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@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 1

SUMÁRIO
1. PETIÇÃO INICIAL – PROCEDIMENTO COMUM ...............................................................................................................................................................................3
2. AÇÃO CIVIL PÚBLICA ...................................................................................................................................................................................................................................................15
3. CONTESTAÇÃO ................................................................................................................................................................................................................................................................25
4. AGRAVO DE INSTRUMENTO .............................................................................................................................................................................................................................. 36
5. APELAÇÃO ............................................................................................................................................................................................................................................................................... 47
6. CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO ................................................................................................................................................................................................................. 59
7. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ...................................................................................................................................................................................................................... 69
8. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.......................................................................................................................................................................................................... 75
9. EMBARGOS À EXECUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................. 84
10. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA .............................................................................................................................................................. 93
11. MANDADO DE SEGURANÇA ...........................................................................................................................................................................................................................100
12. AÇÃO RESCISÓRIA........................................................................................................................................................................................................................................................ 110
13. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR) ........................................................................................................................ 118
14. RECURSO ESPECIAL ................................................................................................................................................................................................................................................... 126
15. RECURSO EXTRAORDINÁRIO .......................................................................................................................................................................................................................... 135
16. RECLAMAÇÃO ..................................................................................................................................................................................................................................................................145

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PETIÇÃO INICIAL – PROCEDIMENTO COMUM

1. FUNDAMENTO LEGAL

O art. 318 do CPC dispõe o seguinte:

Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo


disposição em contrário deste Código ou de lei.

Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos


demais procedimentos especiais e ao processo de execução.

Assim, a regra é que o procedimento comum seja utilizado na esfera cível, ressalvadas
as exceções previstas no ordenamento jurídico. Além disso, quando se tratar de procedimento
especial ou de execução, há incidência subsidiária (geralmente para suprir lacunas dos
procedimentos especiais e da execução).

Portanto, é de suma importância ter atenção ao art. 319 do CPC, pois é ele que traz os
requisitos da petição inicial, sendo esse o seu fundamento legal principal. Vejam:

Art. 319. A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;

II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a


profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio
e a residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos


alegados;

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação


ou de mediação.

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o


autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua
obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de


informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.

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§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar
impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.

Além disso, o membro da Defensoria deve promover a juntada de todos os documentos


necessários à propositura da demanda (art. 320, CPC), bem como atentar para eventuais
necessidades de complementação apontadas pelo juízo, sob pena de indeferimento da inicial
(art. 321, CPC).

2. MOMENTO PROCESSUAL DA SUA UTILIZAÇÃO

Um dos momentos mais tensos na prova de segunda fase é identificar a peça correta.
Em relação à petição inicial, cuidado nos elementos do enunciado que indiquem que ainda
não há uma demanda em curso. Normalmente, o examinador trará uma situação em que a
Defensoria tentou resolver a questão extrajudicialmente, mas não obteve sucesso. Dessa
forma, muito provavelmente o examinador quer que vocês façam uma petição inicial para
buscar a tutela jurisdicional do(s) direito(s) no caso.

O principal conselho é: LEIAM O ENUNCIADO COM CALMA E ATENTEM-SE AOS DETALHES


NARRADOS.

3. FIQUE LIGADO!

Em relação à petição inicial, tenham ciência de que algumas vezes o examinador


poderá cobrar uma peça de procedimento especial ou mesmo a inicial do processo de
execução. Outra possibilidade é que seja cobrada uma petição do procedimento comum
mesmo, mas tratando de temas que não são comuns no dia a dia forense.

Independentemente do conteúdo, lembrem-se que o art. 319, CPC será o principal guia
de vocês para montagem da peça. Naturalmente, caso se trate de um procedimento especial,
vocês devem analisar os artigos referentes a esse procedimento e buscar por especificidades
que devem estar presentes na inicial. Porém, o “esqueleto” da peça já foi dado pelo art. 319,
CPC, de maneira que vocês devem dar atenção especial a esse dispositivo.

Outra observação que vocês devem estar sempre atentos é em relação à audiência de
conciliação / mediação. Ela possui previsão no próprio art. 319, CPC, no inciso VII:

Art. 319. A petição inicial indicará:

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação


ou de mediação.

Na prática forense, caso o autor não faça menção à realização da audiência de


conciliação / mediação, os magistrados normalmente entendem que o autor quer que esse
ato judicial seja realizado.

Porém, estamos tratando de concurso público aqui. O espelho do examinador é


imprevisível algumas vezes e pode conter informações que nós não esperávamos. Por isso,

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tentem sempre se lembrar de abrir tópico para tratar da realização de audiência de
conciliação / mediação. Como vocês verão no modelo mais à frente, não precisa ser nada
muito extenso, apenas para que o examinador veja que vocês conhecem essa especificidade
trazida pelo CPC/15.

4. PROBLEMA CONCRETO

Thiago, pessoa com 65 anos de idade, possui uma assinatura de TV a Cabo em sua residência,
mas constantemente o sinal do serviço simplesmente desaparece. Recentemente, inclusive,
Thiago ficou 15 dias seguidos sem o serviço.

Totalmente insatisfeito com a situação, Thiago procura a Defensoria no dia 28 de abril de 2020
e solicita uma providência, tendo em vista que deseja cancelar o contrato, mas a operadora
de TV, chamada TELEVISÃO 10, se nega a realizar o cancelamento.

Informa que sofreu diversos transtornos, pelo excesso de estresse e desgaste que a situação
tem causado, principalmente pelo fato de sempre passar horas ao telefone com atendentes
que nada resolvem.

O membro da Defensoria entra em contato com a operadora de TV, explica a situação e tenta,
extrajudicialmente, solucionar o problema, porém sem sucesso. Considerando o exposto,
elabore a peça cabível ao caso, excluindo a possibilidade de a situação ser resolvida em sede
de Juizado Especial Cível.

5. SOLUÇÃO DO PROBLEMA CONCRETO E MODELO DE PEÇA COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

Pessoal, o endereçamento é o juízo para o qual a peça será endereçada. No nosso caso,
o enunciado não deu maiores detalhes acerca do Estado ou Comarca em que os fatos se
passaram; por isso, JAMAIS “invente” um local. Se o enunciado não colocou nada, não indique
locais, pois o examinador poderá considerar isso como identificação de prova.

Situação contrária seria se o enunciado trouxesse Estado e/ou Comarca. Nesse cenário,
aí sim vocês devem indicar os locais no endereçamento, pois geralmente esses dados
constam do espelho do examinador.

Obs.: o inciso I do art. 319, CPC é expresso ao mencionar o vocábulo “juízo”. Sabemos que existe
diferença entre a figura do juiz propriamente dita e a figura do juízo o qual aquele exerce suas
funções. Por isso, o mais técnico é fazer o endereçamento “AO JUÍZO” e não “AO JUIZ”. Alguns
examinadores não descontam ponto em relação a isso, mas outros podem sim fazer
descontos tendo como base justamente o inciso I do art. 319, CPC. Portanto, cuidado.

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

OBSERVÂNCIA DE PRIORIDADE - colocar na linha logo abaixo do endereçamento

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O enunciado era expresso no sentido de que Thiago é pessoa idosa com 65 anos de
idade. Dessa forma, ele faz jus à prioridade na tramitação do feito e isso precisa estar na peça
de vocês. Vejam os dispositivos:

Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os


procedimentos judiciais:

I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou


superior a 60 (sessenta) anos (...)

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e


procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que
figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos, em qualquer instância.

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

QUALIFICAÇÃO DO AUTOR

A qualificação se encontra no inciso II do art. 319, CPC. Como o enunciado não trouxe
maiores informações, vocês não inventarão nenhum dado. Ao contrário, se o enunciado tivesse
mencionado detalhes sobre a qualificação, a colocação deles na peça será indispensável.

THIAGO, estado civil..., profissão..., inscrito no CPF sob o nº..., endereço


eletrônico..., domiciliado em....

FUNDAMENTO LEGAL

Nesse momento é de suma importância que vocês mencionem os dispositivos legais


que fundamentam a peça. Nesse sentido, SEMPRE coloquem o fundamento constitucional
primeiro, pelo fato de ser a CRFB que embasa todo o ordenamento jurídico.

Após, mencionem o artigo do procedimento que vocês estão se valendo e, por fim,
façam uma alusão à LC 80/94. Dessa forma vocês mostram para o examinador que
conhecem bem o conteúdo da nossa Lei Orgânica.

Obs.: os dispositivos citados não são taxativos, de maneira que vocês podem colocar os artigos
que acreditam que se encaixam no caso. A atenção, no entanto, deve ficar no fato de que se
vocês colocarem dispositivos que não tenham relação com o caso, o examinador pode
acabar descontando ponto (da mesma forma, deixar de colocar algum artigo que esteja no
espelho também acarreta perda de ponto).

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Vem, com base no art. 5º, XXXV, CRFB c/c art. 319, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, por
intermédio do membro da Defensoria Pública do Estado, que esta subscreve,
propor a presente demanda de OBRIGAÇÃO DE FAZER E COMPENSAÇÃO POR
DANO TEMPORAL em face de......

QUALIFICAÇÃO DO RÉU

Nesse momento, façam a qualificação do(s) réu(s) lembrando dos detalhes do inciso II
do art. 319, CPC.

TELEVISÃO 10, inscrita no CNPJ sob o nº...., endereço eletrônico, domiciliado em.....,
pelas razões de fato e de direito abaixo.

I - PRELIMINARES

Sempre coloquem a preliminar da gratuidade de justiça, tendo em vista que nossos


assistidos são, em regra, pessoas hipossuficientes no aspecto financeiro. Essa é uma das
principais preliminares a serem suscitadas por vocês.

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O autor não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem
prejuízo de sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado o
direito à gratuidade de justiça nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e
99, §3º, CPC.

Como se trata de uma demanda ajuizada por membro da Defensoria, as prerrogativas


inerentes ao cargo DEVEM ser observadas. Por essa razão, na preliminar, a maneira mais
técnica de abordar o tema é informar ao juiz que as prerrogativas dos membros (e não da
Defensoria em si) serão observadas. Não é técnico pedir ao juiz o deferimento das
prerrogativas, tendo em vista que não se trata de discricionariedade do juízo, mas sim direito
inerente àquele que pertence aos quadros da Defensoria.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da


DPE, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração,
nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

Conforme já mencionado, o autor é pessoa idosa e, por isso, faz jus à prioridade na
tramitação do feito. Geralmente esse tipo de preliminar vale ponto, portanto atenção com as
prioridades (pessoa idosa, criança, pessoa com deficiência, etc).

C) PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO – PESSOA IDOSA

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Requer que seja reconhecido o direito à tramitação preferencial do feito,
tendo em vista que o autor é pessoa idosa, nos termos do art. art. 1048, I, CPC
c/c art. 71, Estatuto do Idoso – Lei 10.741/03.

Abram também tópico referente à competência do juízo, pois isso demonstra ao


examinador que vocês conhecem bem os pressupostos processuais além das condições da
ação (que serão vistas abaixo).

D) COMPETÊNCIA DO JUÍZO

O presente juízo é competente para processamento e julgamento da


demanda, tendo em vista que se trata de uma relação consumerista, nos
termos do art. 2º e 3º do CDC. Por essa razão cabe ao autor consumidor
ajuizar a demanda, conforme art. 101, I, CDC, inclusive em seu domicílio.

As condições da ação estão no art. 17, CPC:

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Assim, mencionem a presença dessas condições, pois isso também pode estar presente
no espelho do examinador.

E) PRESENÇA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO

No caso, estão presentes as condições da ação, art. 17, CPC, tendo em vista
que o autor tutela direito próprio em nome próprio, havendo legitimidade
ativa no caso; noutro giro, há legitimidade passiva da ré, pois ela é a
fornecedora do serviço de TV a Cabo contratado pelo autor.

Há também interesse de agir, pois a busca pela tutela jurisdicional é a única


maneira de o autor conseguir tutelar seu direito.

Essa preliminar é importante pois demonstra para o examinador que vocês conhecem
as especificidades do procedimento comum trazido pelo CPC/15.

F) DA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Requer o autor a realização da audiência de conciliação prevista no art. 334,


CPC, tendo em vista a possibilidade de acordo com a parte ré.

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II – FATOS

No tópico relacionado aos fatos, tenham atenção ao seguinte:

1- por vezes, o examinador dispensa o candidato de falar dos fatos. Nessa situação,
vocês vão abrir o tópico “Dos fatos” e, na linha abaixo, escrever “narrativa fática
dispensada pelo enunciado”.

2- NÃO se alonguem na narrativa fática; no máximo 5 linhas. O importante é que


vocês sintetizem o ocorrido e mostrem para o examinador que compreenderam o
problema. O espaço para a realização da peça é curto e, por isso, cada linha é
importante.

O autor celebrou contrato com a ré, relacionado ao serviço de TV a Cabo.


Ocorre que o sinal da TV constantemente fica ausente e a ré não adota
providências para melhoria da situação. Além disso, recentemente o autor
tentou cancelar seu contrato, não obtendo êxito. Impossibilidade de resolver
a situação extrajudicialmente, busca a tutela do Judiciário.

III – DO MÉRITO

No mérito, vocês devem trabalhar todos os argumentos possíveis, desde que sejam
depreendidos do enunciado, para tutela do direito do assistido. Lembrem sempre de
colocarem um “título” sobre o tópico que vocês vão tratar, pois isso ajuda o examinador na
hora da correção.

Fiquem atentos: é principalmente nesse momento que vocês irão demonstrar para o
examinador o conhecimento teórico, que deve envolver doutrina, jurisprudência e letra de lei.

A) DA RELAÇÃO DE CONSUMO E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A presente demanda se caracteriza como relação de consumo, nos termos


da Lei 8.078/90 (CDC), eis que o autor, como destinatário final, contratou
serviço de TV a Cabo, conforme art. 2º. Por sua vez, a ré se caracteriza como
fornecedora, art. 3º, CDC, pois é pessoa jurídica privada que desenvolve
atividade de prestação de serviço profissionalmente.

Tendo em vista que o autor é pessoa hipossuficiente no sentido técnico,


jurídico e econômico, bem como suas alegações são verossímeis, requer a
inversão do ônus da prova a seu favor, nos termos do art. 6º, VIII, CDC.

B) DA RESPONSABILIDADE DA RÉ E DA POSSIBILIDADE DE CANCELAMENTO DO


SERVIÇO (OBRIGAÇÃO DE FAZER)

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A ré é a fornecedora direta do serviço contratado pelo autor, serviço esse
que constantemente apresenta falhas conforme narrado nesta inicial. O art.
20, CDC é expresso ao dizer que o fornecedor responde por vícios de
qualidade, que tornem o serviço impróprios ao consumo ou lhes diminuam
o valor, o que acontece no presente caso.

O autor não consegue assistir TV adequadamente tendo, inclusive, ficado


sem serviço por 15 dias seguidos recentemente. Nessa esteira, é direito
subjetivo do autor que haja o cancelamento do serviço, tendo em vista que
ele não pode ser obrigado a continuar associado a uma empresa que
desrespeita continuamente a legislação consumerista (art. 5º, II, CRFB).

Assim, deve a ré ser condenada à obrigação de fazer, consubstanciada no


cancelamento do serviço de TV a Cabo oferecido ao autor.

C) DA COMPENSAÇÃO POR DANO TEMPORAL

O dano temporal, categoria autônoma de dano, é admitida pelo STJ nos


casos em que a pessoa gasta, por ato ilícito de outrem, tempo excessivo para
resolver determinada situação que lhe desfavorece.

Casos, por exemplo, em que o consumidor adquire um produto ou serviço


que constantemente apresentam falhas e que, por isso, fazem com que a
pessoa precise sempre buscar por ajuda técnica.

No caso dos autos, está presente a possibilidade de condenação da ré em


dano temporal por desvio produtivo do consumidor; ao fazer com que o
autor constantemente busque uma solução no problema do sinal de TV, a ré
“obriga” o autor a gastar seu tempo (que poderia ser melhor aproveitado de
outra forma) com uma situação que não foi causada por ele. Assim,
justamente pela ilicitude na conduta da ré em se manter inerte na solução,
é que cabe a sua responsabilidade.

Portanto, requer a condenação da ré em R$ 5.000,00 a título de dano


temporal em favor do autor.

Lembrem que, caso seja necessário (como, por exemplo, em situações de dano temporal ou
dano moral) é possível que vocês coloquem um valor determinado no pedido.

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IV – DOS PEDIDOS (ATENÇÃO ÀS PROVAS E AOS HONORÁRIOS)

Os pedidos são uma parte chave da nossa peça, tendo em vista que representam uma
síntese do que foi discutido até o momento. O examinador também costuma atribuir uma alta
pontuação a essa parte da peça, de maneira que vocês devem ficar atentos ao elaborá-la!

Em relação aos pedidos, atentem-se para o fato de que os honorários sucumbenciais


NÃO SÃO devidos ao membro da Defensoria, mas sim para o fundo de aparelhamento da
instituição. É bom não utilizar a expressão “honorários advocatícios”, mas somente honorários,
já que a Defensoria é uma instituição distinta da Advocacia, nos termos da Constituição
Federal.

Além disso, lembrem-se sempre de fazer o pedido de produção de provas, a menos que
o procedimento não comporte dilação probatória (como no Mandado de Segurança e na
Exceção de pré-executividade).

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da


defensoria pública, tais como prazo em dobro, vista pessoal e dispensa de
mandato, requer:

a) o recebimento desta inicial, tendo em vista que há competência do


juízo e a presença das condições da ação;
b) o deferimento da gratuidade de justiça em favor do autor;
c) a prioridade na tramitação do feito, tendo em vista ser o autor pessoa
idosa;
d) a realização da audiência de conciliação;
e) a citação da ré para, querendo, manifestar-se;
f) no mérito, a inversão do ônus da prova em favor do autor;
g) a condenação da ré à obrigação de fazer, consubstanciada no
cancelamento do contrato celebrado com o autor;
h) a condenação da ré ao pagamento de compensação por dano
temporal em favor do autor, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
i) a condenação da ré ao pagamento de honorários advocatícios em
favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI, LC
80/94; e
j) a produção de todas as provas admitidas em direito, mormente a
prova documental.

FECHAMENTO DA PEÇA –VALOR DA CAUSA, PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Neste momento, deve-se proceder ao fechamento da peça. Não se enganem: o


examinador também costuma atribuir pontos a esta parte.

Assim, lembrem-se desses elementos: valor da causa; pedido de deferimento; local;


data e assinatura (na assinatura JAMAIS COLOQUEM O NOME DE VOCÊS).

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Dá-se à causa o valor de .....

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor(a) Público(a)

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

THIAGO, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº, endereço eletrônico, domiciliado em....
vem, com base no art. 5º, XXXV, CRFB c/c art. 319, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, por intermédio do
membro da Defensoria Pública do Estado .... que esta subscreve, ajuizar demanda de
OBRIGAÇÃO DE FAZER E COMPENSAÇÃO POR DANO TEMPORAL em face de

TELEVISÃO 10, inscrita no CNPJ sob o nº...., endereço eletrônico, domiciliado em....., pelas razões de
fato e de direito abaixo.

I - PRELIMINARES

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O autor não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem prejuízo de sua
subsistência, razão pela qual requer que seja declarado o direito à gratuidade de justiça nos
termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e 99, §3º, CPC.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da DPE, mormente a
vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC
80/94.

C) PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO – PESSOA IDOSA

Requer que seja reconhecido o direito à tramitação preferencial do feito, tendo em vista que o
autor é pessoa idosa, nos termos do art. art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto do Idoso – Lei 10.741/03.

D) COMPETÊNCIA DO JUÍZO

O presente juízo é competente para processamento e julgamento da demanda, tendo em


vista que se trata de uma relação consumerista, nos termos do art. 2º e 3º do CDC. Por essa
razão cabe ao autor consumidor ajuizar a demanda, conforme art. 101, I, CDC, inclusive em seu
domicílio.

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E) PRESENÇA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO

No caso, estão presentes as condições da ação, art. 17, CPC, tendo em vista que o autor tutela
direito próprio em nome próprio, havendo legitimidade ativa no caso; noutro giro, há
legitimidade passiva da ré, pois ela é a fornecedora do serviço de TV a Cabo contratado pelo
autor.

F) DA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Requer o autor a realização da audiência de conciliação prevista no art. 334, CPC, tendo em
vista a possibilidade de acordo com a parte ré.

II – FATOS

O autor celebrou contrato com a ré, relacionado ao serviço de TV a Cabo. Ocorre que o sinal
da TV constantemente fica ausente e a ré não adota providências para melhoria da situação.
Além disso, recentemente o autor tentou cancelar seu contrato, não obtendo êxito.
Impossibilidade de resolver a situação extrajudicialmente, busca a tutela do Judiciário.

III – DO MÉRITO

A) DA RELAÇÃO DE CONSUMO E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A presente demanda se caracteriza como relação de consumo, nos termos da Lei 8.078/90
(CDC), eis que o autor, como destinatário final, contratou serviço de TV a Cabo, conforme art.
2º. Por sua vez, a ré se caracteriza como fornecedora, art. 3º, CDC, pois é pessoa jurídica privada
que desenvolve atividade de prestação de serviço profissionalmente.

Tendo em vista que o autor é pessoa hipossuficiente no sentido técnico, jurídico e econômico,
bem como suas alegações são verossímeis, requer a inversão do ônus da prova a seu favor,
nos termos do art. 6º, VIII, CDC.

B) DA RESPONSABILIDADE DA RÉ E DA POSSIBILIDADE DE CANCELAMENTO DO SERVIÇO


(OBRIGAÇÃO DE FAZER)

A ré é a fornecedora direta do serviço contratado pelo autor, serviço esse que constantemente
apresenta falhas conforme narrado nesta inicial. O art. 20, CDC é expresso ao dizer que o
fornecedor responde por vícios de qualidade, que tornem o serviço impróprios ao consumo ou
lhes diminuam o valor, o que acontece no presente caso.

O autor não consegue assistir TV adequadamente tendo, inclusive, ficado sem serviço por 15
dias seguidos recentemente. Nessa esteira, é direito subjetivo do autor que haja o
cancelamento do serviço, tendo em vista que ele não pode ser obrigado a continuar
associado a uma empresa que desrespeita continuamente a legislação consumerista (art. 5º,
II, CRFB).

Assim, deve a ré ser condenada à obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do


serviço de TV a Cabo oferecido ao autor.

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C) DA COMPENSAÇÃO POR DANO TEMPORAL

O dano temporal, categoria autônoma de dano, é admitida pelo STJ nos casos em que a
pessoa gasta, por ato ilícito de outrem, tempo excessivo para resolver determinada situação
que lhe desfavorece.

Casos, por exemplo, em que o consumidor adquire um produto ou serviço que


constantemente apresentam falhas e que, por isso, fazem com que a pessoa precise sempre
buscar por ajuda técnica.

No caso dos autos, está presente a possibilidade de condenação da ré em dano temporal por
desvio produtivo do consumidor; ao fazer com que o autor constantemente busque uma
solução no problema do sinal de TV, a ré “obriga” o autor a gastar seu tempo (que poderia ser
melhor aproveitado de outra forma) com uma situação que não foi causada por ele. Assim,
justamente pela ilicitude na conduta da ré em se manter inerte na solução, é que cabe a sua
responsabilidade.

Portanto, requer a condenação da ré em R$ 5.000,00 a título de dano temporal em favor do


autor.

IV – DOS PEDIDOS

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da defensoria
pública, tais como prazo em dobro, vista pessoal e dispensa de mandato, requer:

a) o recebimento desta inicial, tendo em vista que há competência do juízo e a presença


das condições da ação;
b) o deferimento da gratuidade de justiça em favor do autor;
c) a prioridade na tramitação do feito, tendo em vista ser o autor pessoa idosa;
d) a realização da audiência de conciliação;
e) a citação da ré para, querendo, manifestar-se;
f) no mérito, a inversão do ônus da prova em favor do autor;
g) a condenação da ré à obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do
contrato celebrado com o autor;
h) a condenação da ré ao pagamento de compensação por dano temporal em favor do
autor, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
i) a condenação da ré ao pagamento de honorários advocatícios em favor do fundo e
aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94; e
j) a produção de todas as provas admitidas em direito, mormente a prova documental.

Dá-se à causa o valor de .....

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor(a) Público(a)

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA

1. FUNDAMENTO LEGAL

Pessoal, o fundamento maior está na Constituição, pois ela atribui à Defensoria a tutela
coletiva de direitos:

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à


função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e
instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais E COLETIVOS, de
forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do
art. 5º desta Constituição Federal.

A LC 80/94, que é a nossa lei orgânica, trata da tutela coletiva de direitos, o que se
encontra em consonância com a Constituição:

Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:

VII – PROMOVER AÇÃO CIVIL PÚBLICA e todas as espécies de ações


capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou
individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder
beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes;

Ainda, a própria Lei de Ação Civil Pública, 7.347/85, atribui à Defensoria essa legitimidade:

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

II - a Defensoria Pública;

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

A ação civil pública é uma inicial e, por lógica, inaugura um processo judicial. Portanto,
sempre que o examinador narrar um caso que ainda não se encontra no Judiciário,
principalmente se for ressaltado que não houve acordo extrajudicial, provavelmente deve-se
apresentar uma ação civil pública (quando a situação comportar direitos coletivos lato sensu).

3. FIQUE LIGADO!

A ação civil pública é uma forma eficaz de tutela de interesses coletivos lato sensu.
Contudo, a própria lei da Defensoria (80/94) requer que haja previamente tentativas de
conciliação extrajudicial. Isso porque um acordo, em regra, será mais célere do que uma ação
judicial. Vejam:

Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 15
II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando
à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de
mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e
administração de conflitos;

4. PROBLEMA CONCRETO

No Estado de São Paulo um presídio de segurança máxima localizado na capital


encontrava-se em situação deplorável; celas superlotadas, ratos caminhando sobre os presos
e falta de comida para estes últimos. No dia 17 de abril de 2020, inclusive, um pedaço do reboco
do teto da cela caiu sobre 3 detentos, ferindo-os gravemente, que precisaram ir diretamente
a um hospital da região. Além dos problemas internos, a população do entorno também viu a
sua qualidade de vida reduzir, pois há um constante risco de fugas e rebeliões.

Diante desse quadro, a Defensoria Pública estadual oficiou a Secretaria de


Administração buscando realizar uma solução conjunta. No entanto, o ofício, que chegou ao
destinatário no dia 16 de agosto de 2020, jamais foi respondido.

Diante do quadro alarmante e da inércia do Estado, apresente a manifestação


processual cabível, excluindo a possibilidade de impetração de remédios constitucionais.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

O endereçamento será feito ao juízo do local do dano e, como se trata de uma ação
contra o Estado, será ajuizada na vara de fazenda pública.

AO JUÍZO DA VARA DE FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Aqui, a Defensoria age em nome próprio e assim deverá figurar na inicial. Em relação ao
réu, a qualificação será comum tal como no CPC. Quanto ao fundamento legal, lembrem da
Constituição Federal, da LC 80/94 e da própria lei de ACP, todas relacionadas com a tutela
coletiva pela DPE.

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, inscrita no CNPJ sob o nº....,


função essencial à justiça, com sede no endereço...., endereço eletrônico .....,
no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, com base no art. 134,
CRFB c/c art. 4º, VII, LC 80/94 e art. 5º, II, Lei 7.347/85, apresentar AÇÃO CIVIL
PÚBLICA, em face do Estado de São Paulo, inscrito no CNPJ sob o nº ...., com
sede em ...., endereço eletrônico ....., pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) CABIMENTO E COMPETÊNCIA DO JUÍZO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 16
Aqui basta trazer o fundamento legal tanto para o ajuizamento, quanto para a
competência, ambos na própria lei de ACP.

A presente demanda é cabível, tendo em vista que se trata da tutela de


direitos difusos e coletivos, nos termos do art. 1º, IV, Lei 7347/85. Ademais, o juízo
é competente, pois a demanda fora ajuizada no local do dano, conforme
preconiza o art. 2º da Lei 7347/85.

B) DISPENSA DO RECOLHIMENTO DE CUSTAS

A lei de ACP dispensa o recolhimento prévio de custas no art. 18, devendo isso ser
mencionado por vocês em sua ACP.

Não há adiantamento de custas em ação civil pública, nos termos do art. 18


da Lei 7347/85, razão pela qual a Defensoria deixa de realizar o referido
recolhimento.

C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA

Como não poderia deixar de ser, abram um tópico sobre as prerrogativas dos membros
da Defensoria Pública.

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria, mormente prazo em dobro, dispensa de mandato e intimação
pessoal, nos termos do art. 128, I e XI, LC 80/94.

D) AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Mesmo que a tentativa de conciliação extrajudicial tenha ocorrido, cabe a conciliação


judicial (o que não impede o pedido liminar que será feito à frente).

Informa-se que há desejo por parte da Defensoria da realização de


audiência de conciliação, nos termos do art. 334, CPC, visando uma solução
célere e eficaz para o caso.

E) DA LEGITIMIDADE

É importante que você abra um tópico para falar sobre a legitimidade da Defensoria
para propor ACP. Embora hoje a situação não tenha controversa, houve um determinado
período em que sua legitimidade foi questionada, por isso esse tópico ainda é muito
importante.

A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública, nos
termos do art. 5º, II da Lei 7.347/1985 (LACP). Além disso, o STF já reconheceu,

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 17
em 2015, a constitucionalidade da referida legitimidade, através da ADI 3943.
Não há, assim, qualquer dúvida sobre sua legitimidade.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou a narrativa fática, façam uma síntese do ocorrido (poucas
linhas, pois geralmente os fatos não são expressamente pontuados pelo examinador).

O presídio em questão, localizado na Capital do Estado de São Paulo está


em situação verdadeiramente deplorável. Os internos não têm comida
adequadamente e convivem em celas superlotadas, inclusive com a
circulação de ratos. No dia 17 de abril de 2020, inclusive, um pedaço do
reboco do teto da cela caiu sobre 3 detentos, ferindo-os gravemente.
Um ofício foi enviado ao réu visando uma solução consensual para a
situação, porém não houve resposta, razão pela qual o ajuizamento da
presente demanda é a única forma capaz de tutelar os direitos dos
envolvidos.

III – MÉRITO

A) DA NECESSIDADE DE REFORMA URGENTE DO PRESÍDIO

A primeira tese de mérito trata, justamente, da reforma do presídio, que está em


situação deplorável, colocando em risco a vida de todos que estão naquele ambiente.

Há necessidade urgente de reforma do presídio, tendo em vista as


condições sub-humanas a que os internos estão submetidos. A CRFB é
expressa no sentido de que penas cruéis e degradantes são vedadas,
devendo ser preservada a integridade dos presos, conforme art. 5º, III e LIX,
CRFB.
Dessa forma, é inconcebível que pessoas cumpram pena privativa de
liberdade nas condições narradas. A reforma do presídio, com melhoras em
sua estrutura, bem como na regularização do fornecimento de alimentos é
medida crucial para a tutela dos direitos dos internos.

B) CUMPRIMENTO DO ENUNCIADO DE SÚMULA VINCULANTE 56 E O PRINCÍPIO DO NUMERUS


CLAUSUS

Aqui a tese é no seguinte de aliviar a superlotação do presídio. São argumentos válidos


o princípio do numerus clausus, o enunciado de súmula vinculante 56 e todos aqueles que
juridicamente se relacionem com a questão.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 18
Informa o princípio do numerus clausus que o quantitativo de presos em
uma unidade deve permanecer, no máximo, igual ao número de vagas
disponíveis e possuir uma tendência de queda.

No presente caso, há superlotação, de maneira que o princípio está sendo


frontalmente violado. O Brasil passa por um estado de coisas
inconstitucionais em seu sistema carcerário, conforme o STF, o que demanda
medidas drásticas. Ademais, o enunciado de súmula vinculante 56 dispõe
sobre a necessidade de se respeitar a situação processual dos presos, o que
pode incluir a questão da superlotação.
Dessa forma, requer a progressão imediata dos presos que estejam
próximos a atingir o requisito objetivo para tanto e o impedimento da
entrada de novos internos; neste último caso, devem os novos condenados
aguardar em prisão domiciliar com a contagem do tempo no cumprimento
da pena ou devem permanecer em liberdade plena, mas com o transcurso
do prazo prescricional ativo, até o surgimento de vaga.

C) DO DANO MORAL EM FAVOR DOS PRESOS E DE SEUS FAMILIARES

Por estarem sujeitos a essa situação degradante, presos e familiares fazem jus à
compensação por dano moral. Em relação aos familiares, pode ser suscita a violação ao
princípio da intranscendência, já que a família também acaba sofrendo os efeitos desses
abusos estatais.

O Estado, ao agir da forma narrada em relação aos internos, viola a honra


subjetiva dessas pessoas, que são submetidas a tratamentos
absolutamente degradantes. Pior, sequer respondeu o ofício enviado pela
Defensoria, o que demonstra a total desídia com o caso.
Portanto, requer a condenação do réu ao pagamento de compensação por
dano moral em favor de cada preso, no valor de R$ 10.000,00, e a seus
respectivos familiares. Isso porque há uma transcendência da pena aos
parentes dos presos, que convivem constantemente com as preocupações
referentes às violações de direito que esses presos sofrem. Anote-se que há
vários precedentes dos Tribunais Superiores no sentido de admitir a
indenização em razão de fatos relacionados ao caso em questão, como é o
caso da ADPF 347 (estado de coisas inconstitucional).

D) DO DANO SOCIAL

Foi narrado no enunciado que a população em volta também sofre com a


superlotação, tendo em vista os riscos constantes de fuga e rebelião. Assim, pela queda no
nível de qualidade de vida, cabe requerer compensação pelo dano social (espécie de dano
admitida pelo STJ).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 19
A situação narrada é tão grave que foi apta a reduzir a o nível de qualidade
de vida da população que vive no entorno do presídio. Isso porque há uma
constante preocupação e pavor dos moradores em relação aos riscos
concretos de fuga e rebeliões no interior do presídio.
Assim, conforme já entendido cabível pelo STF, é necessário que o réu seja
condenado à compensação por dano social, no valor de R$ 100.000,00,
devendo o valor ser revertido ao Fundo Penitenciário, sendo mais uma
receita para colaborar no aprimoramento da política criminal do país.

IV – TUTELA ANTECIPADA LIMINAR

Pela urgência da situação, cabível requerer a presente liminar, para que, desde logo, o
Estado comece a reformar o presídio. Importante também pedir multa para o caso de
descumprimento por parte do réu.

Tendo em vista a plausibilidade jurídica do pedido, haja vista a


demonstração dos abusos estatais cometidos, e do perigo da demora, pois
a cada dia a vida dos internos sofre risco iminente, requer a concessão de
tutela antecipada liminar. A tutela consubstancia-se na ordem imediata
para que o réu proceda à reforma do presídio, oferecendo aos presos
condições humanas para que estes possam cumprir a pena que lhes foi
imposta.
Em caso de descumprimento da liminar pelo réu, requer que se imponha
uma multa diária no valor de R$ 50.000,00.

V – PEDIDOS

Ao final, os pedidos são uma síntese do que foi narrado na peça. Não esqueçam nada.
Eles costumam ter uma boa pontuação na sua segunda fase.

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros


da Defensoria, requer:
a) o recebimento desta inicial, eis que cabível e há competência do juízo;
b) a declaração do direito de dispensa no recolhimento de custas;
c) a realização de audiência de conciliação com o réu;
d) a concessão de tutela antecipada liminar, para que o réu seja obrigado a
proceder à reforma do presídio em questão, sob pena de multa diária no
valor de R$ 50.000,00;
e) no mérito, a confirmação da liminar, para que o réu seja condenado em
definitivo à reforma do presídio;
f) a progressão imediata dos presos que estejam próximos a atingir o
requisito objetivo para tanto e o impedimento da entrada de novos internos;
neste último caso, devem os novos condenados aguardar em prisão

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 20
domiciliar com a contagem do tempo no cumprimento da pena ou devem
permanecer em liberdade plena, mas com o transcurso do prazo
prescricional ativo, até o surgimento de vaga;
g) ainda no mérito, a condenação do réu ao pagamento de compensação
por dano moral e material em favor dos presos e de seus respectivos
familiares, no valor de R$ 10.000,00;
g) a condenação do réu ao pagamento de compensação por dano social,
no valor de R$ 100.000,00;
h) a produção de provas admitidas em direito, mormente a documental; e
i) a condenação do réu às custas e honorários, estes revertidos em favor do
Fundo de Aparelhamento da DPE/SP.

PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Ao final, basta fazer o fechamento da peça com os dados de praxe.

Nestes termos, pede deferimento.


São Paulo, data.
Defensor Público.

6. MODELO DA PEÇA

AO JUÍZO DA VARA DE FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, inscrita no CNPJ sob o nº...., com sede em ....,
endereço eletrônico ....., no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, com base no
art. 134, CRFB c/c art. 4º, VII, LC 80/94 e art. 5º, II, Lei 7.347/85, apresentar AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM
PEDIDO LIMINAR, em face do Estado de São Paulo, inscrito no CNPJ sob o nº ...., domiciliado em ....,
endereço eletrônico ....., pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) CABIMENTO E COMPETÊNCIA DO JUÍZO

A presente demanda é cabível, tendo em vista que se trata da tutela de direitos difusos e
coletivos, nos termos do art. 1º, IV, Lei 7347/85. Há competência do juízo pois a demanda foi
ajuizada no local do dano, conforme preconiza o art. 2º da Lei 7347/85.

B) DISPENSA DO RECOLHIMENTO DE CUSTAS

Não há adiantamento de custas em ação civil pública, nos termos do art. 18 da Lei 7347/85,
razão pela qual a Defensoria deixa de realizar o referido recolhimento.

C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 21
Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
mormente prazo em dobro, dispensa de mandato e intimação pessoal, nos termos do art. 128,
I e XI, LC 80/94.

D) AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Informa-se que há desejo por parte da Defensoria da realização de audiência de conciliação,


nos termos do art. 334, CPC, visando uma solução célere e eficaz para o caso.

E) DA LEGITIMIDADE

A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública, nos termos do art. 5º, II
da Lei 7.347/1985 (LACP). Além disso, o STF já reconheceu, em 2015, a constitucionalidade da
referida legitimidade, através da ADI 3943. Não há, assim, qualquer dúvida sobre sua
legitimidade.

II – FATOS

O presídio em questão, localizado na Capital do Estado de São Paulo está em situação


verdadeiramente deplorável. Os internos não têm comida adequadamente e convivem em
celas superlotadas, inclusive com a circulação de ratos. No dia 17 de abril de 2020, inclusive, um
pedaço do reboco do teto da cela caiu sobre 3 detentos, ferindo-os gravemente.

Um ofício foi enviado ao réu visando uma solução consensual para a situação, porém não
houve resposta, razão pela qual o ajuizamento da presente demanda é a única forma capaz
de tutelar os direitos dos envolvidos.

III – MÉRITO

A) DA NECESSIDADE DE REFORMA URGENTE DO PRESÍDIO

Há necessidade urgente de reforma do presídio, tendo em vista as condições sub-humanas a


que os internos estão submetidos. A CRFB é expressa no sentido de que penas cruéis e
degradantes são vedadas, devendo ser preservada a integridade dos presos, conforme art. 5º,
III e LIX, CRFB.

Dessa forma, é inconcebível que pessoas cumpram pena privativa de liberdade nas condições
narradas. A reforma do presídio, com melhoras em sua estrutura, bem como na regularização
do fornecimento de alimentos é medida crucial para a tutela dos direitos dos internos.

B) CUMPRIMENTO DO ENUNCIADO DE SÚMULA VINCULANTE 56 E O PRINCÍPIO DO NUMERUS


CLAUSUS

Informa o princípio do numerus clausus que o quantitativo de presos em uma unidade deve
permanecer, no máximo, igual ao número de vagas disponíveis e possuir uma tendência de
queda.

No presente caso, há superlotação, de maneira que o princípio está sendo frontalmente


violado. O Brasil passa por um estado de coisas inconstitucionais em seu sistema carcerário,

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 22
conforme o STF, o que demanda medidas drásticas. Ademais, o enunciado de súmula
vinculante 56 dispõe sobre a necessidade de se respeitar a situação processual dos presos, o
que pode incluir a questão da superlotação.

Dessa forma, requer a progressão imediata dos presos que estejam próximos a atingir o
requisito objetivo para tanto e o impedimento da entrada de novos internos; neste último caso,
devem os novos condenados aguardar em prisão domiciliar com a contagem do tempo no
cumprimento da pena ou devem permanecer em liberdade plena, mas com o transcurso do
prazo prescricional ativo, até o surgimento de vaga.

C) DO DANO MORAL EM FAVOR DOS PRESOS E DE SEUS FAMILIARES

O Estado, ao agir da forma narrada em relação aos internos, viola a honra subjetiva dessas
pessoas, que são submetidas a tratamentos absolutamente degradantes. Pior, sequer
respondeu o ofício enviado pela Defensoria, o que demonstra a total desídia com o caso.

Portanto, requer a condenação do réu ao pagamento de compensação por dano moral em


favor de cada preso, no valor de R$ 10.000,00, e a seus respectivos familiares. Isso porque há
uma transcendência da pena aos parentes dos presos, que convivem constantemente com
as preocupações referentes às violações de direito que esses presos sofrem.

D) DO DANO SOCIAL

A situação narrada é tão grave que foi apta a reduzir a o nível de qualidade de vida da
população que vive no entorno do presídio. Isso porque há uma constante preocupação e
pavor dos moradores em relação aos riscos concretos de fuga e rebeliões no interior do
presídio.

Assim, conforme já entendido cabível pelo STF, é necessário que o réu seja condenado à
compensação por dano social, no valor de R$ 100.000,00, devendo o valor ser revertido ao
Fundo Penitenciário, sendo mais uma receita para colaborar no aprimoramento da política
criminal do país.

IV – TUTELA ANTECIPADA LIMINAR

Tendo em vista a plausibilidade jurídica do pedido, haja vista a demonstração dos abusos
estatais cometidos, e do perigo da demora, pois a cada dia a vida dos internos sofre risco
iminente, requer a concessão de tutela antecipada liminar. A tutela consubstancia-se na
ordem imediata para que o réu proceda à reforma do presídio, oferecendo aos presos
condições humanas para que estes possam cumprir a pena que lhes foi imposta.

Em caso de descumprimento da liminar pelo réu, requer que se imponha uma multa diária no
valor de R$ 50.000,00.

V – PEDIDOS

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 23
a) o recebimento desta inicial, eis que cabível e há competência do juízo;

b) a declaração do direito de dispensa no recolhimento de custas;

c) a realização de audiência de conciliação com o réu;

d) a concessão de tutela antecipada liminar, para que o réu seja obrigado a proceder à
reforma do presídio em questão, sob pena de multa diária no valor de R$ 50.000,00;

e) no mérito, a confirmação da liminar, para que o réu seja condenado em definitivo à reforma
do presídio;

f) a progressão imediata dos presos que estejam próximos a atingir o requisito objetivo para
tanto e o impedimento da entrada de novos internos; neste último caso, devem os novos
condenados aguardar em prisão domiciliar com a contagem do tempo no cumprimento da
pena ou devem permanecer em liberdade plena, mas com o transcurso do prazo prescricional
ativo, até o surgimento de vaga;

g) ainda no mérito, a condenação do réu ao pagamento de compensação por dano moral e


material em favor dos presos e de seus respectivos familiares, no valor de R$ 10.000,00;

g) a condenação do réu ao pagamento de compensação por dano social, no valor de R$


100.000,00;

h) a produção de provas admitidas em direito, mormente a documental; e

i) a condenação do réu às custas e honorários, estes revertidos em favor do Fundo de


Aparelhamento da DPE/SP.

Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo, data.

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 24
CONTESTAÇÃO

1. FUNDAMENTO LEGAL

Pessoal, a contestação é o momento em que o réu tem a oportunidade de apresentar


sua defesa, considerando as alegações autorais. Dessa forma, seu principal fundamento legal
é o art. 335, CPC, que prevê:

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15


(quinze) dias, cujo termo inicial será a data:

I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de


conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo,
não houver autocomposição;

II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação


ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art.
334, § 4º, inciso I ;

III - prevista no art. 231 , de acordo com o modo como foi feita a citação,
nos demais casos.

Atenção, portanto, à forma de contagem de prazo:

1- em relação à audiência de conciliação / mediação, deve-se atentar se o ato foi ou não


realizado, bem como para a data da última sessão de conciliação. Esses marcos são
importantes para a contagem do prazo para contestar;

2- caso seja apresentado protocolo para cancelamento da audiência de conciliação ou


mediação, esse é o marco a ser considerado para contestar; e

3- considerando a forma como foi feita a citação, nos demais casos. Nessa situação, atentem-
se para o art. 231, CPC:

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo


do prazo:

I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a


citação ou a intimação for pelo correio;

II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação


ou a intimação for por oficial de justiça;

III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der


por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;

IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a


citação ou a intimação for por edital;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 25
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou
ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a
intimação for eletrônica;

VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não


havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem
devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em
cumprimento de carta;

VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da


Justiça impresso ou eletrônico;

VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos
autos, em carga, do cartório ou da secretaria.

§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para


contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I
a VI do caput .

§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado


individualmente.

§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por


quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de
representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da
determinação judicial corresponderá à data em que se der a
comunicação.

§ 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

A contestação será oferecida após a citação do réu, considerando as especificidades


relacionadas às audiências de conciliação / mediação previstas no CPC. Portanto, quando o
enunciado trouxer situações em que o processo acabou de começar, há grandes chances de
o examinador querer que vocês apresentem uma contestação.

3. FIQUE LIGADO!

Pessoal, na contestação o réu apresenta TODAS as defesas possíveis, sejam elas


processuais ou de mérito. Está aqui presente a regra da eventualidade, em que ao réu cabe
alegar tudo que for possível pois, caso contrário, haverá preclusão da matéria. Nessa esteira,
vejamos o art. 336, CPC:

Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de


defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o
pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 26
O dispositivo também é claro ao afirmar que, em sede de contestação, deve-se
especificar as provas que o réu pretende produzir.

4. PROBLEMA CONCRETO

Thiago, pessoa com 65 anos de idade, possui uma assinatura de TV a Cabo em sua residência,
mas constantemente o sinal do serviço simplesmente desaparece. Recentemente, inclusive,
Thiago ficou 15 dias seguidos sem o serviço.

Totalmente insatisfeito com a situação, Thiago procura a Defensoria no dia 28 de abril de 2020
e solicita uma providência, tendo em vista que deseja cancelar o contrato, mas a operadora
de TV, chamada TELEVISÃO 10, se nega a realizar o cancelamento.

O membro da Defensoria responsável pelo atendimento ajuizou a demanda devida,


requerendo, em síntese: concessão de gratuidade de justiça em favor de Thiago; obrigação
de fazer em face da ré, consubstanciada no cancelamento do contrato celebrado com o
autor, condenação da ré ao pagamento de compensação por dano temporal em favor do
autor, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e condenação da ré ao pagamento de
honorários advocatícios em favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI,
LC 80/94.

O representante da TELEVISÃO 10, que passa por grave dificuldade financeira, não possuindo
dinheiro para sequer pagar suas despesas correntes, procura a Defensoria em busca de
assistência jurídica, o que foi deferido pelo Órgão.

O membro da Defensoria acompanha a ré TELEVISÃO 10 na audiência de conciliação, ocorrida


no dia 15 de abril de 2020 (quarta-feira). Não houve possibilidade de acordo, de maneira que
o juízo abriu vista para a ré se manifestar.

Apresente a peça cabível, no último dia de prazo, considerando na contagem sábados e


domingos, mas desconsiderando eventuais feriados.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

Pessoal, o endereçamento é o juízo para o qual a peça será endereçada. No nosso caso, o
enunciado não deu maiores detalhes acerca do Estado ou Comarca em que os fatos se
passaram; por isso, JAMAIS “invente” um local. Se o enunciado não colocou nada, não indique
locais, pois o examinador poderá considerar isso como identificação de prova.

Situação contrária seria se o enunciado trouxesse Estado e/ou Comarca. Nesse cenário, aí sim
vocês devem indicar os locais no endereçamento, pois geralmente esses dados constam do
espelho do examinador.

Ademais, não só a petição inicial, mas a contestação e qualquer outra peça processual
precisa ter o endereçamento.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 27
Nesse caso, como já houve distribuição, coloquem logo abaixo “processo nº....” para demonstrar
ao examinador que vocês se atentam aos mínimos detalhes.

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

Processo nº....

QUALIFICAÇÃO

Lembrem das previsões do art. 319, CPC em relação à qualificação. Como no caso
concreto se trata de uma pessoa jurídica, as informações a serem apresentadas são menores
(pois não se fala de estado civil ou profissão, por exemplo).

TELEVISÃO 10, inscrita no CNPJ sob o nº, endereço eletrônico, domiciliada.... vem,
com base no art. 5º, XXXV, CRFB c/c art. 335, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, por
intermédio do membro da Defensoria Pública do Estado .... que esta
subscreve, apresentar CONTESTAÇÃO à presente demanda, pelas razões de
fato e de direito abaixo.

I – PRELIMINARES

Nesse ponto, chamo a atenção de vocês para o fato de que as pessoas jurídicas
também podem fazer jus à justiça gratuita. A diferença é que a pessoa jurídica não conta com
presunção relativa de hipossuficiência tal como a pessoa natural.

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A ré não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem
prejuízo de sua subsistência, tendo em vista que passa por sérios problemas
financeiros em sua atual gestão. Por essa razão, frisando que à Pessoa
Jurídica que comprove insuficiência de recursos também é assegurada a
gratuidade de justiça, requer que seja declarado o referido direito nos termos
do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98, CPC.

Lembrem que pela eventualidade tudo pode ser suscitado na contestação (desde que
tenha relação com os fatos narrados no caso). Uma dessas alegações é justamente no que
diz respeito à concessão de justiça gratuita ao autor. No enunciado do problema concreto foi
dito que o autor solicitou o deferimento de tal direito, o que sugeria a vocês a necessidade de
impugnação desse ponto.

B) DA INDEVIDA CONCESSÃO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA AO AUTOR

A gratuidade de justiça, direito previsto nos termos do art. 98, CPC, permite
que a pessoa natural ou jurídica exerça seu direito de acesso à justiça (art.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 28
5º, LXXIV, CRFB), mesmo sem possuir condições financeiras para arcar com as
custas.
Contudo, tal direito não é absoluto; há casos em que deve ser comprovada
a hipossuficiência financeira. O autor não demonstrou ter dificuldades para
subsistência; pelo contrário. Por ser assinante de um serviço não essencial (TV
a cabo), há indícios de que ele possui sim condições financeiras para arcar
com as custas.
Por essa razão, requer que este juízo, antes de revogar a concessão da
gratuidade ora deferida, determine a intimação do autor para que este junte
aos autos documentos capazes de comprovar sua hipossuficiência.

Essa preliminar é obrigatória nas peças para Defensoria Pública, de maneira que vocês
precisam SEMPRE se lembrar dela. Não é necessário escrever muito na peça, apenas façam o
suficiente para demonstrar ao examinador que vocês conhecem as prerrogativas.

C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE


Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da
DPE, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração,
nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

A tempestividade é de suma importância, pois é preciso demonstrar ao juízo que a peça


foi apresentada no prazo correto. Quando o enunciado pede para o candidato datar a peça
no último dia do prazo, certamente isso figurará no espelho de correção.

D) TEMPESTIVIDADE DA CONTESTAÇÃO
A audiência de conciliação foi realizada no dia 15 de abril de 2020 (quarta-
feira). O prazo para contestar é de 15 dias e, conforme o art. 335, I, conta-se
da data da audiência de conciliação quando não houver autocomposição.
Considerando o prazo em dobro da Defensoria, tem-se que a data final para
manifestação é 27 de maio de 2020, data na qual se apresenta esta
contestação.

II – FATOS

Não há necessidade de se alongar. Uma breve síntese já é o suficiente para pontuar no


espelho do examinador.

O autor celebrou contrato com a ré, relacionado ao serviço de TV a Cabo


prestado por esta. Afirma o autor que buscou o Judiciário pois o sinal da TV

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 29
constantemente ficava ausente e a ré não teria adotado providências para
melhoria da situação. O autor também afirma que recentemente tentou
cancelar seu contrato e que não teria obtido êxito. Diante do exposto,
apresenta a ré suas razões fáticas e jurídicas em relação ao caso.

III – DO MÉRITO

Pela leitura do enunciado era possível identificar que esse era um dos pontos a ser
abordado na contestação. Como o autor pediu a obrigação de fazer, vocês deveriam ter
tentado convencer o juízo acerca da improcedência desse pedido, apresentando argumentos
técnicos para tanto.

A) AUSÊNCIA DE RECUSA DA RÉ EM CANCELAR O CONTRATO DO AUTOR

Alega o autor que a ré oferece um serviço de TV a cabo com baixa qualidade,


tendo em vista que o sinal supostamente sofre constantes oscilações. Afirma
também que a ré se recusa a cancelar seu contrato.

Entretanto, a alegação autoral não merece prosperar. Frisa-se que a lei que
rege o serviço é a Lei 12.485/11, havendo previsão em seu art. 33, II de que o
assinante tem direito à manutenção dos equipamentos atrelados à
transmissão do sinal de TV. A ré preza pela qualidade de seus serviços e, nas
vezes em que o autor ficou sem sinal, era porque, provavelmente, estava
acontecendo manutenção.

Ademais, o autor não acostou aos autos qualquer prova de que o sinal teria
sido interrompido e, tampouco, de que não conseguiu cancelar o serviço. É
inverossímil a alegação de que a ré não quer proceder ao cancelamento,
pois isso iria de encontro à política da companhia de bem tratar seus clientes.

O pedido de obrigação de fazer, portanto, deve ser julgado improcedente,


tendo em vista que são infundadas as alegações de inércia da ré suscitadas
pelo autor.

Assim como no tópico anterior, o dano temporal também deveria ter sido tratado por
vocês. Lembrando que como se trata de uma contestação, o objetivo é apresentar
argumentos para fazer com que o juízo julgue os pedidos autorais como sendo improcedentes.

B) NÃO CABIMENTO DO DANO TEMPORAL

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 30
O dano temporal, categoria autônoma de dano, é admitida pelo STJ nos
casos em que a pessoa gasta, por ato ilícito de outrem, tempo excessivo para
resolver determinada situação que lhe desfavorece.

No entanto, no presente caso, não há falar em dano temporal. Isso porque o


autor gastou seu tempo para cancelar o serviço por livre e espontânea
vontade sua. Como existe um trâmite administrativo adequado para o
cancelamento, é necessário que o consumidor percorra por esse caminho
antes de o cancelamento ser finalizado, tudo por questões de segurança
(para garantir que é realmente o consumidor que está realizando o
cancelamento).

Ademais, não é cabível a alegação de que o autor ficou sem sinal durante
dias; isso porque, conforme já mencionado, não há provas desse ocorrido.
Até mesmo diante de uma eventual inversão de ônus da prova (art. 6º, VIII,
CDC), é necessário que o autor traga, pelo menos, início de prova material.
Isso porque, caso contrário, haveria imposição à ré de uma verdadeira prova
diabólica, o que é refutado pelo ordenamento jurídico.

Dessa forma, o pedido de compensação por dano temporal também deve


ser julgado improcedente.

Como foi feito um pedido pelo autor de compensação, uma primeira estratégia é
afastar a condenação; contudo, justamente pela regra da eventualidade, o réu precisa
também considerar o risco de ser condenado. Nessa situação, deve-se arguir que o valor
trazido pela parte autora é alto, de maneira que deve ser imposto um quantum menor.

C) DA REDUÇÃO DO QUANTUM COMPENSATÓRIO

Subsidiariamente, requer que seja reduzido o quantum compensatório para


R$ 200,00, valor da mensalidade do autor. Isso porque uma eventual conduta
ilícita da ré não teve nível alto de dano. Tanto que o autor até hoje é assinante
do serviço, o que demonstra satisfação com a atuação da ré.

IV – DOS PEDIDOS (ATENÇÃO ÀS PROVAS E AOS HONORÁRIOS)

Os pedidos devem ser sucintos, bem organizados e demonstrando ao examinador que


vocês conhecem o procedimento em questão. Lembrem sempre dos honorários (se o
procedimento comportar esse tipo de pedido) e da produção de provas (novamente, apenas
se o procedimento comportar esse tipo de pedido).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 31
IV DOS PEDIDOS
Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da
defensoria pública, tais como prazo em dobro, vista pessoal e dispensa de
mandato, requer:

a) o recebimento desta contestação, tendo em vista que ela é


tempestiva;
b) o deferimento da gratuidade de justiça em favor da ré;
c) o acolhimento da preliminar de impugnação à gratuidade da justiça
do autor;
d) a intimação do autor para, querendo, manifestar-se sobre a
contestação;
e) no mérito, a improcedência do pedido de obrigação de fazer;
f) a improcedência do pedido de condenação ao pagamento de
compensação por dano temporal;
g) subsidiariamente, a redução do quantum compensatório para R$
200,00 (duzentos reais);
h) a condenação do autor ao pagamento de honorários advocatícios
em favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI,
LC 80/94; e
i) a produção de todas as provas admitidas em direito, mormente a
prova documental.

FECHAMENTO DA PEÇA – PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Neste momento, deve-se proceder ao fechamento da peça. Não se enganem: o


examinador também costuma atribuir pontos a esta parte.

Assim, lembrem-se desses elementos: pedido de deferimento; local; data e assinatura


(na assinatura JAMAIS COLOQUEM O NOME DE VOCÊS).

Como se trata de uma contestação, não há valor da causa, a menos que tivesse sido
feito pedido de reconvenção (nesse caso, vocês abririam um tópico na peça para falar da
reconvenção e atribuiriam ao final valor da causa reconvencional).

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 27 de maio de 2020.

Defensor(a) Público(a)

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 32
Processo nº....

TELEVISÃO 10, inscrita no CNPJ sob o nº, endereço eletrônico, domiciliada.... vem, com base no art.
5º, XXXV, CRFB c/c art. 335, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, por intermédio do membro da Defensoria
Pública do Estado que esta subscreve, apresentar CONTESTAÇÃO à presente demanda, pelas
razões de fato e de direito abaixo.

I - PRELIMINARES

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A ré não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem prejuízo de sua
subsistência, tendo em vista que passa por sérios problemas financeiros em sua atual gestão.
Por essa razão, frisando que à Pessoa Jurídica que comprove insuficiência de recursos também
é assegurada a gratuidade de justiça, requer que seja declarado o referido direito nos termos
do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98, CPC.

B) DA INDEVIDA CONCESSÃO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA AO AUTOR

A gratuidade de justiça, direito previsto nos termos do art. 98, CPC, permite que a pessoa natural
ou jurídica exerça seu direito de acesso à justiça (art. 5º, LXXIV, CRFB), mesmo sem possuir
condições financeiras para arcar com as custas.

Contudo, tal direito não é absoluto; há casos em que deve ser comprovada a hipossuficiência
financeira. O autor não demonstrou ter dificuldades para subsistência; pelo contrário. Por ser
assinante de um serviço não essencial (TV a cabo), há indícios de que ele possui sim condições
financeiras para arcar com as custas.

Por essa razão, requer que este juízo, antes de revogar a concessão da gratuidade ora deferida,
determine a intimação do autor para que este junte aos autos documentos capazes de
comprovar sua hipossuficiência.

C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da DPE, mormente a
vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC
80/94.

D) TEMPESTIVIDADE DA CONTESTAÇÃO

A audiência de conciliação foi realizada no dia 15 de abril de 2020 (quarta-feira). O prazo para
contestar é de 15 dias e, conforme o art. 335, I, conta-se da data da audiência de conciliação
quando não houver autocomposição. Considerando o prazo em dobro da Defensoria, tem-se
que a data final para manifestação é 27 de maio de 2020, data na qual se apresenta esta
contestação.

II – FATOS

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 33
O autor celebrou contrato com a ré, relacionado ao serviço de TV a Cabo prestado por esta.
Afirma o autor que buscou o Judiciário pois o sinal da TV constantemente ficava ausente e a
ré não teria adotado providências para melhoria da situação. O autor também afirma que
recentemente tentou cancelar seu contrato e que não teria obtido êxito. Diante do exposto,
apresenta a ré suas razões fáticas e jurídicas em relação ao caso.

III – DO MÉRITO

A) AUSÊNCIA DE RECUSA DA RÉ EM CANCELAR O CONTRATO DO AUTOR

Alega o autor que a ré oferece um serviço de TV a cabo com baixa qualidade, tendo em vista
que o sinal supostamente sofre constantes oscilações. Afirma também que a ré se recusa a
cancelar seu contrato.

Entretanto, a alegação autoral não merece prosperar. Frisa-se que a lei que rege o serviço é a
Lei 12.485/11, havendo previsão em seu art. 33, II de que o assinante tem direito à manutenção
dos equipamentos atrelados à transmissão do sinal de TV. A ré preza pela qualidade de seus
serviços e, nas vezes em que o autor ficou sem sinal, era porque, provavelmente, estava
acontecendo manutenção.

Ademais, o autor não acostou aos autos qualquer prova de que o sinal teria sido interrompido
e, tampouco, de que não conseguiu cancelar o serviço. É inverossímil a alegação de que a ré
não quer proceder ao cancelamento, pois isso iria de encontro à política da companhia de
bem tratar seus clientes.

O pedido de obrigação de fazer, portanto, deve ser julgado improcedente, tendo em vista que
são infundadas as alegações de inércia da ré suscitadas pelo autor.

B) NÃO CABIMENTO DO DANO TEMPORAL

O dano temporal, categoria autônoma de dano, é admitida pelo STJ nos casos em que a
pessoa gasta, por ato ilícito de outrem, tempo excessivo para resolver determinada situação
que lhe desfavorece.

No entanto, no presente caso, não há falar em dano temporal. Isso porque o autor gastou seu
tempo para cancelar o serviço por livre e espontânea vontade sua. Como existe um trâmite
administrativo adequado para o cancelamento, é necessário que o consumidor percorra por
esse caminho antes de o cancelamento ser finalizado, tudo por questões de segurança (para
garantir que é realmente o consumidor que está realizando o cancelamento).

Ademais, não é cabível a alegação de que o autor ficou sem sinal durante dias; isso porque,
conforme já mencionado, não há provas desse ocorrido. Até mesmo diante de uma eventual
inversão de ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC), é necessário que o autor traga, pelo menos, início
de prova material. Isso porque, caso contrário, haveria imposição à ré de uma verdadeira prova
diabólica, o que é refutado pelo ordenamento jurídico.

Dessa forma, o pedido de compensação por dano temporal também deve ser julgado
improcedente.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 34
C) DA REDUÇÃO DO QUANTUM COMPENSATÓRIO

Subsidiariamente, requer que seja reduzido o quantum compensatório para R$ 200,00, valor da
mensalidade do autor. Isso porque uma eventual conduta ilícita da ré não teve nível alto de
dano. Tanto que o autor até hoje é assinante do serviço, o que demonstra satisfação com a
atuação da ré.

IV – DOS PEDIDOS

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da defensoria
pública, tais como prazo em dobro, vista pessoal e dispensa de mandato, requer:

a) o recebimento desta contestação, tendo em vista que ela é tempestiva;


b) o deferimento da gratuidade de justiça em favor da ré;
c) o acolhimento da preliminar de impugnação à gratuidade da justiça do autor;
d) a intimação do autor para, querendo, manifestar-se sobre a contestação;
e) no mérito, a improcedência do pedido de obrigação de fazer;
f) a improcedência do pedido de condenação ao pagamento de compensação por
dano temporal;
g) subsidiariamente, a redução do quantum compensatório para R$ 200,00 (duzentos
reais);
h) a condenação do autor ao pagamento de honorários advocatícios em favor do fundo
e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94; e
i) a produção de todas as provas admitidas em direito, mormente a prova documental.
Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor(a) Público(a)

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 35
AGRAVO DE INSTRUMENTO
1. FUNDAMENTO LEGAL

O agravo de instrumento é um recurso usado diante de decisões interlocutórias


proferidas pelo juízo. O rol de hipóteses, já decidido pelo STJ como sendo de taxatividade
mitigada, possui previsão no art. 1.015, CPC:

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias


que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do


pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos


embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões


interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.

Mas o que é taxatividade mitigada? Bem, conforme o STJ o critério para definir a hipótese
de cabimento do agravo de instrumento é a urgência1:

Por que esse nome “taxatividade mitigada”?

1 Disponível em <https://www.dizerodireito.com.br/2019/02/cabimento-do-agravo-de-instrumento.html>,
acesso em 12/11/2020.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 36
Foi uma expressão cunhada pela Min. Nancy Andrighi.
O objetivo da Ministra foi o de dizer o seguinte: o objetivo do legislador foi
o de prever um rol taxativo e isso deve ser, na medida do possível,
respeitado. No entanto, trata-se de uma
taxatividade mitigada (suavizada, abrandada, relativizada) por uma
“cláusula adicional de cabimento”.

Que cláusula (norma, preceito) é essa? Deve-se também admitir o


cabimento do recurso em caso de urgência.

E por que se deve colocar essa “cláusula adicional de cabimento”? Por


que se deve adicionar essa regra extra de cabimento? Porque, se
houvesse uma taxatividade absoluta, isso significaria um desrespeito às
normas fundamentais do próprio CPC e geraria grave prejuízo às partes
ou ao próprio processo.

Logo, tem-se uma taxatividade mitigada pelo requisito da urgência.


Tese fixada pelo STJ:

Como o tema foi apreciado pela Corte Especial em sede de recurso


repetitivo, o STJ fixou a seguinte tese:

O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo
de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da
questão no recurso de apelação.
STJ. Corte Especial. REsp 1.704.520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/12/2018 (recurso
repetitivo) (Info 639).

2. MOMENTO PROCESSUAL DA SUA UTILIZAÇÃO

O momento processual de sua utilização é após uma decisão interlocutória que tenha
previsão no art. 1015, CPC. Atentem-se, portanto, aos enunciados, pois se for narrada uma
decisão durante o iter processual, provavelmente o examinador quer um agravo de
instrumento.

3. FIQUE LIGADO!

Gente, o agravo de instrumento possui alguns detalhes a serem ressaltados. Em primeiro


lugar, há o chamado juízo de retratação, ou seja: o juízo de primeiro grau pode se retratar da
decisão e aí o recurso não será julgado. Sua previsão está no art. 1018, §1º, CPC.

Outro detalhe é que o art. 356, CPC trata da situação do julgamento parcial do mérito.
Ou seja, se o processo estiver instruído de forma suficiente, de maneira que parte dos pedidos

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 37
possa ser julgada, o juízo decidirá por meio de uma decisão interlocutória. E como se trata de
uma decisão dessa natureza, adivinhem? Isso. Caberá agravo de instrumento dessa decisão:

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos


pedidos formulados ou parcela deles:

I - mostrar-se incontroverso;

II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 .

§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a


existência de obrigação líquida ou ilíquida.

§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação


reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito,
independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa
interposto.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a


execução será definitiva.

§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o


mérito poderão ser processados em autos suplementares, a
requerimento da parte ou a critério do juiz.

§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo


de instrumento.

Por fim, lembrem que o STJ e doutrina admitem a aplicação da teoria da causa madura
(maiores detalhes sobre a teoria podem ser conferidos na explicação referente à apelação
quando cuidarmos desta peça processual) em relação ao agravo de instrumento2:

Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973 / art. 1.013, § 3º do
CPC/2015) em julgamento de agravo de instrumento.
STJ. Corte Especial. REsp 1.215.368-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/6/2016 (Info 590).

O entendimento adotado pelo STJ é amplamente aceito pela doutrina:

"(...) Está aí, portanto, a questão da dimensão do disposto pelo novo


parágrafo do art. 515 - se ele abrange apenas o recurso de apelação, ou
também outros. Figure-se a hipótese da decisão interlocutória com que
o juiz determina a realização de uma prova e a parte manifesta agravo
de instrumento com o pedido de que essa prova não seja realizada: se o
tribunal aceitar os fundamentos do recurso interposto, para que a prova

2 Disponível em <https://www.dizerodireito.com.br/2016/11/possibilidade-de-aplicacao-da-teoria-da.html>,
acesso em 12/11/2020.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 38
não se realize, e entender também que nenhuma outra existe a ser
realizada, é de rigor que passe desde logo ao julgamento do meritum
causae, porque assim é o espírito da Reforma - acelerar a oferta da tutela
jurisdicional, renegando mitos seculares, sempre que isso não importe
prejuízo à efetividade das garantias constitucionais do processo nem
prejuízo ilegítimo às partes (...)" (DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma da
reforma. 6ª ed., São Paulo: Malheiros, 2003, p. 162-163).

4. PROBLEMA CONCRETO

Thiago, pessoa com 65 anos de idade, possui uma assinatura de TV a Cabo em sua
residência, mas constantemente o sinal do serviço simplesmente desaparece. Recentemente,
inclusive, Thiago ficou 15 dias seguidos sem o serviço.

Totalmente insatisfeito com a situação, Thiago procura a Defensoria no dia 28 de abril


de 2020 e solicita uma providência, tendo em vista que deseja cancelar o contrato, mas a
operadora de TV, chamada TELEVISÃO 10, se nega a realizar o cancelamento.

A Defensoria ajuizou demanda em vara cível comum, no dia 05 de maio de 2020, tendo
Thiago como autor, sendo feitos os seguintes pedidos: obrigação de fazer, consubstanciada
no cancelamento do serviço de TV a Cabo a ser feito pela ré e pagamento de compensação
por dano temporal no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Também foi solicitada a concessão da gratuidade de justiça em favor do autor.

No dia 11 de maio de 2020, o juízo indeferiu o pedido de gratuidade de justiça,


determinando que as custas fossem juntadas em até 5 (cinco) dias, sob pena de extinção do
processo sem julgamento do mérito.

Você, Defensor(a) de Thiago, foi intimado(a) pessoalmente da decisão no dia 12 de maio


de 2020, terça-feira.

Apresente a peça cabível no caso, considerando na contagem do prazo sábados e


domingos, mas desconsiderando eventuais feriados.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE INTERPOSIÇÃO

O endereçamento é necessário, assim como em qualquer petição. Não inventem dados: se o


enunciado não mencionou nenhum lugar, então não escrevam o nome de qualquer local.

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

Processo nº....

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 39
QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Atentem-se para o fundamento para interposição do agravo de instrumento. Vejam, o


rol do art. 1015, CPC é de taxatividade mitigada, mas essa mitigação não permite uma livre
interposição.

No caso, houve rejeição do pedido de gratuidade de justiça. Conforme previsão legal, o


fundamento para questionar essa decisão encontra-se no inciso V do art. 1015, CPC, razão pela
qual ele deverá aparecer na fundamentação de vocês.

Thiago, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio do membro da


Defensoria Pública do Estado... que esta subscreve, com base no art. 1.015, V,
CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO em face da
decisão proferida às fls... do processo em que figura como demandada a ré
TELEVISÃO 10, já qualificada aos autos.

DETALHES ESPECÍFICOS

Cuidado porque o art. 1017, CPC faz menção aos documentos obrigatórios acostados ao
agravo de instrumento. Assim, vocês fazer essa previsão. Ademais, há a figura do juízo de
retratação, que deverá também ser mencionada.

Informa-se que foram juntados os documentos previstos no art. 1.017, CPC.

Requer que seja realizado o juízo de retratação previsto no art. 1.018, §1º. CPC
e, caso o juízo não se retrate, que seja determinada a intimação da agravada
para, querendo, manifestar-se, com posterior remessa dos autos ao Órgão
julgador competente, independentemente de juízo de admissibilidade.

FECHAMENTO - PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Sem mistérios; façam o fechamento da peça conforme já treinamos. Atentem-se ao


prazo: a intimação pessoal da decisão à Defensoria ocorreu 12 de maio de 2020, terça-feira.
Considerando o prazo de 15 dias a ser contado em dobro, a data final para interposição do
recurso é 23 de junho de 2020.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 23 de junho de 2020

Defensor Público

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 40
ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE RAZÕES

Neste momento vocês apresentarão a folha de razões, endereçada à Presidência do


Tribunal de Justiça. Uma especificidade: como o art. 1016, IV, CPC trata da qualificação dos
representantes judiciais das partes, façam alusão a ela igualmente (demonstrando que vocês
conhecem os detalhes da peça).

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .......

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Processo nº
Prioridade na tramitação: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

AGRAVANTE: Thiago, representado pela Defensoria Pública do Estado .....,


inscrita no CPNJ ....., endereço eletrônico ....., domiciliada em......

AGRAVADO: TELEVISÃO 10, representada por....., inscrito no CPF / CNPJ .....,


endereço eletrônico ....., domiciliado em ......

INTRODUÇÃO

Por questões de cordialidade, é costume que seja feito um cumprimento aos julgadores
e ao Procurador de Justiça que oficia perante o Órgão. Essa passagem também costuma
figurar nos espelhos de correção. Além disso, façam uma pequena introdução, antes de
adentrarem na estrutura da peça.

Egrégia Câmara, excelentíssimos julgadores, douto Procurador de Justiça,

Em que pese a competência técnica do juízo de 1º grau, a decisão agravada


não merece prosperar, pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A gratuidade de justiça é justamente o mérito do agravo de instrumento, de maneira


que vocês abordarão de forma mais aprofundada esse ponto mais à frente.

Informa o agravante que requereu a gratuidade de justiça em primeiro grau,


por não possuir condições financeiras para arcar com os custos do processo
judicial. No entanto, o juízo indeferiu o pedido. Reiterando a falta de condições
financeiras para pagamento das custas, deixa o agravante de recolher os
valores referentes.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 41
B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Informem que as prerrogativas dos membros da Defensoria serão observadas,


conforme abaixo. Lembrando que não precisam pedir para que o juiz defira a observância das
prerrogativas, isso porque não é uma faculdade, é uma imposição legal, razão pela qual você
deve apenas informá-lo.

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria Pública, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de
procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

O interesse e a legitimidade devem estar presentes quando da resposta a um recurso,


de maneira que vocês devem fazer alusão a esse ponto.

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do agravante; em


relação ao interesse, o agravante busca uma melhor situação jurídica no
processo judicial, enquanto em relação à legitimidade, o apelante busca
tutelar direito próprio em nome próprio.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

O cabimento e a tempestividade são requisitos de admissibilidade recursal que devem


figurar na folha de razões, bastando que vocês façam uma alusão rápida, porém elucidativa,
sobre os pontos.

Em relação ao cabimento, vocês usarão o mesmo artigo que colocaram na folha de


interposição, o mesmo valendo em relação à tempestividade: usem a mesma data que vocês
colocaram na folha de interposição.

O recurso trata de irresignação à decisão interlocutória proferida pelo juízo


de piso. Nos termos do art. 1.015, V, CPC, o recurso cabível é o agravo de
instrumento, sendo essa a peça processual apresentada pelo agravante.
Está presente, portanto, o pressuposto do cabimento.

Ademais, a intimação pessoal da decisão à Defensoria ocorreu 12 de maio


de 2020, terça-feira. Considerando o prazo de 15 dias a ser contado em
dobro, a data final para interposição do recurso é 23 de junho de 2020, data
essa observada pelo agravante. Presente, portanto, a tempestividade.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 42
II – FATOS

Façam uma explicação rápida sobre os fatos. Atenção também porque às vezes o
examinador dispensa o candidato de transcrever os fatos. Nesse caso, abram o tópico e
escrevam apenas “dispensado pelo enunciado”.

O agravante ajuizou demanda em face da agravada, tendo em vista o


serviço defeituoso de TV a Cabo prestado por esta. Requereu,
preliminarmente ao mérito, a concessão da gratuidade de justiça, tendo em
vista não possuir condições financeiras para arcar com os custos de um
processo sem prejuízo de sua subsistência.

Entretanto, o juízo de primeiro grau rejeitou o pedido, razão pela qual


interpôs-se o presente recurso.

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO – ERROR IN JUDICANDO

O caso é simples: o juízo rejeitou o pedido de gratuidade de justiça e a ideia é que isso
seja revertido. Assim, argumentos importantes, por exemplo, a presunção de hipossuficiência à
pessoa natural é importante.

A gratuidade de justiça tem previsão no art. 98, caput, CPC. Frisa-se que, em
relação à pessoa natural (que é o caso do agravante), existe presunção legal
iuris tantum de hipossuficiência financeira (art. 99, §3º, CPC).

Não bastasse a presunção legal, o juízo simplesmente rejeitou o pedido de


gratuidade, deixando de solicitar que o agravante juntasse aos autos
comprovantes da hipossuficiência. O art. 10, CPC, veda expressamente que o
juiz decida sem ter dado às partes oportunidade de manifestação.

Assim, a decisão do juízo de 1º grau não merece prosperar, devendo ser


reformada para que haja o reconhecimento do direito à gratuidade de
justiça em favor do agravante.

IV – PEDIDOS

Por fim, em relação aos pedidos no agravo de instrumento, lembrem da previsão do art.
1019, III, CPC, que trata da intimação do MP.

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros


da Defensoria, requer:

a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos para


sua apresentação;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 43
b) a intimação do agravado para, querendo, manifestar-se;

c) a intimação do Ministério Público para, querendo, manifestar-se;

d) caso o juízo identifique a ausência de qualquer peça essencial à


admissibilidade do recurso, requer a intimação para que haja suprimento do
vício, nos termos do art. 1.017, §3º, CPC;

e) no mérito, a reforma da decisão de primeiro grau para que seja


reconhecido o direito à gratuidade de justiça em favor do agravante.

FECHAMENTO – PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, chegamos ao momento de finalizar a peça. Tal como na folha de interposição,
temos o pedido de deferimento, local, data e assinatura:

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 23 de junho de 2020

Defensor Público

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

Processo nº....

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

Thiago, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio do membro da Defensoria
Pública do Estado... que esta subscreve, com base no art. 1.015, V, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94,
interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO em face da decisão proferida às fls... do processo em que
figura como demandada a ré TELEVISÃO 10, já qualificada aos autos.

Informa-se que foram juntados os documentos previstos no art. 1.017, CPC.

Requer que seja realizado o juízo de retratação previsto no art. 1.018, §1º. CPC e, caso o juízo não
se retrate, que seja determinada a intimação da agravada para, querendo, manifestar-se, com
posterior remessa dos autos ao Órgão julgador competente, independentemente de juízo de
admissibilidade.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 23 de junho de 2020

Defensor Público

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 44
À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .......

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Processo nº
Prioridade na tramitação: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

AGRAVANTE: Thiago, representado pela Defensoria Pública do Estado ....., inscrita no CPNJ .....,
endereço eletrônico ....., domiciliada em......

AGRAVADO: TELEVISÃO 10, representada por....., inscrito no CPF / CNPJ ....., endereço eletrônico .....,
domiciliado em ......

Egrégia Câmara, excelentíssimos julgadores, douto Procurador de Justiça,

Em que pese a competência técnica do juízo de 1º grau, a decisão agravada não merece
prosperar, pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Informa o agravante que requereu a gratuidade de justiça em primeiro grau, por não possuir
condições financeiras para arcar com os custos do processo judicial. No entanto, o juízo
indeferiu o pedido. Reiterando a falta de condições financeiras para pagamento das custas,
deixa o agravante de recolher os valores referentes.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da Defensoria Pública,
mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I,
VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do agravante; em relação ao interesse, o


agravante busca uma melhor situação jurídica no processo judicial, enquanto em relação à
legitimidade, o apelante busca tutelar direito próprio em nome próprio.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

O recurso trata de irresignação à decisão interlocutória proferida pelo juízo de piso. Nos termos
do art. 1.015, V, CPC, o recurso cabível é o agravo de instrumento, sendo essa a peça processual
apresentada pelo agravante. Está presente, portanto, o pressuposto do cabimento.

Ademais, a intimação pessoal da decisão à Defensoria ocorreu 12 de maio de 2020, terça-feira.


Considerando o prazo de 15 dias a ser contado em dobro, a data final para interposição do
recurso é 23 de junho de 2020, data essa observada pelo agravante. Presente, portanto, a
tempestividade.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 45
II – FATOS

O agravante ajuizou demanda em face da agravada, tendo em vista o serviço defeituoso de


TV a Cabo prestado por esta. Requereu, preliminarmente ao mérito, a concessão da
gratuidade de justiça, tendo em vista não possuir condições financeiras para arcar com os
custos de um processo sem prejuízo de sua subsistência.

Entretanto, o juízo de primeiro grau rejeitou o pedido, razão pela qual interpôs-se o presente
recurso.

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO – ERROR IN JUDICANDO

A gratuidade de justiça tem previsão no art. 98, caput, CPC. Frisa-se que, em relação à pessoa
natural (que é o caso do agravante), existe presunção legal iuris tantum de hipossuficiência
financeira (art. 99, §3º, CPC).

Não bastasse a presunção legal, o juízo simplesmente rejeitou o pedido de gratuidade,


deixando de solicitar que o agravante juntasse aos autos comprovantes da hipossuficiência.
O art. 10, CPC, veda expressamente que o juiz decida sem ter dado às partes oportunidade de
manifestação.

Assim, a decisão do juízo de 1º grau não merece prosperar, devendo ser reformada para que
haja o reconhecimento do direito à gratuidade de justiça em favor do agravante.

IV – PEDIDOS

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos para sua


apresentação;

b) a intimação do agravado para, querendo, manifestar-se;

c) a intimação do Ministério Público para, querendo, manifestar-se;

d) caso o juízo identifique a ausência de qualquer peça essencial à admissibilidade do recurso,


requer a intimação para que haja suprimento do vício, nos termos do art. 1.017, §3º, CPC;

e) no mérito, a reforma da decisão de primeiro grau para que seja reconhecido o direito à
gratuidade de justiça em favor do agravante.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 23 de junho de 2020

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 46
APELAÇÃO
1. FUNDAMENTO LEGAL

Como estamos tratando de uma apelação cível, o fundamento legal principal é o art.
1.009, CPC, que diz:

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

Atenção também aos parágrafos desse artigo:

§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu


respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela
preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões,


o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a
respeito delas.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as


questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

O §1º traz a regra acerca da recorribilidade das decisões que não são passíveis de
questionamento por agravo de instrumento. Caso uma decisão não comporte o agravo de
instrumento, ela deverá ser questionada como preliminar de apelação, sob pena de preclusão.
Essa preliminar será aberta na chamada folha de razões do recurso, devendo existir tópico
específico para ela.

Já o §2º trata da situação em que as questões são suscitadas na preliminar de


contrarrazões; nesse caso, em nome do devido processo legal, abre-se vista ao apelante para
ele se manifestar.

Por outro lado, o art. 1.010, CPC trata da estrutura da apelação:

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro


grau, conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;

II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

IV - o pedido de nova decisão.

§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de


15 (quinze) dias.

§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante


para apresentar contrarrazões.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 47
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão
remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de
admissibilidade.

Lembro a vocês que, em regra, a apelação possui efeito suspensivo, salvo nos seguintes
casos:

I - homologação de divisão ou demarcação de terras;

II - condenação ao pagamento de alimentos;

III - extinção sem resolução do mérito ou julgamento improcedentes dos


embargos do executado;

IV - julgamento procedente do pedido de instituição de arbitragem;

V - confirmação, concessão ou revogação de tutela provisória; e

VI - decretação de interdição.

2. MOMENTO PROCESSUAL DE SUA UTILIZAÇÃO

Da leitura do enunciado da questão, observem o momento em que se encontra o rito


processual. Caso haja prolação de sentença, com indicação de que a parte quer questionar
a decisão, provavelmente será a apelação a peça a ser apresentada ao examinador. Em
provas de segunda fase da Defensoria Pública, a apelação acaba sendo uma das peças mais
cobradas, tudo isso por ser uma peça com alta possibilidade de cair muitas teses. O lado bom
é que o examinador diz, no caso concreto, ainda que implicitamente, os pontos a serem
alegados (falhas no procedimento, erros na sentença, matéria de mérito, etc).

3- FIQUE LIGADO!

Na apelação existem detalhes a serem observados sob a ótica do CPC vigente. Em


primeiro lugar, não há duplo juízo de admissibilidade; ao interpor o recurso, o juízo de primeiro
grau apenas fará a remessa dos autos ao segundo grau, não analisando tempestividade,
legitimidade recursal etc. Essa é a previsão do art. 1.010, §3º, CPC:

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro


grau, conterá:

§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão


remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de
admissibilidade.

Outra informação relevante é acerca do fato de que na apelação incide a teoria da


causa madura (§ 3º, do art. 1.013 do NCPC). Quando a apelação tem como pressuposto uma
das situações previstas no parágrafo, é possível que o Tribunal desde logo julgue o mérito da
causa, como forma de otimizar a prestação jurisdicional, caso haja elementos nos autos
suficientes para isso:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 48
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o


tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485 ;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os


limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que


poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

Assim, se a apelação tiver como um dos fundamentos alguma dessas hipóteses, então
vocês devem abrir um tópico específico acerca do julgamento do mérito pela incidência da
teoria da causa madura.

Além disso, atenção pois determinadas defensorias (como a do RJ) costuma cobrar
tópico referente ao prequestionamento. Esse tópico simplesmente quer se referir a um
prequestionamento acerca de dispositivos constitucionais ou infraconstitucionais, que sejam
aptos a ensejar uma interposição de RE ou Resp. Dessa forma, em recurso, lembrem desse
ponto porque certamente fará a peça de vocês se destacar.

4- PROBLEMA CONCRETO

Thiago, pessoa com 65 anos de idade, possui uma assinatura de TV a Cabo em sua residência,
mas constantemente o sinal do serviço simplesmente desaparece. Recentemente, inclusive,
Thiago ficou 15 dias seguidos sem o serviço.

Totalmente insatisfeito com a situação, Thiago procura a Defensoria no dia 28 de abril de 2020
e solicita uma providência, tendo em vista que deseja cancelar o contrato, mas a operadora
de TV, chamada TELEVISÃO 10, se nega a realizar o cancelamento.

A Defensoria ajuizou demanda em vara cível comum tendo Thiago como autor, sendo feitos
os seguintes pedidos: obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do serviço de TV
a Cabo a ser feito pela ré e pagamento de compensação por dano temporal no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais).

Tendo transcorrido o procedimento normalmente, foi prolatada sentença no dia 19 de outubro


de 2020, segunda-feira. Na sentença, o juízo acolheu os argumentos da ré no sentido de que
não houve resistência em cancelar o serviço, não tendo sido provado pelo autor, cabalmente,
que o sinal da TV constantemente ficava ausente (mesmo havendo inversão do ônus da prova
em favor do autor). Afastou também a possibilidade de condenação por dano temporal, pois
a ré não teria agido ilicitamente.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 49
O autor informou que gostaria de questionar o mérito na instância superior, tendo sido a
Defensoria intimada pessoalmente da sentença no dia 21 de outubro de 2020, quarta-feira.

Apresente a peça cabível no caso, considerando na contagem sábados e domingos, mas


desconsiderando eventuais feriados.

5- SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE INTERPOSIÇÃO

Em recursos existem duas “petições”: a folha de interposição e a folha de razões. Em


primeiro lugar, é necessário apresentar a folha de interposição, endereçada ao juízo que
proferiu a decisão recorrida:

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....


Processo nº....
PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Também nesse caso, de apresentação de recurso, é necessária a menção à


qualificação do recorrente, bem como o fundamento legal da manifestação. Como se trata
de apelação, o principal dispositivo é o art. 1.009, CPC:

Thiago, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio do membro da


Defensoria Pública do Estado... que esta subscreve, com base no art. 1009, CPC
c/c art. 4º, I, LC 80/94, interpor APELAÇÃO em face da sentença prolatada às
fls... do processo em que figura como demandada a ré TELEVISAO 10, já
qualificada aos autos.

INTIMAÇÃO DO APELADO E REMESSA AO ÓRGÃO JULGADOR

Na folha de interposição deve ser solicitada a intimação do apelado para apresentação


de contrarrazões (peça que também trabalharemos). Ademais, lembrem que, pela ótica no
CPC vigente, NÃO HÁ, NA APELAÇÃO, duplo juízo de admissibilidade (art. 1.010, §3º, CPC). Portanto,
o requerimento é no sentido de que os autos sejam enviados diretamente à segunda
instância:

Requer seja determinada a intimação da apelada para, querendo, apresenta


contrarrazões, nos termos do art. 1.010 § 1º, CPC, com posterior remessa dos
autos ao Órgão julgador competente, independentemente de juízo de
admissibilidade, com base no art. 1.010 § 3º, CPC.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 50
FECHAMENTO - PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Ao final, vocês devem pedir o deferimento, fazer menção ao local e à data, bem como
à assinatura (nunca coloquem identificação de vocês na peça). No que tange a data, vejam
que a intimação pessoal ocorreu em 21 de outubro de 2020, quarta-feira. O prazo recursal é de
15 dias úteis, mas será contado em dobro tendo em vista a prerrogativa dos membros da
Defensoria. O prazo final, portanto, é 02 de dezembro de 2020.

Nestes termos, pede deferimento.


Local, 02 de dezembro de 2020
Defensor Público

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE RAZÕES

No recurso deve ser apresentada também a folha de razões, dessa vez direcionada à
Presidência do Tribunal. Aqui, vocês não falam em “Comarca”, pois como estão se referindo à
Presidência, estão abrangendo o tribunal como um todo.

Além disso, decorem os demais dados que figurarão no cabeçalho, como “nº do
processo”, “apelante” e “apelado”:

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .......


RAZÕES RECURSAIS
Processo nº
Prioridade na tramitação: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)
APELANTE: Thiago
APELADO: TELEVISÃO 10

INTRODUÇÃO

Por questões de cordialidade, é costume que seja feito um cumprimento aos julgadores
e ao Procurador de Justiça que oficia perante o Órgão. Essa passagem também costuma
figurar nos espelhos de correção. Além disso, façam uma pequena introdução, antes de
adentrarem na estrutura da peça:

Egrégia Câmara, excelentíssimos julgadores, douto Procurador de Justiça,


Em que pese a competência técnica do juízo de 1º grau, a sentença recorrida
não merece prosperar, pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

Também em recursos há preliminares, que devem ser suscitadas por vocês. No caso
proposto, as preliminares foram:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 51
a) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Recomendo que vocês suscitem a questão da gratuidade na folha de razões,
principalmente se o enunciado não tiver falado nada sobre o deferimento do direito em
primeira instância:

a) Da gratuidade de justiça

Informa o apelante que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo em vista


sua hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o
recolhimento do preparo referente à interposição do recurso.

b) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

É imprescindível que vocês tratem das prerrogativas; atentem para o fato de que as
prerrogativas não dizem respeito à Defensoria, mas sim aos membros da instituição:

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria Pública, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de
procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

c) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

O interesse e a legitimidade devem estar presentes quando da resposta a um recurso, de


maneira que vocês devem fazer alusão a esse ponto:

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do apelante; em relação


ao interesse, o apelante busca uma melhor situação jurídica no processo
judicial, enquanto em relação à legitimidade, o apelante busca tutelar direito
próprio em nome próprio.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

O cabimento e a tempestividade são requisitos de admissibilidade recursal que devem


figurar na folha de contrarrazões, bastando que vocês façam uma alusão rápida, porém
elucidativa, sobre os pontos.

Em relação ao cabimento, vocês usarão o mesmo artigo que colocaram na folha de


interposição, o mesmo valendo em relação à tempestividade: usem a mesma data que vocês
colocaram na folha de interposição:

A presente manifestação é cabível, tendo em vista que o autor,


inconformado com o conteúdo da sentença de 1º grau, interpôs apelação

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 52
visando a reforma daquela. Assim, a resposta a ser apresenta pelo apelado
(ora contrarrazoante) é a contrarrazão, prevista no art. 1.010, §1º, CPC.
Ademais, a intimação pessoal da interposição do recurso à Defensoria
ocorreu no dia 03 de dezembro de 2020, quinta-feira. Considerando o prazo
de 15 dias a ser contado em dobro, a data final para apresentação das
contrarrazões é 14 de janeiro de 2021, data essa observada pelo
contrarrazoante. Presente, portanto, a tempestividade.

II – FATOS

Façam uma explicação rápida sobre os fatos. Atenção também porque às vezes o examinador
dispensa o candidato de transcrever os fatos. Nesse caso, abram o tópico e escrevam apenas
“dispensado pelo enunciado”:

O apelante ajuizou demanda em face da apelada, tendo em vista o serviço


defeituoso de TV a Cabo prestado por esta. Requereu que fosse imposta à
apelada obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do serviço
de TV a Cabo, e pagamento de compensação por dano temporal no valor
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Contudo, o juízo de 1º grau julgou os pedidos
improcedentes, razão pela qual se apresenta o presente recurso de
apelação.

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA SENTENÇA – ERROR IN JUDICANDO

Agora vocês farão as razões recursais; no caso apresentado, não houve nulidade a ser
suscitada. Porém, caso se tratasse de um problema com nulidade, bastaria que vocês
abrissem tópicos da seguinte forma:

- Das razões para anulação da sentença – error in procedendo

- Das razões para reforma da sentença – error in judicando

Antes de vocês iniciarem sobre o tópico das razões para reforma, observem quais foram
as conclusões da sentença. Esse será o principal guia para orientar vocês na elaboração do
recurso. No problema apresentado, as teses a serem levantadas são:

A) DA NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DO SERVIÇO POR PARTE DA APELADA

Em que pese a conclusão do juízo de 1º grau, é fato que a inversão do ônus


da prova é direito do consumidor, uma vez demonstrada sua hipossuficiência
ou verossimilhança de suas alegações (art. 6º, VIII, CDC). Tal regra, conforme
já definido pelo STJ, é de instrução, de maneira que deverá lastrear toda a
atividade probatória ao longo da demanda.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 53
No caso, o juízo informou que a obrigação de fazer era indevida. O argumento
principal foi que o apelante não conseguiu provar que o sinal de sua TV era
instável e, tampouco, que a apelada se mantinha inerte em cancelar o
serviço.

Ocorre que a inversão do ônus da prova foi deferido ao apelante, de maneira


que a ele cabia demonstrar os fatos que alegava (o que foi feito), mas sem
a necessidade cabal de provar a conduta ilícita da apelada. Esse ônus,
inclusive, seria impossível de ser cumprido (prova diabólica), pois questões
atinentes ao fornecimento de sinal ou sobre o procedimento de
cancelamento ficam em poder exclusivo da apelada.

Assim, deve a sentença ser reformada para que a apelada seja condenada
à obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do serviço de TV a
Cabo fornecido ao apelante.

B) DO CABIMENTO DE CONDENAÇÃO POR DANO TEMPORAL

O juízo de 1º grau também entendeu ser incabível a compensação por dano


temporal em favor do apelante. Ocorre que, conforme já acolhido pelo STJ, e
reforçado pela doutrina, casos semelhantes ao do apelante são passíveis
desse tipo de compensação.

O apelante precisou gastar horas de seu tempo para solucionar a questão


que, aliás, permanece até o momento sem um desfecho adequado. Por atos
ilícitos exclusivamente da apelada, o apelante não consegue assistir a TV e
tampouco não consegue cancelar o serviço. A situação é tão grave que foi
preciso recorrer ao Judiciário para uma solução.

Assim, pelo tempo desviado do apelante, que poderia ter sido aproveitado
para atividades de interesse próprio, é cabível compensação por dano
temporal. Por isso, deve a sentença ser reformada, para que a apelada seja
condenada ao pagamento do valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título
de compensação por dano temporal em favor do apelante.

IV – PEDIDOS

Por fim, atentem para os pedidos a serem realizados, mormente às preliminares e ao


mérito. Em caso de recurso, vocês não vão atribuir valor da causa ou pedir produção
probatória. Ademais, lembrem do pedido de condenação nas custas e honorários (caso o
procedimento comporte), sendo estes destinados ao Fundo de Aparelhamento da DPE:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 54
Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros
da Defensoria, requer:

a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos para


sua apresentação;

b) no mérito, a condenação da apelada à obrigação de fazer,


consubstanciada no cancelamento do serviço de TV a Cabo fornecido ao
apelante;

c) a condenação da apelada ao pagamento do valor de R$ 5.000,00 (cinco


mil reais) a título de compensação por dano temporal; e

d) a condenação da apelada ao pagamento de custas e honorários


advocatícios, estes em favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos
do art. 4º, XXI, LC 80/94.

FECHAMENTO – PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, chegamos ao momento de finalizar a peça. Tal como na folha de interposição,
temos o pedido de deferimento, local, data e assinatura:

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 02 de dezembro de 2020

Defensor Público

6- MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

Processo nº....

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

Thiago, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio do membro da Defensoria
Pública do Estado... que esta subscreve, com base no art. 1009, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, interpor
APELAÇÃO em face da sentença prolatada às fls... do processo em que figura como
demandada a ré TELEVISAO 10, já qualificada aos autos.

Requer seja determinada a intimação da apelada para, querendo, apresenta contrarrazões,


nos termos do art. 1.010 § 1º, CPC, com posterior remessa dos autos ao Órgão julgador
competente, independentemente de juízo de admissibilidade, com base no art. 1.010 § 3º, CPC.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 55
Nestes termos, pede deferimento.

Local, 02 de dezembro de 2020

Defensor Público

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .......

RAZÕES RECURSAIS

Processo nº
Prioridade na tramitação: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

APELANTE: Thiago

APELADO: TELEVISÃO 10

Egrégia Câmara, excelentíssimos julgadores, douto Procurador de Justiça,

Em que pese a competência técnica do juízo de 1º grau, a sentença recorrida não merece
prosperar, pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Informa o apelante que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo em vista sua
hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o recolhimento do preparo
referente à interposição do recurso.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da Defensoria Pública,
mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I,
VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do apelante; em relação ao interesse, o


apelante busca uma melhor situação jurídica no processo judicial, enquanto em relação à
legitimidade, o apelante busca tutelar direito próprio em nome próprio.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

O recurso trata de irresignação à sentença prolatada pelo juízo de piso. Nos termos do art.
1.009, CPC, o recurso cabível é a apelação, sendo essa a peça processual apresentada pelo
apelante. Está presente, portanto, o pressuposto do cabimento.

Ademais, a intimação pessoal da sentença à Defensoria ocorreu no dia 21 de outubro de 2020,


quarta-feira. Considerando o prazo de 15 dias a ser contado em dobro, a data final para

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 56
interposição do recurso é 02 de dezembro de 2020, data essa observada pelo apelante.
Presente, portanto, a tempestividade.

II – FATOS

O apelante ajuizou demanda em face da apelada, tendo em vista o serviço defeituoso de TV


a Cabo prestado por esta. Requereu que fosse imposta à apelada obrigação de fazer,
consubstanciada no cancelamento do serviço de TV a Cabo, e pagamento de compensação
por dano temporal no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Contudo, o juízo de 1º grau julgou
os pedidos improcedentes, razão pela qual se apresenta o presente recurso de apelação.

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA SENTENÇA – ERROR IN JUDICANDO

A) DA NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DO SERVIÇO POR PARTE DA APELADA

Em que pese a conclusão do juízo de 1º grau, é fato que a inversão do ônus da prova é direito
do consumidor, uma vez demonstrada sua hipossuficiência ou verossimilhança de suas
alegações (art. 6º, VIII, CDC). Tal regra, conforme já definido pelo STJ, é de instrução, de maneira
que deverá lastrear toda a atividade probatória ao longo da demanda.

No caso, o juízo informou que a obrigação de fazer era indevida. O argumento principal foi que
o apelante não conseguiu provar que o sinal de sua TV era instável e, tampouco, que a apelada
se mantinha inerte em cancelar o serviço.

Ocorre que a inversão do ônus da prova foi deferido ao apelante, de maneira que a ele cabia
demonstrar os fatos que alegava (o que foi feito), mas sem a necessidade cabal de provar a
conduta ilícita da apelada. Esse ônus, inclusive, seria impossível de ser cumprido (prova
diabólica), pois questões atinentes ao fornecimento de sinal ou sobre o procedimento de
cancelamento ficam em poder exclusivo da apelada.

Assim, deve a sentença ser reformada para que a apelada seja condenada à obrigação de
fazer, consubstanciada no cancelamento do serviço de TV a Cabo fornecido ao apelante.

B) DO CABIMENTO DE CONDENAÇÃO POR DANO TEMPORAL

O juízo de 1º grau também entendeu ser incabível a compensação por dano temporal em favor
do apelante. Ocorre que, conforme já acolhido pelo STJ, e reforçado pela doutrina, casos
semelhantes ao do apelante são passíveis desse tipo de compensação.

O apelante precisou gastar horas de seu tempo para solucionar a questão que, aliás,
permanece até o momento sem um desfecho adequado. Por atos ilícitos exclusivamente da
apelada, o apelante não consegue assistir a TV e tampouco não consegue cancelar o serviço.
A situação é tão grave que foi preciso recorrer ao Judiciário para uma solução.

Assim, pelo tempo desviado do apelante, que poderia ter sido aproveitado para atividades de
interesse próprio, é cabível compensação por dano temporal. Por isso, deve a sentença ser
reformada, para que a apelada seja condenada ao pagamento do valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) a título de compensação por dano temporal em favor do apelante.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 57
IV – PEDIDOS

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos para sua


apresentação;

b) no mérito, a condenação da apelada à obrigação de fazer, consubstanciada no


cancelamento do serviço de TV a Cabo fornecido ao apelante;

c) a condenação da apelada ao pagamento do valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título


de compensação por dano temporal; e

d) a condenação da apelada ao pagamento de custas e honorários advocatícios, estes em


favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/9.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 02 de dezembro de 2020

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 58
CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO

1. FUNDAMENTO LEGAL

Vamos agora analisar as contrarrazões. Corolário do devido processo legal e do


contraditório (art. 5º, LIV e LV, CRFB), é direito do recorrido se manifestar antes de que o recurso
seja julgado pela instância superior.

Assim, o CPC é expresso (Art. 1.010, §1º) de que deve ser aberta vista à outra parte para
que ela se manifeste:

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro


grau, conterá:

§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de


15 (quinze) dias.

Dessa forma, por haver tal dispositivo específico para as contrarrazões, é imprescindível
que vocês façam menção expressa a ele na peça. Dito isso, podemos concluir que se a peça
for contrarrazões e o candidato fundamentar com o art. 1.009, CPC (referente à apelação)
provavelmente o examinador descontará valiosos pontos.

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

Seguindo o trâmite do processo judicial cível, as contrarrazões são apresentadas logo


após a apelação, como forma de o apelado se manifestar antes do julgamento do recurso.
Assim, se o enunciado disser que houve sentença no processo e a outra parte apelou, tendo
sido aberta vista para vocês, atenção! Provavelmente o examinador quer contrarrazões como
peça processual.

3. FIQUE LIGADO!

Cuidado com relação ao prazo para apresentação: tal como a própria interposição da
apelação, o prazo para contrarrazoar é de 15 dias ( Art. 1.010, §1º, CPC), em dobro para a
Defensorai Púnlica.

Além disso, atenção, pois determinadas defensorias (como a do RJ) costumam cobrar
tópico referente ao prequestionamento. Esse tópico simplesmente quer se referir a um
prequestionamento acerca de dispositivos constitucionais ou infraconstitucionais, que sejam
aptos a ensejar uma interposição de RE ou Resp. Dessa forma, em recurso, lembrem desse
ponto porque certamente fará a peça de vocês se destacar.

4. PROBLEMA CONCRETO

Thiago, pessoa com 65 anos de idade, possui uma assinatura de TV a Cabo em sua residência,
mas constantemente o sinal do serviço simplesmente desaparece. Recentemente, inclusive,
Thiago ficou 15 dias seguidos sem o serviço.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 59
Totalmente insatisfeito com a situação, Thiago procura a Defensoria no dia 28 de abril de 2020
e solicita uma providência, tendo em vista que deseja cancelar o contrato, mas a operadora
de TV, chamada TELEVISÃO 10, se nega a realizar o cancelamento.

A Defensoria ajuizou demanda em vara cível comum tendo Thiago como autor, sendo feitos
os seguintes pedidos: obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do serviço de TV
a Cabo a ser feito pela ré e pagamento de compensação por dano temporal no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais).

Tendo transcorrido o procedimento normalmente, foi prolatada sentença. Em síntese, o juízo


acolheu os argumentos da ré no sentido de que não houve resistência em cancelar o serviço,
não tendo sido provado pelo autor, cabalmente, que o sinal da TV constantemente ficava
ausente (mesmo havendo inversão do ônus da prova em favor do autor). Afastou também a
possibilidade de condenação por dano temporal, pois a ré não teria agido ilicitamente.

Diante do ocorrido, o autor apresentou apelação suscitando a reforma total da sentença de


primeiro grau por error in judicando.

No dia 03 de dezembro de 2020, quinta-feira, você, Defensor(a) da ré TELEVISÃO 10, foi


intimado(a) pessoalmente para se manifestar sobre o recurso.

Apresente a peça cabível no caso, considerando na contagem do prazo sábados e domingos,


mas desconsiderando eventuais feriados.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE INTERPOSIÇÃO

Nas contrarrazões também existem duas “petições”: a folha de interposição e a folha de


contrarrazões. Em primeiro lugar, é necessário apresentar a folha de interposição, endereçada
ao juízo que proferiu a decisão recorrida:

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....


Processo nº....

QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Também nesse caso, de resposta a um recurso, é necessária a menção à qualificação do


contrarrazoante, bem como o fundamento legal da manifestação. Como se trata de
contrarrazões, o principal dispositivo é o art. 1.010, §1º CPC. Em relação a esse ponto, aliás,
cuidado: se houver um dispositivo legal específico para a manifestação, SEMPRE façam
menção a ele:

TELEVISÃO 10, já devidamente qualificada aos autos, vem, por meio do


membro da Defensoria Pública do Estado... que esta subscreve, com base no
art. 1010, §1º, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, apresentar CONTRARRAZÕES tendo em
vista a apelação interposta por Thiago, já qualificada aos autos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 60
REMESSA AO ÓRGÃO JULGADOR

No caso das contrarrazões não se faz pedido de intimação do autor; ademais, atenção
porque aqui também NÃO HÁ, duplo juízo de admissibilidade (art. 1.010, §3º, CPC). Portanto, o
requerimento é no sentido de que os autos sejam enviados diretamente à segunda instância:

Requer a remessa dos autos ao Órgão julgador competente,


independentemente de juízo de admissibilidade, com base no art. 1.010 § 3º,
CPC.

FECHAMENTO - PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Ao final, vocês devem pedir o deferimento, fazer menção ao local e à data, bem como
à assinatura (nunca coloquem identificação de vocês na peça). No que tange a data, vejam
que a intimação pessoal ocorreu em 03 de dezembro de 2020, quinta-feira. O prazo recursal é
de 15 dias úteis, mas será contado em dobro tendo em vista a prerrogativa dos membros da
Defensoria. O prazo final, portanto, é 14 de janeiro de 2021.

Nestes termos, pede deferimento.


Local, 14 de janeiro de 2021
Defensor Público

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE RAZÕES

Nas contrarrazões deve ser apresentada também a folha referente à manifestação


propriamente dita, dessa vez direcionada à Presidência do Tribunal. Aqui, vocês não falam em
“Comarca”, pois como estão se referindo à Presidência, estão abrangendo o tribunal como um
todo.

Além disso, decorem os demais dados que figurarão no cabeçalho, como “nº do
processo”, “contrarrazoante” (aquele que apresenta as contrarrazões) e “contrarrazoado”
(aquele que teve o seu recurso rebatido):

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .......


CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO
Processo nº
CONTRARRAZOANTE: TELEVISÃO 10
CONTRARRAZOADO: Thiago

INTRODUÇÃO

Por questões de cordialidade, é costume que seja feito um cumprimento aos julgadores
e ao Procurador de Justiça que oficia perante o Órgão. Essa passagem também costuma

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 61
figurar nos espelhos de correção. Além disso, façam uma pequena introdução, antes de
adentrarem na estrutura da peça:

Egrégia Câmara, excelentíssimos julgadores, douto Procurador de Justiça,


Em que pese a apelação apresentada pelo contrarrazoado, a sentença do
juízo de 1º grau merece prosperar pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

Também em contrarrazões há preliminares, que devem ser suscitadas por vocês. No caso
proposto, as preliminares foram:

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Recomendo que vocês suscitem a questão da gratuidade na folha de contrarrazões,
principalmente se o enunciado não tiver falado nada sobre o deferimento do direito em
primeira instância:

a) Da gratuidade de justiça
IInforma o contrarrazoante que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo
em vista sua hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o
recolhimento do preparo referente às contrarrazões à apelação.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

É imprescindível que vocês tratem das prerrogativas; atentem para o fato de que as
prerrogativas não dizem respeito à Defensoria, mas sim aos membros da instituição:

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria Pública, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de
procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

O interesse e a legitimidade devem estar presentes quando da interposição de um


recurso, de maneira que vocês devem fazer alusão a esse ponto:

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do apelante; em relação


ao interesse, o apelante busca uma melhor situação jurídica no processo
judicial, enquanto em relação à legitimidade, o apelante busca tutelar direito
próprio em nome próprio.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 62
D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

O cabimento e a tempestividade são requisitos de admissibilidade recursal que devem


figurar na folha de razões, bastando que vocês façam uma alusão rápida, porém elucidativa,
sobre os pontos.

Em relação ao cabimento, vocês usarão o mesmo artigo que colocaram na folha de


interposição, o mesmo valendo em relação à tempestividade: usem a mesma data que vocês
colocaram na folha de interposição:

A presente manifestação é cabível, tendo em vista que o autor,


inconformado com o conteúdo da sentença de 1º grau, interpôs apelação
visando a reforma daquela. Assim, a resposta a ser apresenta pelo apelado
(ora contrarrazoante) é a contrarrazão, prevista no art. 1.010, §1º, CPC.
Ademais, a intimação pessoal da interposição do recurso à Defensoria
ocorreu no dia 03 de dezembro de 2020, quinta-feira. Considerando o prazo
de 15 dias a ser contado em dobro, a data final para apresentação das
contrarrazões é 14 de janeiro de 2021, data essa observada pelo
contrarrazoante. Presente, portanto, a tempestividade.

II – FATOS

Façam uma explicação rápida sobre os fatos; em uma folha de papel, procurem não
gastar mais do que cinco linhas com esse ponto. Atenção também para o fato de que as vezes
o examinador dispensa o candidato de transcrever os fatos. Nesse caso, abram o tópico e
escrevam apenas “dispensado pelo enunciado”:

O contrarrazoado, Thiago, ajuizou demanda em face da contrarrazoante,


TELEVISÃO 10, tendo em vista que o serviço de TV a Cabo prestado por esta
era supostamente defeituoso. Alegou também o contrarrazoado que a
contrarrazoante se recusava a cancelar o contrato celebrado entre ambos.
O contrarrazoado requereu que fosse imposta obrigação de fazer,
consubstanciada no cancelamento do serviço, e pagamento de
compensação por dano temporal no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
A sentença foi no sentido de julgar improcedentes os pedidos; por isso, o
contrarrazoado interpôs apelação e, em resposta, a contrarrazoante
apresenta esta manifestação.

III – DAS RAZÕES PARA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA

Agora vocês farão as contrarrazões; no caso apresentado, não houve nulidade a ser
suscitada. Porém, caso se tratasse de um problema com nulidade, bastaria que vocês
abrissem tópicos da seguinte forma:

- Das razões para anulação da sentença – error in procedendo

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 63
Antes de vocês iniciarem sobre o tópico das contrarrazões, observem quais foram as
conclusões da sentença e os fundamentos do recurso interposto pela outra parte. Esse será o
principal guia para orientar vocês na elaboração do recurso. No problema apresentado, as
teses a serem levantadas são:

A) DO NÃO IMPEDIMENTO DE QUE O CONTRARRAZOADO CANCELASSE O SERVIÇO DE TV A CABO

Em que pese a relação tratada no processo ser de natureza consumerista, e


o consumidor possuir a seu favor o direito à inversão do ônus da prova (art.
6º, VIII, CDC), tal inversão não é absoluta.
Isso porque não bastam meras alegações no sentido de que o autor
consumidor teria sofrido com algum tipo de vício ou defeito de produto ou
serviço (art. 12, 14, 18 e 20, CDC). A responsabilidade na seara consumerista é
de natureza objetiva; assim, para que a responsabilidade seja caracterizada,
é necessário que haja demonstração mínima de que houve uma conduta
do fornecedor, que houve um dano e que entre a conduta e o dano haja
nexo causal.
Raciocínio diferente conduziria a uma responsabilidade integral do
fornecedor, o que não pode ocorrer por esse tipo de responsabilidade ser
restrita a determinados tipos de dano, como o nuclear (art.21, XXIII, “d”, CRFB).
No caso, o juízo informou que a obrigação de fazer era indevida. Essa
conclusão foi acertada, pois não houve demonstração mínima pelo
contrarrazoado de que o contrarrazoante teria agido ilicitamente. Ao
contrário: há sempre por parte do contrarrazoante uma postura de tutelar os
interesses de seus clientes, mesmo quando estes desejam encerrar seus
contratos. Tanto em relação ao fornecimento de sinal de TV a Cabo, quanto
em relação ao procedimento de cancelamento, o contrarrazoado sempre
recebeu de maneira adequada o serviço.
Assim, tal como decidido no 1º grau, deve o pedido do contrarrazoado ser
julgado improcedente, afastando-se a obrigação de fazer em desfavor da
contrarrazoante.

B) DO NÃO CABIMENTO DE CONDENAÇÃO POR DANO TEMPORAL

O dano temporal, aceito atualmente pelo STJ e trabalhado cada vez mais
pela doutrina, dispõe, em síntese: o tempo é um ativo precioso; por isso, cada
vez que uma pessoa, por ato ilícito, faz com que outra faça dispêndios de
tempo para resolver uma situação que ela não deu causa, há necessidade
de compensação por dano temporal.
No entanto, para que haja responsabilidade por dano temporal há o
pressuposto de que haja uma conduta ilícita de determinado sujeito, pois
caso contrário a condenação será indevida (justamente por não haver o que
compensar).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 64
Nessa esteira, não houve nenhum ato ilícito por parte do contrarrazoante, isso
porque, conforme dito, não há provas de que o sinal de TV a Cabo tinha um
fornecimento defeitoso. Tampouco há provas de que a contrarrazoante se
furtava em cancelar o contrato do contrarrazoado.
Ainda que houvesse a necessidade de o contrarrazoado entrar em contato
com a contrarrazoante em algum momento, tal fato por si só não gera direito
à compensação, por se tratar de situação inerente às relações
consumeristas. Caso contrário, estar-se-ia afirmando que todo serviço de
atendimento ao consumidor seria ilícito.
Assim, tal como decidido no 1º grau, deve o pedido do contrarrazoado ser
julgado improcedente, afastando-se a possibilidade de o contrarrazoante
ser condenado ao pagamento de compensação por dano temporal.

IV – PEDIDOS

Por fim, atentem para os pedidos a serem realizados, mormente às preliminares e ao


mérito. Em caso de recurso ou de resposta, vocês não vão atribuir valor da causa ou pedir
produção probatória. Ademais, lembrem do pedido de condenação nas custas e honorários
(caso o procedimento comporte), sendo estes destinados ao Fundo de Aparelhamento da DPE:

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros


da Defensoria, requer:
a) o conhecimento das contrarrazões, tendo em vista a presença dos
requisitos para sua apresentação;
b) no mérito, o provimento das contrarrazões, com a improcedência dos
pedidos feitos pelo contrarrazoado em seu recurso de apelação; e
d) a condenação do contrarrazoado ao pagamento de custas e honorários
advocatícios, estes em favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos
do art. 4º, XXI, LC 80/94.

FECHAMENTO – PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, chegamos ao momento de finalizar a peça. Tal como na folha de interposição,
temos o pedido de deferimento, local, data e assinatura:

Nestes termos, pede deferimento.


Local, 14 de janeiro de 2021
Defensor Público

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

Processo nº....

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 65
TELEVISÃO 10, já devidamente qualificada aos autos, vem, por meio do membro da Defensoria
Pública do Estado... que esta subscreve, com base no art. 1010, §1º, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94,
apresentar CONTRARRAZÕES tendo em vista a apelação interposta por Thiago, já qualificada
aos autos.

Requer a remessa dos autos ao Órgão julgador competente, independentemente de juízo de


admissibilidade, com base no art. 1.010 § 3º, CPC.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 14 de janeiro de 2021

Defensor Público

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .......

CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO

Processo nº ...
CONTRARRAZOANTE: TELEVISÃO 10

CONTRARRAZOADO: Thiago

Egrégia Câmara, excelentíssimos julgadores, douto Procurador de Justiça,

Em que pese a apelação apresentada pelo contrarrazoado, a sentença do juízo de 1º grau


merece prosperar pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Informa o contrarrazoante que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo em vista sua
hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o recolhimento do preparo
referente às contrarrazões à apelação.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da Defensoria Pública,
mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I,
VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

Estão presentes o interesse e a legitimidade do contrarrazoante; em relação ao interesse, o


contrarrazoante busca a manutenção da sentença de 1º grau, por condizer com seu interesse
jurídico. Além disso, possui legitimidade por ter figurado como réu na instância de origem da
demanda.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 66
A presente manifestação é cabível, tendo em vista que o autor, inconformado com o conteúdo
da sentença de 1º grau, interpôs apelação visando a reforma daquela. Assim, a resposta a ser
apresenta pelo apelado (ora contrarrazoante) é a contrarrazão, prevista no art. 1.010, §1º, CPC.

Ademais, a intimação pessoal da interposição do recurso à Defensoria ocorreu no dia 03 de


dezembro de 2020, quinta-feira. Considerando o prazo de 15 dias a ser contado em dobro, a
data final para apresentação das contrarrazões é 14 de janeiro de 2021, data essa observada
pelo contrarrazoante. Presente, portanto, a tempestividade.

II – FATOS

O contrarrazoado, Thiago, ajuizou demanda em face da contrarrazoante, TELEVISÃO 10, tendo


em vista que o serviço de TV a Cabo prestado por esta era supostamente defeituoso. Alegou
também o contrarrazoado que a contrarrazoante se recusava a cancelar o contrato
celebrado entre ambos.

O contrarrazoado requereu que fosse imposta obrigação de fazer, consubstanciada no


cancelamento do serviço, e pagamento de compensação por dano temporal no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais).

A sentença foi no sentido de julgar improcedentes os pedidos; por isso, o contrarrazoado


interpôs apelação e, em resposta, a contrarrazoante apresenta esta manifestação.

III – DAS RAZÕES PARA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA

A) DO NÃO IMPEDIMENTO DE QUE O CONTRARRAZOADO CANCELASSE O SERVIÇO DE TV A CABO

Em que pese a relação tratada no processo ser de natureza consumerista, e o consumidor


possuir a seu favor o direito à inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC), tal inversão não é
absoluta.

Isso porque não bastam meras alegações no sentido de que o autor consumidor teria sofrido
com algum tipo de vício ou defeito de produto ou serviço (art. 12, 14, 18 e 20, CDC). A
responsabilidade na seara consumerista é de natureza objetiva; assim, para que a
responsabilidade seja caracterizada, é necessário que haja demonstração mínima de que
houve uma conduta do fornecedor, que houve um dano e que entre a conduta e o dano haja
nexo causal.

Raciocínio diferente conduziria a uma responsabilidade integral do fornecedor, o que não pode
ocorrer por esse tipo de responsabilidade ser restrita a determinados tipos de dano, como o
nuclear (art.21, XXIII, “d”, CRFB).

No caso, o juízo informou que a obrigação de fazer era indevida. Essa conclusão foi acertada,
pois não houve demonstração mínima pelo contrarrazoado de que o contrarrazoante teria
agido ilicitamente. Ao contrário: há sempre por parte do contrarrazoante uma postura de
tutelar os interesses de seus clientes, mesmo quando estes desejam encerrar seus contratos.
Tanto em relação ao fornecimento de sinal de TV a Cabo, quanto em relação ao procedimento
de cancelamento, o contrarrazoado sempre recebeu de maneira adequada o serviço.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 67
Assim, tal como decidido no 1º grau, deve o pedido do contrarrazoado ser julgado
improcedente, afastando-se a obrigação de fazer em desfavor da contrarrazoante.

B) DO NÃO CABIMENTO DE CONDENAÇÃO POR DANO TEMPORAL

O dano temporal, aceito atualmente pelo STJ e trabalhado cada vez mais pela doutrina,
dispõe, em síntese: o tempo é um ativo precioso; por isso, cada vez que uma pessoa, por ato
ilícito, faz com que outra faça dispêndios de tempo para resolver uma situação que ela não
deu causa, há necessidade de compensação por dano temporal.

No entanto, para que haja responsabilidade por dano temporal há o pressuposto de que haja
uma conduta ilícita de determinado sujeito, pois caso contrário a condenação será indevida
(justamente por não haver o que compensar).

Nessa esteira, não houve nenhum ato ilícito por parte do contrarrazoante, isso porque,
conforme dito, não há provas de que o sinal de TV a Cabo tinha um fornecimento defeitoso.
Tampouco há provas de que a contrarrazoante se furtava em cancelar o contrato do
contrarrazoado.

Ainda que houvesse a necessidade de o contrarrazoado entrar em contato com a


contrarrazoante em algum momento, tal fato por si só não gera direito à compensação, por
se tratar de situação inerente às relações consumeristas. Caso contrário, estar-se-ia
afirmando que todo serviço de atendimento ao consumidor seria ilícito.

Assim, tal como decidido no 1º grau, deve o pedido do contrarrazoado ser julgado
improcedente, afastando-se a possibilidade de o contrarrazoante ser condenado ao
pagamento de compensação por dano temporal.

IV – PEDIDOS

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o conhecimento das contrarrazões, tendo em vista a presença dos requisitos para sua
apresentação;

b) no mérito, o provimento das contrarrazões, com a improcedência dos pedidos feitos pelo
contrarrazoado em seu recurso de apelação; e

d) a condenação do contrarrazoado ao pagamento de custas e honorários advocatícios,


estes em favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 14 de janeiro de 2021

Defensor Público

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 68
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

1. FUNDAMENTO LEGAL

O fundamento legal dos embargos de declaração está no art. 1.022, CPC:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar


o juiz de ofício ou a requerimento;

III - corrigir erro material.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos


repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao
caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .

Assim, os embargos serão cabíveis em situação obscuridade, contradição, omissão ou


correção de erro material.

Em relação ao prazo, ele é diferente da regra geral dos recursos (15 dias), pois a parte
tem apenas 5 dias para interposição:

Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em


petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição
ou omissão, e não se sujeitam a preparo.

Lembrando, contudo, que a Defensoria goza de prazo em dobro.

2. MOMENTO PROCESSUAL DE SUA UTILIZAÇÃO

Fiquem atentos às hipóteses de cabimento; assim, caso o enunciado narre alguma


situação que se enquadra no art. 1.022, CPC, provavelmente ele quer embargos de declaração.
Atentem-se, por exemplo, para decisões que não analisam um determinado requerimento da
parte, ou que possua contradição em seus termos, sendo de difícil compreensão.

3. FIQUE LIGADO!

Nos embargos de declaração, lembrem-se de um detalhe primordial: o recurso não


suspende o prazo para interposição de outros recursos, mas sim INTERROMPE:

Art. 1.026, CPC. Os embargos de declaração não possuem efeito


suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 69
Assim, por terem esse efeito de interrupção, uma vez julgado os embargos o prazo de
outros recursos será devolvido à parte (recomeçará a contagem do início).

4. PROBLEMA CONCRETO

Thiago, pessoa com 65 anos de idade, possui uma assinatura de TV a Cabo em sua residência,
mas constantemente o sinal do serviço simplesmente desaparece. Recentemente, inclusive,
Thiago ficou 15 dias seguidos sem o serviço.

Totalmente insatisfeito com a situação, Thiago procura a Defensoria no dia 28 de abril de 2020
e solicita uma providência, tendo em vista que deseja cancelar o contrato, mas a operadora
de TV, chamada TELEVISÃO 10, se nega a realizar o cancelamento.

A Defensoria ajuizou demanda em vara cível comum tendo Thiago como autor, sendo feitos
os seguintes pedidos: obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do serviço de TV
a Cabo a ser feito pela ré e pagamento de compensação por dano temporal no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais).

Tendo transcorrido o procedimento normalmente, foi prolatada sentença. Em síntese, o


dispositivo da sentença previa:

“Posto isso, julgo PROCEDENTE o pedido do autor, para condenar a ré ao pagamento de


compensação por dano temporal no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Intime-se
pessoalmente a Defensoria Pública representante do autor e intime-se a ré, na forma da
legislação processual.”

A intimação pessoal da sentença foi feita para você, Defensor(a) que representa Thiago no dia
3 de novembro de 2020.

Apresente a peça cabível no caso, considerando na contagem do prazo sábados e domingos,


mas desconsiderando eventuais feriados.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO – AO JUÍZO QUE PROFERIU A DECISÃO

Pessoal, como se trata de um recurso que visa suprimir a omissão do juízo de primeiro
grau, o recurso será endereçado para ele próprio.

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 70
QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Nesse momento vocês indicarão o fundamento legal da oposição dos embargos,


citando corretamente a situação que ensejou o recurso. Como se trata de uma omissão, então
o fundamento é o inciso II do art. 1022.

THIAGO, já qualificado aos autos, vem, com base no art. 1.022, II, CPC c/c art. 4º,
I, LC 80/94, por intermédio do membro da Defensoria Pública do Estado .... que
esta subscreve, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO em face da sentença às
fls.….., em decorrência da omissão acerca do pedido de obrigação de fazer
feito pelo embargante em sua inicial, na demanda ajuizada em face da ré
TELEVISÃO 10.

DETALHE: os embargos devem ser OPOSTOS e não INTERPOSTOS. Cuidado com o rigor técnico,
pois em uma prova aberta esse tecnismo é levado em consideração.

I- PRELIMINAR

A) TEMPESTIVIDADE

Os embargos de declaração, conforme o art. 1023, CPC, deverão ser opostos no prazo
de 5 dias. Porém, por se tratar de Defensoria, ele será contado em dobro, ou seja, 10 dias para
oposição.

A intimação pessoal ocorreu em 3 de novembro, razão pela qual, em dias úteis, a


contagem terminará no dia 17 do mesmo mês.

Os presentes embargos de declaração são tempestivos, tendo em vista que


a intimação pessoal da sentença ocorreu no dia 3 de novembro de 2020.
Considerando que o prazo para oposição do referido recurso é de 5 dias (art.
1023, CPC), contado em dobro para a Defensoria Pública, a data final para sua
apresentação é 17 de novembro de 2020. Tendo sido o recurso apresentado
nessa data, presente está a tempestividade.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Aqui é recomendado ressaltar a observação das prerrogativas dos membros da


Defensoria, principalmente em relação ao prazo.

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria Pública, mormente a vista pessoal e prazo em dobro, nos termos
do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 71
II – FATOS

Aqui, caso o examinador não dispense vocês, façam uma breve abordagem da
situação processual que ensejou os embargos. Caso o enunciado dispense vocês da narrativa
fática, apenas coloquem na linha abaixo: “dispensado pelo enunciado”.

O embargante ajuizou demanda contra a embargada, tendo em vista a má


prestação de serviço de TV a Cabo por parte daquela. Na conclusão de sua
petição inicial, o embargante requereu a condenação da ré à obrigação de
fazer, consubstanciada no cancelamento do serviço de TV a Cabo e
pagamento de compensação por dano temporal no valor de R$ 5.000,00
(cinco mil reais).

Em sentença, o juízo condenou a ré apenas ao pagamento de compensação


por dano temporal, deixando de se manifestar acerca do pedido de
condenação à obrigação de fazer. Por essa razão, opôs-se o presente o
recurso.

III – DA OMISSÃO

Falando do mérito propriamente dito, vocês explicarão ao juízo em que consiste a sua
omissão (ou outro vício que enseje a oposição dos embargos), sempre se lembrando de
mencionar o dispositivo legal.

Conforme dito acima, o embargante requereu em sua petição inicial duas


providências jurisdicionais: a condenação da ré à obrigação de fazer, ou seja,
o cancelamento do serviço de TV a Cabo, e a condenação ao pagamento de
compensação por dano temporal no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Tendo o juízo se manifestado apenas sobre o dano temporal, resta a


necessidade de o juízo se manifestar sobre o pedido de condenação à
obrigação de fazer, sanando a omissão nos termos do art. 1.022, II, CPC.

IV – DOS PEDIDOS

Nos embargos de declaração os pedidos são sucintos, como vocês podem ver abaixo.

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da


defensoria pública, tais como prazo em dobro e vista pessoal, requer:

a) o recebimento dos embargos, tendo em vista que são eles tempestivos;

b) a intimação do embargado para, querendo, manifestar-se; e

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 72
b) no mérito, o acolhimento dos embargos para suprimento da omissão
apontada na sentença, manifestando-se o juízo acerca do pedido de
obrigação de fazer.

FECHAMENTO – PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Neste momento, vocês encerrarão a peça, pedindo deferimento, fazendo menção ao local , a
data e a assinatura.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 17 de novembro de 2020.

Defensor(a) Público(a)

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA ...... DO ESTADO.....

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO: PESSOA IDOSA (art. 1048, I, CPC c/c art. 71, Estatuto
do Idoso – Lei 10.741/03)

THIAGO, já qualificado aos autos, vem, com base no art. 1.022, II, CPC c/c art. 4º, I, LC 80/94, por
intermédio do membro da Defensoria Pública do Estado .... que esta subscreve, opor EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO em face da sentença às fls.….., em decorrência da omissão acerca do pedido
de obrigação de fazer feito pelo embargante em sua inicial, na demanda ajuizada em face da
ré TELEVISÃO 10.

I- PRELIMINAR

A) TEMPESTIVIDADE

Os presentes embargos de declaração são tempestivos, tendo em vista que a intimação


pessoal da sentença ocorreu no dia 3 de novembro de 2020. Considerando que o prazo para
oposição do referido recurso é de 5 dias (art. 1023, CPC), contado em dobro para a Defensoria
Pública, a data final para sua apresentação é 17 de novembro de 2020. Tendo sido o recurso
apresentado nessa data, presente está a tempestividade.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da Defensoria Pública,
mormente a vista pessoal e prazo em dobro, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

II – FATOS

O embargante ajuizou demanda contra a embargada, tendo em vista a má prestação de


serviço de TV a Cabo por parte daquela. Na conclusão de sua petição inicial, o embargante

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 73
requereu a condenação da ré à obrigação de fazer, consubstanciada no cancelamento do
serviço de TV a Cabo e pagamento de compensação por dano temporal no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais).

Em sentença, o juízo condenou a ré apenas ao pagamento de compensação por dano


temporal, deixando de se manifestar acerca do pedido de condenação à obrigação de fazer.
Por essa razão, opôs-se o presente o recurso.

III – DA OMISSÃO

Conforme dito acima, o embargante requereu em sua petição inicial duas providências
jurisdicionais: a condenação da ré à obrigação de fazer, ou seja, o cancelamento do serviço
de TV a Cabo, e a condenação ao pagamento de compensação por dano temporal no valor
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Tendo o juízo se manifestado apenas sobre o dano temporal, resta a necessidade de o juízo
se manifestar sobre o pedido de condenação à obrigação de fazer, sanando a omissão nos
termos do art. 1.022, II, CPC.

IV – DOS PEDIDOS

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da defensoria
pública, tais como prazo em dobro e vista pessoal, requer:

a) o recebimento dos embargos, tendo em vista que são eles tempestivos;

b) a intimação do embargado para, querendo, manifestar-se; e

b) no mérito, o acolhimento dos embargos para suprimento da omissão apontada na


sentença, manifestando-se o juízo acerca do pedido de obrigação de fazer.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 17 de novembro de 2020.

Defensor(a) Público(a)

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 74
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

1. FUNDAMENTO LEGAL

O fundamento será o art. 525, §11º, CPC, conforme segue:

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação.

§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para


apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade
e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos
subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o
executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para
formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da
intimação do ato.

Assim, a contar da data da ciência do fato ou da intimação do ato deve ser


apresentada a exceção de pré-executividade, como forma de evitar danos ao executado.

Nos termos da doutrina3:

Devem ser deduzidas por petição simples (que nada mais é do que uma
objeção de não executividade, conhecida no jargão forense por exceção
de pré-executividade). Para tanto, dispõe o executado do prazo de 15 dias,
a contar da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato que se
pretenda impugnar (art. 525, §11, CPC).

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

Quando lerem o enunciado, tenham atenção aos detalhes, principalmente se for


mencionado que os embargos à execução já foram apresentados ou mesmo julgados. Caso
surja, posteriormente a essa situação, algum ato que demande um agir o executado,
provavelmente o examinador quer que seja apresentada a exceção de pré-executividade.

Ainda, outras situações demandam a apresentação dessa peça, nos termos do art. 525,
§11, CPC, já mencionado:

3 CÂMARA, Alexandre Freitas. O NOVO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO. 5ª ed., São Paulo: Atlas, 2019, p. 417.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 75
- questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da
impugnação ou

- aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos


subsequentes.

3. FIQUE LIGADO!

Atenção, porque na exceção de pré-executividade NÃO CABE dilação probatória.


Quando a petição for apresentada ao juízo, portanto, deverão ser acostadas provas pré-
constituídas, as quais serão usadas pelo juízo para fundamentar a decisão.

4. PROBLEMA CONCRETO

Anderson contraiu empréstimo com Júlia Mendes, sua vizinha no condomínio edilício em que
residem, no valor de R$ 10.000,00. Anderson havia perdido o emprego e precisava de capital
para pagar suas contas, razão pela qual ele procurou a mencionada vizinha para solicitar o
dinheiro.

Feito o empréstimo, Anderson não conseguiu realizar a devolução do valor na forma


combinada.

Júlia, tendo em vista a natureza do contrato celebrado e a obediência aos requisitos legais,
promoveu execução em face de Anderson. Este, por sua vez, apresentou embargos à
execução, que foram julgados improcedentes. Júlia, então, promoveu a penhora de bens para
ver seu crédito satisfeito, tudo dentro dos ditames legais.

Entretanto, Júlia indicou à penhora o apartamento em que Anderson vive com sua esposa e
dois filhos, sendo que a família não possui outro imóvel para viver. A penhora foi efetivada e
você, membro da Defensoria que assiste Anderson na execução, foi intimado(a) pessoalmente
da decisão no dia 03 de novembro de 2020, terça-feira.

Apresente a manifestação cabível, no último dia do prazo. Considere os sábados e domingos,


mas desconsidere eventuais feriados que surjam na contagem.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

Na exceção de pré-executividade o endereçamento será feito ao juízo em que ocorre a


execução.

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA .... DO ESTADO ......

Processo nº

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 76
QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Como se trata de simples petição, não há necessidade de se realizar toda a


qualificação novamente. Atenção à fundamentação legal, tendo em vista que o que
embasará a exceção é o art. 525, §11, CPC.

Anderson, já devidamente qualificado aos autos, vem, por intermédio da


Defensoria Pública do Estado ....., com base no art. 134, CRFB c/c art. 4º, X, LC
80/94 e art. 525, §11, CPC apresentar EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE nestes
autos de execução de título extrajudicial promovida por Júlia Mendes, já
devidamente qualificada aos autos, pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) COMPETÊNCIA, TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO

Em relação à competência, façam menção ao fato de que o juízo responsável será


aquele em que transcorre a execução.

No que tange ao cabimento, o fundamento legal, como dito, será o art. 525, §11, CPC, que
dá o prazo de 15 dias para que a exceção seja apresentada. Como se trata de prazo em dobro
para a Defensoria, então são 30 dias. No caso, a intimação pessoal ocorreu em 3 de novembro,
findando o prazo no dia 15 de dezembro de 2020.

O juízo possui competência para análise da exceção, tendo em vista que é


o responsável por conduzir a execução promovida pela excepta. Há, nessa
esteira, cabimento na apresentação da exceção de pré-executividade,
tendo em vista a ocorrência de ato inadequado de penhora sobre os bens
do excipiente, nos termos do art. 525, §11, CPC.

Presente também a tempestividade, tendo em vista que o prazo para


apresentação da exceção é de 15 dias, a contar da ciência do fato (art. 525,
§11, CPC). O prazo para a Defensoria é contado em dobro, encerrando no dia
15 de dezembro de 2020, data da apresentação desta exceção.

B) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Como se trata de simples petição, em tese a parte provavelmente já estaria se valendo


do direito à gratuidade de justiça. No entanto, como se trata de concurso público, é preciso
imaginar os possíveis tópicos que podem aparecer no espelho do examinador; nesse sentido,
a gratuidade de justiça possivelmente é um deles. Assim, necessária uma rápida alusão ao
ponto.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 77
O excipiente não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais
sem prejuízo de sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado
o direito à gratuidade de justiça nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98
e 99, §3º, CPC.

C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Outro tópico que deve estar presente é o referente às prerrogativas dos membros, tendo
em vista sua constante cobrança pelos examinadores.

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da


DPE, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração,
nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou vocês da narrativa fática, então é necessário fazê-
la. No entanto, caso o enunciado fizesse essa dispensa, bastaria escrever “narrativa fática
dispensada pelo enunciado”.

O excipiente contraiu empréstimo com a excepta no valor de R$ 10.000,00


mas, por dificuldades financeiras, não conseguiu realizar a devolução do
valor na forma combinada. A excepta promoveu execução em face do
excipiente e, tendo sido julgado improcedente os embargos deste, a excepta
promoveu a penhora de bens. Entretanto, a excepta indicou à penhora a
casa em que o excipiente vive com sua esposa e dois filhos, de maneira que
o bem é impenhorável. Por essa razão, apresenta-se esta exceção de pré-
executividade.

III – MÉRITO

A) IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA

Conforme narrado no problema, houve, após a apresentação dos embargos à


execução, penhora do bem de família de Anderson. Nesse caso, como os embargos já foram
julgados, não há possibilidade de sua reapresentação. A exceção de pré-executividade por
isso é justamente a saída para que se argumente contra esse ato ilícito de penhora.

No primeiro tópico do mérito, portanto, importante discorrer sobre o bem de família em


si, demonstrando ao examinador que vocês conhecem o contexto da impenhorabilidade
desse tipo de bem.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 78
A impenhorabilidade do bem de família visa tutelar o direito à moradia
previsto no art. 6º, CRFB, dada a sua natureza de direito fundamental social.
Como forma de tutela desse direito, a Lei 8009/90 em seu art. 1º atribui o
caráter de impenhorável ao imóvel residencial próprio do casal, ou da
entidade familiar, não respondendo por dívida civil.

Assim, na ponderação entre o direito de o credor receber o seu crédito e o


devedor manter sua dignidade humana, por intermédio da moradia, o
ordenamento jurídico pende em favor deste.

B) DA PROVA PRÉ CONSTITUÍDA NA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

O outro ponto de mérito é justamente alegar que há prova pré-constituída sobre o bem
de família, o que cumpre com a exigência legal acerca da impossibilidade de dilação
probatória.

Por fim, em casos dessa natureza, uma menção ao princípio da menor onerosidade é
importante por demonstrar ao examinador um conhecimento acerca da letra da lei e da
doutrina.

Como se sabe, os embargos à execução existem como forma de defesa


daquele que sofre a execução, sendo a manifestação principal nesse
sentido. No entanto, situações posteriores à apresentação dos embargos, ou
mesmo anteriores mas de ordem pública, podem surgir, demandando
atuação imediata do juízo que conduz a execução.

Nesses termos, o art. 525, §11, CPC prevê a possibilidade de alegação por mera
petição, devendo haver prova pré-constituída da situação. O excipiente
atende aos requisitos legais, tendo em vista que se manifesta em
decorrência de ato que ocorreu após o julgamento dos embargos. Ademais,
há prova pré-constituída, tendo em vista que foram juntados aos autos
comprovantes sobre o imóvel ser bem de família.

Assim, é necessária procedência desta exceção, de maneira que a penhora


realizada sobre o bem de família do excipiente seja imediatamente
desconstituída, como tutela do seu direito à moradia.

Frisa-se, ademais, que a execução é pautada pelo princípio da menor


onerosidade ao devedor, art. 805, CPC, de forma que a penhora de bem de
família desrespeita frontalmente a aludida norma.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 79
IV- EFEITO SUSPENSIVO

Em que pese controversa a sua possibilidade na exceção de pré-executividade,


devemos agir sempre de uma forma que tutele o máximo possível os interesses do assistido.
Assim, como se trata de situação urgente (afinal, a residência foi penhorada), é prudente que
seja feito o referido pedido.

Em que pese haver dissenso doutrinário sobre o tema, é imperioso que no


presente caso seja concedido o efeito suspensivo à exceção de pré-
executividade. A situação é de extrema urgência, tendo em vista que a
penhora no bem de família do excipiente foi realizada. Em termos simples,
em decorrência desse ato há risco concreto de o excipiente e toda a sua
família ficar sem residência por conta de dívida civil. Há prova pré-
constituída no sentido de que o imóvel serve de moradia, constatando-se,
portanto, perigo da demora e relevância nas alegações.

V- PEDIDOS

Por fim, em relação aos pedidos, lembrem de não pedir dilação probatória, eis que
incabível neste tipo de procedimento.

Posto isso, reiterando que serão observadas as garantias dos membros da


Defensoria, requer:

a) o recebimento desta exceção de pré-executividade, eis que tempestiva,


cabível e há competência do juízo;

b) a declaração do direito à gratuidade de justiça;

c) a intimação da excepta para, querendo, manifestar-se;

d) a concessão de efeito suspensivo, tendo em vista o risco de dano


irreversível e a relevância dos argumentos do excipiente;

e) no mérito, a procedência da exceção de pré-executividade, com


cancelamento da penhora sobre o bem de família do excipiente;

f) a condenação da excepta em custas e honorários advocatícios, estes


destinados ao Fundo de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ....,
nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 80
PEDIDO DE PROCEDÊNCIA, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, o encerramento da peça. No que tange a data, lembrem que colocar
exatamente a mesma que foi aposta no tópico da “tempestividade”.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 15 de dezembro de 2020

Defensor Público.

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA CÍVEL DA COMARCA .... DO ESTADO ......

Processo nº

Anderson, já devidamente qualificado aos autos, vem, por intermédio da Defensoria Pública do
Estado ....., com base no art. 134, CRFB c/c art. 4º, X, LC 80/94 e art. 525, §11, CPC apresentar
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE nestes autos de execução de título extrajudicial promovida
por Júlia Mendes, já devidamente qualificada aos autos, pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) COMPETÊNCIA, TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO

O juízo possui competência para análise da exceção, tendo em vista que é o responsável por
conduzir a execução promovida pela excepta. Há, nessa esteira, cabimento na apresentação
da exceção de pré-executividade, tendo em vista a ocorrência de ato inadequado de penhora
sobre os bens do excipiente, nos termos do art. 525, §11, CPC.

Presente também a tempestividade, tendo em vista que o prazo para apresentação da


exceção é de 15 dias, a contar da ciência do fato (art. 525, §11, CPC). O prazo para a Defensoria
é contado em dobro, encerrando no dia 15 de dezembro de 2020, data da apresentação desta
exceção.

B) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O excipiente não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem prejuízo de sua
subsistência, razão pela qual requer que seja declarado o direito à gratuidade de justiça nos
termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e 99, §3º, CPC.

C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da DPE, mormente a
vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC
80/94.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 81
II – FATOS

O excipiente contraiu empréstimo com a excepta no valor de R$ 10.000,00 mas, por dificuldades
financeiras, não conseguiu realizar a devolução do valor na forma combinada. A excepta
promoveu execução em face do excipiente e, tendo sido julgado improcedente os embargos
deste, a excepta promoveu a penhora de bens. Entretanto, a excepta indicou à penhora a casa
em que o excipiente vive com sua esposa e dois filhos, de maneira que o bem é impenhorável.
Por essa razão, apresenta-se esta exceção de pré-executividade.

III – MÉRITO

A) IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA

A impenhorabilidade do bem de família visa tutelar o direito à moradia previsto no art. 6º, CRFB,
dada a sua natureza de direito fundamental social. Como forma de tutela desse direito, a Lei
8009/90 em seu art. 1º atribui o caráter de impenhorável ao imóvel residencial próprio do casal,
ou da entidade familiar, não respondendo por dívida civil.

Assim, na ponderação entre o direito de o credor receber o seu crédito e o devedor manter
sua dignidade humana, por intermédio da moradia, o ordenamento jurídico pende em favor
deste.

B) DA PROVA PRÉ CONSTITUÍDA NA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

Como se sabe, os embargos à execução existem como forma de defesa daquele que sofre a
execução, sendo a manifestação principal nesse sentido. No entanto, situações posteriores à
apresentação dos embargos, ou mesmo anteriores mas de ordem pública, podem surgir,
demandando atuação imediata do juízo que conduz a execução.

Nesses termos, o art. 525, §11, CPC prevê a possibilidade de alegação por mera petição, devendo
haver prova pré-constituída da situação. O excipiente atende aos requisitos legais, tendo em
vista que se manifesta em decorrência de ato que ocorreu após o julgamento dos embargos.
Ademais, há prova pré-constituída, tendo em vista que foram juntados aos autos
comprovantes sobre o imóvel ser bem de família.

Assim, é necessária procedência desta exceção, de maneira que a penhora realizada sobre o
bem de família do excipiente seja imediatamente desconstituída, como tutela do seu direito à
moradia.

Frisa-se, ademais, que a execução é pautada pelo princípio da menor onerosidade ao


devedor, art. 805, CPC, de forma que a penhora de bem de família desrespeita frontalmente a
aludida norma.

IV- EFEITO SUSPENSIVO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 82
Em que pese haver dissenso doutrinário sobre o tema, é imperioso que no presente caso seja
concedido o efeito suspensivo à exceção de pré-executividade. A situação é de extrema
urgência, tendo em vista que a penhora no bem de família do excipiente foi realizada. Em
termos simples, em decorrência desse ato há risco concreto de o excipiente e toda a sua
família ficar sem residência por conta de dívida civil. Há prova pré-constituída no sentido de
que o imóvel serve de moradia, constatando-se, portanto, perigo da demora e relevância nas
alegações.

V- PEDIDOS

Posto isso, reiterando que serão observadas as garantias dos membros da Defensoria, requer:

a) o recebimento desta exceção de pré-executividade, eis que tempestiva, cabível e há


competência do juízo;

b) a declaração do direito à gratuidade de justiça;

c) a intimação da excepta para, querendo, manifestar-se;

d) a concessão de efeito suspensivo, tendo em vista o risco de dano irreversível e a relevância


dos argumentos do excipiente;

e) no mérito, a procedência da exceção de pré-executividade, com cancelamento da penhora


sobre o bem de família do excipiente;

f) a condenação da excepta em custas e honorários advocatícios, estes destinados ao Fundo


de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ...., nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 15 de dezembro de 2020

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 83
EMBARGOS À EXECUÇÃO

1. FUNDAMENTO LEGAL

No que tange o fundamento legal dos embargos à execução, o caput do art. 914, CPC
dispõe:

Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou


caução, poderá se opor à execução por meio de embargos.

Ademais, seu prazo de interposição é de 15 dias (em dobro para a Defensoria), nos
termos do art. 915, CPC:

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias,


contado, conforme o caso, na forma do art. 231 .

Mas, afinal, o que pode ser alegado? Vejam os incisos do art. 917, CPC:

Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:

I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

II - penhora incorreta ou avaliação errônea;

III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de


execução para entrega de coisa certa;

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em


processo de conhecimento.

Portanto, como se vê, são circunstâncias relacionadas ao título executivo, à execução


em si, à obrigação e temas correlatos. Na hora de elaborar a peça, atenção ao inciso
mencionado, pois é ele que embasará as alegações de mérito.

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

Sempre que o enunciado da questão narrar um caso de execução de título, com vista
dos autos para manifestar-se, acendam o alerta em relação aos embargos à execução. Essa
é a peça adequada para rebater problemas na execução, como excessos, inexequibilidade
do título, inexigibilidade da obrigação etc.

3. FIQUE LIGADO!

Quanto aos embargos à execução, é importante frisar um recurso que não está
disponível para a impugnação ao cumprimento de sentença. Trata-se do parcelamento do
débito, previsto no art. 916, CPC. Vejamos:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 84
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente
e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução,
acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá
requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas
mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento
ao mês.

Dessa forma, é necessário que o executado:

1- reconheça o débito no prazo para embargos;

2- deposite 30% do valor do débito, mais custas e honorários;

3- pague o restante em até 6 parcelas mensais, mais correção e juros de 1% ao mês.

Essa foi uma forma que o CPC encontrou de tutelar a menor onerosidade; se por um
lado isso preserva o direito do exequente, por outro faz com que o executado não tenha
dispêndios altos de uma única vez, o que poderia prejudicar sua subsistência.

Frisa-se que esse direito NÃO CABE no cumprimento de sentença, nos termos expressos
do art. 916, §7º, CPC.

4. PROBLEMA CONCRETO

Maria Thereza possui três filhos pequenos e ficou desempregada em abril, em decorrência da
pandemia causada pelo Corona Vírus. Em situação de dificuldade financeira, Maria procura
sua amiga, Ana Lopes, para solicitar um empréstimo urgente no valor de R$ 10.000,00, visando
pagar as contas de casa.

Ana empresta o dinheiro, mas antes elabora documento particular escrito em que consta o
valor do empréstimo, a assinatura de Maria e a assinatura de duas testemunhas.

Ficou combinado que Maria pagaria o valor integralmente no mês seguinte, tendo em vista
que ela seria contratada em um cargo alto numa multinacional. Porém, a companhia adiou a
contratação para 2021 e, por isso, Maria ficou sem dinheiro para pagar Ana. Esta, por sua vez,
munida do documento assinado, ajuizou execução em face de Maria Thereza, cobrando o
valor de R$ 10.000,00 referente ao empréstimo, mais um valor de R$ 5.000,00 a título de
“compensação” por ter emprestado o montante.

Maria procura a Defensoria Pública do Estado ….. e explica a situação. Você é designado para
atuar no caso e é citado pessoalmente no dia 6 de outubro de 2020, terça-feira. Apresente a
manifestação cabível, no último dia do prazo. Considere os sábados e domingos, mas
desconsidere eventuais feriados que surjam na contagem.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 85
O endereçamento dos embargos à execução é para o juízo em que é promovida a
ação de execução. Isso porque o art. 914, §1º, CPC dispõe que os embargos à execução serão
distribuídos por dependência e autuados em apartado. Assim, logo abaixo do endereçamento
propriamente dito, façam alusão à distribuição por dependência.

AO JUÍZO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA ..... DO ESTADO...…

Distribuição por dependência referente ao processo nº .....

QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Os embargos à execução possuem natureza de AÇÃO. Por isso, a qualificação será


completa, nos termos do art. 319, CPC. Além disso, é necessário que vocês coloquem o
dispositivo relacionado aos embargos, qual seja, o art. 914, CPC.

Maria Thereza, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº ….., endereço
eletrônico ….., domiciliada em….., vem, por intermédio da Defensoria Pública do
Estado ....., com base no art. art. 134, CRFB c/c art. 4º, X, LC 80/94 e art. 914, CPC
opor os presentes EMBARGOS À EXECUÇÃO em face de Ana Lopes, estado civil,
profissão, inscrita no CPF sob o nº ….., endereço eletrônico ….., domiciliada em…..,
pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Tópico sempre presente nas peças, a gratuidade de justiça é direito a ser reconhecido
em favor da assistida.

A embargante não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais


sem prejuízo de sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado
o direito à gratuidade de justiça nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e
99, §3º, CPC.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Igualmente, as prerrogativas dos membros da Defensoria devem ser lembradas por vocês,
pela importância desse instrumento e também porque o espelho do examinador no concurso
certamente cobrará esse detalhe.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 86
Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da
DPE, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração,
nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

C) COMPETÊNCIA DO JUÍZO

Em relação à competência do juízo, a questão da distribuição por dependência, atinente


aos embargos à execução, também precisa ser mencionada.

Nos termos do art. 914, §1º, CPC, os embargos são distribuídos por dependência
e autuados em apartados. No presente caso, a distribuição deu-se por
dependência nos autos em que a embargada promove execução em face
da embargante, razão pela qual o juízo é competente para análise desta
manifestação.

D) CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

Em relação ao cabimento, esse é o momento de indicar porque apresentar embargos


à execução. No caso, houve o ajuizamento de uma execução de título nos termos do art. 784,
III, CPC. Em situações assim, a peça cabível é, justamente, os embargos à execução.

Os embargos são cabíveis pois, como foi proposto pela embargada uma
execução de título executivo (art. 784, III, CPC), a manifestação defensiva
adequada são os embargos à execução (art. 914, CPC).

Ademais, a presente impugnação é tempestiva, tendo sido oferecida dentro


do lapso temporal previsto no art. 915, CPC. A citação pessoal relacionada ao
processo de execução ocorreu no dia 6 de outubro de 2020. Considerando o
prazo de 15 dias, contado em dobro tendo em vista a prerrogativa dos
membros da Defensoria, ele encerrou no dia 17 de novembro de 2020, data da
apresentação destes embargos.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou vocês da narrativa fática, então é necessário fazê-
la. No entanto, caso o enunciado fizesse essa dispensa, bastaria escrever “narrativa fática
dispensada pelo enunciado”.

A embargante foi executada pela embargada nos autos do processo ….., tendo
a embargada cobrado o valor de R$ 15.000,00 referente a um empréstimo que
esta fez à embargante.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 87
Entretanto, o embasamento para o processo de execução é um documento
particular assinado pela embargante e por duas testemunhas, nos termos do
art. 784, III, CPC. Ocorre que o documento traz o valor de R$ 10.000,00, bastante
inferior àquele mencionado pela embargada em sua inicial. Por essa razão,
apresentam-se estes embargos à execução.

III – MÉRITO: EXCESSO DE EXECUÇÃO

Por fim, passemos ao mérito. No caso proposto, a situação é simples. Excesso de


execução por parte da exequente a ser combatido pela parte executada. Nesse caso, os
fundamentos legais principais encontram-se nos parágrafos 2º e 3º do CPC, que tratam do
fundamento do excesso e da necessidade de que o demonstrativo do débito seja acostado
aos autos.

Nos termos do art. 917, III c/c §2º, I, CPC, o excesso de execução por parte
daquele que promove a execução de título executivo é motivo apto a ensejar
embargos à execução. Nesse sentido, nos termos do art. 917, §3º, CPC, o valor
que o impugnante entende correto é de R$ 10.00,00, conforme demonstrativo
acostado à petição.

Assim, devem os embargos ser julgados procedentes, para que a execução


promovida pela embargada ocorra nos exatos termos do título acostado aos
autos do processo nº …….

IV – CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO E IMPOSSIBILIDADE DE GARANTIA DO JUÍZO

Por fim, este ponto também é importantíssimo. Como em processo de execução há


possibilidade de constrição de bens, o efeito suspensivo é importante para minimizar o
impacto da situação.

Dessa forma, solicitem esse efeito nos termos do art. 919, §1º, CPC, pois, em regra, os
embargos NÃO POSSUEM efeito suspensivo. Além disso, um detalhe é que o CPC condiciona
esse efeito à garantia do juízo. Contudo, como se trata de parte hipossuficiente, o argumento
deve ser no sentido da desnecessidade dessa garantia, como forma de garantir o devido
processo legal.

Nos termos do art. 919, §1º, CPC, requer a concessão de efeito suspensivo aos
embargos. Os argumentos da embargante têm embasamento, haja vista que
o título executivo é expresso acerca do valor a ser executado (R$ 10.000,00). A
execução foi promovida no valor de R$ 15.000,00, o que é um claro excesso de
execução, de maneira que tal conduta deve ser obstada pelo Judiciário.
Ademais, há perigo na demora, haja vista que o processo de execução

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 88
poderá gerar constrição aos bens da embargante, causando-lhe prejuízos
imensuráveis.

Ainda, requer que se conceda o efeito suspensivo em favor da embargante


sem que haja necessidade desta promover a garantia do juízo, como forma
de acesso ao devido processo legal e ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CRFB). A
embargante enfrenta um sério problema financeiro, o que gerou inclusive a
necessidade de contrair empréstimo com a embargada. É inviável promover
a garantia do juízo nesse momento, pois certamente isso prejudicaria sua
subsistência.

V – PEDIDOS

Por fim, os pedidos. Detalhe é que como se trata de ação, deve haver o requerimento
de citação da embargada.

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros


da Defensoria, requer:

a) o recebimento destes embargos, eis que cabíveis e tempestivos;

b) a citação da embargada para, querendo, manifestar-se;

c) a concessão de feito suspensivo aos embargos, tendo em vista a


fundamentação da embargante ser relevante e haver risco concreto de dano
irreparável;

d) no mérito, a procedência do pedido, para que a execução seja feita nos


exatos termos do título judicial executado, ou seja, no valor de R$ 10.000,00 (dez
mil reais);

e) a produção de provas admitidas em direito, mormente a documental; e

f) a condenação da impugnada às custas e honorários advocatícios, estes


destinados ao Fundo de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ....,
nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94.

PEDIDO DE DEFERIMENTO E ENCERRAMENTO

Encerrem a peça como de praxe, lembrando de datá-la com o mesmo dia que vocês
colocaram no tópico da tempestividade.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 17 de novembro de 2020

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 89
Defensor Público.

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA ..... DO ESTADO...…

Distribuição por dependência referente ao processo nº .....

Maria Thereza, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº ….., endereço eletrônico …..,
domiciliada em….., vem, por intermédio da Defensoria Pública do Estado ....., com base no art. art.
134, CRFB c/c art. 4º, X, LC 80/94 e art. 914 CPC opor os presentes EMBARGOS À EXECUÇÃO em
face de Ana Lopes, estado civil, profissão, inscrita no CPF sob o nº ….., endereço eletrônico …..,
domiciliada em….., pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A embargante não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem prejuízo de
sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado o direito à gratuidade de justiça
nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e 99, §3º, CPC.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da DPE, mormente a
vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC
80/94.

C) COMPETÊNCIA DO JUÍZO

Nos termos do art. 914, §1º, CPC, os embargos são distribuídos por dependência e autuados em
apartados. No presente caso, a distribuição deu-se por dependência nos autos em que a
embargada promove execução em face da embargante, razão pela qual o juízo é
competente para análise desta manifestação.

D) CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

Os embargos são cabíveis pois, como foi proposto pela embargada uma execução de título
executivo (art. 784, III, CPC), a manifestação defensiva adequada são os embargos à execução
(art. 914, CPC).

Ademais, a presente impugnação é tempestiva, tendo sido oferecida dentro do lapso temporal
previsto no art. 915, CPC. A citação pessoal relacionada ao processo de execução ocorreu no
dia 6 de outubro de 2020. Considerando o prazo de 15 dias, contado em dobro tendo em vista
a prerrogativa dos membros da Defensoria, ele encerrou no dia 17 de novembro de 2020, data
da apresentação destes embargos.

II – FATOS

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 90
A embargante foi executada pela embargada nos autos do processo ….., tendo a embargada
cobrado o valor de R$ 15.000,00 referente a um empréstimo que esta fez à embargante.

Entretanto, o embasamento para o processo de execução é um documento particular


assinado pela embargante e por duas testemunhas, nos termos do art. 784, III, CPC. Ocorre que
o documento traz o valor de R$ 10.000,00, bastante inferior àquele mencionado pela
embargada em sua inicial. Por essa razão, apresentam-se estes embargos à execução.

III – MÉRITO: EXCESSO DE EXECUÇÃO

Nos termos do art. 917, III c/c §2º, I, CPC, o excesso de execução por parte daquele que promove
a execução de título executivo é motivo apto a ensejar embargos à execução. Nesse sentido,
nos termos do art. 917, §3º, CPC, o valor que o impugnante entende correto é de R$ 10.00,00,
conforme demonstrativo acostado à petição.

Assim, devem os embargos ser julgados procedentes, para que a execução promovida pela
embargada ocorra nos exatos termos do título acostado aos autos do processo nº …….

IV – CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO E IMPOSSIBILIDADE DE GARANTIA DO JUÍZO

Nos termos do art. 919, §1º, CPC, requer a concessão de efeito suspensivo aos embargos. Os
argumentos da embargante têm embasamento, haja vista que o título executivo é expresso
acerca do valor a ser executado (R$ 10.000,00). A execução foi promovida no valor de R$
15.000,00, o que é um claro excesso de execução, de maneira que tal conduta deve ser obstada
pelo Judiciário. Ademais, há perigo na demora, haja vista que o processo de execução poderá
gerar constrição aos bens da embargante, causando-lhe prejuízos imensuráveis.

Ainda, requer que se conceda o efeito suspensivo em favor da embargante sem que haja
necessidade desta promover a garantia do juízo, como forma de acesso ao devido processo
legal e ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CRFB). A embargante enfrenta um sério problema
financeiro, o que gerou inclusive a necessidade de contrair empréstimo com a embargada. É
inviável promover a garantia do juízo nesse momento, pois certamente isso prejudicaria sua
subsistência.

V – PEDIDOS

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o recebimento destes embargos, eis que cabíveis e tempestivos;

b) a citação da embargada para, querendo, manifestar-se;

c) a concessão de feito suspensivo aos embargos, tendo em vista a fundamentação da


embargante ser relevante e haver risco concreto de dano irreparável;

d) no mérito, a procedência do pedido, para que a execução seja feita nos exatos termos do
título judicial executado, ou seja, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 91
e) a produção de provas admitidas em direito, mormente a documental; e

f) a condenação da impugnada às custas e honorários advocatícios, estes destinados ao


Fundo de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ...., nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, 17 de novembro de 2020

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 92
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

1. FUNDAMENTO LEGAL

O art. 525, CPC embasa a impugnação ao cumprimento de sentença. O §1º dispõe sobre
as possíveis alegações em tal manifestação:

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento


voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos
próprios autos, sua impugnação.

§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:

I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo


correu à revelia;

II - ilegitimidade de parte;

III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;

V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde
que supervenientes à sentença.

Assim, na hora de embasar a peça, esses incisos devem ser considerados e será
colocado aquele que se adequa perfeitamente à situação.

Atenção à possibilidade de efeito suspensivo, o que é importantíssimo em peças de


Defensoria, conforme se vê abaixo:

§ 6º A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos


executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento
do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou
depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos
forem relevantes e se o prosseguimento da execução for
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil
ou incerta reparação.

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

A impugnação ao cumprimento de sentença será apresentada imediatamente após o


prazo para o pagamento voluntário do débito, em sede de cumprimento de sentença. Dessa

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 93
forma, o enunciado normalmente narrará uma situação em que, não tendo sido pago o débito,
iniciou imediatamente o prazo para manifestação. Essa manifestação é justamente a
impugnação ao cumprimento de sentença.

3. FIQUE LIGADO!

Pessoal, conforme o art. 916, CPC, No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do
exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de
custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido
pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de
juros de um por cento ao mês.

Ou seja, o CPC traz uma “facilidade” ao devedor para pagar seu débito, trazendo a
possibilidade de parcelamento, tudo isso a ser resolvido no prazo para os embargos à
execução. Contudo, estamos tratando de IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. Nesse
caso, nos termos do art. 916, §7º, CPC, esse parcelamento não se aplica ao cumprimento da
sentença.

Portanto, atenção a esse detalhe e cuidado com as armadilhas do examinador.

4. PROBLEMA CONCRETO

André Luiz é um senhor de 50 anos de idade, casado e que possui dois filhos adolescentes.
André perdeu seu emprego e, em um momento de extrema necessidade, procura sua prima,
Clara Mendes, em busca de um empréstimo no valor de R$ 2.500,00.

Clara aceita realizar o empréstimo, cobrando as taxas de juros e atualização monetária


previstas em lei. Ficou combinado que André pagaria todo dia 10 o valor de R$ 250,00, em 10
parcelas.

André Luiz realizou o pagamento de 8 parcelas, mas, novamente em grave situação financeira,
não conseguiu pagar as duas últimas parcelas.

Iniciado processo judicial sobre a situação, André Luiz foi condenado ao pagamento das duas
últimas parcelas, no valor total de R$ 500,00, corrigidos monetariamente e com juros de mora.

Clara iniciou cumprimento de sentença, mas executou o valor de R$ 900,00, por entender que
esse é o valor devido pelo tempo “perdido” com o processo.

O prazo para pagamento voluntário transcorreu e agora, você, defensor(a) de André, precisa
adotar a medida cabível ao caso.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

Na impugnação ao cumprimento de sentença, o endereçamento é ao juízo em que há


a realização do cumprimento de sentença. A impugnação NÃO É uma ação autônoma (como
nos embargos à execução), portanto cuidado.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 94
AO JUÍZO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA ..... DO ESTADO......

Processo nº .....

QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Como não é ação autônoma, a qualificação é aquela que já consta nos autos. Em
relação ao fundamento legal, ATENÇÃO à indicação do dispositivo legal correto. Como o caso
trata de excesso de execução, então deve ser mencionado o art. 525, V, CPC.

André Luiz, já qualificado aos autos, vem, por intermédio da Defensoria


Pública do Estado ....., com base no art. art. 134, CRFB c/c art. 4º, X, LC 80/94 e
art. 525, V, CPC apresentar IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
iniciada por Clara Mendes, já qualificada aos autos, pelas razões de fato e
jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Em tese, se a pessoa já tem gratuidade de justiça, não é necessário requerer novamente
na impugnação ao cumprimento de sentença. Contudo, estamos falando de prova de
concurso. Então a gratuidade muito provavelmente está no espelho do examinador, de
maneira que essa preliminar É ESSENCIAL.

O reclamante não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais


sem prejuízo de sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado
o direito à gratuidade de justiça nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98
e 99, §3º, CPC.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE


Assim como na gratuidade, a prerrogativa dos membros da DPE também necessariamente
deve aparecer.

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da


DPE, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração,
nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

C) COMPETÊNCIA DO JUÍZO
A competência é uma preliminar simples, mas que também provavelmente estará no
espelho do examinador.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 95
O juízo é competente para análise da presente impugnação, tendo em vista
que nele foi proposto o cumprimento de sentença, prolatada às fls ....

D) TEMPESTIVIDADE
Como não foi solicitado no enunciado que a peça fosse datada no último dia de prazo,
basta fazer uma alusão genérica a esse assunto. No entanto, caso tal pedido fosse realizado,
lembrem-se: o prazo da impugnação começa só depois do prazo para pagamento voluntário,
nos termos do art. 525, caput, CPC.

A presente impugnação é tempestiva, tendo sido oferecida dentro do lapso


temporal previsto no art. 525, caput, CPC.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou a narrativa fática, vocês devem fazer alusão ao
ocorrido da forma mais sucinta possível. No entanto, como houvesse essa dispensa, basta abrir
o tópico e, na linha abaixo, escrever “narrativa dispensada pelo enunciado”, ou similar.

Conforme sentença prolatada às fls ...., o impugnante contraiu empréstimo


com a impugnada no valor de R$ 2.500,00, tendo sido combinado que o valor
seria devolvido em 10 prestações mensais de R$ 250,00 cada, com
vencimento todo dia 10. Como somente foram pagas 8 parcelas, o
impugnante foi condenado ao pagamento das duas parcelas restantes,
com valor corrigido e juros de mora.

No entanto, em cumprimento de sentença, a impugnada cobra o valor de R$


900 reais, valor esse muito superior ao real débito do impugnante. Por essa
razão, apresenta-se esta impugnação.

III – MÉRITO: EXCESSO DE EXECUÇÃO

Na impugnação ao cumprimento de sentença é necessário que se explique o


fundamento da manifestação. No caso, como há excesso de execução, o fundamento é o
inciso V do art. 525, CPC. Um detalhe: é obrigatório que o impugnante traga demonstrativo do
valor correto do débito. Essa circunstância deve ser narrada por vocês.

Nos termos do art. 525, V, CPC, o excesso de execução por parte daquele que
promove o cumprimento de sentença é motivo apto a ensejar impugnação.
Nesse sentido, nos termos do art. 525, §4º, CPC, o valor que o impugnante
entende correto é de R$ 500,00, corrigidos monetariamente e com incidência
dos juros de mora, nos termos da sentença de fls ...., conforme demonstrativo
acostado à petição.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 96
Assim, deve a presente impugnação ser julgada procedente, para que o
cumprimento de sentença seja realizado nos exatos termos da sentença
prolatada pelo juízo.

IV – CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

O CPC autoriza a concessão de efeito suspensivo à impugnação. Sempre façam esse


requerimento, tendo em vista que o objetivo é evitar, ao máximo, prejuízos ao assistido. Façam
uma explicação sobre os requisitos, quais sejam: fundamento relevante da impugnação e risco
de dano irreparável.

Nos termos do art. 525, §6º, CPC, requer a concessão de efeito suspensivo à
presente impugnação. Isso porque o fundamento da impugnação é
relevante, tendo em vista que a sentença foi explícita no sentido de que eram
devidas apenas as duas últimas parcelas do empréstimo, totalizando o valor
de R$ 500,00 (mais as devidas atualizações).

Ademais, há risco de que haver dano irreparável ao impugnante. Este


encontra-se desempregado e qualquer tipo de constrição a seus bens será
absolutamente grave, de maneira que a concessão de efeito suspensivo é
imprescindível.

V – PEDIDOS

Por fim, os pedidos:

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros


da Defensoria, requer:

a) o recebimento desta impugnação, eis que cabível e tempestiva;

b) a concessão de feito suspensivo à impugnação, tendo em vista a


fundamentação da impugnação ser relevante e haver risco concreto de
dano irreparável ao impugnante;

c) no mérito, a procedência da impugnação ao cumprimento de sentença,


para que o cumprimento seja feito nos termos da sentença de fls .....,
afastando-se o excesso de execução realizado pela impugnada; e

d) a condenação da impugnada às custas e honorários advocatícios, estes


destinados ao Fundo de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ....,
nos termos do art. art. 4º, XXI, LC 80/94.

PEDIDO DE DEFERIMENTO E ENCERRAMENTO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 97
Por fim, façam o pedido de deferimento, data, local e assinatura.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA ..... DO ESTADO......

Processo nº .....

André Luiz, já qualificado aos autos, vem, por intermédio da Defensoria Pública do Estado .....,
com base no art. art. 134, CRFB c/c art. 4º, X, LC 80/94 e art. 525, CPC apresentar IMPUGNAÇÃO
AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA iniciada por Clara Mendes, já qualificada aos autos, pelas
razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O reclamante não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem prejuízo de
sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado o direito à gratuidade de justiça
nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e 99, §3º, CPC.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da DPE, mormente a
vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC
80/94.

C) COMPETÊNCIA DO JUÍZO

O juízo é competente para análise da presente impugnação, tendo em vista que nele foi
proposto o cumprimento de sentença, prolatada às fls ....

D) TEMPESTIVIDADE

A presente impugnação é tempestiva, tendo sido oferecida dentro do lapso temporal previsto
no art. 525, caput, CPC.

II – FATOS

Conforme sentença prolatada às fls ...., o impugnante contraiu empréstimo com a impugnada
no valor de R$ 2.500,00, tendo sido combinado que o valor seria devolvido em 10 prestações
mensais de R$ 250,00 cada, com vencimento todo dia 10. Como somente foram pagas 8
parcelas, o impugnante foi condenado ao pagamento das duas parcelas restantes, com valor
corrigido e juros de mora.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 98
No entanto, em cumprimento de sentença, a impugnada cobra o valor de R$ 900 reais, valor
esse muito superior ao real débito do impugnante. Por essa razão, apresenta-se esta
impugnação.

III – MÉRITO: EXCESSO DE EXECUÇÃO

Nos termos do art. 525, V, CPC, o excesso de execução por parte daquele que promove o
cumprimento de sentença é motivo apto a ensejar impugnação. Nesse sentido, nos termos do
art. 525, §4º, CPC, o valor que o impugnante entende correto é de R$ 500,00, corrigidos
monetariamente e com incidência dos juros de mora, nos termos da sentença de fls ....,
conforme demonstrativo acostado à petição.

Assim, deve a presente impugnação ser julgada procedente, para que o cumprimento de
sentença seja realizado nos exatos termos da sentença prolatada pelo juízo.

IV – CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

Nos termos do art. 525, §6º, CPC, requer a concessão de efeito suspensivo à presente
impugnação. Isso porque o fundamento da impugnação é relevante, tendo em vista que a
sentença foi explícita no sentido de que eram devidas apenas as duas últimas parcelas do
empréstimo, totalizando o valor de R$ 500,00 (mais as devidas atualizações).

Ademais, há risco de que haver dano irreparável ao impugnante. Este encontra-se


desempregado e qualquer tipo de constrição a seus bens será absolutamente grave, de
maneira que a concessão de efeito suspensivo é imprescindível.

V – PEDIDOS

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o recebimento desta impugnação, eis que cabível e tempestiva;

b) a concessão de feito suspensivo à impugnação, tendo em vista a fundamentação da


impugnação ser relevante e haver risco concreto de dano irreparável ao impugnante;

c) no mérito, a procedência da impugnação ao cumprimento de sentença, para que o


cumprimento seja feito nos termos da sentença de fls ....., afastando-se o excesso de execução
realizado pela impugnada; e

d) a condenação da impugnada às custas e honorários advocatícios, estes destinados ao


Fundo de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ...., nos termos do art. art. 4º, XXI, LC
80/94.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 99
MANDADO DE SEGURANÇA

1. FUNDAMENTO LEGAL

O Mandado de Segurança (MS) é um remédio constitucional que visa tutelar direito


líquido e certo, que não seja amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data. Na Constituição,
sua previsão está no art. 5º, inciso LXIX.

Porém, não apenas a CRFB é usada para fundamentar o MS; lembrem da lei que regula
esse remédio, que é a Lei 12.016/09 (tratando das hipóteses de cabimento, além do
procedimento em si).

2. MOMENTO DE SUA UTILIZAÇÃO

O MS será impetrado nos casos de tutela de direito líquido e certo, que não seja
amparado por HC ou HD. Nessa esteira, sempre que o enunciado fizer alusão a “direito líquido
e certo” , “urgência” ou situações congêneres, acendam o alerta. Provavelmente haverá a
necessidade de elaboração de Mandado de Segurança.

A previsão constitucional está no art. 5º, inciso LXIX, CRFB:

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;

Em relação ao remédio na modalidade coletiva, sua previsão constitucional está no


inciso seguinte:

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente


constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;

Já o art. 1º da Lei 12.016/09 dispõe:

Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física
ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 100


§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de
entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou
as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público,
somente no que disser respeito a essas atribuições.

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão


comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de
sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas,


qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.

3. FIQUE LIGADO!

Em relação ao MS, peço que tenham atenção a dois pontos chave:

1- NÃO HÁ dilação probatória, tendo em vista que o remédio constitucional em questão só trata
de direito líquido e certo.

2- também NÃO HÁ honorários advocatícios, nos termos do art. 25 da lei do MS:

Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a


interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento
dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no
caso de litigância de má-fé.

Por fim, atenção ao enunciado do STJ que trata sobre apontamento errôneo da
autoridade coatora (teoria da encampação). Nem sempre isso impedirá que o juízo de
imediato analise o mérito, ao contrário:

Enunciado 628. A teoria da encampação é aplicada no mandado de


segurança quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou
informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b)
manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c)
ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição
Federal.

4. PROBLEMA CONCRETO

Felipe Costa é microempreendedor individual e está com o CNPJ regular. Ele possui créditos a
serem restituídos em decorrência da Restituição do Simples Nacional. No entanto, no dia 11 de
setembro de 2020 o impetrante recebeu em seu domicílio uma comunicação informando que
a restituição não seria integral pois o pagamento do recolhimento referente ao ICMS estava
em aberto (não obstante o impetrante realizar o pagamento de uma guia unificada).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 101


Felipe então se dirigiu à Unidade de Recolhimento de ICMS do Estado, chefiada por Ricardo
Marques, que realizou o atendimento. Felipe solicitou explicações, pois o impetrante possuía
comprovantes do recolhimento dos tributos.

Ricardo informou que não poderia considerar os pagamentos feitos, pois o comprovante
apresentado não possuía fé pública suficiente. Ainda, Ricardo informou que a compensação
já estava em vias de ser realizada, de maneira que não havia mais nada a ser feito no caso.

Felipe quer garantir seu direito líquido e certo à restituição e quer comprovar que não possui
débitos de ICMS, ou seja, referente à fazenda estadual. Há urgência no caso, de forma que
somente há uma via específica para a tutela do direito. Felipe buscou a Defensoria Pública no
dia 12 de setembro de 2020, e o membro do órgão adotou a providência legal no mesmo dia,
verificando que Ricardo não possui foro no tribunal de justiça.

Redija a peça cabível.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

No caso do endereçamento, fiquem atentos ao enunciado, pois ele poderá dar


referências ao fato de que a autoridade coatora possui foro no segundo grau. Nesse caso, o
mandado será endereçado ao Tribunal. No caso, porém, a autoridade não possui esse foro
especial, de maneira que a peça será endereçada ao primeiro grau.

AO JUÍZO DA .... VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ... DO ESTADO.....

QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Neste momento, façam a qualificação do impetrante e do impetrado, lembrando de


fazer menção especificamente à lei do MS.

Felipe Costa, estado civil, inscrito no CPF sob o nº ....., microempreendedor


individual inscrito sob o CNPJ nº ......, endereço eletrônico: ......, domiciliado em ....,
vem, por meio da Defensoria Pública do Estado ...., com base no art. 5º, inciso
LXIX, CRFB c/c art. 1º, Lei 12.016/09 e art. 4º, I, LC 80/94, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 102


Em face de Ricardo Marques, servidor público titular da Unidade de
Recolhimento de ICMS do Estado...., inscrita no CNPJ sob o nº...., endereço
eletrônico: ......, localizada em ...., pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) COMPETÊNCIA

A competência é importantíssima, tendo em vista que nem sempre o MS será impetrado


no primeiro grau. Ademais, lembrem do entendimento dos Tribunais Superiores no sentido de
que o MS será impetrado na jurisdição da sede funcional da autoridade coatora.

O juízo possui competência para processamento e julgamento do feito,


tendo em vista que o ato ilegal foi praticado por agente público lotado na
circunscrição desta Comarca. Assim, para definição de competência, deve
ser considerada a sede funcional da autoridade coatora, conforme
entendimento dos tribunais superiores. Ademais, a Constituição do Estado .....
não trata de competência originária do Tribunal de Justiça para julgar e
processar o feito.

B) INTERESSE E LEGITIMIDADE

Também no MS incidem as condições da ação, de forma que deverá ser feita alusão à
elas.

O impetrante possui interesse para atuar no feito, tendo em vista que o


Mandado de Segurança, no caso, é a única forma apta a tutelar seu direito
líquido e certo, em face de ato ilícito da autoridade coatora. Ainda, também
há legitimidade, pois o impetrante tutela direito próprio em nome próprio.

Presentes, portanto, as condições da ação nos termos do art. 17, CPC.

C) TEMPESTIVIDADE

A tempestividade no MS possui especial relevância, tendo em vista que o prazo de 120


dias para sua impetração é decadencial. Vejam, O impetrante teve ciência do ato em 11 de
setembro de 2020 e, no dia seguinte, o membro da Defensoria fez a impetração. Portanto,
façam uma alusão genérica a essa tempestividade, sem inventar datas.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 103


Nos termos do art. 23 da Lei 12.016/09, o direito de requerer mandado de
segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da
ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Conforme documentação acostada aos autos, o impetrante teve ciência do


ato em 11 de setembro de 2020, razão pela qual cumpre o requisito temporal
para impetração do Mandado de Segurança.

D) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Ao contrário do HC e do HD, o MS possui custas a serem pagas pelo impetrante. Portanto,


é importante que vocês abram tópico referente à gratuidade.

Requer o impetrante que seja reconhecido o direito à gratuidade de justiça,


nos termos do art. 92, §3º, CPC, pois as custas da demanda causariam
prejuízo a sua subsistência.

E) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA

Por fim, as prerrogativas dos membros da Defensoria obrigatoriamente deverão


aparecer na peça. Façam uma rápida referência a elas.

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria Pública, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de
mandato, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou vocês da narrativa fática, resumam os fatos da


forma mais sucinta possível.

O impetrante é microempreendedor individual e possui créditos a serem


restituídos em decorrência da Restituição do Simples Nacional. No entanto,
no dia 11 de setembro de 2020 o impetrante recebeu em seu domicílio uma
comunicação informando que a restituição não seria integral pois o
pagamento do recolhimento referente ao ICMS estava em aberto (não
obstante o impetrante realizar o pagamento de uma guia unificada).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 104


O impetrante se dirigiu à sede funcional da autoridade coatora e solicitou
explicações, pois o impetrante possuía comprovantes do recolhimento dos
tributos. A autoridade coatora informou que não poderia considerar os
pagamentos feitos, pois o comprovante apresentado não possuía fé pública
suficiente.

Ainda, a autoridade coatora informou que a compensação já estava em vias


de ser realizada, de maneira que não havia mais nada a ser feito no caso.
Portanto, diante do ato ilícito da autoridade, não restou outra alternativa que
não a impetração do presente remédio constitucional.

III – MÉRITO

No mérito, serão abordados os temas atinentes ao caso concreto. Aqui, serão dois: a
ausência de débitos de ICMS e o direito à declaração de créditos em favor do impetrante.

A) DIREITO À DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA DE DÉBITOS DE ICMS

O impetrante apresentou possui comprovantes idôneos de que realizou


todos os pagamentos devidos de tributos devidos ao Fisco.

Não procede a afirmação da autoridade coatora de que o documento


apresentado não possui fé pública suficiente; como o comprovante foi
emitido pelo próprio sistema do Fisco, a fé pública é una, não havendo falar
em “graus” dessa legitimidade.

Nessa situação, ao impetrante foi imposta uma inversão forçada do ônus da


prova, sem qualquer baliza legal, no sentido de que o impetrante quem
deveria provar que estava quite com o Fisco. Tal tipo de procedimento fere
a boa-fé objetiva, que é corolário das relações sociais.

Assim, requer que se declare nulo o ato da autoridade coatora em atribuir


débitos tributários ao impetrante e, em consequência, se declare que o
impetrante não possui qualquer débito com o Fisco.

B) DIREITO À DECLARAÇÃO DE CRÉDITOS EM FAVOR DO IMPETRANTE

Em sua comunicação enviada ao impetrante, a própria autoridade coatora


reconheceu que havia créditos em favor daquele. Dessa forma, tendo em
vista que o impetrante se encontra totalmente quite com o Fisco, requer que
se declare o direito ao recebimento dos créditos tributários devidos na sua
integralidade, sem nenhum tipo de compensação ou desconto.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 105


IV – PEDIDOS

Por fim, os pedidos. Lembrem de seguir as observações da lei do MS, como notificação
à autoridade coatora, ciência do feito ao órgão de representação judicial do Ente e ciência ao
MP.

NÃO HÁ dilação probatória em MS e também NÃO HÁ honorários em MS. Portanto,


cuidado com esses detalhes!

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria, requer:

a) o recebimento desta inicial, tendo em vista que há competência do juízo,


interesse e legitimidade do impetrante e tempestividade no manejo do
remédio constitucional;

b) o reconhecimento do direito à gratuidade de justiça em favor do


impetrante, tendo em vista sua hipossuficiência financeira;

c) a notificação à autoridade coatora para que esta apresente informações


em 10 (dez) dias;

d) a ciência do feito ao órgão de representação judicial do Estado .... para


que, querendo, ingresse no feito;

e) a abertura de vista ao Ministério Público para que este, querendo, opine no


feito;

f) no mérito, a concessão da ordem para que seja declarado nulo o ato de


atribuição de débito tributário em desfavor do impetrante, reconhecendo-
se, em consequência, que o impetrante está quite com a Receita Federal; e

g) sucessivamente, a concessão da ordem para que seja declarado que o


impetrante possui direito a receber a restituição de todos os créditos
apurados no exercício, sem qualquer tipo de desconto.

V – PEDIDO DE DEFERIMENTO E ENCERRAMENTO

Aqui, como em toda peça, vocês não podem identificar o nome de vocês. Igualmente,
se o enunciado não trata de um lugar ou data específica, coloquem a previsão genérica sobre
esses pontos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 106


Nestes termos, pede deferimento.

Dá-se à causa o valor de R$ ....

local, data

Defensor Público

6. MODELO DE PEÇA

AO JUÍZO DA .... VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ... DO ESTADO.....

Felipe Costa, estado civil, inscrito no CPF sob o nº ....., microempreendedor individual inscrito sob
o CNPJ nº ......, endereço eletrônico: ......, domiciliado em ...., vem, por meio da Defensoria Pública do
Estado ...., com base no art. 5º, inciso LXIX, CRFB c/c art. 1º, Lei 12.016/09 e art. 4º, I, LC 80/94, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

Em face de Ricardo Marques, servidor público titular da Unidade de Recolhimento de ICMS do


Estado...., inscrita no CNPJ sob o nº...., endereço eletrônico: ......, localizada em ...., pelas razões de
fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) COMPETÊNCIA

O juízo possui competência para processamento e julgamento do feito, tendo em vista que o
ato ilegal foi praticado por agente público lotado na circunscrição desta Comarca. Assim, para
definição de competência, deve ser considerada a sede funcional da autoridade coatora,
conforme entendimento dos tribunais superiores. Ademais, a Constituição do Estado ..... não
trata de competência originária do Tribunal de Justiça para julgar e processar o feito.

B) INTERESSE E LEGITIMIDADE

O impetrante possui interesse para atuar no feito, tendo em vista que o Mandado de
Segurança, no caso, é a única forma apta a tutelar seu direito líquido e certo, em face de ato
ilícito da autoridade coatora. Ainda, também há legitimidade, pois o impetrante tutela direito
próprio em nome próprio.

Presentes, portanto, as condições da ação nos termos do art. 17, CPC.

C) TEMPESTIVIDADE

Nos termos do art. 23 da Lei 12.016/09, o direito de requerer mandado de segurança extinguir-
se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 107


Conforme documentação acostada aos autos, o impetrante teve ciência do ato em 11 de
setembro de 2020, razão pela qual cumpre o requisito temporal para impetração do Mandado
de Segurança.

D) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer o impetrante que seja reconhecido o direito à gratuidade de justiça, nos termos do art.
92, §3º, CPC, pois as custas da demanda causariam prejuízo a sua subsistência.

E) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da Defensoria Pública,
mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de mandato, nos termos do art. 128, I, VII
e XI, LC 80/94.

II – FATOS

O impetrante é microempreendedor individual e possui créditos a serem restituídos em


decorrência da Restituição do Simples Nacional. No entanto, no dia 11 de setembro de 2020 o
impetrante recebeu em seu domicílio uma comunicação informando que a restituição não
seria integral pois o pagamento do recolhimento referente ao ICMS estava em aberto (não
obstante o impetrante realizar o pagamento de uma guia unificada).

O impetrante se dirigiu à sede funcional da autoridade coatora e solicitou explicações, pois o


impetrante possuía comprovantes do recolhimento dos tributos. A autoridade coatora
informou que não poderia considerar os pagamentos feitos, pois o comprovante apresentado
não possuía fé pública suficiente.

Ainda, a autoridade coatora informou que a compensação já estava em vias de ser realizada,
de maneira que não havia mais nada a ser feito no caso. Portanto, diante do ato ilícito da
autoridade, não restou outra alternativa que não a impetração do presente remédio
constitucional.

III – MÉRITO

A) DIREITO À DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA DE DÉBITOS DE ICMS

O impetrante apresentou possui comprovantes idôneos de que realizou todos os pagamentos


devidos de tributos devidos ao Fisco.

Não procede a afirmação da autoridade coatora de que o documento apresentado não


possui fé pública suficiente; como o comprovante foi emitido pelo próprio sistema do Fisco, a
fé pública é una, não havendo falar em “graus” dessa legitimidade.

Nessa situação, ao impetrante foi imposta uma inversão forçada do ônus da prova, sem
qualquer baliza legal, no sentido de que o impetrante quem deveria provar que estava quite
com o Fisco. Tal tipo de procedimento fere a boa-fé objetiva, que é corolário das relações
sociais.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 108


Assim, requer que se declare nulo o ato da autoridade coatora em atribuir débitos tributários
ao impetrante e, em consequência, se declare que o impetrante não possui qualquer débito
com o Fisco.

B) DIREITO À DECLARAÇÃO DE CRÉDITOS EM FAVOR DO IMPETRANTE

Em sua comunicação enviada ao impetrante, a própria autoridade coatora reconheceu que


havia créditos em favor daquele. Dessa forma, tendo em vista que o impetrante se encontra
totalmente quite com o Fisco, requer que se declare o direito ao recebimento dos créditos
tributários devidos na sua integralidade, sem nenhum tipo de compensação ou desconto.

IV – PEDIDOS

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria, requer:

a) o recebimento desta inicial, tendo em vista que há competência do juízo, interesse e


legitimidade do impetrante e tempestividade no manejo do remédio constitucional;

b) o reconhecimento do direito à gratuidade de justiça em favor do impetrante, tendo em vista


sua hipossuficiência financeira;

c) a notificação à autoridade coatora para que esta apresente informações em 10 (dez) dias;

d) a ciência do feito ao órgão de representação judicial do Estado .... para que, querendo,
ingresse no feito;

e) a abertura de vista ao Ministério Público para que este, querendo, opine no feito;

f) no mérito, a concessão da ordem para que seja declarado nulo o ato de atribuição de débito
tributário em desfavor do impetrante, reconhecendo-se, em consequência, que o impetrante
está quite com a Receita Federal; e

g) sucessivamente, a concessão da ordem para que seja declarado que o impetrante possui
direito a receber a restituição de todos os créditos apurados no exercício, sem qualquer tipo
de desconto.

Dá-se à causa o valor de R$ ....

local, data

Defensor Pública

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 109


AÇÃO RESCISÓRIA

1. FUNDAMENTO LEGAL

O principal fundamento da rescisória é o art. 966, CPC, que trata das hipóteses que
autorizam essa medida:

Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida


quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou


corrupção do juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente


incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da


parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim
de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em


processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação
rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova


cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só,
de lhe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

Atenção, também, aos legitimados para a rescisória:

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:

I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou


singular;

II - o terceiro juridicamente interessado;

III - o Ministério Público:

a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;

b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão


das partes, a fim de fraudar a lei;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 110


c) em outros casos em que se imponha sua atuação;

IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a
intervenção.

Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178 , o Ministério Público será


intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte.

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

A rescisória será usada após o trânsito em julgado da decisão de mérito, considerando


as hipóteses cabíveis no art. 966, CPC. Assim, a dica chave que normalmente aparecerá é o
“trânsito em julgado”.

3. FIQUE LIGADO!

Em relação à rescisória, fiquem atentos. O prazo para seu ajuizamento encontra-se no


art. 975, CPC:

Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do


trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.

Assim, da última decisão proferida no processo, será possível ajuizar a rescisória em até
2 anos. CONTUDO, situação diferente é aquela que trata da rescisória fundada em prova nova.
Quando o caso for esse, cuidado com o §2º do artigo mencionado:

§ 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo


será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de
5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão
proferida no processo.

Perceberam? Imaginem que o processo transitou em julgado e, após esse trânsito,


surgiu prova nova. Nesse caso, poderá ser ajuizada rescisória, desde que essa prova nova
tenha surgido a, no máximo, 5 anos desde o trânsito em julgado.

4. PROBLEMA CONCRETO

Paolo litigava com Maria Aparecida em uma ação de cobrança que foi julgada procedente
em favor desta. Chateado com a condenação, Paolo não interpôs recurso e deixou que a
demanda transitasse em julgado. Porém, 15 dias após o trânsito em julgado, Paolo descobre,
por meio de uma amiga em comum com Maria Aparecida, que o juiz sentenciante é neto dela.
De posse de documentos que comprovam o alegado, ele procura você, membro da
Defensoria para adotar a providência cabível ao caso.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

Em ação rescisória, o endereçamento será feito à Presidência do Tribunal:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 111


À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ……

QUALIFICAÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL

Como se trata de uma ação autônoma, a qualificação será feita nos mesmos moldes
de uma inicial comum, conforme se verá abaixo. Além disso, em relação ao fundamento legal,
fiquem atentos ao art. 966, CPC, pois os incisos que trarão a justificativa adequada apta a
embasar a rescisória.

Paolo, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº …, endereço eletrônico ….,
domiciliado em….., por intermédio da Defensoria Pública do Estado …., vem, com
base no art. 134, CRFB c/c art. 4º, X, LC 80/94 e art. 966, II, CPC ajuizar AÇÃO
RESCISÓRIA em face de Maria Aparecida, estado civil, profissão, inscrita no CPF
sob o nº …, endereço eletrônico …., domiciliada em….., tendo em vista a sentença
de mérito prolatada nos autos do processo nº……, conforme documentação.

I – PRELIMINARES

A) COMPETÊNCIA, TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO

Nessa primeira alínea, ressalta-se que a tempestividade é um ponto que merece


atenção especial. Isso porque o art. 975 traz um prazo decadencial de 2 anos para ajuizamento
da rescisória e essa observação precisa ser feita por vocês (salvo em situações de prova
nova).

O juízo possui competência para análise do feito, tendo em vista que a ação
rescisória será proposta no Tribunal o qual o juízo sentenciante está vinculado.
Há também tempestividade, tendo em vista que a rescisória foi ajuizada
dentro do lapso de 2 anos previsto no art. 975, CPC.

Por fim, também resta presente o cabimento, pois conforme o art. 966, II, CPC,
esse é o instrumento apto a afastar a validade e eficácia de sentença
prolatada por juiz impedido.

B) GRATUIDADE DE JUSTIÇA E DISPENSA DO DEPÓSITO JUDICIAL

Aqui, além da gratuidade de justiça comum em peças de defensoria, vocês também


devem fazer menção à dispensa do depósito judicial previsto no art. 968, §1º, CPC. Isso porque
a hipossuficiência é um fundamental legal para que a parte fique dispensada desse depósito.

O autor não possui condições para arcar com as custas processuais sem
prejuízo da sua subsistência, razão pela qual requer que se declare o direito à

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 112


gratuidade de justiça, nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e 99, §3º,
CPC. Ainda, tendo como base o art. 968, §1º, CPC, requer também a dispensa
do depósito de 5% sobre o valor da causa, tendo em vista o pedido de
gratuidade de justiça.

C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Façam também alusão às prerrogativas dos membros da DPE, que igualmente devem
ser observadas na rescisória.

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da


DPE, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração,
nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou vocês da narrativa fática, então é necessário fazê-
la. No entanto, caso o enunciado fizesse essa dispensa, bastaria escrever “narrativa fática
dispensada pelo enunciado”.

O autor figurou como demandando no processo nº ….. movido por Maria


Aparecida, ré nesta ação rescisória. Ocorre que o juiz que conduziu o
processo em primeiro grau é, conforme documento acostado a estes autos,
neto da ré, sendo, portanto, descendente em linha reta.

Dessa forma, tendo em vista o impedimento tratado no art. 144, IV, CPC, o juiz
não poderia ter sentenciado a demanda (que, inclusive, foi decidida
favoravelmente à ré). Por essa razão, ajuíza-se a presente rescisória.

III – MÉRITO - DO IMPEDIMENTO DO JUIZ

Neste momento de discussão do mérito, agora será necessário atacar a situação que
embasa a rescisória. No caso posto, o juiz é neto da parte que figura como ré na rescisória
(autora da ação originária). Portanto, há impedimento do juiz, o que enseja rescisória.

Ainda, lembrem-se do conteúdo do art. 974, CPC, no sentido de ser pedida a rescisão da
decisão, com novo julgamento.

O juiz da demanda de primeiro grau, conforme documentação em anexo, é


neto da ré desta ação rescisória, sendo, portanto, seu descendente em linha

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 113


reta. Após 15 dias do trânsito em julgado da sentença questionada, o autor
soube do referido impedimento (art. 144, IV, CPC).

Salienta-se que no impedimento é vedado que o juízo atue, de forma que ele
deveria ter enviado os autos ao seu substituto legal. No entanto, o juiz não agiu
dessa forma, tendo inclusive sentenciado o feito.

Assim, não há outra alternativa, devendo a sentença ser rescindida nos


termos do art. 974, CPC, proferindo-se novo julgamento.

IV – EFEITO SUSPENSIVO

Como existe uma sentença transitada em julgado, é possível que a parte beneficiária
promova o seu cumprimento. Por isso, é importante solicitar tutela para que se impeça essa
conduta da parte adversária. Lembrem que rescisória não tem efeito suspensivo em regra,
devendo este ser expressamente solicitado.

Considerando o disposto no art. 969, CPC, requer a concessão de tutela


provisória visando obstar o cumprimento da decisão rescindenda, tendo em
vista que há relevância nas alegações do autor (conforme documentação),
além do risco de dano pela possibilidade de a ré executar o julgado.

V – PEDIDOS

Por fim, devem ser realizados os pedidos cabíveis ao caso:

Posto isso, reiterando que serão observadas as garantias dos membros da


Defensoria, requer:

a) o recebimento desta inicial, eis que a ação rescisória é cabível, tempestiva


e há competência do juízo ;

b) a declaração do direito à gratuidade de justiça e a dispensabilidade do


depósito judicial;

c) a citação da ré para, querendo, manifestar-se;

d) a concessão de tutela provisória visando impedir o cumprimento da


decisão rescindenda;

e) no mérito, a procedência da ação rescisória, com a sentença sendo


rescindida nos termos do art. 974, CPC, proferindo-se novo julgamento;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 114


f) a condenação da ré em custas e honorários advocatícios, estes destinados
ao Fundo de Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ...., nos termos
do art. 4º, XXI, LC 80/94; e

g) a produção de provas, mormente a prova documental.

PEDIDOS DE DEFERIMENTO, VALOR DA CAUSA, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, façam o pedido de deferimento, atribuindo valor à causa, colocando o local, datando
e assinando.

Dá-se à causa o valor de …...

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

6. MODELO DE PEÇA

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ……

Paolo, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº …, endereço eletrônico …., domiciliado em…..,
por intermédio da Defensoria Pública do Estado …., vem, com base no art. 134, CRFB c/c art. 4º, X,
LC 80/94 e art. 966, II, CPC ajuizar AÇÃO RESCISÓRIA em face de Maria Aparecida, estado civil,
profissão, inscrita no CPF sob o nº …, endereço eletrônico …., domiciliada em….., tendo em vista a
sentença de mérito prolatada nos autos do processo nº……, conforme documentação.

I – PRELIMINARES

A) COMPETÊNCIA, TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO

O juízo possui competência para análise do feito, tendo em vista que a ação rescisória será
proposta no Tribunal o qual o juízo sentenciante está vinculado. Há também tempestividade,
tendo em vista que a rescisória foi ajuizada dentro do lapso de 2 anos previsto no art. 975, CPC.

Por fim, também resta presente o cabimento, pois conforme o art. 966, II, CPC, esse é o
instrumento apto a afastar a validade e eficácia de sentença prolatada por juiz impedido.

B) GRATUIDADE DE JUSTIÇA E DISPENSA DO DEPÓSITO JUDICIAL

O autor não possui condições para arcar com as custas processuais sem prejuízo da sua
subsistência, razão pela qual requer que se declare o direito à gratuidade de justiça, nos termos
do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e 99, §3º, CPC. Ainda, tendo como base o art. 968, §1º, CPC, requer
também a dispensa do depósito de 5% sobre o valor da causa, tendo em vista o pedido de
gratuidade de justiça.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 115


C) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da DPE, mormente a
vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC
80/94.

II – FATOS

O autor figurou como demandando no processo nº ….. movido por Maria Aparecida, ré nesta
ação rescisória. Ocorre que o juiz que conduziu o processo em primeiro grau é, conforme
documento acostado a estes autos, neto da ré, sendo, portanto, descendente em linha reta.

Dessa forma, tendo em vista o impedimento tratado no art. 144, IV, CPC, o juiz não poderia ter
sentenciado a demanda (que, inclusive, foi decidida favoravelmente à ré). Por essa razão,
ajuíza-se a presente rescisória.

III – MÉRITO - DO IMPEDIMENTO DO JUIZ

O juiz da demanda de primeiro grau, conforme documentação em anexo, é neto da ré desta


ação rescisória, sendo, portanto, seu descendente em linha reta. Após 15 dias do trânsito em
julgado da sentença questionada, o autor soube do referido impedimento (art. 144, IV, CPC).

Salienta-se que no impedimento é vedado que o juízo atue, de forma que ele deveria ter
enviado os autos ao seu substituto legal. No entanto, o juiz não agiu dessa forma, tendo
inclusive sentenciado o feito.

Assim, não há outra alternativa, devendo a sentença ser rescindida nos termos do art. 974, CPC,
proferindo-se novo julgamento.

IV – EFEITO SUSPENSIVO

Considerando o disposto no art. 969, CPC, requer a concessão de tutela provisória visando
obstar o cumprimento da decisão rescindenda, tendo em vista que há relevância nas
alegações do autor (conforme documentação), além do risco de dano pela possibilidade de
a ré executar o julgado.

V – PEDIDOS

Posto isso, reiterando que serão observadas as garantias dos membros da Defensoria, requer:

a) o recebimento desta inicial, eis que a ação rescisória é cabível, tempestiva e há


competência do juízo ;

b) a declaração do direito à gratuidade de justiça e a dispensabibilidade do depósito judicial;

c) a citação da ré para, querendo, manifestar-se;

d) a concessão de tutela provisória visando impedir o cumprimento da decisão rescindenda;

e) no mérito, a procedência da ação rescisória, com a sentença sendo rescindida nos termos
do art. 974, CPC, proferindo-se novo julgamento;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 116


f) a condenação da ré em custas e honorários advocatícios, estes destinados ao Fundo de
Aparelhamento da Defensoria Pública do Estado ...., nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94; e

g) a produção de provas, mormente a prova documental.

Dá-se à causa o valor de …...

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data. Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 117


INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR)

1. FUNDAMENTO LEGAL

O IRDR possui previsão no art. 976, CPC, sendo cabível nos casos lá enunciados:

Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas


repetitivas quando houver, simultaneamente:

I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a


mesma questão unicamente de direito;

II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

§ 1º A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de


mérito do incidente.

§ 2º Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente


no incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou
de abandono.

§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por


ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade não
impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente
suscitado.

§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando


um dos tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já
tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito
material ou processual repetitiva.

§ 5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de


demandas repetitivas.

Além disso, o IRDR tem prazo determinado para julgamento, possuindo preferência legal
salvo as exceções legais:

Art. 980, CPC. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá
preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu
preso e os pedidos de habeas corpus.

Uma vez julgado o incidente, a tese jurídica firmada possui aplicação em processos que
tratem de idêntica questão de direito e casos futuros. Esse é o conteúdo o art. 985, CPC:

Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:

I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica


questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 118


tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do
respectivo Estado ou região;

II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que


venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão
na forma do art. 986 .

§ 1º Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação.

§ 2º Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço


concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será
comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente
para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a
regulação, da tese adotada.

2. MOMENTO PROCESSUAL DE SUA UTILIZAÇÃO

Atenção que o IRDR será instaurado mediante uma pluralidade de demandas, que
versem sobre questão jurídica e que traga risco à isonomia e à segurança jurídica. Assim,
qualquer enunciado de prova que indique a presença de tais requisitos e a necessidade de
resolver a instabilidade jurídica é um importante indicativo acerca de a peça ser um IRDR.

3. FIQUE LIGADO!

No IRDR a Defensoria é expressamente legitimada, nos termos do art. 977, CPC. Vejam os
demais legitimados:

Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente


de tribunal:

I - pelo juiz ou relator, por ofício;

II - pelas partes, por petição;

III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição.

Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos


necessários à demonstração do preenchimento dos pressupostos para
a instauração do incidente.

Outra questão a ser analisada é a discussão sobre se o CPC adota a teoria da “causa-
piloto” ou “procedimento-modelo” no IRDR.

Em síntese, na causa-piloto existe um caso de referência para, a partir dele, ser gerada
a tese jurídica que influenciará na decisão de outros casos similares. Já no procedimento-
modelo há multiplicação de processos, mas não há um processo de referência específico.

Prevalece que o Brasil adotou a “causa-piloto” em relação ao IRDR. Nesse sentido,


inclusive, é o Enunciado 344 do Fórum Permanente de Processualistas Civil (“a instauração do
incidente pressupõe a existência de processo pendente no respectivo tribunal”). Assim, a

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 119


necessidade de que haja processo pendente indica a adoção da “causa-piloto”, pois a
formação da tese dá-se com base nesse caso específico.

4. PROBLEMA CONCRETO

A Defensoria Pública verificou que diversos processos do Estado .... foram iniciados tratando da
responsabilidade estatal em decorrência de falecimento de presos nas carceragens. Há
decisões nesses processos que entendem que, em caso de omissão estatal, o Estado pode
ser responsabilizado nos termos do art. 37, §6º, CRFB. Por outro lado, há decisões que entendem
o oposto, no sentido de não ser possível tal responsabilidade.

Um exemplo é o processo de origem ....., que trata da presente questão. Frisa-se que não existe
afetação do tema em Tribunais Superiores e que as decisões conflitantes podem causar
insegurança jurídica.

Você, sendo membro da Defensoria Pública do Estado, deve adotar a providência cabível para
tentar sanar a referida insegurança jurídica.

5. MODELO RESOLVENDO O CASO CONCRETO

ENDEREÇAMENTO

Em relação ao endereçamento, o IRDR tem curso no Tribunal, de maneira que deverá ser
proposto na segunda instância. Ademais, tem como referência uma demanda específica, de
maneira que se faz menção a ela também.

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .....

Processo de origem .....

QUALIFICAÇÃO

A qualificação é referente ao legitimado para propositura do IRDR, que no caso é a


Defensoria Pública. O fundamento legal é o art. 976, CPC, que trata do incidente.

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO ......, instituição permanente e essencial à


função jurisdicional do Estado, inscrita no CNPJ sob o nº...., endereço eletrônico
......, com sede em...... vem, com base no art. 134, CRFB c/c art. 976, CPC requerer
a instauração de INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR),
tendo em vista a efetiva repetição de processos acerca da seguinte
controvérsia: possibilidade de o Estado .... ser responsabilizado objetivamente,
nos termos do art. 37, §6º, CRFB, por morte de detentos em suas
dependências.

I – PRELIMINARES

a) CABIMENTO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 120


No cabimento, deve-se tratar da possibilidade do incidente, devendo haver: pluralidade
de demandas (o que o diferencia do IAC) e controvérsia sobre questão de direito, que traga
risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

O presente requerimento de IRDR é cabível, tendo em vista que existem


diversos processos em cursos no Estado .... que tratam da controvérsia em
questão. Ademais, pela complexidade do tema, há risco de ofensa à
isonomia e à segurança jurídica.

b) COMPETÊNCIA

A competência é referente ao Tribunal de Justiça, nos termos do art. 978, CPC.

Prevê o art. 978, CPC que o órgão responsável pelo julgamento será indicado
pelo regimento interno do Tribunal. Assim, há competência para julgamento,
devendo ser a petição distribuída ao órgão definido regimentalmente.

c) LEGITIMIDADE

No que tange a legitimidade, a Defensoria possui previsão específica no CPC, de


maneira que o dispositivo necessariamente deve ser mencionado.

Nos termos do art. 977, III, CPC, a Defensoria é legitimada para requerer a
instauração do IRDR, de maneira que está presente o requisito da
legitimidade.

d) REGULARIDADE FORMAL
Deve haver menção aos documentos necessários à admissão do requerimento, como
aspecto da regularidade formal.

Os documentos necessários à admissão do requerimento encontram-se


presentes, de maneira que foi cumprido o requisito previsto no art. 978,
parágrafo único, CPC.

e) INEXISTÊNCIA DE AFETAÇÃO POR TRIBUNAL SUPERIOR

Um requisito negativo para admissibilidade é que não haja afetação da matéria nos
Tribunais Superiores. Como o enunciado expressamente mencionou que não há tal afetação,
cabível o IRDR.

O art. 976, §4º, CPC veda a instauração do IRDR se os tribunais superiores já


tiverem afetado essa questão. No entanto, na presente matéria, não há essa

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 121


afetação, de maneira que há possibilidade de esse requerimento ser
admitido.

f) QUESTÃO MERAMENTE DE DIREITO

A discussão é sobre questões de direito, não de fato. É importante que seja trazida essa
explicação na peça, pois demonstra ao examinador conhecimento sobre o instituto.

No caso, é possível a admissão do requerimento, tendo em vista que ele trata


apenas de questão de direito. O objetivo é definir, em nome da segurança
jurídica, a possibilidade de responsabilização do Estado .... nos termos do art.
37, §6º, CRFB, por morte de detentos em suas dependências, considerando
que condutas omissivas também se enquadram na responsabilidade
objetiva.

g) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA E DA AUSÊNCIA DE CUSTAS

Dois pontos importantes: as prerrogativas dos membros da Defensoria e a ausência de


custas. Em relação às custas, o CPC dispõe que elas não são exigidas.

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria, mormente vista pessoal, dispensa de mandato e prazo em dobro
para manifestações, nos termos da LC 80/94.

Ademais, informa-se que não foram recolhidas custas, tendo em vista que
elas não são exigidas em IRDR, nos termos do art. 976, §5º, CPC.

II – FATOS

Façam uma breve síntese sobre os fatos, caso o enunciado não tenha dispensado
vocês dessa narrativa.

A Defensoria Pública verificou que, no momento, há repetição de processos


em todo território do Estado .... acerca de sua responsabilidade por morte de
detentos nas dependências de presídios, nos termos do art. 37, §6º, CRFB. Há
decisões contraditórias sobre a questão, havendo decisões judiciais
reconhecendo e outras não reconhecendo tal responsabilidade. Tendo em
vista o grande risco à isonomia e à segurança jurídica, propôs-se a
instauração deste IRDR.

III – MÉRITO

a) DA QUESTÃO DE DIREITO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 122


Deve-se abordar a questão de direito a ser suscitada no IRDR, de maneira a explicar ao Tribunal
em qual sentido a tese deverá ser firmada. Lembrando que IRDR não versa sobre questão
fática, mas jurídica.

O Estado .... reiteradamente descumpre determinações constitucionais


acerca da tutela do preso e de sua dignidade durante o cárcere, impondo
penas de caráter cada vez mais cruéis (art. 5º, XLVII, CRFB). Por conta de tais
omissões, presos em todo o Estado ... têm falecido em decorrência de
problemas de saúde, atos de violência não investigados e situações
semelhantes. Há repetição de processos buscando reparações do Estado,
tendo em vista sua responsabilidade do art. 37, §6º, CRFB, que também inclui
condutas omissivas específicas.

No entanto, esse entendimento é controverso nos juízos de primeiro grau,


razão pela qual o presente IRDR é necessário.

b) DO RISCO DE OFENSA À ISONOMIA E À SEGURANÇA JURÍDICA


No IRDR não basta a existência de tese jurídica a ser discutida. É necessário que se
demonstre que há risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica, pelo risco da contradição
de decisões.

Nos juízos em que se apura essa questão, verificam-se que decisões


contraditórias têm sido adotadas, com algumas admitindo essa
responsabilidade e outras não admitindo. Assim, não há isonomia nas
decisões, o que certamente fere a segurança jurídica da questão.

Assim, há necessidade de admissão do presente incidente para que a


controvérsia seja solucionada por meio de tese jurídica, que reconheça a
responsabilidade o Estado .... nas situações de falecimento de detentos em
presídios (art. 37, §6º, CRFB), mesmo em situações de omissão estatal.

IV – PEDIDOS

Nos pedidos é feito um resumo da peça, lembrando que o MP deverá ser intimado para
intervir no feito. Ao final, o requerimento é no sentido de que seja instaurado o IRDR e o tema
jurídico seja analisado.

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria, requer:

a) o recebimento deste requerimento de IRDR, tendo em vista a presença dos


requisitos para tanto;

b) a intimação do MP para, querendo, intervir no feito;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 123


c) a requisição de informações dos juízos os quais possuem processos que
tratam do ponto abordado neste requerimento de instauração de IRDR;

d) a ampla divulgação deste requerimento de instauração de IRDR;

e) no mérito, a instauração de IRDR, para que este Tribunal aprecie a questão


jurídica acerca responsabilidade do Estado em casos de condutas omissivas
que causem o falecimento de detentos em presídios, nos termos do art. 37,
§6º, CRFB.

PEDIDO DE DEFERIMENTO E ENCERRAMENTO

Como o enunciado não trata de local e data, não inventem dados, façam apenas a
previsão genérica.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público

6. MODELO DE PEÇA

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .....

Processo de origem .....

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO ......, instituição permanente e essencial à função jurisdicional


do Estado, inscrita no CNPJ sob o nº...., endereço eletrônico ......, com sede em...... vem, com base
no art. 134, CRFB c/c art. 976, CPC requerer a instauração de INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE
DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR), tendo em vista a efetiva repetição de processos acerca da
seguinte controvérsia: possibilidade de o Estado .... ser responsabilizado objetivamente, nos
termos do art. 37, §6º, CRFB, por morte de detentos em suas dependências.

I – PRELIMINARES

A) CABIMENTO

O presente requerimento de IRDR é cabível, tendo em vista que existem diversos processos em
cursos no Estado .... que tratam da controvérsia em questão. Ademais, pela complexidade do
tema, há risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

B) COMPETÊNCIA

Prevê o art. 978, CPC que o órgão responsável pelo julgamento será indicado pelo regimento
interno do Tribunal. Assim, há competência para julgamento, devendo ser a petição distribuída
ao órgão definido regimentalmente.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 124


C) LEGITIMIDADE

Nos termos do art. 977, III, CPC, a Defensoria é legitimada para requerer a instauração do IRDR,
de maneira que está presente o requisito da legitimidade.

D) REGULARIDADE FORMAL

Os documentos necessários à admissão do requerimento encontram-se presentes, de


maneira que foi cumprido o requisito previsto no art. 978, parágrafo único, CPC.

E) INEXISTÊNCIA DE AFETAÇÃO POR TRIBUNAL SUPERIOR

O art. 976, §4º, CPC veda a instauração do IRDR se os tribunais superiores já tiverem afetado
essa questão. No entanto, na presente matéria, não há essa afetação, de maneira que há
possibilidade de esse requerimento ser admitido.

F) QUESTÃO MERAMENTE DE DIREITO

No caso, é possível a admissão do requerimento, tendo em vista que ele trata apenas de
questão de direito. O objetivo é definir, em nome da segurança jurídica, a possibilidade de
responsabilização do Estado .... nos termos do art. 37, §6º, CRFB, por morte de detentos em suas
dependências, considerando que condutas omissivas também se enquadram na
responsabilidade objetiva.

G) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA E DA AUSÊNCIA DE CUSTAS

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,


mormente vista pessoal, dispensa de mandato e prazo em dobro para manifestações, nos
termos da LC 80/94.

Ademais, informa-se que não foram recolhidas custas, tendo em vista que elas não são
exigidas em IRDR, nos termos do art. 976, §5º, CPC.

II – FATOS

A Defensoria Pública verificou que, no momento, há repetição de processos em todo território


do Estado .... acerca de sua responsabilidade por morte de detentos nas dependências de
presídios, nos termos do art. 37, §6º, CRFB. Há decisões contraditórias sobre a questão, havendo
decisões judiciais reconhecendo e outras não reconhecendo tal responsabilidade. Tendo em
vista o grande risco à isonomia e à segurança jurídica, propôs-se a instauração deste IRDR.

III – MÉRITO

A) DA QUESTÃO DE DIREITO

O Estado .... reiteradamente descumpre determinações constitucionais acerca da tutela do


preso e de sua dignidade durante o cárcere, impondo penas de caráter cada vez mais cruéis
(art. 5º, XLVII, CRFB). Por conta de tais omissões, presos em todo o Estado ... têm falecido em
decorrência de problemas de saúde, atos de violência não investigados e situações

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 125


semelhantes. Há repetição de processos buscando reparações do Estado, tendo em vista sua
responsabilidade do art. 37, §6º, CRFB, que também inclui condutas omissivas específicas.

No entanto, esse entendimento é controverso nos juízos de primeiro grau, razão pela qual o
presente IRDR é necessário.

B) DO RISCO DE OFENSA À ISONOMIA E À SEGURANÇA JURÍDICA

Nos juízos em que se apura essa questão, verificam-se que decisões contraditórias têm sido
adotadas, com algumas admitindo essa responsabilidade e outras não admitindo. Assim, não
há isonomia nas decisões, o que certamente fere a segurança jurídica da questão.

Assim, há necessidade de admissão do presente incidente para que a controvérsia seja


solucionada por meio de tese jurídica, que reconheça a responsabilidade o Estado .... nas
situações de falecimento de detentos em presídios (art. 37, §6º, CRFB), mesmo em situações de
omissão estatal.

IV – PEDIDOS

Posto isso, frisando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria, requer:

a) o recebimento deste requerimento de IRDR, tendo em vista a presença dos requisitos para
tanto;

b) a intimação do MP para, querendo, intervir no feito;

c) a requisição de informações dos juízos os quais possuem processos que tratam do ponto
abordado neste requerimento de instauração de IRDR;

d) a ampla divulgação deste requerimento de instauração de IRDR;

f) a produção de prova, mormente a documental acostada aos autos; e

e) no mérito, a instauração de IRDR, para que este Tribunal aprecie a questão jurídica acerca
responsabilidade do Estado em casos de condutas omissivas que causem o falecimento de
detentos em presídios, nos termos do art. 37, §6º, CRFB.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público

RECURSO ESPECIAL

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 126


1. FUNDAMENTO LEGAL

Para interposição do RESP, além de conhecer a sistemática do CPC (art. 1029 e ss), é
necessário conhecer as hipóteses de cabimento do recurso no art. 105, III, CRFB:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última


instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei


federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído


outro tribunal.

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

O RESP será acionado quando houver incidência de algum caso previsto no art. 105, III,
CRFB. Portanto, o examinador no enunciado fará a narrativa de alguma das situações que se
enquadram no dispositivo legal, além de procurar afastar a possibilidade de interposição de
outras peças (para evitar a possibilidade de anulação do gabarito).

3. FIQUE LIGADO!

Atenção, pois no RESP as situação são excepcionais! Assim, provavelmente em provas


de concurso o RESP raramente aparecerá, sendo comuns as peças de primeiro grau ou
recurso. No entanto, há possibilidade sim de que seja cobrado RESP, de maneira que vocês
precisam ficar atentos ao enunciado.

4. PROBLEMA CONCRETO

Gilberto é cliente do plano de saúde “Saúde beleza” e estava numa viagem de negócios
quando, numa noite, passou mal. Socorrido e levado a um hospital particular que não tinha
cobertura de seu plano, Gilberto foi atendido.

Feito o pagamento pelo serviço, Gilberto solicitou ao seu plano de saúde reembolso, nos
termos do art. 12, VI, Lei 9656/98. O plano contudo, negou o direito, alegando que havia cláusula
contratual que vedada tal direito.

Gilberto demandou o plano de saúde mas, em primeira instância, seu pedido foi julgado
improcedente. Em sede de apelação, houve a mesma decisão: improcedência. Gilberto
destituiu o advogado que o assistia e procurou você, membro da Defensoria Pública, para
tomar a atitude judicial cabível, excluindo a possibilidade de Recurso Extraordinário.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 127


5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE INTERPOSIÇÃO

Pessoal, na folha de interposição o recurso será endereçado ao Presidente do Tribunal


em que a demanda transcorreu.

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ……

Processo nº….

FUNDAMENTO LEGAL

O fundamento legal do RESP levará em conta a situação fática narrada. No caso, houve
negativa ao cumprimento de lei federal, o que atrai a incidência do art. 105, III, “a”, CRFB.
Lembrem também que na folha de interposição será feito o pedido de intimação da outra
parte, bem como o recebimento do recurso (no RESP há duplo juízo de admissibilidade).

Gilberto, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio da Defensoria


Pública do Estado …., com base no art. 105, III, “a”, CRFB c/c art. 134, CRFB c/c art.
1029, CPC interpor RECURSO ESPECIAL em face de plano de saúde “Saúde
beleza”, já devidamente qualificada aos autos.

Requer a intimação da recorrida para, querendo manifestar-se, o


recebimento do recurso e posterior envio ao órgão julgador cabível.

PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, o encerramento da folha de interposição de praxe.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE RAZÕES

Neste momento, a folha de razões será endereçada à Presidência do STJ, com os


detalhes inerentes à folha de razões recursais (recorrente, recorrido, e cumprimentos de praxe).

À PRESIDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA .......

RAZÕES RECURSAIS

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 128


Processo nº

Recorrente: Gilberto

Recorrido: Saúde Beleza

Egrégia Turma, excelentíssimos julgadores, douto Subprocurador Geral da


República

Em que pese a competência técnica do juízo do Tribunal de Justiça do Estado


….., a decisão recorrida viola frontalmente o art. 105, III, “a”, CRFB, razão pela qual
não pode prosperar.

I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Como se trata de concurso público, é necessário que a gratuidade de justiça seja


abordada, por ser tópico provável no espelho do examinador.

Informa o recorrente que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo em vista


sua hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o
recolhimento do preparo referente à interposição do recurso.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Igualmente, as prerrogativas são observadas sempre, até mesmo nos recursos


extraordinários em Brasília.

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria Pública, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de
procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

O interesse e a legitimidade devem estar presentes quando da resposta a um recurso, de


maneira que vocês devem fazer alusão a esse ponto.

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do apelante; em relação


ao interesse, o apelante busca uma melhor situação jurídica no processo
judicial, enquanto em relação à legitimidade, o apelante busca tutelar direito
próprio em nome próprio.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 129


D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

Em relação ao cabimento, o fundamento constitucional é de suma importância, pois


será que autorizará a interposição do RESP. em relação à tempestividade, mesmo que não
fosse necessária a aposição de data específica, era necessário fazer alusão a esse tópico e
demonstrar que vocês conhecem o prazo de interposição.

O Recurso Especial, conforme art. art. 105, III, “a”, CRFB é cabível nos casos em
que for prolatada decisão que negue vigência de lei federal. No presente caso,
conforme será demonstrado, negou-se aplicação de lei federal, o que torna
cabível este recurso.

Em relação à tempestividade, respeitou-se o previsto no art. 1.003, §5º, CPC,


razão pela qual a manifestação é tempestiva.

E) DO PREQUESTIONAMENTO

Por fim, o prequestionamento deve ser abordado, sendo requisito específico para o RESP
e o RE.

Em sede de apelação houve prequestionamento da decisão por


descumprimento do art. 12, VI, Lei 9656/98, razão pela qual atendeu-se o
requisito legal do recurso.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou vocês da narrativa fática, então é necessário fazê-
la. No entanto, caso o enunciado fizesse essa dispensa, bastaria escrever “narrativa fática
dispensada pelo enunciado”.

O recorrente ajuizou demanda em face da recorrida visando o reembolso de


valores de procedimentos médicos, nos termos do art. 12, VI, Lei 9656/98.
Entretanto, a demanda foi julgada improcedente, pois entendeu-se na
decisão que como o contrato vedava o reembolso, não seria possível que o
recorrente reouvesse os valores. Em sede apelação, o entendimento foi o
mesmo, razão pela qual interpôs-se o presente Recurso Especial (RESP).

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA SENTENÇA – ERROR IN JUDICANDO

No caso, como dito, houve error in judicando por recusa à aplicação de lei federal. Nesse
caso, é necessária a reforma da decisão recorrida, com a aposição de todos os fundamentos
legais cabíveis para embasar o pedido.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 130


Da impossibilidade de cláusula contratual vedar o ressarcimento previsto na
Lei 9656/98

A Lei 9656/98 prevê em seu art. 12, VI, de forma expressa, o direito ao
ressarcimento nos casos de despesas efetuadas pelo beneficiário com
assistência à saúde, em casos de urgência ou emergência, quando não for
possível a utilização dos serviços próprios, contratados, credenciados ou
referenciados pelas operadoras, de acordo com a relação de preços de
serviços médicos e hospitalares praticados pelo respectivo produto, pagáveis
no prazo máximo de trinta dias após a entrega da documentação adequada.

O recorrente atendeu a todos os requisitos legais para usufruir de seu direito,


de maneira que ao recorrido não cabia opção entre cumprir ou não o
dispositivo legal.

O recorrente tão somente alegou que, como havia previsão contratual que
vedava esse direito, então não seria possível cumpri-lo.

O fato de as Cortes de piso terem decidido favoravelmente ao recorrido


conduz a um inexorável quadro de violação ao ordenamento jurídico pátrio,
pois negou-se aplicação à lei federal.

Dessa forma, deve a decisão ser reformada para, nos termos do art. art. 12, VI,
Lei 9656/98, ser a parte recorrida condenada a promover o ressarcimento
devido ao recorrente.

IV – PEDIDOS

Em relação aos pedidos, basta sintetizar o que foi alegado na peça. Sem grandes
mistérios, portanto.

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros


da Defensoria, requer:

a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos para


sua apresentação;

b) a intimação do Ministério Público para, querendo, manifestar-se;

b) no mérito, o provimento do recurso, com a condenação da recorrida para,


nos termos do art. art. 12, VI, Lei 9656/98, promover o ressarcimento devido ao
recorrente; e

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 131


d) a condenação da recorrida ao pagamento de custas e honorários
advocatícios, estes em favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos
do art. 4º, XXI, LC 80/94.

PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Ao final, façam o fecho da peça.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público

6. MODELO DE PEÇA

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ……

Processo nº….

Gilberto, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio da Defensoria Pública do Estado
…., com base no art. 105, III, “a”, CRFB c/c art. 134, CRFB c/c art. 1029, CPC interpor RECURSO ESPECIAL
em face de plano de saúde “Saúde beleza”, já devidamente qualificada aos autos.

Requer a intimação da recorrida para, querendo manifestar-se, o recebimento do recurso e


posterior envio ao órgão julgador cabível.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

À PRESIDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA .......

RAZÕES RECURSAIS

Processo nº

Recorrente: Gilberto

Recorrido: Saúde Beleza

Egrégia Turma, excelentíssimos julgadores, douto Subprocurador Geral da República

Em que pese a competência técnica do juízo do Tribunal de Justiça do Estado ….., a decisão
recorrida viola frontalmente o art. 105, III, “a”, CRFB, razão pela qual não pode prosperar.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 132


I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Informa o recorrente que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo em vista sua
hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o recolhimento do preparo
referente à interposição do recurso.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da Defensoria Pública,
mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I,
VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do apelante; em relação ao interesse, o


apelante busca uma melhor situação jurídica no processo judicial, enquanto em relação à
legitimidade, o apelante busca tutelar direito próprio em nome próprio.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

O Recurso Especial, conforme art. art. 105, III, “a”, CRFB é cabível nos casos em que for prolatada
decisão que negue vigência de lei federal. No presente caso, conforme será demonstrado,
negou-se aplicação de lei federal, o que torna cabível este recurso.

Em relação à tempestividade, respeitou-se o previsto no art. 1.003, §5º, CPC, razão pela qual a
manifestação é tempestiva.

E) DO PREQUESTIONAMENTO

Em sede de apelação houve prequestionamento da decisão por descumprimento do art. 12,


VI, Lei 9656/98, razão pela qual atendeu-se o requisito legal do recurso.

II – FATOS

O recorrente ajuizou demanda em face da recorrida visando o reembolso de valores de


procedimentos médicos, nos termos do art. 12, VI, Lei 9656/98. Entretanto, a demanda foi julgada
improcedente, pois entendeu-se na decisão que como o contrato vedava o reembolso, não
seria possível que o recorrente reouvesse os valores. Em sede apelação, o entendimento foi o
mesmo, razão pela qual interpôs-se o presente Recurso Especial (RESP).

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA SENTENÇA – ERROR IN JUDICANDO

Da impossibilidade de cláusula contratual vedar o ressarcimento previsto na Lei 9656/98

A Lei 9656/98 prevê em seu art. 12, VI, de forma expressa, o direito ao ressarcimento nos casos
de despesas efetuadas pelo beneficiário com assistência à saúde, em casos de urgência ou
emergência, quando não for possível a utilização dos serviços próprios, contratados,
credenciados ou referenciados pelas operadoras, de acordo com a relação de preços de

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 133


serviços médicos e hospitalares praticados pelo respectivo produto, pagáveis no prazo
máximo de trinta dias após a entrega da documentação adequada.

O recorrente atendeu a todos os requisitos legais para usufruir de seu direito, de maneira que
ao recorrido não cabia opção entre cumprir ou não o dispositivo legal.

O recorrente tão somente alegou que, como havia previsão contratual que vedava esse direito,
então não seria possível cumpri-lo.

O fato de as Cortes de piso terem decidido favoravelmente ao recorrido conduz a um


inexorável quadro de violação ao ordenamento jurídico pátrio, pois negou-se aplicação à lei
federal.

Dessa forma, deve a decisão ser reformada para, nos termos do art. art. 12, VI, Lei 9656/98, ser
a parte recorrida condenada a promover o ressarcimento devido ao recorrente.

IV – PEDIDOS

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos para sua


apresentação;

b) a intimação do Ministério Público para, querendo, manifestar-se;

b) no mérito, o provimento do recurso, com a condenação da recorrida para, nos termos do


art. art. 12, VI, Lei 9656/98, promover o ressarcimento devido ao recorrente; e

d) a condenação da recorrida ao pagamento de custas e honorários advocatícios, estes em


favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 134


RECURSO EXTRAORDINÁRIO

1. FUNDAMENTO LEGAL

Para interposição do RE, além de conhecer a sistemática do CPC (art. 1029 e ss), é
necessário conhecer as hipóteses de cabimento do recurso no art. 102, III, CRFB:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda


da Constituição, cabendo-lhe:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única


ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta


Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Além disso, o parágrafo terceiro é de suma importância, por versar sobre a repercussão
geral da matéria (sendo esse o elemento autorizador principal do RE):

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a


repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos
termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros.

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

O RESP será acionado quando houver incidência de algum caso previsto no art. 105, III,
CRFB. Noutro giro, o RE será usado diante das possíveis situações abarcadas pelo art. 102, III,
CRFB. Assim, o enunciado do examinador irá afastar a possibilidade de uso de outras peças
processuais, para evitar confundir os candidatos em demasia (gerando risco de anulação do
gabarito). Assim, normalmente serão contados casos em que o processo está perto de
encerrar e não resta outra opção a não ser recorrer em Brasília.

3. FIQUE LIGADO!

Pessoal, atenção, pois em relação ao Recurso Extraordinário deve ser observada a


questão da repercussão geral. Isso porque meros interesses intersubjetivos na lide NÃO
AUTORIZAM um recurso ao STF (preservação da natureza de Corte Constituicional).

Assim, o RE é autorizado quando determinada lide trata de assuntos que tenham grande
relevância no sentido social, político, jurídico. Tudo isso conforme o art. 102, §3º, CRFB:

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 135


Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe:

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a


repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos
termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso,
somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros.

Atenção também ao quórum que autoriza a rejeição à repercussão geral, que será de
2/3 dos ministros.

4. PROBLEMA CONCRETO

Gilberto é cliente do plano de saúde “Saúde beleza” e estava numa viagem de negócios
quando, numa noite, passou mal. Socorrido e levado a um hospital particular que não tinha
cobertura de seu plano, Gilberto foi atendido.

Feito o pagamento pelo serviço, Gilberto solicitou ao seu plano de saúde reembolso, nos
termos do art. 12, VI, Lei 9656/98. O plano contudo, negou o direito, alegando que havia cláusula
contratual que vedada tal direito.

Gilberto demandou o plano de saúde mas, em primeira instância, seu pedido foi julgado
improcedente. Em sede de apelação, houve a mesma decisão: improcedência. Gilberto
destituiu o advogado que o assistia e procurou você, membro da Defensoria Pública, para
tomar a atitude judicial cabível.

Considere que o advogado anterior já havia interposto Recurso Especial e que o caso trata de
possível violação aos artigos 1º, III e 6º, caput, da Constituição Federal.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE INTERPOSIÇÃO

Pessoal, na folha de interposição o recurso será endereçado ao Presidente do Tribunal em que


a demanda transcorreu.

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ……

Processo nº….

FUNDAMENTO LEGAL

O fundamento legal do RE levará em conta a situação fática narrada. No caso, houve


violação aos dispositivos da Constituição Federal, o que atrai a incidência do art. 102, III, “a”,
CRFB. Lembrem também que na folha de interposição será feito o pedido de intimação da
outra parte, bem como o recebimento do recurso (no RE há duplo juízo de admissibilidade).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 136


Gilberto, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio da Defensoria
Pública do Estado …., com base no art. 102, III, “a”, CRFB c/c art. 134, CRFB c/c art.
1029, CPC interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO em face de plano de saúde
“Saúde beleza”, já devidamente qualificada aos autos.

Requer a intimação da recorrida para, querendo manifestar-se, o


recebimento do recurso e posterior envio ao órgão julgador cabível.

PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, o encerramento da folha de interposição de praxe.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

ENDEREÇAMENTO – FOLHA DE RAZÕES

Neste momento, a folha de razões será endereçada à Presidência do STF, com os


detalhes inerentes à folha de razões recursais (recorrente, recorrido, e cumprimentos de praxe).

À PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

RAZÕES RECURSAIS

Processo nº

Recorrente: Gilberto

Recorrido: Saúde Beleza

Egrégia Turma, excelentíssimos julgadores, douto Procurador Geral da


República

Em que pese a competência técnica do juízo do Tribunal de Justiça do Estado


….., a decisão recorrida viola frontalmente o art. 1º, III e art. 6º, caput, CRFB, razão
pela qual não pode prosperar.

I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 137


Como se trata de concurso público, é necessário que a gratuidade de justiça seja
abordada, por ser tópico provável no espelho do examinador.

Informa o recorrente que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo em vista


sua hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o
recolhimento do preparo referente à interposição do recurso.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Igualmente, as prerrogativas são observadas sempre, até mesmo nos recursos


extraordinários em Brasília.

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da


Defensoria Pública, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de
procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

O interesse e a legitimidade devem estar presentes quando da resposta a um recurso,


de maneira que vocês devem fazer alusão a esse ponto.

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do apelante; em relação


ao interesse, o apelante busca uma melhor situação jurídica no processo
judicial, enquanto em relação à legitimidade, o apelante busca tutelar direito
próprio em nome próprio.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

Em relação ao cabimento, o fundamento constitucional é de suma importância, pois


será que autorizará a interposição do RE. Em relação à tempestividade, mesmo que não fosse
necessária a aposição de data específica, era necessário fazer alusão a esse tópico e
demonstrar que vocês conhecem o prazo de interposição.

O Recurso Extraordinário, conforme art. 102, III, “a”, CRFB é cabível nos casos em
que for prolatada decisão que contrarie dispositivo da Constituição Federal.
No presente caso, conforme será demonstrado, houve essa contrariedade, o
que torna cabível este recurso.

Em relação à tempestividade, respeitou-se o previsto no art. 1.003, §5º, CPC,


razão pela qual a manifestação é tempestiva.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 138


E) DO PREQUESTIONAMENTO E REPERCUSSÃO GERAL

Por fim, o prequestionamento deve ser abordado, sendo requisito específico para o RESP
e o RE.

Ademais, especificamente em relação ao RE, também deve ser demonstrada a


repercussão geral da matéria, ou seja, algo que supera os interesses meramente
intersubjetivos da lide.

Em sede de apelação houve prequestionamento da decisão por


descumprimento do art. 1º, inciso III e do art. 6º, caput, CRFB, razão pela qual
atendeu-se o requisito legal do recurso.

Igualmente demonstrou-se a repercussão geral da causa, tendo em vista que


se trata de tema com relevância social e jurídica, que extrapola os interesses
subjetivos da causa.

II – FATOS

Como o enunciado não dispensou vocês da narrativa fática, então é necessário fazê-
la. No entanto, caso o enunciado fizesse essa dispensa, bastaria escrever “narrativa fática
dispensada pelo enunciado”.

O recorrente ajuizou demanda em face da recorrida visando o reembolso de


valores de procedimentos médicos, nos termos do art. 12, VI, Lei 9656/98. Frisa-
se que tal dispositivo tutela o direito à saúde, art. 6º, caput, CRFB, corolário da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB). Entretanto, a demanda foi
julgada improcedente, pois entendeu-se na decisão que como o contrato
vedava o reembolso, não seria possível que o recorrente reouvesse os valores.
Em sede apelação, o entendimento foi o mesmo, razão pela qual interpôs-se
o presente Recurso Extraordinário (RE).

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA SENTENÇA – ERROR IN JUDICANDO

Na parte de mérito, o ideal é que a explicação fique o mais detalhada possível. Por isso,
no caso, uma sugestão era dividir o mérito em duas partes; a primeira, explicando a violação
à Lei 9656/98 e, na outra, as implicações constitucionais que essa violação teria.

A) DA IMPOSSIBILIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL VEDAR O RESSARCIMENTO PREVISTO NA LEI


9656/98

A Lei 9656/98 prevê em seu art. 12, VI, de forma expressa, o direito ao
ressarcimento nos casos de despesas efetuadas pelo beneficiário com
assistência à saúde, em casos de urgência ou emergência, quando não for

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 139


possível a utilização dos serviços próprios, contratados, credenciados ou
referenciados pelas operadoras, de acordo com a relação de preços de
serviços médicos e hospitalares praticados pelo respectivo produto, pagáveis
no prazo máximo de trinta dias após a entrega da documentação adequada.

O recorrente atendeu a todos os requisitos legais para usufruir de seu direito,


de maneira que ao recorrido não cabia opção entre cumprir ou não o
dispositivo legal.

O recorrente tão somente alegou que, como havia previsão contratual que
vedava esse direito, então não seria possível cumpri-lo.

O fato de as Cortes de piso terem decidido favoravelmente ao recorrido


conduz a um inexorável quadro de violação ao ordenamento jurídico pátrio,
pois negou-se aplicação à lei federal.

Dessa forma, deve a decisão ser reformada para, nos termos do art. art. 12, VI,
Lei 9656/98, ser a parte recorrida condenada a promover o ressarcimento
devido ao recorrente.

B) DA VIOLAÇÃO AO ART. 1º, III E ART. 6º, CAPUT, CRFB

A norma do art. 12, VI da Lei 9656/98 visa tutelar a saúde das pessoas, que é
direito fundamental previsto no art. 6º, caput, CRFB. Isso porque em caso de
emergência médica, não há possibilidade de se perquirir se determinado
hospital é ou não conveniado ao plano de saúde.

Justamente por isso, há possibilidade de a pessoa ser atendida em local que


não é coberto pelo plano e, em contrapartida, solicitar reembolso ao plano
de saúde, dentro dos limites legais. A dignidade da pessoa humana (art. 1º, III,
CRFB) inclui também o direito de salvaguarda à saúde e todos os meios
idôneos a essa tutela são protegidos pela constituição. Dessa forma, é
inconcebível que normas que protejam situações-limite para a vida de
alguém sejam afastadas puramente por interesses contratuais.

Ademais, busca-se evitar um enriquecimento sem causa do plano de saúde,


que recebe a mensalidade integral e, em casos de emergência como a
narrada, não teria custos operacionais.

IV – PEDIDOS

Ao final, sintetizem o que foi exposto ao longo da peça nos pedidos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 140


Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros
da Defensoria, requer:
a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos
para sua apresentação;
b) a intimação do Ministério Público para, querendo, manifestar-se;
b) no mérito, o provimento do recurso, com a condenação da recorrida para,
nos termos do art. art. 12, VI, Lei 9656/98, promover o ressarcimento devido ao
recorrente, tendo em vista a recusa ao referido direito afrontar o art. 1º, III e
art. 6º, caput, CRFB; e
d) a condenação da recorrida ao pagamento de custas e honorários
advocatícios, estes em favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos
do art. 4º, XXI, LC 80/94.

FECHAMENTO, PEDIDO DE DEFERIMENTO, LOCAL, DATA E ASSINATURA

Por fim, peçam o deferimento, façam menção ao local, data e assinatura.

Nestes termos, pede deferimento.


Local, data.
Defensor Público

6. MODELO DE PEÇA

À PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ……

Processo nº….

Gilberto, já devidamente qualificado aos autos, vem, por meio da Defensoria Pública do Estado
…., com base no art. 102, III, “a”, CRFB c/c art. 134, CRFB c/c art. 1029, CPC interpor RECURSO
EXTRAORDINÁRIO em face de plano de saúde “Saúde beleza”, já devidamente qualificada aos
autos.

Requer a intimação da recorrida para, querendo manifestar-se, o recebimento do recurso e


posterior envio ao órgão julgador cabível.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

À PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

RAZÕES RECURSAIS

Processo nº

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 141


Recorrente: Gilberto

Recorrido: Saúde Beleza

Egrégia Turma, excelentíssimos julgadores, douto Procurador Geral da República

Em que pese a competência técnica do juízo do Tribunal de Justiça do Estado ….., a decisão
recorrida viola frontalmente o art. 1º, III e art. 6º, caput, CRFB, razão pela qual não pode prosperar.

I – PRELIMINARES

A) DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Informa o recorrente que este é beneficiário da justiça gratuita, tendo em vista sua
hipossuficiência econômica, razão pela qual deixa de realizar o recolhimento do preparo
referente à interposição do recurso.

B) DAS PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Informa-se ao juízo que serão usadas as prerrogativas dos membros da Defensoria Pública,
mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I,
VII e XI, LC 80/94.

C) DO INTERESSE E LEGITIMIDADE

Estão presentes o interesse e a legitimidade recursal do apelante; em relação ao interesse, o


apelante busca uma melhor situação jurídica no processo judicial, enquanto em relação à
legitimidade, o apelante busca tutelar direito próprio em nome próprio.

D) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE

O Recurso Extraordinário, conforme art. 102, III, “a”, CRFB é cabível nos casos em que for prolatada
decisão que contrarie dispositivo da Constituição Federal. No presente caso, conforme será
demonstrado, houve essa contrariedade, o que torna cabível este recurso.

Em relação à tempestividade, respeitou-se o previsto no art. 1.003, §5º, CPC, razão pela qual a
manifestação é tempestiva.

E) DO PREQUESTIONAMENTO E REPERCUSSÃO GERAL

Em sede de apelação houve prequestionamento da decisão por descumprimento do art. 1º,


inciso III e do art. 6º, caput, CRFB, razão pela qual atendeu-se o requisito legal do recurso.

Igualmente demonstrou-se a repercussão geral da causa, tendo em vista que se trata de tema
com relevância social e jurídica, que extrapola os interesses subjetivos da causa.

II – FATOS

O recorrente ajuizou demanda em face da recorrida visando o reembolso de valores de


procedimentos médicos, nos termos do art. 12, VI, Lei 9656/98. Frisa-se que tal dispositivo tutela

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 142


o direito à saúde, art. 6º, caput, CRFB, corolário da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB).
Entretanto, a demanda foi julgada improcedente, pois entendeu-se na decisão que como o
contrato vedava o reembolso, não seria possível que o recorrente reouvesse os valores. Em
sede apelação, o entendimento foi o mesmo, razão pela qual interpôs-se o presente Recurso
Extraordinário (RE).

III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA SENTENÇA – ERROR IN JUDICANDO

A) DA IMPOSSIBILIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL VEDAR O RESSARCIMENTO PREVISTO NA LEI


9656/98

A Lei 9656/98 prevê em seu art. 12, VI, de forma expressa, o direito ao ressarcimento nos casos
de despesas efetuadas pelo beneficiário com assistência à saúde, em casos de urgência ou
emergência, quando não for possível a utilização dos serviços próprios, contratados,
credenciados ou referenciados pelas operadoras, de acordo com a relação de preços de
serviços médicos e hospitalares praticados pelo respectivo produto, pagáveis no prazo
máximo de trinta dias após a entrega da documentação adequada.

O recorrente atendeu a todos os requisitos legais para usufruir de seu direito, de maneira que
ao recorrido não cabia opção entre cumprir ou não o dispositivo legal.

O recorrente tão somente alegou que, como havia previsão contratual que vedava esse direito,
então não seria possível cumpri-lo.

O fato de as Cortes de piso terem decidido favoravelmente ao recorrido conduz a um


inexorável quadro de violação ao ordenamento jurídico pátrio, pois negou-se aplicação à lei
federal.

Dessa forma, deve a decisão ser reformada para, nos termos do art. art. 12, VI, Lei 9656/98, ser
a parte recorrida condenada a promover o ressarcimento devido ao recorrente.

B) DA VIOLAÇÃO AO ART. 1º, III E ART. 6º, CAPUT, CRFB

A norma do art. 12, VI da Lei 9656/98 visa tutelar a saúde das pessoas, que é direito fundamental
previsto no art. 6º, caput, CRFB. Isso porque em caso de emergência médica, não há
possibilidade de se perquirir se determinado hospital é ou não conveniado ao plano de saúde.

Justamente por isso, há possibilidade de a pessoa ser atendida em local que não é coberto
pelo plano e, em contrapartida, solicitar reembolso ao plano de saúde, dentro dos limites legais.
A dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB) inclui também o direito de salvaguarda à saúde
e todos os meios idôneos a essa tutela são protegidos pela constituição. Dessa forma, é
inconcebível que normas que protejam situações-limite para a vida de alguém sejam
afastadas puramente por interesses contratuais.

Ademais, busca-se evitar um enriquecimento sem causa do plano de saúde, que recebe a
mensalidade integral e, em casos de emergência como a narrada, não teria custos
operacionais.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 143


IV – PEDIDOS

Posto isso, ressaltando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o conhecimento do recurso, tendo em vista a presença dos requisitos para sua


apresentação;

b) a intimação do Ministério Público para, querendo, manifestar-se;

b) no mérito, o provimento do recurso, com a condenação da recorrida para, nos termos do


art. art. 12, VI, Lei 9656/98, promover o ressarcimento devido ao recorrente, tendo em vista a
recusa ao referido direito afrontar o art. 1º, III e art. 6º, caput, CRFB; e

d) a condenação da recorrida ao pagamento de custas e honorários advocatícios, estes em


favor do fundo e aparelhamento da DPE, nos termos do art. 4º, XXI, LC 80/94.

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 144


RECLAMAÇÃO

1. FUNDAMENTO LEGAL

A reclamação possui suas situações de cabimento no art. 988, CPC:

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério


Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de


decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de


incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de
assunção de competência;

Ademais, a reclamação será proposta perante qualquer Tribunal e seu julgamento


compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se
pretenda garantir (§1º).

2. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO

A reclamação é um instrumento poderoso de questionamento de decisões ilegais.


Nesse sentido, caso a decisão de um determinado tribunal (ou o enunciado de súmula
vinculante) seja desobedecido, é cabível a reclamação. A vantagem desse instrumento é que
o acesso ao Tribunal será imediato, evitando-se dispêndio de tempo com o manejo de outros
recursos processuais.

Assim, fiquem atentos aos enunciados de prova, pois o examinador será explícito no
sentido de existir uma decisão ilegal que precisa ser imediatamente combatida.

3. FIQUE LIGADO!

Na reclamação, é imprescindível que se tenha ciência do conteúdo do art. 988, §5º, CPC:

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público


para:

§ 5º É inadmissível a reclamação:

I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 145


II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

Nesse sentido, NÃO CABE reclamação se a decisão reclamada já tiver transitado em


julgado. Por isso, se vocês, ao lerem o enunciado da questão, suspeitarem que a peça cabível
é a reclamação, busquem por indícios de que a decisão transitou em julgado. Isso porque,
nesse caso, não caberá a referida peça.

Também NÃO CABE reclamação em casos de acórdão de recurso extraordinário com


repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, antes de que as instâncias ordinárias sejam esgotadas.

Assim, nessas situações, primeiramente é necessário esgotar as instâncias ordinárias,


por meio dos recursos cabíveis, para somente após pensar em ajuizamento de reclamação.
Isso é uma forma clara de redução da demanda dos Tribunais Superiores.

4. PROBLEMA CONCRETO

Pedro, 25 anos de idade, cumpre pena em regime fechado pelo crime de tráfico de drogas.
Em 22 de junho de 2020, Pedro adquiriu o direito de progressão de pena para o regime
semiaberto, tendo a Defensoria do Estado.... peticionado ao juízo da execução penal
requerendo a imediata transferência para o regime prisional menos gravoso.

Em 5 de julho de 2020, o juízo da execução proferiu decisão, indeferindo o pedido, sob o


argumento de que não havia vaga disponível para Pedro no semiaberto. Pela falta de
estabelecimento penal adequado, segundo o juízo, Pedro deveria aguardar o surgimento de
vaga no regime fechado.

Você, membro da Defensoria que assiste Pedro, foi intimado pessoalmente da decisão no
mesmo dia. Redija a peça cabível para enfrentar a decisão, considerando que a posição do
juízo da execução viola o enunciado de Súmula vinculante nº 56.

5. SOLUÇÃO E MODELO COMENTADO

ENDEREÇAMENTO

Pessoal, no endereçamento vocês precisam considerar o art. 988, §1º, CPC, direcionando
a petição ao tribunal cuja decisão deve ser cumprida. No caso, como há descumprimento de
um enunciado de Súmula Vinculante, e o STF é o único órgão do Judiciário apto a editar tais
enunciados, o endereçamento dar-se-á à Presidência da Corte.

À PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

QUALIFICAÇÃO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 146


A qualificação é tal como na petição inicial, de maneira que o art. 319, CPC será o guia
de vocês. Lembrem de mencionar o dispositivo do CPC que se adeque perfeitamente à
situação ensejadora da reclamação (no caso, é o inciso III do art. 988).

Pedro, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº ....., endereço eletrônico
...., domiciliado em ...., vem, por intermédio da Defensoria Pública do Estado .....,
com base no art. 134, CRFB c/c art. 4º, X, LC 80/94 c/c art. 988, III, CPC apresentar
RECLAMAÇÃO em face da decisão do juízo de Execução Penal do Estado ......,
pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

a) GRATUIDADE DE JUSTIÇA
O pedido de custas é algo sucinto, mas que deve aparecer.

O reclamante não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais


sem prejuízo de sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado
o direito à gratuidade de justiça nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98
e 99, §3º, CPC.

b) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DEFENSORIA


Assim como a gratuidade de justiça, a menção às prerrogativas dos membros da DPE é
imprescindível na peça.

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da


DPE, mormente a vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração,
nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC 80/94.

c) COMPETÊNCIA DO JUÍZO

Pelos termos do CPC, a competência para julgar reclamação é de Tribunal. Dada a


grande possibilidade de juízos competentes, vocês devem fazer uma explicação precisa sobre
o porquê da competência do juízo que vocês estão direcionando a peça.

O juízo é competente para processar e julgar o feito, tendo em vista que a


decisão do juízo da execução penal do Estado .... afrontou enunciado de
Súmula Vinculante emanado desta Corte Suprema. Nesse sentido, o art. 988,
III, CPC dispõe ser cabível a apresentação de reclamação para cassação da
decisão.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 147


d) CONDIÇÕES DA AÇÃO

Em reclamação, vocês devem demonstrar que há interesse jurídico na sua interposição


(art. 988, caput, CPC), bem como a legitimidade para tanto.

No caso há interesse e legitimidade na apresentação da reclamação (art. 17,


CPC); o reclamante é interessado, sendo, portanto, legitimado, nos termos do
caput do art. 988, CPC, pois a decisão a ser cassada prejudicou seus direitos
de progressão de pena. Há interesse, tendo em vista que o reclamante visa
que o enunciado 56 da Súmula Vinculante seja respeitado, o que implica
reflexo direto em sua situação jurídica.

e) REGULARIDADE FORMAL
Nos termos do art. 988, §2º, CPC, façam alusão à instrução da prova documental adequada.

Informa-se ao juízo que foi feita a juntada de documentação necessária


para apreciação da reclamação, nos termos do art. 988, §2º, CPC.

II – FATOS

Caso o enunciado não dispense vocês da narrativa fática, façam uma alusão rápida
aos acontecimentos que ensejaram a interposição da reclamação.

O reclamante cumpre pena em regime fechado pelo crime de tráfico de


drogas. Em 22 de junho de 2020, adquiriu o direito de progressão de pena
para o regime semiaberto, sendo requerido ao juízo reclamado a imediata
transferência para o regime prisional menos gravoso.

Em 5 de julho de 2020, o juízo reclamado proferiu decisão, indeferindo o


pedido, sob o argumento de que não havia vaga disponível para Pedro no
semiaberto. Pela falta de estabelecimento penal adequado, segundo o juízo,
o reclamante deveria aguardar o surgimento de vaga no regime fechado.

Tendo em vista que a decisão afronta o enunciado de súmula vinculante 56,


a presente reclamação é cabível.

III – MÉRITO: DA VIOLAÇÃO AO ENUNCIADO DE SÚMULA VINCULANTE 56

Neste momento, vocês devem fundamentar adequadamente os motivos que levaram


à interposição da Reclamação. No caso, o reclamante teve sua progressão de regime
indeferida de forma ilícita, pois o teor da decisão do juízo reclamado viola enunciado de
súmula.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 148


Assim, é esse argumento que deverá constar no mérito, para que haja chance de
provimento pela Corte.

O enunciado de Súmula Vinculante 56 é explícito no sentido de que a falta


de vagas em um determinado regime não autoriza que o preso aguarde
transferência no regime mais gravoso. Nesses casos, medidas como
deferimento de prisão domiciliar, antecipação na progressão de pena e
conversão de pena privativa de liberdade em restritiva de direitos são
cabíveis, conforme RE 641.320/RS (mencionado pelo próprio enunciado).

A única hipótese incabível, que é a permanência no regime mais gravoso, foi


justamente a adotada pelo juízo reclamado.

Nesse sentido, há patente violação do entendimento sedimentado por este


STF. Portanto, a decisão do juízo reclamado precisa ser cassada, nos termos
do art. 992, sendo imediatamente determinada a transferência do
reclamante para o regime semiaberto ou, na falta de vagas, para a prisão
domiciliar.

IV – SUSPENSÃO DA DECISÃO RECLAMADA

No caso, como há decisão indeferindo o pedido de progressão de Pedro, há um grave


dano que precisa ser encerrado o mais rápido possível. Assim, valendo do permissivo legal,
requeiram a suspensão da decisão reclamada, solicitando a transferência imediata do
reclamante.

Tendo em vista a urgência da situação, nos termos do art. 989, II, CPC, requer
a suspensão da decisão reclamada, com a transferência do reclamante
para o regime semiaberto ou, na falta de vagas, à prisão domiciliar.

V – PEDIDOS

Neste momento, vocês farão os pedidos da peça. Lembrem-se de detalhes trazidos pelo
CPC, como a necessidade de requisição de informações ao juízo reclamado e a necessidade
de que o MP tenha vista dos autos.

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros


da Defensoria, requer:

a) o recebimento desta reclamação, eis que cabível, sendo o juízo


competente para seu processamento e julgamento;

b) o deferimento da gratuidade de justiça em favor do reclamante;

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 149


c) a requisição de informações à autoridade reclamada para que esta,
querendo, se manifeste;

d) a suspensão da decisão que mantém o reclamante no regime fechado,


com sua transferência imediata ao regime semiaberto ou, na falta de vagas,
à prisão domiciliar;

e) vista ao Ministério Público para que este, querendo, se manifeste; e

f) no mérito, a procedência da reclamação, sendo a decisão do juízo


reclamado cassada e determinada a transferência do reclamante para o
regime semiaberto ou, na falta de vagas, para a prisão domiciliar.

PEDIDO DE DEFERIMENTO E ENCERRAMENTO

Por fim, deem o valor da causa, peçam o deferimento, façam menção à data, local e à
assinatura.

Dá-se à causa o valor de R$ 10,00 (dez reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

6. MODELO DE PEÇA

À PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Pedro, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº ....., endereço eletrônico ...., domiciliado em
...., vem, por intermédio da Defensoria Pública do Estado ....., com base no art. 134, CRFB c/c art. 4º,
X, LC 80/94 c/c art. 988, III, CPC apresentar RECLAMAÇÃO em face da decisão do juízo de
Execução Penal do Estado ......, pelas razões de fato e jurídicas abaixo.

I – PRELIMINARES

A) GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O reclamante não possui condições financeiras de pagar as custas judiciais sem prejuízo de
sua subsistência, razão pela qual requer que seja declarado o direito à gratuidade de justiça
nos termos do art. 5º, LXXIV, CRFB c/c art. 98 e 99, §3º, CPC.

B) PRERROGATIVAS DOS MEMBROS DA DPE

Informa-se ao juízo que serão observadas as prerrogativas dos membros da DPE, mormente a
vista pessoal, prazo em dobro e dispensa de procuração, nos termos do art. 128, I, VII e XI, LC
80/94.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 150


C) COMPETÊNCIA DO JUÍZO

O juízo é competente para processar e julgar o feito, tendo em vista que a decisão do juízo da
execução penal do Estado .... afrontou enunciado de Súmula Vinculante emanado desta Corte
Suprema. Nesse sentido, o art. 988, III, CPC dispõe ser cabível a apresentação de reclamação
para cassação da decisão.

D) CONDIÇÕES DA AÇÃO

No caso há interesse e legitimidade na apresentação da reclamação; o reclamante é


interessado, sendo, portanto, legitimado, nos termos do caput do art. 988, CPC, pois a decisão
a ser cassada prejudicou seus direitos de progressão de pena. Há interesse, tendo em vista
que o reclamante visa que o enunciado 56 da Súmula Vinculante seja respeitado, o que
implica reflexo direto em sua situação jurídica.

E) REGULARIDADE FORMAL

Informa-se ao juízo que foi feita a juntada de documentação necessária para apreciação da
reclamação, nos termos do art. 988, §2º, CPC.

II – FATOS

O reclamante cumpre pena em regime fechado pelo crime de tráfico de drogas. Em 22 de


junho de 2020, adquiriu o direito de progressão de pena para o regime semiaberto, sendo
requerido ao juízo reclamado a imediata transferência para o regime prisional menos gravoso.

Em 5 de julho de 2020, o juízo reclamado proferiu decisão, indeferindo o pedido, sob o


argumento de que não havia vaga disponível para Pedro no semiaberto. Pela falta de
estabelecimento penal adequado, segundo o juízo, o reclamante deveria aguardar o
surgimento de vaga no regime fechado.

Tendo em vista que a decisão afronta o enunciado de súmula vinculante 56, a presente
reclamação é cabível.

III – MÉRITO: DA VIOLAÇÃO AO ENUNCIADO DE SÚMULA VINCULANTE 56

O enunciado de Súmula Vinculante 56 é explícito no sentido de que a falta de vagas em um


determinado regime não autoriza que o preso aguarde transferência no regime mais gravoso.
Nesses casos, medidas como deferimento de prisão domiciliar, antecipação na progressão de
pena e conversão de pena privativa de liberdade em restritiva de direitos são cabíveis,
conforme RE 641.320/RS (mencionado pelo próprio enunciado).

A única hipótese incabível, que é a permanência no regime mais gravoso, foi justamente a
adotada pelo juízo reclamado.

Nesse sentido, há patente violação do entendimento sedimentado por este STF. Portanto, a
decisão do juízo reclamado precisa ser cassada, nos termos do art. 992, sendo imediatamente
determinada a transferência do reclamante para o regime semiaberto ou, na falta de vagas,
para a prisão domiciliar.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 151


IV – SUSPENSÃO DA DECISÃO RECLAMADA

Tendo em vista a urgência da situação, nos termos do art. 989, II, CPC, requer a suspensão da
decisão reclamada, com a transferência do reclamante para o regime semiaberto ou, na falta
de vagas, à prisão domiciliar.

V – PEDIDOS

Posto isso, reiterando que serão observadas as prerrogativas dos membros da Defensoria,
requer:

a) o recebimento desta reclamação, eis que cabível, sendo o juízo competente para seu
processamento e julgamento;

b) o deferimento da gratuidade de justiça em favor do reclamante;

c) a requisição de informações à autoridade reclamada para que esta, querendo, se


manifeste;

d) a suspensão da decisão que mantém o reclamante no regime fechado, com sua


transferência imediata ao regime semiaberto ou, na falta de vagas, à prisão domiciliar;

e) vista ao Ministério Público para que este, querendo, se manifeste;

f) a produção de prova, mormente a documental acostada aos autos; e

f) no mérito, a procedência da reclamação, sendo a decisão do juízo reclamado cassada e


determinada a transferência do reclamante para o regime semiaberto ou, na falta de vagas,
para a prisão domiciliar.

Dá-se à causa o valor de R$ 10,00 (dez reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Local, data.

Defensor Público.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 152

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