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Foram utilizados como base para a produção desse roteiro: Livro “Sentença Penal

Condenatória – Teoria e Prática – Ricardo Augusto Schmitt – Editoria Juspodivm”,


jurisprudência do STJ/STF e lições do Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br)

1. RELATÓRIO

Redação: “Trata-se de ação penal proposta pelo MP em desfavor de Fulano pela pratica
dos crimes descritos nos artigos 157 do CP e 244-B do ECA.”

“Ao apresentar sua resposta, a defesa, preliminarmente, afirmou o seguinte: a) ...”

Descreva, sucintamente, demais atos importantes ocorridos no processo.

“Feito em ordem e apto ao seu pronto julgamento.”

“Passo a análise das preliminares.” OU “Não existem preliminares a serem analisadas”

2. FUNDAMENTAÇÃO

O feito encontra-se em ordem e apto a seu pronto julgamento. Passo a análise das
preliminares e das questões prejudiciais de mérito.

2.1 PRELIMINARES E QUESTÕES PREJUDICIAIS DE MÉRITO

a) Da preliminar de nulidade .....

b) Da preliminar de ......

Redação: “Assim sendo, rejeito as preliminares e passo ao exame do mérito, pois que
presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, não havendo nulidades a
serem supridas nesse momento.”
2.2 MÉRITO

Do crime de roubo – Art. 157, caput, do Código Penal (sempre colocar o tipo!!!)

Do crime de homicídio simples (art. 121, caput, do Código Penal) em relação ao réu
“A”

Do crime de posso ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/2003)
em relação ao réu “B”

Materialidade

Redação: “A materialidade encontra-se cabalmente comprovada pelo laudo de fls. Xx,


bem como pelo inquérito policial (colocar sempre o inquérito) e os depoimentos orais
produzidos nos autos”

Autoria (tratar dos indícios de autoria de todos os agentes de uma só vez, mas se
houver alguma especificidade, ela deve ser mencionada)

Redação: “Em relação à AUTORIA dos fatos acima comprovados, passo a análise
individualizada da conduta de cada Réu.

Quanto à participação do Réu FULANO no roubo, compulsando os autos, verifico que a


autoria encontra-se demonstrada por intermédio das mesmas provas descritas para
caracterizar a existência do crime e ainda pelas provas orais colhidas.”.

“A testemunha XXX, sob compromisso, relatou que (...). Igualmente, a testemunha ZZZ,
também compromissada, asseverou (...). Cumpre ressaltar que o fato de a testemunha
ser militar não retira o valor probatório da prova, mormente quando tomada sob o crivo
do contraditório e em sintonia com as demais provas produzidas. Por fim, há de se
ressaltar que o réu confessou todos os fatos, dando detalhes sobre como fora praticado
o crime de roubo em apreço.”

TIPICIDADE (emendatio libelli, conduta, resultado e nexo, qualificadoras,


consumação e tentativa, teses defensivas etc)

Redação: “Os réus, mediante violência e grave ameaça, subtraíram os bens das vítimas,
fato que se encontra compreendido na figura típica do tipo penal previsto no art. 157 do
Código Penal.”

2.2.4 Circunstâncias legais atenuantes e agravantes

Redação: “Concorrendo a circunstância atenuante prevista no art. 65, I, do CP, qual


seja, agente menor de 21 na data do fato, deve ser atenuada a pena na fração de 1/6,
parâmetro que vem sendo utilizado pelos Tribunais superiores.”

“Não concorrem circunstâncias agravantes.”


ATENÇÃO!!! Sempre usar o termo “ATENUO a pena” para atenuantes e
“AGRAVO a pena” para agravantes!!!

2.2.5 Das causas de aumento e diminuição de pena

Redação: “Encontra-se presente a causa de diminuição de pena prevista no artigo 14,


II, do CP (tentativa), razão pela qual, a vista do iter criminis percorrido pelo agente, o
qual evidencia que se aproximou muito da consumação do delito, diminuo a pena em seu
patamar mínimo 1/3.”

“Dessarte, deve ser o réu incurso nas sanções do art. 157, §2º, incisos I e II, do Código
Penal” .

2.2.6 Do Concurso de crimes ou Crime Continuado

Redação: “Em se tratando de dois ou mais crimes praticados mediante mais de uma ação
ou omissão, deve-se aplicar a regra contida no art. 69 do Código Penal, aplicando-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido”

Redação “Em se tratando de dois ou mais crimes praticados mediante uma só ação ou
omissão, deve-se aplicar a regra do concurso formal prevista no art. 70 do Código Penal,
aplicando-se a pena mais grave aumentada de um sexto até a metade”

Redação: “Em se tratando de dois ou mais crimes da mesma espécie, em condições


semelhantes de tempo, lugar, e maneira de execução, deve se aplicar a regra do art. Do
art. 71 do Código Penal

3. DISPOSITIVO

IMPORTANTE!! STJ 535 - DIREITO PENAL. CONDENAÇÕES POR FATOS


POSTERIORES AO CRIME EM JULGAMENTO.
Na dosimetria da pena, os fatos posteriores ao crime em julgamento NÃO podem
ser utilizados como fundamento para valorar negativamente a culpabilidade, a
personalidade e a conduta social do réu. HC 189.385-RS, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 20/2/2014.

Redação: “Ante o exposto, e por tudo mais que dos autos consta, rejeito as preliminares
arguidas e JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado na denúncia,
para condenar (a referência aqui é o autor e não o crime):
a) Autor 1, como incurso nas sanções prevista pelo artigo 157, paragrafo 2º, I, do CP;
b) Autor 2, como incurso nas sanções do art. 155, na forma do art. 70 (por três vezes),
ambos do Código Penal.
c)Absolver o autor 3, com base no art. 386 (sempre tem que citar o 386 e colocar o
inciso do motivo quando absolver), inciso X, do Código de Processo Penal.

Passo a dosar as respectivas penas a ser-lhes aplicadas, em estrita observância a


disposto no art. 68 caput do CP”.
Redação para justificar uma só dosimetria: “As condutas incriminadoras atribuídas aos
réus incidem no mesmo juízo de reprovabilidade, portanto, impõe-se uma única
apreciação das circunstâncias judiciais enunciadas no art.59 no código penal, a fim de
se evitar repetições desnecessárias.”

Redação: “Analisadas as diretrizes do art. 59 do CP, denoto que o Réu agiu com
culpabilidade reprovável, por atuar com frieza e de forma premeditada; o réu é
possuidor de maus antecedentes (ou “não há registro de antecedentes”), entretanto,
deixo de avaliar tal circunstancia nesse momento para evitar o bis in idem (súmula 241
do STJ), reservando sua aplicação para a segunda fase do processo de dosimetria; Nada
existe sobre a conduta social.; Não há elementos nos autos acerca da personalidade; o
motivo do crime é o próprio do tipo penal; as circunstancias do crime encontram-se
relatadas nos autos, nada tendo a se valorar; as consequências do crime foram graves,
pois a vítima deixou 03 filhos menores que dela dependiam financeiramente; o
comportamento da vítima em nada influenciou a prática do delito. Não existem
elementos para aferir a situação econômica do réu.” – Atenção: AUMENTAR EM 1/8
PRA CADA CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL VALORADA NEGATIVAMENTE!!!

Redação:

Pena-base (circunstâncias judiciais)

“A vista dessas circunstâncias analisadas é que fixo a pena base em 5 anos de reclusão
e 30 dias-multa, cada dia multa fixado em 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo vigente
ao tempo do fato, eis que não há nos autos informações acerca das condições financeiras
do condenado.”

Pena intermediária (circunstâncias legais atenuantes e agravantes)

Lembrar!!! Primeiro devem ser analisadas as atenuantes, e depois as agravantes. Esta


ordem deve ser obedecida.

“Concorrendo a circunstância atenuante do agente menor de 21 anos de idade na data


do dato (art. 65, I, primeira parte, do CP), ATENUO a pena base em 2 meses, tendo em
vista o comando da Súmula 231 do STJ, passando a dosá-la em 01 ano de reclusão e 30
dias-multa, mantendo-se o valor anteriormente fixado.

Não concorrem circunstancias agravantes a serem observadas”.

ATENÇÃO!!! Sempre usar o termo “ATENUO a pena” para atenuantes e


“AGRAVO a pena” para agravantes!!! Além disso, quando eu atenuo, agravo,
diminuo ou aumento a pena EU TAMBÉM AUMENTO A QUANTIDADE DE
DIAS –MULTA (o valor NÃO).

- Circunstâncias preponderantes: art. 67 do CP – Motivos determinantes, personalidade


do agente (menoridade e idade maior de 70 anos) e Reincidência:

IMPORTANTE!! Escala de importância:

1º - Menoridade e Senilidade preponderam sobre TUDO;


2º Motivos determinantes (Atenuante - 65, III – crime cometido por motivo de
relevante valor social ou moral; Agravante – 61, II, crime cometido por motivo fútil
ou torpe)
3º Reincidência (prepondera sobre o resto, menos confissão espontânea que é
compensada de acordo com o STJ).

Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do


convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d,
do Código Penal (mesmo no caso de confissão qualificada, se ela for utilizada para a
condenação, o réu faz jus a atenuante da confissão espontânea).

IMPORTANTE!!! No caso em que haja concurso de circunstância, por exemplo,


concurso entre menoridade e reincidência, aquela irá preponderar, porém, ao invés
de se utilizar a regra de 1/6 irá se utilizar o patamar de 1/12 (um doze avos).

Redação: “Concorrendo a circunstância atenuante prevista no art. 65, I, 1ª parte, do CP


(agente menor de 21 anos na data do fato), com a circunstância agravante prevista no
art. 61, II, “a”, 2ª parte, do CP (crime cometido por motivo torpe), em observância ao
art. 67 do Código Penal e a luz da posição jurisprudencial dominante, verifico que aquela
prepondera sobre esta, razão pela qual atenuo a pena em 06 meses, passando a dosá-la
em 05 (cinco) anos e 06 (seis) meses de reclusão”.

ATENÇÃO!!! No caso de concurso entre as agravantes de reincidência e motivo fútil


ou torpe com a atenuante da menoridade, deve-se aplicar 1/12 avos de diminuição e
2/12 avos aumento, portanto, nesse caso, as agravantes irão preponderar conforme
o entendimento do STF.

Lembrar que as frações referentes a agravante ou a atenuante (atenuo/agravo em 1/6)


NÃO devem constar no dispositivo. Deve constar, unicamente, o valor já calculado
(atenuo em 4 meses).

Pena definitiva (causas de aumento e diminuição de pena)

Havendo concursos entre causas de aumento e diminuição, primeiro se aplica as de


diminuição depois as de aumento em cima do valor já diminuído.

“Presente a causa de diminuição de pena prevista no art. 14, II do CP (tentativa), de


acordo com a motivação deste julgado, diminuo a pena anteriormente dosada em seu
patamar mínimo de um terço, passando a dosá-la em 4 anos de reclusão e 20 dias multa,
mantendo-se o valor anteriormente fixado.”

“Por sua vez, concorrendo ainda uma causa de aumento de pena prevista no art. 231
§2º do CP (vítima menor de 18 anos), aumento a pena anteriormente dosada em ½
(metade), passando a dosá-la em 6 anos de reclusão”

LEMBRAR!!! As hipóteses §2º do art. 157 (roubo) são causa de aumento de pena,
devendo ser aqui analisadas!!!
Multa

“Em estrita observância a proporcionalidade da pena privativa de liberdade, fixo a


apena de multa em 10 dias multas e atribuo o valor de 1/30 do salário mínimo para o dia
multa tendo em vista a situação econômica do réu.”

Concurso de crimes (o ideal aqui é tomar o autor como referência, já que é possível
que as penas aplicadas a cada um deles sejam distintas).

Redação:“Em sendo aplicada no caso a regra do art. 69 do CP (concurso material), fica


definitivamente condenado: 1) Autor 1: pena de... e ao pagamento de 90 dias multa,
mantendo-se o valor já fixado; 2) Autor 2: ...”

DETRAÇÃO

ATENÇÃO!!! A detração do tempo de prisão provisória, na forma do art. 387 §2º, deve
ser realizada APENAS para o fim do regime inicial de cumprimento de pena, NÃO
podendo o montante encontrado após a detração ser utilizado para a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Se a pena NÃO mudar com a
detração, eu digo apenas que “deixo de aplicar a regra do art. 387, §2º, tendo em vista
que sua incidência não modificará o regime inicial de cumprimento de pena”.

Regime inicial de cumprimento de pena

Redação:“Em vista do disposto pelo art. 33 §2º, “b” do CP, a partir da reincidência do
apenado, o Réu deverá iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade
anteriormente dosada em regime semiaberto, por ser o mais gravoso a espécie (crime
punido com detenção)”.

Substituição da pena privativa liberdade por restritiva de direitos

ATENÇÃO!! Mesmo na hipótese de substituição, primeiro eu fixo a pena e o regime


e DEPOIS substituo pela restritiva de direitos.

IMPORTANTE!!! É necessário antes SOMAR todas as penas (no caso de concurso


material) ou aplicar as frações de aumento (no caso de concurso formal ou material),
para só depois, com a pena TOTAL FINAL, ver se é possível a substituição por pena
restritiva de direitos.

Redação: “Verifico que na situação em tela se torna cabível a substituição da pena


privativa de liberdade por restritiva de direito e multa, uma vez que o réu preenche os
requisitos alinhados no art. 44 do CP, revelando ser a substituição suficiente a
reprovação do delito, razão pela qual, observado o art. 44 §2º, segunda parte,
SUBSTITUO a pena privativa de liberdade aplicada por uma restritiva de direitos,
consistente em prestação de serviços a comunidade, por ser configurar a melhor medida
a ser aplicável a situação, frente as aptidões do sentenciado e pela pena de multa, esta
consistente no pagamento de 50 dias multa, cada um no equivalente a 1/30 do salário
mínimo vigente a época do fato, ante a precária situação financeira do sentenciado.”
Sursis – É residual!!! Só se aplica se não for possível a aplicação da restritiva de
direitos

Redação: “Nego-lhe, ainda, o beneficio previsto no art. 77 do CP, uma vez que o réu não
satisfaz os benefícios necessários”.

4. DISPOSIÇÕES FINAIS

Redação: “Condeno os Réus ao pagamento das custas processuais, em proporção,


conforme o disposto no 804 do Código de Processo Penal.

Comunique-se a vítima na forma do art. 201, §2º do CPP.

“Com fundamento no art. 387, §1º do CPP, nego ao Réu o direito de aguardar o
trânsito em julgado da ação em liberdade, tendo em vista de persistirem as
razões motivadoras de seu decreto preventivo, a saber,...”.

“Deixo de proceder a fixação do valor mínimo da indenização previsto no art.


387, inciso IV, do Código de Processo Penal, em razão da ausência pedido
expresso.”.

Determino a perda do armamento e demais objetos ilícitos e proventos do crime


apreendidos pertencente aos réus, na forma do art. 91 do CP.

Oportunamente, após o transito em julgado desta decisão, tomem-se as seguintes


providencias:
.
1) Lance-se o nome do réu no rol dos culpados;(TJDFT entendeu que não há mais
essa necessidade. Outros TJs entendem que o comando continua válido)

2) Comunique-se ao TRE deste Estado, para o cumprimento do art. 15 III da CF

3) Oficie-se ao órgão responsável pelo cadastro de antecedentes.

4) Intime-se o réu para o pagamento da multa, no prazo de 10 dias, conforme art.


50 do Código Penal.

5) Expeça-se a guia de execução do réu.

6) Determino, ainda, após o trânsito em julgado desta decisão, mantida a


condenação, a perda do cargo do Réu FULANO com fulcro no art. 92, inc. I, ‘a’,
do Código Penal, uma vez que [precisa fundamentar, sob pena de nulidade, salvo
se for crime de tortura, cuja perda do cargo é automática, segundo o STJ)

7) Com relação à arma de fogo apreendida, proceda-se na forma do art. 25 do


Estatuto do Desarmamento

8) Com relação às drogas e valores apreendidos, proceda-se na forma dos artigos


63 §1º da Lei de Drogas.
P.R.I

Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos, observadas as cautelas de


praxe.
Cumpra-se

Local, data.

Juiz de Direito

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