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ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR

UNIDADE PAMPULHA

CURSO ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE


SARGENTOS
(CEFS - 2019)

DIREITOS HUMANOS

Belo Horizonte
2019
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 3

UNIDADE 1 - ORIGEM, CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS


HUMANOS...................................................................................................................5

UNIDADE 2 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS .................... 8


Diplomas Criados para Conferir Executividade à DUDH ............................................ 10

UNIDADE 3 – CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (Pacto São


José da Costa Rica) .............................................................................................................. 10
Comissão Interamericana de DH .................................................................................... 11
Corte Interamericana de DH ............................................................................................ 11
Direitos e Garantias Fundamentais ................................................................................ 12
Dimensões dos Direitos Fundamentais ......................................................................... 13
Diferença Entre Direitos e Garantias .............................................................................. 14
Modalidades dos Direitos ................................................................................................. 14
Dignidade da Pessoa Humana ........................................................................................ 15
Ingresso dos Tratados Internacionais no Ordenamento Jurídico Brasileiro ........... 15
Artigo 5º da Constituição Federal de 1988 – Dos Direitos e Deveres Individuais e
Coletivos .............................................................................................................................. 17

UNIDADE 4 – GRUPOS ESPECIAIS OU VULNERÁVEIS............................................. 24

UNIDADE 5 – ATUAÇÃO NO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA ............................. 29


Recomendações Gerais ................................................................................................... 29
Atuação Envolvendo Grupos Vulneráveis ..................................................................... 30

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 33

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INTRODUÇÃO

Futuro Sargento,

Após cinco décadas de tamanhas evoluções, os direitos humanos afirmam-se hoje


como um ramo autônomo do direito, dotado de especificidade própria.

O estudo dos direitos humanos é o estudo integrado dos direitos individuais, sociais,
econômicos, políticos e fundamentais que visam à proteção da dignidade humana
no seu sentido mais amplo.

Nesta perspectiva, os direitos humanos possuem uma abrangência ampla, seja na


proteção dos direitos em situações normais ou em situações adversas, como nos
períodos de guerra.

Apesar da importância dos conflitos internacionais, limitaremos o nosso estudo de


direitos humanos na concepção mais presente à nossa realidade.

Iniciaremos nosso estudo conceituando direitos humanos passando por uma


pequena introdução histórica, apresentando as conquistas da humanidade em prol
de um ordenamento jurídico direcionado à ordem social.

A partir daí, será conferida especial atenção à “Declaração Universal dos Direitos
Humanos” (DUDH), promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em
1948 e aos Direitos Fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, temas
que facilitarão a diferenciação entre Direitos e Garantias.

No decorrer da matéria, faremos oficinas de debate, atividades pontuadas, fóruns,


de forma a contextualizar temas do momento sócio / político atual, como as
manifestações sociais, impeachment, golpe, racismo, homofobia, intolerância
religiosa, identidade de gênero, ocupações das escolas e intervenção federal.

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O Sargento Bombeiro Militar, enquanto elo entre os oficiais e praças menos
graduados, deve ser levado a uma reposição social, em que a sua opção política
não pode ser externada quando do exercício da profissão de Bombeiro Militar, nem
pode ser extrema, mesmo quando de folga.

Finalizaremos a nossa matéria conhecendo a proteção constitucional dada aos


grupos especiais ou vulneráveis bem como a atuação profissional diante dos
diversos tipos de ocorrências envolvendo tais grupos.

Bons Estudos!
Autor; Coordenador e Professor: 2º Sgt QPE BM Fabrício de Almeida Silva Reis
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8776541932086240

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UNIDADE 1 – ORIGEM, CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS
HUMANOS

A origem dos direitos individuais do homem pode ser apontada no antigo Egito e
Mesopotâmia, no terceiro milênio a. C., onde já eram previstos alguns mecanismos
para a proteção individual em relação ao Estado.

Os direitos humanos, considerados como direitos humanos fundamentais,


resultaram das lutas sociais contra os poderes constituídos, a estrutura feudal e o
absolutismo político.

Ao longo da história da humanidade a concepção de direitos humanos tem sofrido


variações, de acordo com o modo de organização da vida social e política de cada
país.

Ano de 1700 AC – Código de Hamurabi: Foi a primeira codificação a consagrar


direitos fundamentais, comuns a todos os homens.

Cilindro de Ciro (ano 539 a.C.): Este e outros decretos foram registrados num
cilindro de argila, na língua acádia, com a escritura cuneiforme, após o Rei Ciro, o
Grande, o primeiro Rei da antiga Pérsia, após conquistar a cidade da Babilônia,
libertou os escravos, declarou que todos tinham o direito de escolher a sua própria
religião, e estabeleceu a igualdade racial.

Ano de 1215 - Magna Carta: É o primeiro instituto limitador do Poder arbitrário do


soberano garantindo-se direito aos indivíduos. É uma carta feudal, que submetia o
governante a um corpo escrito e específico de normas e previa a inexistência de
arbitrariedade na cobrança de impostos. Aqui nasceram algumas garantias judiciais,
como o aprisionamento de qualquer pessoa, ficaria condicionado a um prévio e justo
julgamento.

Ano de 1628 – Petition of Rights (Petição de Direitos): É uma carta que tenta
reafirmar vários dos direitos estabelecidos pela Magna Carta. É o direito de petição.

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Tentar submeter o poder arbitrário do rei ao consentimento do parlamento. É uma
versão inicial da teoria de freios e contrapesos, adotada por Montesquieu.

Ano de 1679 - Habeas Corpus: Está previsto na Constituição Federal de 1988 e


serve para proteger a liberdade de locomoção.

Ano de 1689 - Bill of rigths: Assegura a supremacia do parlamento sobre a


vontade real. O rei fica submetido à soberania popular.

Ano de 1789 - Declaração dos direitos do homem e do cidadão (França):


Princípio da isonomia, princípio da validade, princípio da irretroatividade da lei penal,
princípio da proporcionalidade, liberdade religiosa, livre manifestação do
pensamento, direito de liberdade de locomoção, livre liberdade política, direito a
segurança, resistência à opressão.

Ano de 1919 - Constituição de Weimar (Alemanha): Foi o marco do movimento


constitucionalista que consagrou direitos sociais, de 2ª geração/dimensão. A
primeira constituição a ser dividida em seções.

Ano de 1948 - Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU): Contempla


direitos sociais, políticos, civis e econômicos.

CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos constituem um conjunto de direitos de proteção das dignidades,


liberdades e igualdades humanas, as quais são reconhecidas pelo sistema jurídico
internacional por meio de tratados, convenções, acordos ou pactos internacionais,
bem como pelas Constituições dos Estados por meio de suas normas
infraconstitucionais e seus direitos constitucionalizados.

Os direitos humanos são institutos de direito universal, reconhecidos e


constitucionalizados no plano interno, inerente a todos os homens, que visam
proteger a dignidade da pessoa humana.
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É devido a todo ser humano pelo simples fato de ser humano, dos quais ninguém
pode ser privado, a não ser por uma grave ofensa à ordem jurídica ou para proteger
outro direito humano de mesmo valor.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

Eles possuem características próprias, que facilitam sua compreensão, e foram


resumidos pelo ideário político dos revolucionários franceses de 1789:

a) Historicidade - os direitos fundamentais apresentam natureza histórica,


advindo do Cristianismo, superando diversas revoluções até chegarem aos
dias atuais;

b) Universalidade – alcançam a todos os seres humanos indistintamente; nesse


sentido fala-se em “Sistema Global de Proteção de Direitos Humanos”;

c) Inexauribilidade – são inesgotáveis no sentido de que podem ser


expandidos, ampliados e a qualquer tempo podem surgir novos direitos (vide
art. 5º, § 2º, CF);

d) Essencialidade – os direitos humanos são inerentes ao ser humano, tendo


por base os valores supremos do homem e sua dignidade (aspecto material),
assumindo posição normativa de destaque (aspecto formal);

e) Imprescritibilidade – tais direitos não se perdem com o passar do tempo;

f) Inalienabilidade – não existe possibilidade de transferência, a qualquer título,


desses direitos e nem mesmo serem negociados;

g) Irrenunciabilidade – deles não pode haver renúncia, pois ninguém pode abrir
mão da própria natureza;
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h) Inviolabilidade – não podem ser violados por leis infraconstitucionais, nem
por atos administrativos de agente do Poder Público, sob pena de
responsabilidade civil, penal e administrativa;

i) Efetividade –a Administração Pública deve criar mecanismos coercitivos


aptos a efetivação dos direitos fundamentais;

j) Limitabilidade - os direitos não são absolutos, sofrendo restrições nos


momentos constitucionais de crise (Estado de Sítio) e também frente a
interesses ou direitos que, acaso confrontados, sejam mais importantes
(Princípio da Ponderação);

k) Complementaridade – os direitos fundamentais devem ser observados não


isoladamente, mas de forma conjunta e interativa com as demais normas,
princípios e objetivos estatuídos pelo constituinte;

l) Concorrência – os direitos fundamentais podem ser exercidos de forma


acumulada, quando, por exemplo, um jornalista transmite uma notícia e expõe
sua opinião (liberdade de informação, comunicação e opinião);

m) Vedação do retrocesso – os direitos humanos jamais podem ser diminuídos


ou reduzidos no seu aspecto de proteção (O Estado não pode proteger
menos do que já vem protegendo).

UNIDADE 2 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

O homem sempre se viu à volta da luta pelos seus direitos. E uma destas conquistas
se deu com a edição da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

No ano de 1946, o Conselho Social e Econômico das Nações Unidas criou uma
Comissão de Direitos Humanos, com objetivo de desenvolver um texto normativo de
direitos que seria aplicado universalmente.

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No ano de 1948, a Comissão de Direitos Humanos apresentou um projeto da
Declaração dos Direitos Humanos que foi aprovado no mesmo ano pela Assembleia
Geral das Nações Unidas.

Além da Declaração Universal dos Direitos Humanos, outros tratados e pactos


internacionais de proteção dos direitos humanos foram firmados, visando conferir
maior eficácia aos direitos previstos na DUDH, pois o tratado, uma vez violado, trás
consigo a aplicação de sanções internacionais como represálias, expulsão de
organização internacional, rompimento de relações diplomáticas.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos documentos basilares da


Organização das Nações Unidas (ONU) e foi então assinada em 1948. Podemos
observar que nela são enumerados direitos que todos os seres humanos possuem.

Importante: Não é um tratado internacional, possuindo natureza jurídica de


recomendação, sendo assim, quando violada, não poderá acarretar aplicação de
sanções.

Sendo o primeiro documento de escopo global, oriundo de uma organização


internacional – a Organização das Nações Unidas – a Declaração contemplou,
sobretudo, o homem, enquanto o principal sujeito a ser protegido e ter garantido o
seu direito a uma vida digna e protegida.

Ao longo dos anos, os compromissos da DUDH inspiraram mais de 80 declarações e


tratados internacionais, um grande número de convenções regionais, de leis
nacionais sobre direitos humanos e disposições constitucionais, os quais constituem
um sistema global juridicamente vinculativo para a promoção e a proteção dos
direitos humanos.

A DUDH, em relação ao seu conteúdo, está dividida da seguinte forma:


Preâmbulo: Representado pela palavra “considerando”. Considera o contexto
histórico em que a Declaração foi elabora,pós Segunda Guerra Mundial. Traz a

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noção de pôr um fim às atrocidades cometidas e desrespeito constante aos direitos
humanos.

Dos direitos: à vida (III e VI), à liberdade (IV, IX, XIII, XVIII, XIX, XX e XXVII), à
igualdade (I, II e VII), à justiça (VIII, X, XI e XXVIII) à segurança (V, XII, XIV, XXII,
XXIX e XXX), à família (XVI), à propriedade (XVII), ao trabalho (XXIII e XXIV), à
saúde (XXV), à educação (XXVI) e à cidadania (XV e XXI).

Diplomas Criados para Conferir Executividade à DUDH

a) Pacto internacional sobre os direitos civis e políticos (1966): diploma


dirigido aos indivíduos. Assim sendo, possuem aplicabilidade imediata.

b) Pacto internacional sobre os direitos econômicos, sociais e culturais


(1966): diploma dirigido aos Estados e, portanto, possui direitos de
aplicabilidade progressiva.

Notem que esses documentos foram editados apenas vinte anos após a DUDH, isso
se deve ao contexto da guerra fria. Havia um impasse entre o bloco capitalista e o
bloco socialista em relação ao tratamento que seria dado aos direitos sociais, mais
especificamente em que medida eles seriam proclamados.

A controvérsia somente foi resolvida com a celebração de dois pactos distintos para
disciplinar os direitos individuais e os direitos sociais respectivamente.

UNIDADE 3 – CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (Pacto São


José da Costa Rica)

A Convenção Americana de Direitos Humanos, mais comumente conhecida como


Pacto São José da Costa Rica provem de uma comissão e de uma corte
interamericana de direitos humanos.

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Assinado em 22 de novembro de 1969, na cidade de São José, na Costa Rica, e
ratificado pelo Brasil no mês de setembro de 1992.

A convenção internacional procura consolidar entre os países americanos um


regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito aos direitos
humanos essenciais, independentemente do país onde a pessoa seja residente ou
tenha nascido.

Comissão Interamericana de DH

Sua Atuação: A Comissão interamericana de DH é consultiva, ou seja, elabora


pareceres.

Quem pode peticionar à Comissão? Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, Estados


ou entidades não governamentais reconhecidas no território de um ou mais Estados
membros pertencentes à Organização dos Estados Americanos (OEA). Pode
peticionar com denúncia de violação de dispositivos da Convenção. (Peticionar
significa pedir; requerer).

Exemplo de atuação da comissão: O famoso caso Maria da Penha foi analisado pela
Comissão em virtude da demora injustificada no julgamento de seu caso no
judiciário brasileiro. A vítima procurou uma ONG que requereu um parecer consultivo
da Comissão, e esta por sua vez proferiu um parecer que afirmava que o Brasil
deveria indenizá-la e criar uma lei de proteção à mulher. O Brasil seguiu o parecer
consultivo, criando a tão famosa lei Maria da Penha (Lei 11340/2006).

Corte Interamericana de DH

Sua Competência/Atuação: Art. 62, §3º: consultiva e jurisdicional. Elabora pareceres,


mas também profere decisões. As decisões são vinculativas, ou seja, o Estado deve
seguir sob pena de aplicação de sanções. O Estado apenas se submete a corte se
expressamente manifestou seu consentimento a essa submissão.

Quem pode peticionar à Corte? Somente os Estados-partes e a Comissão.


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Composição da Corte: Sete juízes nacionais dos Estados membros da organização
dos Estados Americanos (OEA) eleitos entre juristas de reconhecida competência
em matéria de direitos humanos.

Exequibilidade das decisões oriundas da Corte: são exequíveis no Brasil, pois ele
previamente consignou a sua manifestação expressa de submissão à Corte
interamericana de DH. Isso significa dizer que temos direitos de aplicação imediata
das decisões decorrentes da Corte.

O texto do Pacto em si baseia-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos e é


composto por 81 artigos, incluindo as disposições transitórias, que estabelecem os
direitos fundamentais da pessoa humana.

Direitos e Garantias Fundamentais

Com a incorporação dos direitos humanos ao direito positivado - ordenamento


jurídico do Estado - temos os direitos fundamentais. Os direitos e garantias
fundamentais estão previstos no Título II da Constituição da República, nos arts. 5º
ao 17. Constituem em Cláusulas Pétreas e abrangem CINCO categorias de direitos:

a) Direitos individuais e coletivos: Correspondem àqueles direitos ligados


diretamente ao conceito de pessoa humana e à sua personalidade, tais como
os direitos à vida, igualdade, segurança, dignidade, honra, liberdade e
propriedade. Estão previstos basicamente no artigo 5º da CF/88.

b) Direitos sociais: São as liberdades positivas dos indivíduos, que devem ser
garantidas pelo Estado Social de Direito. São basicamente direito à
educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à
maternidade e à infância, assistência aos desamparados. Têm por finalidade
a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, de forma que
possa se concretizar a igualdade social que é um dos fundamentos do Estado

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Democrático Brasileiro. Os direitos sociais estão elencados nos artigos 6º ao
11 da CF/88.

c) Direitos da nacionalidade: Nacionalidade é o vínculo jurídico político que


liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo deste indivíduo
um componente do povo, da dimensão pessoal deste Estado, capacitando-o
a exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres impostos.
Estão previstos nos artigos 12 e 13 da CF/88.

d) Direitos políticos: São direitos públicos subjetivos que permitem ao indivíduo


exercer sua cidadania participando de forma ativa nos negócios políticos do
Estado. A constituição regulamenta os direitos políticos no artigo 14 ao artigo
16 da CF/88.

e) Direitos dos partidos políticos: A Constituição garante a autonomia e a


plena liberdade dos partidos políticos como instrumentos necessários e
importantes na preservação do Estado Democrático de Direito. Estão
previstos no artigo 17.

Os direitos e garantias fundamentais são cláusulas pétreas implícitas, isto é,


não podem ser suprimidos ou diminuídos. Mas podem ser alargados ou novos
direitos podem ser incorporados.

Dimensões dos Direitos Fundamentais

1ª dimensão: direitos civis e políticos – são os ligados ao valor liberdade, são os


direitos civis e políticos. São direitos individuais com caráter negativo por exigirem
diretamente uma abstenção do Estado, seu principal destinatário.São interessados
aos indivíduos do Estado. A garantia é o Estado não interferir (aspecto negativo).

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2ª dimensão: direitos econômicos, sociais e culturais – direitos da igualdade.
são os direitos sociais, econômicos e culturais. São direitos de titularidade coletiva e
com caráter positivo, pois exigem atuações do Estado.

3ª dimensão: direitos difusos–ligados ao valor fraternidade ou solidariedade, são


os relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente equilibrado, à
autodeterminação dos povos, bem como ao direito de propriedade sobre o
patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São direitos
transindividuais, em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano.

Ressalta-se que o existem doutrinadores que acrescentam ao tema mais duas


gerações, entendendo como 4ª geração o direito à informação, biodireito, bioética, e,
por último, a 5ª geração, classificada unicamente com o direito à paz.

Diferença Entre Direitos e Garantias

a) Direitos: São bens e vantagens concedidos pela norma constitucional.


Possuem natureza Declaratória.
Exemplo: Liberdade de locomoção

b) Garantias: São instrumentos para assegurar o exercício dos direitos. Têm


natureza Assecuratória.
Exemplo: Habeas Corpus (art. 5º, Inciso LXVIII da CF/88).

Modalidades dos Direitos

a) Individuais: São aqueles destinados a uma pessoa em particular.

b) Coletivos: São aqueles destinados a um grupo de pessoas determinada, e


que estejam juridicamente ligadas.

c) Difusos: São destinados a um grupo indeterminado de pessoas, que podem


usufruir de forma individual ou por todos e não podem ser renunciados.

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Dignidade da Pessoa Humana

É um princípio fundamental incidente a todos os humanos desde a concepção no


útero materno. É um critério unificador de todos os direitos fundamentais ao qual
todos os direitos humanos se reportam, em maior ou menor grau, apesar de poder
ser relativizado, na medida em que nenhum direito ou princípio se apresenta de
forma absoluta.

No art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988 consta como um postulado
central do ordenamento pátrio, um fundamento axiológico sobre o qual está
construído o Estado Democrático de Direito: dignidade da pessoa humana, um dos
princípios fundamentais da República. Este é parâmetro orientador de aplicação e
interpretação (exegese). É um valor constitucional que irradia luzes sobre todo o
ordenamento, em todos os âmbitos (civil, penal, administrativo, eleitoral, trabalhista e
etc), orientando todas as atividades estatais, inclusive dos três poderes, executivo,
legislativo e judiciário (eficácia vertical dos direitos fundamentais), bem como de
todas as atividades privadas (eficácia horizontal dos direitos fundamentais), atuando
como piso protetivo mínimo.

A dignidade da pessoa humana pode ser considerada como o fundamento último do


Estado brasileiro. Ela é o valor-fonte a determinar a interpretação e a aplicação da
Constituição, assim como a atuação de todos os poderes públicos que compõem a
República Federativa do Brasil. Em síntese, o Estado existe para garantir e
promover a dignidade de todas as pessoas. É nesse amplo alcance que está a
universalidade do princípio da dignidade humana e dos direitos humanos.

Como valor-fonte, é da dignidade da pessoa humana que decorrem todos os demais


direitos humanos. A origem da palavra dignidade ajuda-nos a compreender essa
idéia essencial. Dignus, em latim, é um adjetivo ligado ao verbo decet (é
conveniente, é apropriado) e ao substantivo decor (decência, decoro). Nesse
sentido, dizer que alguém teve tratamento digno significa dizer que essa pessoa teve
tratamento apropriado, adequado, decente.

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A dignidade da pessoa humana se correlaciona diretamente ao conceito de mínimo
existencial abordado por diversos autores, ou seja, a certos bens, oportunidades ou
direitos cuja privação é considerada intolerável na medida em que se aviltaria a
existência do ser. Cite-se, por exemplo, o mais básico direito de acesso a água
potável, a alimento ou a higiene básica.

Se pensarmos em dignidade da vida humana ou o que é necessário para se ter uma


vida digna, começaremos a ver com mais clareza como todos os direitos humanos
decorrem da dignidade da pessoa humana. Para que uma pessoa, desde sua
infância, possa viver, crescer e desenvolver suas potencialidades decentemente, ela
precisa de adequada saúde, alimentação, educação, moradia, afeto; precisa
também de liberdade para fazer suas opções profissionais, religiosas, políticas,
afetivas, etc. Esse conjunto de necessidades e capacidades nada mais é que o
conteúdo dos direitos humanos, reconhecidos, por essa razão, como princípios e
direitos fundamentais na Constituição Brasileira.

O Estado deve ser instrumento a serviço da dignidade humana. Por isso, o princípio
da dignidade da pessoa humana exige o firme repúdio a toda forma de tratamento
degradante (indigna) do ser humano, tais como a escravidão, a tortura, a
perseguição ou o mau trato por razões de gênero, etnia, religião, orientação sexual
ou qualquer outra.

Ingresso de Tratados Internacionais no Direito Brasileiro

Conforme decidido pelo STF no RE 466.343-1/São Paulo, existem três formas de


tratados internacionais ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro.

De acordo com a Emenda Constitucional nº 45, na hipótese de um tratado


internacional de direitos humanos ingressar na forma do art. 5º, § 3º, o mesmo
passa a ter status de norma constitucional:

“art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos


humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso

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Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.”

Os tratados de direitos humanos que não passarem no procedimento acima (art. 5º,
§ 3º, isto é, sendo aprovados por maioria simples em ambas as casas legislativas)
possuirão eficácia de normas supra legais, abaixo da constituição, mas acima das
leis.

Por fim, os tratados internacionais que não versem acerca de Direitos Humanos,
ingressam no Direito Brasileiro no mesmo patamar de Leis Ordinárias. Os tratados
aprovados antes da EC 45 serão recepcionadas como normas supralegais.

Com relação ao Pacto de SJCR, o mesmo foi recepcionado com força supralegal.
Ele revoga, por exemplo, a lei que disciplina a prisão do depositário infiel. Além de
revogar a lei anterior, impede que nova lei seja editada.

Súmula Vinculante 25: é ilícita a prisão do depositário infiel qualquer que seja a
modalidade do depósito.

Artigo 5º da Constituição Federal de 1988 – Dos Direitos e Deveres Individuais


e Coletivos

A nossa Constituição é denominada de Constituição Cidadã, por possuir ampla


proteção dos direitos e garantias fundamentais. Pode também ser denominada
analítica, por examinar e regulamentar todos os assuntos que entende ser relevante
à formação, destinação e funcionamento do Estado.

A nossa Magna Carta estabelece em seu art. 5º os direitos fundamentais protegidos


e define tais direitos como pétreos por força do art. 60, § 4º da CF/88.

Dentro do Direito Constitucional, pétreos (ou “cláusulas pétreas” segundo alguns


doutrinadores) são aqueles direitos imodificáveis, irreformáveis, insusceptíveis de
mudança formal, ou seja, imutáveis, salvo no caso de ampliação das garantias.
Características atribuídas aos direitos e garantias fundamentais.

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Direitos e garantias fundamentais são aqueles derivados da própria existência
humana e que se colocam acima de toda e qualquer norma, mesmo porque, para
alguns autores, baseiam-se em princípios supraconstitucionais. Nesse sentido, o
escopo maior é proporcionar e assegurar condições de liberdade individual, de
sobrevivência e de valorização social.

**Lembrete: Apesar da importância de todos os artigos presentes na CF/88, devido


à redução da quantidade de horas / aulas nosso curso se limitará ao estudo dos
artigos mais importantes. Sendo assim, onde houver reticências (...) simbolizará a
retirada de um artigo, parágrafo ou trecho da Constituição Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e as suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

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IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
(...)
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

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XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar
de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano;
(...)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada;
(...)
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;

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XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer
com seus filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

21
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de
opinião;
(...)
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;
(...)
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel;
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;

22
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público;
(...)
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma
da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
(...)
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.

23
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja
criação tenha manifestado adesão.

UNIDADE IV – GRUPOS ESPECIAIS OU VULNERÁVEIS

Diante da proposta de um Estado social e democrático de direito, a criação de


sistemas especiais de proteção constitui uma medida de inclusão social.

Com isso, visa-se concretizar o dever estatal de possibilitar que todos exerçam seus
direitos, em igualdade de condição.

Ao longo da história existem grupos de indivíduos que, por suas especificidades,


tiveram seus direitos individuais suprimidos ou restringidos. Tal desrespeito a certos
grupos sociais originou a necessidade de adoção de medidas protetivas (ações
afirmativas) que viabilizassem a recuperação destes grupos perante a sociedade
para um acesso de todos aos direitos, em condição de igualdade.

Como forma de reparação, estas medidas protetivas estão baseadas no Princípio da


Igualdade. Num primeiro momento nos vem um pequeno questionamento, e esta
afirmação parece revestida de pura contradição: como medidas especiais de
proteção a certos indivíduos podem se basear no princípio da igualdade? A resposta
é simples, isto se dá pelo fato de que a igualdade se expressa na sua plenitude no
tratamento dos desiguais na medida em que se desigualam.

Objetiva-se com isso diminuir e reparar as diferenças impostas durante este longo
período, seja pela natureza ou pela sociedade, por meio de adoção de medidas de
proteção aos grupos menos favorecidos ou vulneráveis, o que implica estabelecer

24
prioridades e tratamento especial diferenciado a grupos historicamente
desprivilegiados.

Inicialmente, podemos incluir nestes grupos merecedores de tratamentos especiais


as mulheres, crianças, adolescentes, idosos, negros, portadores de necessidades
especiais, indígenas, homossexuais, os moradores de rua e os trabalhadores rurais.

O tratamento igualitário entre homens e mulheres é uma conquista que vem se


construindo ao longo da história. Tempos atrás as mulheres eram vítimas de uma
sociedade machista, não gozavam dos mesmos direitos que os homens mesmo
exercendo a mesma função e possuíam um papel secundário perante a sociedade.

Como forma de compensar essa imposição arcaicae histórica, o Estado proíbe


qualquer diferenciação entre homens e mulheres, com exceção às diferenciações
favoráveis às mulheres e voltadas para diminuir as diferenças históricas.

Deixando de lado um pouco as questões sociais, as mulheres, assim como os


idosos, crianças e os portadores de necessidades especiais também fazem parte de
um grupo mais vulnerável por questões até mesmo fisiológicas, merecendo desta
forma medidas de proteção por parte da sociedade.

As diferenças de cor, de religião, a sexualidade ou qualquer outra diferença não


podem gerar discriminação por parte da sociedade, pois não servem como
parâmetro de aferição de caráter. Como já é de conhecimento, todos devem ser
reconhecidos, respeitados e tratados pela sua condição humana, titulares de direitos
natos como a dignidade da pessoa humana, devendo, portanto, receber tratamento
digno e compatível.

O Estado e a sociedade evoluíram, e adotam medidas de proteção destes grupos


que englobam também medidas para corrigir desigualdades sociais oriundas da
acumulação de riquezas por parte de pequenas elites visando uma melhor
distribuição de renda, mas é necessário evoluir mais.

25
Nesta temática, temos normas de direito internacional sobre direitos humanos
visando à proteção e promoção da igualdade dos diversos grupos minoritários que
merecem ser estudados, são eles:

# CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS


FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Elaborado em 1965 e foi motivado principalmente pelo repúdio às práticas
nazistas. Esse diploma possui ações afirmativas, com medidas especiais de
caráter temporário que visam a igualdade fática entre as diferentes raças.

Outro legado importante deste diploma é que conceitua discriminação racial


como “qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência fundadas na raça,
cor, descendência ou origem nacional ou étnica e tenha por fim o efeito de
anular ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o exercício em igualdade
de condições dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos
domínios político econômico social cultural ou em qualquer outro domínio da
vida pública.”

Cumpre ressaltar que, segundo a referida norma internacional, não serão


consideradas discriminações racial as medidas especiais tomadas como o
único objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou
étnicos ou indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária
para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de
direitos humanos e liberdades fundamentais, contanto que, tais medidas não
conduzam, em consequência, á manutenção de direitos separados para
diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos alcançados os
seus objetivos.

# CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS


FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
Criado em 1979, com ações afirmativas objetivando acelerar a igualdade de
fato entre homens e mulheres.

26
Para fins da presente Convenção, a expressão "discriminação contra a mulher"
significará toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou
exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na
igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
qualquer outro campo.

# CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ


Convenção interamericana, elaborada em 1994 para punir e erradicar a
violência contra a mulher.Foi utilizada pela Maria da Penha Maia Fernandes
como meio para a criação da lei federal 11340/2006.

# CONVENÇÃO INTERNACIONAL CONTRA A TORTURA E OUTROS


TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANAS OU DEGRADANTES
Embora elaborada em 1984, entrou em vigor internacional apenas em 1987.
Ante as atrocidades da história mundial, tal normal define internacionalmente o
que é tortura e visa erradicar a prática deste crime que fere tão intimamente os
direitos humanos.

# CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS


COM DEFICIÊNCIA E SEU PROTOCOLO FACULTATIVO DE 2007
É o único tratado internacional aprovado no Brasil com status de emenda
constitucional. Esse diploma internacional estabelece a previsão do significado
de discriminação por motivo de deficiência, bem como define o que é a
adaptação razoável, tudo visando assegurar que as pessoas deficientes possa
gozar de iguais oportunidades com as demais pessoas.

Já o protocolo facultativo é o meio pelo qual o Estado expressamente


manifesta o seu consentimento para submissão ao comitê que vai receber
petições referentes a violações dispostas neste tratado.

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# CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA
A Assembléia Geral das Nações Unidas adotou-a em 20 de novembro de 1989,
e, no ano seguinte, o documento foi oficializado como lei internacional.A
Convenção sobre os Direitos da Criança é o instrumento de direitos humanos
mais aceito na história universal pelos Estados membros das Nações Unidas,
porém os EUA e a Somália não aderiram.

A Convenção é fundada em quatro princípios fundamentais: (1) não


discriminação; (2) ações que levam em conta o melhor interesse da criança; (3)
direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento; (4) respeito pelas
opiniões da criança, de acordo com a idade e maturidade.Esses princípios
orientam as ações de toda a população, inclusive das próprias crianças e
adolescentes no exercício de seus direitos.

IMPORTANTE: Todos os diplomas internacionais mencionados acima foram


ratificados pelo ordenamento jurídico brasileiro. Entretanto, existe uma importante
norma internacional que o Brasil ainda não incorporou: a Convenção sobre a
Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e de suas Famílias,
então aprovada em 1990. Todavia o Brasil trate do tema por meio do Decreto nº
58.819/1966.

O Estado, quando através de seus órgãos, dos quais faz parte tambémo CBMMG,
entra em contato com esses grupos sociais minoritários, deve ser o primeiro a lutar
pelo respeito humanitário destes grupos e não discriminá-los ainda mais.

Ao representarmos o Estado como servidores militares, somos representantes do


Estado junto à sociedade, inseridos no conceito de defesa social/segurança pública
no exercício das nossas funções constitucionais.

Diante da evolução do direito, a busca pelo conhecimento dos direitos humanos


deve ser uma constante na vida de cada militar. Este estudo tem por objetivo
despertar esta consciência profissional na promoção dos direitos humanos visando

28
contribuir para a consolidação do estado democrático de direito e consolidação de
uma sociedade mais respeitadora e tolerante às diferenças.

UNIDADE 5 – ATUAÇÃO PROFISSIONAL NO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA

Recomendações Gerais

a) Todos têm direito a um tratamento digno, independente da classe social,


religião, orientação sexual, idade, cor, gênero, etnia, entre outras. Assim, o
militar deve tratar vítimas, familiares e demais pessoas presentes ao teatro de
operações com o devido respeito, cortesia e urbanidade.

Art. 9° – A honra, o sentimento do dever militar e a correção de


atitudes impõem conduta moral e profissional irrepreensíveis a todo
integrante das IMEs, o qual deve observar os seguintes princípios de
ética militar:
III – respeitar a dignidade da pessoa humana;
IV – cumprir e fazer cumprir as leis, códigos, resoluções, instruções e
ordens das autoridades competentes; (...)
VIII – ser discreto e cortês em suas atitudes, maneiras e linguagem e
observar as normas da boa educação. Lei 14.310/02 – CEDM.

b) Não filmar ou fotografar as vítimas. Isolar o local de acidentes graves, com


mortos, ou pessoas com graves ferimentos ou com partes do corpo despidas,
para que não sejam filmadas ou fotografadas e tentar evitar ao máximo que
pessoas presentes façam esse registro, como forma de preservar a dignidade
da vítima e de sua família.

Conforme preconiza o art. 1º da Instrução Técnica de Corregedoria (ITC) nº


11/13 – CCBM:
É vedado ao Bombeiro Militar de serviço ou atuando em razão de
sua função, capturar ou permitir que terceiros capturem, imagens ou
vídeos de pessoas envolvidas em ocorrências que haja participação
do CBMMG, vítimas ou não, bem como sua divulgação, mesmo com
a utilização de aparelhos celulares, tabletes ou similares, mesmo que
particulares.

Quaisquer imagens ou vídeos somente poderão ser capturados pelo CBU, o


Comandante de Pelotão ou o correspondente, ou mediante sua ordem, desde
29
que não traga prejuízos ao atendimento da ocorrência, devendo sempre ser
preservada a intimidade e imagens de terceiros envolvidos e com fim
profissional, para serem utilizados pelo setor de Comunicação Social do
CBMMG em notas à imprensa ou com objetivos instrutivos para tropa,
conforme parágrafo único do art. 1º da ITC nº 11/13.

c) Não expor partes do corpo das vítimas sem necessidade e se o fizer impedir a
visualização de pessoas presentes à medida do possível.

d) Evitar gracejos, cantadas, comentários indiscretos, brincadeiras, ou qualquer


conduta que possa inibir a vítima, familiares e demais pessoas presentes ou
deixá-la constrangida. Tal conduta também deve ser adotada no
deslocamento da viatura com pedestres ou condutores de veículos
particulares, bem como com as demais pessoas no local da ocorrência.
Coloque-se sempre no lugar dos outros. Lembre-se que para você é só mais
um dia de serviço, mas para o próximo pode ser um momento de rara dor e
sofrimento.

e) Zelar o máximo possível pela integridade dos bens materiais das vítimas,
evitando um aumento do dano já causado, na medida do possível e no caso
de carteiras e bens pessoais, adotando todas as medidas para evitar que
sejam extraviados.

Atuação Envolvendo Grupos Vulneráveis

a) Diversidade Sexual: A pessoa homossexual deve receber tratamento


respeitoso durante o atendimento de ocorrências, minimizando possíveis
constrangimentos. Ao socorrer um homossexual / transexual / travesti deve-se
evitar a reprodução de preconceitos sociais, como exemplo, proferindo a
leitura do seu nome de registro, constante na Carteira de Identidade, em voz
alta, para outros militares e público presente, ridicularizando-o. Respeitar a
intimidade da vítima, não expondo suas partes íntimas e protegendo de
exposição. Cabe salientar que vítima não possui sexo.

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O BO/REDS deve ser redigido com o nome de registro da pessoa e o
tratamento verbal deve ser feito pelo nome social (nome pelo qual a pessoa
quer ser chamada). Uma vez constatado que o fato que gerou a intervenção
policial militar ou bombeiro militar se deu por motivo de intolerância,
discriminação ou por homofobia, esse detalhe deverá ser constado no
histórico do BO/REDS (PMMG), informando também a orientação sexual ou
identidade de gênero da vítima (lésbica, gay, bissexual, travesti ou transexual)
afim de que se possa futuramente possibilitar pesquisas e diagnósticos de
vitimização por seguimento.

b) Portadores de Necessidades Especiais: Deve-se evitar gracejos ou


situações que possam ridicularizar as expressões da pessoa socorrida,
causando-lhe constrangimento ou exposição desnecessária; a vítima deverá
ser avisada, se consciente, antes de receber o atendimento pré-hospitalar,
momento em que também será orientada a manter-se calma, tendo em vista
que lhe serão assegurados todos os seus direitos.

c) Portadores de Deficiência Auditiva: Verificar se a vítima consegue se


comunicar e compreender o que lhe foi dito. Prestar atenção nos lábios,
gestos, movimentos e nas expressões faciais e corporais da pessoa com
quem o diálogo está sendo mantido;

Caso o bombeiro militar tenha dificuldade para entender o que o deficiente


auditivo está falando, poderá pedir que escreva o que deseja falar ou ainda
solicitar ajuda de pessoa próxima da vítima.

d) Pessoa Idosa: Nas ocorrências, o bombeiro militar observará a idade e as


condições de saúde do idoso, e os demais procedimentos técnicos, previstos
nos manuais;

Sempre que possível, deve-se promover o acompanhamento do idoso por


algum membro familiar ou pessoa indicada por ele;

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Quando houver necessidade do atendimento, o bombeiro militar o executará
de modo a evitar constrangimentos desnecessários;

Prestar informações necessárias ao idoso, a respeito de sua condição (local,


providências).

e) Minorias: O termo minoria diz respeito a determinado grupo humano ou


social que esteja em inferioridade numérica ou em situação de subordinação
sócio-econômica, política, cultural ou qualquer outra forma de poder em
relação a outro grupo, que é majoritário ou dominante em uma dada
sociedade. Uma minoria pode ser étnica, religiosa, linguística, de gênero,
idade, condição física ou psíquica.

A discriminação é uma conduta (ação ou omissão) que objetiva separar ou


isolar as minorias do seio de uma sociedade.

O Bombeiro Militar deve agir com profissionalismo e bom senso, ao lidar com
situações em que uma pessoa se sinta discriminada, demonstrando respeito
por suas características; considerar que a etnia da pessoa (negra, cigana,
indígena) não determina a suspeição.

CONCLUSÃO

“A Constituição confere uma unidade de sentido, de valor e de concordância prática


ao sistema dos direitos fundamentais. E ela repousa na dignidade da pessoa
humana, ou seja, na concepção que faz a pessoa fundamento e fim da sociedade e
do Estado”.
(Jorge Miranda)

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“A Declaração de 1948 inova a gramática dos direitos humanos, ao introduzir a
chamada concepção contemporânea de direitos humanos, marcada pela
universalidade e indivisibilidade destes direitos. Universalidade porque clama pela
extensão universal dos direitos humanos, sob a crença de que a condição de pessoa
é o requisito único para a titularidade de direitos, considerando o ser humano como
um ser essencialmente moral, dotado de unicidade existencial e dignidade.
Indivisibilidade porque a garantia dos direitos civis e políticos é condição para a
observância dos direitos sociais, econômicos e culturais e vice-versa. Quando um
deles é violado, os demais também o são. Os direitos humanos compõem, assim,
uma unidade indivisível, interdependente e inter-relacionada, capaz de conjugar o
catálogo de direitos civis e políticos ao catálogo de direitos sociais, econômicos e
culturais.”.
(Flávia Piovesan)

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fabrício de; MELLO, Michelly. O Papel do Profissional Bombeiro Militar


Frente à Proteção dos Direitos das Minorias, Tendo como Escopo o Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana. Goiânia: CONPEDI, 2019.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05.10.1988.

BRASIL, Constituição do Estado de Minas Gerais, de 1989.


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Convenção Americana de Direitos Humanos (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA
RICA) Adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana
sobre Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em 22.11.1969 - ratificada
pelo Brasil em 25.09.1992.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS. Caderno de orientações


para formatação e normalização de trabalhos acadêmicos. Belo Horizonte: ABM,
2014. 93 p.

Declaração Universal de Direitos Humanos, Adotada e proclamada pela resolução


217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.

FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional, 4ª Ed –


JusPodivm, 2012.

LFG, Curso Online – Carreiras Jurídicas. 2012.

SUPREMO TV, Curso Online – Carreiras Jurídicas. 2019.

MINAS GERAIS. Policia Militar de. Intervenção Policial, Processo de Comunicação e


Uso da Força – Belo Horizonte: Academia de Polícia Militar, 2013 .

MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, 6ª Ed., 2007.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional, 23. Ed.- São Paulo: Atlas, 2008.

MOTA, Arthur. A Dignidade Humana e Sua Definição – Disponível em:


ambitojuridico.com.br. Acesso em: 12fev2018.

MUZZI FILHO, Carlos Vitor; ALMEIDA, Fabrício de. A Função Contramajoritária do


Supremo Tribunal Federal e a Proteção Constitucional das Minorias: Duas
Hipóteses. Goiânia: CONPEDI, 2019.

PIOVESAN, Flávia (Coord.). Direitos humanos e o direito constitucional


internacional. 14 ed.reve atual. – São Paulo: Saraiva 2013.

34

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