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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

FACULDADE DE DIREITO DE ALAGOAS

RESUMO DO ARTIGO: A HIPEREXPOSIÇÃO PESSOAL E O DIREITO AO


ESQUECIMENTO E À EXTIMIDADE

Gustavo Noronha de Ávila


Thais Aline Mazetto Corazza

José Eduardo Oliveira Araújo

Resumo: O referido artigo buscou propor que a tecnologia não pode ser separada da
informação, o que resultou na remodelação e institucionalização dos padrões e técnicas
de comunicação na sociedade. Desse modo, os autores sustentam a tese de que o Direito
padece com a realidade virtual, isto é, que os avanços tecnológicos foram incongruentes
com a manutenção de legislações específicas que garantissem os direitos civis dentro de
espaços virtuais da internet e das redes sociais.
Em decorrência disso, e aliado à possibilidade de qualquer usuário compartilhar
informações deliberadamente, surge, segundo os autores, o problema da hiperexposição,
ou seja, a exposição de informações privadas de forma voluntária ou não. De acordo com
o artigo, o maior desafio do Direito Digital é equilibrar a relação que existe entre os
interesses criados pelos novos veículos de comunicação, que são: a privacidade, o
comercial, a responsabilidade e o anonimato. Há ainda um agravante que torna essa
conjuntura ainda mais desafiadora: o fato de que os usuários costumam negligenciar sua
segurança ao ceder informações aos veículos digitais, bem como as consequências desse
compartilhamento de dados, ora por não ter conhecimento dos meios necessários para
buscar essa segurança, ora pela própria falta desta.
Os autores defendem que o direito à privacidade, como direito da personalidade, é
um limite natural ao direito de informação, não podendo haver lesão ao direito sem o
consentimento do sujeito. No entanto, nos dias atuais, por conta própria, as pessoas
expõem sua privacidade e intimidade diariamente nas redes. A falta de informação
corroborada pelo desejo de se conectar, faz com que os usuários aceitem voluntariamente
- ou, ainda, tacitamente - a socialização e compartilhamento de seus dados, consentindo
com a perda do controle das suas informações.
O principal empecilho para a manutenção da segurança dos usuários, é, antes de
mais nada, o próprio algoritmo usado, que têm acesso a dados provenientes de um número
crescente de fontes - ainda que anônimos -, que pode, a partir da combinação e
cruzamento desses dados, aferir algumas características e encontrar informações sobre
uma pessoa específica, mesmo que essa informação nunca tenha sido divulgada.
De acordo com os autores, na busca por minimizar os impactos sobre a privacidade
no âmbito virtual, algumas medidas podem ser tomadas. No Brasil, por exemplo, os
reflexos da necessidade da criação de mecanismos de segurança, resultaram no Marco
Civil da Internet (Lei n° 12.965/2014), a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD (Lei
n° 13.709/2018) e suas normas a respeito da necessidade do livre consentimento e
esclarecimento como requisito para a coleta, armazenamento, uso, tratamento e proteção
de dados pessoais. Todavia, a aplicabilidade das legislações tem como principal
limitação, a já mencionada problemática algorítmica, que elimina qualquer tipo de
impedimento ao compartilhamento de informações e deixa seus usuários suscetíveis à
violações de privacidade sem que sequer saibam.
Nesse contexto, encontram-se os conceitos do Direito ao esquecimento, cujo
sentido refere-se à privacidade e seus desdobramentos – no sentido de que a um usuário
seja permitido apagar dados e informações pessoais na internet. Há ainda o Direito à
extimidade, conceituado como o direito de gozar ativamente da intimidade, por meio da
exposição, voluntária, de informações da intimidade em face de terceiros. Assim sendo,
a intimidade que o sujeito expõe na internet deixa de ser íntima, tornando-se “extima”, o
que não significa pública.
Na atual sociedade da informação, interações humanas multiplicam-se em conjunto
com uma série de ferramentas, especialmente as digitais, resultando em paradigmas que
nem sempre são benéficos. De qualquer maneira, todas as modificações estão sendo
assimilada pelo ordenamento jurídico brasileiro, sendo inegável a evolução que passou a
ter o direito digital no judiciário. Os autores concluem afirmando que a barreira entre as
esferas pública e privada, na internet foi eliminada, sendo a privacidade não mais
entendida como um direito fundamental, mas considerada, frequentemente como um
obstáculo à segurança.

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