Você está na página 1de 1

HOME > DIREITO > LEGÍTIMA DEFESA: EXCESSO E OFENDÍCULOS

Legítima Defesa: Excesso e


Ofendículos

ÍNDICE

1. RESUMO

2. INTRODUÇÃO

3. CONCEITO, FUNDAMENTO E
NATUREZA JURÍDICA DA
LEGÍTIMA DEFESA
3.1 Conceito
3.2 Fundamento e Natureza Jurídica
3.3 Requisitos
3.3.1 Agressão injusta atual ou
iminente
3.3.2 Direito Próprio ou Alheio
3.3.3 Meios necessários, usados
moderadamente
(proporcionalidade)
3.3.4 Elemento subjetivo:
“animus defendendi”

4. MODALIDADES DE LEGÍTIMA
DEFESA
4.1 Legítima defesa real, própria ou
autêntica
4.2 Legítima defesa putativa
(imaginária)
4.3 Legítima defesa sucessiva
4.4 Legítima defesa recíproca
4.5 Legítima defesa da honra
4.6 Legítima defesa e aberratio ictus
(erro na execução)

5. EXCESSO E OFENDÍCULOS
5.1 Conceito de excesso
5.2 Os tipos de excesso
5.2.1 Excesso doloso
5.2.2 Excesso culposo
5.2.3 Excesso intensivo
5.2.4 Excesso extensivo

5.3 Ofendículos

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

7. REFERÊNCIAS

Imprimir Texto -A +A

O texto publicado foi encaminhado por


um usuário do site por meio do canal
colaborativo Monografias. Brasil Escola
não se responsabiliza pelo conteúdo
do artigo publicado, que é de total
responsabilidade do autor . Para
acessar os textos produzidos pelo site,
acesse: https://www.brasilescola.com.

PUBLICIDADE

Exclusivo Travesseiro Combate Dor na Coluna,


Lombar e Pescoço Relaxando o Corpo no
Sono.
Saber Mais

1. RESUMO

A pesquisa tem por finalidade de estudo o


instituto jurídico da excludente de ilicitude da
legítima defesa, conceitos, definições e
requisitos de configuração e sua importância
no meio legal, bem como os casos e tipos de
excesso na legítima defesa e os ofendículos.
A legítima defesa é a excludente de ilicitude
mais antiga e mais conhecida; cuja definição é
dada pela própria lei que estabelece
encontrar-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito seu ou de outrem. A
excludente de ilicitude tem o condão de alijar
o elemento ilicitude da conduta típica, não
permitindo a formação da estrutura analítica
do crime, por conseguinte, afastando as
consequências que devam pesar sobre o
agente, isentando de pena ou diminuindo,
conforme o caso em concreto. Estuda-se o
cabimento da justificativa da excludente
diante dos requisitos objetivos e subjetivos e
preceitos legais estabelecidos em lei, bem
como o excesso e seus tipos. Explica-se os
ofendículos e sua importância para a
sociedade atual, elencando os entendimentos
doutrinários existentes.

Palavras-chave: Legítima defesa,


antijuridicidade, excesso, ofendículos.

2. INTRODUÇÃO

É grande, atualmente, a preocupação no


mundo jurídico quanto à ineficiência do
Estado em relação a criminalidade, que está
cada vez maior e ocorrendo com mais
violência contra o cidadão de bem. É também
indiscutível que nem sempre se pode
aguardar o socorro do poder público, nem
sempre presente ou imediato, para afastar
uma injusta agressão ao bem jurídico tutelado
desse cidadão.

O assunto, não tão recente, ainda tem sido


motivo de estudos doutrinários por se fazer
presente nos tribunais pátrios em razão das
condutas de indivíduos que se veem em vias
de ter sua integridade ferida pela onda
crescente da criminalidade.

Por isso esse trabalho se propõe a


compreender o instituto da legítima defesa,
resgatando seus conceitos, fundamentos,
características, natureza jurídica, bem como
seus requisitos e modalidades; além de
eventuais divergências doutrinárias quanto a
eles.

O objetivo é analisar as causas que excluem a


antijuricidade do fato típico, determinando as
situações possíveis de utilização da legítima
defesa pela sociedade com o objetivo
específico de determinar os requisitos para
configuração da legítima defesa, avaliando os
casos em que é possível o emprego do
instituto e demostrar as hipóteses de excesso
e as possibilidades dos ofendículos.

A pesquisa bibliográfica pelo método


dedutivo abrangeu consultas a livros
específicos da área, com autores de
admirável conhecimento jurídico como Júlio
Fabbrini Mirabete, Damásio Evangelista de
Jesus, Magalhães Noronha, Fernando Capez,
Rogério Greco, Aníbal Bruno, Guilherme de
Souza Nucci, Francisco de Assis Toledo,
dentre outros doutrinadores; bem como
legislação e jurisprudências.

O primeiro capítulo da pesquisa define


conceito, fundamento, natureza jurídica,
requisitos objetivos e subjetivos da
excludente de ilicitude da legítima defesa,
constatando que o instinto de defesa é
inerente ao ser humano, surge com ele, nasce
com ele, não se tratando de um direito
inventado pelos homens, mas de um direito
natural que foi tutelado e regulado pela lei.

É fato indiscutível que o Estado é o único


possuidor legal para o uso exclusivo da força,
bem como o legítimo detentor da punição (jus
puniendi); logo, não é admitido pelo
ordenamento jurídico que alguém faça justiça
com as próprias mãos, que aja para punir ou a
outro agredir.

Porém, existem as causas excludentes de


ilicitude, previstas no artigo 23 do Código
Penal Brasileiro, significando que o indivíduo
que encontrar-se em uma ou mais das
condições ali descritas após cometer
determinados atos não terá cometido crime
algum, dada a exclusão da ilicitude do ato
praticado. O inciso ll do artigo 23 ratifica a
legítima defesa, e o artigo 25, caput, explica
este instituto.

No segundo capítulo foram trazidas as


modalidades do instituto adotadas pelos
principais doutrinadores da matéria, com
ênfase na legítima defesa real, própria ou
autêntica, tendo em vista que é a hipótese
que se encaixa perfeitamente nos limites
legais, e na sequência se encontram seus
desmembramentos específicos, estando
descritas as modalidades de legítima defesa
putativa, sucessiva como aquela que
transforma o agressor também em agredido,
recíproca, na qual existem ao mesmo tempo
duas defesas legitimas reais, da honra e
também a aberratio ictus, em que o agente
agredido se depara com o erro na execução
da defesa contra agressão injusta atual ou
iminente e acaba ferindo terceiros inocentes
no curso da repulsa.

As hipóteses importantes de excesso doloso


e culposo na legítima defesa, previstas no
artigo 23 do Código Penal; além das
modalidades de excesso intensivo e extensivo
foram abordados no terceiro e último capítulo,
e também os ofendículos com sua definição,
configuração e divergências doutrinárias
acerca de sua natureza jurídica, de maneira a
tornar o estudo mais completo.

Ao longo deste estudo, percebeu-se que o


instituto da legítima defesa é complexo, pois
para que ela seja configurada é necessária a
presença dos requisitos objetivos dispostos
no artigo 25 do Código Penal, bem como do
requisito de ordem subjetiva, que é o
conhecimento por parte do agredido da
situação da injusta agressão e da
necessidade da defesa, sendo essencial e
indispensável.

Que são preciosos os bens jurídicos


amparados pela lei que este instituto visa
tutelar, amparando àqueles que efetivamente
estiverem sofrendo injusta agressão ou
mesmo estiverem prestes a sofrer qualquer
agressão, diante do enorme risco de ter
ceifada a vida, própria ou de terceiros, sua
integridade física, patrimônio, dignidade
sexual, liberdade, honra etc.

Pode-se concluir que ocorre o excesso na


legítima defesa por parte do agente quando
ele atua imoderadamente e utiliza-se de
meios desproporcionais para empreender a
repulsa, transformando o amparo inicial da
excludente de ilicitude em conduta punível,
por ter sido realizada desnecessariamente,
seja de forma dolosa, culposa, extensiva ou
intensiva, e fazendo o agente responder pelos
resultados advindos do excesso; sem,
entretanto, desamparar a legítima defesa
anterior ao excesso cometido.

Em síntese, mesmo que vindo a praticar uma


conduta tipificada no ordenamento jurídico
penal, esta não será constituída plenamente
tendo em vista, a exclusão de ilicitude da
conduta quando a ação ocorre em legítima
defesa ao bem jurídico agredido, devendo
gerar absolvição sumária nos termos da lei
processual penal.

Para concluir, a discussão quanto à natureza


jurídica dos ofendículos é de mero caráter
antecedente, pois os mesmos são aceitos
pelo nosso ordenamento jurídico, devendo o
agente tomar certas precauções e ficar
atento às normas de utilização desses
instrumentos, pois cabe responsabilização
pelos resultados advindos.

3. CONCEITO, FUNDAMENTO E
NATUREZA JURÍDICA DA
LEGÍTIMA DEFESA

3.1. CONCEITO

A própria expressão “legítima defesa”, por


sua clareza, leva a um entendimento pelo
senso comum, no entanto os conceitos
doutrinários são relevantes para uma
compreensão mais profunda do instituto, para
melhor assimilar e entender como tal conceito
se configura dentro de um fato penal.

Como primordial linha de pensamento sobre o


conceito jurídico de legítima defesa, explana
Fernando Capez:

Causa de exclusão da ilicitude

que consiste em repelir injusta

agressão, atual ou iminente, a

direito próprio ou alheio,

usando moderadamente dos

meios necessários. Não há,

aqui, uma situação de perigo

pondo em conflito dois ou mais

bens, na qual um deles deverá

ser sacrificado. Ao contrário,

ocorre um efetivo ataque ilícito

contra o agente ou terceiro,

legitimando a repulsa.1

Contemplando a legislação vigente, tal


conceito traz os requisitos específicos
contidos e positivados em dispositivos do

Decreto Lei n° 2.848/19402, o Código Penal,


no artigo 23, inciso II, in verbis: “Não há crime
quando o agente pratica o fato: II – em
legítima defesa”; e do artigo 25, que diz:
“Entende-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou
iminente, a direito próprio ou alheio”.

Entre várias doutrinas podem-se encontrar


diversos conceitos quase idênticos. Para
Welzel a legítima defesa é “àquela requerida
para repelir de si ou de outro uma agressão
atual e ilegítima. Seu pensamento
fundamental é que o Direito não tem por que

ceder ante o injusto”.3

Já na visão de Rogério Greco:

Como é do conhecimento de

todos, o Estado, por meio de

seus representantes, não pode

estar em todos os lugares ao

mesmo tempo, razão pela qual

permite aos cidadãos a

possibilidade de, em

determinadas situações, agir

em sua própria defesa.

Contudo, tal permissão não é

ilimitada, pois encontra suas

regras na própria lei penal. Para

que se possa falar em legítima

defesa, que não pode jamais

ser confundida com vingança

privada, é preciso que o agente

se veja diante de uma situação

de total impossibilidade de

recorrer ao Estado, responsável

constitucionalmente por nossa

segurança pública, e, só assim,

uma vez presentes os

requisitos legais de ordem

objetiva e subjetiva, agir em

sua defesa ou na defesa de

terceiros.4

Francisco de Assis Toledo apresenta um


conceito interessante a respeito da legítima
defesa:

O reconhecimento da faculdade

de autodefesa contra

agressões injustas não

constitui uma delegação

estatal, como já se pensou,

mas a legitimação pela ordem

jurídica de uma situação de fato

na qual o direito se impôs

diante do ilícito. Significativo,

pois, é que, no direito alemão, o

instituto tenha o nome de

defesa necessária. (Notwehr).

Segundo Dreher e trondle, “a

defesa necessária (legítima

defesa) é uma causa de

justificação que se baseia no

princípio de que o direito não

precisa retroceder diante do

injusto.” pelo que “. a defesa

vale, pois, não só para o bem

jurídico ameaçado mas

também, simultaneamente,

para a afirmação da ordem

jurídica”5

É oportuno expressar um conceito


esclarecedor e muito dinâmico de Guilherme
de Souza Nucci:

É a defesa necessária
empreendida contra agressão

injusta, atual ou iminente,

contra direito próprio ou de

terceiros, usando, para tanto,

moderadamente, os meios

necessários. Trata-se do mais

tradicional exemplo de

justificação para a prática de

fatos típicos. Por isso, sempre

foi acolhida, ao longo dos

tempos, em inúmeros

ordenamentos jurídicos, desde

o direito romano, passando

pelo direito canônico, até

chegar à legislação moderna.6

Portanto, a legítima defesa consiste em


repelir injusta agressão, sendo atual ou
iminente a direito próprio ou alheio, usando
meios necessários moderados.

3.2. FUNDAMENTO E NATUREZA


JURÍDICA

Como o Estado não tem como cumprir


totalmente seu papel de precursor da
segurança e usar de seu poder para cessar
uma ação criminosa contra a sociedade de
bem, uma vez que não tem condições para
estar no lugar dos atos delituosos no exato
momento em que são praticados, para suprir
sua omissão surgiu o instituto da legítima
defesa, uma hipótese em que se dá ao
cidadão a possibilidade de repelir uma
agressão injusta de maneira legal, sem se
tornar punível; ilustrando um trecho de Nucci:
“Valendo-se da legítima defesa, o indivíduo
consegue repelir agressões indevidas a
direito seu ou de outrem, substituindo a

atuação da sociedade ou do Estado”.7

Assim, a legítima defesa é fundada no direito


de uma pessoa se defender de maneira lícita;
pois, ainda conforme Nucci, “A ordem jurídica
precisa ser mantida, cabendo ao particular

assegurá-la de modo eficiente e dinâmico”.8

Baseando-se no que diz o doutrinador


Fernando Capez, “O Estado não tem
condições de oferecer proteção aos cidadãos
em todos os lugares e momentos, logo,
permite que se defendam quando não houver
outro meio”. Citando também a importância
da legitima defesa: “Natureza Jurídica: Causa

de Exclusão da ilicitude”.9

E também Rogério Greco:

Como é do conhecimento de

todos, o Estado, por meio de

seus representantes, não pode

estar em todos os lugares ao

mesmo tempo, razão pela qual

permite aos cidadãos a

possibilidade de, em

determinadas situações, agir

em sua própria defesa.10

Dessa forma, a legítima defesa estabelecida


em lei, como o próprio nome diz, é um
instituto que legalizou a defesa pessoal,
contra uma agressão atual ou iminente que
seja extremamente injusta e que cuja conduta
do agressor esteja tipificada em norma penal;
bem como a conduta contrária do agredido,
ou seja, da vítima que comete ato típico para
repelir a injusta agressão suprindo a omissão
do Estado em uma hora de enorme
necessidade, sendo indiscutível a defesa do
agredido que não poderia esperar até que a
segurança pública pudesse socorrê-lo.

Contempla a mesma linha o pensamento de


Damásio E. de Jesus:

Entendemos que a legítima

defesa constitui em direito e

causa de exclusão da

antijuridicidade. Não é certo

afirmar que exclui a

culpabilidade. Como dizia

Bettiol, afirma que constitui

uma causa de isenção de

culpabilidade supõe

desconhecer o que há de mais

característico na luta em que se

vê o bem injustamente

agredido. Não pode ser

considerada ilícita a afirmação

do próprio direito contra a

agressão que é contrária às

exigências do ordenamento

jurídico. É uma causa de

justificação porque não atua

contra o direito quem comete a

reação para proteger um direito

próprio ou alheio ao qual o

Estado, em face das

circunstâncias, não pode

oferecer a tutela mínima.11

Damásio E. de Jesus também explica que:

Só o Estado tem o direito de

castigar o autor de um delito.

Nem sempre, porém, o Estado

se encontra em condições de

intervir direta ou indiretamente

para resolver problemas que se

apresentam na vida cotidiana.

Se não permitisse a quem se vê

injustamente agredido em

determinado bem reagir contra

o perigo de lesão, em vez de

aguardar a providência da

autoridade pública, estaria

sancionando a obrigação de o

sujeito sofrer passivamente a

agressão e legitimando a

injustiça.12

No Direito existem várias teorias e


pensamentos expressos de distintas
maneiras. Mas nos estudos de renomados
doutores e vasta gama de autores sobre o
tema, salvo algumas minúcias, o sentido é o
mesmo, formando as teorias que temos hoje
em dia na órbita jurídica. Como norte de
qualquer estudo, o doutrinador Júlio Fabbrini
Mirabete divide o fundamento da legítima
defesa em dois grupos de teorias, o das
subjetivas e o das objetivas, conforme:

As teorias subjetivas, que a

consideram como causas

excludentes de culpabilidade,

fundam-se na perturbação de

ânimo da pessoa agredida ou

nos motivos determinantes do

agente, que conferem licitude

ao ato de quem se defende etc.

As teorias objetivas, que

consideram a legítima defesa

como causas excludentes da

antijuridicidade, fundamentam-

se na existência de um direito

primário do homem de

defender-se, na retomada pelo

homem na faculdade de defesa

que cedeu ao Estado, na

delegação de defesa pelo

Estado, na colisão de bens em

que o mais valioso deve

sobreviver na autorização para

Você também pode gostar