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RESUMO
A legítima defesa é uma causa excludente de ilicitude e pode ser definida como a reação,
realizada moderadamente e com uso de meios necessários, contra uma agressão injusta, atual
ou iminente, para proteger direito próprio ou alheio. Quando a ação for motivada por intensa
perturbação psíquica, eliminando a capacidade do agente de se orientar conforme a norma, a
defesa empreendida contra o agressor, embora desproporcional, poderá excluir o crime, por
ausência de culpabilidade do autor. O presente trabalho, portanto, tem como objetivo analisar
a legítima defesa exculpante no direito penal brasileiro e os critérios que delimitam o seu
sentido e alcance na nossa legislação atual. Para tanto, utilizou-se doutrinas de autores
conceituados e estudiosos desta área do conhecimento. Ao final da pesquisa, foi possível
concluir que os afetos astênicos, como o medo, o susto e outras emoções insuscetíveis de
controle consciente constituem excessos exculpantes na legítima defesa, tornando o fato um
indiferente penal.
1 INTRODUÇÃO
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Acadêmico do Curso de Direito, da Universidade Vale do Rio Doce. Licenciado em Língua Portuguesa pela
FEM – Fundação Educacional de Machado. Correio eletrônico: venilson.fernande@gmail.com.
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Professor Orientador do Curso de Direito, da Universidade Vale do Rio Doce. Graduado em Direito pela
FADIVALE – Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce e Especialista em Direito Penal e Criminologia pelo
Instituto de Criminologia e Política Criminal. Correio eletrônico: guilherme.cabral@univale.br
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O fato motivador da legítima defesa e consequentemente ocorrendo o excesso, não
precisa necessariamente ser fato típico, ocorrendo também em uma conduta atípica, basta que
se amolde nas características do artigo em comento.
A legítima defesa exculpante pode ser definida como sendo o ato praticado por medo,
receio, temor de algum mal que possa acontecer com o agente que se julga irresistível, ou
perturbação, apreensão de alguma situação que talvez julga-se iminente, acompanhado de um
sentimento que se leva a pensar que deve-se vivamente evitá-lo.
A pesquisa em tela, tem por objetivo, analisar o instituto da legítima defesa
exculpante, se preocupando de maneira a aprofundar no assunto, expondo conceito,
esclarecendo como se caracteriza os excessos, procurando na legislação penal, pontos
controvertidos e relevantes sobre o aludido instituto, bem como os aspectos que constitui o
excesso em casos concretos e por fim diferenciar as suas várias modalidades, objetivando
apontar pontos relevantes sobre a temática disposta.
A relevância jurídica do tema reside no fato de que a delimitação do sentido e do
alcance da legítima defesa exculpante permite reforçar, tanto na comunidade acadêmica,
quanto nos órgãos integrantes do sistema de justiça criminal, as hipóteses gerais de aplicação
do instituto e, assim, evitar a condenação de pessoas por comportamentos desculpáveis e
carentes de prevenção criminal.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do estudo consistirá em técnicas de
investigação teórica, conceituais e normativas.
Serão analisados conteúdos doutrinários sobre o tema em comento, pesquisas
bibliográficas que envolvam o objeto deste estudo. Além destes, a internet será utilizada para
o levantamento de dados e subsidiará o trabalho em questão, todavia, esta será utilizada em
segundo plano, sendo principal conteúdo doutrinário.
Para discorrer sobre o tema dividiu-se o trabalho em vários tópicos, iniciando com a
parte processual histórica, sociedade e autotutela jurídica no direito penal. Em seguida uma
descrição de forma genérica da legítima defesa no direito penal brasileiro. Passando a frente,
fala-se sobre evolução histórica do instituto da legítima defesa e legítima defesa no direito
brasileiro no contexto histórico. Para ilustrar melhor, comentou-se também sobre o direito
positivo de outros países. Já na fase mais específica, comentou-se sobre fundamentos e
natureza jurídica da legítima defesa; diferenciação entre legítima defesa e estado de
necessidade; critérios legais e espécies de legítima defesa e por fim as modalidades de
excessos.
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2 SOCIEDADE E AUTOTUTELA JURÍDICA NO DIREITO PENAL
Não existe sociedade sem direito, pois é ele que regulamenta e mantém o convívio em
sociedade. Na antiguidade, prevalecia a autotutela, onde cada um resolvia seus conflitos de
maneira individual, em forma de “vingança”, prevalecendo a lei do mais forte, fazendo justiça
com as próprias mãos.
O direito exerce na sociedade a função ordenadora, caracterizado pelo controle
sociológico, harmonizando os interesses pessoais, evitando as insatisfações e conflitos entre
seus membros. (GRINOVER, 2009)
Segundo Ada Pellegrini Grinover (2009, p. 28), “na autotutela, aquele que impõe ao
adversário uma solução não cogita de apresentar ou pedir a declaração de existência ou
inexistência do direito; satisfaz-se simplesmente pela força [...].”
A autotutela é uma das maneiras mais primitivas de resolução de conflitos que existe,
acompanhada da autocomposição.
Ainda discorrendo sobre o assunto, Marcus Orione Gonçalves Correira (2012, p. 19),
tece também alguns comentários sobre autotutela ou autodefesa:
Pela autodefesa um dos sujeitos do conflito impõe, por meio de uma ação própria, a
sua vontade sobre a do outro. É bom recordar que, a princípio, o direito repudia a
forma autodefensiva de solução dos conflitos, já que se trata de resquício da
indesejada “justiça pelas próprias mãos”. No entanto, há formas de autodefesa
excepcionalmente permitidas pelo direito. Nesse sentido, confira-se o direito de
greve, quando exercido dentro dos limites legais, ou mesmo a legítima defesa do
direito penal.
Nesse diapasão, pode-se verificar que a autotutela em alguns aspectos é repudiada pelo
modelo atual de sociedade, já que são vedadas pelo ordenamento jurídico pátrio algumas
formas adotadas por essa modalidade de resolução de conflitos.
A autocomposição é outra forma de resolução de conflitos, onde os sujeitos da
controvérsia, através de renúncia de direitos de ambos ou individuais, abrem mão de direitos
certos ou incertos.
E finalmente, o modelo atual, mais utilizado, de resolução dos conflitos através de
processo, onde as partes envolvidas transformam as controvérsias em lide, deixando que o
Estado-Juiz solucione o litígio.
Verifica-se que na antiguidade, não existia a figura do Estado para impor aos
particulares de forma incisiva a superação do sentimento primitivo, impondo assim, acima de
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seus interesses, a resolução pacífica dos conflitos. Com a criação das Leis, o Estado chamou
para si, o jus punitions, ou seja, o Estado toma o lugar das partes e através da jurisdição,
resolve os conflitos.
A legítima defesa é um instituto regulado pelo Direito Penal, podendo ser definido
como autodefesa ou autotutela, acontecendo quando o indivíduo, devido a omissão do Estado,
se impõe de forma violenta ou não, fazendo valer seu direito, frente a uma agressão a um bem
juridicamente protegido.
A legítima defesa, um dos institutos jurídicos mais bem elaborados através dos
tempos, representa uma forma abreviada de realização da justiça penal e da sua
sumária execução. Afirma-se que a legítima defesa representa uma verdade
imanente à consciência jurídica universal, que paira acima dos códigos, como
conquista da civilização.
Por fim, Damásio de Jesus (1998, p. 264), além de definir o instituto da legítima
defesa, ainda salienta que não se deve confundi-la como causa de exclusão da culpabilidade e
sim de ilicitude, tendo em vista que não pode ser ilícita a afirmação do próprio direito.
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Entendemos que a legítima defesa constitui um direito e causa de exclusão da
antijuridicidade. Não é certo afirmar-se que exclui a culpabilidade. Como dizia
Bettiol, afirmar que constitui uma causa de isenção de culpabilidade supõe
desconhecer o que há de mais característico na luta em que se vê o bem injustamente
agredido. Não pode ser considerada ilícita a afirmação do próprio direito contra a
agressão que é contrária às exigências do ordenamento jurídico. É uma causa de
justificação porque não atua contra o direito quem comete a reação para proteger um
direito próprio ou alheio ao qual o Estado, em face das circunstâncias, não pode
oferecer a tutela mínima.
A legítima defesa está expressamente prevista no artigo 23, inciso II do Código Penal
Pátrio e seu conceito decorre do artigo 25 do mesmo “Códex”, sendo tratada como uma causa
de justificação em repelir injusta agressão, atual ou iminente, direito próprio ou alheio, usando
moderadamente dos meios necessários.
Dos que matão, ou forem, ou tirão com Arcabuz, ou Besta. Qualquer pessoa, que
matar outra, ou mandar matar, morra por ello morte natural. Porém, se a morte fôr
em sua necessária defensão, não haverá pena alguma, salvo se nella excedeo a
temperança, que devêra, e podéra ter, porque não será punido segundo a qualidade
de excesso. E se a morte fôr por algum caso de malicia ou vontade de matar, será
punido, ou relevado segundo a sua culpa, ou inocência, que no caso tiver.
(LINHARES,1975, P. 52.).
Do que matou sua mulher, pola achar em adultério. Achando homem casado sua
mulher em adulterio, licitamente poderá matar assi a ella, como o adulterio, salvo se
o marido for peão, e o adultero Fidalgo, ou nosso Dezembargador, ou pessoa de
maior qualidade. Porém, quando matasse algumas das sobreditas pessoas, achando-a
com sua mulher em adultério, não morrerá por isso mas será degradado para Africa
com pregão na audiência pelo tempo, que aos Julgadores bem parecer, segundo a
pessoa, que matar, não passando de tres annos. (LINHARES,1975, 52.).
Naquela época era lícita a morte da mulher ou do amante nos casos mencionados
acima, contudo deveria ser resguardado a temperança, sinônimo jurídico de moderação,
requisito sem a sua observação é considerado excesso apenado. (LINHARES,1975).
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A legislação da república modificou o critério anterior, o primeiro código penal da
República parece ter achado mais judicioso emprestar à legítima defesa o caráter de causa de
excludente do crime.
O parágrafo segundo do art. 32, dispondo não ser limitada à proteção da vida,
compreendendo todos os diretos que podem ser lesados, julgava não criminosos os que
praticassem o crime em defesa legítima, própria ou de outrem.
Segundo a orientação da legislação estrangeira, o código penal de 1890 aceitou a
legítima defesa presumida, equiparado à defesa própria ou de terceiro o fato praticado na
repulsa dos que à noite entrassem ou tentassem entrar na casa de residência ou onde alguém
estivesse, nos pátios ou nas dependências dela, se fechadas, ressalvadas as hipóteses de
permissão legal; bem como o fato cometido em residência a ordens ilegais, não sendo
excedidos os meios indispensáveis para impedir-lhes a execução.
A redação dos arts. 32 a 35 foi mantida pela Consolidação das Leis Penais, aprovada
em 1932, por Decreto. (LINHARES,1975).
A legítima defesa no código de 1940 adotou a redação do seu art. 19 com a excelente
definição do art. 21, considerando a legítima defesa causa de exclusão da criminalidade: “Não
há crime quando o agente pratica o fato: ...II: em legítima defesa. ” (BRASIL, 1940).
E, “entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. ” (BRASIL,
1940).
O parágrafo único desse dispositivo, disciplinando o excesso na reação, está assim
concebido: “O agente que excede culposamente os limites da legítima defesa, responde pelo
fato, se este é punível como crime culposo. ” (BRASIL, 1940).
Os requisitos diferem, como se vê, dos que eram fixados na legislação pretérita.
(LINHARES,1975).
As reformas introduzidas no código penal de 1969 conservaram nos arts. 27 e 29 a
redação dos arts. 19 e 21.
Foi modificado o parágrafo único deste último artigo para regulamentar mais
casuisticamente e com maior clareza, o excesso na reação, mais tolerante quantitativamente
em apená-lo, e mais humano, prevendo como escusável e excesso decorrente do medo, da
surpresa ou da perturbação de ânimo em face da situação.
A nova fórmula é essa:
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artigo 30: O agente que, em qualquer dos casos de exclusão do crime, excede
culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível a título
de culpa.
Parágrafo 1º: Não é punível o excesso quando resulta de escusável medo, surpresa,
ou perturbação de ânimo em face da situação.
Parágrafo 2º: Ainda quando punível o fato por excesso doloso, o juiz pode atenuar a
pena. (BRASIL, 1969).
Alemanha – Art. 32. §1º: Quem comete um ato. Que foi exigido pela legítima
defesa, não age ilicitamente.
§2º: Legítima defesa é a defesa necessária para afastar, de si ou de outrem, uma
agressão atual e elícita.
Art. 33: Excesso de legítima defesa – se o agente excede os limites da legítima
defesa, por confusão, medo ou susto, então não é punido. (LINHARES, 1975, 43)
Na Grécia:
Grécia – Art. Art. 22: 1: O ato praticado em legítima defesa não é injusto.
2: Há legítima defesa quando uma pessoa se livra de um ataque necessário para
repelir uma agressão injusta e atual contra ela ou contra um terceiro.
3: A necessidade da legítima defesa é apreciada em razão do perigo que apresenta a
agressão, da natureza do dano possível, do processo e da gravidade da agressão, bem
como de outras circunstâncias da infração.
Art. 23: Excesso dos limites da legítima defesa: Aquele que excede os limites da
legítima defesa é punido com uma pena atenuada, se o excesso é praticado
intencionalmente; se é cometido por imprudência, o autor é punido em
consequência; mas esse excesso não lhe é imputado e não é punido se agir sob o
império de coação ou da confusão provocada pela agressão.
Art. 24: Legítima defesa culpável: Quem tenha provocado intencionalmente
agressão contra si mesmo a fim de cometer contra a pessoa assim provocada um ato
possível sob aparência de legítima defesa, não fica subtraído à pena estabelecida
pela lei. (LINHARES, 1975, P. 44-45)
Na Itália:
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Itália – Art. 52: Não é punível quem tenha cometido o fato desde que constrangido a
defender seu direito ou o de outrem contra perigo atual de ofensa injusta e que a
defesa seja proporcional a ofensa.
Liechtenstein – Causas que excluem a intenção dolosa:
Art. 2: Um ato ou uma omissão não é imputável como crime:
[...]
g: Quando resulta de uma coação irresistível ou constitui um caso de legítima
defesa. (LINHARES, 1975, P. 45)
A legítima defesa não será admitida senão em razão da condição das pessoas, das
circunstâncias de tempo e lugar, da natureza da agressão, ou de outras circunstâncias, seja
fundado concluir que o autor se serviu unicamente dos meios de defesa necessários para
repelir ataque ilegítimo contra sua vida, sua liberdade, ou seus bens, ou os de terceiro, ou que
não tenha excedido dos limites senão por pavor, coação ou medo. Todavia, em tal excesso
poderá, segundo a natureza das circunstâncias, ser sancionado como uma infração por
negligência, conforme as disposições da segunda parte do presente código (arts. 355 e 431).
(LINHARES,1975)
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No Código Penal Pátrio, precisamente no seu artigo 23, estão elencadas algumas
causas de exclusão da ilicitude, e, dentre elas, legítima defesa e estado de necessidade.
A legítima defesa ocorre quando o indivíduo defende seu patrimônio, a vida, a honra
sempre que forem ameaçadas ou atacadas de forma ilícita. Esse direito está disposto no
mesmo diploma em que estão definidas as outras condutas previstas como crime, ou seja,
Código Penal.
A legítima defesa acontece quando o agente se defende de uma agressão humana
injusta, atual (presente) ou iminente (prestes a ocorrer), utilizando-se de meios necessários
para repelir o injusto (moderação), tudo que ultrapassar, será excesso. Nesse caso não basta
ocorrer apenas uma das situações acima dispostas, sempre para ser considerada legítima
defesa, tem que preencher todos os requisitos e o afastamento de um deles será considerado
conduta típica e antijurídica.
Como na legítima defesa, o estado de necessidade deve preencher alguns requisitos,
tais como: a ameaça de direito próprio ou alheio; existência de perigo atual e inevitável;
inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado; não provocação voluntária do perigo; a
inexistência de dever legal de enfrentar o perigo e o conhecimento da situação de fato
justificante.
Fernando Capez (2014, p. 293-294) define estado de necessidade como sendo:
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A legítima defesa está prevista no artigo 23 do Código Penal, segundo o qual:
Já o artigo 25 do mesmo diploma legal dispõe que: “entende-se por legítima defesa
quem, usando moderadamente meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem” (BRASIL, 1984).
Portanto, para que o agente seja amparado por esta excludente de ilicitude, deve
preencher todos os requisitos descritos na norma penal, ou seja, a inexistência de um dos
critérios ensejará em excesso, podendo ser doloso ou culposo. Os critérios que afastam a
tipicidade da conduta são:
Injusta agressão – ameaça de lesão a bem juridicamente protegido, tendo que ser
necessariamente ação humana;
Agressão atual ou iminente – o agente pode se defender de ação que está acontecendo
(presente), ou até mesmo, por acontecer, desde que haja um justo receio de ataque contra ele
(futuro próximo);
Agressão a direito próprio ou alheio – no ordenamento jurídico brasileiro, qualquer bem
jurídico pode ser protegido, ou seja, bem pertencente àquele que se defende ou de um terceiro,
sendo essa conduta encontrando respaldo no princípio da solidariedade humana;
Reação com meios necessários – meios necessários são aqueles que o agente tem a sua
disposição, para repelir a injusta agressão, tanto a direitos seus como de terceiros, de maneira
que a ação seja menos lesiva possível. Devendo ser analisado a cada caso concreto de forma
flexível;
Uso moderado dos meios necessários – para a determinação do uso moderado dos meios
necessários, o magistrado utiliza-se do perfil do homem médio, ou seja, qualquer pessoa
naquele momento agiria da mesa maneira, levando em conta a cada caso concreto, a
gravidade da lesão e relevância do bem juridicamente protegido. Sendo o bem protegido de
igual valor ou superior ao lesado, podendo, se contrários, incorrer em excesso.
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A situação justificante na legítima defesa caracteriza-se pela ocorrência da agressão
injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio.
Pode-se dizer que toda situação que preencher os requisitos acima expressos, será uma
situação justificante.
Então, diante de uma agressão humana, a um bem jurídico tutelado, sendo ela atual ou
prestes a acontecer, contra direito seu ou de terceiros, o agente estará amparado para agir em
sua defesa.
Na legítima defesa o agente não pode ser o causador da agressão, sendo necessário que
a agressão seja imotivada, ou seja, não provocada, pois, não há legítima defesa contra legítima
defesa.
Há também a atualidade do fato ou iminência, o agente só poderá agir se a agressão
estiver acontecendo ou na iminência de acontecer. Portanto não existe ação justificante contra
uma agressão agendada, ou futura, sendo assim, a agressão deve estar necessariamente no
intervalo entre a consumação formal e material da ação antijurídica.
Todos os direitos pessoais são suscetíveis de legítima defesa e em consequência disto
o de terceiros. (SANTOS, 2008)
[...] é preciso verificar que a sociedade atual não coloca a questão da forma como,
idealmente, deveria fazer. Vê-se o cônjuge inocente e enganado como o maculado, o
frouxo, aquele que teve a sua reputação manchada, mormente se nada faz no exato
momento em que constata o flagrante adultério. Admissível, pois, em nosso
entender, que possa agir para preservar os laços familiares ou mesmo a sua honra
objetiva, usando, entretanto, violência moderada. Exemplo: pode expulsar o amante
da esposa de casa, mesmo que para isso deva empregar força física. Não deve
responder por lesões corporais. O que certamente não se deve tolerar jamais é a
prática do homicídio contra o cônjuge adúltero como forma de “reparar” a honra
ofendida, pois há evidente desproporcionalidade entre a injusta agressão e a reação.
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Considerando as opiniões dos ilustres estudiosos, prudentemente há que se concordar
com a conduta moderada, pois o precedente de violência nunca será a melhor maneira de se
resolver os conflitos em sociedade. Ainda levando em conta a valoração dos bens em choque:
“a vida” e “a honra”, sendo que, neste caso, entende-se a vida como sendo o bem mais preciso
que o ser humano possui; seria, portanto, descabido ceifá-la para preservar a honra.
O excesso pode ser definido como sendo tudo o que extrapola o artigo 25 do Código
Penal Pátrio, o qual possui as seguintes características: Meios moderadamente necessários;
Injusta agressão; Agressão atual ou iminente a direito seu ou de outrem.
Ao contrário disso a legítima defesa é uma causa de exclusão da ilicitude, visto que,
está definido no artigo 23 do Código Penal.
O excesso na legítima defesa pode ser culposo ou doloso, então, frente a isso deve ser
analisada tanto no quesito objetivo (letra da lei) quanto no subjetivo (conduta específica de
cada caso concreto).
O fato motivador da legítima defesa e consequentemente ocorrendo o excesso, não
precisa ser necessariamente fato típico, ocorrendo também em uma conduta atípica, basta que
se amolde nas características do artigo em comento.
Segundo Rogério Greco (2012, p. 351-353) o excesso na Legítima Defesa pode ser
doloso ou culposo e sobre eles assevera que:
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Tanto no excesso doloso quanto no culposo, o agente responderá por aquilo que
extrapolar do momento em que a agressão foi cessada.
O excesso exculpante na legítima defesa não se confunde com o excesso culposo e
tampouco com o doloso, vez que esse apesar de não ter previsão na legislação pátria é tratado
pela doutrina e na jurisprudência como causa supralegal de exclusão da culpabilidade.
Tanto o excesso culposo quanto o doloso, como já foi visto anteriormente são
previstos taxativamente pelo ordenamento jurídico.
O excesso exculpante pode ser definido como ação perpetrada por medo, perturbação
de ânimo, ou seja, o indivíduo se encontra em uma situação psicológica afetada (confusão
mental).
Rogério Greco (2012, p.357 ) ensina que:
[...] o pavor da situação em que se encontra envolvido o agente é tão grande que não
lhe permite avaliá-la com perfeição, fazendo com que atue além do necessário para
fazer cessar a agressão. Essa sua perturbação mental o leva, em alguns casos, a
afastar a culpabilidade. Dissemos em alguns casos porque, como regra, uma situação
de agressão que justifique a defesa nos traz uma perturbação de espírito, natural para
aquela situação. O homem, como criatura de Deus, tem sentimentos. Se esses
sentimentos, avaliados no caso concreto, forem exacerbados a ponto de não
permitirem um raciocínio sobre a situação em que estava envolvido o agente, podem
conduzir à exclusão da culpabilidade, sob a alegação do excesso exculpante.
Então, trata-se de um ato que não pode ser censurado, pois, se relaciona com uma
confusão, desordem, confusão mental e perturbação, assim, o estado normal de discernimento
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é afetado.
Guilherme de Souza Nucci (2009, p. 280) assevera que:
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igualmente, exculpável; c) o excesso consciente ou inconsciente produzido somente
por afetos astênicos de ira ou ódio é punível; d) o excesso consciente produzido pela
crença errônea na necessidade de defesa caracteriza hipótese de legítima defesa
putativa (a imprudência remanescente é punível, se prevista em lei).
4 CONCLUSÃO
RESUMEN
La legítima defensa es una causa de excluyente de ilicitud, puede ser clasificado como una
reacción, hecha con moderación y se valiendo de los medios necesarios, en contra de una
agresión injusta, actual o inminente, para buscar proteger el derecho propio o ajeno. Cuando
la acción es causado por grande perturbación psíquica, sacando la capacidad del agente de
orientar en acordó con la norma, la defensa hecha en contra el agresor, todavía aumentada,
podrá excluye el crimen, por la falta de culpabilidad del agente, este estudio tiene por objetivo
hacer la analices de la legítima defensa sacadora de la culpa en derecho Brasileño e los
delimitadores de la misma. Para tanto busco-se en la doctrina de conceptuados autores e
estudiosos del área. Al término de la pesquisa hubo la conclusión que los efectos asténicos,
como el miedo, susto e demás emociones sin controle consciente, constituyen excesos que
sacan la culpa en la legítima defensa, haciendo del fato, indiferente al derecho penal.
Palabras principales: legítima defensa, sacadoras de la ilicitud, sacadoras de la culpabilidad
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