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TJ-CE
ROTEIRO DE SENTENÇA PENAL
MATERIAL COMPLEMENTAR
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ROTEIRO DE SENTENÇA PENAL
1. Relatório
Desse modo, os alunos deverão treinar a elaboração de relatório. Façam uma leitura
atenta no enunciado da questão, marcando todos os aspectos importantes que devem estar
presentes no relatório.
b) Denúncia
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g) Alegações finais: se foram orais ou em memoriais. Citar as teses alegadas pelas
partes.
Não se recomenda que se faça um rascunho da sentença, pois pode ocorrer de não dar
tempo de terminar a prova. As provas de sentença penal geralmente são extensas, envolvendo
dois ou mais crimes e com dois ou mais acusados.
3. Preliminares e Prejudiciais
As prejudiciais (artigos 92 a 154 do CPP) são analisadas após as preliminares. Por fim,
devem ser enfrentadas as teses de extinção da punibilidade que possam impedir a análise do
mérito.
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É bom dar uma lida na parte de nulidades processuais em um bom livro de direito
processual penal (Renato Brasileiro).
Súmula 155
É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.
Súmula 706
É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal
por prevenção.
Não se descuidem da regra do art. 563 do CPP, “não há nulidade sem prejuízo”, pois
auxilia na hora de decidir sobre as preliminares. É um reforço de argumentação e ajuda com o
esquecimento ou nervosismo sobre o tema.
4. Mérito
A análise do mérito deve ser fundamentada. Para cada argumento deve ser dado um
fundamento (lei, jurisprudência e/ou doutrina).
Ex.: “Nos termos do art. 383 do CPP, o juiz, sem modificar a descrição
do fato contido na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição
jurídica diversa. No caso dos autos, o fato narrado na inicial acusatória
e demonstrado em juízo ostenta capitulação jurídica diversa da
explicitada pelo Ministério Público. Assim, tenho que o réu praticou a
conduta descrita no art. 157, caput do CP, e não a descrita no art. 157,
caput do CP, uma vez que a sua colaboração, fornecendo a senha do
cartão, foi imprescindível para a consumação do crime. Por exta razão,
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promovo a emendatio libelli.”
Todas as teses defensivas devem ser abordadas, e o candidato tem que mencionar,
ao final do mérito, que os fatos são típicos, ilícitos e culpáveis.
Exemplos:
Pode ser que o réu tenha sido denunciado por mais de um crime pelo Ministério
Público; algum desses crimes pode ser de ação penal pública condicionada (e, portanto, exige
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representação), e o enunciado não diz que houve representação da ofendida. Sendo assim, o
candidato deve analisar se já transcorreu o prazo decadencial de 6 meses para oferecimento
da representação, pois, se já transcorrido este prazo, operou-se a decadência ao direito de
representação. Assim, o juiz deve, na sentença, reconhecer a ilegitimidade do Ministério Público
e, em razão da decadência, declarar extinta a punibilidade do réu (art. 107, IV do CP).
5. Dispositivo
É obrigatória a citação dos artigos legais pertinentes aos crimes pelos quais está
condenando o réu ou réus, bem como os artigos relativos à eventual absolvição.
Exemplos:
6. FIXAÇÃO DA PENA
A dosimetria da pena será feita para cada crime. Não é recomendável que se faça
tudo junto.
Em relação à dosimetria da pena, o Código Penal adotou o sistema trifásico (art. 68),
no qual o juiz, num primeiro momento, examina as circunstâncias judiciais do art. 59, além
de outras estabelecidas em legislação especial. É importante que todas essas circunstâncias
sejam referidas, ainda que para concluir-se que não há elementos suficientes a valorá-las.
São analisadas individualmente as circunstâncias do artigo 59 do CP. Referidas circunstâncias
judiciais somente podem ser incrementadas com base em elementos concretos, e não meros
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adjetivos e suposições. Na culpabilidade não invoque que o réu agiu com reprovabilidade ou
lhe era exigido comportamento diverso. Ou que o dolo era intenso. O dolo não varia, o que é
mais ou menos intensa é a conduta.
Resumindo: pega a pena máxima, diminui a mínima -> transforma em meses ->
divide por 8. O resultado encontrado será a quantidade de meses que deverá ser acrescida à
pena mínima para cada circunstância judicial valorada negativamente.
Outra opção consiste em uma praxe, entre várias adotadas, que considera o ponto
médio entre a pena mínima e a máxima como o limite virtual na primeira fase. Assim, por
exemplo, em delito com pena de 1 a 4 anos, a pena na primeira fase não poderia passar de 2,5
anos. Como chegar a este limite? Diminui a quantidade da pena mínima da máxima (ou seja: 4,
que é a pena máxima, menos 1, que é a pena mínima = 3). Com este resultado, busca-se o ponto
médio, ou seja: 3 dividido 2 + 1.5. Após, acrescenta este resultado à pena mínima (no exemplo,
1 ano).
Posto isso, dentro desse limite (pena mínima até ponto médio), divide-se o período
(1,5 anos = pena de 1 até 2,5) por 8 (número de circunstâncias judiciais do art. 59). O resultado
dessa divisão (1,5 anos equivale a 18 meses; 18 meses dividido por 8 = aproximadamente 2
meses) será a quantidade que será aumentada para cada circunstância negativa. Trata-se de
apenas uma diretriz, um critério a ser adotado, que não torna os demais incorretos
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Ainda quanto às circunstâncias judiciais da primeira fase, lembre que a existência de
ações penais em andamento não podem servir como maus antecedentes:
Ex.: Se a pena base foi fixada em 2 anos e há uma circunstância agravante, você deve
aumenta-la de 1/6. Para isso, transforme os 2 anos em meses, que dará 24 meses. 1/6 de 24
meses corresponde a 4 meses. Portanto, para cada circunstância agravante, você deve aumentar
a pena base em 4 meses. A pena intermediária, neste caso, ficará em 2 anos e 4 meses.
Também aqui o juiz está adstrito aos limites mínimo e máximo da pena cominada ao
tipo penal praticado, chegando ao que se denomina pena provisória.
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A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
OBS.: se o enunciado disser que o réu ostenta uma condenação transitada em julgado,
o candidato deve analisar se o trânsito em julgado ocorreu antes ou depois do cometimento da
infração que está sendo analisada no caso da questão. Isto porque, se o novo crime tiver sido
cometido depois de transitar em julgado a sentença pelo primeiro crime, haverá reincidência.
Caso contrário, se o novo crime tiver sido cometido antes do trânsito em julgado da condenação
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pelo crime anterior, não haverá reincidência, mas tal circunstância pode ser considerada maus
antecedentes.
Para esta terceira fase, faz-se importante o conhecimento das súmulas 442 e 443 do
STJ:
Súmula 442
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a
majorante do roubo.
Súmula 443
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente
para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes.
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Súm. 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto
aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais.
Ao encontrar a pena definitiva para a terceira fase, com expressa menção a quantum
definitivo da pena, o candidato deve passar a avaliar a hipótese de concurso material (CP, art.
69), formal (CP, art. 70) e crime continuado (CP, art. 71).
ATENÇÃO: concurso formal e crime continuado: dosar a pena de cada crime para verificar
qual a maior pena e proceder à exasperação (tabela: 2 condutas= 1/6, 3 condutas=1/5, 4
condutas, =1/4, 5 condutas= 1/3, 6 condutas= ½, 7 condutas ou +=2/3).
Art. 70, parágrafo único, e Art. 71, parágrafo único, do CP: vedam a possibilidade do
concurso formal próprio e da continuidade delitiva levarem a aumento maios do que se
fosse adotado o sistema do cumula material, usado no concurso material de crimes.
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2º, incs. I e II, do Código Penal, por 02 (duas vezes), c/c art. 70 do Código
Penal, os dois c/c art. 69 do Código Penal, e art. 244-B do ECA, todos c/c
art. 70 do Código Penal.
Súmula 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência.
Ex.: Deixo de fixar valor mínimo de indenização por não haver pedido expresso
nesse sentido, nem ter havido contraditório sobre o ponto.
Se algum dos réus for absolvido e estiver preso, lembre de determinar a imediata
expedição do alvará de soltura.
Não se esquecer, aqui, da eventual ordem de perda dos bens apreendidos, que deve
ser tratada nesse momento.
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as munições apreendidas ao comando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito)
horas), para destruição, na forma regulada em lei.”
Ex.: “Proceda-se á destruição das amostras guardadas para contraprova, nos termos
do art. 72 da Lei de Drogas.”
Exemplos:
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Fixo o regime inicial de cumprimento da pena em aberto, nos termos do
art. 33, § 2º, alínea “c”, do CPB.
O réu preenche os requisitos objetivos e subjetivos insertos no art. 44
do Código Penal, razão pela qual substituo a pena privativa de liberdade
por duas penas restritivas de direito, sendo pelo menos uma delas na
modalidade de prestação de serviços à comunidade, nos moldes e
condições a serem oportunamente estabelecidas pelo Douto Juízo da
Execução Penal, por considerar ser a medida suficiente e necessária
para a prevenção e reparação do crime.
Deixo de arbitrar valor mínimo para a reparação dos danos materiais,
uma vez que, além dos pagamentos efetuados diretamente ao réu
(R$ 9.500,00), ainda houve despesas com a reforma. Por outro lado, já
houve um pequeno ressarcimento pelo réu. Seria necessário, portanto,
a apuração do valor devido.
Não obstante, as vítimas poderão deduzir eventuais pretensões
reparatórias na esfera cível, na medida em que a presente sentença
constituirá título executivo judicial.
Concedo ao réu o direito de apelar em liberdade, se por outro motivo
não se encontrar preso.
Condeno o réu ao pagamento das custas processuais.
Após o trânsito em julgado da sentença, expeça-se carta de guia e oficie-
se ao INI e ao TRE.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Encaminhe-se cópia para as
vítimas.
Local, data
Juiz de Direito Substituto.”
“Dosimetria
Certa a responsabilidade criminal do acusado, passo à dosimetria da
pena, de acordo com o sistema trifásico adotado no art. 68 do Código
Penal.
Em análise das circunstâncias judiciais descritas no art. 59 do CP tenho
que: a culpabilidade do réu é normal à espécie; o réu não registra
maus antecedentes; não há elementos para atestar a conduta social e
a personalidade; os motivos, as circunstâncias e as consequências são
normais para o tipo; e o comportamento da vítima em nada contribuiu
para que o crime fosse praticado.
Assim fixo a pena-base em 01 (ano) de detenção e pagamento de 10
dias-multa.
Não vislumbro a presença de agravantes e atenuantes.
Ausentes, na terceira fase, causas de aumento ou de diminuição, pelo
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que torno definitiva a pena em 01 (um) ano de detenção e pagamento
de 10 dias-multa.
Na forma do art. 49, § 1º, do CP, fixo o valor do dia-multa em 1/30 do
último salário mínimo vigente ao tempo do fato.
Do regime
Para início do cumprimento da pena privativa de liberdade, é fixado, em
observância ao disposto no § 3º do art. 33 do Código Penal, o regime
aberto.
Da substituição da Pena
Com fundamento no art. 44 do CP, substituo a pena privativa de
liberdade por uma restritiva de direito, a saber, prestação de serviços
à comunidade, pelo tempo da condenação, em favor de entidade a ser
definida pelo Juízo da execução;
Do direito de recorrer em liberdade
É facultado ao réu o direito de recorrer em liberdade, posto que
respondeu ao processo solto, não revelando carga de periculosidade
destacada ao ponto de recomendar segregação preventiva.
Condeno o réu ao pagamento das custas processuais.”
7. COMUNICAÇÕES FINAIS
Exemplos:
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inciso III, da CF/88) e extraia-se ou complemente-se a carta de sentença,
conforme o caso.
Em momento oportuno, arquive-se o feito com as cautelas de praxe.
LOCAL, DATA.
Juiz de Direito Substituto”
Também é importante citar o art. 392 e o art. 201, parág. 2, ambos do CPP.
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Obs.: É possível que o caso proposto exija de você uma decisão de pronúncia. Neste caso,
sua resposta deve seguir a mesma forma da sentença, já explicada (com exceção, claro, da
dosimetria). No dispositivo, você deve utilizar a palavra “PRONUNCIO”, como neste exemplo:
• Lembrar que, na decisão de pronúncia, o juiz não deve fazer menção a eventual
concurso material ou formal de crimes, pois esta é matéria relativa à aplicação da pena.
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