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EXCELENTÍSSIMO SR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA 1º CAMARA

CRIMINAL DO EGREGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO


GROSSO.

APELAÇÃO CRIMINAL nº. 0000051-67.2020.8.11.0021 - PJE - Comarca de


Água Boa/MT. PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL. RELATOR : Des. Paulo da
Cunha.
APELANTE : Ari Pacheco Pereira. APELADO : O Ministério Público do
Estado de Mato Grosso. C.

COLENDA CÂMARA CRIMINAL

ÍNCLITOS JULGADORES

EMINENTE RELATOR :

Ari Pacheco Pereira , já qualificado nos autos do


processo em epígrafe, vem, resepeitosamente, por seu advogado
apresentar RAZÕES DE APELAÇÃO, contra a sentença condenatória
prolatada nestes autos, pois O Juiz Presidente cometeu erro e injustiça na
aplicação da pena e ainda decidiu de forma contrária à lei expressa e à
decisão dos jurados, ensejando a apelação, com arrimo no artigo 593, III,
alíneas b e c do CPP.

DOS FATOS

1
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por
um de seus Membros em ofício na Comarca de Água Boa – MT, ofereceu
denúncia contra o Apelante, pela pratica de homicídio qualificado por
motivo torpe ( vingança e uso de meio que dificultou ou impossibilitou a
defesa da vítima ( art. 121, § 2º. Incisos I e IV do Código Penal ) e posse
irregular de arma de fogo de uso permitido ( artigo 12 da Lei 10826/2003
).

Vencidas as etapas processuais da judicium


acusationes foi o Apelante submetido a julgamento pela Corte Popular.

Como resultado do julgamento, foi afastada a


qualificadora do motivo torpe (vingança), restando condenado nas
penas do artigo 121 § 2º, IV e pelo crime do artigo 12 da Lei
10.826/2003.

Dosando a pena, (sentença - identificador


108106175) o Magistrado de piso impôs ao Apelante , pela prática de
homicídio qualificado a pena de 29 anos, 09 meses e 08 dias e pela
prática da posse irregular de arma de fogo de uso proibido a pena de 1
ano de detenção, em concurso material.

Da sentença colhe-se que na primeira fase da


dosimetria da pena , em relação ao homicídio, a pena foi estabelecida
em 18 ( dezoito ) anos e 09 ( nove ) meses :

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Sentença ( id. 108106175 )

( ... )

1 - DOSIMETRIA DA PENA

1.1 - DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (ART. 59 DO


CÓDIGO PENAL)

Procedo a uma só análise das circunstâncias


judiciais para ambos os crimes, tendo em vista que
foram cometidos no mesmo contexto fático.

1.1 - DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (ART. 59 DO


CÓDIGO PENAL)

Procedo a uma só análise das circunstâncias


judiciais para ambos os crimes, tendo em vista que
foram cometidos no mesmo contexto fático.

A culpabilidade do réu, no que tange ao


crime de homicídio qualificado, demonstrou-se
acentuada, extrapolando os limites da norma penal,
isto porque o acusado efetuou vários disparos de
arma de fogo, os quais foram a causa da morte da
vítima. Tratando-se dos antecedentes, não há motivos
idôneos para considerar tal circunstância e elevar a
pena nesta fase. No que se refere à conduta
social, não há elementos que indiquem instabilidade
no meio. Quanto à personalidade, não existem
indícios que indiquem desvios. Os motivos foram
objeto de apreciação pelos jurados (qualificadoras). As

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circunstâncias são totalmente desfavoráveis no crime
de homicídio qualificado, haja vista que houve
premeditação do delito, uma vez que o réu foi até a
chácara da vítima, armado, e, com a intenção prévia
de ceifar a vida da mesma. As consequências também
merecem valoração, uma vez que a filha da vítima,
sra. Karina, em plenário, relatou que ela e uma de
suas filhas, ficaram com graves traumas psicológicos
decorrentes da morte da vítima. Ao final,
o comportamento da vítima não influenciou no
cometimento do delito. 

1.2 - DO CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART.


121, §2º, I e IV, DO CP)

 Conforme fundamentação anterior,


analisando as circunstâncias judiciais do
acusado, na PRIMEIRA FASE, fixo a pena-base em 18
(DEZOITO) ANOS E 09 (NOVE) MESES DE RECLUSÃO.

Prosseguindo, na segunda fase, reconheceu o Juiz o4


(quatro agravantes) e uma atenuante (confissão):

NA SEGUNDA FASE, levando em conta que a


qualificadora do recurso que dificultou a defesa da
vítima serviu para tipificar o delito, a outra, relativa
ao motivo torpe, apesar de não acolhida pelos
jurados, deve ser reconhecida como agravante,
prevista no art. 61, inciso II, alínea “a”, do CP, vez que
o acusado nitidamente praticou o delito em
decorrência do desejo de vingança que nutria contra a
vítima. Ainda, faz-se presente a agravante de
reincidência (prevista no art. 61, I, do CP), tendo em

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vista que o réu possui condenação definitiva por
tentativa de homicídio, no Estado de São Paulo,
Comarca de Olímpia (autos n. 0090006-
25.2001.8.26.0000), bem como a agravante prevista
no art. 61, II, “f”, do CP, vez que o acusado cometera
o crime de homicídio prevalecendo-se de relações
domésticas, já que era ex-genro da vítima. Ainda, recai
sobre o réu, a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do
CP, pois à época dos fatos, a vítima contava com 63
(sessenta e três) anos de idade (data de nascimento:
04/10/1956 – data dos fatos 18/12/2019). Com isso,
incide sobre o réu, as 04 (quatro)
agravantes supramencionadas. Lado outro, em
Plenário do Júri, o acusado confessou a prática do
delito, razão pela qual reconheço a atenuante de
confissão, prevista no art. 65, III, “d”, do CP. Com
efeito, procedo a compensação entre a única
atenuante apresentada e uma circunstância
agravante, considerando ao final o aumento das
outras 03 (três) agravantes. Nesta senda, FIXO A PENA
INTERMEDIÁRIA EM 29 (VINTE E NOVE) ANOS, 09
(NOVE) MESES E 08 (OITO) DIAS DE RECLUSÃO.

Por consequencia das agravantes reconhecidas, a pena


base foi agravada de 11 anos, totalizando 29 ( vinte e nove anos, 09 ( nove
) meses e 08 ( oito ) dias ( vinte e nove anos, nove meses e oito dias .

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Na terceira fase não houve incidencia de causas
especiais de aumento ou diminuição de pena .

Portanto , pela prática de homidio qualificado por uma


única qualificado restou o acusado condenado em 29 ( vinte e nove anos,
09 ( nove ) meses e 08 ( oito ) dias.

Quanto ao delito de posse irregular de arma , embora


tenha o Sentenciante procedo , nos termos da sentença a “ uma só análise
das circunstâncias judiciais para ambos os crimes, tendo em vista que
foram cometidos no mesmo contexto fático” a pena foi imposta no
mínimo legal , 1 ( um ) ano de reclusão.
Inconformado, tempestivamente, pois a pena
imposto divorciou-se dos parâmetros da Lei, da razoabilidade e da
Jurispudência , o acusado apelou ao Tribunal, sendo o recurso recebido.

É o suficiente relatório.

1 - DA DOSIMETRIA DA PENA

Na matéria, observe-se o que determina o artigo 5º,


XLVI, da Constituição Federal quando prescreve:

A lei regulará a individualização da pena e adotará,


entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

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d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos.

O momento da dosimetria da pena é a materialização


do  princípio constitucional da individualização da pena, previsto no art.
5º, inciso XLVI, da Constituição da República Federativa do Brasil, garante
aos indivíduos no momento de uma condenação em um processo penal,
que a sua pena seja individualizada, isto é, levando em conta as
peculiaridades aplicadas para cada caso em concreto. A aplicação do
princípio da individualização da pena pode ser dividida em três etapas
diferentes. O primeiro momento é uma etapa que se chama de fase in
abstrato. O legislador faz a aplicação deste princípio para elaboração do
tipo penal incriminador, com a determinação das penas em abstrato
estabelecendo os patamares mínimo e máximo de pena que poderá ser
aplicado pelo juiz a cada caso concreto. A segunda fase, a individualização
judiciária, é o momento em que o juiz faz a aplicação do tipo penal ao ato
que o acusado cometeu, verificando qual será a pena mais adequada,
levando em conta as características pessoais de cada réu.

Na seara infra constitucional, o Código Penal


( Decreto Lei 2848/40) , adotou o método trifásico para a fixação da pena,
por expressa previsão do artigo 68 do Codex Penal.

Assim, estabelece-se a pena base, observadas as


circunstancias judiciais ( CP artigo 59, caput ). Na segunda fase da fixação,
são consideradas as atenuantes e agravantes, previstas respectivamente
no artigos 65 e 61 do CP . Na terceira e última fase, consideram-se as
causas de aumento e diminuição da pena.

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Pois bem.

Conforme se demonstrará, o Juíz Togado cometeu


erro e injustiça na aplicação da pena e ainda decidiu de forma contrária à
lei expressa e à decisão dos jurados, ensejando a apelação, forte no artigo
593, III, alíneas b e c do CPP.

1.2 DA PENA BASE – CIRCUNSTANCIAS JUDICIAIS


(CP artigo 59 caput) .

No caso em tela, das 08 ( oito ) circunstancias judiciais


previstas no caput do artigo 59 do CP, o Juiz avaliou desfavoravelmente ao
Apelante três , a saber : culpabilidade , circunstancias e consequências.

Ao cumprir o dever constitucional de fundamentação,


eis os fundamentos indicados como autorizadores da elevação da
reprimenda de seu piso legal :

Sentença ( id 108106175 )

( ... )

 culpabilidade do réu, no que tange ao crime de


homicídio qualificado, demonstrou-se acentuada, extrapolando os limites
da norma penal, isto porque o acusado efetuou vários disparos de arma
de fogo, os quais foram a causa da morte da vítima;

As circunstâncias são totalmente desfavoráveis no


crime de homicídio qualificado, haja vista que houve premeditação do
delito, uma vez que o réu foi até a chácara da vítima, armado, e, com a
intenção prévia de ceifar a vida da mesma e

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As consequências também merecem valoração, uma
vez que a filha da vítima, sra. Karina, em plenário, relatou que ela e uma
de suas filhas, ficaram com graves traumas psicológicos decorrentes da
morte da vítima.

É pacifico que circunstancias judiciais desfavoráveis


podem autorizar a elevação da pena base acima do mínimo legal.

Todavia, também não é menos certo que para tanto, a


elevação , há que se apontar fundamentação concreta e específica que
extrapolem os elementos inerentes ao tipo penal .

Nesse sentido, o STJ

“O entendimento desta Corte firmou-se no sentido de


que, na falta de razão especial para afastar esse
parâmetro prudencial, a exasperação da pena-base,
pela existência de circunstâncias judiciais negativas,
deve obedecer à fração de 1/6, para cada
circunstância judicial negativa. O aumento de pena
superior a esse quantum, para cada vetorial
desfavorecida, deve apresentar fundamentação
adequada e específica, a qual indique as razões
concretas pelas quais a conduta do agente
extrapolaria a gravidade inerente ao teor da
circunstância judicial.” (AgRg no HC 460.900/SP, j.
23/10/2018).

Não foi o caso dos autos.

Com efeito, vejamos cada uma das circunstancias


judiciais e sua fundamentação posta na sentença :

A culpabilidade do réu, no que tange ao crime de


homicídio qualificado, demonstrou-se acentuada,
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extrapolando os limites da norma penal, isto porque o
acusado efetuou vários disparos de arma de fogo, os
quais foram a causa da morte da vítima.

A vítima foi atingida por 3 (três) disparos, que


causaram ( quatro ) lesões; sendo 3 ( três ) de
entrada e 1 ( um ) de saída ( identificador - laudo
pericial 310..06.2020.001063-01.

Ora, em que pese o óbito da vítima, sempre


lamentável em qualquer circunstância, não há que se
falar em número excessivo de disparos à autorizar a
valoração negativa, uma vez que estamos frente ao
elemento do dolo, inerente ao tipo penal.

Assim, temos que o fundamento é inidôneo, genérico


e divorciado de elementos de prova dos autos,
devendo ser afastada a valoração negativa.

As circunstâncias são totalmente desfavoráveis no


crime de homicídio qualificado, haja vista que houve
premeditação do delito, uma vez que o réu foi até a
chácara da vítima, armado, e, com a intenção prévia
de ceifar a vida da mesma.

Ora, Apelante em sua confissão judicial declarado que


fora ao local do crime para conversar com a vítima.

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É certo que estava armado, porém, este fato deve-se a
circunstância de que a cerca de um ano antes a própria vítima quase o
matara com golpes de faca.

Todavia, não se pode olvidar que a tese de que de


que a ocorrência fatídica se relacionasse com os fatos passados foi
recusado pelo Conselho de Sentença afastam, por corolário, a afirmação
de que houve premeditação.

Ademais, a fundamentação não indica nenhum


elemento dos autos que arrime a compreensão, sendo, portanto,
desprovida de elementos específicos que justifiquem seu reconhecimento.

Há que ser afastada.

Idêntica sorte merece o fundamento em relação as


consequências.

Ei-las :

Sentença ( id 108106175 )

( ... )

As consequências também merecem valoração, uma


vez que a filha da vítima, sra. Karina, em plenário,
relatou que ela e uma de suas filhas, ficaram com
graves traumas psicológicos decorrentes da morte da
vítima.

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Sem nenhum menoscabo à dor daqueles que perdem
seus entes queridos, cumpre assinar que essa é uma consequência
natural.

Segundo assevera o Sentenciante, a informação fora


prestada pela informante, filha da vítima em seu depoimento judicial.

Entretanto, nos autos não se encontra encartado


qualquer outro documento, seja laudo médico ou psicológico que se
preste a comprovação da alegação e pudesse corroborar a tese.

Destarte, há que ser afastada também a presente


circunstancia judicial, pela inidoneidade e caráter genérico dos
fundamentos.

1.2 – SEGUNDA FASE – PENA INTERMEDIÁRIA –

ERRONEA INCIDENCIA DE AGRAVANTES.

Na segunda fase da dosimetria há negativa de vigência


aos artigos 61 , 65, 67 do CP.

Com efeito, após estabelecer a pena base, o Juízo de


piso reconheceu a incidência de 04 ( quatro ) circunstancias agravantes :
motivo torpe ( art. 61, inciso II , CP ), reincidência ( art. 61, inciso II,CP ) ;
agravante prevista no art. 61, II, “f”, do CP, vez que o acusado cometera o
crime de homicídio prevalecendo-se de relações domésticas, já que era

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ex-genro da vítima e  agravante prevista no art. 61, II, “h”, do CP, pois à
época dos fatos, a vítima contava com 63 de idade.

Eis, em seus exatos termos, a sentença (id 108106175) :

NA SEGUNDA FASE, levando em conta que a


qualificadora do recurso que dificultou a defesa da
vítima serviu para tipificar o delito, a outra, relativa
ao motivo torpe, apesar de não acolhida pelos
jurados, deve ser reconhecida como agravante,
prevista no art. 61, inciso II, alínea “a”, do CP, vez que
o acusado nitidamente praticou o delito em
decorrência do desejo de vingança que nutria contra a
vítima. Ainda, faz-se presente a agravante de
reincidência (prevista no art. 61, I, do CP), tendo em
vista que o réu possui condenação definitiva por
tentativa de homicídio, no Estado de São Paulo,
Comarca de Olímpia (autos n. 0090006-
25.2001.8.26.0000), bem como a agravante prevista
no art. 61, II, “f”, do CP, vez que o acusado cometera
o crime de homicídio prevalecendo-se de relações
domésticas, já que era ex-genro da vítima. Ainda, recai
sobre o réu, a agravante prevista no art. 61, II, “h”, do
CP, pois à época dos fatos, a vítima contava com 63
(sessenta e três) anos de idade (data de nascimento:
04/10/1956 – data dos fatos 18/12/2019). Com isso,
incide sobre o réu, as 04 (quatro)
agravantes supramencionadas. Lado outro, em

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Plenário do Júri, o acusado confessou a prática do
delito, razão pela qual reconheço a atenuante de
confissão, prevista no art. 65, III, “d”, do CP. Com
efeito, procedo a compensação entre a única
atenuante apresentada e uma circunstância
agravante, considerando ao final o aumento das
outras 03 (três) agravantes. Nesta senda, FIXO A PENA
INTERMEDIÁRIA EM 29 (VINTE E NOVE) ANOS, 09
(NOVE) MESES E 08 (OITO) DIAS DE RECLUSÃO.

DA AGRAVANTE DO MOTIVO TORPE

Conforme anuncia a própria sentença, o motivo torpe


foi submetido aos jurados.

Sendo o Conselho de Sentença Juiz dos fatos, ao nega-


lo, vedado ao Juiz reconhece-lo como agravante, pena de afronta a
soberania do veredito da Corte Popular.

É necessário distinguir esta situação daquelas em que


as agravantes não foram submetidas à Corte Popular e , neste caso,
podem ser reconhecidas pelo Juiz Togado. Entretanto, estamos diante de
outra hipótese, pois no caso em julgamento, a torpeza pela vingança foi
submetida e rechaçada pelos juízes do fato , que a recusaram.

Fossem outros fatos indicados para fundamentar a


torpeza até seria admissível, porém, o Magistrado o fez nos exatos termos
que negado o acolhimento pelos Jurados.

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A admissão , implicaria em verdadeira usurpação da
competência dos Juízes do fato, o que é incompatível com a lógica que
envolve a competência reservada ao Tribunal do Juri , instituída na Magna
Carta , implicando em afronta Artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea "c", da
Constituição Federal.
Portando, há que ser decotada a agravante do motivo
torpe, caracterizado pela vingança.

DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA ( art. 61 , I do CP )

Para fins de reconhecimento da agravante, baseou-se


o sentenciante exclusivamente em certidão de condenação do acusado
em outro feito, como se vê pela própria numeração colacionada à
sentença , do ano de 2001.
Referido processo tramitou na antiga 1ª Vara Criminal
da Comarca de Olimpia- SP, tendo por número antigo 5/98 .
A pena imposta naquele processo foi integralmente
cumprida quase uma década antes dos fatos delituosos apurados neste
feito do qual se apela.
Portanto, vencido o prazo depurador de 05 ( cinco )
anos, não há que se falar em reincidência, nos termos do artigo 64, I do
CP, havendo de afastar-se a agravante da reincidência .
Aponte-se, por necessário, a defesa junta aos autos
certidão emitida pelo site do Tribunal de Justiça de São Paulo, onde se vê
que não há processo.
Em consulta na Comarca de Olimpia, estado de São
Paulo, Vara de Execuções Penais, a defesa manteve contato com a
servidora Lurdinha, que informou que a certidão constando a data de
extinção de punibilidade pelo cumprimento da pena apenas é fornecida
quando solicitada por ordem judicial.
Por cautela, fica desde logo requerido, por se tratar de
documento necessário à defesa do Apelante, mas não disponível a este ,
que seja oficiado à Comarca de Olimpia – SP, solicitando certidão de

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objeto e pé dos autos 5/98, que tramitou na antiga 1 ª Vara Criminal , em
nome de Ari Pacheco Pereira, CPF 181.964.908-30, RG 286784154 SSP/SP,
nascido em , filho de .

AGRAVANTE PREVISTA NO ART. 61, II, “F”, DO CP


REALAÇÕES DOMÉSTICAS

Sentença ( id id 108106175)
( ... )
agravante prevista no art. 61, II, “f”, do CP, vez que o
acusado cometera o crime de homicídio
prevalecendo-se de relações domésticas, já que era
ex-genro da vítima.

Da leitura da sentença se extrai elementos que


desautorizam a incidencia da agravante , pois conforme se lê, a vítima era
ex sogro do Apelante.
A agravante em questão tem por objeto punir os que
cometem ilícitos no ambito das relaçoes domésticas.
A vitima fora sogro do acusado. Não era mais. Há mais
de um ano não se viam.
Por certo, são as relações domesticas que são
protegidas, não os títulos que as pessoas sustentam após o término das
relaçoes.
Neste caso, falta elemento fático para sustentar a
incidência da agravante, pois, não mais existindo há muito a propria
relação doméstica, impossivel agravar a pena baseado apenas na
nomenclatura de “ex sogro”.
Há pois, sob pena de afronta e negativa de vigênia aos
artigo 61, incisos I, II, alínea “ a” e II, alinea “f” , todos do CP, que se
excluir da pena a incidencia das mencionadas agravantes.

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Por outro lado, tendo em vista que a confissão
reconhecida na sentença tem natureza subjetiva, há que preponderar
sobre aquelas de natureza objetiva, forte na dicção do artigo 67 do Código
Penal , o que leva a manutenção da pena nos mesmos patamares
estabelecidos na pena primeira fase ( pena base ) .

Em conclusão do exposto, requer a readequação da


pena, dentro dos parâmetros da Lei, razoabilidade e Jurisprudencia :

a ) excluindo na primeira fase da dosimetria as


circuntancias judiciais ( CP artigo 59, caput ) da
culpabilidade, consequencias e circunstanciais ;
b ) na segunda fase, o afastamento da incidência das
agravantes :
b-1 da reincidencia ( CP art. 62, I ) pela incidencia do
artigo 64, I do CP ( extinção da pena e a infração
posterior tiver decorrido período de tempo superior a
5 (cinco) anos) ;
b-2 por motivo torpe ( CP artigo 62, II , alínea a ) em
razão da imposibilidade do Juiz Togado reconhecer
agravante baseado em fato negado pelos Jurados e
pela inidoneidade da fundamentação e
b-3 da prevalecência das relações domésticas ( CP
artigo 62, II, alínea f – basedo no fato reconecido na
própria sentença que os vínculos não mais existiam ao
tempo dos fatos ( ex sogro ) .
c ) que seja , no consurso de agravantes e atenuantes,
considerada , preponderante a atenuante da
confissão, por sua natureza subjetiva;
Requer ainda, por se tratar de documento necessário
à defesa do Apelante, mas não disponível a este , que seja oficiado à
Comarca de Olimpia – SP, solicitando certidão de objeto e pé dos da ação
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penal 5/98, que tramitou na antiga 1 ª Vara Criminal , em nome de Ari
Pacheco Pereira, CPF 181.964.908-30, RG 286784154 SSP/SP.

Nos termos expostos,

Pugna pelo provimento do recurso.

Barra do Garças – MT, 10/12/2021.

Joao Rodrigues de Souza


OABMT 5876

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