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Resumo:
A presente pesquisa pretende analisar a aplicabilidade do princípio da não
discriminação, recentemente previsto pela Lei Geral de Proteção de Dados
– LGPD (Lei nº 13.709/2018), quanto aos dados pessoais sensíveis, passan-
do por um estudo acerca da possibilidade de tratamento distintivo dos dados
pessoais, desde que lícito e não abusivo. O questionamento que lastreia o pro-
blema desta pesquisa é: a LGPD autoriza a discriminação lícita e abusiva no
tratamento de dados pessoais sensíveis? A investigação inicia-se a partir da
classificação de dados pessoais na Lei. Ao relacionar o uso discriminatório
às qualidades de ilicitude e abusividade o legislador reconheceu a possibili-
dade de tratamento distintivo, desde que lícito e não abusivo. Conclui-se por
uma tutela diferenciada em relação aos dados pessoais sensíveis, em neces-
sário reforço aos princípios da igualdade e da não discriminação, tendo sido
evidenciada temerária a exceção legal que possibilita discriminações lícitas e
não abusivas.
Introdução
Este artigo científico tem por objetivo verificar a aplicabilidade do prin-
cípio da não-discriminação no que diz respeito aos dados pessoais, estudando
Referencial teórico
Privacidade frente a sociedade da informação
Vivemos a chamada era digital, em que nossas vidas passam a ser geren-
Carlos Nelson Konder (2019, p. 455) explica que “os dados sensíveis
são dados pessoais especialmente suscetíveis de utilização para fins discrimi-
natórios, de modo que seu tratamento atinja a dignidade de seu titular, lesio-
nando sua identidade pessoal ou privacidade.”
Em uma pirâmide de proteção os dados pessoais sensíveis identifica-
dores estão na base, sendo de prioridade proteção justamente por poderem
causar grandes danos ao indivíduo. A Constituição Federal de 1988 tutela a
intimidade, a vida privada e garante o direito a indenização decorrente de sua
violação (art. 5º, X), assegura o sigilo da correspondência e das comunica-
ções telefônicas (art. 5º, XII), e possibilita a concessão de habeas data (art.
5º, LXIX e LXXII). Em linha sistêmica coerente, “o objetivo da LGPD é o
de conferir uma ampla proteção ao cidadão e às situações existenciais mais
importantes que são afetadas pelo tratamento de dados.” (FRAZÃO, 2019, p.
102). Além de limitar a coleta e o tratamento dos dado pessoais, a Lei trou-
xe consigo princípios fundamentais para auxiliarem na limitação e proteção
desses dados. Os princípios da LGPD mostram que dados pessoais não são
meros bens de cunho patrimonial, podendo se desdobrarem em objetos de
negociação (FRAZÃO, 2019, p. 103 - 104).
Metodologia
O presente artigo utiliza-se de uma pesquisa qualitativa, buscando solu-
cionar questionamentos advindos da interpretação da norma. A pesquisa tem
arrimo em método hipotético-dedutivo e busca evidenciar uma tutela diferen-
ciada em relação aos dados pessoais sensíveis, valendo-se de pesquisa biblio-
gráfica, através de livros, revistas e artigos.
Referências
AMAZON. Smart Speakers com Alexa. Os dispositivos Echo são caixas de som
inteligentes controladas por voz. Disponível em: https://www.amazon.com.br/
b?ie=UTF8&node=19877613011. Acesso em: 08 mar. 2020.
BAIÃO, Kelly Sampaio; GONÇALVES, Kalline Carvalho. A garantia da
privacidade na sociedade tecnológica: um imperativo à concretização do princípio
da dignidade da pessoa humana. Civilistiva.com. Rio de Janeiro, a. 3, n. 2, jul.-
dez./2014. Disponível em: http://civilistica.com/wp-content/uploads/2015/02/