Você está na página 1de 55

Modelo de

Grandes
Bacias

CURSO DE CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA PARA APLICAÇÕES


E DESENVOLVIMENTO

APOSTILA 01/05

MANUAL DE APLICAÇÃO DO MODELO MGB


UTILIZANDO IPH-HYDRO TOOLS

Março 2020
Modelo de
Grandes APOSTILA 01/05

Bacias

ESTE MATERIAL FAZ PARTE DE UM CONJUNTO DE CINCO APOSTILAS


CRIADAS NO CONTEXTO DO PROJETO DE COOPERAÇÃO EM TECNOLOGIAS
PA R A A N Á L I S E H I S R O LÓ G I CA S E M E S CA L A N AC I O N A L , E N T R E
O INSTITUTO DE PESQUISAS HIDRÁULICAS (IPH-UFRGS) E
A AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA).

AUTORES: Maria Eduarda Alves, Aline Meyer, Fernando Fan e Rodrigo Paiva

COMO CITAR: Alves, M.E.; Meyer, A.O; Fan, F.M.; Paiva, R.C.D. 2020. Manual
de aplicação do modelo MGB utilizando o IPH-HYDRO Tools.
Manual Técnico, HGE, IPH, UFRGS.

Março 2020
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 3
2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2.1. MODELO DE SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA MGB ..................................................... 3
2.2. ÁREA DE APLICAÇÃO DO MANUAL ...................................................................... 5
2.3. COMO USAR ESTE MANUAL ................................................................................ 6
2.4. INTRODUÇÃO AO QUANTUM GIS ........................................................................ 7
3. DISCRETIZAÇÃO UTILIZANDO O IPH-HYDRO TOOLS ...................................................... 7
3.1. MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO ........................................................................ 7
3.2. EXTRAÇÃO DA ÁREA DE INTERESSE ................................................................... 9
3.3. PRÉ-PROCESSAMENTO DO MGB ........................................................................ 14
3.4. DELIMITAÇÃO DE SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS: WATERSHED DELINEATION.... 19
3.5. CONVERSÃO EM ARQUIVOS VETORIAIS ............................................................ 20
3.6. CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE RESPOSTAS HIDROLÓGICAS ................................. 21
3.7. FINALIZAÇÃO DO PRÉ-PROCESSAMENTO VIA IPH-HYDRO TOOLS ...................... 23
4. MGB ........................................................................................................................... 25
4.1. GERAÇÃO DO SHAPEFILE DAS MINIBACIAS ....................................................... 26
4.2. DESCRIÇÃO DAS UNIDADES DE RESPOSTAS HIDROLÓGICAS ............................. 28
4.3. DOWNLOAD DE DADOS DE CHUVA E VAZÃO ..................................................... 29
4.4. INTERPOLAÇÃO DOS DADOS DE PRECIPITAÇÃO ............................................... 30
4.5. GERAÇÃO DO ARQUIVO DE VAZÕES OBSERVADAS ............................................ 32
4.6. MANEJO DOS DADOS DE CLIMA ....................................................................... 34
4.7. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE VEGETAÇÃO ................................................ 36
4.8. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE SOLO .......................................................... 38
4.9. CRIAÇÃO DE UM PROJETO PARA SIMULAÇÃO ................................................... 39
4.10. SIMULAÇÃO ..................................................................................................... 40
4.11. VISUALIZAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 41
4.11.1. Comparação de hidrograma calculado e observado ................................. 41
4.11.2. Comparação de curva de permanência simulada e observada .................. 43
4.11.3. Visualização do hidrograma simulado ..................................................... 43
4.11.4. Visualização da curva de permanência simulada ...................................... 44
4.11.5. Visualização da série de profundidades simulada (apenas com o Modelo
Inercial) 44
4.11.6. Visualização da área inundada simulada (apenas com o Modelo Inercial) .. 44
4.11.7. Pós-processamento da área inundada (apenas com o Modelo Inercial) ..... 45
4.11.8. Calibração Manual ................................................................................. 47
5. OUTRAS FERRAMENTAS .............................................................................................. 49
5.1. EDIÇÃO DO ARQUIVO MINI.GTP ....................................................................... 49
5.2. HIDROGRAMA DE POSTO FLUVIOMÉTRICO ....................................................... 50
5.3. CRIAÇÃO DE RASTER DE DADOS DE CHUVA ...................................................... 50
5.3.1. Raster de precipitação média anual ............................................................ 50
5.3.2. Raster de precipitação acumulada .............................................................. 50
5.3.3. Interface e geração do arquivo raster ......................................................... 50
5.4. BASE DE DADOS INTERNA ................................................................................ 51
5.5. PERFIL LONGITUDINAL .................................................................................... 52
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 54
1. APRESENTAÇÃO
Este manual visa a apresentação e aplicação do modelo de simulação hidrológica MGB
(Collischonn, 2001; Collischonn et al., 2007; Paiva et al., 2011, 2013; Pontes et al., 2017) para a
bacia hidrográfica do Rio Iguaçu, sendo elaborado no contexto do projeto "COOPERAÇÃO EM
TECNOLOGIAS PARA ANÁLISES HIDROLÓGICAS EM ESCALA NACIONAL", desenvolvido pelo
Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
para a Agência Nacional de Águas (ANA).

2. INTRODUÇÃO
2.1. MODELO DE SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA MGB
Simulações do ciclo hidrológico e vazões em rios têm sido utilizadas para dar suporte a gestão
de recursos hídricos relacionadas à segurança hídrica, desastres naturais, navegação, agricultura
e energia. Predições acuradas auxiliam tomadores de decisões reduzindo riscos e impactos
sobre os recursos hídricos (Siqueira et al., 2018). Neste contexto, modelos hidrológicos de
grande escala são uma importante ferramenta para a simulação do ciclo hidrológico terrestre.
Modelos como o MGB (Figura 1) utilizam equações de base física e conceitual e dividem a bacia
hidrográfica em células ou minibacias e trechos de rios, simulando o ciclo hidrológico terrestre
e estimando séries temporais de vazões ao longo da rede de rios, além de outras variáveis como
níveis d’agua, evapotranspiração e áreas inundadas.

Figura 1. Representação esquemática do ciclo hidrológico simulado pelo Modelo de Grandes Bacias –
MGB.

Atualmente, avanços na capacidade de processamento de dados e tecnologias de


sensoriamento remoto impulsionam a aplicação desses modelos em escala continental e global
com crescente detalhamento espacial (Bierkens, 2015; Bierkens et al., 2015; Sood & Smakhtin,
2015; Wood et al., 2011).
Neste contexto, o Modelo de Grandes Bacias (MGB) se destaca nacionalmente pelo:
• Histórico de desenvolvimento desde 2001 (Collischonn & Tucci, 2001; Collischonn
et al., 2007; Fan e Collischonn, 2014; Pontes et al., 2017);

3
• Esforços para melhorias em representação de processos físicos relevantes na
América do Sul (e.g. Fleischmann et al., 2017; Paiva et al., 2011b; Paz et al., 2011;
Pontes et al., 2017; Lopes et al., 2018);
• Ferramentas de interface gráfica (Fan & Collischonn, 2014) e processamento de
dados GIS (Siqueira et al., 2016) (Figura 2);
• Muitas validações com uso de observações in situ de vazões e observações de
outros processos hidrológicos com sensoriamento remoto (e.g. Fleischmann et
al., 2018; Paiva et al., 2013; Ruhoff et al., 2013; Siqueira et al., 2018),
demonstrando boa acurácia;
• Muitas aplicações abrangendo todo o território brasileiro (Lima et al., 2014;
Siqueira et al., 2018);
• Adequada documentação (https://www.ufrgs.br/hge/mgb/o-que-e/) e uso em
um crescente número de instituições nacionais e internacionais.

Figura 2. Interface gráfica do Modelo de Grandes Bacias MGB em ambiente QGIS.

As aplicações do MGB incluem:

• Estimativa de vazões para sistemas de suporte a decisão e planejamento de


recursos hídricos incluindo planos de bacias e outorga (Pereira et al., 2012; Fan et
al., 2015)
• Reanálises hidrológicas para estudo de extremos históricos (Wongchuig Correa et
al., 2017; Wongchuig et al., 2019);
• Estudos sobre processos hidrológicos e ambientais (Fleischmann, et al., 2018;
Lopes et al., 2018; Paiva et al., 2013; Da Paz et al., 2014; Munar et al., 2018;
Fagundes et al., 2019);

4
• Estudos de previsão de vazões no curto e médio prazo para cheias e operação de
reservatórios (Fan et al., 2014; Fan et al., 2016; Schwanenberg et al., 2015;
Siqueira et al., 2016);
• Estudos de efeitos e impactos de reservatórios no regime hidrológico de diversos
sistemas, de barragens de controle de cheia e regularização de vazões a geração
de energia (Collischonn et al., 2011; Fleischmann, et al., 2018; Fleischmann et al.,
2015);
• Avaliação de impactos devido a mudanças no uso do solo e mudanças climáticas
(Bravo et al., 2014; Adam et al., 2015; Sorribas et al., 2016);
• Avaliação de inundações (Fleischmann et al., 2019) e medidas de controle.
Neste manual, o pré-processamento dos arquivos de entrada será realizado com o pacote de
ferramentas IPH-Hydro Tools, que é um plugin para o software de SIG Quantum GIS, assim como
o plugin do MGB. Nesta etapa de pré-processamento são gerados arquivos descritores do
terreno, como rede de drenagem, delineamento da bacia hidrográfica, de minibacias e definição
das classes de respostas hidrológicas. A partir das informações reunidas é gerado, entre outros
dados, o arquivo "MINI.gtp", que concentra informações sobre cada uma das minibacias em que
foi discretizada a bacia em estudo, como área de drenagem a montante, coordenada do
centroide com sua features e suas respectivas IDs, comprimento do trecho de rede, entre
outros. Este arquivo de topologia é fundamental para as etapas seguintes de preparação de
dados do modelo hidrológico e simulação pelo MGB.
A partir dos dados oriundos do pré-processamento, iniciam-se as etapas de preparação de dados
para o modelo hidrológico, a partir das ferramentas disponíveis no plugin MGB. Dados de chuva,
vazão, clima, parâmetros de vegetação e de solo são organizados de forma a permitir a
simulação hidrológica com o modelo. Por fim, é feita a simulação, e então realizada a calibração
do modelo, pós-processamento e visualização de resultados.
Downloads dos plugins IPH-HydroTools e MGB podem ser feitos em: https://www.ufrgs.br/hge/.

2.2. ÁREA DE APLICAÇÃO DO MANUAL


O manual apresenta a aplicação do modelo MGB na bacia do rio Iguaçu, da sua nascente até a
UHE Foz do Areia (também conhecida como Governador Bento Munhoz da Rocha Netto),
localizada no município de Pinhão (PR). O rio Iguaçu é afluente do Rio Paraná, sendo o maior rio
do estado do Paraná. É formado pelo encontro dos rios Iraí e Atuba, no leste do município de
Curitiba (PR). O rio Iguaçu foi escolhido para aplicação do modelo pois é um rio reconhecido
nacionalmente e por apresentar áreas de planícies de inundação, sendo interessante o emprego
de modelagem hidrodinâmica do MGB.
A Figura 3 apresenta a localização da bacia do Rio Iguaçu e a região de estudo. Este manual
expõe todas etapas de aplicação do modelo, desde a aquisição de dados até a visualização e
calibração dos resultados.

5
Figura 3. Bacia do rio Iguaçu e região de estudo deste manual.

2.3. COMO USAR ESTE MANUAL


Este manual apresenta todas as ferramentas disponíveis na interface do MGB, além de
apresentar as etapas necessárias para rodar o modelo utilizando o IPH-HydroTools para pré-
processamento de dados. Caso o usuário tenha interesse, é possível fazer as mesmas etapas
com o ArcHydro ou outras plataformas de geoprocessamento aplicado a recursos hídricos.
Manuais para a versão descontinuada do MGB com esses outros pacotes estão disponíveis na
página do MGB (https://www.ufrgs.br/hge/mgb/downloads/). Manuais de referência teórica do
MGB e do código do MGB estão disponíveis em (https://www.ufrgs.br/hge/mgb/downloads/).
A Figura 4 apresenta um fluxograma de aplicação do modelo MGB.

Figura 4. Fluxograma de aplicação do modelo MGB.

6
2.4. INTRODUÇÃO AO QUANTUM GIS
QGIS é um software livre com o código-fonte aberto de sistema de informações geográficas
(SIG), que permite visualizar, criar, editar, analisar dados e compor mapas e imagens
georreferenciadas. Para a utilização do modelo é necessário que o usuário tenha instalado em
seu computador o programa Quantum GIS, para as versões 3.4 (64 bits), que está disponível em
(https://www.qgis.org/pt_BR/site/forusers/download.html).
O modelo MGB é um plugin que é adicionado ao Quantum GIS depois que o mesmo já está
instalado no computador. Para instalar o plugin MGB no Quantum GIS, baixe o plugin no link
(https://www.ufrgs.br/hge/mgb/downloads/). Depois, vá na aba “Complementos” > “Gerenciar
e instalar Complementos” e instale o MGB a partir do arquivo zip (Figura 5). O mesmo deve ser
feito com o plugin do IPH Hydrotools.

Figura 5. Instalação do plugin MGB e IPH Hydrotools.

3. DISCRETIZAÇÃO UTILIZANDO O IPH-HYDRO TOOLS


3.1. MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO
O primeiro passo antes de começar a utilizar as ferramentas do IPH-Hydro Tools é a obtenção
de uma base de dados que serão processados pelo programa. Deve-se inicialmente obter um
Modelo Digital de Elevação (MDE), que consiste em um arquivo do tipo raster onde cada célula
apresenta a cota do terreno para uma certa resolução espacial.
Segue alguns exemplos de fontes para adquirir modelos digitais de elevação de forma gratuita:

• CGIAR (http://srtm.csi.cgiar.org/SELECTION/inputCoord.asp), onde é possível


baixar os dados diretamente no formato ASCII;
• Google Earth Engine (https://explorer.earthengine.google.com/#workspace), o
qual foi utilizado neste manual.

7
• Laboratório de Geoprocessamento do Centro de Ecologia da UFRGS
(https://www.ufrgs.br/labgeo/index.php/downloads/220-dados-espaciais);

• Site EMBRAPA (http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/index.htm);


Todos estes locais disponibilizam os MDEs a partir de imagens do SRTM (Shuttle Radar
Topography Mission) com resolução espacial de aproximadamente 90 metros. No manual
completo do MGB disponível no site do HGE (https://www.ufrgs.br/hge/mgb-4-3/) são
apresentadas no detalhe as opções de obtenção do MDE através das fontes citadas acima.
A partir deste ponto é interessante que você tenha no seu diretório uma pasta exclusiva para os
arquivos discretizados a partir do IPH-HydroTools, para uma melhor organização dos seus
arquivos. Neste caso chamamos a pasta de “IPH-HydroTools”.
Abra o QGIS, adicione o MDE através do botão Add Raster e dê OK para a mensagem que
aparece a seguir. O arquivo deve ser apresentado como mostrado na Figura 6, mas não
necessariamente com a mesma paleta de cores.

Figura 6. Arquivos baixados carregados na interface do QGIS.

A partir deste ponto é interessante que você salve o seu projeto. Também se sugere que o
usuário continue salvando o projeto a cada nova etapa do processamento, para o caso de ter
que interromper o programa por qualquer motivo. Isto pode ser feito através do Save localizado
na parte superior do QGIS.
Para utilizarmos esse raster nas ferramentas do IPH-HydroTools teremos que transformar a
imagem para um arquivo raster no formato ASCII. Caso o MDE esteja em outro formato (ex.:
TIFF), é possível fazer essa conversão pelo QGIS, usando a ferramenta “Converter Formato” na
aba superior Raster>>Converter, escolher a camada de entrada sendo o MDE, e como saída
escolha o nome e o diretório de sua preferência, porém com o formato .ASC (Figura 7).
Como o plugin do IPH-HydroTools não aceita o formato de ASCII gerado pelo QGIS, teremos que
usar a ferramenta “Conversion QGIS ASCII – IPHHT ASCII” no menu Management Tools (Figura
8).

8
Figura 7. Conversão do Modelo Digital de Elevação (MDE) do formato TIFF para ASC, com o QGIS.

Figura 8. Conversão de .ASC do QGIS para .ASC IPH - HydroTools.

Nota: caso queira usar o Arcgis para fazer a conversão de TIFF para ASCII, não é necessário fazer
a conversão de ARCGIS ASCII para IPHHT ASCII, pois o IPH-HydroTools aceita os formatos ASCII
gerados pelo Arcgis.

3.2. EXTRAÇÃO DA ÁREA DE INTERESSE


A fim de reduzir o processamento, é interessante fazer um "recorte" do MDE, excluindo de
forma aproximada todas aquelas regiões que não contribuem para a bacia de estudo. Isto pode
ser feito com o uso de um polígono que contém toda a área de bacia, deixando certa folga para
evitar que alguma zona de contribuição da bacia fique de fora.
Para facilitar a identificação da área de interesse você pode acessar o portal de metadados da
ANA, da “Base hidrográfica ottocodificada da bacia do rio Iguaçu”
(https://metadados.ana.gov.br/geonetwork/srv/pt/metadata.show?uuid=c104850f-9cda-
4c09-ad6e-62248c26ded0) e baixar os dados dos rios da Bacia do rio Iguaçu, conforme
apresentado na Figura 9. Descompactar e acrescentar ao seu projeto o arquivo
“GEOFT_BHO_RIO.shp”.

9
Figura 9. Metadados para a bacia do Rio Iguaçu, da base hidrográfica ottocodificada da ANA.

Para acrescentar o arquivo no projeto, na interface do QGIS clique em Camadas -> Adicionar
nova camada -> Vetorial (ou clique Ctrl + Shift + V) -> Selecionar o arquivo
“GEOFT_BHO_RIO.shp”-> Adicionar (Figura 10).
O usuário poderá também fazer o download de outro banco de dados que preferir, para
visualização da rede de drenagem, visto que o mostrado neste manual é específico para a área
de estudo da Bacia do Rio Iguaçu.

Figura 10. Ferramenta para adicionar shapefile no QGIS.

Após adicionar o shapefile, se você clicar com o botão direito do mouse sobre o nome do arquivo
na aba Layers e então em Propriedades, você pode classificar o shapefile de maneira a
diferenciar o rio Iguaçu dos demais. Para isso, acesse a aba Fonte em Propriedades e no
Codificação da fonte de dados verifique se está UTF-8, senão o altere. Após, na aba Simbologia
classifique o shapefile de maneira “Categorizado” de acordo com a coluna “NORIOCOMP”
(Figura 11).

10
Figura 11. Ferramenta para destaque do Rio Iguaçu.

Como nossa área de interesse é a bacia do rio Iguaçu até a UHE Foz do Areia, adicionou-se o
shapefile da usina para identificação da área de interesse para recorte do MDE. Para isso, acesse
o site de Downloads Sigel da ANEEL (https://sigel.aneel.gov.br/Down/), e na barra de opções
localizada abaixo (Figura 12) clique Shapefile -> Selecione a opção Usinas Hidrelétricas UHE na
Entrada -> Clique Executar -> E na Saída faça download do link gerado. Adicione o shapefile no
projeto do QGIS, da mesma maneira que foi adicionado o shapefile dos Rios, detalhado acima.
Novamente vamos classificar o shapefile de maneira a diferenciar a Usina Hidrelétrica de
interesse. Para isso, na aba Simbologia em Propriedades do shapefile classifique na maneira
“Categorizado” de acordo com a coluna “NOME”. Classifique exatamente como o nome
presente na tabela de atributos do shapefile “Governador Bento Munhoz da Rocha Neto (Foz do
Areia)”. A Figura 13 apresenta o resultado das classificações.

Figura 12. Download do shapefile das Usinas Hidrelétricas.

11
Figura 13. Rio Iguaçu e UHE Foz do Areia em destaque após a classificação.

Agora, para recorte do MDE para a região de interesse, precisamos primeiramente criar um
arquivo vetorial do tipo shapefile que servirá para extrair a área da bacia do MDE. Para isto,
clique na aba camada (Figura 14), no canto superior esquerdo, criar nova camada, Shapefile.

Figura 14. Ferramenta para criação de Shapefile.

Na janela indique o tipo Polygon. Neste caso chamamos o shapefile de “MascaraMap” e


salvaremos na pasta IPH-HydroTools. Clique OK e o arquivo criado aparecerá na sua janela
Layers do QGIS. Entretanto, nada será mostrado na janela de visualização uma vez que o arquivo
está vazio. Precisaremos então delimitar a área de interesse editando este shapefile.
Agora, com o shapefile selecionado na aba Layers, é possível clicar no botão Alternar Edição (
) em seguida em Adicionar Feição ( ) e o cursor do mouse mudará para uma “cruzeta”.
Clique então sobre o mapa na janela de visualização, com o botão esquerdo do mouse, para que
os vértices do polígono sejam acrescentados um a um de forma a contornar toda a bacia. Para
finalizar o desenho dê um clique com o botão direito do mouse. O resultado deve envolver ao
menos a área apresentada na Figura 15, após isso digite “0” na janela do ID e OK. Salve as
alterações e termine a edição do shapefile para continuar.
É interessante lembrar que sempre que você for criar uma máscara para recortar um MDE para
uso no IPH-Hydro Tools é muito importante evitar a inclusão de áreas oceânicas. Pois estas são
regiões planas e de grande extensão, o que pode acarretar problemas e grande tempo de
processamento no uso de futuras ferramentas.
Vamos agora "recortar" esta área do mosaico. Abra a ferramenta Extract by Polygon (Figura 16) do
IPH-HydroTools localizado na aba Management Tools e indique o arquivo o “MDE_Iguaçu_IPH-

12
HT” no campo Input Raster File e o shapefile MascaraMap em Polygon Mask File. Chamaremos
o arquivo gerado de “MDE_extract” e salvaremos como do tipo ASCII.

Figura 15. Máscara desenhada sobre a drenagem e o MDE.

Figura 16. Ferramenta Extract By Polygon para recorte de arquivos raster.

Clique em Process e adicione o arquivo gerado à sua tela de visualização para observar o
resultado (Figura 17).

Figura 17. MDE recortado.

13
3.3. PRÉ-PROCESSAMENTO DO MGB
Após a etapa de preparação do MDE, entramos na etapa de pré-processamento. Para
processamento do MDE utilizaremos, neste manual, a ferramenta Process All Delineation Steps
do IPH Hydro Tools, na qual todas as ferramentas de Sink and Destroy, Flow Accumulation,
Stream definition, Watershed Delineation, Segmentation Tools, Unit-catchments Delineation
e Drainage Line são realizadas em conjunto. É possível também o uso dessas ferramentas de
maneira individual, sendo apresentadas detalhadamente no manual completo, disponível no
site do HGE (https://www.ufrgs.br/hge/mgb-4-3/).
A Figura 18 apresenta a ferramenta e os dados que devem ser adicionados como entrada.

Figura 18. Dados de entrada da ferramenta de pré-processamento do IPH HydroTools.

A seguir são apresentados, brevemente, o que é realizado em cada etapa e quais os cuidados
deve-se ter atenção.
Ao manipular MDEs para a criação de bacias e redes de drenagem o primeiro passo é o
preenchimento de depressões no modelo. A opção “Pit Removal Options” corresponde a
ferramenta Sink and Destroy do IPH-Hydro Tools, onde é possível remover depressões do MDE.
Depressões ocorrem quando o valor de altitude de uma célula ou conjunto de células é menor
que todas células vizinhas. Em consequência disso, ao processar as direções de fluxo, o algoritmo
não encontra uma saída para a rede de drenagem. Na ferramenta do IPH HydroTools as
depressões podem ser removidas por dois métodos: o MHS (Modify Heuristic Search) e o PFS
(Priority-First-Search). Cada um destes métodos trabalha de forma diferente, geralmente
trazendo bons resultados (Siqueira et al., 2016). Após a remoção das depressões é possível
processar as direções de fluxo do MDE, sendo criado nessa etapa também a o arquivo “Flow
Direction”.

14
Uma vez geradas as direções de fluxo, é possível criar um mapa raster em que é atribuído para
cada pixel um valor com o número de pixeis que drenam água até a mesma. Isto permite que
sejam geradas as redes de drenagem a partir de um certo número ou percentagem de células,
ou com base na resolução espacial do mapa.
Para criar a rede de drenagem da bacia, primeiramente precisamos escolher a escala ou a
densidade de drenagem a ser considerada. Isto pode ser feito a partir de parâmetros como um
número mínimo ou percentagem de células que drenam para o ponto onde a rede começa a ser
traçada, ou ainda uma área mínima de contribuição a montante de um ponto da drenagem a
ser traçada. Assim, a escolha deste valor depende da experiência ou conhecimento prévio do
usuário acerca da região. Isso é definido na opção “Area Threshold Options”, como mostra na
Figura 18.
Lembrando que um limiar muito baixo acarreta uma drenagem muito densa, o que pode não
ser interessante para o usuário, enquanto um valor alto pode excluir rios de interesse. Para mais
detalhes teóricos sobre a escolha do limiar de drenagem a ser adotado, sugere-se a leitura do
artigo de Fan et al. (2013). A Figura 19 apresenta a diferença na drenagem gerada para
diferentes limiares adotados na bacia do rio Iguaçu. Para realização desse manual foi escolhido
um valor de limiar de 20km² para que se pudesse abranger todos os rios de interesse, mas você
poderá escolher o valor mais apropriado para sua área de estudo.

Figura 19. Drenagens geradas a partir de diferentes limiares para áreas de contribuição do fluxo.

Aqui se recomenda que o usuário avalie a rede de drenagem gerada e verifique se ela está
representando todos os rios de interesse na bacia. Da mesma forma, deve-se avaliar se a rede
não está excessivamente densa. E caso o usuário não esteja satisfeito, este passo pode ser feito
novamente adotando outro limiar, através da ferramenta Stream Definition individualmente ou
Process All Delineation Steps novamente. Para o caso do Rio Iguaçu, foi adotado um limiar que
se considera adequado.
A opção “Segmentation Options” permite seccionar a rede de drenagem gerada anteriormente,
para divisão da bacia de estudo em minibacias. O IPH-Hydro Tools oferece duas alternativas para
a segmentação da rede de drenagem, cuja escolha influencia o número e as caraterísticas das
minibacias a serem geradas em etapa posterior. Para isso, existem duas opções: ArcHydro
Segmentation ou Fixed Length Segmentation.

15
Com a ferramenta ArcHydro Segmentation, a rede de drenagem é seccionada entre pontos de
confluência a montante e a jusante de um mesmo trecho de rio, ou, para aqueles trechos nos
extremos à montante, até a primeira confluência. Este é o método tradicionalmente adotado
por softwares como o ArcGIS para a delimitação de “catchments”.
Com a ferramenta Fixed Length Segmentation, a rede de drenagem é segmentada levando em
conta uma distância mínima que um trecho deva ter antes de ser segmentado. É interessante
que esse tipo de segmentação seja selecionado caso o método de propagação de vazões
escolhido seja o inercial (hidrodinâmico), pois permite a criação de minibacias com trechos de
rio de comprimentos similares e uma simulação mais eficiente do ponto de vista numérico
(menor custo computacional e maior estabilidade numérica). A Figura 20 apresenta as
minibacias geradas a partir da utilização das duas ferramentas, onde observa-se que a
ferramenta ArcHydro Segmentation secciona a rede de drenagem com alguns trechos curtos,
outros mais longos, gerando mais minibacias, enquanto que a Fixed Length Segmentation
apresenta trechos de drenagens com o mesmo tamanho, como minibacias mais semelhantes.

Figura 20. Diferença entre as ferramentas de segmentação da rede de drenagem na geração das
minibacias.

No caso da bacia do rio Iguaçu vamos utilizar a opção Fixed Length Segmentation. Para isso, o
usuário deve escolher a distância mínima que o trecho deve ter antes de ser segmentado em
Choose min extension for segmented reaches, que nesta aplicação adotamos 10km, isto é, 10000
metros.
Após definir esses limiares na aba “Input Information”, pode-se processar o passo 1 na aba “Step
1”. Podemos observar que a ferramenta já indica o local e o nome onde serão salvos os arquivos

16
gerados (Figura 21) podendo o usuário alterar caso seja de interesse. Observa-se também que
é possível definir se gostaria de salvar os arquivos no formato ASC Files (possível visualização
depois de processado) ou Binary Files (não é possível a observação, porém o processamento é
feito de maneira mais rápida). No caso do rio Iguaçu, selecionamos como ASC apenas os arquivos
“Flow Accumulation” e “Stream definition” para poder observar a rede de drenagem gerada.

Figura 21. Passo 1 da ferramenta Process All Steps do IPH HydroTools.

Após a definição da drenagem, o próximo passo é delimitar a bacia hidrográfica na aba “Step 2”
(Figura 22). A bacia hidrográfica pode ser definida como "uma área de captação natural da água
de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída" (Tucci, 1997).
Precisamos então definir o exutório da bacia antes de trabalhar a delimitação.
Para a bacia do rio Iguaçu deste manual, escolhemos um ponto sobre a rede de drenagem logo
a jusante da UHE Foz do Areia, com latitude de -25.99964 e longitude -51.77892. Você deve
então criar um arquivo vetorial do tipo ponto nestas coordenadas ou próximo a elas para
garantir que a bacia será definida para a drenagem principal e não alguma menor que passe
próximo a ela. Portanto, crie um novo shapefile, da mesma forma mostrada no item 3.2, indique
nome, aqui chamaremos de "Exut_Iguaçu", e local onde será salvo o shape, mantendo Point
selecionado em Shapefile Type.

17
Figura 22. Passo 2 da ferramenta Process All Steps do IPH HydroTools

Em seguida, clique no botão Alternar Edição e em Adicionar Feição. Sobre a tela, dê um clique
quando as coordenadas no canto inferior esquerdo apontarem as coordenadas indicadas. Vale
a pena utilizar as ferramentas de zoom quando próximo às coordenadas antes de clicar. Note
que o shapefile não precisa estar rigorosamente sobre a rede de drenagem, apenas o mais
próximo possível da rede principal do que de outra secundária. A Figura 23 mostra o local onde
foi inserido o shape.
Uma vez definido o exutório, adicione o arquivo em Outlets Shapefile e clique em Snap outlet to
nearest stream. Esta ferramenta fará o que chamamos de “snap”. Ou seja, ela utilizará o arquivo
da rede de drenagem para forçar o exutório a ficar sobre a própria rede, gerando um novo
shapefile de exutório. Durante este processo será necessário que você indique o local e o nome
que deste novo arquivo. Chamaremos este novo shapefile de "Exut_Iguaçu_snap" e o mesmo
será imediatamente carregado no campo New Outlets Shapefile.

Figura 23. Inserção do ponto que define o exutório da bacia.

18
Da mesma maneira que na aba Step 1, podemos selecionar o formato final dos arquivos gerados.
Aqui escolhemos como ASC/SHP Files a bacia hidrográfica, as minibacias e a drenagem para
posterior visualização. Após, é possível iniciar o processamento do Passo 2 no botão “Process
Step 2”.
Adicione na interface do QGIS os arquivos gerados e analise se tudo ocorreu como esperado.
Por exemplo, as bordas da bacia gerada em comparação com MDE recortada do início do
projeto. Caso, em algum ponto, o limite da bacia encostar na borda do MDE, é muito provável
que o recorte feito tenha excluído parte da drenagem e assim a bacia gerada não representa a
totalidade para o exutório. Assim é necessário recomeçar desde o passo da criação da área de
interesse para recorte do MDE. Se tudo ocorreu de maneira adequada podemos fechar a janela
da ferramenta Process Delineation All Steps. O resultado esperado dessa etapa é apresentado
na Figura 24.

Figura 24. Resultado da ferramenta Process Delineation All Steps.

Lembrando que cada passo realizado na ferramenta citada acima pode ser realizado de maneira
separada no plugin do IPH HydroTools. No manual completo, disponível no site do HGE
(https://www.ufrgs.br/hge/mgb-4-3/), são apresentadas detalhadamente as ferramentas
separadamente.

3.4. DELIMITAÇÃO DE SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS: WATERSHED DELINEATION


Após delimitação da bacia hidrográfica, utilizaremos a ferramenta de delineamento da bacia
para gerar um arquivo de sub-bacias para o MGB. As sub-bacias são utilizadas para definição dos
parâmetros de solo e vegetação do modelo. Vamos criar, neste exemplo, duas sub-bacias para
a aplicação do modelo. Uma será a sub-bacia do Alto Rio Iguaçu (região mais de montante da
bacia) e a outra será a sub-bacia do Baixo Rio Iguaçu (região mais de jusante da bacia). O número
de sub-bacias a serem usadas é sempre definido pelo usuário.
Um critério possível para a delimitação de sub-bacias seriam grandes áreas cujo tipo de
ocupação do solo, geologia ou tipo de solo seja diferente do restante, ou ainda a separação de
áreas mais declivosas de regiões mais planas por exemplo. Este seria um critério mais baseado
na representação física da bacia, e que é mais indicado. E este foi o critério usado aqui, em dividir
a bacia em parte alta e parte baixa.

19
Outro critério que usualmente é adotado seria as posições de pontos onde se sabe que existem
dados de vazão. Este seria um critério mais focado na representação da vazão nesses pontos de
monitoramento, e pouco focado na física da bacia. Por este motivo consideramos menos
indicado, embora seja usualmente também aplicado.
Para gerar as sub-bacias, crie novamente um shapefile de pontos, mas desta vez adicione os
pontos de interesse (no nosso caso, dois) ao longo da drenagem como mostra a Figura 25. É
importante que um destes esteja exatamente sobre aquele criado para gerar a bacia
anteriormente, pois o exutório da bacia vai delimitar o fim de uma das sub-bacias. O outro ponto
foi marcado nas coordenadas -50.38767; -25.88002. Importante que na criação do shapefile dos
pontos, os IDs inseridos para cada ponto devem ser diferentes.
Carregue os arquivos normalmente na janela do Watershed Delineation. Apenas não se esqueça
de dar novamente o comando Snap outlet to nearest stream para que os pontos coincidam com
a drenagem. O resultado é mostrado na Figura 25.

Figura 25. Sub-bacias geradas através da ferramenta Watershed Delineation.

3.5. CONVERSÃO EM ARQUIVOS VETORIAIS


Uma maneira interessante de apresentação e que permite a edição/visualização de forma mais
simples dos resultados gerados é com arquivos na forma vetorial. Com a ferramenta
“Poligonizar” do QGIS (Figura 26) você pode converter o arquivo da bacia hidrográfica, sub-
bacias e minibacias para o formato vetorial shapefile do tipo polígono. Neste passo é necessário
apenas o arquivo raster para conversão.

Figura 26. Transformação dos arquivos tipo raster para vetorial.

20
Também pode-se converter o arquivo da drenagem para o formato vetorial a partir desta
ferramenta, apesar de não ser a melhor opção. Isso porque a ferramenta realiza a conversão da
rede de drenagem (representada por linhas) para polígonos. Entretanto, como neste manual a
drenagem será usada apenas para visualização e construção de figuras não será um problema.
Execute a ferramenta e adicione os arquivos ao projeto. Faça o mesmo para as bacias,
minibacias, sub-bacias e rede de drenagem. Na Figura 27 é possível observar os arquivos gerados
em shapefile.

Figura 27. Arquivos shapefiles gerados no processamento do MDE.

3.6. CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE RESPOSTAS HIDROLÓGICAS


As unidades de respostas hidrológicas são regiões da bacia que agregam mesmas características
quanto a atributos geológicos e ao tipo de uso do solo. Estas unidades em teoria apresentariam
as mesmas respostas quanto a parâmetros da modelagem, como a capacidade de
armazenamento do solo ou de geração de escoamento.
Existem muitas formas de se obter estes mapas. Neste manual é apresentada a obtenção do
arquivo de URH para entrada no modelo MGB a partir do Mapa de URHs da América do Sul
disponível no site do HGE (https://www.ufrgs.br/hge/modelos-e-outros-produtos/mapa-de-
urhs-da-america-do-sul/). No manual completo é apresentado como obter as URHs utilizando
bases de dados externas. Cabe ao usuário selecionar qual metodologia utilizar para gerar o
arquivo de entrada para o modelo.
No link apresentado acima você pode baixar o mapa para toda a América do Sul gerado a partir
de diferentes bases de dados e reamostrado para uma resolução de 400m, mas que para a
aplicação do modelo MGB apresenta resultados satisfatórios (Fan et al., 2015). Baixe o arquivo
e descompacte-o. Você pode perceber que o mesmo encontra-se em formato binário .irst e que
junto do arquivo virá uma planilha de descrição dos dados.
Como nosso uso está restrito à área da bacia do rio Iguaçu, abra a ferramenta Extract by Polygon
(Figura 28), indique o mapa de URH no campo Input Raster File e o arquivo da bacia vetorial no
campo Polygon Mask File. Habilite a opção Copy spatial parameters from file e indique um
arquivo como o das minibacias em formato raster para ajustar a resolução e tamanho do mapa

21
para as mesmas especificações dos demais arquivos que estamos trabalhando. Chamaremos o
arquivo de saída de "HRC_AS_Iguaçu" e salvaremos como ASCII.
A opção Copy spatial parameters from file permite que a ferramenta copie o número de
colunas, linhas e tamanho da célula do raster selecionado para o raster de saída. Para isso
podem ser utilizados qualquer arquivo raster gerado anteriormente, como por exemplo flow
direction, flow accumulation, catchment e etc. Todos os arquivos que vão ser utilizados no Pré-
Processamento precisam ter os mesmos "parâmetros espaciais".
OBS.: O processo de extração pode demorar, então é recomendado que a máscara de extração
(caso a bacia seja muito grande e contenha muitos vértices) seja um polígono de poucos vértices,
isso reduzirá o tempo de processamento. No caso de estudo, como a bacia é grande e apresenta
muitos vértices, utilizaremos o polígono “Mascara_Map” criado na etapa 3.2 para extração das
informações das HRCs.

Figura 28. Ferramenta Extract by Polygon para recorte do Mapa de HRUs da América do Sul.

É muito importante que o arquivo gerado possua alguma célula com valor correspondente à
classe água para a aplicação no MGB. Abra, portanto o ASCII criado e verifique se ele possui
valores iguais a 9 (referente à cobertura do tipo água). No caso, para a bacia do rio Iguaçu existe
valores da classe de água, como mostra a Figura 29.

Figura 29. Mapa de classes de respostas hidrológicas da América do Sul recortada pela bacia do rio
Iguaçu.

22
3.7. FINALIZAÇÃO DO PRÉ-PROCESSAMENTO VIA IPH-HYDRO TOOLS
Finalmente, podemos processar os arquivos criados nas etapas anteriores para gerar os arquivos
necessários para simulação hidrológica no MGB. Os seguintes arquivos serão utilizados:
1. Modelo Digital de Elevação (MDE) (gerado na etapa 3.1);
2. Direções de escoamento (gerado na etapa 3.3);
3. Minibacias (bacias por trechos de rio) (gerado na etapa 3.3);
4. Rede de drenagem segmentada na bacia (gerado na etapa 3.3);
5. Classes de resposta hidrológica (HRCs) (gerado na etapa 3.6);
6. Sub-bacias (gerado na etapa 3.4).
Neste momento é interessante que você salve seu projeto e crie uma pasta chamada “MGB” no
seu diretório de trabalho. Dentro desta crie também mais três denominadas: Chuva, Vazão e
Clima, para facilitar sua organização dos arquivos que serão gerados.
Abra a ferramenta MGB Tools/MGB–Processing (Figura 31). A Janela permite a definição de
alguns parâmetros com os quais serão gerados arquivos base para a simulação com o MGB,
como o arquivo "MINI.gtp". Este arquivo contém informações topológicas do modelo,
fornecendo para cada minibacia informações como área de drenagem, comprimento e
declividade do trecho, e fração de classes de resposta hidrológica (Tabela 1).
As informações que podem ser fornecidas na janela de pré-processamento são listadas abaixo.
São indicados valores iniciais para essas informações, os quais podem ser modificados pelo
usuário neste momento ou, caso necessário, o arquivo "MINI.gtp" pode ser posteriormente
editado na ferramenta de "Geometry File Editor".

• River Hydraulic Options: declividades máxima e mínima permitidas para cada


trecho (para evitar problemas numéricos) e coeficiente de Manning;
• Bankfull Geomorphic Relationships: relações geomorfológicas que relacionam
profundidade (depth) e largura (width) com a área de drenagem de cada
minibacia, que exercem significativa influência caso o método de propagação de
vazões escolhido for inercial;
• Raster Distance Options: diferentes métodos para cálculo do comprimento de
trechos de rios em rasters. Aconselha-se o uso do segundo método (Distance
Trasforms), descrito em Paz et al (2008);

• Drainage network options: caso o pré-processamento já tenha sido


anteriormente rodado, o arquivo de comprimentos acumulados já foi criado,
sendo possível carregá-lo aqui (ele terá sido criado na pasta C://mgb/Output).
Caso contrário, deixe habilitado a opção "Perform length accumulation".
Para a bacia do rio Iguaçu, as relações geomorfológicas foram obtidas a partir dos dados de
Resumo de Descarga de estações fluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA). Os dados
de largura e profundidade foram relacionados com a área de drenagem dos postos gerando as
relações apresentadas na Figura 30.

23
Agora, para rodar o pré-processamento, indique os arquivos que foram mencionados acima
(caso não tenha criado raster de sub-bacias deixe a opção "Disable sub-basins file" habilitada),
selecione um diretório de saída ("Output Directory") e clique em "Perform Preprocessing"
(Figura 31). Salienta-se que na opção Segmented Stream Network deve-se fornecer o raster de
rede de drenagem segmentada.

Figura 30. Relações geomorfológicas da bacia do rio Iguaçu.

Figura 31. Pré-processamento dos arquivos de entrada do MGB.

Surgirá então uma tela preta na qual você deve dar Enter quando solicitado para então começar
o processamento dos arquivos. Se tudo ocorrer corretamente, serão gerados três arquivos na
pasta diretório que você indicou: MINI.gtp, HAND_Flood.asc e COTA_AREA.FLP; sendo o mais
importante neste momento o arquivo “MINI.gtp”, descrito na Tabela 1.
Tabela 1. Lista dos atributos do arquivo MINI.MGB criado pelo PrePro-MGB.

Atributo Informações
CatID Código da minibacia original (fornecido pelo IPH Hydro-Tools)
Número da mini-bacia em ordem topológica (iniciando pelas minibacias de cabeceira até a
MINI
minibacia exutório)
Xcen e
Coordenadas do centróide
Ycen
Sub Sub-bacia a qual pertence a minibacia
Area Área de drenagem da minibacia em km2

24
Atributo Informações
AreaM Área de drenagem total a montante de cada minibacia em km2
Ltr e Str Comprimento e declividade, respectivamente, do rio principal que atravessa uma mini-bacia
Comprimento e declividade, respectivamente, do afluente mais longo dentro de uma mini-
Lrl e Srl
bacia
MiniJus Número da mini-bacia localizada imediatamente a jusante
Ordem Ordem do curso d’água da mini-bacia
Flag utilizado antigamente, em versões anteriores do modelo, para acionar o modelo
Hdr
hidrodinâmico nas minibacias. Atualmente, este flag não é utilizado dentro da modelagem.
Largura do trecho baseada na equação geomorfológica fornecida na Janela do MGB
Width
PreProcessing.
Profundidade do trecho baseada na equação geomorfológica fornecida na Janela do MGB
Depth
PreProcessing.
Manning Rugosidade de Manning
Porcentagem da área da mini-bacia em que existe cada uma das unidades de resposta
BLC_X
hidrológica, onde X varia de 1 até o número de URH

Na pasta em que foi salvo o arquivo “MINI.GTP”, podemos visualizá-lo com o bloco de notas (ou
com programas como Notepad++), apresentado na Figura 32 .

Figura 32. Visualização do arquivo MINI.gtp no Notepad++.

4. MGB
Para as próximas etapas, todas as ferramentas que serão utilizadas encontram-se dentro do
plugin do MGB, conforme mostra a Figura 33. A sequência do menu segue a ordem lógica para
preparação dos dados de entrada do modelo:
(1) Geração de shapefile de minibacias para visualização dos resultados;
(2) Geração da descrição de HRCs;

25
(3) Preparação de dados de chuva, de vazão e clima;
(4) Parâmetros de vegetação do modelo;
(5) Parâmetros de solo do modelo;
(6) Compilação dos diversos arquivos gerados dentro do arquivo de projeto;
(7) Simulação.

Figura 33. Principais ferramentas do plugin MGB.

4.1. GERAÇÃO DO SHAPEFILE DAS MINIBACIAS


Para etapas posteriores de uso do MGB, é importante adicionar um layer contendo os IDs das
minibacias, atualizando a tabela de atributos do shapefile de minibacias. Este layer é um
shapefile criado na própria interface do MGB, usando a ferramenta Update Unit-catchments
Polygon, no menu de ferramentas MGB. O arquivo de saída desta ferramenta permite que
possamos consultar as features e suas respectivas IDs para visualizar os resultados (semelhante
ao arquivo de centroides da versão descontinuada do Mapwindow).
Aqui vamos utilizar o arquivo de polígono das minibacias que geramos na etapa 3.5, caso ainda
não tenha realizado essa etapa, pode-se realiza-la agora. Após, abrir a ferramenta Update Unit-
catchments Polygon; em seguida, selecione o arquivo de minibacias vetorial em Catchments

26
Polygon File e o arquivo “MINI.GTP” em MINI File. Daremos o nome do arquivo de saída de
“Catchments_geometries” na pasta IPH_HydroTools, conforme a Figura 34. Clique em Process e
adicione o arquivo gerado ao projeto no QGIS. Após adicionarmos o arquivo gerado, podemos
identificar suas IDs na interface clicando no botão de “Opções de rotulação de camada”,
selecionando o shapefile desejado, “Mostrar rótulos para camadas” e “ID_MINI” (Figura 35). O
arquivo gerado é apresentado na Figura 36.

Figura 34. Ferramenta de criação de arquivo para visualizar os resultados.

Figura 35. Opções de rotulação de camada.

27
Figura 36. Arquivo criado com o ID das minibacias a partir do MINI.GTP.

4.2. DESCRIÇÃO DAS UNIDADES DE RESPOSTAS HIDROLÓGICAS


Nesta etapa, abra a ferramenta “HRCs Description” no menu do MGB. Você pode preencher os
campos de acordo com as informações disponibilizadas na planilha baixada junto do arquivo das
URHs da América do Sul. Neste manual a tabela foi elaborada de acordo com a Figura 37, e salva
como "HRC_descrip.hrc".
IMPORTANTE: No MGB o último HRC sempre deve ser o bloco “Água”. Este HRC deve existir e
deve ser o último.

Figura 37. Descrição das classes de resposta hidrológica.

28
4.3. DOWNLOAD DE DADOS DE CHUVA E VAZÃO
Para adquirir dados de chuva e vazão para incorporar ao modelo MGB-IPH você pode utilizar a
ferramenta ANA data acquisition (Figura 38), que permite o download automático de vários
postos pluviométricos e fluviométricos da sua região de interesse.
Para download dos dados de chuva abra a ferramenta e indique como data inicial 01/01/1990 e
data final 31/12/2010 e em seguida marque a opção Use lat/long limit coordinates from the
interest area e digite os limites do retângulo envolvente da área de estudo. Neste caso, foram
utilizadas -51.8 e -48.8 de longitude e -25.3 e -26.9 de latitude.
Atenção: não esqueça de configurar as datas corretamente para evitar problemas na execução
do programa.
Após inserir as coordenadas clicar em Acquire gauges. No momento em que você clicar o
programa vai carregar as estações na tabela de visualização. Uma vez identificadas as estações,
indique a pasta de Chuva criada dentro da pasta MGB no campo Destination folder e clique em
Download Data. O programa indicará quantas estações serão baixadas e a partir de agora
acompanhe a pasta “Chuva” na medida em que os dados são baixados. Se por acaso você reparar
que o programa parou em alguma estação, feche o programa e abra novamente seu projeto
para baixar os dados. Você também pode deletar aquelas linhas das estações que já foram
baixadas com sucesso antes de clicar para baixar novamente, caso isto ocorra.

Figura 38. Ferramenta ANA data acquisition para download automático de dados de chuva da ANA.

Uma vez baixados os dados de precipitação, marque a opção Discharge no topo e indique o
mesmo período de dados para baixar os dados de vazão. Importante manter a mesma data
para chuva e vazão. Em seguida marque a opção Gauges como tipo de dado de entrada. Indique
o arquivo “dados_vazao.txt”. Desta vez indique a pasta “Vazao” em Destination folder, e baixe
os dados em Download Data (Figura 39).

29
Figura 39. Ferramenta ANA data acquisition para download automático de dados de vazão da ANA.

4.4. INTERPOLAÇÃO DOS DADOS DE PRECIPITAÇÃO


Para rodar o modelo MGB é necessário gerar um arquivo de dados de chuva interpolados. Para
isto, é necessário interpolar os dados de chuva dos postos pluviométricos para a posição dos
centroides das minibacias. Neste manual utilizaremos os dados de chuva baixados na etapa
anterior (4.3), entretanto diferentes bases de dados podem ser utilizadas no modelo, sendo
apresentadas as diferentes opções no manual completo do MGB disponível no site:
https://www.ufrgs.br/hge/mgb/downloads/.
Quando baixados do site da ANA os dados das estações vêm no formato que aqui chamamos de
"Hidroweb". O uso de programas como "Super Manejo de Dados Hidrológicos" (disponível em
https://www.ufrgs.br/hge/modelos-e-outros-produtos/softwares-de-manejo-e-visualizacao-
de-dados-hidrologicos/) permite transformar estes dados no formato coluna, que é mais fácil
para visualização e edição. Entretanto, utilizando a ferramenta do MGB-IPH para download, os
dados vêm automaticamente no formato coluna.
Para rodar a interpolação de dados de chuva, deve-se selecionar a ferramenta Using ANA data
(Brazil) em Precipitation e carregar os dados das estações de chuva clicando no botão Load Data
e selecionando os arquivos desejados. Os códigos dos postos pluviométricos devem aparecer na
tabela. Depois, deve se especificar o arquivo de minibacias gerado pelo MGB-PreProcessing no
campo denominado MINI.GTP, localizado na parte superior direita. Depois deve ser especificado
o período para a interpolação. Para isto clique na opção Time availability e um gráfico
mostrando a qualidade dos dados por estação e ano surgirá na tela como o da Figura 40. Aqui é
fundamental que no período escolhido não haja nenhum ano em que não exista ao menos uma
estação com dados completos de chuva.

30
Figura 40. Ferramenta de disponibilidade temporal com as estações baixadas.

Na bacia do rio Iguaçu optou-se por realizar uma simulação no período de 1990 a 2010, por este
motivo, as datas de início e fim do período a interpolar é especificado como 01/01/1990 a
31/12/2010. Finalmente, é necessário especificar a pasta em que será gravado o arquivo de
chuva interpolada, onde indicaremos a pasta Chuva. Defina um nome para este arquivo, a
extensão será sempre *.PBI. No exemplo da bacia do rio Iguaçu foi gerado um arquivo com o
nome "PRECIP_90_10.pbi" como é mostrado na Figura 41. Também é interessante criar um
shapefile das estações para poder visualizar a localização das mesmas na bacia hidrográfica. Para
isso clique na opção Create stations shapefile. A Figura 42 mostra as estações pluviométricas
utilizadas neste manual.

Figura 41. Ferramenta para interpolação dos dados de chuva.

31
Figura 42. Estações pluviométricas utilizadas na interpolação dos dados de chuva.

4.5. GERAÇÃO DO ARQUIVO DE VAZÕES OBSERVADAS


Os dados de vazão calculados pelo MGB serão comparados aos dados de vazão observados nos
postos fluviométricos. Para isto é necessário gerar um arquivo com dados de vazão observada
utilizando a ferramenta Discharge do menu.
Os dados de vazão devem ser um arquivo texto para cada estação, e devem estar em formato
coluna. Neste manual, serão utilizados os dados baixados pelo programa automático de
download de dados da ANA (seção 4.3), que gera arquivos automaticamente no formato coluna.
Para gerar o arquivo de vazão para o MGB, é importante que visualize a disponibilidade temporal
das estações baixadas. O período de dados deve ser exatamente o mesmo que no caso da chuva
interpolada, isto é, foi adotado o intervalo de 01/01/1990 até 31/12/2010. Também é necessário
informar qual é o número da minibacia correspondente ao posto fluviométrico. Para isto, é
necessário ter o shapefile dos postos fluviométricos, então clique em "Generate shapefile".
Existe a possibilidade de preencher as minibacias de forma automática, selecionando a opção
Automatically Suggest Catchment. Ao selecionar esta opção, uma janela abrirá solicitando que
carregue o arquivo MINI.gtp gerado anteriormente. Após selecionar, o programa vai sugerir
automaticamente minibacias associadas às estações fluviométricas. Entretanto, tem vezes que
a localização da estação fica dentro de uma minibacia incorreta. Assim, é sempre importante
conferir de acordo com a área de drenagem. Para isso, adicione o shapefile de postos
fluviométricos ao projeto. Para cada posto é possível descobrir o número da minibacia
correspondente adicionando o label do campo Mini no layer dos centroides das minibacias, e
usando as ferramentas de zoom com o shapefile das estações carregado no projeto. A figura
apresenta o zoom dado no shapefile das minibacias e das estações para verificação. Para este
manual, as estações associadas as minibacias são apresentadas na Tabela 2.

32
Figura 43. Verificação da minibacia associada à estação fluviométrica.

Tabela 2. Estação e minibacia associada.


Gauge Catchment
65774400 934
65060000 902
65310000 923

A Figura 44 apresenta a localização dos postos fluviométricos utilizados neste manual.

Figura 44. Estações fluviométricas utilizadas.

33
O arquivo de vazões observadas gerado no caso do rio Iguaçu recebeu o nome
“VAZAO_90_10.qob” (Figura 45), após isso clique no botão “Create observed Discharge file" e
feche a janela.

Figura 45. Ferramenta das vazões observadas com a correlação das minibacias com estações
fluviométricas.

4.6. MANEJO DOS DADOS DE CLIMA


Para calcular a evapotranspiração no modelo MGB são utilizados dados de temperatura,
umidade relativa do ar, velocidade do vento, pressão atmosférica e insolação (horas de sol por
dia).
Na interface do MGB existem três opções de entrada de dados de clima. Entretanto, neste
manual abordaremos apenas a opção que utiliza a base de dados interna de climatológicas de
1960-1990 calculadas pelo INMET para todo o Brasil (Figura 46). As demais opções são
apresentadas no manual completo do MGB
Na tabela da esquerda, existe uma lista das estações climatológicas disponíveis. Para utilizar
uma dada estação, a selecione na tabela da esquerda e a transfira para a tabela da direita pelo
botão ">>". Caso queira saber quais são as estações climatológicas próximas à sua área de
estudo, você pode criar um shapefile das estações clicando em "Create Shapefile of
Climatological Stations from MGB database", adicionar o shapefile ao projeto e localizar as
estações mais próximas (Figura 47). Neste caso utilizaremos as estações apresentadas na Tabela
3.

34
Figura 46. Interface da base de dados interna de clima do MGB.

Figura 47. Estações climatológicas próximas a bacia do rio Iguaçu.

Tabela 3. Estações de clima utilizadas.

Nome Gauge
Porto União 00083864
Irineópolis 00083865
Curitiba 00083842
Rio Negro 00083867
São Mateus do Sul 00083025

Após ter selecionado as estações desejadas, e as carregado na tabela da direita de "Selected


stations", crie os arquivos de normais climatológicas ("Create Average Climatological file").

35
Aparecerá uma mensagem no bloco de notas explicando que a estação 00083865 não apresenta
dados de insolação medidos, e que devido a isso usará dados da estação mais próxima (no caso
a estação 00083864 localizada a 26,91 km). Neste caso vamos manter a estação no cálculo das
médias climáticas, sendo necessário apenas fechar a janela e partir para o próximo passo.

4.7. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE VEGETAÇÃO


Os parâmetros de vegetação são parâmetros associados com a vegetação existente em cada
URH. Eles não são alterados no processo de calibração, e por este motivo eram chamados de
parâmetros fixos na versão anterior do MGB, embora tenham valores que podem variar ao longo
do ano.
Os parâmetros de vegetação que devem ser definidos são albedo, altura da vegetação, índice
de área foliar e resistência superficial em boas condições de umidade do solo. Todos estes
parâmetros são utilizados no cálculo da evapotranspiração pelo método de Penman-Monteith.
Para definir os parâmetros de vegetação deve ser acionada a ferramenta Vegetation
Parameters do menu do MGB (Figura 57). Para iniciar um novo arquivo de parâmetros de
vegetação, é necessário clicar no botão New vegetation parameters file. O programa pergunta
se o usuário deseja utilizar um arquivo de blocos. A opção correta é “Sim”, e então o programa
permitirá selecionar o arquivo de blocos gerado anteriormente de extensão .hrc.
Algumas sugestões de valores que devem ser adotados aparecem na própria janela de edição
dos parâmetros de vegetação. Estes valores devem ser definidos com base nestas sugestões e
com base no conhecimento do usuário. A Tabela 4, Tabela 5, Tabela 6 e Tabela 7 que seguem
apresentam os valores adotados para os parâmetros de vegetação na aplicação na bacia do rio
Iguaçu que devem ser inseridos na ferramenta. Por simplificação, assumimos valores constantes
para os diferentes meses.

Figura 57. Janela da ferramenta de definição dos parâmetros fixos.

36
Tabela 4. Parâmetros de albedo.

HRC jan feb mar apr may jun jul aug sep oct nov dec
Flor_ras 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11 0.11
Flor_prof 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16 0.16
Agr_ras 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15
Agr_prof 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26 0.26
Cam_ras 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10
Cam_prof 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19 0.19
Varzeas 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10
Sem_per 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15 0.15
Agua 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08 0.08

Tabela 5. Parâmetros de índice de área foliar.

HRC jan feb mar apr may jun jul aug sep ouc nov dec
Flor_ras 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00
Flor_prof 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00 9.00
Agr_ras 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00
Agr_prof 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00 6.00
Cam_ras 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00
Cam_prof 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00 4.00
Varzeas 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00
Sem_per 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00
Agua 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00

Tabela 6. Valores de altura das árvores.

HRC jan feb mar apr may jun jul aug sep oct nov dec
Flor_ras 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00
Flor_prof 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00 30.00
Agr_ras 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50
Agr_prof 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00 2.00
Cam_ras 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00 5.00
Cam_prof 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00 10.00
Varzeas 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50
Sem_per 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50
Agua 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10 0.10

Tabela 7. Valores para resistência superficial.

HRC jan feb mar apr may jun jul aug sep oct nov dec
Flor_ras 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Flor_prof 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0
Agr_ras 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0
Agr_prof 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0 150.0
Cam_ras 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0 40.0
Cam_prof 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0
Varzeas 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0 70.0
Sem_per 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0

37
Agua 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Quando terminar de preencher os valores clique em Save vegetation parameters file. Neste
caso chamaremos o arquivo de “PAR_Fixos” sendo que o mesmo recebe a extensão .FIX e o
salvaremos na raiz da pasta MGB.

4.8. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE SOLO


Os parâmetros de solo costumam ser alterados no processo de calibração e, também, estão
associados às URHs. Para definir os parâmetros de solo deve ser acionada a ferramenta Soil
Parameters e iniciar um novo arquivo de parâmetros de solo. Para isso, é necessário abrir o
arquivo de blocos, o arquivo de minibacias (MINI.gtp) e depois clicar no botão New soil
parameters file.
A ferramenta permite definir os valores dos parâmetros associados aos blocos para as duas sub-
bacias diferentes selecionando-as pelo item Subwatershed. A Figura 48 mostra janela com os
valores preenchidos.

Figura 48. Janela da ferramenta de definição dos parâmetros calibráveis.

Em um primeiro momento os valores dos parâmetros são definidos com base em sugestões
dadas no texto na margem direita da ferramenta. Neste caso, primeiramente adotou-se para as
duas sub-bacias os valores baixos de parâmetros calibráveis apresentados na Tabela 6. Sugere-
se ao usuário inexperiente que utilize inicialmente sempre valores ou muito baixos ou muito
altos, assim o processo posterior de calibração terá apenas um sentido possível.
Tabela 8. Valores que serão atribuídos em um primeiro momento aos parâmetros de solo.

HRC Wm b Kbas Kint XL CAP Wc


Flor_ras 900 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1
Flor_prof 1000 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1
Agr_ras 900 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1
Agr_prof 1000 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1
Cam_ras 900 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1
Cam_prof 1000 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1
Varzeas 500 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1
Sem_per 300 0.1 0.1 2 0.6 0 0.1

38
Agua 0 0 0 0 0 0 0
Uma vez que você preencheu os dados para a primeira sub-bacia, clique no botão Copy
parameters from this basin to all others para que estes mesmos valores sejam atribuídos para
a segunda sub-bacia. É importante não se esquecer de preencher os valores dos parâmetros CS,
CI, CB e QB. Na aplicação na bacia do rio Iguaçu foi adotado os valores Cs = 20; Ci = 150; Cb =
2000; Qb = 0.01.
Quando todos os parâmetros estiverem preenchidos para todas as sub-bacias, clique no botão
Save soil parameters file e salve o arquivo de parâmetros calibráveis para o modelo. Salvaremos
na pasta do MGB com o nome de "PAR_Calib.CAL”.

4.9. CRIAÇÃO DE UM PROJETO PARA SIMULAÇÃO


Para podermos rodar a simulação, é necessário agregar as informações que geramos nos últimos
passos em um único arquivo de projeto. Para isto clique na ferramenta Create/Edit Simulation
Project no menu do MGB e uma janela como a da Figura 49 irá abrir. Vamos agora preencher
cada um dos campos com os arquivos corretos. É importante ter o cuidado para que nenhum
arquivo apresente caracteres especiais no nome ou nas pastas dos arquivos, para evitar futuros
erros na simulação.

Figura 49. Ferramenta de projeto para entrada na simulação.

Primeiramente digite um nome para o seu projeto no campo Project na parte superior da janela.
No nosso caso iremos chamá-lo “Projeto_Iguacu”. Em seguida no campo Geometry indique o
arquivo “MINI.gtp” que foi gerado a partir da ferramenta de pré-processamento no passo 3.7.
Logo abaixo no campo Hydrologic response classes entre com o arquivo de extensão .hrc criado
no passo 3.6 ao qual havíamos chamado de “HRC_descr”.
Na aba Hydrological entraremos no campo Interpolated Precipitation com o arquivo
“PRECIP_90_10” que geramos no passo 4.4 enquanto que no campo Observed Discharge indique
o arquivo “VAZAO_90_10.qob” que criamos no passo 4.5. Deixe o campo Replaced Discharge
vazio. Na aba Climatological indique o arquivo de médias climatológicas no campo
Climatological Averages que chamamos de “medias_cli.cln” no passo 4.6, localizado na pasta

39
“Clima”. Deixe a opção Daily climate data desmarcada. Na aba Parameters busque o arquivo de
parâmetros de vegetação (PAR_Fixos.FIX) e o de parâmetros solo (PAR_Calib.CAL) no primeiro
e segundo campo respectivamente.
Se a intenção do usuário for realizar a simulação por Muskingum-Cunge, clique em Save Project.
Caso queira utilizar o modelo inercial para simulação, que utiliza uma aproximação das equações
de Saint Venant que despreza apenas o termo de inércia advectiva na equação dinâmica (Pontes,
2015), siga a etapa seguinte. Na aba Inertial Module selecione o arquivo chamado
“COTA_AREA.FLP” gerado na etapa de pré-processamento. Clique em Save Project.

4.10. SIMULAÇÃO
Com o projeto preparado abra a janela de simulação do MGB no menu principal em Run
Simulation. É necessário especificar o arquivo de projeto que será simulado. No caso do rio
Iguaçu vamos simular o projeto recém-criado “Projeto_Iguacu.mgb" (Figura 50).

Figura 50. Janela de simulação do MGB com o projeto carregado.

Ao especificar este projeto, o programa identifica automaticamente o período que se pretende


simular, bem como as minibacias com dados de vazão e onde os resultados devem ser gravados
para realizarmos a comparação de dados calculados e observados. Caso o usuário deseje os
resultados de vazão em outros locais da bacia, basta identificar o número da minibacia
correspondente ao local desejado e adicionar este número ao fim da lista de minibacias.
Caso tenha optado pela utilização de simulação por Muskingum-Cunge na etapa de criação do
projeto, “Muskingum-Cunge” estará selecionado em Flood Routing Method, ao passo que se

40
tiver adicionado o arquivo “COTA_AREA.FLP” no projeto de simulação, o MGB automaticamente
seleciona a opção “Inertial” na janela de simulação.
As opções no quadro Advanced e demais campos devem ser mantidas como estão.
Principalmente a opção de Save results on memory, pois é ela que nos permitirá o uso das
ferramentas gráficas de visualização de resultados.
A opção Alpha está diretamente relacionado ao intervalo de tempo da simulação inercial:
quanto maior o alpha, maior o dt da simulação. Se o dt é maior, então a simulação roda mais
rápido, porém pode gerar problemas numéricos como instabilidade. Logo, em casos de
instabilidade, recomenda-se baixar o valor do alpha, assim a simulação vai ficar mais lenta,
porém se possível mais estável.
Ao clicar em Simulate o programa executável (Fortran) do MGB será chamado para realizar a
simulação. Isto pode levar alguns minutos se a bacia for grande (com muitas minibacias e URHs)
ou caso esteja sendo simulado o modelo inercial. Para a bacia do rio Iguaçu, com o modelo
inercial, esta etapa é demorada.
Durante a rodada do programa na tela preta é pedido que você dê enter em alguns momentos
e, se tudo ocorrer bem, aparecerá uma mensagem dizendo que a simulação foi feita com
sucesso. Os resultados do modelo MGB foram todos salvos na pasta onde está o arquivo do
projeto do MGB.

4.11. VISUALIZAÇÃO DOS RESULTADOS


Os resultados podem ser visualizados utilizando as ferramentas no menu Results do MGB.

4.11.1. Comparação de hidrograma calculado e observado


Clique na opção de nome Compare observed and calculated hydrographs. Neste momento é
necessário que o layer “Catchments_geometries” das minibacias no menu de layers esteja
selecionado e visível no projeto do QGIS. O próprio programa emite um aviso neste sentido. No
momento em que você seleciona a opção de visualizar os hidrogramas fica habilitada a
ferramenta de seleção com o mouse. Para visualizar os hidrogramas basta então selecionar a
minibacia que possua dados observados. Um gráfico será exibido como na Figura 51, referente
ao posto fluviométrico UHE Gov. Bento Munhoz Barramento (65774400), localizado na UHE Foz
do Areia. É possível observar na Figura 52 o zoom das séries de vazão, onde nota-se a presença
do reservatório pela característica da série de vazões observadas.

41
Figura 51. Hidrograma de vazões calculadas e observadas da estação 65774400.

Figura 52. Zoom do hidrograma de vazões calculadas e observadas da estação 65774400.

A Figura 53 apresenta a série de vazões simuladas e observadas referentes a minibacia da


estação fluviométrica União da Vitória (65310000), localizada no rio Iguaçu. E a Figura 54 a
referente ao posto fluviométrico São Mateus do Sul (65060000).

Figura 53. Hidrograma de vazões calculadas e observadas da estação 65310000.

42
Figura 54. Hidrograma de vazões calculadas e observadas da estação 65060000.

4.11.2. Comparação de curva de permanência simulada e observada


Também é possível gerar gráficos de curvas de permanência nas minibacias utilizando a
ferramenta Compare flow duration curves no menu Results. A Figura 55 mostra um exemplo de
curvas de permanência geradas no posto fluviométrico União da Vitória (65310000), localizada
no rio Iguaçu, no município de União da Vitória (PR). Observa-se que as vazões mínimas
calculadas estão superiores às vazões mínimas observadas. Isto pode ser melhorado calibrando
os parâmetros do modelo.

Figura 55. Curvas de permanência calculada e observada para o posto 65310000.

4.11.3. Visualização do hidrograma simulado


Caso o usuário deseje visualizar apenas o hidrograma resultante da simulação, mas não em um
gráfico conjunto com o hidrograma observado (como em 4.11.1 Comparação de hidrograma
calculado e observado), deve selecionar a opção “Visualize calculated hydrographs only” no
menu Results. É possível por exemplo adicionar na janela de simulação uma minibacia que não
possua dados de vazão observados para que o respectivo hidrograma seja visualizado nesta
opção.

43
4.11.4. Visualização da curva de permanência simulada
Ainda no menu Results, é possível selecionar a opção “Visualize flow duration curves only”, que
permite a visualização do resultado da curva de permanência simulada, em um gráfico sem a
comparação com a curva de permanência observada (como em 4.11.2 Comparação de curva de
permanência simulada e observada).

4.11.5. Visualização da série de profundidades simulada (apenas com o Modelo Inercial)


Se a simulação foi realizada com o modelo inercial, o MGB oferece também a visualização dos
resultados de série temporal de profundidades de água. Para visualizar a série de níveis, acesse
no menu “Results” a ferramenta “Visualize water depth time series”. A Figura 56 apresenta o
resultado da simulação da série de profundidades do rio Iguaçu.

Figura 56. Série de profundidades de água resultante da simulação do Iguaçu com o MGB Inercial.

4.11.6. Visualização da área inundada simulada (apenas com o Modelo Inercial)


Com a aplicação do Modelo Inercial, o MGB também oferece os resultados da simulação para
área inundada. Assim como a série de níveis, o presente manual apresenta resultados de área
inundada para toda a bacia do rio Iguaçu.
Para visualizar a série de área inundada, clique em “Visualize flooded area time series” no menu
“Results”. A Figura 57 apresenta o resultado da visualização da série de área inundada.

44
Figura 57. Série de área inundada resultante da simulação do rio Iguaçu com o MGB Inercial.

4.11.7. Pós-processamento da área inundada (apenas com o Modelo Inercial)


Além de apresentar o resultado da área inundada simulada através da série apresentada na
Figura 57, também é possível selecionar datas específicas e exportar um raster da área
inundada. O arquivo raster gerado contém as estimativas de profundidade de água nas áreas
inundadas. Para isso, selecione “Flood Post-processing” no menu “Results”, conforme Figura 58.
No campo “HAND”, selecione o arquivo “HAND” gerado na etapa de pré-processamento, em
“Catchments” selecione o raster das minibacias, em “MINI.gtp” selecione o arquivo MINI.gtp,
em “InfoMGB.sim” selecione o arquivo de parâmetros na pasta “Input” que foi criada na etapa
4.9, em “HANDTUDO.mgb” selecione o arquivo de saída da simulação na pasta “Output”. As
datas de início e final da simulação serão automaticamente identificadas.
Depois, o usuário deve informar o local onde deseja salvar o arquivo e o nome que será dado ao
mesmo. Após isso deve-se escolher as datas para as quais pretende exportar arquivos raster de
área inundada. No presente manual, escolhemos um período de cheia (01/06/1992), para
melhor ilustrar a inundação. Clique em “Process” e então selecione a pasta de destino para os
arquivos gerados.
OBS: O campo “Max flood extent” e “Min flood extent” gera automaticamente o arquivo para o
período de maior cheia ou seca (máximo e mínimo) da simulação. A opção “Spin up time intervals
dor max/min” permite que você escolha a quantidades de dias que deseja deixar de fora para
gerar a mancha, a partir do início da simulação, levando em consideração que o modelo precisa
de um tempo para estabilizar as condições iniciais e começar a gerar os resultados.

45
Figura 58. Janela para a geração de arquivos raster com a área de inundação simulada.

A Figura 59 apresenta o resultado dos arquivos raster de inundação gerado com a ferramenta
“Flood Post-processing”, que podem ser visualizados através da importação dos aquivos .asc
gerados para o QGIS ou ArcGis, por exemplo. A mancha de inundação gerada corresponde ao
dia de 31/05/1992. Note a presença de áreas inundadas no baixo rio Iguaçu.

Figura 59. Imagens de área inundada simulada com a ferramenta Flood Postprocessing.

46
4.11.8. Calibração Manual
A calibração manual consiste na alteração dos valores dos parâmetros calibráveis, procurando
fazer com que os hidrogramas calculados coincidam com os hidrogramas observados. Os
aspectos que devem ser verificados na calibração são a forma geral do hidrograma, a recessão
das vazões durante as estiagens, a magnitude dos picos, o tempo de ocorrência dos picos, e o
volume geral dos hidrogramas. Também é importante verificar se as vazões calculadas estão
sistematicamente superiores ou inferiores às vazões observadas, o que indicaria que a
calibração não está boa.
Um dos principais parâmetros do modelo MGB que tem efeito sobre as estiagens é o parâmetro
Cb. Este é o parâmetro do reservatório linear simples que representa o aquífero de cada
minibacia. O valor de Cb é dado em horas, e pode ser estimado a partir das vazões observadas
de um posto fluviométrico em um período longo sem chuva.
Para estimar o valor de Cb em uma bacia é necessário identificar dois valores observados de
vazão espaçados por um intervalo de tempo de alguns dias (Δt), e aplicar a equação a seguir:
−∆𝑡
𝐶𝑏 = 24.
𝑄(𝑡+∆𝑡)
𝑙𝑛 ( 𝑄 )
(𝑡)

Onde Cb é dado em horas; Δt é dado em dias; e Q(t+Δt) é uma vazão observada que ocorre Δt
dias depois da vazão observada Q(t).
O valor de Cb depende das características físicas da bacia, em especial as suas características
geológicas. Bacias localizadas em regiões onde predominam as rochas sedimentares
normalmente têm maior capacidade de armazenamento de água subterrânea e os rios que
drenam estas áreas apresentam valores de Cb relativamente altos. Bacias localizadas em regiões
de rochas pouco porosas, como o basalto, tendem a apresentar valores de Cb mais baixos.
Quanto maior o valor de Cb mais horizontal é o hidrograma durante as estiagens e mais altas
são as vazões de estiagem.
O valor do Kbas representa a taxa em que que a água do solo percolará para o aquífero na
situação em que o solo estiver saturado. É esta água armazenada no aquífero que vai manter as
vazões durante as estiagens.
O parâmetro Wm representa a capacidade de armazenamento de água. Neste caso, os valores
adotados depois de alguns testes foram Wm = 400mm em URH de solo raso, Wm = 500 mm em
URH de solo profundo, 200 em áreas de várzeas e em áreas semi-permeáveis. O Wm da URH
Água deve ser mantido com o valor zero.
Assim, uma calibração manual preliminar foi atingida com os valores dos parâmetros
apresentados na Tabela 7 para as duas sub-bacias trabalhadas. Além dos valores da tabela,
foram alterados os valores de CS: 10, CI: 70, CB:600 e QB: 0,01. Esta calibração ainda pode ser
melhorada, o que pode ser feito de forma manual ou automática. A calibração automática do
MGB não será realizada neste manual, porém o passo a passo é apresentado no manual
completo do MGB (https://www.ufrgs.br/hge/mgb-4-3/).
Tabela 9. Parâmetros de calibração ajustados para correção dos hidrogramas e curvas de
permanência.
HRC Wm b Kbas Kint XL CAP Wc

47
Flor_ras 100 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Flor_prof 350 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Agr_ras 100 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Agr_prof 350 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Cam_ras 100 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Cam_prof 350 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Varzeas 150 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Sem_per 300 0.2 2 2 0.6 0 0.1
Agua 0 0 0 0 0 0 0
Assim, abra novamente a ferramenta Soil Parameters e crie um novo arquivo de parâmetros
calibráveis com estes valores para ambas as sub-bacias simuladas. Para não ter que criar um
projeto novo você pode simplesmente salvar o novo arquivo sobre o primeiro que foi feito. Com
a ferramenta Run Simulation, rode o mesmo projeto criado anteriormente. Os novos resultados
estão mostrados na Figura 60, Figura 61 e Figura 62.

Figura 60. Hidrogramas calculados e observados após uma primeira calibração dos parâmetros para o
posto 65774400.

Figura 61. Hidrograma para o posto 65310000 após uma primeira calibração.

48
Figura 62. Hidrograma de vazões calculadas e observadas da estação 65060000.

Observando os gráficos obtidos, você deve reparar que estes estão melhores do que os da
primeira calibração. Existe ainda espaço para mais ajustes. A partir de agora você pode ir
alterando os valores dos parâmetros calibráveis a fim de obter os melhores resultados.

5. OUTRAS FERRAMENTAS
Na aba "Tools" é possível acessar diversas ferramentas de pós-processamento e visualização de
dados do MGB, que são descritas a seguir.

5.1. EDIÇÃO DO ARQUIVO MINI.GTP


Nesta ferramenta é possível editar o arquivo MINI.gtp gerado na etapa de pré-processamento
(item 3.7). A Figura 63 apresenta a janela. Carregue o arquivo de unidades de resposta
hidrológica e o MINI.gtp. Uma tabela com as informações topológicas das minibacias será
aberta, e os valores podem ser alterados como desejado. Na aba "Shortcuts", algumas
informações do MINI.gtp podem ser mais rapidamente editadas, como relações
geomorfológicas, coeficiente de Manning ou arquivo contendo largura e profundidades por
minibacias.

Figura 63. Interface da edição de arquivo MINI.gtp.

49
5.2. HIDROGRAMA DE POSTO FLUVIOMÉTRICO
No menu Tools, o botão Flow gauge hydrograph é utilizado para gerar um hidrograma da vazão
total observada no posto selecionado.
Para utilizar a ferramenta, basta selecionar o posto fluviométrico desejado (com o shapefile dos
postos criado no item 4.5). Às vezes é necessário criar novamente o shapefile dos postos
fluviométricos. Essa ferramenta é útil quando é desejado visualizar somente os hidrogramas de
vazões observadas nos postos, sem comparar com as vazões calculadas pelo MGB.

5.3. CRIAÇÃO DE RASTER DE DADOS DE CHUVA


Nesta ferramenta (Create precipitation data raster) é possível criar arquivos raster de chuva
interpolada no MGB para visualização da distribuição espacial da precipitação na bacia de
estudo. A ferramenta tem como dados de entrada (i) o arquivo MINI.gtp, (ii) o raster de
minibacias gerado na fase de pré-processamento (item 3.3) e (iii) o arquivo binário de chuva
gerado nas janelas de interpolação. O processo realizado é simplesmente uma reclassificação
do raster de minibacias, substituindo os valores de minibacias pelo valor de chuva associado.
Existem dois tipos de chuva que podem ser plotados no arquivo raster: (i) precipitação média
anual e (ii) precipitação acumulada. A seguir são explicadas as duas opções.

5.3.1. Raster de precipitação média anual


Se for selecionado a opção de precipitação média anual, você deve fornecer o arquivo de chuvas
binário gerado na fase de interpolação de chuvas (item 4.4).

5.3.2. Raster de precipitação acumulada


No caso da precipitação acumulada, é gerado um raster com o valor acumulado de chuva para
todo o período para o qual foi interpolada a chuva. Assim, se você tiver gerado um arquivo de
chuva interpolada para o período 01/01/1990 a 31/12/2010, como nas simulações realizadas
neste manual, o raster gerado conterá informações da chuva acumulada para todo esse período.
Assim, a grande valia desta ferramenta de precipitação acumulada é a avaliação espacial de
eventos de chuva. Para isso, você pode interpolar novamente a chuva para um período curto,
por exemplo de 01/01/2009 a 05/01/2009. O resultado do arquivo raster será um mapa da chuva
acumulada para este período. Você pode fazer vários mapas de chuva com diferentes arquivos
de chuva interpolada, por exemplo para os períodos 01/01/2009 a 05/01/2009, 01/01/2009 a
06/01/2009 e 01/01/2009 a 07/01/2009. Neste caso, é possível avaliar a distribuição espaço-
temporal dos acumulados de chuva na sua área de estudo para períodos com diferentes dias de
duração.

5.3.3. Interface e geração do arquivo raster


A Figura 64 apresenta a interface desta ferramenta. Forneça os três arquivos de entrada (raster
de minibacias, arquivo MINI.gtp e arquivo de chuva interpolada), selecione a opção desejada
(precipitação média anual ou precipitação acumulada), o nome do arquivo de saída, e clique em
"Create raster".
A Figura 65 apresenta o resultado da ferramenta para o mapa de precipitação média anual para
a bacia, para o período 01/01/1990 a 31/12/2010.

50
Figura 64. Interface da janela de criação de raster de chuva.

Figura 65. Raster de chuva média anual gerado.

5.4. BASE DE DADOS INTERNA


A opção “Internal database” da barra Ferramentas é uma base de dados interna das estações
pluviométricas e fluviométricas da ANA (Figura 66). Esses dados são utilizados para gerar os
arquivos de vazões observadas (item 4.5) e para interpolar os dados de chuva (item 4.4).
Caso estes dados não estivessem completos, uma mensagem de erro ocorreria na execução dos
itens citados anteriormente, e seria necessário atualizar manualmente os dados, digitando o
código do posto, a sua localização (longitude e latitude) e o nome do posto ao final da lista.

51
Figura 66. Base de dados interna do MGB.

5.5. PERFIL LONGITUDINAL


A última opção do menu “Tools/Ferramentas” é “Longitudinal profile”, disponível apenas para a
aplicação do modelo inercial, que permite a visualização do perfil longitudinal do rio em algum
trecho de interesse. Para isso, o usuário deve selecionar o arquivo MINI.gtp e o arquivo
COTA_AREA.flp, conforme a Figura 67. O usuário deve informar a minibacia de montante e de
jusante do trecho que deseja visualizar em First Catchment e Last Catchment, respectivamente.
Para o presente exemplo, utilizamos 766 como minibacia de montante e 935 como minibacia de
jusante, representando um trecho do rio Iguaçu.
Em azul – Z0 (DEM lower value) – estão representados os valores correspondentes ao modelo
digital de elevação ao longo da rede de drenagem. Em vermelho – h (Z0 – river depth) – é
apresentado o valor de Z0 subtraído da profundidade do rio, definida pela relação exponencial
entre largura e área de drenagem.

52
Figura 67. Perfil longitudinal de um trecho do rio Iguaçu.

53
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATES ET AL., 2010, A simple inertial formulation of the shallow water equations for efficient
two-dimensional flood inundation modelling, Journal of Hydrology, 387.
COLLISCHONN W, 2001 – Simulação Hidrológica de Grandes Bacias. tese de doutorado, IPH-
UFRGS, Dezembro de 2001.
COLLISCHONN, W. ; ALLASIA, D. G. ; SILVA, B. C. ; TUCCI, C. E. M. . The MGB model for large-scale
rainfall-runoff modelling. Hydrological Sciences Journal, v. 52, p. 878-895, 2007.
FAN, F. M. ; COLLISCHONN, W. ; SORRIBAS, M. V. ; PONTES, P. R. M. . Sobre o início da rede de
drenagem definida a partir dos modelos digitais de elevação. Revista Brasileira de Recursos
Hídricos, v. 18, p. 241-257, 2013.
FAN, F. M.; COLLISCHONN, W. .Integração do Modelo MGB com Sistema de Informação
Geográfica. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 19, p. 243-254, 2014.
FAN ET AL., 2014, Avaliação de um método de propagação de cheias em rios com aproximação
inercial das equações de Saint-Venant, Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 19(4).
FAN F. M., BUARQUE D. C., PONTES, P.R.M., COLLISCHONN W. Um mapa de unidades de
resposta hidrológica para a América do Sul. XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos,
Novembro de 2015, Brasília-DF. Anais do XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos.
PAP019919. 2015.
PAIVA, R., COLLISCHONN, W., TUCCI, C. (2011). Large scale hydrologic and hydrodynamic
modeling using limited data and a GIS based approach. Journal of Hydrology 406, 170-181.
PAIVA, R. C. D.; BUARQUE, D. C. ; COLLISCHONN, W. ; BONNET, M.-P. ; FRAPPART, F.; CALMANT,
S.; BULHÕES MENDES, C. A.. Large-scale hydrologic and hydrodynamic modeling of the Amazon
River basin. Water Resources Research, v. 49, p. 1226-1243, 2013.
PAZ, A. R.; COLLISCHONN, W. ; RISSO, A. ; MENDES, C. A. B. . Errors in river lengths derived from
raster digital elevation models. Computers & Geosciences, v. 34, p. 1584-1596, 2008.
PONTES, P., COLLISCHONN, W., FAN, F., PAIVA, R., BUARQUE, D. (2015). Modelagem hidrológica
e hidráulica de grande escala com propagação inercial de vazões. Revista Brasileira de Recursos
Hídricos 20(4), 888-904.
PONTES, P.; FAN, F. M. ; FLEISCHMANN, AYAN SANTOS ; PAIVA, R. ; BUARQUE, D. C. ; SIQUEIRA,
V. A. ; JARDIM, P. ; SORRIBAS, M. ; COLLISCHONN, WALTER . MGB model for hydrological and
hydraulic simulation of large floodplain river systems coupled with open source GIS.
Environmental Modelling & Software, v. 94, p. 1-20, 2017.
SIQUEIRA, V. A. ; FLEISCHMANN, A. S. ; JARDIM, P. F. ; FAN, F. M. ; COLLISCHONN, W. IPH-Hydro
Tools: uma ferramenta open source para determinação de informações topológicas em bacias
hidrográficas integrada a um ambiente SIG. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 2016.
SIQUEIRA, V.A., PAIVA, R.C.D., FLEISCHMANN, A.S., FAN, F.M., RUHOFF, A.L., PONTES, P.R.M.,
PARIS, A., CALMANT, S., COLLISCHONN, W., 2018. Toward continental hydrologic–
hydrodynamic modeling in South America. Hydrol. Earth Syst. Sci. 22, 4815– 4842.
https://doi.org/10.5194/hess-22-4815-2018.

54

Você também pode gostar