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Direito Penal III – Prof. Dr.

Guilherme de Souza Nucci

Turma NA5 – Seminário: Pena-base e concurso de crimes

Data: 11.08.2021

- Os grupos deverão discutir sobre as questões durante a aula, juntamente com o


Prof. Gustavo, que irá colher oralmente as respostas de cada grupo, bem como
as dúvidas a serem esclarecidas.

- Após o seminário, os grupos deverão enviar as respostas das questões, até a


próxima aula, ao seguinte e-mail: nucciturmana@gmail.com (atenção, novo e-
mail).

- A nota do seminário vai ser baseada na presença dos alunos e nas


manifestações em sala virtual, bem como nas respostas por escrito a serem
enviadas por e-mail. Erros nas respostas durante a aula não influenciam na nota.
A intenção é ajudar a compor uma boa nota prática.

1) Em 16/03/2019, Manoel praticou crime de roubo contra Maria,


mediante grave ameaça com o emprego de arma de fogo (CP, art. 157, § 2º,
inciso I), em via pública, quando a vítima parou o seu veículo automotor no
sinal semafórico. O delito restou consumado, com a subtração dos bens da
ofendida. Manoel, contudo, foi preso em flagrante delito, logo após a prática
do crime, e veio a responder a processo judicial em razão de tal conduta. Ao
longo da instrução do feito, verificou-se que Manoel possuía 3 condenações
penais transitadas em julgado, com o cumprimento integral das respectivas
penas tendo ocorrido nas datas de 21/07/2004, 14/05/2013 (antecedentes) e
12/10/2017 (reincidência). Além disso, em depoimento judicial, a vítima
relatou apresentar distúrbios psicológicos, como síndrome do pânico,
desde a ocorrência do crime, encontrando-se em tratamento médico, além
de ter deixado de dirigir o seu veículo na cidade por medo.

Identifique as circunstâncias judiciais passíveis de valoração no presente


caso e, depois, calcule a pena-base do réu.

Atendendo as características do artigo 59 do CP, podemos identificar as


seguintes características a serem valoradas na fixação da pena base: dois
antecedentes criminais, isto é, condenações com trânsito em julgado que o réu
possui na data que cometeu o delito e mudança no comportamento da vítima em
decorrência do crime cometido (desenvolvimento de síndrome do pânico). Nesta
fase da aplicação a pena não podemos valorar o uso de arma de fogo, pois já
está descrito como condição de aumento para pena do crime no inciso I, §2-A do
artigo 157, caso haja valoração deste fato, haverá bis in idem, isto é, repetição de
uma sanção sobre mesmo fato. Esta mesma lógica pode ser aplicada para o
antecedente cometido em 12/10/2017, que, por ser cometido em menos de 5
anos atrás, configura-se como reincidência, que é um agravante a ser valorado na
segunda fase da fixação da pena.

Partindo da pena mínima e valorando os itens supracitados, adotando o


seguinte critério:

1 circunstância judicial negativa – 1/6

2 circunstâncias judiciais negativas – 1/5

3 circunstâncias judiciais negativas – 1/4 (2 antecedentes e consequência na


vítima)

A pena base seria fixada em: 5 anos de reclusão e 12 dias multa. O valor
de um dia-multa varia entre 1/30 de um salário-mínimo e 05 salários-mínimos.

2) No julgamento de um crime de homicídio qualificado por motivo torpe


(CP, art. 121, § 2º, inciso I), o magistrado entendeu que a circunstância da
torpeza agravou a culpabilidade do agente e fixou a pena-base acima do
mínimo legal. Aponte, de modo fundamentado, o erro cometido pelo juiz
durante o cálculo da pena.

O erro cometido pelo juiz foi a valoração do agravante na pena base. Na


primeira fase da fixação da pena devem ser considerados apenas as
circunstâncias judiciais negativas, conforme artigo 59 do CP. Após isso, na
segunda fase da fixação da pena, conforme artigo 61 do CP, há a valoração dos
agravantes (ou atenuantes). Esse erro gera bis in idem, isto é, repetição de uma
sanção sobre mesmo fato, pois o réu já está respondendo por um crime
qualificado, que automaticamente já aumenta a pena, por conta disso não se
pode utilizar o agravante do crime como circunstância judicial negativa, pois
estaria ocorrendo uma dupla valoração de um mesmo fato.

3) Sílvia foi denunciada, processada e condenada pela prática de quatro


crimes de furto. Evidenciou-se, durante a instrução criminal, que todos os
crimes foram praticados em lojas diversas de shoppings centers da cidade
de Campinas, utilizando-se a ré sempre do mesmo modus operandi
(subtração oculta de objetos com o auxílio de uma bolsa). Os delitos,
ademais, foram praticados em um intervalo máximo de 15 dias entre cada
um.

Qual deverá ser o quantum de aumento de pena a ser aplicado no


presente caso, na terceira fase do cálculo, a teor do art. 71 do Código
Penal?

Imaginando que a pena mínima seja aplicada (um ano) e utilizando o seguinte
critério:

2 infrações (mínimo) – 1/6

3 infrações – 1/5

4 infrações – ¼

5 infrações – 1/3

6 infrações – 3/8

1 ano + ¼ de 1 ano = 1 ano e 3 meses de reclusão

10 dias multa (mínimo) + ¼ = 12 dias multa

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