguintes
quantidades para escoamento laminar de camada limite sobre uma placa plana:
6.3: Considere o escoamento de camada limite laminar, bidimensional, ao longo de uma placa plana.
Admita que o perfil de velocidade na camada limite é senoidal,
u π y
= sen
U 2δ
6.4: Água escoa a U = 1 m/s sobre uma placa plana com L = 1 m no sentido do escoamento. A camada
limite é provocada de modo a se tornar turbulenta na borda de ataque. Avalie a espessura de
perturbação, δ, a espessura de deslocamento, δ*, e a tensão de cisalhamento na parede, para x =
L. Compare com o escoamento laminar (solução exata) mantido à mesma posição. Admita um
perfil de velocidade turbulento de potência 1/7 e que a água encontra-se a 20 oC.
6.5: Um avião viaja a 556 km/h e à altitude de 10 km em um dia padrão. Admita que as camadas limite
na superfície da asa comportam-se como em uma placa plana. Estime a extensão esperada do
escoamento laminar nas camadas limite das asas.
6.6: O perfil de velocidade senoidal mais geral para escoamento laminar de camada limite sobre uma
=
placa plana é u A sen ( By ) + C . Enuncie três condições de contorno aplicáveis ao perfil de
velocidade de camada limite laminar. Avalie as constantes A, B e C.
6.7: Avalie δ*/δ para cada um dos seguintes perfis de velocidade de camada limite laminar:
u y
Linear: =
U δ
u π y
Senoidal: = sen
U 4δ
2
u y y
Parabólico:= 2 −
U δ δ
6.8: Considere uma camada limite laminar sobre uma placa plana com perfil de velocidade dado pela
expressão parabólica do Exercício 6.7. Para este perfil,
δ 5,48
=
x Re x
6.9: Avalie θ/δ para cada um dos perfis de velocidade da camada limite laminar dados no Exercício 6.7.
6.10: Ar na condição padrão escoa sobre uma placa plana delgada com 1 m de comprimento e 0,3 m de
largura. O escoamento é uniforme na borda de ataque da placa. Suponha que o perfil de
velocidade na camada limite é linear, e que a velocidade da corrente livre é U = 2,7 m/s. Trate o
escoamento como bidimensional, suponha que as condições de escoamento são independentes
de z. Usando o volume de controle abcd, mostrado pelas linhas tracejadas, calcule a vazão mássica
através da superfície ab. Determine a magnitude e a direção da componente x da força requerida
para manter a placa estacionária.
azzzaaaaaa
Fig. E-6.10
6.11: Refaça o Exercício 6.10 com o perfil de velocidade na seção bc dado pela expressão parabólica do
Exercício 6.7 e δ = 12,7 mm.
6.12: Ar escoa na região de entrada de um duto de seção quadrada, como mostrado. A velocidade é
uniforme, U0 = 30 m/s, e o duto tem lados de 80 mm. Em uma seção a 0,3 m a jusante da entrada,
a espessura de deslocamento, δ*, sobre cada parede mede 1,0 mm. Determine a variação de
pressão entre as seções (1) e (2).
Fig. E-6.12
6.13: A seção de teste quadrada de um pequeno túnel de vento de laboratório tem lados com L = 305
mm. Em um local de medição, as camadas limites turbulentas sobre as paredes do túnel tem
espessuras δ1 = 9,5 mm. O perfil de velocidade é bem aproximado pela expressão de “potência
1/7”. Nesse local, a velocidade de corrente livre é U1 = 18,3 m/s e a pressão estática é P1 = −0,225
kPa (manométrica). Em um segundo local de medição, a jusante, a espessura de camada limite é
δ2 = 12,7 mm. Avalie a velocidade do ar na corrente livre na segunda seção. Calcule a diferença
em pressão estática da seção (1) à seção (2).
6.14: Um escoamento de ar desenvolve-se em um duto plano horizontal após uma seção de entrada
bem arredondada. A altura do duto é H = 300 mm. Camadas limite turbulentas crescem sobre as
paredes do duto, mas o escoamento ainda não está inteiramente desenvolvido. Admita que o
perfil de velocidade em cada camada limite é dada pela Eq. (6.39). O escoamento de entrada é
uniforme com V = 10 m/s na seção (1). Na seção (2), a espessura de camada limite sobre cada
parede do duto é δ2 = 100 mm. Mostre que, para esse escoamento, δ* = δ/8. Avalie a pressão
estática manométrica na seção (2). Determine a tensão de cisalhamento média entre a entrada e
a seção (2), localizada em Lx = 5 m.
6.15: Um túnel de vento de laboratório tem uma seção de teste quadrada, com lados de largura L = 305
mm e comprimento Lx = 610 mm. Quando a velocidade de corrente livre do ar na entrada da seção
de teste é U1 = 24,4 m/s, a perda de carga da atmosfera é 0,06 kPa. Camadas limites turbulentas
formam-se no topo, no fundo e nas paredes laterais da seção de teste. Medições mostram que as
espessuras de camada limite são δ1 = 20,3 mm na entrada e δ2 = 25,4 mm na saída da seção de
teste. Os perfis de velocidade são da forma de potência 1/7. Avalie a velocidade do ar de corrente
livre na saída da seção de teste. Determine as pressões estáticas na entrada e na saída da seção
de teste.
6.16: Ar escoa para dentro da seção de contração de entrada de um túnel de vento em um laboratório
de graduação. O ar entra em seguida na seção de teste, que é um duto quadrado com dimensão
do lado de 305 mm. A seção de teste tem 609 mm de comprimento. Em uma condição de
operação, o ar deixa a contração a 50,2 m/s com espessura de camada limite desprezível.
Medições mostram que as camadas limites no final da seção de teste, a jusante, têm 20,3 mm de
espessura. Avalie a espessura de deslocamento das camadas limites naquela posição. Calcule a
variação na pressão estática ao longo da seção de teste do túnel de vento. Estime a força de
arrasto total aproximada causada pelo atrito superficial sobre cada parede do túnel de vento.
6.17: Uma placa plana delgada é instalada em um túnel de água como uma divisora de fluxo. A placa
tem 0,3 m de comprimento por 1 m de largura. A velocidade de corrente livre é 1,6 m/s. Camadas
limites laminares formam-se em ambos os lados da placa. O perfil de velocidade da camada limite
é aproximado como parabólico. Determine a força de arrasto viscoso total sobre a placa admitindo
que o arrasto de pressão é desprezível.
6.18: Uma placa plana delgada com comprimento Lx = 0,3 m e b = 1 m de largura, é instalada em um
túnel de água como uma divisora de fluxo. A velocidade de corrente livre é U = 2 m/s e o perfil de
velocidade na camada limite é aproximado como parabólico. Mostre algebricamente que a força
de arrasto total em um lado da placa pode ser escrita como FD = ρU2θLb. Avalie θL e o arrasto total
para as condições dadas.
RESPOSTAS
γ h2 γ h3
6.1: (a) v= v0 − =′ v0 h −
; (b) Q
3µ 3µ
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICE A
Propriedades Termodinâmicas do Escoamento Compressível
APÊNDICE B
Derivadas, Integrais, Identidades Trigonométricas e Logaritmos
y = un ⇒ y ′ = nu − u′
n 1
1.
2. y = uv y ′ u′v + v ′u
⇒ =
u u′v − v ′u
3. y= ⇒ y′ =
v v2
⇒ y ′ a (ln a ) u′ , (a > 0, a ≠ 1)
u
4. y = au =
5. y = eu ⇒ y ′ = eu u′
u′
6. y = log a u ⇒ y ′ = log a e
u
1
7. y = lnu ⇒ y ′ = u′
u
8. y = uv =
⇒ y ′ vu v −1
u′ + uv (lnu ) v ′
9. y = senu ⇒ y ′ = u′ cos u
10. y = cos u ⇒ y ′ = −u′ senu
11. y = tanu ⇒ y ′ = u′ sec2 u
12. y = cot u ⇒ y ′ = −u′ csc2 u
13. y = sec u ⇒ y ′ = u′ sec u tanu
14. y = csc u ⇒ y ′ = −u′ csc u cot u
u′
15. y = asenu ⇒ y′ =
1 − u2
−u′
16. y = acos u ⇒ y′ =
1 − u2
u′
17. y = atanu ⇒ y′ =
1 + u2
−u′
18. y = acot u ⇒ y′ =
1 + u2
u′
19. y asec u , u ≥ =
= 1 ⇒ y′ , u >1
u u2 − 1
−u′
20. y acsc u , u ≥ 1=
= ⇒ y′ , u >1
u u2 − 1
senn−1 au cos au n − 1
∫ ∫ sen au du
n n−2
1. sen au du =
− +
an n
sen au cos n−1 au n − 1
∫ cos au du ∫ cos au du
n n−2
2. = +
an n
tann−1 au
∫ tan= a ( n − 1) ∫
n
3. au du − tann−2 au du
cotn−1 au
∫ cot a ( n − 1) ∫
n
4. au du =
− − cotn−2 au du
du
∫= ∫ sec
2
3. ln u + c 15. u=
du tanu + c
u
au
∫ a du = ∫ csc
2
4. u
+ c , a > 0, a ≠ 1 16. u du =
− cot u + c
ln a
du
1 u
∫ e du= ∫=
u
5. eu + c 17. 2
atan + c
2
u +a a a
du 1 u−a
6. ∫ senu du =
− cos u + c 18. ∫ u2 −= ln
a2 2a u + a
+ c , u2 > a2
du
∫ u2 + a2 = ln u + u + a + c
2 2
7. ∫ cos u=
du senu + c 19.
du
∫ u2 − a2 = ln u + u − a + c
2 2
8. ∫ tan
= u du ln sec u + c 20.
du u
∫ a2 − u2 = asen a + c , u < a
2 2
9. ∫ cot
= u du ln senu + c 21.
du 1 u
10. ∫ sec u du= ln sec u + tanu + c 22. ∫u = asen + c
2
u −a 2 a a
u2 1
11. ∫ csc u du= ln csc u − cot u + c 23. ∫ ulnu =
du
2
lnu − + c
2
cos ( au ) u sen ( au )
12. ∫ u cos ( au ) du = a2
+
a
+c
1. log b b = 1 2. log b 1 = 0
3. m
log b b = m 4. log b=
a log b c ⇒ =
a c
m
5. log b x = a log b x 6. = x by , b > 0, b ≠ 1,
y log b x ⇒ =
7. blogb a = a 8. log b (=
x y ) log b x − log b y
log b x
9. ( xy ) log b x + log b y
log b = 10. log a x =
log b a