Você está na página 1de 17

Responsabilidade Civil Objetiva dos Provedores de Aplicação por conteúdo

postado por terceiros à luz e sob a vigência do Marco Civil da Internet e da Lei
Geral de Proteção de Dados

Objective Civil Liability of Application's Providers for content posted by third


parties in the light of and under legality of Civil rights New High terms for
internet, and the General Data Protection Regulation

Ronetna Klaryssa Pryscilla Vieira Laviola Ribeiro

Advogada. MBA em Gestão e Negócios Jurídicos


pela FGV/RJ, com extensão em Direito
Empresarial pela Universidade de Coimbra. Pós-
graduanda em Direito Digital, pela UERJ/ITSRio.

Resumo: Com a difusão da internet somada à ascensão da telefonia móvel houve uma
transformação acelerada na sociedade, e, a comunicação em rede superou fronteiras,
tornando-se global. Assim, o acesso à internet foi elevado ao patamar de direito
humano, por oferecer condições insuperáveis para o exercício da liberdade de expressão
e de outros direitos fundamentais. Todavia, o exercício deste direito não seria possível
sem a existência de uma série de atores, principalmente privados, que atuam
promovendo o acesso e interconexão das múltiplas interações virtuais, dentre os quais
os provedores de aplicação. Dessa forma, das novas relações jurídicas, surge, também,
a responsabilidade civil pelos danos causados na internet, sendo a responsabilidade dos
provedores de aplicação por conteúdo postado por terceiros o ponto central deste artigo,
que sem a intenção de esgotar o tema, visa trazer reflexões sobre a extensão desta
responsabilidade à luz e o sob a vigência do Marco Civil da Internet e da Lei Geral de
Proteção de Dados.

Abstract: The diffusion of the internet added to the rise of mobile telephony has
culminated in a sped of transformation in society, and network communication has
crossed borders, becoming global.
As such, Internet's access was raised to a Human right level, as it offers insurmountable
conditions for the exercise of freedom's expression and other fundamental rights.
However, the exercise of this right would not be possible without the existence of a
series of actors, mainly private ones, who work by promoting access and
interconnection of multiple virtual interactions, among them are the application
providers. Thus, from new legal relationships, civil liability for damages caused on
internet also arises, with the responsibility of application's providers for content posted
by third parties being the central point of this article, which without the intention of
exhausting the topic, aims to bring reflections over the extension of this responsibility in
the light of and under legality of the Civil rights New High terms for internet, and the
General Data Protection Regulation.

Palavras chave: Responsabilidade Civil dos provedores de aplicação por conteúdo


postado por terceiros. Marco Civil da Internet. Lei Geral de Proteção de Dados.
Liberdade de Expressão.

Keywords: Civil liability of application's providers for content posted by third parties.
Civil Rights High terms for Internet. General Data Protection Regulation. Freedom of
expression.

I- Introdução

A difusão da internet, em meados dos anos 1990, somada à ascensão da telefonia


móvel, culminou em uma transformação acelerada na sociedade, e nesse caminho foram
surgindo novos problemas sociais advindos do seu uso.

Segundo Manuel Castells1, o grande salto de desenvolvimento da tecnologia da


informação “pode, de certa forma, ser relacionado à cultura da liberdade, inovação

1 . Castells, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade /


Manuel Castells; tradução Maria Luiza X. de A. Borges; revisão Paulo Vaz. – Rio de Janeiro: Zahar,
2003, p.7.
individual e iniciativa empreendedora oriunda da cultura dos campi norte-americanos da
década de 1960”. E, de acordo com o mesmo autor: “A Internet é o tecido de nossas
vidas. Se a tecnologia da informação é hoje o que a eletricidade foi na Era Industrial, em
nossa época a Internet poderia ser equiparada tanto a uma rede elétrica quanto ao motor
elétrico, em razão de sua capacidade de distribuir a força da informação por todo o
domínio da atividade humana.”

A comunicação em rede superou fronteiras e tornou-se global, e no dizer de


Castells2 “os valores da liberdade individual e da comunicação aberta tornaram-se
supremos.”
Com efeito, o acesso à internet foi tido como direito humano pela ONU3, por
oferecer condições insuperáveis para a inovação, o exercício da liberdade de expressão
e de outros direitos fundamentais, como o direito à educação e à livre associação. No
mesmo relatório, a ONU criticou a França e Reino Unido, por terem aprovado leis que
bloqueavam o acesso de pessoas que não cumpriam acordos de direitos autorais na web,
e, também, países que impediam o acesso às redes sociais para reduzir protestos da
população contra governos, considerando o corte ao acesso à internet,
independentemente da justificativa e incluindo violação de direitos de propriedade
intelectual como "uma violação artigo 19, parágrafo 3º, do Pacto Internacional sobre os
Direitos Civis e Políticos."

Seguindo esta mesma premissa, o Marco Jurídico Interamericano do Direito à


Liberdade de Expressão4 (da Comissão Interamericana de Direitos Humanos) afirma
que “a liberdade de pensamento e expressão é a pedra angular de qualquer sociedade

2 . Idem, p. 8.

3 . Nações Unidas. Conselho de Direitos Humanos. Promoção, proteção e gozo dos Direitos
Humanos na Internet:
https://www2.ohchr.org/english/bodies/hrcouncil/docs/17session/A.HRC.17.27_en.pdf. Acesso
em 01/12/2020.

4 . CIDH. Relatório Anual 2009. Relatório da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão.
Capítulo III (Marco Jurídico Interamericano do Direito à Liberdade de Expressão). OEA/Ser.L/V/II. Doc.
51. 30 de dezembro de 2009. .
democrática”. Estabelecendo o Artigo 13, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, o direito de toda pessoa à liberdade de expressão e que este direito
compreende “a liberdade de buscar, receber e difundir informações e ideias de toda
natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma
impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha”, incluindo, as
comunicações, ideias e informações que são difundidas e acessadas pela internet.

Assim, a recomendação dos organismos internacionais é que o acesso e o uso da


internet devem ter como norte a primazia do direito à liberdade de expressão.

Todavia, o exercício deste direito não seria possível sem a existência de uma
série de atores, principalmente privados, que atuam como intermediários na prestação
de serviços promovendo o acesso e interconexão, entre os mais relevantes e populares
estão os provedores de serviços de internet, os provedores de hospedagem de sítios de
internet, as plataformas de redes sociais, os aplicativos de mensagens instantâneas e os
de busca.
Dessa forma, as redes sociais passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas,
que começaram a criar o hábito de ter a rede social como primeiro site aberto, antes
mesmo de verificar e-mails ou notícias5.

Por conta disso, em 2006, com o explosivo crescimento e influência das redes
sociais, a revista "Time" elegeu "você" como a personalidade do ano. Na capa da revista
havia um espelho para edição da "personalidade do ano" e, à época, o seu editor
Richard Stengel chegou a afirmar, com relação à imagem, que: "literalmente reflete a
ideia de que você, e não nós, está transformando a era da informação"6, em destaque à
importância das pessoas na fundação e estrutura da democracia digital.

5 . A Evolução das Redes Sociais e seu impacto na sociedade. Disponível em:


https://canaltech.com.br/redes-sociais/a-evolucao-das-redes-sociais-e-seu-impacto-na-sociedade-parte-3-
109324/. Acesso em 30/11/2020.

6 .Notícia divulgada em 18/12/2006. Disponível em::


http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,AA1391119-6174,00
Essa nova sociedade reflete, de certo (ou integral) modo, a “Sociedade do
Espetáculo” enunciada pelo sociólogo Guy Debord7, nos idos de 1967: “toda a vida
das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como
uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente se esvai na
fumaça da representação.” Debord8 vai além (como que uma profecia) afirmando que “o
alvo é passar para o lado oposto: a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real.
Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente. No mundo
realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso.”
Pode-se afirmar que a internet é o palco desta “sociedade do espetáculo”, onde
as liberdades são potencializadas e o mundo virtual interage, cada vez mais, com a
realidade, a dignidade da pessoa humana perpassa a realidade e adentra o mundo virtual,
em que pese o Brasil ainda ter um alto contingente de excluídos digitais (25% da
população de acordo com dados do IBGE)9.

Neste aspecto, cabe trazer aqui um interessante julgado do Tribunal de Justiça


do Rio de Janeiro10, que ao julgar recurso de apelação de um usuário que foi banido de

APOS+YOUTUBE+TIME+ELEGE+VOCE+COMO+PERSONALIDADE+DO+ANO.html
Acesso em 06/12/2020.

7 . DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Ed.
Contraponto. Rio de Janeiro, 1997. p.13.

8 Idem, p. 16.

9 . Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/04/29/internet-


chega-a-4-em-cada-5-lares-diz-ibge-excluidos-digitais-somam-45960-mi.htm. Acesso em 06/12/2020.

10 . TJRJ. Apelação Cível 0033863-56.2016.8.19.0203.24ª Câmara Cível. Relator Des. Alcides da


Fonseca Neto. Julgado em 16/10/2019.
“APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZATÓRIA. BANIMENTO DE JOGOS VIRTUAIS. FALTA DE
COMPROVAÇÃO DE CONDUTA DESLEAL DO CONSUMIDOR/JOGADOR. DANO MORAL
CONFIGURADO. Participante de jogos virtuais que, em razão de alegada atitude ilícita no jogo, foi
permanentemente banido do site. Conduta ilícita não comprovada. Sentença de parcial procedência que
determinou o reingresso do Autor no jogo, preservadas as características que seu personagem possuía no
momento do banimento, com a reativação de sua conta, conforme requerido. O mundo virtual demanda
hoje novas formas de soluções dos problemas da vida, ou mesmo que sejam aplicadas às novas realidades
soluções pré-existentes. Por isso a internet e sua realidade virtual não podem ficar de fora dessa interação.
Levando em conta uma interpretação evolutiva, afigura-se razoável impor à imagem virtual um valor,
como ocorre com a imagem humana real, notadamente em casos concretos semelhantes, além do que
sempre por trás de um participante de competição virtual existe uma pessoa com sentimentos e dignidade,
um jogo virtual, firmou o entendimento de que não se podia “dissociar a imagem
virtual da imagem real”, e, ainda, que “afigurava-se razoável impor à imagem virtual a
mesma sorte a que é condenada a imagem humana real, além do que sempre por trás de
um participante de competição virtual existe uma pessoa com sentimentos e dignidade.”

Destarte, há danos, então, que podem ocorrer no ciberespaço, não apenas no


mundo real, e em muitos casos a responsabilidade dos provedores de aplicação está
presente. Sendo assim, todas interações na web estão sujeitas à regulação e limites e
seus atores e usuários devem respeito às leis, ainda mais, quando estão em cheque
direitos fundamentais tão caros à nossa recente democracia.

De sorte que, ao lado do direito fundamental à liberdade de expressão, convivem


o direito à honra, à imagem, proteção de dados e tantos outros. E, das múltiplas
interações virtuais, surgem novas relações jurídicas, e, também, responsabilidade civil
pelos danos causados na internet, sendo a responsabilidade dos provedores de aplicação
por conteúdo postado por terceiros o ponto central deste artigo, que sem a intenção de
esgotar o tema, visa trazer reflexões sobre a extensão desta responsabilidade à luz e o
sob a vigência do Marco Civil da Internet e da Lei Geral de Proteção de Dados.

II- Responsabilidade Civil dos Provedores de Aplicação no Marco Civil da


Internet
A questão da responsabilidade civil dos provedores de aplicação é tormentosa e
complexa, pois por vezes não se estará em debate ofensa diretamente causada pelo
provedor, mas sim por terceiros usuários dos seus serviços. Conforme destacado pela
Ministra Nancy Andrighi, em seu voto no REsp. 1.735.712-SP11, “a dificuldade é
ainda mais elevada quando os provedores não exercem nenhum controle prévio sobre
aquilo que fica disponível on-line, o que afasta a responsabilidade editorial sobre as
informações.”

pelo que resta claramente configurado dano moral, posto que o nome virtual do Autor permaneceu à vista
de todos como banido.” (grifos nossos)

11 . STJ. REsp 1.735.712-SP. Terceira Turma. Relatora Ministra Nancy Andrighi. Julgado em
19/05/2020.
Por outro lado, não podemos descurar que os provedores de aplicação são
controladores de dados, conseguem produzir “bolhas virtuais” de conteúdo
personalizado, de forma a influenciar decisões sem que as pessoas necessariamente
percebam 12 e sem que haja transparência de como os dados coletados são manipulados
por algoritmos.
A Lei Federal 12.965, de 23 de abril de 2014, Marco Civil da Internet, é a lei
que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil,
determinando seu art. 6º que: “Na interpretação desta Lei serão levados em conta, além
dos fundamentos, princípios e objetivos previstos, a natureza da internet, seus usos e
costumes particulares e sua importância para a promoção do desenvolvimento humano,
econômico, social e cultural.”

De acordo com o Marco Civil da Internet, existem dois tipos de provedores,


existe o provedor de conexão, que é aquele que fornece a estrutura básica para que a
pessoa acesse a internet, e existe o provedor de aplicações que é aquele que oferece o
conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal
conectado à internet, nos termos do inciso VII, do seu art. 5º, cujas funcionalidades
podem ser as mais diversas, tais como: serviços de e-mail, redes sociais, hospedagem de
dados, compartilhamento de vídeos e etc.

O Marco Civil buscou estabelecer balizas mais claras acerca da responsabilidade


tendo como nortes a tutela da inovação e a liberdade de expressão13. Desse modo,
adotou a posição de que os provedores são meros intermediários, prevendo nos artigos
19 e 21 as formas de remoção de conteúdo e responsabilização dos provedores de
aplicação por danos decorrentes por conteúdos postados por terceiros.

12 . Exemplo disso é o polêmico caso envolvendo o Facebook e Cambridge Analytica. A


Cambridge Analytica obteve ilegalmente dados de cerca de 50 milhões de perfis de usuários do Facebook
nos Estados Unidos, e usou para traçar perfis psicológicos detalhados de eleitores na campanha pró-
Trump, e no Reino Unido, na campanha pró-Brexit. Notícia disponível em:
https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/03/facebook-e-cambridge-analytica-sete-fatos-que-voce-
precisa-saber.ghtml. Acesso em 30/11/2020.

13 . Souza, Carlos Affonso. Lemos, Ronaldo. Marco civil da internet: construção e aplicação, Juiz
de Fora:Editar Editora Associada Ltda, 2016, p. 65.
Reza o art. 19 que:
“Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a
censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado por conteúdo postado por terceiros se, após ordem
judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos
limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar
indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as
disposições legais em contrário.

Daí vemos que com o Marco Civil da Internet, o qual foi publicado em
23/04/2014 e entrou em vigor 60 (sessenta) dias após esta data, o termo inicial da
responsabilidade do provedor de aplicação foi postergado no tempo, iniciando-se
somente após a notificação judicial. Portanto a exigência de ordem judicial passou a ser
tida como requisito para atrair a responsabilidade do provedor de aplicação, nesta
hipótese.
Por sua vez, outra forma de responsabilização por conteúdo postado postado por
terceiros é a prevista no art. 21, que estabelece que:
“O provedor de aplicações de internet que disponibilize
conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado
subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da
divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens,
de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de
atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de
notificação pelo participante ou seu representante legal, deixar
de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites
técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo.”

Todavia, o paragrafo único ressalta que: “A notificação prevista no caput deverá


conter, sob pena de nulidade, elementos que permitam a identificação específica do
material apontado como violador da intimidade do participante e a verificação da
legitimidade para apresentação do pedido.

Nos casos de Revenge Porn ou pornografia de vingança, o termo “a quo” para


restar caracterizada a responsabilidade subsidiária do provedor de aplicação, nos termos
do art. 21, do MCI, será a partir do momento em que receber a notificação da parte que
teve sua intimidade violada. Não é necessária ordem judicial.
O art. 21 do Marco Civil da Internet não abarca somente a nudez total e
completa da vítima, tampouco os “atos sexuais” devem ser interpretados como somente
aqueles que envolvam conjunção carnal, de acordo com entendimento consolidado do
Superior Tribunal de Justiça, vez que, o combate à exposição pornográfica não
consentida é a finalidade deste dispositivo legal.14
Embora os art.19 e 21 não mencionem a “culpa”, e mesmo sendo pacífico que
entre os usuários de internet e provedores de aplicação exista relação de consumo, o
Superior Tribunal de Justiça vêm consolidando o entendimento de que a
responsabilidade do provedor de aplicação é subjetiva, sendo necessária a comprovação
da culpa genérica15 (que inclui o dolo -intenção de prejudicar- e a culpa em sentido
restrito: imprudência, negligência ou imperícia), conforme mencionam Carlos Affonso
Souza e Ronaldo Lemos16:
“Em seus mais recentes posicionamentos sobre o tema, o STJ tem
defendido a tese da responsabilidade subjetiva dos provedores
justamente pela não remoção do conteúdo reputadamente ilícito
quando ciente de sua existência por uma notificação da vítima. Aqui
são considerados em conjunto tanto os casos em que o provedor se
omite em responder à notificação da vítima ou de forma ativa
responde a notificação afirmando que não vê motivos para retirar o
conteúdo do ar. Nesses casos a responsabilidade, além de subjetiva,
seria também solidária com o autor do dano.”

Cabe destacar, também, que antes do advento do Marco Civil da Internet, a


jurisprudência do STJ era no sentido de que o provedor de aplicação passava a ser
solidariamente responsável a partir do momento em que fosse, de qualquer forma,

14 . STJ. REsp 1.735.712-SP. Terceira Turma. Relatora Ministra Nancy Andrighi. Julgado em
19/05/2020

15 . Tartuce, Flávio Direito Civil: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil – v. 2 / Flávio
Tartuce. – 14. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019, p.519.

16 . Carlos Affonso Souza e Ronaldo Lemos. Marco civil da internet: construção e aplicação. Juiz
de Fora: Editar Ed., 2016, p. 81
notificado pelo ofendido. Assim, bastava a notificação extrajudicial e a inércia do
provedor de aplicação em qualquer hipótese. Vejamos17:
“...Ao ser comunicado de que determinada mensagem postada em blog
por ele hospedado possui conteúdo potencialmente ilícito ou ofensivo,
deve o provedor removê-lo preventivamente no prazo de 24 horas, até
que tenha tempo hábil para apreciar a veracidade das alegações do
denunciante, de modo a que, confirmando-as, exclua definitivamente o
vídeo ou, tendo-as por infundadas, restabeleça o seu livre acesso, sob
pena de responder solidariamente com o autor direto do dano em
virtude da omissão praticada.” (Grifo nosso)

Vemos, portanto, que o Marco Civil da Internet deu um passo atrás ao exigir o
descumprimento de ordem judicial para ensejar a responsabilidade do provedor de
aplicação.
No direito comparado18, a notificação (notice and take down - na legislação
norte-americana) é exclusivamente extrajudicial, basta à vítima comprovar que deu
conhecimento ao provedor internet, por qualquer meio, do fato ensejador da
responsabilidade civil, permitindo-lhe agir de modo a coibir tal prática.

Entretanto, é de salientar que nos Estados Unidos há uma isenção geral de


responsabilidade do provedor, havendo somente uma hipótese em que serão
considerados responsáveis pelos atos de seus usuários se, uma vez notificados, não
removerem o conteúdo questionado relativo à violação de direito autoral19.

III – Responsabilidade Civil Objetiva do Provedor de Aplicação – Diálogo


de Fontes entre o Marco Civil da Internet, o Código de Defesa do Consumidor e a
Lei Geral de Proteção de Dados

17 . STJ. REsp 1.406.448/RJ. Terceira Turma. Relatora Ministra Nancy Andrighi. Julgado em
15/10/2013

18 . Artigo 19 do Marco Civil da Internet gera impunidade e viola a Constituição. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2019-nov-21/guilherme-martins-artigo-19-marco-civil-
internet-gera-impunidade. Acesso em 02/12/2020.
19 . Souza, Carlos Affonso. Lemos, Ronaldo. Marco civil da internet: construção e aplicação, Juiz
de Fora:Editar Editora Associada Ltda, 2016, p.73.
À medida que as informações sobre os comportamento de consumo dos
cidadãos, o monitoramento por geolocalização e outros dados permitem empreender de
forma mais eficiente e assertiva no mercado, é preciso repensar o papel de “mero
intermediário” do provedor de aplicação.20

Ademais, a vida virtual é uma extensão da vida real, a ponto que a dignidade da
pessoa humana alcança e deve ser garantida de forma plena em ambos espaços. Por esse
ângulo, Ana Frazão, Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva21 ressaltam que:

“A dignidade da pessoa humana então se renova, para, por meio de


novas manifestações, proteger, diante desse contexto, a liberdade de
pessoa humana para ser quem ela é, para livremente construir sua
própria personalidade. Nessa toada, o direito à privacidade supera o
viés individual e passivo do tradicional “direito a ficar só”, cunhado
no final do século XIX para defender a esfera íntima contra as
invasões da imprensa, para assumir novo papel, restabelecendo ao
sujeito o controle sobre suas informações: passa-se do domicílio à
rede, do sigilo à circulação, da proteção estática à proteção dinâmica,
de um poder de exclusão a um poder de controle.”

Por outro lado, o risco é elemento próprio da atividade do provedor de aplicação.


Neste aspecto, cláusula geral de responsabilidade objetiva inserta no parágrafo único
art. 927 , do Código Civil de 2002, preceitua que:
“(...) Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem”

Ao comparar os sistemas de responsabilidade civil português e italiano com o


brasileiro, Gisela Sampaio e Rose Meireles destacam22:

20 . Bioni, Bruno Ricardo Proteção de dados pessoais: a função e os limites do consentimento /


Bruno Ricardo Bioni. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020. p. 47.

21 . KONDER, Carlos Nelson. “O tratamento de dados sensíveis à luz da Lei 13.709/2018”.


IN.Frazão, Ana. Tepedino, Gustavo. Oliva, Milena Donato.Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e
suas repercussões no direito brasileiro. -- 1. ed. -- São Paulo : Thomson Reuters Brasil, 2019. p. 399.

22 UEDES, Gisela Sampaio da Cruz; MEIRELES, Rose Melo Vencelau, "Término do tratamento de
dados", IN: Tepedino, Gustavo; Frazão, Ana; Oliva, Milena Donato. Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais, Editora RT: São Paulo, 2019, p. 231.
“Comparando-se o parágrafo único do art. do art. 927 do Código Civil
comesses dispositivos, é fácil perceber a diferença. No nosso sistema,
agente não se exime do dever de indenizar nem mesmo se ele
comprovar que empregou os melhores recursos disponíveis no
mercado para evitar o dano, porque a responsabilidade estabelecida no
parágrafo único do art. do art. 927 do Código Civil é objetiva e,
portanto, não pode ser afastada nem mesmo com demonstração de
que o agente atuou da melhor forma possível. Afinal, não se discute
culpa na responsabilidade objetiva.”

Do mesmo modo, não podemos esquecer que a falta de cumprimento da


notificação denota a falha do serviço a atrair a responsabilidade civil objetiva à luz do
Código de Defesa do Consumidor.
A norma consumerista consagra a teoria da reparação integral, amplia a teoria do
risco e, como regra, disciplina a responsabilidade objetiva no seu art. 14, vejamos: “O
fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.”
Por sua vez, a Lei Geral de Proteção de Dados na Seção II, sob o título “Da
Responsabilidade e do Ressarcimento de Danos”, traz nos artigos 42 a 45 as principais
regras de responsabilidade civil que regem as relações que envolvem tratamento de
dados pessoais, cuja ideia do legislador não foi apenas de determinar o ressarcimento do
dano, mas preveni-lo.
A LGPD consagra, também, como princípios das atividades de tratamento de
dados pessoais, no seu art. 6º, em observância à boa-fé:
“...VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas
aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de
situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração,
comunicação ou difusão;
VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de
danos em virtude do tratamento de dados pessoais;
...X - responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo
agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a
observância e o cumprimento das normas de proteção de dados
pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.”

Embora haja controvérsia acerca da natureza dessa responsabilidade, apontando


parte da doutrina que a adoção da responsabilidade objetiva inibiria o desenvolvimento
e a indústria, que não veria atratividade no desenvolvimento de novas tecnologias de
tratamento de dados no Brasil.
Na verdade, observamos que trata-se de uma falsa dicotomia, como bem
ressaltado por Maria Célia Bodin e João Quinelato de Queiroz23
“Cuida-se de falso dilema pois a história já demonstrou que a adoção
dos modelos de culpa presumida ou de responsabilidade objetiva, que
flexibilizaram a dificuldade da prova da culpa, não limitaram o
desenvolvimento de novas tecnologias. Ao contrário: assegurou-se o
pleno desenvolvimento tecnológico e industrial e os custos dos
modelos de responsabilização objetivos, em especial nas relações de
consumo, foram incorporados pelo mercado sem prejuízo do
ressarcimento das vítimas de danos injustos, implementando-se o
modelo solidarista de responsabilidade fundado na atenção e no
cuidado para com o lesado.42 Ademais, já pontuava Rodotà, o
argumento de eventual aumento dos custos de proteção dos dados
pessoais para as empresas não é decisivo, vez que não se pode estimar
que interesses ligados à proteção de dados pessoais dos titulares sejam
de status inferior aos interesses empresariais.”
Destarte, é de se reconhecer que a responsabilidade civil na LGPD é objetiva,
independente de culpa, em razão da natureza das atividades desenvolvidas pelos agentes
ter o potencial de gerar de riscos aos usuários. Sendo, a nosso ver, ainda mais latente a
responsabilidade objetiva dos provedores de aplicação que lidam com dados sensíveis,
definidos pela LGPD como “dado sobre origem racial, étnica, convicção religiosa,
opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou
político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico” (art. 5º,
II).
A esse respeito, a professora Caitlin Mulholland24 assevera que:

“Conclui-se, portanto, que apesar do uso de expressões diversas em


sua redação, tanto o artigo 42, quanto o artigo 44, da LGPD, adotam o
fundamento da responsabilidade civil objetiva, impondo aos agentes

23 . MORAES, Maria Celina Bodin de; QUEIROZ, João Quinelato de. Autodeterminação
informativa e responsabilização proativa: novos instrumentos de tutela da pessoa humana na LGDP. IN:
Cadernos Adenauer, volume 3, Ano XX, 2019.

24 . MULHOLLAND, Caitlin. A LGPD e o fundamento da responsabilidade civil dos agentes de


tratamento de dados pessoais: culpa ou risco?. Disponível em:
https://migalhas.uol.com.br/coluna/migalhas-de-responsabilidade-civil/329909/a-lgpd-e-o-fundamento-
da-responsabilidade-civil-dos-agentes-de-tratamento-de-dados-pessoais—culpa-ou-risco. Acesso em:
05/12/2020.
de tratamento a obrigação de indenizar os danos causados aos titulares
de dados, afastando destes o dever de comprovar a existência de
conduta culposa por parte do controlador ou operador. Fundamenta
esta conclusão o fato de que a atividade desenvolvida pelo agente de
tratamento é evidentemente uma atividade que impõe riscos aos
direitos dos titulares de dados, que, por sua vez, são intrínsecos,
inerentes à própria atividade e resultam em danos a direito
fundamental. Ademais, tais danos se caracterizam por serem
quantitativamente elevados e qualitativamente graves, ao atingirem
direitos difusos, o que, por si só, já justificaria a adoção da
responsabilidade civil objetiva, tal como no caso dos danos ambientais
e dos danos causados por acidentes de consumo. “

Nesse “diálogo das fontes”, teoria que foi introduzida no Brasil pela professora
Cláudia Marques, a qual o Min. Joaquim Barbosa fez menção, em seu voto, no
julgamento da ADI 2.591, o atual paradigma é de que as normas caminhem lado a lado,
aplicando-se ao mesmo tempo na mesma situação jurídica, sendo que, de forma
prioritária ou subsidiária, vejamos25:
“[...]Entendo que o regramento do sistema financeiro e a disciplina do
consumo e da defesa do consumidor podem perfeitamente conviver.
Em muitos casos, o operador do direito irá deparar-se com fatos que
conclamam a aplicação de normas tanto de uma como de outra área do
conhecimento jurídico.

Assim ocorre em razão dos diferentes aspectos que uma mesma


realidade apresenta, fazendo com que ela possa amoldar-se aos
âmbitos normativos de diferentes leis”.

E, observa:

“[...]Não há, a priori, por que falar em exclusão formal entre


essas espécies normativas, mas, sim, em influências recíprocas,
em aplicação conjunta das duas normas ao mesmo tempo e ao
mesmo caso, seja complementarmente, seja subsidiariamente,
seja permitindo a opção voluntária das partes sobre a fonte
prevalente”

Dessa forma, o art. 19, do Marco Civil da Internet, deve ser relido à luz do
Código de Defesa do Consumidor e da Lei Geral de Proteção de Dados, que não exigem
do titular dos dados a notificação judicial para exercício dos seus direitos e consagram a

25 . STF, ADI 2.591 DF, Relator Ministro Eros Grau, julgado em 07 de junho de 2006, publicado
no D.J. em 29-09-2006.
facilitação deste exercício, não havendo razão de existir óbices para tal, ainda mais,
quando se tratam de dados sensíveis. Nesse passo, não há como afastar a
responsabilidade civil objetiva dos provedores de aplicação pelo risco da atividade.

Note-se que os princípios explícitos no próprio MCI, como na LGPD e CDC não
estão adstritos às suas próprias normas, mas, sobretudo, na Constituição que os
fundamenta e que confere unidade a todo sistema jurídico.

Neste sentido, com muita precisão Alinne Arquete Leite Novais26 leciona que:

“Após a análise da evolução do direito como método, concluímos que


atualmente convivemos com um sistema aberto, cuja unidade é
conferida pela Constituição. Um sistema em que a atividade em que a
atividade do aplicador da lei não é apenas subsuntiva, no sentido de
submeter um caso concreto a uma norma. Na verdade, a atividade
deste aplicador é muito mais ampla, já que pode e deve ele buscar a
solução para o caso submetido à sua apreciação no sistema como um
todo, buscando formar seu juízo de valor sempre com base nas normas
constitucionais. Portanto, o papel da Constituição ultrapassa o papel
de mera instituição de programas para a elaboração da legislação
ordinária e para a atividade do Estado. Agora, a Constituição é
encarada como um corpo de normas jurídicas, de aplicação direta às
relações interprivadas” (grifos nossos).

Assim, o direito fundamental à inviolabilidade da intimidade, da vida privada,


da honra e da imagem das pessoas, previsto no art. 5º, X, CF, prevalece como
fundamento do indivíduo para determinar e controlar a utilização dos seus dados, em
que pese tais direitos não serem absolutos e ilimitados, seus limites encontram-se nos
demais direitos constitucionais. Ao passo que as limitações a direitos e garantias
individuais precisam seguir os parâmetros constitucionais de excepcionalidade,
razoabilidade e proporcionalidade.

Nessa toada, recentemente, o Supremo Tribunal Federal, em decisão histórica


proferida em 07/05/2020, reconheceu a proteção de dados pessoais como direito
fundamental autônomo no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade n.
6387, 6388, 6389, 6393, 6390, suspendendo a aplicação da Medida Provisória

26 . NOVAIS, Alinne Arquette Leite. O Princípio da Boa-fé e a Execução Contratual. Revista dos
Tribunais, ano 90, volume 794, dezembro de 2001. p. 151.
954/2020, que obrigava as operadoras de telefonia a repassarem ao IBGE dados
identificados de seus consumidores de telefonia móvel, celular e endereço durante a
situação de emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus (covid-19). E, mesmo diante da situação de emergência, os Ministros
decidiram pela suspensão da eficácia da MP 954/2020, levando em consideração o
fundamento quanto ao risco de ferir o direito fundamental à proteção de dados, à
privacidade e à autodeterminação informativa, a ponto de gerar um regime de
incompatibilidade com a proteção de tais direitos fundamentais27

Tema a ser enfrentado, em breve, pelo STF será a Repercussão Geral 98728, na
qual se questiona a constitucionalidade do art. 19 do Marco Civil da Internet.
Esperamos que seja dada interpretação conforme com redução de texto, declarando-se a
inconstitucionalidade da expressão “após ordem judicial específica”, possibilitando a
partir daí uma interpretação compatível com a Constituição.

IV- Conclusão

A tecnologia trouxe inúmeras facilidades, mas, por outro lado, a pessoa humana
está cada vez mais exposta à violação da sua intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem, bem como, do sigilo de seus dados e da autodeterminação informativa.

Os provedores de aplicação estão entre as empresas mais valiosas do mundo, e


seus produtos são os nossos dados. Cada compartilhamento de conteúdo ou a cada vídeo
assistido, os algoritmos utilizados por esses sites são alimentados dessas informações
para oferecer conteúdo personalizado.

27 . STF, ADI 6387 MC-REF / DF. Relatora Ministra Rosa Weber. Julgado em 07/05/2020,
Publicado em 12/11/2020.

28 . STF. REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.037.396 /SP. Relator


Ministro Dias Toffoli. Publicado no DJE 04/04/2018 ATA Nº 8/2018 - DJE nº 63, divulgado em
03/04/2018.
Na prática, as redes sociais já censuram o conteúdo que o usuário terá acesso,
para exibir apenas o que considera relevante para determinada pessoa, sem que haja a
devida informação de como os dados estão sendo manipulados.

Dessa forma, não faz sentido exigir que somente com o descumprimento de
ordem judicial o provedor de aplicação seja responsabilizado, quando seria bastante a
notificação extrajudicial e seu descumprimento, ainda mais considerando a morosidade
da justiça frente à velocidade da internet. Enquanto se desenrolam os trâmites judiciais,
fake news, campanhas de desinformação, de difamação, de cancelamento e etc
propagam-se de forma assustadora causando graves danos.

A Carta Magna de 1988 dispõe em seu inciso III, do art. 1º, que constitui
fundamento do Estado Democrático de Direito a dignidade da pessoa humana, e no
inciso I, do art. 3º, que constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Assim sendo, não se pode
pensar numa sociedade livre, justa e solidária onde a vulnerabilidade do usuário da
internet, equiparado a consumidor, é potencializada ao extremo. É preciso equilíbrio
nessa balança!
Esperamos, portanto, que, diante da ponderação de valores fundamentais ao
Estado democrático de Direito, prevaleça a dignidade da pessoa humana.

Você também pode gostar