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Caso prático

A, cleptomaníaco, furta a carteira que B tinha deixado em cima da mesa do bar. Quando
se preparava para sair do local na posse da carteira, A apercebe que C, segurança desse
bar, vem atrás de si, insistindo que a carteira pertencia a B, e por isso A tem de
devolver. A tirou uma faca que tinha no bolso e dá um golpe na perna de C que ficou
imediatamente imobilizado pelo ferimento. Julgado e condenado, entendeu o Tribunal
que A devia cumprir dois anos de prisão por ofensa a integridade física a C e um ano de
internamento por furto. Quid iuris, quanto ao modo de cumprimento destas sanções por
parte de A? Justifique a sua resposta à luz da classificação do nosso sistema, como
sendo tendencionalmente monista.
R: A este propósito, podemos ver no artigo 99º, nº1, em que primeiro vai cumprir o
internamento, depois seguir-se-á a pena mas nesta é descontado o tempo que deve ser
internado – sistema vicariato de execução. Um sistema é monista quando se aplica a um
agente pela prática do mesmo facto uma pena e uma medida de segurança. O Código
Penal Português segue o sistema tendencialmente monista, ao consagrar a pena
relativamente indeterminada, ou seja, no final do primeiro pode ter um desconto de uma
no de prisão e ver se também há condições para a liberdade condicional.

Caso prático
- Sabendo que C cumpriu uma pena de 13 anos de prisão efectiva por homicídio
- C cumpriu uma pena de 6 anos de prisão efectiva por roubo.
- C é impulsivo e conflituoso, manifestando um comportamento não conforme ao direito
e revelando uma total ausência não mostrando arrependimento pelas suas práticas.
- C cometeu no passado dia 18 de Setembro um crime de ofensa à integridade física
grave, pelo qual deveria ser aplicada uma pena de prisão efectiva de 6 anos.
Refira-se a possibilidade de C ser punido por uma pena diferente. Justifique a sua
resposta.
R: Pena relativamente indeterminada, artigo 83º, nº2. 2/3 de 6 dá 4. 6 + 6 dá 12, ou seja,
pena relativamente indeterminada de 4 a 12 anos. Até 6 anos temos culpa, depois de 6
anos temos a personalidade.

Caso prático
A, que sofre de uma anomalia psíquica que o impede de controlar os impulsos sexuais
para visionar filmes pornográficos com crianças e adultos com aparência de criança, foi
condenado a um internamento de dois anos por factos praticados nesse contexto. Na
mesma altura, no entanto, A havia furtado um computador de uma superfície comercial,
precisamente com o intuito de poder satisfazer os seus desejos. O computador foi
avaliado em 1600 euros e A foi condenado por um crime de furto, numa pena de prisão
de três anos. Quid iuris quanto à forma de execução destas sanções? Justifique.
R: O agente praticou dois factos. Um é imputável e outro é inimputável. 99º, nº

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Caso prático
Considere que: 
A cumpriu uma pena de 4 anos de prisão efetiva por violação.
A cumpriu uma pena de 3 anos de prisão efetiva por ofensas à integridade física.
A pagou uma pena de multa no valor de 2000 euros por um crime de Injúria.
A é conhecido por ameaçar e agredir de forma gratuita.
A praticou no mês passado um crime de burla, pelo qual deverá ser-lhe aplicada pena de
prisão efetiva de 3 anos.
a) Refira-se à possibilidade de A ser punido com uma PRI. Em que termos? Justifique a
sua resposta.
R: É um caso possível de pena relativamente indeterminada. Estão reunidos os
pressupostos do 83º para a pena relativamente indeterminada. 2/3 de 3 dá 2. Terá uma
pena de 2 a 9 anos.
b) Considere agora que A foi condenado em todas aquelas três primeiras penas, mas
ainda não terminou o seu cumprimento, por não ter tido tempo útil para tal, na medida
em que tem apenas 22 anos. Quid iuris?
R: Segundo o artigo 85º, nº1, tem menos de 25 anos. Os pressupostos estão reunidos.
Não teve tempo para cumprir as penas. Aplica-se o 85, nº2, um acréscimo de quatro ou
de dois anos à prisão que concretamente caberia o crime cometido. Neste caso a todos
eles.
c) Considere agora que, pelo crime de burla, A deveria ser condenado numa pena de 1
ano de prisão. Poderá ser punido com uma PRI? Justifique.
R: Não estão reunidos os pressupostos do 83º e 84º. Não é possível aplicar uma PRI.
Aplicamos pena de um ano de prisão.

Caso prático
Considere que: 
A foi condenado a 1 mês de prisão efectiva por um crime de injúria em 2011.
A foi condenado a 6 meses de prisão efectiva por condução em estado de embriaguez
em 2015.
A foi condenado a pagar uma coima de 120 euros por ter estacionado o carro num local
destinado a portadores de deficiência em 2016.
A foi condenado a 1 ano de prisão efectiva por violação de domicílio em 2016.
A foi condenado a 1 ano de prisão efectiva por sequestro em 2017.
A está a ser julgado, desde Setembro, por um crime de tráfico de órgãos, pelo qual
deveria ser-lhe aplicada uma pena de prisão efectiva de 6 anos.

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a) Diga se e em que termos poderá ser aplicada ao agente, em vez desta última pena, de
6 anos, uma PRI.
R: Nos termos do artigo 84º. 2/3 de 6 que dá 4 a PRI seria de 4 a 10 anos.
b) Supondo que o crime de condução em estado de embriaguez foi cometido
por negligência, comente, sob essa nova perspectiva, a possibilidade de aplicação de
uma PRI ao caso.
R: Não se pode aplicar porque teria de ser crime doloso.

Casos práticos de inimputabilidade, actio libera in causa e 295.º


1) D, amigo de infância de E, sofre de doença bipolar. Numa recente viagem de ambos,
D agrediu E com violência, durante um momento de descompensação grave. E
apresentou queixa contra D, que se encontra, neste momento, a aguardar julgamento.
Qual julga ser a sanção mais justa aplicável a D em sede de decisão final.  Justifique a
sua resposta.
R: Houve à integridade física. É inimputável por anomalia psíquica, 20º, nº1. É preciso
verificar e perigosidade e se houver, aplica-se uma medida de segurança, artigo 91º e
seguintes (internamento de inimputáveis). Artigo 40º, nº3 (finalidades das penas e das
medidas de segurança).
2) D e E são namorados há vários anos, mantendo uma relação tensa e marcada por
muitas discussões, ciúmes e sentimento de posse. Durante a última discussão, D decidiu
terminar a relação, tendo comunicado ainda que partiria, no dia seguinte, para os EUA,
onde realizaria um estágio de investigação numa Universidade que lhe acenava até com
fortes possibilidades de contratação futura. E, com diagnóstico de doença mental há
vários anos, não suportou a rejeição e misturou calmantes e álcool, procurando esquecer
o momento que vivia. Quando D se preparava para embarcar no avião, E, num
comprovado surto psicótico, disparou cinco tiros que, atingindo D na cabeça e no tórax,
apesar de tudo não produziram a sua morte. E gritava, enquanto efetuava os disparos:
“Quem eu amo e não quer ficar comigo, não fica com mais ninguém!!!”
a) Diga em que termos poderá julgar-se E e qual a sanção que poderá ser-lhe aplicada.
Justifique a sua resposta.
R: Tentativa de homicídio. É inimputável por anomalia psíquica, 20º, nº1
(inimputabilidade em razão da anomalia psíquica). É preciso verificar e perigosidade e
se houver, aplica-se uma medida de segurança, artigo 91º e seguintes (internamento de
inimputáveis). Artigo 40º, nº3.
b) Quid iuris se o surto não foi comprovado e E planeou o crime desde o momento em
que foi rejeitado, inclusive a toma em simultâneo de medicamentos e álcool? Justifique.
R: Aplica-se o artigo 20º, nº4, ou se já no momento do acto, ele está imputável.
3) Pretendendo esquecer a dureza dos tempos difíceis do confinamento, que haviam
determinado, inclusivamente, a situação de lay off em que a sua empresa de encontrava,
no passado dia 20 de Abril, A embriagou-se completamente, pegando de seguida na sua
moto para um passeio pelas margens do Douro. Cerca de 2km depois do início do

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passeio, A não parou num sinal vermelho e atropelou B. Transportado para o
hospital, B acabou por ter de ser operado a uma perna, tendo havido necessidade de lhe
aplicar uma prótese no joelho. Quid iuris sobre a responsabilidade penal de A nesta
situação?
R: É a situação do artigo 295º (embriaguez e intoxicação). Também é preciso que
pratique um facto típico e ilícito. Ele também pode ser sancionado com uma medida de
segurança se verificarmos a sua perigosidade.

Casos práticos de aplicação da lei penal no tempo

Caso prático
A apresentou queixa ao MP contra a sua colega de quarto por esta se ter apropriados do
seu um colar de pérolas de valor não inferior a 10.000 euros. No final do inquérito, o
MP arquivou o processo visto que B se limitou-se a usar o colar numa festa sem se
apropriar do mesmo. A requereu a instrução, alegando que se provou que o colar foi
usado sem a sua autorização. Pediu que B fosse condenado por furto, uma vez que o
bem usado tem um valor equivalente aos dos objectos mencionados, no artigo 208º do
CP. Deverá o juiz de instrução fazer o despacho de prenuncia contra B?
R: Estou a aplicar a analogia. Não o posso punir. Não pode haver despacho por
prenuncia. Não existe norma.

Caso prático
A e B eram casados. Em 30 de Agosto de 2007 no meio de uma discussão, A desferiu
um tiro sobre B. B entrou em estado de coma e veio falecer no dia 25 de Setembro de
2007. Sabendo que em 15 de Setembro de 2007 entrou em vigor uma alteração ao
código penal pela qual o homicídio de cônjuge deixou de ser um homicídio simples
punido por pena de prisão de 8 a 16 anos e passou a ser um homicídio qualificado de 12
a 25 anos. Diga por qual das normas, terá sido A punido?
R: O momento em que actua, artigo 3º CP. O que interessa é o momento da conduta seja
por ação ou omissão. A lei que aparece a seguir é menos favorável, vai ser julgado por
pena de prisão de 8 a 16 anos, artigo 2º, nº4

Caso prático
1. Suponha que em Janeiro de 2019 A praticou o facto X, que constituía um crime. No
entanto, uma alteração ao CP de Julho desse ano passou a considerar que a conduta em
causa não é crime. A está hoje a ser julgado por aquele facto – qual a norma aplicar?
R: Artigo 3º (momento da prática do facto). O momento em que o agente actuou, o facto
constitui um crime. Aplica a pena respectiva. Artigo 2º, nº2, descriminalização. O
agente não tem de cumprir pena, vai ser absolvido.

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Caso prático
2. A, grávida de 8 semanas, saudável e por sua opção, em Outubro de 2006, procedeu a
uma interrupção da gravidez, realizada por um médico, num estabelecimento de saúde
oficial. Cometeu, por isso, um crime de aborto, punível com uma pena de prisão de 2 a
8 anos, nos termos do art. 140.º do CP. Sabendo que, na sequência do referendo e da Lei
n.º 16/2007, de 17 de Abril, o artigo 142.º, n.º 1, al. e) do CP, passou a prever que a
interrupção da gravidez não é punível se for realizada por opção da mulher nas
primeiras 10 semanas de gravidez:
a) Diga qual a lei a aplicar no julgamento de A, em Setembro de 2007, pelo crime de
aborto.
R: Artigo 3º. O momento do facto é quando pratica o aborto. Aplicamos o artigo 2º, nº2,
descriminalização. O agente não tem de cumprir pena, vai ser absolvido.
b) Suponha agora que a norma descriminalizadora só entrou em vigor no momento e
que A já tinha sido condenada com trânsito em julgado e já se encontrava a cumprir
uma pena de prisão de 3 anos. O que fazer?
R: Não vai cumprir pena apontada e daí cessa o cumprimento da pena, artigo 2º, nº2.

Caso prático
3. Em 2014, A e B cometeram em co-autoria o crime X. Suponha que nessa data tal
crime era punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. Perseguidos pelas autoridades,
só A foi encontrado e levado a julgamento, tendo B fugido para o estrangeiro. Em
2016, A foi condenado numa pena de prisão de 7 anos, não tendo interposto recurso. Em
2020 a pena aplicável ao crime cometido por A e por B passou a ser de prisão de 2 a 6
anos. Em 2020 B foi finalmente encontrado, julgado e condenado.
a) Por que lei deve B ser punido?
R: Artigo 3º, facto ocorrido em 2014. Artigo 2º, nº4.
b) Poderá A beneficiar do regime mais favorável da nova lei?
R: Vai cumprir até aos 6 anos. Artigo 2, nº4, parte final.
c) Mas imaginemos agora que B tinha afinal sido encontrado, julgado e condenado em
2019, numa pena de prisão de 3 anos. Poderá beneficiar, de algum modo, da
despenalização que entretanto se verificou?
R: 371º, a Código Processo penal. Abertura da audiência para aplicação retroactiva de
lei penal mais favorável. Se, após o trânsito em julgado da condenação mas antes de ter
cessado a execução da pena, entrar em vigor lei penal mais favorável, o condenado pode
requerer a reabertura da audiência para que lhe seja aplicado o novo regime.

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Caso prático
4. Em Abril de 2000, A foi encontrado com três embalagens de plástico transparente,
dentro das quais havia um pó creme que continha 0,41 gramas de heroína. Detinha tal
produto para consumo pessoal. Julgado a 30 de Outubro de 2000, A foi condenado pelo
crime de detenção de estupefacientes — previsto no nº 1 do art. 40º do Decreto-Lei nº
15/93, de 22 de Janeiro — na pena de 18 dias de multa, à taxa diária de
300$00. Insatisfeito, A recorreu da sentença. O Tribunal da Relação veio a decidir o
recurso em Setembro de 2001. Acontece que a 1 de Julho de 2001 entrou em vigor a Lei
nº 30/2000, de 29 de Novembro, que revogou o art. 40º do Decreto-Lei de 1993,
considerando contra-ordenação tanto o consumo como a aquisição e a detenção para
consumo próprio de drogas ilícitas. Qual deveria ser a decisão final do tribunal superior.
R: O facto é que A foi encontrado com três embalagens de plástico transparente. Artigo
2º, nº4. A alteração de 2007 não interferia no caso de transitada em julgado. Segundo
Figueiredo Dias aplica-se a condenação que é mais favorável. Segundo Taipa de
Carvalho, não se vai aplicar nada porque são ilícitos diferentes.

Caso prático
5. A Lei 1 punia o crime X com uma pena de prisão de 2 a 8 anos. Na vigência dessa
Lei, A cometeu o crime nela tipificado. Pouco tempo depois da prática do crime entrou
em vigor a Lei 2, que passou a punir esse facto com pena de prisão de 1 a 5 anos.
Acusada de ser demasiado branda, essa Lei 2 foi revogada e substituída pela Lei 3, que
voltou a punir o crime com pena de prisão de 2 a 8 anos. Supondo que A foi julgado na
vigência da Lei 3, diga qual a Lei aplicável.
R: Leis intermédias. O princípio da aplicação da lei mais favorável vale relativamente às
denominadas leis intermédias ou intermediárias. As leis intermédias são leis que
entraram em vigor posteriormente à prática do facto, e cessaram a sua vigência antes do
julgamento ou antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, quando a sentença
transita em julgado já há outra lei. Artigo 3º. Estando perante uma sucessão de leis,
vamos aplicar a lei 2. Artigo 2º, nº4.

Caso prático
6. Devido a uma grave crise económica, suponha que o Parlamento aprovou uma lei que
agravava a pena do crime de especulação. O crime de especulação era punido com pena
de prisão de até 3 anos e, com a nova lei (Lei 2) passou a ser punido com pena de prisão
de 7 a 10 anos. Esta Lei 2 fixava o seu próprio período de vigência entre 1 de Janeiro e
31 de Julho de 2020. Após o dia 31 de Julho de 2020 tornou a vigorar o regime anterior
ao dia 1 de Janeiro de 2020.
a) A cometeu um crime de especulação no dia 10 de Janeiro de 2020 e foi julgado no
dia 20 de Novembro de 2020. Qual a lei a aplicar?

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R: Não, porque estamos perante uma lei temporária que se caracteriza num estado
factual de excepção. Artigo 2º, nº3. A ultractividade da lei temporária.
b) Perante o mesmo caso, suponha agora que B praticou um crime de especulação no
dia 10 de Dezembro de 2019. Se a condenação ocorrer no dia 11 de Junho de 2020, qual
a lei aplicável?
R: Artigo 3º para a prática do facto. Artigo 2º, nº1. Princípio da retroatividade da lei
penal.
c) Imagine agora que devido às críticas que se fizeram ouvir, no sentido da demasiada
severidade do regime da Lei 2, que punia o crime de especulação com pena de prisão
de 7 a 10 anos, o Parlamento aprovou, no dia 1 de Fevereiro de 2020, uma nova lei (a
Lei 3) que também limitava a respectiva vigência até ao dia 31 de Julho de 2020, onde
se baixava a sanção para prisão de 3 a 5 anos. De novo se fez sentir a crítica, agora em
sentido inverso, falando-se da insuficiente severidade desta última disciplina. E no dia 1
de Março de 2020 entra em vigor um novo regime (a Lei 4), cuja vigência se continuava
a limitar até ao dia 31 de Julho de 2020, que estabelecia para a especulação a pena
de prisão de 5 a 7 anos. Após o dia 31 de Julho de 2020 tornou a vigorar o regime
anterior ao dia 1 de Janeiro de 2020. C cometeu um crime de especulação no dia 15 de
Janeiro de 2020 e foi julgado no dia 20 de Outubro de 2020. Qual a lei a aplicar?
R: Mera alteração da concepção do legislador. Vamos poder aplicar a mais favorável,
neste caso a lei 3.

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7. De Janeiro a Agosto de 2019, praticamente não choveu em Portugal. Para minorar os
efeitos da falta de pluviosidade, logo em Março desse ano o Parlamento votou uma lei
(Lei 1), que entrou em vigor no dia 1 de Abril e que punia, com prisão até 2 anos e
enquanto durasse a seca, a utilização da água dos serviços públicos em regadios
particulares. Como caiu alguma chuva em fins de Maio, o legislador, através de nova lei
(Lei 2), com início de vigência a 20 de Junho, diminuiu a pena prevista para tais
comportamentos, fixando-a em multa até 120 dias. Já em Dezembro e depois de ter
passado a seca, A está a ser julgado por ter utilizado água dos serviços públicos para
regar o seu pomar, no dia 20 de Abril de 2019. Qual a lei a aplicar?
R: O momento da prática do facto é 20 de Abril de 2019. É uma lei de emergência, o
período é apontado em termos de calendário ou em função da cessação de um certo
evento. Não de pode aplicar a mais favorável, houve uma alteração das circunstâncias.
Vamos aplicar a lei 1.

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8. A perseguiu B, atriz revelação de uma novela da TVI, de Abril de 2010 a Fevereiro
de 2011, aparecendo-lhe de surpresa nos estúdios de gravação, dando-lhe presentes,
comparecendo em todos os eventos públicos em que B participava, referindo-se-lhe
exaustivamente em publicações de Facebook e no seu blog “B – um amor para toda a
vida”. B, profundamente inquieta com toda esta situação, apresentou queixa contra A

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em Janeiro de 2011, mas o processo acabou arquivado na medida em que não foi
possível subsumir as condutas de A nem nos crimes contra a honra, nem nos crimes
contra a reserva da vida privada. Sabendo que, pela Lei 83/2015, de 5 de Agosto, o CP
português passou a prever, no seu artigo 154.º - A, o crime de “Perseguição”, diga se é
possível condenar, depois disso, A, pelos factos cometidos. Justifique.
R: O momento do facto praticado foi de Abril de 2010 a Fevereiro de 2011. Não posso
aplicar a nova lei, estaria a violar o princípio da retroatividade da lei penal.

Caso prático
9. Durante um período de grande perturbação nos transportes públicos, e por essa
circunstância, foi aprovada uma lei que punia com pena de prisão até seis meses quem
circulasse naqueles transportes sem bilhete para o efeito. A, indivíduo avesso a regras,
decidiu fazer uma viagem de Coimbra para Lisboa, no Intercidades, sem comprar
bilhete, passando toda a viagem a tentar esconder-se do responsável pela verificação dos
bilhetes, B.  Perto de Vila Franca de Xira, B encontra finalmente A e, depois de se
envolverem numa grande discussão, B faz A sair nesta estação. Seis meses depois,
quando a situação já é mais calma, é aprovada nova lei que vem agora punir a título
contraordenacional quem circule em transporte público sem bilhete para o efeito.
Sabendo que, no momento em que A é levado a julgamento, já está em vigor a lei nova,
diga se e como será punido A. Justifique a sua resposta.
R: Trata-se de uma lei temporária. De acordo com tal preceito, quando a lei valer para
um determinado período de tempo, continua a ser punível o facto praticado durante esse
período. As leis temporárias são editadas pelo legislador para vigorarem num tempo
determinado e definido, a motivação do legislador encontra-se na verificação fáctica de
circunstâncias anormais, excepcionais ou extraordinárias. Aplica-se a lei 1, porque se
deve a alteração de circunstâncias. A ultractividade da lei temporária.

Caso prático
10.  Em virtude de um período de sucessivas greves na CP, foi aprovada uma lei que
punia com pena de prisão até seis meses quem circulasse naqueles transportes sem
bilhete para o efeito. A decidiu, ainda assim, viajar num comboio para o qual já não
existiam bilhetes disponíveis e fazer, de pé, a viagem entre Coimbra e Braga. Três
meses depois foi aprovada uma nova lei, segundo a qual a circulação sem bilhete passou
a ser punida com pena de prisão de seis meses a um ano. Sabendo que, no momento em
que A é levado a julgamento, está em vigor a lei nova, diga como será punido A.
Justifique a sua resposta.
R: O facto foi praticado da vigência da primeira lei. É uma lei temporária. A segunda
também é uma lei temporária. Não houve alteração de circunstâncias. A sucessão lei
deve-se a uma mera concepção legislador. A lei mais favorável é a da prática do facto.

Caso prático

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11. A, de 25 anos, abusou sexualmente da sua vizinha B, de 5, durante o período em que
esta passou a viver apenas com a avó, na sequência da emigração dos seus pais. Os
factos remontam aos meses de Março, Abril e Maio de 2017. Julgado e condenado em
Dezembro de 2018, B cumpre, neste momento, pena de 9 anos de prisão. Supondo que o
legislador português tivesse aprovado uma lei, em Julho deste ano, segundo a qual o
crime em causa passaria, no máximo, a ser punido com uma pena de prisão até 7 anos,
diga em que termos poderá esta alteração influenciar a situação prisional de A.
Justifique.
R: 271º Código do Processo penal para fazer uma nova avaliação da sua pena. Vai
cumprir a pena dos 7anos. Artigo 2º, nº4 parte final.

Caso prático
12. Quid iuris se A, B e C, julgados e condenados respetivamente a 6, 12 e 14 anos de
prisão em 2014, vêem, hoje, o tipo legal de crime no qual foram subsumidas as suas
condutas ser alterado no sentido de prever como pena máxima 6 anos de prisão?
Justifique.
R: Vão todos sair, segundo o artigo 2º, nº4 parte final. Tem haver com a separação de
podres. Foi condenado por uma sentença devido a uma alteração de uma nova lei. Vão
todos sair ao final de 6 anos. Para o outro não tem vantagem. Os penalistas questionarão
a constitucionalidade. Não respeita um princípio de justiça para os demais condenados.

Caso prático
13. Quid iuris se A julgado e condenado a 3 anos de prisão em Janeiro último, vê, hoje,
o tipo legal de crime no qual foi subsumida a sua conduta desaparecer, por efeito de
uma descriminalização? Justifique.
R: Caso de descriminalização, artigo 2, nº2.

Caso prático
14. Em Abril de 2018 foi aprovada uma lei (1) segundo a qual passavam a ser punidos,
com pena de prisão até três anos, todos aqueles que ateassem fogueiras ao ar livre e em
zona de palha seca. Em Julho, a referida lei foi substituída por outra (2), passando
aquele comportamento a ser punido com pena de prisão até dois anos. Mas, em Agosto,
a pena de prisão passou para até quatro anos (3). Em Outubro, porém, uma quarta lei (4)
veio fixar para aquele mesmo comportamento, novamente, a pena de prisão até três
anos. B ignorou todos os avisos da protecção civil e resolveu fazer uma queimada no
seu quintal, com palha seca, no dia 3 de Junho de 2018. Supondo que B está hoje a ser
julgado, diga qual a lei aplicável ao caso. Justifique.
R: É uma lei normal. É uma sucessão de leis. Foi o legislador que decidiu criar uma
nova lei. O agente praticou durante a lei 1. Está a ser condenando pela lei 4. Vamos
aplicar a lei 2, é a mais favorável. Artigo 2º, nº4.

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Caso prático
15. Suponha que, em Abril de 2020, e tendo em conta a situação de pandemia que se
começara a viver, foi aprovada uma lei segundo a qual passou a ser punido com pena de
prisão até um ano “quem, intencionalmente, tossir sem máscara e num espaço fechado”.
Em Julho, e por causa do abrandamento da taxa de contágio, foi aprovada uma nova lei
pela qual aquele comportamento passou a ser punido com pena de multa. Em Outubro,
numa fase de novo aumento do número de casos de infectados em Portugal, foi
aprovada uma terceira lei, fixando como pena para aquela conduta prisão até 6 meses.
Todas as leis fixavam o seu período de vigência desde a data da publicação até ao final
da pandemia. A tossiu, sem máscara, dentro de uma sala de aula, no dia 8 de Maio de
2020 e está a ser julgado em Novembro deste mesmo ano. Qual a lei aplicável ao caso?
Justifique.
R: São leis de emergência. Temos uma sucessão de leis de emergências. Alteração de
circunstâncias. Vamos aplicar a lei 1 da prática do facto. Artigo 2º, nº3.

Casos práticos de aplicação da lei penal no espaço

Caso prático
1. Durante o mês de Agosto, A, casado com B, envenenou a mulher com intenção de a
matar durante as férias que gozavam no Funchal. Detido imediatamente pelas
autoridades, A foi acusado do crime de homicídio qualificado na forma tentada pois B
acabou por sobreviver. 
a) Sabendo que ambos são alemães, poderá A ser julgado pelos tribunais portugueses?
Será a lei penal portuguesa aplicável ao caso?
R: Facto praticado em Portugal por ação, artigo 7º.
b) E se, em vez disso, A enviou um manuscrito envenenado, ainda na Alemanha, para o
hotel onde se hospedaria com a mulher e com a indicação de que lhe fosse entregue no
segundo dia de estadia, o que veio a acontecer, tendo B, no entanto, ainda assim,
sobrevivido graças à rápida intervenção de um médico que se encontrava no mesmo
hotel? 
R: Artigo 7º, nº2. Princípio da territorialidade, artigo 4º, a.
Caso prático
2. A português viaja numa aeronave portuguesa com destino a Espanha. Após aterrar em
Madrid, A, ainda a bordo, agride B, espanhol, causando-lhe ofensas à integridade física
graves (art. 144º CP). Podem os tribunais portugueses julgar este facto?
R: Artigo 7º, facto praticado por ação. Artigo 4º, b, princípio do Pavilhão.

Caso prático
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3. A, espanhol, e B, portuguesa, comemoravam mais um aniversário de namoro, em
Paris, quando se envolveram numa violenta discussão, tendo B acabado por esbofetear
A com violência. Sabendo que ambos regressaram a Portugal dois dias depois do
episódio de violência, diga em que condições poderão os tribunais portugueses ser
competentes para julgar a situação.
R: Facto por ação em Paris, 7º. Artigo 5º, e, princípio da nacionalidade ativa. Artigo
nº6, aplica-se a lei que for mais favorável.

Caso prático
4. A, francês, cometeu 3 homicídios qualificados em França. A polícia francesa andava
à sua procura para o prender, mas A conseguiu fugir para Portugal. Sabe-se que as
vítimas são portuguesas e que em França o delinquente seria punido com pena de prisão
perpétua. Uma vez em Portugal, A pode ser julgado pelos tribunais portugueses?
R: Facto praticado em França por ação, artigo 7º, nº1. Fora de Portugal, vamos para o
artigo 5º. Princípio da nacionalidade, 5º, e. Será aplicada a lei portuguesa.

Caso prático
5. Na sequência de uma mega investigação, encontraram-se várias provas de que A,
português, residente no Líbano, se havia juntado a um grupo armado que projectava
vários ataques suicidas na Europa, revelando documentos dos Serviços Secretos
portugueses, relativos à salvaguarda da população em território nacional. Refira-se à
possibilidade de este ser punido pela lei penal portuguesa (art. 316.º - violação de
segredo de Estado)?
R: Artigo 7º, facto praticado no Líbano. Artigo 5º, a. Princípio da defesa dos interesses
nacionais. Artigo 6º, nº3. Lei penal portuguesa mesmo que não seja a Mais favorável.

Caso prático
6. A, realizador francês, mas residente em Portugal, viajou para França com o intuito de
concluir uma nova curta metragem. Nesta, usou B, jovem francesa de 14 anos. A voltou
para Portugal. Sabendo que a curta metragem em causa era de conteúdo pornográfico e
que a jovem B foi usada como protagonista, diga em que termos poderão os tribunais
portugueses julgar A pelo crime previsto e punível nos termos do artigo 176.º/1,b) do
CP. Justifique a sua resposta.
R: Artigo 7º, facto praticado em França. Artigo 5º, d, princípio da universalidade. Ver
os requisitos alternativos. A lei que for mais favorável, 6º, nº2.

Caso prático
7. A, americano, cometeu no seu país um crime punido com pena de morte e refugiou-se
em Portugal. Será a lei penal portuguesa aplicável a este caso? 

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R: Artigo 7º, facto praticado nos EUA. Artigo 5º, f, princípio da administração supletiva
da justiça penal. Julgar o agente em Portugal pela lei mais favorável, 6º nº2.

Caso prático
8. A bordo de uma aeronave espanhola e na sequência de um desentendimento durante o
voo, A, italiano, matou B, português. Assim que a aeronave aterrou em Madrid, A foi
detido pelas autoridades. Julgado e condenado em Espanha, A começou a cumprir a sua
pena de 10 anos de prisão em Março de 2012.
No passado mês de Dezembro, A, porém, conseguiu evadir-se da prisão, refugiando-se
num monte alentejano, propriedade de um amigo alemão.
Serão os tribunais portugueses competentes para julgar A?
Poderá a lei penal portuguesa aplicar-se ao caso?
R: Artigo 7º, facto não foi praticado em Portugal. Artigo 5º, e Princípio da
nacionalidade passiva, a vítima foi portuguesa. Artigo 6º, nº1 que remete para o artigo
82º.

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