Disciplina: VIOLÊNCIA CRIMINALIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA
PROFESSORA: Grasielle Borges Vieira de Carvalho Aula 14-10-2022 – Tema: Direitos Humanos, Tecnologias e Segurança Pública Mestrando Paulo Faria Almeida Neto 2022.1
Políticas Públicas de Segurança e Justiça Penal, Adorno nos apresenta as
desigualdades sociais acentuaram com o tempo, desde a formação do estado brasileira, as políticas públicas acentuam o abismo social da população negra e periférica e as elites detentoras dos meios de produção, terras e controle político. Adorno reforça que o processo de modernização de tecnologia, o estado atendendo aos interesses e promovendo políticas públicas, é também utilizado em desfavor desta parcela da população discriminada. As políticas criminais estatais seguem na contramão do que preceitua o conceito de políticas públicas, pois visam apenas a punição e repressão, o que para Adorno leva a uma desconfiança dos cidadãos quanto as polícias ostensivas, cientificas e investigativas. Mas, para Adorno o que é mais flagrante é a incapacidade dos governos de saírem do círculo cerrado que opõe aplicação da lei e a ordem à proteção dos direitos humanos, como se a observância de ambos fosse algo incompatível. Bucci afirma que a necessidade do estudo de políticas públicas, como meio apto a se buscar a concretização dos direitos humanos, em particular, os direitos sociais, uma vez que as politicas públicas funcionam como instrumentos de aglutinação de interesses em torno de objetivos comuns, que passam a estruturar uma coletividade de interesses, sendo tais garantias a forma de efetivação dos princípios constitucionais. Para Miranda e Schneider os algoritmos estão sendo utilizados para acentuar a discriminação e os preconceitos por meio de mecanismo de vigilância. Isso pautando na massificação da sensação de insegurança que asseverou com a institucionalização a descriminação com base no uso de algoritmo, em especial pela Justiça Criminal. Tudo isso é possível através da formação da sociedade de vigilância que é alicerçada pela biopolítica, na ideia de superioridade racial e que as raças inferiores merecem ser discriminadas, a estes conceitos se aliam os da sociedade da informação que é mutável, passível de transformações. E tais tecnologias, em especial a Inteligência artificial é utilizada como se fosse algo imparcial, mas sabemos que toda a inteligência artificial precisa de parâmetros iniciais, os quais podem ser inseridos preenchidos impregnados dos conceitos e preconceitos do programador. Assim, estão presentes segundos os autores os estigmas e segregação líquidos, consistentes na discriminação da cor da pele e raça, bem como pela falta de capacidade de produção e consumo de determinados grupos, pois os autores apresentam a visão de Bauman de que os estigmas e preconceitos se naturalizam e institucionalizam pela modernidade liquida, levam a ideia de que a sociedade “segura” somente será através da implementação de todos os meios para o combate da criminalidade e assim o uso dos algoritmos pela segurança publica seria um meio de alcança-la. NEGRI ensina sobre a utilização da inteligência artificial para o reconhecimento facial para fins de segurança pública reforça que deve haver uma transparência na coleta dos dados pessoais por meios tecnológicos de vigilância, bem como ao acesso que o individuo possui a esses dados, pois a transparência imposta pela vigilância dos órgãos públicos não podem ser superiores a proteção de dados do indivíduos e a sua privacidade. Daí a indispensabilidade da observância da princípio da precaução para a mínima regulação da utilização de IA, em especial quando tratamos desta utilização pela segurança pública. Por fim, aproveito para apresentar a existência de uma resistência a subcultura policial, uma vez que as mudanças nas estruturas de policiamento, em especial quanto aos seus procedimentos e rotinas é mal recepcionada pelas instituições e tratadas como um ataque a um suposto equilíbrio e independência de atuação dessas. Portanto, observamos que enquanto a segurança pública e a justiça estiverem ocupadas por operadores, impregnados por privilégios, racismo estrutural e institucional todas as ferramentas que forem utilizadas serão para “caça” o estereótipo do negro, pobre e periférico.