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DECISÃO JUDICIAL: LINGUAGEM E TÉCNICA

COORDENAÇÃO DE PROJETOS ESPECIAIS E ESTÁGIOS


A LINGUAGEM NO PROCESSO

 LINGUAGEM
 LINGUAGEM JURÍDICA LINGUAGEM TÉCNICA (METALIGUAGEM)
 LINGUAGEM – INTERSUBJETIVIDADE e CONTRADITÓRIO
 LINGUAGEM DO JUIZ COMO ARGUMENTAÇÃO
 ARGUMENTOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
 INTERTEXTUALIDADE CONDIÇÃO NECESSÁRIA NORMA DO CASO
 CONGRUÊNCIA ENTRE O QUE SE PEDE E O QUE SE DECIDE
 ESTILO
 DESTINATÁRIOS DA LINGUAGEM DO JUIZ
O SILOGISMO JURÍDICO

 Silogismo e apresentação silogística.


 Não há silogismo possível ante as inúmeras variáveis que se abrem de acordo, claro,
com a complexidade do caso.
 Sentença - traduz a ideia de que por meio dela o juiz exprime o que sente.
 A dogmática e a “apresentação silogística” trabalham contra o excesso de
subjetivismo.
A DOGMÁTICA JURÍDICA: MÉTODO, MEIO DE REDUÇÃO DAS
COMPLEXIDADES E LIMITE À DISCRICIONARIEDADE JUDICIAL

DOGMÁTICA COMO MÉTODO NO DIREITO POSITIVO


 A dogmática consiste em:
 I – ESTABELECER TEXTOS
 II – DIZER O QUE SÃO OS TEXTOS
 III – ARGUMENTAR COM BASE NOS TEXTOS
 IV – DECIDIR COM BASE NOS TEXTOS
 As Leis da dogmática:
 1ª - A construção da dogmática deve ser conforme a lógica (não contraditória).
 2ª - A construção não deve ser contrária ao texto da lei.
 3ª - A construção deve ser natural, simétrica, não “artificiosa” (estética).
REGRAS PARA O ESTILO

 Regra n. 1. Clareza, simplicidade e precisão


 Proibição de utilização de palavras chulas (palavrão), vulgares e gírias (com
exceção da possibilidade de inserção de palavras das testemunhas).
 Proibição da utilização do gracejo, da ironia imprópria, da banalidade
 Restrição na utilização do arcaísmo, de termos complicados, raros, pretensiosos
(falsa cultura).
REGRAS PARA O ESTILO

 Regra n. 2. Restrição no uso de adjetivações para argumento de autoridade


 Exemplos:
 a) “o festejado Pontes de Miranda”;
 b) “o inigualável Hans Kelsen”;
 c) “o inolvidável Welzel”;
 d) “o ínclito Min. Gilmar Mendes”;
 e) “o insuperável Nelson Hungria”.
REGRAS PARA O ESTILO

 Regra nº 3. Evitar adjetivações para as partes e pessoas no processo


 Ex: “douto advogado”; “ilustre promotor”;“sr. réu; “nobre deputado”, etc.
 Regra nº 4. Evitar orações e parágrafos longos
 Os parágrafos devem ser equilibrados e curtos, parágrafos longos é para quem sabe
usar, segundo Saramago.
 Regra nº 5. Restrição, ao máximo, das digressões.
 Regra nº 6. Restrição na utilização do gerúndio.
REGRAS PARA O ESTILO

 Regra nº 7. Evitar a utilização da primeira pessoa do singular


 A linguagem dos despachos e sentença deve ser impessoal. Quem julga é o juízo e não o juiz pessoa
natural.A preferência é para argumentação na terceira pessoa (“aprecia-se a alegação de que...”). Os
dispositivos e os fechos, no entanto, devem ser redigidos na primeira pessoa do singular).
 Regra nº 8. Evitar a utilização do “parece-me”, “entendo”, “acho”.
 O juiz julga, decide, não acha ou entende. O juiz não é parecerista.
 Regra nº 9. Cautela e parcimônia no uso de citações
 Citações literárias; citações doutrinárias; citações jurisprudenciais; citações dos autos – indicação
precisa.
REGRAS PARA O ESTILO

Regra n. 10. Dignidade da linguagem

1. “A linguagem do juiz deve pairar digna acima das diabrites dos litigantes, de cujos interesses e malquerenças o juiz não participa.”
(Beneti).
2. Resposta do Juiz à agressão das partes – quando muito o registro ou a lembrança da possibilidade recursal.
3. Aplicação do artigo 78 do CPC, inclusive no Processo Penal:

CPC, Art. Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério Público e da
Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões ofensivas nos escritos
apresentados.
§ 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o juiz advertirá o ofensor de
que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra.
§ 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas sejam riscadas e, a
requerimento do ofendido, determinará a expedição de certidão com inteiro teor das expressões ofensivas e a colocará à
disposição da parte interessada.
DECISÃO JUDICIAL – CONCEITO E ESPÉCIES

 DECISÃO JUDICIAL
 SENTENÇA
Ato processual
 DECISÕES INTELOCUTÓRIAS

 SENTENÇA X DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS


E os despachos?
 DIFERENÇAS RELAVANTES E CONVERGÊNCIAS
DECISÃO JUDICIAL – QUADRO COMPARATIVO

No processo penal No processo civil


 DECISÕES:  DECISÕES:
 EM SENTIDO AMPLO
 DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS
 INTERLOCUTÓRIAS SIMPLES : decisões que resolvem
questões, deliberam sobre o rito, sem extinguir o processo.  São decisões proferidas no curso do processo que não
 INTERLOCUTÓRIAS MISTAS: decisões que, sem apreciar o encerram fase do procedimento comum e nem extinguem
mérito, põem fim a uma etapa do procedimento ou a própria a execução.
relação processual, bipartem-se em:
 TERMITATIVAS (v.g. Rejeição da Denúncia)
 SENTENÇA
 NÃO TERMINATIVAS (v. g. Pronúncia)  São decisões que encerram uma fase do procedimento
 EM SENTIDO ESTRITO: comum, com ou sem a apreciação do mérito, ou extinguem
a execução.
 Sentenças e Acórdãos
DECISÃO JUDICIAL – TIPOS E RELAÇÕES JURÍDICAS

 TIPOS
 COM APRECIAÇÃO DO MÉRITO
 SEM APRECIAÇÃO DO MÉRITO

 RELAÇÃO JURÍDICA
 PROCESSUAL – ATO COMPLEXO
 MATERIAL (SUBSTANCIAL)
DECISÃO JUDICIAL – ESTRUTURA BÁSICA
 RELATÓRIO
 APRESENTA O CASO
 IDENTIFICAÇÃO DO CASO
 Pastes envolvidas
 Questões (controvérsia fático-jurídica)

 FUNDAMENTAÇÃO
 SOLUCIONA AS QUESTÕES Relatório
 Argumentos e Fundamentos jurídicos Fundamentos
 DISPOSITIVO
 COMANDO(S) NORMATIVO(S)
E as decisões?
 Procedência – total ou parcial
 Improcedência
Dispositivo
ESTRUTURA DA DECISÃO/SENTENÇA - COMPARATIVO

No CPC No CPP
 Art. 489. São elementos essenciais da sentença:  Art. 381. A sentença conterá:

 I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a  I - os nomes das partes ou, quando não possível, as
indicações necessárias para identificá-las;
identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências  II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
havidas no andamento do processo;  III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que
se fundar a decisão;
 II - os fundamentos, em que o juiz analisará as
questões de fato e de direito;  IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;

 III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as  V - o dispositivo;


questões principais que as partes lhe submeterem.  VI - a data e a assinatura do juiz.
DECISÃO JUDICIAL – SENTENÇA - RELATÓRIO

Principal FUNÇÃO: Identificação do caso (delimitação)

Como?

✓ Qualificação das partes


✓ Sumarização do pedido, incluindo a(s) causa(s) de
pedir
✓ Atenção: provas documentais relevantes
✓ Sumarização da defesa
Relatório ✓ Atenção: Questões prévias
✓ Preliminares
✓ Questões prejudiciais
✓ Principais ocorrências
✓ Ex.: citação, incidentes, audiências, provas
produzidas, decisões saneadoras/organização etc.
DECISÃO JUDICIAL – SENTENÇA - FUNDAMENTAÇÃO

O que é?
➢ Um DEVER constitucional (CF, art. 93, IX) e legal
de justificação (motivação) da decisão judicial.
O que é importante para uma boa fundamentação?

✓ Identificar, com precisão, as questões que demandam


solução;
✓ Respeitar o contraditório e as postulações das partes;
✓ Ter como referência primeira os textos normativos
previstos na CF e na legislação infraconstitucional, como
fundamento de base das decisões;
✓ Observar as súmulas vinculantes e os precedentes
obrigatórios dos tribunais superior (STF e STJ);
✓ Ater-se aos fatos da causa e que foram objeto de debate
Fundamentação ✓
prévio entre as partes;
Levar em conta, como razão de decidir, os argumentos
deduzidos pelas partes e as provas produzidas no curso do
processo.
DECISÃO JUDICIAL – SENTENÇA - FUNDAMENTAÇÃO

ORDEM BÁSICA DE ANÁLISE DAS QUESTÕES:

❑ Questões processuais pendentes

❑ Questões Preliminares, inclusive as de ofício

❑ Processuais
❑ Mérito

❑ Questões prejudiciais

❑ Condicionantes do mérito

❑ Mérito (objeto do processo)

Fundamentação O QUE É UMA DECISÃO NÃO FUNDAMENTADA


DECISÃO JUDICIAL NÃO FUNDAMENTADA - COMPARATIVO

No CPP
No CPC Art. 315 (...)
Art. 489 (...) § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 2019)
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela Lei nº
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 13.964, de 2019)
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso; concreto de sua incidência no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão; decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em
tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; de 2019)
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento
sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
em julgamento ou a superação do entendimento. julgamento ou a superação do entendimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
DECISÃO JUDICIAL – SENTENÇA - DISPOSITIVO
❑ O que é?
É o espaço da decisão judicial reservado para o(s)
comando(s) normativo, ou seja, a NORMA DO CASO.

❑ Capítulos de sentença

❑ Definição
❑ Relação <> Questões

❑ Ordem básica de julgamento das questões:

❑ Rejeição questões processuais pendentes

❑ Acolhimento/Rejeição

❑ Preliminares
Dispositivo ❑ Prejudiciais
❑ Mérito: parcial ou total
❑ Tutela antecipada, se for o caso...
DECISÃO JUDICIAL – SENTENÇA - DISPOSITIVO
❑ Continuação...

❑ Decisão sobre os ônus sucumbenciais

❑ Custas processuais – justiça gratuita...


❑ Honorários advocatícios – se necessário...

❑ Duplo grau – sendo o caso...

❑ Providências administrativas/cartorárias e de cumprimento..

❑ Publicação (P.R.I)

❑ Autenticação – Data e Assinatura (digital ou física)

❑ TIPOS DE DECISÕES E EFEITOS


Dispositivo ❑ EMENTA?

❑ UMA PALAVRA SOBRE OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS


PECULIARIDADES DAS SENTENÇAS CÍVEIS E PENAIS

SENTENÇA CÍVEL SENTENÇA PENAL

 A necessidade de observar os precedentes  DOSIMETRIA DA PENA EM TRÊS FASES:


obrigatórios, decidindo se o caso importa  Circunstâncias judiciais
em distinção.  Circunstâncias atenuantes e agravantes
 Eventualmente, decisões a respeito de  Causas de aumento e diminuição
pedidos de tutela provisória.  Nas sentenças condenatórias a questão do regime
de cumprimento da pena
 Definição, dependendo do conteúdo do
 Decisão sobre a prisão do condenado
julgamento, de cumprimento imediato da
sentença.  Condenação de reparação dos danos
DECISÃO JUDICIAL – BIBLIOGRAFIA BÁSICA E LINKS ÚTEIS

 PENAL:
 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
 SCHMITT, Ricardo Augusto. Sentença Penal Condenatória. Salvador: Juspodivm, 2020.

 CÍVEL:
 COSTA NETO, Raimundo Silvino. Sentença Cível: estrutura e técnicas de elaboração. São Paulo: Método, 2016.
 JORGE NETO, Nagibe de Melo. Sentença Cível: teoria e prática. Salvador: Juspodivm, 2016.
 LUNARDI, Fabrício Castagna. Curso de Sentença Cível: Técnica, Prática e Desenvolvimento de Habilidades. Fabrício Castagna Lunardi e Luiz Otávio Rezende. Salvador: Juspodivm, 2018.

 PARA CONSULTA (Links Úteis) :


 Sobre Modelos de Sentença no Cível: https://esmal.tjal.jus.br/_pdf/arquivos/Manual-Decisoes-Civeis-Esmal.pdf
 Sobre Modelos de Sentença no Criminal: https://esmal.tjal.jus.br/_pdf/arquivos/Manual-Decisoes-Criminais-Esmal.pdf
 Sobre Decisões Criminais: https://www.enfam.jus.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-de-decisões-penais-para-site.pdf
 Sobre Sentenças em geral (Banco de Sentenças da ESMAL): https://esmal.tjal.jus.br/index.php?pag=sentencas
 Sobre relato: https://youtu.be/YUbxOYM1EzA
 Sobre intersubjetividade: https://youtu.be/1QvSAlZAaWw
 Sobre intertextualidade: https://youtu.be/PE2Hl8AzeZs
PROFESSORES ELABORADORES E COORDENAÇÕES
ENVOLVIDAS

EQUIPE DE PROFESSORES:
❖ Alberto Jorge Correia de Barros Lima – Coordenador Geral
❖ Anderson Passos – Coordenador de Projetos Especiais e Estágio
❖ Gustavo Souza Lima – Coordenador de Ensino a Distância
❖ Hélio Pinheiro – Coordenador de Curso para Magistrados
❖ Phillippe Falcão – Coordenador de Pesquisas

OBRIGADO PELA ATENÇÃO

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