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Universidade do Vale do Itajaí

Faculdade de Direito

3ª Fase – Direito Penal II (Parte Geral II)

Questões de Direito Penal – Teoria das Penal – Parte 01

TPI 01 - Provas: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase

Gilson, 35 anos, juntamente com seu filho Rafael, de 15 anos, em dificuldades


financeiras, iniciaram atos para a subtração de um veículo automotor. Gilson portava
arma de fogo e, quando a vítima tentou empreender fuga, ele efetua disparos contra
ela, a fim de conseguir subtrair o carro. O episódio levou o proprietário do automóvel a
falecer. Apesar disso, os agentes não levaram o veículo, já que outras pessoas que
estavam no local chamaram a Polícia. Descobertos os fatos, Gilson é denunciado pelo
crime de latrocínio consumado e corrupção de menores em concurso formal, sendo ao
final da instrução, após confessar os fatos, condenado à pena mínima de 20 anos pelo
crime do Art. 157, § 3º, do Código Penal, e à pena mínima de 01 ano pelo delito de
corrupção de menores, não havendo reconhecimento de quaisquer agravantes ou
atenuantes. Reconhecido, porém, o concurso formal de crimes, ao invés de as penas
serem somadas, a pena mais grave foi aumentada de 1/6, resultando em um total de 23
anos e 04 meses de reclusão. Considerando a situação narrada, o advogado de Gilson
poderia pleitear, observando a jurisprudência dos Tribunais Superiores, em sede de
recurso de apelação:
Gilson (35 anos) + Rafael (15 anos)
Rafael não responde por crime. Gilson: crime art 157§3º (20 anos) + corrupção de menores (1 ano)

a) a aplicação da regra do cúmulo material em detrimento da exasperação, pelo


concurso formal de crimes.
Concurso formal
b) a aplicação da pena intermediária abaixo do mínimo legal, em razão do (próprio)
reconhecimento da atenuante da confissão espontânea.

c) o reconhecimento da modalidade tentada do latrocínio, já que o veículo automotor


exasperação:
não foi subtraído. Pena: 23a 4m

d) o afastamento da condenação por corrupção de menor, pela natureza material do


delito.

Porém na aplicação da acumulação a pena


é mais benéfica para o agente: 21 anos
TPI 02 - João Ricardo encontra-se em meio a um tiroteio, na comunidade onde mora,
sem saber sequer quais são os tiros oriundos de organização criminosa e quais vêm de
autoridade policial. O mesmo, para se defender, com medo, se vale de sua arma e
permanece de tocaia, em sua pequena casa. Assim que vê um vulto correndo em sua
direção, dispara, pensando ser um delinquente que poderia matá-lo. Mas ao invés
disso, era seu primo, Bernardo, que corria para também se salvar. Bernardo, após o
disparo, sobrevive, mas sofre lesões corporais graves. Nesta hipótese, a conduta de
João Ricardo incorre na hipótese de:

A – Aberratio Criminis

B – Aberratio Ictus

C – Error in Persona

D – Erro de Proibição

E – Aberratio Causae

TPI 03 - Carlos Augusto é um atirador sanguinário profissional. O mesmo é contratado


para dar cabo à vida de Raquel. O mesmo, a mais de 100 metros de distância, com seu
fuzil de precisão, dispara perfeitamente em direção ao estômago de Raquel. Porém, por
conta de poucos segundos de diferença, o marido de Raquel, Neimar, vem a tropeçar
na frente de Raquel. Com isso, o tiro, ao invés de acertar a barriga de Raquel, vem a
atingir a cabeça de Neimar, que cai ao chão morto. Raquel resta ilesa.

Nesta hipótese, caracterize a conduta de Carlos Augusto:

A – Trata-se de tentativa de homicídio em face de Raquel, somente.

B – Trata-se de tentativa de homicídio de Raquel e homicídio consumado de Neimar.

C – Trata-se de somente homicídio consumado de Neimar.


ABERRATIO ICTUS ART 73
D – Trata-se de Lesões corporais culposas seguidas de morte de Neimar.

TPI 04 - Silvério, em um protesto de natureza política, fica empolgado e violento.


Então, ele tem a infeliz ideia de quebrar a vitrine de uma loja que, para o mesmo,
representa de um sistema capitalista opressor em sua realidade local. Ele se vale de
uma lajota que estava solta na rua e atira a mesma contra a vitrine. Porém, o mesmo,
não obstante quebrar a vitrine, acerta Alessandra, funcionária que estava trabalhando
no fechamento de caixa; sendo que Silvério nem tinha percebido que tinha gente
trabalhando na loja, que estava fechada. Nesta hipótese, Silvério responde por:

A – Dano, somente.

Art 74: responde pelo o quis e pelo o que não


quis, se houver culpa.
B – Lesões Corporais Culposas, somente.

C – Lesões Corporais na modalidade dolosa, somente.

D – Lesões Corporais Culposas e Dano. = certa

E – Lesões Corporais na modalidade dolosa e Dano.

TPI 05 - Maria Augusta entra em discussão, em casa noturna, com conhecida sua,
Isabel, alegando que a mesma teria se insinuado para seu ex-namorado Alessandro.
Em meio à discussão, Clarice desponta em defesa de Isabel, mas Maria Augusta não se
preocupa com Clarice e continua a brigar com Isabel. Em determinado momento,
Maria Augusta, movida por intensa raiva, desfere um golpe com sua pesada bolsa
sobre Isabel. E eis que, no mesmo movimento a pesada bolsa acerta não só Isabel, mas
também Clarice, o que não era objetivo de Maria Augusta. Isabel e Clarice, em função
da pancada, desmaiam e vão ao chão. Nesta hipótese, Maria Augusta responde por:

A – Lesões corporais dolosas em face de Isabel, sendo sua pena aumentada de um


sexto até a metade por ter atingido também Clarice. = concurso formal próprio

B – Lesões corporais dolosas em face de Isabel e lesões corporais culposas em face de


Clarice, devendo as penas serem cumuladas.

C – Lesões corporais dolosas em face de ambas, já que havia consentimento tácito e,


consequentemente, soma de duas penas relativas a lesões corporais.

D – Lesões corporais culposas em face de Clarice, mas nenhuma lesão corporal em face
de Isabel, tendo em vista estar em estado de necessidade.

E – Lesões corporais culposas em face de Clarice, mas nenhuma lesão corporal em face
de Isabel, tendo em vista ter agido em legítima defesa.

TPI 06 - CESPE – DPE-RN – Defensor – 2015 – Em cada uma das seguintes opções, é
apresentada uma situação hipotética relativa ao concurso de crimes, seguida de uma
assertiva a ser julgada. Assinale a opção que apresenta assertiva correta de acordo com
a legislação penal e a jurisprudência do STJ:

A – No interior de um ônibus coletivo, Sérgio subtraiu, com emprego de grave ameaça,


os aparelhos celulares de cinco passageiros, além do dinheiro que o cobrador portava.
Nesta situação, como houve violação de patrimônios distintos, Sérgio praticou crime
de roubo simples em concurso material. = crime continuado
B – Plínio praticou um crime de latrocínio (previsto no art. 157, § 3º, parte final, do CP)
no qual houve uma única subtração patrimonial, com desígnios autônomos e com dois
resultados mortes (vítimas). Nessa situação, Plínio praticou o crime de latrocínio em
concurso formal impróprio, disposto no art. 70, caput, parte final, do CP, no qual se
aplica a regra do concurso material, de forma que as penas devem ser aplicadas
cumulativamente.

C – Túlio, em um mesmo contexto fático, praticou, com uma menor impúbere de treze
anos de idade, sexo oral (felação), além de cópula anal e conjunção carnal. Nessa
situação, Túlio perpetrou o crime de estupro de vulnerável em concurso material. = concurso formal

D – Zélio foi condenado pela prática de crimes de roubo e corrupção de menores em


concurso formal, submetidos em continuidade delitiva. Nessa situação, na dosimetria
da pena aplicar-se-ão cumulativamente as regras do concurso formal (art. 70 do CP) e
da continuidade delitiva (art. 71 do CP).

E – Múcio, mediante grave ameaça exercida com o emprego de arma de fogo, subtraiu
bens pertencentes a Bruna e, ainda, exigiu dela a entrega de cartão bancário e senha
para a realização de saques. Nessa situação, Múcio praticou, em concurso formal, os
crimes de roubo circunstanciado e extorsão majorada. material

TPI 07 - Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase

Bruna compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima de um crime de ameaça, delito
este de ação penal pública condicionada à representação, que teria sido praticado por
seu marido Rui, em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher. Disse,
ainda, ter interesse que seu marido fosse responsabilizado criminalmente por seu
comportamento.

O procedimento foi encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em


face de Rui pela prática do crime de ameaça (Art. 147 do Código Penal, nos termos da
Lei nº 11.340/06). Bruna, porém, comparece à Delegacia, antes do recebimento da
denúncia, e afirma não mais ter interesse na responsabilização penal de seu marido,
com quem continua convivendo. Posteriormente, Bruna e Rui procuram o advogado
da família e informam sobre o novo comparecimento de Bruna à Delegacia.

Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que

Retratação de violência doméstica somente perante o juiz

certa= a) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é irrelevante e


não poderá ser buscada proposta de suspensão condicional do processo.

b) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é válida e


suficiente para impedir o recebimento da denúncia.
c) não cabe retratação do direito de representação após o oferecimento da denúncia;
logo, a retratação foi inválida.

d) não cabe retratação do direito de representação nos crimes praticados no âmbito de


violência doméstica e familiar contra a mulher, e nem poderá ser buscada proposta de
transação penal.

TPI 08 - 2018 Banca: CESPE Órgão: MPE-PI Prova: CESPE - 2018 - MPE-PI - Analista
Ministerial - Área Processual
Durante uma festa, após desentendimentos entre Carlos e Miro, este proferiu
xingamentos racistas contra aquele, o que levou Carlos a empurrar seu agressor, que
caiu em uma mesa de vidro. Com o forte impacto, a mesa se despedaçou
completamente e seus cacos causaram cortes profundos por todo o corpo de Miro. Os
convidados ligaram para a polícia e para o corpo de bombeiros: Carlos foi preso em
flagrante e Miro foi encaminhado ao hospital, onde ficou internado por cinco dias, com
risco de morte; passou por procedimentos cirúrgicos e, posteriormente, teve de ficar
afastado de sua atividade laboral por trinta e dois dias. O Ministério Público
denunciou Carlos por lesão corporal de natureza grave.
Nessa situação hipotética,o crime praticado por Carlos é de ação penal pública
condicionada à representação.

• Certo
• Errado = lesão corporal grave não precisa de representação para o MP iniciar a ação penal

TPI 09 - CESPE – TJ-PB 2015, Juiz Substituto, ADAPTADA:

André, vítima de injúria supostamente perpetrada por Bruno, encaminhou, ao


autor do fato, correspondência assinada na qual expressava seu perdão. Bruno, por sua
vez, juntou, aos autos de processo criminal pertinente a essa injúria, uma petição em
que informava o teor da carta e a sua disponibilidade em aceitar o perdão concedido
por André. No entanto, a vítima não se manifestou expressamente sobre o tema nos
autos do referido processo. Nessa situação, o juiz não poderá extinguir a punibilidade,
já que André não expressou o perdão por meio de ato processual.

Certo

Errado = forma livre, art 104 e 105

TPI 10 – Ricardo desfere uma série de socos em pontapés em seu desafeto, Demétrio,
em um bar logo após o mesmo lhe ter derramado vodka em sua recém adquirida
camisa de grife. Por conta destas agressões, Demétrio resta impossibilitado de
trabalhar por mais de 30 dias. Nesta situação:

A – Há o cometimento de vários crimes e lesões corporais.


B – É aplicável o sistema da exasperação.

C – É aplicável o sistema do cúmulo material.

D – Ricardo deve responder por uma única conduta de lesões corporais.

E – Tendo em vista os atos terem sido contínuos, há continuidade delitiva, logo,


aplicam-se as regras do crime continuado.

TPI 11 – João Gilberto fora ofendido, através de redes sociais, pelos três demais
membros da banda musical que os mesmos formaram. Os três membros, Paulo, Darci e
Jorge, afirmaram, em gravação de áudio coletiva, que a voz de João Gilberto era
horrível especialmente após determinado horário, entre outras ofensas à reputação de
João Gilberto. Com isso, fora desfeita a banda e João Gilberto decide apresentar queixa-
crime em face de todos, mas meses depois opta por realizar carreira duo com Jorge,
com quem restabeleceu excelentes relações.

Nesta hipótese:

A – Optar por seguir carreira artística com Jorge implica em perdão tácito, que poderá
ser aproveitado em relação aos demais. = art 104 parágrafo único

B – Optar por seguir carreira artística não implica em perdão, tendo em vista o viés
econômico da atividade, que tem caráter indenizatório.

C – Tendo em vista já ter sido apresentada a queixa, não há possibilidade de retratação;


logo, o processo deve tramitar normalmente.

D – Deve João Gilberto, por questão de equidade, possibilitar o restabelecimento de


relações para com os outros membros, para somente então optar por manter, ou não, o
trâmite da ação penal.

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