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Direito Penal III – Prof. Dr.

Guilherme de Souza Nucci

Turma NA5 – Seminário: Agravantes e atenuantes

1) Em determinado caso concreto, durante a elaboração da sentença


condenatória, o magistrado competente fixou a pena-base do réu no mínimo
legal, em 4 anos de reclusão e 10 dias-multa, pelo crime de roubo majorado
(CP, art. 157, § 2º). O magistrado ainda verificou a presença de três
circunstâncias agravantes, consistentes em: reincidência, vítima idosa e
emboscada.

Com base em tais informações, determine a pena do réu na segunda


fase do cálculo, observado o sistema trifásico previsto no art. 68, caput, do
Código Penal.

Considerando o critério de aplicação de pena abaixo:

1 agravante: 1/6

2 agravantes: 1/5

3 agravantes: 1/4

4 anos + ¼ = 5 anos

10 dias multa + ¼ = 12 dias multa

Pena = 5 anos e 12 dias multa

2) José elabora um plano para matar os próprios pais, maiores de


sessenta anos, a fim de receber o dinheiro da herança (torpe - qualificação)
correspondente. Para tanto, José utiliza Bernardo, menor de idade, para a
execução do crime, instigando-o e convencendo-o a cometer o delito,
mediante o emprego de meio cruel (qualificação).

Em caso de eventual condenação penal de José, quais circunstâncias


agravantes podem ser identificadas no caso concreto, com base nas
informações acima mencionadas?

Podem ser identificadas as seguintes circunstâncias agravantes:

- Contra ascendente (artigo 61, II, alínea e)

- Contra maior de sessenta anos (artigo 61, II, alínea h)


- Utilização de meio cruel (artigo 61, II, alínea d)

- Instigação de menor de idade (artigo 62, III)

Neste caso não se pode valorar o motivo torpe como agravante, pois esta
circunstância já uma qualificadora prevista no artigo 121, § 2º, I, logo só será
valorada na terceira fase da aplicação da pena: causas de aumento e diminuição,
evitando a ocorrência de bis in idem.

3) Durante a elaboração da sentença condenatória, o juiz observou a


existência de duas circunstâncias legais passíveis de valoração na segunda
fase do cálculo: a prática de crime contra idoso e a confissão espontânea do
réu.

Como deverá o juiz proceder ao valorar as duas circunstâncias legais


em questão? E se a circunstância agravante fosse a reincidência do réu?

O juiz deverá valorar a confissão espontânea acima do crime contra o


idoso, visto que esta é uma atenuante preponderante proveniente do traço da
personalidade do agente, tendo mais peso em sua valoração, conforme artigo 67
do CP (“No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do
limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e
da reincidência.”). Logo, seria um agravante para uma atenuante.

No caso da reincidência como circunstância agravante a resolução seria a


mesma, visto que, por meio da compensação, ambos são valorados como
preponderantes.

4) Durante a regular instrução probatória da ação penal, evidenciou-se


que o réu João, voluntariamente, após o término dos atos executórios do
crime de homicídio, evitou a produção do resultado, arrependendo-se e
levando, com êxito, a vítima ao hospital para atendimento médico, a qual
sofreu apenas lesões corporais de natureza grave.

O magistrado competente, considerando tais fatos, houve por bem


condenar João pelo crime de homicídio tentado e, na segunda fase do
cálculo da pena, aplicar a atenuante do arrependimento espontâneo,
prevista no art. 65, inciso III, alínea b, do Código Penal.
Pergunta-se: agiu corretamente o juiz? Fundamente.

Não. A condenação proferida pelo juiz do caso supracitado foi feita de


modo incorreto, visto que para a situação do réu se aplica o arrependimento
eficaz (superior à atenuante do artigo 65, II, alínea b), e está previsto no artigo 15
do CP (“O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.”).
Portanto João deveria ter respondido apenas pelo crime de lesão corporal de
natureza grave.

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