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ÍNDICE
DESCRIÇÃO PÁG
Nota
Esta apostila é um material de apoio. O seu conteúdo não esgota o assunto e desde que
previsto curricularmente, poderá ser objeto de avaliação. Com isso, é essencial que você pesquise
profundamente os assuntos, tomando por base as referências bibliográficas dispostas, bem como
outras que achar por bem utilizar.
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Alguns estudiosos fazem uma distinção entre “direitos humanos” (um conjunto de direitos
inatos que acompanham todo ser humano e que são inerentes a todos os povos) e “direitos
fundamentais” (que seriam apenas aqueles positivados – escritos – num texto normativo de um país, e
especialmente em sua Constituição.
Neste ponto é interessante ressaltar a diferença conceitual entre “direito” e “garantia”. Diz-se
que direito é a disposição meramente declaratória, enquanto garantia é a disposição assecuratória do
direito.
Os direitos são protegidos (ou garantidos) por meio da ordem jurídica editada pelo Estado. Isto
significa que possuem „coercibilidade‟, surgindo então duas situações:
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1) uma vez reconhecidos e positivados, cabe ao Estado o
dever restaurá-los, de ofício, em caso de violação; da mesma
Importante!
forma, deve o Estado abster-se de condutas que possam lesar os
direitos humanos;
Não é demais relembrar que o Estado contemporâneo nasce da filosofia que o justifica
expressamente pela necessidade de dar proteção aos direitos fundamentais. É o que está escrito, por
exemplo, no artigo 2º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789: “O fim de
qualquer associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do Homem”.
Os órgãos policiais, no Estado Democrático de Direito, devem exigir o cumprimento da lei por
parte dos cidadãos. No entanto, também deve ter a preocupação de que seus próprios integrantes a
respeitem. Nisto, aliás, reside o fundamento do Estado Democrático de Direito: o mesmo Estado que
edita as leis, a elas também se submete.
Neste contexto, ressalta-se a necessidade de se manter, na atividade policial, o mais alto grau de
respeito aos direitos humanos, desde o atendimento a situações que não envolvem a prática de crime
até aquelas ocorrências em que haja o cometimento de infrações graves por parte de meliantes.
A Polícia Militar, por sua vez, no sistema jurídico brasileiro, é órgão competente para patrocinar
a preservação da ordem pública. Sabendo-se que o policial militar representa diretamente o Estado,
qualquer desrespeito à cidadania é imediatamente entendido como sinal de desordem. Espera-se que o
Estado (e o policial militar, assim, consequentemente) não fira os direitos humanos dos cidadãos que
estão sob sua proteção. Aliás, perceba que a ostensividade decorrente de sua missão constitucional
torna mais visível a atuação policial-militar, tornando o exercício das funções mais sensível às críticas
(boas e más).
Seguindo esse raciocínio, quanto à atuação policial, mesmo o infrator da lei, sendo preso em
flagrante delito, e até que seja definitivamente julgado, não pode ser despojado de alguns direitos
básicos (caráter da imprescritibilidade, irrenunciabilidade e inviolabilidade dos direitos fundamentais).
Aliás, mesmo depois de definitivamente condenado, continua possuindo todos os direitos que não
sejam incompatíveis com sua condição de preso. Exemplificando: o preso não pode abrir mão do
devido processo legal; não perde o direito à sua integridade física; não perde o direito de se avistar com
seu advogado e com seus familiares, dentre outros. Mas ficam-lhe cerceados, por outro lado, o direito à
livre correspondência, à liberdade de ir e vir e estar nos logradouros públicos, o direito de votar (após
trânsito em julgado de sentença penal condenatória), o direito de exercer atividade profissional etc.
Assim, pelo exposto, é importante ao policial militar observar que a existência dos corpos
policiais dá-se exclusivamente, e somente por isso, à proteção de direitos. Desta forma, não se justifica
a afirmação de que o Direito, a proteção aos direitos humanos, prejudicou a atuação policial!
Por fim, deve o policial lembrar-se de que direitos humanos são, atualmente, parte de qualquer
programa de governo. Aliás, não poderia ser diferente, pois o Estado deve se abster, como já estudado
exaustivamente, de praticar quaisquer atos que violem direitos, em especial os direitos humanos.
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2. Constituição da República Federativa do Brasil. Classificação dos Direitos
Fundamentais; Proteção aos Direitos Fundamentais; Remédios Constitucionais e 04 h/a
Garantias de Ordem Criminal.
Pode-se afirmar, assim, que o constituinte não teve a intenção de restringir os direitos
fundamentais àqueles enumerados no artigo em tela. Não o teria redigido se não tivesse o nítido desejo
de possibilitar a expansão e atualização destes direitos ao longo da „vida‟ constitucional.
Considerado nossa cláusula aberta, este parágrafo encerra o princípio da não tipicidade dos
direitos fundamentais, de forma a confirmar o não congelamento destes direitos naqueles determinados
no processo constituinte. E ainda, como leciona Ingo Wolfgang Sarlet, os direitos fundamentais
“podem ter acento em outras partes do texto constitucional ou residir em outros textos legais
nacionais.”
Adicione-se ainda que ao referir-se aos “direitos e garantias expressos nesta Constituição”, o
legislador teve como preocupação não fazer qualquer menção à posição a ser ocupada pelos mesmos no
Texto. Assim, pode-se concluir que são considerados direitos e garantias fundamentais de mesma
hierarquia aqueles que ocupam diversas posições na Constituição Federal de 1988.
De acordo com a sistemática adotada pela Constituição brasileira de 1988, a expressão direitos
fundamentais é gênero de diversas modalidades de direitos: os denominados individuais, sociais,
coletivos, políticos e nacionais.
direitos individuais: são limitações impostas pela soberania popular aos poderes
constituídos, com a finalidade de resguardar direitos indispensáveis à dignidade da pessoa
humana; o artigo 5º da Constituição Federal traz uma extensa relação de direitos fundamentais,
porém tal discriminação não é taxativa, e sim enumerativa, ou seja, pode haver (como já dito
anteriormente), em outras normas e em outros artigos da própria Constituição, previsão de
outros direitos fundamentais;
direitos coletivos: são aqueles que têm como titular não uma pessoa individualmente
considerada, mas sim uma coletividade (ex.: o povo, uma classe profissional), desde que ligados
por uma relação jurídica básica;
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direitos sociais: caracterizam-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância
obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de
vida dos cidadãos em geral; visam à concretização da igualdade social (que é um dos
fundamentos de nosso Estado Democrático de Direito). Estão descritos na Constituição a partir
do artigo 6º. Ex.: direito à saúde, à educação, ao trabalho, ao lazer;
alguns constantes no art. 5º: direito à vida, igualdade, proibição de tortura, liberdade da
manifestação de pensamento, liberdade de consciência, crença e culto, inviolabilidade
domiciliar, sigilo de correspondência e comunicações, liberdade de profissão, liberdade
de locomoção, direito de reunião etc.
alguns outros, nos demais artigos: relação de emprego protegida contra despedida
arbitrária ou sem justa causa (art. 7º, I); proibição de diferença de salários, de exercícios
de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (art.
7º, XXX); a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados,
salvo nos casos previstos nesta constituição (Art 12, I, §2º); todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida (art 225) etc.
Remédios constitucionais são os meios colocados à disposição dos indivíduos pela Constituição
para a proteção de seus direitos fundamentais. São previstos para o caso de o simples enunciado não ser
suficiente para assegurar o devido respeito aos direitos. Como ensina Manoel Gonçalves Ferreira Filho,
são “meios de reclamar o restabelecimento de direitos fundamentais violados – remédios para os males
da prepotência”.
1
MORAES (2005:39)
2
PINHO (2002:128)
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Por visarem a provocar, em alguns casos, a própria atividade jurisdicional do Estado, são
também denominados “ações constitucionais”.
CONCEITO
É a ação constitucional para a tutela da liberdade de locomoção, utilizada sempre que alguém
estiver sofrendo, ou na iminência de sofrer, constrangimento ilegal em seu direito de ir e vir.
Embora não seja o único remédio jurídico para fazer cessar uma prisão ilegal, trata-se do mais
eficaz e célere.
ORIGEM
Nasceu na Inglaterra, sendo apontado pelos doutrinadores na própria Carta Magna de 1215.
NATUREZA JURÍDICA
Possui natureza jurídica de ação constitucional, muito embora tenha sido incluído no Código de
Processo Penal no capítulo dos recursos, pois se invocava a tutela jurisdicional do Estado para a
proteção da liberdade de locomoção e tem previsão no texto constitucional.
Essa ação pode ser utilizada tanto em questões criminais como civis, desde que haja
constrangimento ilegal efetivo ou potencial a direito de ir e vir. É utilizado em questões civis referentes
à prisão por débitos alimentares ou depositários infiéis.
RESTRIÇÃO CONSTITUCIONAL
PROCEDIMENTO E PARTES
O Código de Processo Penal estabelece, em seus arts 647 a 667, o procedimento a ser adotado
em ações de habeas corpus. Trata-se de um rito especial onde são dispensadas maiores formalidades,
sempre em favor do bem jurídico maior, a liberdade de locomoção.
Impetrante (legitimidade ativa). O impetrante é a pessoa que ingressa com a ação de habeas
corpus. Qualquer pessoa, física ou jurídica, pode com ela ingressar. Para a propositura não se exige
capacidade postulatória, dessa forma, dispensa-se a juntada de procuração na ordem impetrada em
nome próprio ou de terceiro.
Ato de particular. Em princípio a ordem somente deveria ser concedida contra autoridades
públicas, mas, em face da realidade, a jurisprudência tem admitido habeas corpus impetrados contra
atos de particulares. Observa-se que o Texto Constitucional condiciona a concessão da ordem à
ilegalidade ou ao abuso de poder, não exigindo que o responsável seja autoridade pública, como ocorre
com o mandado de segurança.
ESPÉCIES
Enquanto o “de ofício” é concedido pela autoridade judicial, sem pedido, quando verificar no
curso de um processo que alguém está sofrendo ou na iminência de sofrer constrangimento ilegal em
sua liberdade de locomoção (art 654. § 2º, CPP).
“Conceder-se-á "habeas-data":
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo.”
CONCEITO
ORIGEM
Essa nova forma de tutela jurídica foi introduzida pela Constituição de 1988. Após anos de
autoritarismo, em que os órgãos públicos mantiveram banco de dados contendo registros referentes às
convicções políticas, filosóficas, ideológicas, religiosas e de conduta pessoal, sentiu-se a necessidade
de conceder ao indivíduo meios para frear a tendência controladora do Estado. Protege-se o direito de
informação ao assegurar a qualquer pessoa o acesso aos dados constantes de registros existentes de
caráter público, bem como ao permitir a possibilidade de retificação e até mesmo a anotação de
justificação sobre algo verdadeiro, mas justificável. A intimidade, por sua vez, é garantida ao se vedar a
inclusão de informações, mesmo que verdadeiras, que sejam de interesse exclusivo do indivíduo, como,
por exemplo, dados sobre convicção filosófica ou religiosa e orientação sexual.
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FINALIDADES
Esses dois pedidos podem ser postulados de forma autônoma ou em conjunto. O pedido de
retificação pode abranger um pedido de complementação de dados, com atualização dos registros
referentes a determinado indivíduo. A Lei nº 9507/97 admite uma terceira hipótese de concessão de
habeas data para “anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado
verdadeiro, mas justificável, e que esteja sob pendência judicial ou amigável” (art 7º, III).
Não cabe habeas data se não houve recusa de informações por parte da autoridade
administrativa.
Qualquer pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, pode ingressar com uma ação de
habeas data. Podem ser solicitadas exclusivamente informações de caráter pessoal. Somente o próprio
indivíduo tem o direito de acesso a informações que digam a seu respeito. Em caráter absolutamente
excepcional, já foi reconhecido a herdeiro e a cônjuge de pessoa falecida direito de impetrar o habeas
data.
DADOS SIGILOSOS
CONCEITO
Ação constitucional para a tutela de direitos individuais líquidos e certos, não amparados por
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Direito líquido e
certo. A jurisprudência entende que direito líquido e certo é o que pode ser comprovado de plano, pela
apresentação de documentos.
ORIGEM
Trata-se de uma criação constitucional brasileira, fruto da doutrina brasileira do habeas corpus
e da posterior reforma constitucional de 1926. A Constituição de 1934 criou o mandado de segurança,
esta ação foi suprimida na Carta de 1937 e reintroduzida em nosso ordenamento jurídico pelo Texto
Constitucional de 1946. Hoje, o Mandado de Segurança é disciplinado pela Lei nº 12.016/09, sendo
revogadas as leis anteriores.
OBJETO
São tutelados pelo mandado de segurança todos os direitos líquidos e certos não amparados pelo
habeas corpus ou habeas data. É por exclusão o alcance dessa ação constitucional.
Direito líquido e certo. A jurisprudência entende que direito líquido e certo é o que pode ser
comprovado de plano, pela apresentação de documentos. A prova é toda pré-constituída. Os
documentos comprobatórios do direito devem acompanhar a própria petição inicial, a não ser que essa
evidência se ache em repartição ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão (Lei
nº 12.016/09, art 6º, § 1º). No mandado de segurança não se admite a abertura da fase instrutória.
Salienta-se que a complexidade da discussão jurídica envolvida na lide não descaracteriza a certeza e
liquidez do direito.
ESPÉCIES
Legitimidade ativa.A pessoa que ingressa em juízo com o mandado de segurança é denominado
impetrante, podendo ser qualquer pessoa, física ou jurídica. É o titular do direito líquido e certo violado
ou ameaçado de violação.
O prazo para impetração do mandado de segurança é de 120 dias, contados da ciência do ato
impugnado pelo interessado (Lei nº 12.016/09, art 23). Superado esse prazo, ocorre a decadência do
direito de impetra-lo, não a perda do direito material, podendo valer-se o titular do direito líquido e
certo violado somente das vias ordinárias.
“Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.”
CONCEITO
Ação constitucional posta à disposição de qualquer cidadão para a tutela do patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio
histórico e cultural, mediante a anulação do ato lesivo.
FINALIDADE
A finalidade da ação popular é fazer de todo cidadão um fiscal do Poder Público, dos gastos feitos
com recursos públicos.
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ORIGEM
A origem remota da ação popular encontra-se no direito romano, que atribuía legitimidade a
qualquer membro do povo para zelar pela res publica (coisa pública, patrimônio da coletividade). A
ação popular foi introduzida no Brasil pela Constituição de 1934, vindo a ser suprimida em 1937.
Reintroduzida pela Carta de 1946, foi mantida em todas as Constituições posteriores. A de 1988
ampliou o alcance da ação popular, incluindo a moralidade administrativa entre os objetos do
provimento jurisdicional.
PRESSUPOSTOS
a) a ação somente pode ser proposta por cidadão brasileiro, ou seja, por nacional que esteja no
gozo de seus direitos políticos. O que comprova a qualidade de cidadão é o título de eleitor. Trata-se de
documento indispensável para a propositura da ação, devendo acompanhar a própria petição inicial.
Enunciado da Súmula 365, do STF: pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação
popular.
b) o ato deve ser contrário ao ordenamento jurídico, por infringir regras e princípios
estabelecidos para a Administração Pública. A ilegalidade pode decorrer tanto de vício formal quanto
material.
c) o ato deve ser lesivo aos cofres públicos. Para a propositura da ação popular não basta a
constatação da ilegalidade. Deve ser comprovada também a ofensa ao patrimônio público, bem como
aos demais objetos da ação popular. Essa lesividade pode ser tanto efetiva como legalmente presumida,
podendo caracterizar-se com a ofensa à própria moralidade administrativa.
OBJETO
Estabelece a Constituição como estímulo à propositura da Ação Popular, que o autor ficará
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência, salvo comprovada má-fé. Julgada procedente a
ação popular, contudo, os réus deverão ser condenados ao pagamento das verbas decorrentes da
sucumbência (custas judiciais e honorários advocatícios).
CONCEITO
PRESSUPOSTOS
FINALIDADE
ORIGEM
OBJETO
A Constituição Federal de 1988 traz em seu texto várias garantias de ordem criminal e
processual. Assim, ao lado dos direitos diretamente restringidos com a prisão, restam vários outros
absolutamente intocados e que não podem ser desconsiderados desde o ato de detenção da pessoa até a
fase de cumprimento da pena eventualmente imposta.
Vale lembrar que tais direitos e garantias não são deferidos somente aos que se encontrem
definitivamente presos, mas também aos suspeitos, indiciados, denunciados, aos provisoriamente
presos e, por fim, aos condenados com sentença transitada em julgado.
Trata-se, enfim, da segurança jurídica em matéria criminal, conforme previsto nos incisos
„XXXIX‟ a „LXVII‟ da Constituição Federal.
A Constituição Federal é a Lei Fundamental do nosso Estado, onde em seu bojo nos trás a
organização dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e o funcionamento do Estado brasileiro
com a finalidade de atender as necessidades do povo. Sendo nela definidos os direitos e garantias
fundamentais, como limitação do exercício dos poderes do Estado, para assim evitar abusos e
arbitrariedades.
Conforme salienta o art. 21, I da CF é competência exclusiva da União “manter relações com
Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais”. Por seu turno, estabelece o art. 84,
VIII da CF, que compete privativamente ao Presidente da República “celebrar tratados, convenções e
atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. No entanto, a celebração de tratados
poderá ser feita por representante por ele designado, uma pessoa com plenos poderes, um:
Plenipotenciário.
Ou seja: assinado o tratado internacional pelo Presidente da República, ou por pessoa por ele
designada, faz-se necessária sua aprovação pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional), conforme o
rito apresentado acima, que, ratificando a decisão do Executivo, expedirá um Decreto Legislativo.
Contudo, para entrar efetivamente em vigor, deve ser expedido Decreto pelo Presidente da República –
e, a partir de então, tem-se a obrigatoriedade da norma em caráter geral e abstrato.
Em âmbito nacional, há uma infinidade de leis e tratados internacionais ratificados, o que pode
gerar conflitos de normas.
Para a resolução de tais conflitos, há no ramo do Direito Internacional dos Direitos Humanos o
princípio da “primazia da norma mais favorável ao ser humano”.
a segunda, caso exista alguma disposição em lei promulgada internamente que seja mais
favorável às pessoas residentes no país, essa norma prevalece sobre as disposições que
constem de tratados aos quais o país aderiu.
Ocorrendo essa pretendida integração, os beneficiários da proteção serão, numa última análise,
todos os seres humanos.
O principal objetivo dos tratados é conferir às pessoas a mais ampla proteção possível. Por isso,
busca-se incentivar a mais ampla harmonia e interação entre as suas disposições e as normas editadas
internamente, o que, na prática, reduz possíveis conflitos, pois estimula uma interpretação ampliativa
de todas as normas, sempre em benefício dos destinatários.
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Alguns tratados constituem verdadeiros limites de atuação do Estado, especialmente os órgãos
policiais e de jurisdição, onde podemos citar o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966)
e a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica - 1969), ambos
estabelecem direitos individuais para aqueles que se submetem à ação do Estado, em razão da sua
atribuição de preservação da ordem pública.
É de se ressaltar que o artigo 3º do Pacto dos Direitos Civis e Políticos impõe aos Estados
pactuantes o compromisso de assegurar-se a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos
civis e políticos nele previstos
A título explicativo veja as principais proteções (note a presença dos seguintes direitos e
garantias em nosso ordenamento jurídico) (de acordo com a cultura de cada Estado):
direito à vida (embora admita a pena de morte em caso de crimes graves cometidos sob a
égide de legislação anterior e com sentença já transitada em julgado);
direito de o preso ser informado das razões de sua prisão e das acusações contra si
existentes;
direito de circular livremente no país e nele ter sua residência, bem como de sair do país
ou entrar no seu país;
presunção de inocência;
direito das pessoas a não terem ingerência arbitrárias ou ilegais em sua vida privada,
família, domicílio e correspondência, nem ofensas à sua honra ou reputação;
direito de reunião;
direito de associação;
direito de o homem e a mulher contraírem casamento, desde que com mútuo e livre
consentimento ;
São aqueles conjuntos de pessoas que por alguma questão ligada a gênero, idade, condição
social, deficiência e orientação sexual, são suscetíveis à violação de seus direitos.
Podemos observar no exemplo anterior que não foram citados os grupos étnicos, religiosos
e linguísticos, por quê?
Porque estes grupos são definidos como minorias nos termos do artigo 27 do Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos:
O Policial Militar deve conhecer estes grupos vulneráveis e minorias para poder atuar de forma
imparcial, podendo auxiliar, proteger e promover os seus direitos, sabendo lidar com as diferenças sem
discriminá-las.
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PESSOAS IDOSAS
Nos termos do artigo 1° da Lei 10.741, de 01 de outubro de 2003, pessoa idosa é aquela com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm)
Em sua atividade policial você já deve ter atendido casos de violência praticados contra idosos
ou ter o conhecimento de ocorrências à respeito, onde em sua maioria os agressores são pessoas
próximas às vítimas. A violência contra os idosos ocorrem das mais variadas formas, dentre as quais
abuso físico, psicológico, sexual, abandono e negligência.
Por outro lado temos também o idoso suspeito da prática de delitos e, em razão de sua idade
deve ser tratado de forma diferenciada pela autoridade policial, onde devemos respeitar também as suas
condições de saúde.
As pessoas em situação de rua devem ser tratadas com respeito pela sua dignidade de pessoa,
independente da aparência ou qualquer outra condição física, psicológica ou social. Devendo ser
atendida e encaminhada aos órgãos competentes para que possa recuperar as condições dignas de vida.
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei – artigo
5° inciso II, CF”, portanto as pessoas em situação de rua não podem ser obrigadas a fazer nada que não
seja exigido por lei, sendo livres para ficar, estar e permanecer em qualquer lugar, sem que sua
presença signifique desrespeito à lei, com exceção se estiver na prática de crime. Sendo também
proibidos outros tipos de tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, devendo ser tratados com
respeito e sem agressões de qualquer natureza.
A deficiência é um tema de direitos humanos e como tal obedece ao princípio de que todo ser
humano tem o direito de desfrutar de todas as condições necessárias para o desenvolvimento de seus
talentos e aspirações, sem ser submetido a qualquer tipo de discriminação.
O censo demográfico do IBGE 2010 apurou que 45.606.048 milhões de brasileiros, 23,9% da
população total, têm algum tipo de deficiência – visual, auditiva, motora e mental ou intelectual.
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Em 2010, 8,3% da população brasileira apresentava pelo menos um tipo de deficiência severa,
sendo: 3,46% com deficiência visual severa, 1,12% com deficiência auditiva severa; 2,33% com
deficiência motora severa; 1,4% com deficiência mental ou intelectual
• Das 45.606.048 de pessoas com deficiência 1,6% são totalmente cegas, 7,6% são totalmente
surdas, 1,62% não conseguem se locomover.
Durante o atendimento à uma pessoa com deficiência, seja para orientação ou auxilio, o policial
militar deve adotar algumas medidas, como por exemplo:
Procure:
dirigir-se diretamente a pessoa com deficiência, mesmo que ela esteja acompanhada; e
Evite:
se apressar no diálogo;
ficar olhando de maneira fixa ou repetidamente para algo que lhe chame a atenção na
pessoa; e
ajudar sem que seja pedido, salvo em caso de acidente ou de a pessoa passar mal.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
De acordo com o art 2º do ECA, criança é a pessoa até 12 anos de idade incompletos e
adolescente é a pessoa entre os 12 e os 18 anos incompletos. Ambos estão sempre dentro da proteção
do Estatuto.
Os maiores de 18 anos, em regra, estão fora do âmbito de atuação do ECA, ficando, então,
sujeitos diretamente à legislação civil e penal. Excepcionalmente, as pessoas entre 18 e 21 anos, as
quais poderão estar sob a proteção do ECA nos casos previstos em lei.
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Assim, deve-se considerar, para a apuração do delito (ato infracional), a idade do menor no
tempo em que ocorreu o fato. Assim, praticando um delito enquanto ainda for considerado
juridicamente menor de idade, responderá de acordo com as medidas previstas no Estatuto.
De acordo com a doutrina da proteção integral, adotada pelo ECA, que atribui ao menor uma
série de direitos necessários ao seu pleno desenvolvimento, essa proteção deve abranger todas as
necessidades do ser humano para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. SMANIO (2003:18).
Não devendo ser voltada apenas ao menor carente ou em situação de risco, mas a proteger o menor em
qualquer situação que ele se encontre, logicamente, sem afastar a atenção aos grupos vulneráveis.
O art 4º do ECA, define como responsáveis pelos direitos da criança e do adolescente a família,
a comunidade, a sociedade em geral e o Poder Público, todos podendo ser juridicamente cobrados,
dependendo do caso concreto.
A atividade dos órgãos públicos deve se pautar pelo exato cumprimento desse dever, vez que a
finalidade do Estado constituído não é outra senão o bem estar social (bem comum).
A Constituição Federal de 1988, expressamente em seu art 228, previu, dentre os vários direitos
e garantias específicos das crianças e dos adolescentes, a seguinte regra: são penalmente inimputáveis
os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. Essa previsão transforma em
especialíssimo o tratamento dado ao menor de 18 anos em relação à lei penal. Dessa forma, impossível
a legislação ordinária prever responsabilidade penal aos menores de 18 anos. Para incidência do ECA,
o que importa é a idade do autor do fato na data em que o praticou (art 104, parágrafo único), sendo
garantidos todos os direitos individuais previstos no artigo 5º da CF.
A prática de um Ato Infracional gera conseqüências diferentes para crianças e adolescentes. Aos
adolescentes são aplicadas as medidas sócio-educativas ou medidas de proteção (artigo 112 do ECA) e
às crianças as medidas de proteção (artigo 101 do ECA).
Poderá haver delegacia especializada para menores (art 172, parágrafo único do ECA), que terá
atribuição prevalecente em caso de co-autoria com maior, que será encaminhado posteriormente à
repartição policial própria.
REGRA ESPECIAL: A criança que cometer ato infracional não será apreendida, mas será
encaminhada ao Conselho Tutelar (art 136 do ECA) ou, em sua falta, ao Juiz da Infância e da Juventude
(art 262 do ECA).
Por esta mesma Resolução, o adolescente não poderá ser conduzido ou transportado:
II – em condições atentatórias a sua dignidade ou que implique risco à sua integridade física e
mental ( artigo 178 do ECA).
Porém, o uso de algemas não é vedado, bem como a condução no compartimento fechado
da viatura, devendo a sua utilização justificar-se pelo desenvolvimento do adolescente ou sua manifesta
periculosidade, conforme exposto no Aviso n.º22 do Ministério Público de 04 de fevereiro de 1.992.
No entanto, quanto ao uso de algemas, atualmente a única norma diretiva é a Súmula Vinculante
nº 11, editada pelo Supremo Tribunal Federal com base no artigo 103-A da Constituição Federal e
publicada em 22 de agosto de 2008.
GRUPO LGBT
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Em seu art. 1º a Convenção define a discriminação racial como “qualquer distinção, exclusão,
restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que tenha o
propósito ou o efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou o exercício em pé de igualdade
dos direitos humanos e fundamentais”.
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Já a Convenção contra a Discriminação contra a Mulher, define: “toda discriminação, exclusão
ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o
reconhecimento, gozo, exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na
igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos campos
político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo”.
5
PIOVESAN (1998:196)
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Para que se garanta o exercício de todos os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais, há que se combater a discriminação em todas as suas formas, pois são medidas fundamentais
para tal. Neste sentido, ao ratificar os sobreditos tratados internacionais sobre esta matéria, os Estados
assumem a obrigação internacional de, progressivamente, eliminar todas as formas de discriminação,
assegurando a efetiva igualdade.
Em âmbito nacional, a Constituição Federal, em seu art. 5º, inc. XLI e XLII, estabelece que
a “lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”, acrescentando
que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei”. Em 1989, foi promulgada a Lei nº 7.716, que definiu os crimes resultantes de
preconceito de raça ou cor; e em 1997, a Lei nº 9.459 ampliou o objeto de proteção da 7.716, punindo a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (xenofobia)
Vimos, então, existir aparato legal que vise coibir atos discriminatórios. Com isto, insere-se
nas atribuições legais da Corporação a defesa de direitos – lembrando-se que a todos é permitida a
execução de atos até que lei assim proíba –, até o limite da legalidade. Nesse sentido, movimentos
culturais de defesa da igualdade, a exemplo da “Passeata do Orgulho Gay”, são permitidos e cabe à
Polícia Militar a proteção dos manifestantes e do movimento, bem como estar presente para coibir a
prática de atos atentatórios à moralidade pública, caso assim surja.
MULHERES
A violência contra a mulher constitui um problema que atinge mulheres de diferentes classes
sociais, origens, regiões, estados civis, escolaridades ou raças. Os números relativos aos casos de
violência contra as mulheres são alarmantes e representam um alto custo para os governos, com gastos
nas áreas de saúde, jurídica, do trabalho, entre outras (Faleiros, 2007; Jacobucci & Cabral, 2004). Além
disso, a violência contra as mulheres tem repercussões para sua saúde física e mental.
A violência contra a mulher constitui uma forma de violência que foi definida pela Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher –“Convenção de Belém do
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Pará”, como: Qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento
físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. (Art. 1º da Convenção
do Pará).
De acordo com Lei 11.340, de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), a violência doméstica e
familiar contra a mulher deve ser entendida como:
Qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause à mulher morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica, no âmbito
da família ou em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com
a ofendida, independentemente de coabitação (Lei Maria da Penha).
A Lei Maria da Penha traz um rol de medidas que podem ser decretadas pelo juiz a
requerimento do Ministério Público ou a pedido da mulher. Essas medidas visam garantir maior
efetividade à lei e proteção à mulher vítima de violência, resguardando sua integridade física, além de
proteger seus bens.
Para proteger os bens do casal ou de propriedade particular da mulher, o juiz pode determinar:
No Brasil, o início da escravidão negra deu-se já no início de sua descoberta, com a chegada dos
portugueses.
Sabemos que o término da escravidão no Brasil ocorreu em 1.888, com a Lei Áurea. No
entanto, para que isso ocorre-se, aconteceram alguns fatores importantes a serem analisados:
Desde 1810, os ingleses começaram a pressionar o governo português no Brasil para que
proibisse o tráfico de escravos como forma de extinguir lentamente a escravidão. No entanto, as
pressões internas de grupos escravistas eram mais fortes. Passaram-se quase quarenta anos sem que, na
prática, o comércio de escravos fosse interrompido.
Todas essas mudanças sociais, políticas e econômicas começam a disseminar a ideia de que a
escravidão era inaceitável. Têm início, assim, as campanhas e apelos internacionais pela abolição da
escravatura no mundo, e também no Brasil.
Ocorre que, neste processo, não houve preocupação com a inserção de ex-escravo no mercado
de trabalho, pois houve a partir de 1860 a implantação de políticas federais de motivação à imigração
ao Brasil, mão de obra gratuita, que com sua chegada era imediatamente lançada às atividades de
trabalhador, em detrimento do aproveitamento da própria massa escrava que passava à alforria sem
trabalho. Além disso, havia a ideologia que uma população branca no Brasil, às semelhanças com a
européia, traria desenvolvimento, portanto a necessidade de se “branquear” a população brasileira,
excluindo o negro dessa população pela genética.
Uma conceituação sobre o que seja ação afirmativa pode ser retirada da dissertação de Sabrina
Moehlecke, citando Bárbara Bergmann:
O maior objetivo das ações afirmativas é buscar garantir a igualdade de oportunidades adotando
um tratamento preferencial para permitir que grupos historicamente discriminados alcancem um nível
de competitividade similar aos demais grupos sociais, por meio de políticas que:
Assinado pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 20 de julho de 2010, o
Estatuto da Igualdade Racial, com “vacatio legis” de noventa dias, motivador de diversos debates, tem
em seu bojo inovações e alterações em situações que estavam implantadas até o presente.
Regulamentação da capoeira como esporte a ser praticado nas escolas públicas (art. 20 e
22).
O Programa de Ações Afirmativas do Governo do Estado de São Paulo, desenvolvido pela atual
administração, tem base nos seguintes instrumentos:
Pela magnitude do tema, uma política não pode ser viabilizada somente por um único órgão
público, tampouco somente pelo governo, mas por uma conjugação de esforços que une Estado,
sociedade civil, setor empresarial e todos os envolvidos e comprometidos com a justiça social no
Brasil.
Sendo apenas uma declaração, portanto não cria obrigação legal aos Estados partes com respeito
ao tratamento das vítimas da criminalidade e do abuso de poder, a Declaração das Nações Unidas
sobre os Princípios Fundamentais de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e do Abuso do
Poder (Declaração das Vítimas) é o único instrumento internacional que oferece orientação aos Estados
Membros sobre a questão da proteção e reparação às vítimas da criminalidade e do abuso de poder.
Porém alguns dispositivos de tratados criam obrigações legais aos Estados Partes com respeito
ao tratamento dispensado às vítimas do crime e do abuso do poder. Como podemos observar abaixo:
- o direito exequível das vítimas de captura ou detenção ilegal à indenização (PIDCP, artigo
9.5);
- as vítimas de pena cumprida em virtude de erro judicial devem ser indenizadas em
conformidade com a lei (PIDCP, artigo 14.6);
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- as vítimas de tortura possuem o direito exequível à indenização justa e adequada
(Convenção contra a Tortura, artigo 14.1)
Conforme a Declaração das Vítimas em seu artigo 1°, podemos definir como vítimas de crime:
“as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, nomeadamente a sua
integridade física ou mental, ou sofrimento de ordem emocional, ou perda material, ou grave
atentado a seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou omissões que violem as leis
penais em vigor em um Estado Membro, incluindo as que proíbem o abuso do poder”.
Em seu artigo 18, a mesma Declaração nos trás a definição das vítimas de abuso do poder,
como sendo: “as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, nomeadamente a
sua integridade física ou mental, ou sofrimento de ordem emocional, ou perda material, ou grave
atentado aos seus direitos fundamentais, como conseqüência de atos ou omissões que, não
constituindo ainda uma violação da legislação penal nacional, representam violações das normas
internacionalmente reconhecidas em matéria de direitos humanos”.
A Declaração das Vítimas afirma ainda que uma pessoa pode ser considerada uma vítima quer o
autor seja ou não identificado, capturado, julgado ou declarado culpado, e quaisquer que sejam os laços
de parentesco deste com a vítima (artigo 2º). O termo vítima inclui também a família próxima ou
dependentes da vítima, assim como as pessoas que tenham sofrido algum dano ao intervirem em nome
da vítima.
Além disso:
- as vítimas devem receber a assistência material, médica, psicológica e social de que
necessitem (artigo 14);
- as vítimas devem ser informadas da possível existência de serviços de assistência que lhes
possam ser úteis (artigo 15);
- o pessoal dos serviços de polícia, de justiça e de saúde, tal como o dos serviços sociais e
outros serviços interessados, deve receber uma formação que os sensibilize para as necessidades das
vítimas, bem como instruções que garantam uma ajuda pronta e adequada às vítimas (artigo 16).
Em muitos casos, os encarregados da aplicação da lei serão o primeiro contato que uma vítima
de um crime terá, o que se poderia considerar, nesta situação, como a fase de primeiros-socorros,
quando é essencial que se dispensem cuidados e assistência adequados às vítimas.
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei detêm poderes, os quais podem se tornar
conflitantes em relação aos direitos humanos. Pois sua principal função é a de promover e proteger os
direitos humanos e liberdades fundamentais, em razão das suas atividades e peculiaridades em relação
ao exercício de seus deveres, os tornam infratores potenciais dos próprios direitos que deveriam manter
e apoiar. Esta situação paradoxal decorre pelo acúmulo de poderes e prerrogativas legais delegados à
estes funcionários com a finalidade de habilitá-los ao cumprimento de suas obrigações.
Os Estados Partes deverão tomar medidas efetivas para garantir tanto a implementação eficaz
quanto a observância das obrigações decorrentes dos tratados por parte de todos os funcionários do
poder público. Para a aplicação da lei, isto se traduz por obrigações relacionadas à formação e
treinamento, ou à necessidade de rever continuamente os procedimentos de execução da lei e garantir
sua conformidade com o direito internacional humanitário. Além desta obrigação relativa à supervisão
no âmbito nacional, os Estados deverão tomar medidas rigorosas para evitar e opor-se a quaisquer
violações dos direitos humanos por parte dos encarregados da aplicação da lei. O Estado é responsável
em última instância pelas práticas de aplicação da lei.
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7. Código de Conduta para os funcionários responsáveis pela aplicação da lei.
Normas internacionais que fundamentam e regem a aplicação da lei. Princípios
Básicos sobre a utilização da força e de arma de fogo pelos funcionários responsáveis 03 h/a
pela aplicação da lei.
O código tem com principal objetivo criar padrões para as práticas de aplicação da lei de acordo
com os direitos e liberdades humanos. As diretrizes, nele contidas, podem ser encontradas em cada um
dos seus artigos, sendo elas as seguintes:
Observe-se que qualquer prática da aplicação da lei deve estar fundamentada na própria lei. O
emprego da força, por exemplo, deve ser estritamente necessário, considerando-se as circunstâncias
específicas de cada caso que se apresentar, sendo o objetivo a ser alcançado legítimo.
Fonte:Direitos Humanos –
Uma perspectiva Interdisciplinar e
conceito, mas sim um instrumento orientador e referencial da
ONU a seus Estados-membros.
Estes princípios foram adotados no Oitavo Congresso
das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento
Transversal. CICV
dos Infratores (Havana, Cuba, 1990).
Apresenta ainda três princípios essenciais que devem ser respeitados sempre que for necessário
o emprego da força ou de arma de fogo:
LEGALIDADE;
NECESSIDADE; e
PROPORCIONALIDADE.
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Deve ser feita uma avaliação individual quando for necessário empregar força ou arma
de fogo.
Portanto:
- policiamento em reuniões ilegais (o uso da arma de fogo é medida extrema e não deve ser
feito disparo, indiscriminadamente, na direção da multidão para dispersá-la);
Ao dispersar grupos ilegais, mas não violentos os policiais deverão evitar o uso da força
ou, quando tal não for possível, deverão restringir o uso da força ao mínimo necessário (PB 13).
Ao dispersar grupos violentos, só poderão fazer o uso de armas de fogo quando não for possível
usar outros meios menos lesivos; e apenas nos termos minimamente necessários; assim como somente
segundo as condições estipuladas no PB 9 (PB 14).
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A primeira caracteriza-as como uma violação de leis criminais que vigoram dentro dos
Estados Membros, incluindo aquelas leis que proscrevem criminalmente o abuso de poder. O
principal aspecto de tais violações é o dano e sofrimento individual ou coletivo causado às pessoas,
incluindo dano físico ou mental, sofrimento emocional, prejuízo econômico ou dano substancial de
seus direitos fundamentais, por meio de atos ou omissões que possam ser imputadas ao Estado. A
segunda definição concerne àqueles atos e omissões [imputáveis ao Estado] que não constituem ainda
violações de leis penais nacionais, mas de normas internacionalmente reconhecidas relativas a
direitos humanos.
A palavra reconhecidas deve ser entendida para se referir às normas contidas em tratados de
direitos humanos, normas que fazem parte do direito costumeiro internacional ou normas que fazem
parte de princípios de direito reconhecidos pelas nações civilizadas.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO
O direito internacional estabelece e regula as relações entre Estados. As mais importantes fontes
de direito internacional são constituídas pelo costume, pelo direito dos tratados e pelos princípios de
direito que são reconhecidos pelas nações civilizadas.
O direito internacional de direitos humanos cria obrigações legais para os Estados. Essas
obrigações incluem a exigência de adaptar (ou criar) legislação nacional de acordo com as normas
internacionais, bem como a de reprimir práticas que estejam em contravenção com aquelas normas.
Esta última exigência em relação às práticas dos Estados se estende a todas as entidades e pessoas
agindo como representantes do Estado, incluindo funcionários públicos, tais como os encarregados da
aplicação da lei. A responsabilidade última pelos atos dos funcionários repousa no Estado. Esta
disposição não interfere ou substitui os níveis existentes de responsabilidade individual ou
organizacional em âmbito nacional, constituindo, na verdade, uma responsabilidade no plano
internacional. No âmbito dos Estados, eles mesmos são responsáveis pelas práticas individuais de seus
funcionários, bem como pelas ações (legislativas ou outras) de seus órgãos governamentais.
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS
01- Ao falarmos em Direitos Humanos podemos verificar que alguns estudiosos fazem
distinção entre “direitos humanos” e “direitos fundamentais”, segundo José Joaquim Gomes Canotilho
podemos afirmar que:
a. ( ) “direitos do homem ou direitos humanos” são aqueles inerentes à própria condição
humana, válidos para todos os povos em todos os tempos e “direitos fundamentais” são aqueles
reconhecidos pelo ordenamento jurídico.
b. ( ) “direitos do homem ou direitos humanos” são aqueles reconhecidos pelo ordenamento
jurídico e “direitos fundamentais” são aqueles inerentes à própria condição humana, válidos para todos
os povos em todos os tempos.
c. ( ) “direitos do homem ou direitos humanos” são aqueles inerentes à própria condição
humana, válidos para determinados povos e “direitos fundamentais” são aqueles reconhecidos pelo
ordenamento jurídico.
d. ( ) “direitos do homem ou direitos humanos” e “direitos fundamentais” são aqueles direitos
previstos na constituição do Estado.
02. Um cidadão que foi preso de forma arbitrária teve o seu direito de locomoção violado,
sendo que o seu advogado de imediato impetrou um habeas corpus, para conseguir a liberdade do seu
cliente. Diante de tal situação podemos dizer que:
a. ( ) o habeas corpus é um direito que irá assegurar a garantia de liberdade de ir e vir daquele
cidadão.
b.( ) o habeas data seria o remédio constitucional correto para assegurar o direito de ir e vir.
c. ( ) o direito de locomoção (ir e vir) é um direito previsto na CF, sendo uma disposição
meramente declaratória, enquanto que o habeas corpus é a garantia que irá assegurar o exercício do
direito de ir e vir.
d.( ) tanto o habeas data, como o habeas corpus garantem o direito de ir e vir do cidadão que
foi preso de forma arbitrária.
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03. Sendo os direitos fundamentais, previstos na Constituição Federal, gênero de diversas
modalidades de direitos, diante do estudo realizado podemos dizer que direitos individuais são:
a.( ) aqueles que tem como titular não uma pessoa individualmente considerada, mas sim uma
coletividade, desde que ligados por uma relação jurídica básica.
b.( ) são as limitações impostas pela soberania popular aos poderes constituídos, com a
finalidade de resguardar direitos indispensáveis à dignidade da pessoa humana.
c.( ) são caracterizados como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em
um Estado Social de Direito, tendo como finalidade a melhoria das condições de vida dos cidadãos em
geral.
d.( ) conjunto de regras que disciplinam as formas de atuação da soberania popular, onde todo
poder emana do povo para o próprio povo.
07. Remédios Constitucionais são os meios colocados à disposição dos indivíduos pela
Constituição para a proteção dos seus direitos fundamentais. Qual remédio constitucional tutela a
liberdade de locomoção sempre que alguém sofrer constrangimento ilegal no seu direito de ir e vir:
a.( ) mandado de injunção
b.( ) mandado de segurança
c.( ) habeas data
d.( ) habeas corpus
08. Remédios Constitucionais são os meios colocados à disposição dos indivíduos pela
Constituição para a proteção dos seus direitos fundamentais. Qual remédio constitucional tutela o
direito de informação e de intimidade do indivíduo, assegurando o conhecimento e a retificação de
informações relativas à sua pessoa:
a.( ) mandado de injunção
b.( ) mandado de segurança
c.( ) habeas data
d.( ) habeas corpus
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09. Remédios Constitucionais são os meios colocados à disposição dos indivíduos pela
Constituição para a proteção dos seus direitos fundamentais. Qual remédio constitucional tutela os
direitos individuais líquidos e certos, não amparados por habeas corpus ou habeas data:
a.( ) mandado de injunção
b.( ) mandado de segurança
c.( ) habeas data
d.( ) habeas corpus
13. A prática de ato infracional gera consequências diferentes para crianças e adolescentes, onde
são aplicadas na seguinte conformidade:
a.( ) para criança são aplicadas as medidas sócio-educativas e para os adolescentes as medidas
de proteção.
b.( ) para criança são aplicadas as medidas de proteção sócio-educativas e para os adolescentes
as medidas de proteção.
c.( ) para a criança são aplicadas as medidas de proteção e aos adolescentes as medidas sócio-
educativas ou medidas de proteção.
d.( ) são aplicadas para ambos as mesmas medidas.
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14. Podemos afirmar que “os direitos fundamentais não podem ser desrespeitados por atos
normativos, nem por atos de autoridades públicas” esta afirmação diz respeito a qual característica
dos Direitos Fundamentais:
a. ( ) Inalienabilidade.
b. ( ) Irrenunciabilidade.
c. ( ) Imprescritibilidade.
d. ( ) Inviolabilidade.
15. Os direitos humanos fundamentais “não devem ser interpretados isoladamente, mas sim
de forma conjunta com a finalidade de alcance dos objetivos previstos pelo legislador
constituinte”estamos nos referindo a qual característica dos direitos fundamentais:
a. ( ) inalienabilidade.
b. ( ) imprescritibilidade.
c. ( ) complementariedade.
d. ( ) universalidade.
16. Quando afirmamos que “não há a possibilidade de transferência dos direitos humanos
fundamentais, seja a título gratuito ou oneroso”, nos referimos a qual de suas características:
a. ( ) irrenunciabilidade.
b. ( ) efetividade.
c. ( ) inviolabilidade.
d. ( ) inalienabilidade.
19. De acordo com os Princípios Básicos sobre utilização de arma de fogo pelos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei quais são os três princípios essenciais que devem ser respeitados
quando for necessário o emprego de força ou uso de arma de fogo:
20. O conjunto de direitos indispensáveis à pessoa humana, reconhecidos e garantidos por uma
determinada ordem jurídica corresponde tecnicamente ao conceito de:
a. ( ) Direitos e Garantias.
b. ( ) Direitos Fundamentais.
c. ( ) Direitos do Homem.
d. ( ) Direitos Sociais.
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REFERÊNCIAS:
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BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 16 ed., 2002.
COCCO, Giuseppe. Trabalho e Cidadania. São Paulo: Cortez Editora, 3 ed, 2001.
COMPARATO, Fábio Konder. A Firmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo:
Saraiva, 3 ed., 2004.
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Oliveira, 2 ed, 2003.
MIRABETE, Júlio Fabrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 9 ed., 1999.
MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais. São Paulo: Ed Atlas, 5 ed,
2002.
ROOVER, Cees de. Para Servir e Proteger; Direitos Humanos e Direito Internacional
Humanitário para Forças Policiais e de Segurança. Manual para Instrutores composto de 16 Capítulos
(fascículos); CICV – MJ/Brasília-DF - PM, 2005.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 13
ed., 1997.
SMANIO, Gianpaolo Poggio. Interesses Difusos e Coletivos. São Paulo: Ed Atlas, 5 ed.,
2003.
Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência / Luiza Maria Borges Oliveira /
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria Nacional de
Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) / Coordenação-Geral do Sistema de
Informações sobre a Pessoa com Deficiência; Brasília : SDH-PR/SNPD, 2012.
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