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781-39
SUMÁRIO
PPMG ............................................................................................................................. 2
Direito Penal – Parte Especial .................................................................................... 2
Crimes Contra a Pessoa ......................................................................................... 2
Gabarito ..................................................................................................................... 7
Gabarito Comentado ................................................................................................ 8
Crimes Contra a Pessoa ......................................................................................... 8

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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PPMG
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
CRIMES CONTRA A PESSOA

1. DP384 (VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos - SP - Guarda


Municipal)

Com relação aos crimes contra a pessoa, previstos no Código Penal, é correto
afirmar que

a) o homicídio praticado contra parente consanguíneo até terceiro grau da


esposa será considerado violência doméstica em razão dess a condição.
b) a lesão corporal praticada contra o cônjuge do Guarda Civil Municipal, em
razão dessa condição, terá a pena aumentada.
c) crime doloso contra a vida de mulher é feminicídio e contra a vida do homem
é homicídio.
d) a omissão de socorro é considerada um crime essencialmente doloso que,
excepcionalmente, admite a modalidade culposa.
e) violência doméstica é crime doloso contra a vida ou a integridade
exclusivamente da esposa em razão dessa condição.

2. DP502 (Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TJ-MS)

Quanto aos crimes contra a honra, correto afirmar que

a) não constitui difamação ou calúnia punível a ofensa irrogada em juízo, na


discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.
b) cabível a exceção da verdade na difamação e na injúria.
c) há isenção de pena se o querelado, antes da sentença, se retrata
cabalmente da difamação ou da injúria.
d) a ação penal é pública incondicionada na injúria com preconceito.
e) possível a propositura de ação penal privada no caso de servidor público
ofendido em razão do exercício de suas funções.

3. DP503 (VUNESP - 2017 - Câmara de Porto Ferreira - SP - Procurador Jurídico)

Mévio, Caio e Tício são amigos de infância. Mévio, desempregado há seis meses,
não consegue mais arcar com as despesas do tratamento do filho, portador de
paralisia cerebral. Diante do desespero de Mévio, Caio e Tício decidem ajudar. Os
dois propuseram a Mévio furtar o estabelecimento comercial de Tician a, prima de
Tício. Mévio, inicialmente, rechaçou a ideia. Mas, diante do sofrimento do filho,
concordou. Exigiu, contudo, que ninguém utilizasse arma de fogo. No dia

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combinado para a execução do furto, Caio, com medo, desistiu de participar.
Mévio e Tício decidem dar prosseguimento ao plano. Logo que ingressaram no
local, depararam-se com Ticiana que, justamente naquele dia, ficou na loja,
mesmo após o fechamento. Diante da reação de Ticiana, que gritou, Tício sacou
de arma de fogo e disparou contra ela, que morreu. Tício e Mévio fogem, sem nada
levar. Mévio, contudo, no dia seguinte, decide se entregar à Polícia e tudo revela.
Encerrada a investigação, Caio, Mévio e Tício são denunciados por latrocínio
consumado (art. 157, § 3º , CP).

Diante do caso hipotético, assinale a alternativa correta.

a) Mévio e Tício não praticaram o crime de latrocínio, pois não subtraíram


qualquer objeto do estabelecimento comercial.
b) Caio, por ter participado do ajuste e instigação, deve ser responsabilizado
pelo crime de latrocínio. Por se tratar de participação de menor importância,
faz jus a punição diminuída.
c) Mévio, por ter anuído apenas com a prática de crime menos grave, inclusive
desconhecendo que Tício portava arma de fogo, deverá ser punido com as
penas deste.
d) Tício, por ter relação de parentesco com a vítima Ticiana, e tratando -se de
imputação de crime contra o patrimônio, poderá ter a pena diminuída, de
um sexto a um terço.
e) Caio, por ter participado do ajuste e instigação para a prática de crime
menos grave, deverá ser punido com as penas deste.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


4. DP501 (VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia)

A respeito de crimes contra o patrimônio, é correto afirmar que

a) dano simples praticado pelo agente contra seu tio, com quem n ão coabita,
este com cinquenta e um anos de idade, somente se proceder á mediante
representação.
b) apropriação indébita praticado pelo agente contra seu cônjuge, este com
cinquenta e nove anos de idade, separado judicialmente, somente se
procederá mediante representação.
c) estelionato praticado pelo agente contra seu irmão, este com cinquenta e
cinco anos de idade, somente se procederá mediante queixa.
d) alteração de limites praticado pelo agente contra seu sobrinho, com quem
coabita, este com cinquenta anos de idade, será isento de pena.
e) extorsão praticado pelo agente contra seu pai, este com cinquenta e oito
anos de idade, será isento de pena.

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5. DP500 (SELECON - 2020 - Prefeitura de Boa Vista - RR - Guarda Civil Municipal)

Towarde Lennon é considerado culpado pela prática do crime de roubo


capitulado no Código Penal. Nos termos das normas aplicáveis, sua pena será
acrescida de dois terços quando:

a) houver o concurso de duas pessoas


b) a vítima permanecer em poder do acusado
c) a subtração for de explosivos
d) a violência é exercida com arma de fogo

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

6. DP454 (VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia)

Sobre os delitos de falsidade documental, é correto afirmar que

a) o cartão de crédito, embora possua natureza de documento particular, é


equiparado, para tipificação penal, a documento público.
b) o crime de Uso de Documento Falso admite a modalidade culposa.
c) para os efeitos penais, equipara-se a documento público o testamento
particular.
d) o crime de Falsidade de Atestado Médico pode ser praticado por qualquer
pessoa, ainda que sem o concurso necessário de um médico.
e) para os efeitos penais, as ações de sociedade comercial são consideradas
documentos particulares.

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA


7. DP497 (FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto)

Quanto aos crimes contra a fé pública,

a) compete à Justiça Estadual comum processar e julgar civil denunciado pelos


crimes de falsificação e de uso de documento público falso quando se tratar
de Carteira de Habilitação de Amador, ainda que expedida pela Marinha
do Brasil.
b) há sempre concurso entre os crimes de falsificação de documento público e
estelionato, segundo entendimento do sumulado do Superior Tribunal de
Justiça.

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c) configura crime de falsificação de documento particular o ato de falsificar,
no todo ou em parte, testamento particular, duplicata e cart ão bancário de
crédito ou débito.
d) atípica a conduta de, em situação de autodefesa, atribuir-se falsa
identidade perante autoridade policial.
e) inadmissível proposta de suspensão condicional do processo no crime de
falsidade ideológica de assentamento de registro civil.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

8. DP498 (SELECON - 2019 - Prefeitura de Niterói - RJ - Guarda Civil Municipal)

Perpétuo, agente fiscal do município XXT, desvia, em proveito próprio, os valores


decorrentes do pagamento do IPTU sob sua responsabilidade. Nesse caso, de
acordo com as regras pertinentes aos crimes praticados contra a Administra ção
Pública previstos no Código Penal ocorre, em tese, o crime de:

a) corrupção
b) peculato
c) exação
d) falsidade
e) prevaricação

9. DP499 (VUNESP - 2018 - TJ-SC - Juiz Leigo

A respeito dos crimes praticados em detrimento da administração pública, assinale


a alternativa correta.

a) São crimes próprios de funcionários públicos o de concussão, o de peculato


e o de tráfico de influência.
b) O crime de facilitação de contrabando ou descaminho pode ser praticado
por particular, individualmente ou em concurso de agentes com o
funcionário público.
c) O crime de advocacia administrativa, para restar caracterizado, exige a
qualidade de advogado do sujeito ativo.
d) No crime de corrupção ativa, incidirá causa de aumento da pena ao sujeito
ativo, na hipótese de o funcionário omitir ou retardar ato de ofício.
e) O funcionário público que, por recebimento de vantagem ilícita, de qualquer
natureza, deixa de responsabilizar subordinado que praticou ato il ícito
comete crime de condescendência criminosa.

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10. DP449 (VUNESP - 2020 - Câmara Municipal de Pindorama - SP - Procurador
Jurídico)

Considere a seguinte situação hipotética: o servidor municipal X tem sob sua


responsabilidade R$ 2.000,00 (dois mil reais) mensais destinados ao abastecimento
de cinco veículos oficiais do setor que coordena; entretanto, em janeiro último,
utilizou, parte desse montante, R$ 300,00 (trezentos reais), para o conserto de duas
impressoras a laser, um computador e o bebedouro, utilizados por todos que ali
exercem suas funções. Diante disso, a conduta do servidor municipal X configura

a) peculato culposo.
b) excesso de exação.
c) peculato.
d) emprego irregular de verbas ou rendas públicas.
e) advocacia administrativa.

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GABARITO

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GABARITO COMENTADO
CRIMES CONTRA A PESSOA
1. DP384 (VUNESP - 2020 - Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos - SP - Guarda
Municipal)

Com relação aos crimes contra a pessoa, previstos no Código Penal, é correto
afirmar que

a) o homicídio praticado contra parente consanguíneo até terceiro grau da


esposa será considerado violência doméstica em razão dessa condição.
b) a lesão corporal praticada contra o cônjuge do Guarda Civil Municipal, em
razão dessa condição, terá a pena aumentada.
c) crime doloso contra a vida de mulher é feminicídio e contra a vida do
homem é homicídio.
d) a omissão de socorro é considerada um crime essencialmente doloso que,
excepcionalmente, admite a modalidade culposa
e) violência doméstica é crime doloso contra a vida ou a integridade
exclusivamente da esposa em razão dessa condição.

Gabarito: B

A questão apresenta alguns dos crimes contra a vida, previstos no Código Penal,
assim como o delito de omissão de socorro.

b) CORRETA. A assertiva B está correta, uma vez que se trata de lesão corporal
praticada contra cônjuge de guarda civil municipal . Em razão dessa condição,
sofrerá o aumento de pena decorrente do artigo 129, §12 do Código Penal:

Art. 129, § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade


ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a
dois terços.

Vale ressaltar que os guardas civis municipais integram o rol do art. 144,
notadamente por estarem previstos no §8º do menc ionado dispositivo:

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais


destinadas à proteção de seus bens, serviços e
instalações, conforme dispuser a lei.

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a) INCORRETA. A assertiva “A” está incorreta, pois apenas é considerado
feminicídio o homicídio praticado na forma do art. 121, §2º-A do Código Penal:

§ 2 o -A Considera-se que há razões de condição de sexo


feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Desta forma, o homicídio praticado contra um parente de determinada mulher não


será considerado como homicídio praticado com violência doméstica porque
trata-se apenas de uma relação de parentesco.

Ademais, para que reste configurado o feminicídio, é necessário q ue a vítima seja


mulher e que o delito seja motivado por questão de gênero, envolvendo violência
doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação por causa da condição de
mulher.

Quanto ao tema, o artigo 7º da Lei nº 11.340/06 traz um rol exemplificativ o do que


pode ser reconhecido como violência doméstica e familiar contra a mulher:

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra


a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta
que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, violação de sua intimidade,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir
ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação;

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III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta
que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de
relação sexual não desejada, mediante intimidação,
ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez,
ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou
anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer
conduta que configure retenção, subtração, destruição
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta
que configure calúnia, difamação ou injúria.

c) INCORRETA. A alternativa está incorreta porque para restar configurado, o


feminicídio não configura apenas a condição de mulher, devendo haver uma das
circunstâncias previstas no artigo 121, §2º -A do Código Penal:

§ 2 o -A Considera-se que há razões de condição de sexo


feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Além disso, não há entendimento doutrinário ou jurisprudencial que adote a


terminologia “homicídio” apenas quando o sujeito passivo for um homem.

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d) INCORRETA. O crime de omissão de socorro não admite a modalidade culposa,
pois o artigo 135 não prevê a possibilidade da punição desse delito se for praticado
com culpa:

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível


fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos,
o socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da


omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.

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Em razão do princípio da excepcionalidade do crime culposo, apenas será punido
a título de culpa os crimes que expressamente preve em tal possibilidade, nos
termos do art. 18, parágrafo único do Código Penal :

Art. 18, Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,


ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,
senão quando o pratica dolosamente.

e) INCORRETA. A assertiva está incorreta pelos motivos que serão expostos a seguir:

Inicialmente, a “violência doméstica”, por si só, não é um crime doloso contra a


vida, e sim uma das razões que podem tornar o crime de homicídio qualificado,
nos termos do artigo 121, §2º, VI c/c §2º-A:

Art. 121. Matar alguém:

§ 2° Se o homicídio é cometido:

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo


feminino:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

§ 2 o -A Considera-se que há razões de condição de sexo


feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

Ademais, o feminicídio não é necessariamente praticado apenas contra a esposa


do agente, podendo figurar como vítima qualquer mulher, desde que o delito seja
praticado com violência doméstica e familiar ou que haja menosprezo ou
discriminação à condição de mulher (art. 121, §2º-A do Código Penal).

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2. DP502 (Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TJ-MS)

Quanto aos crimes contra a honra, correto afirmar que

a) não constitui difamação ou calúnia punível a ofensa irrogada em juízo, na


discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.
b) cabível a exceção da verdade na difamação e na injúria.
c) há isenção de pena se o querelado, antes da sentença, se retrata
cabalmente da difamação ou da injúria.
d) a ação penal é pública incondicionada na injúria com preconceito.
e) possível a propositura de ação penal privada no caso de servidor público
ofendido em razão do exercício de suas funções.

Gabarito: E

A questão versa sobre os crimes contra a honra e suas disposições legais.

e) CORRETA – De fato, há a possibilidade de ser proposta ação penal privada no


caso de servidor público ofendido em razão do exercício de suas funções .

Essa hipótese é prevista na súmula n° 714 do STF, concluindo que o ofendido tem
legitimidade concorrente para propor ação penal por crime contra a honra de
servidor público em razão do exercício de suas funções.

Embora a regra seja o que preconiza o art. 145, § único, do CP, que no caso de
crime contra honra de funcionário público, a ação penal deverá ser precedida
mediante representação do ofendido, poderá haver a legitimidade concorrente
conforme já mencionado na súmula editada pelo STF .

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se


procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art.
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
deste Código, e mediante representação do ofendido, no
caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
§ 3 o do art. 140 deste Código.

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a) ERRADA – Na verdade, quando ocorrer ofensa irrogada em juízo na discussão da
causa, pela parte ou por seu procurador, não será o caso de difamação ou injúria,
mas poderá constituir o crime de calúnia, conforme disposto no art. 142, inciso I,
do CP.

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:


I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
parte ou por seu procurador;

b) ERRADA – Ao contrário do que afirma a assertiva, apenas é cabível a exceção


da verdade na difamação quando o ofendido for funcionário público e a ofensa
for relacionada ao exercício das funções, nos termos do art. 139 do CP. Em relação
à injúria, não há previsão expressa sobre o tema.

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à


sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.

Também é válida a exceção da verdade na calúnia, conforme previsto no art. 138,


§ 3°, do CP.

Art. 138, CP. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente


fato definido como crime:
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada,
o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;

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II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas
no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

A exceção da verdade consiste em “um meio de defesa indireto por meio do qual
se busca provar a veracidade da imputação” 1.

Ressalta-se que de acordo com lição doutrinária, a exceção da verdade é a


faculdade atribuída ao suposto autor do crime de calúnia ou de difamação ao
demonstrar que, efetivamente, os fatos narrados por ele são verdadeiros,
afastando-se, portanto, com essa comprovação, a infração penal atribuída a ele 2.

1 Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Editora Juspodivm, 2020.
2GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, volume II: introdução à teoria geral da parte especial:
crimes contra a pessoa / Rogério Greco. – 14. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2017.

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c) ERRADA – Na verdade, a retratação é cabível apenas nos crimes de calúnia e
difamação, haja vista que o bem jurídico protegido é a honra objetiva da vítima.
Diferentemente da injúria, a qual o bem jurídico protegido é a honra subjetiva.

Assim, de acordo com o artigo 143, do Código Penal, o querelado que, antes da
sentença, retrata-se cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata


cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
pena.

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Frisa-se que, conforme previsto no parágrafo único do artigo 143 do Código Penal,
caso os crimes de calúnia ou difamação tenham sido proclamados em meios de
comunicação, o ofendido poderá exigir que a retratação deverá ser realizada
pelos mesmos meios em que a ofensa foi praticada.

Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha


praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios
de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar
o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a
ofensa.

Nesse sentido, tem-se julgado:

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d) ERRADA – Na verdade, o crime de injúria preconceituosa, previs to no art. 140, §
3°, do CP, é de ação penal pública condicionada à representação do ofendido,
nos termos do art. 145, § único, do CP.

Art. 140, CP. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade


ou o decoro: [...]
§ 3 o Se a injúria consiste na utilização de elem entos
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se


procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art.
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
deste Código, e mediante representação do ofendido, no
caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
§ 3 o do art. 140 deste Código.

Vale mencionar o procedimento quanto aos demais crimes contra a honra.


Vejamos:

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3. DP503 (VUNESP - 2017 - Câmara de Porto Ferreira - SP - Procurador Jurídico)

Mévio, Caio e Tício são amigos de infância. Mévio, desempregado há seis meses,
não consegue mais arcar com as despesas do tratamento do filho, portador de
paralisia cerebral. Diante do desespero de Mévio, Caio e Tício decidem ajudar. Os
dois propuseram a Mévio furtar o estabelecimento comercial de Tician a, prima de
Tício. Mévio, inicialmente, rechaçou a ideia. Mas, diante do sofrimento do filho,
concordou. Exigiu, contudo, que ninguém utilizasse arma de fogo. No dia
combinado para a execução do furto, Caio, com medo, desistiu de participar.
Mévio e Tício decidem dar prosseguimento ao plano. Logo que ingressaram no
local, depararam-se com Ticiana que, justamente naquele dia, ficou na loja,
mesmo após o fechamento. Diante da reação de Ticiana, que gritou, Tício sacou
de arma de fogo e disparou contra ela, que morreu. Tício e Mévio fogem, sem nada
levar. Mévio, contudo, no dia seguinte, decide se entregar à Polícia e tudo revela.
Encerrada a investigação, Caio, Mévio e Tício são denunciados por latrocínio
consumado (art. 157, § 3º , CP).

Diante do caso hipotético, assinale a alternativa correta.

a) Mévio e Tício não praticaram o crime de latrocínio, pois não subtraíram


qualquer objeto do estabelecimento comercial.
b) Caio, por ter participado do ajuste e instigação, deve ser responsabilizado
pelo crime de latrocínio. Por se tratar de participação de menor importância,
faz jus a punição diminuída.
c) Mévio, por ter anuído apenas com a prática de crime menos grave, inclusive
desconhecendo que Tício portava arma de fogo, deverá ser punido com as
penas deste.
d) Tício, por ter relação de parentesco com a vítima Ticiana, e tratando -se de
imputação de crime contra o patrimônio, poderá ter a pena diminuída, de
um sexto a um terço.
e) Caio, por ter participado do ajuste e instigação para a prática de crime
menos grave, deverá ser punido com as penas deste.

Gabarito: C

A questão refere-se à hipótese de crime de latrocínio e suas disposições legais.

c) CORRETA – De fato, Mévio, ao ter anuído apenas com a prática de crime menos
grave, por desconhecer que Tício portava arma de fogo, deverá ser
responsabilizado com as penas deste, nos termos do art. 29, § 2°, do CP.

Neste caso, trata-se da cooperação dolosamente distinta, que ocorre quando um


dos concorrentes quis praticar crime menos grave.

Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime


menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será

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aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.

a) ERRADA – Por mais que os agentes Mévio e Tício não tenham levado nenhum
objeto do local, não descaracteriza o crime de latrocínio, uma vez que suas
intenções eram de subtrair o patrimônio da vítima, agindo assim com dolo de
praticar a conduta de subtração. Portanto, aplica -se a súmula n° 610 do STF ao
caso.

Súmula n° 610 do STF: Há crime de latrocínio , quando o


homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.

b) ERRADA – Caio não será responsabilizado, pois a conduta é considerada atípica,


já que desiste do crime antes de ter praticado os atos executórios. Além disso,
ressalta-se que, em regra, os atos preparatórios não são puníveis.

A preparação é a etapa em que o agente busca criar as condições para a prática


do crime.

Por exemplo, quando o indivíduo adquire a arma de fogo


para cometer um homicídio.

Como já mencionado, os atos preparatórios não são puníveis, mas há exceção.


Conforme Jamil Chaim Alves leciona 3, o legislador optou por antecipar a punição,
tipificando atos preparatórios como crime autônomo.

Segundo o autor, são chamados de crimes-obstáculo, destinados a evitar lesões


mais graves aos bens jurídicos protegidos, por exemplo, a associação criminosa
(art. 288 do CP) e petrechos para falsificação de moeda (art. 291 do CP).

3 Alves, Jamil Chaim. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 369

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d) ERRADA – Na verdade, não há que se falar em benefício de redução de pena,
mesmo que o agente tenha relação de parentesco com a vítima, pois esse fato
não é uma circunstância que agrava nem uma causa de diminuição de pena,
como afirmado na assertiva.

e) ERRADA – Como já mencionado nas alternativas anteriores, Caio não será


responsabilizado, pois trata-se de uma conduta atípica, já que desiste do crime
antes de os atos executórios serem praticados. Além disso, ressalta-se que, em
regra, os atos preparatórios não são puníveis.

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

4. DP501 (VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia)

A respeito de crimes contra o patrimônio, é correto afirmar que

a) dano simples praticado pelo agente contra seu tio, com quem n ão coabita,
este com cinquenta e um anos de idade, somente se proceder á mediante
representação.
b) apropriação indébita praticado pelo agente contra seu cônjuge, este com
cinquenta e nove anos de idade, separado judicialmente, somente se
procederá mediante representação.
c) estelionato praticado pelo agente contra seu irmão, este com cinquenta e
cinco anos de idade, somente se procederá mediante queixa.
d) alteração de limites praticado pelo agente contra seu sobrinho, com quem
coabita, este com cinquenta anos de idade, será isento de pena.
e) extorsão praticado pelo agente contra seu pai, este com cinquenta e oito
anos de idade, será isento de pena.

Gabarito: B

A questão trabalha com entendimento a respeito das escusas absolutórias (art. 181
do CP) e das imunidades relativas (art. 182 do CP) aplicáveis aos crimes contra o
patrimônio, bem como suas exceções (art. 183 do CP).

b) CORRETA – De fato, o crime de apropriação indébita praticado pelo agente


contra seu cônjuge, este com 59 anos de idade, separado judicialmente, está
abrangido pela imunidade relativa, de modo que, somente se proceder á mediante
representação, nos termos do artigo 182, inciso I do Código Penal.

Art. 182 - Somente se procede mediante representa ção, se


o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

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Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
pessoa;
II - ao estranho que participa do crime;
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos.

Comete o crime de apropriação indébita, previsto no artigo 168 do Código Penal,


aquele que se apropria de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a


posse ou a detenção:

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23
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Portanto, comete este crime aquele que, inicialmente, tem a posse de boa-fé sobre
a coisa, mas, num segundo momento, transforma essa posse em domínio, passando
a praticar atos típicos de proprietário.
a) ERRADA – Nos termos do artigo 167 do Código Penal, o crime de dano simples,
previsto no caput do artigo 163, em regra, é de ação penal privada.

Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu


parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
queixa.
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Assim, no caso proposto, independentemente da relação de parentesco entre


autor e vítima, bem como da idade desta e da existência de coabitação entre
eles, a ação penal é privada.

c) ERRADA – O crime contra patrimônio praticado pelo agente contra seu irmão,
somente se procederá mediante representação, conforme disposto no artigo 182,
inciso II do Código Penal.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se


o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

Destaca-se a diferença entre a necessidade de representação e a queixa.

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Nesses casos, para que o agente seja processado, é exigido a representação da
vítima, para que o Ministério Público promova a ação, tornando assim a ação
pública condicionada a representação.

É condicionada a ação penal quando a lei expressamente


exigir, como condição para o oferecimento da denúncia,
a existência de representação do ofendido ou de quem
tiver qualidade para representá-lo, ou ainda, de
requisição do Ministro da Justiça (CP, art. 100, § 1.º, e CPP,
art. 24). 4

Por sua vez, a queixa-crime é a peça inicial da ação privada, onde a vítima
(ofendido ou seu representante) precisa necessariamente ingressar com a ação
para que o agente seja processado criminalmente pelo crime.

Diz-se privada a ação penal cuja legitimidade para


propositura pertence ao ofendido ou a quem legalmente
o represente, quando aquele for menor de 18 anos ou
mentalmente enfermo. É iniciada com o oferecimento de
queixa-crime, a qual deve conter os mesmos elementos
da denúncia (CPP, art. 41).
Poucos crimes são processados por meio de ação penal
privada, e, vale recordar, tais casos são expressamente
indicados pela lei. 5

d) ERRADA – O crime de alteração de limites praticado pelo agente contra seu


sobrinho, com quem coabita, somente se procederá mediante representação.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se


o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

4 Masson, Cleber - Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2019. P. 1242.
5 Masson, Cleber - Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2019. P. 1250

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25
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O crime de alteração de limites consiste em suprimir ou deslocar tapume, marco,
ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou
em parte, de coisa imóvel alheia, conforme disposto no artigo 161 do Código Penal.

Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer


outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se,
no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

e) ERRADA – Não poderá ser aplicada escusa absolutória ao agente que praticou
crime de extorsão contra seu pai.

Em regra, será aplicado os artigos 181 e 182 do Código Penal aos crimes contra o
patrimônio, entretanto, há exceções, conforme previsto no artigo 183 do Código
Penal:

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos


crimes previstos neste título, em prejuízo:
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos
anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
pessoa;

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Nos termos do artigo 158 do Código Penal, o crime de extorsão consiste em
constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
se faça ou deixar de fazer alguma coisa.

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou


grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

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5. DP500 (SELECON - 2020 - Prefeitura de Boa Vista - RR - Guarda Civil Municipal)

Towarde Lennon é considerado culpado pela prática do crime de roubo


capitulado no Código Penal. Nos termos das normas aplicáveis, sua pena será
acrescida de dois terços quando:

a) houver o concurso de duas pessoas


b) a vítima permanecer em poder do acusado
c) a subtração for de explosivos
d) a violência é exercida com arma de fogo

Gabarito: D

A questão demanda entendimento sobre as causas de aumento de pena no crime


de roubo.

d) CORRETA – No crime de roubo a pena é majorada (aumentada) em 2/3 quando


a violência é exercida com arma de fogo, conforme disposto no artigo 157, §2º-A
inciso I do Código Penal.

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para


outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de
arma de fogo;

A pena será majorada em 2/3 também em caso de destrui ção ou rompimento de


obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum, conforme artigo 157, §2º-A, inciso II do Código Penal.

§ 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):


II – se há destruição ou rompimento de obstáculo
mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo
que cause perigo comum.

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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a) ERRADA – Se houver o concurso de duas pessoas ou mais pessoas no crime de
roubo, a pena é majorada em 1/3 até metade, conforme artigo 157, §2º, inciso II
do Código Penal.

Art.157 - § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até


metade:
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

b) ERRADA – No crime de roubo, se a vítima permanecer em poder do acusado, a


pena será aumentada em 1/3 até metade, conforme disposto no artigo 157, §2º,
inciso V do Código Penal.

Art.157 - § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até


metade:
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade.

c) ERRADA – Se a subtração for de explosivos, a pena será majorada em 1/3 até


metade, nos termos do 157, §2º, inciso VI do Código Penal.

Art.157 - § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até


metade:

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
6. DP454 (VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia)

Sobre os delitos de falsidade documental, é correto afirmar que

a) o cartão de crédito, embora possua natureza de documento particular, é


equiparado, para tipificação penal, a documento público.
b) o crime de Uso de Documento Falso admite a modalidade culposa.
c) para os efeitos penais, equipara-se a documento público o testamento
particular.
d) o crime de Falsidade de Atestado Médico pode ser praticado por qualquer
pessoa, ainda que sem o concurso necessário de um médico.
e) para os efeitos penais, as ações de sociedade comercial são consideradas
documentos particulares.

Gabarito: C

A questão versa sobre os crimes de falsidade documental.

c) CORRETA – De fato, o testamento particular é equiparado a documento público


para fins penais, conforme previsto no art. 297, § 2°, do CP. Além do testamento
particular, incluem-se também o documento emanado de entidade paraestatal, o
título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial
e os livros mercantis.

Art. 297, CP. [...] § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-


se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular.

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a) ERRADA – Na verdade, o cartão de crédito é equiparado a documento
particular, conforme previsto no art. 298, parágrafo único, do CP.

Art. 298, CP. [...] Parágrafo único. Para fins do disposto


no caput, equipara-se a documento particular o cartão de
crédito ou débito.

b) ERRADA – Ao contrário o que afirma a assertiva o crime de Uso de Documento


Falso não admite a modalidade culposa, não há previsão legal em relação a
conduta culposa.

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou


alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

d) ERRADA – O crime de Falsidade de Atestado Médico é um crime próprio, ou seja,


a norma exige do sujeito ativo uma qualidade especial para prática do delito. No
caso, exige-se que o agente seja um profissional médico, conforme disposto no art.
302 do CP.

Art. 302, CP. Dar o médico, no exercício da sua profissão,


atestado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de
lucro, aplica-se também multa.

e) ERRADA – Conforme mencionado na alternativa “a”, apenas são equiparados a


documentos particulares, o cartão de crédito ou débito, conforme previsto no art.
298 do CP.

Art. 298, CP. [...] Parágrafo único. Para fins do disposto


no caput, equipara-se a documento particular o cartão de
crédito ou débito.

O documento das ações de sociedade comercial, equipara-se a documento


público, conforme se verifica no art. 297, § 2°, do CP.

Art. 297, CP. [...] § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-


se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
7. DP497 (FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto)

Quanto aos crimes contra a fé pública,

a) compete à Justiça Estadual comum processar e julgar civil denunciado pelos


crimes de falsificação e de uso de documento público falso quando se tratar
de Carteira de Habilitação de Amador, ainda que expedida pela Marinha
do Brasil.
b) há sempre concurso entre os crimes de falsificação de documento público e
estelionato, segundo entendimento do sumulado do Superior Tribunal de
Justiça.
c) configura crime de falsificação de documento particular o ato de falsificar,
no todo ou em parte, testamento particular, duplicata e cart ão bancário de
crédito ou débito.
d) atípica a conduta de, em situação de autodefesa, atribuir-se falsa
identidade perante autoridade policial.
e) inadmissível proposta de suspensão condicional do processo no crime de
falsidade ideológica de assentamento de registro civil.

Gabarito: E

A questão demanda entendimento sobre os crimes contra a fé pública.

e) CORRETA – De fato, é inadmissível a proposta de suspensão condicional do


processo no crime de falsidade ideológica de assentamento de registro civil.

De acordo com os termos do artigo 89 da Lei 9.099/95, nos crimes em que a pena
mínima cominada for igual ou inferior a 1 ano, o MP poderá propor a suspensão do
processo por dois a quatro anos, desde que o acusado n ão esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código
Penal).

Art. 89. Nos crimes em que a pena m ínima cominada for


igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei,
o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou
não tenha sido condenado por outro crime, presentes os
demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

Nesse sentido, nos termos do parágrafo único do artigo 299 do Código Penal,
aquele que falsifica ou adultera assentamento de registro civil, comete o crime de
falsidade ideológica com aumento de pena.

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Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obriga ção ou
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão de um a três anos, e
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o
documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e
comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a
falsificação ou alteração é de assentamento de registro
civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Portanto, é inadmissível a suspensão condicional do processo no crime de falsidade


ideológica de assentamento de registro civil.

a) ERRADA – Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil o


denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento público falso
quando se tratar de Carteira de Habilitação de Amador, mesmo expedida pela
Marinha do Brasil, nos termos da súmula vinculante nº 36 do STF.

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A competência para processar e julgar os crimes de falsificação será determinada
pelo ente responsável pela confecção do documento.

Se o documento foi ou devia ter sido emitido por


autoridade federal, a competência é da Justiça Federal.
Ex.: passaporte. Se, porém, foi ou devia ter sido emitido por
funcionário público estadual ou municipal, a competência
é da Justiça Estadual. 6
b) ERRADA – O agente responde apenas por estelionato. O crime de falsifica ção
de documento fica absorvido por ser crime meio (princípio da consunção) 7, nos
termos da súmula nº 17 do STJ.

c) ERRADA – Configura crime de falsificação de documento particular o ato de


falsificar, no todo ou em parte, o cartão bancário de crédito ou débito, conforme
disposto no parágrafo único do artigo 298 do Código Penal.

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento


particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-
se a documento particular o cartão de crédito ou débito.

Por sua vez, equipara-se a documento público, para fins penais, o título ao portador
ou transmissível por endosso (ex: duplicata), as ações de sociedade comercial, os
livros mercantis e o testamento particular.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento


público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
público o emanado de entidade paraestatal, o t ítulo ao
portador ou transmissível por endosso, as ações de
sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
particular.

6 Gonçalves, Victor Eduardo Rios - Direito penal: parte especial – 11. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
P. 1539
7 Gonçalves, Victor Eduardo Rios - Direito penal: parte especial – 11. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
P. 967

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e) ERRADA – É típica a conduta de quem, mesmo em situação de autodefesa,
atribui falsa identidade perante autoridade policial , conforme a Sumula nº
522 do STJ.

O crime de falsa identidade não pressupõe a utilização de documento falso, e sim


a atribuição de falsa identidade com a finalidade de obter vantagem para si ou
para outrem ou, ainda, com a intenção de causar dano a outrem, conforme
disposto no artigo 307 do Código Penal.

Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade


para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou
para causar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o


fato não constitui elemento de crime mais grave.

Destaca-se que para a configuração deste delito, independe da utilização de uso


do documento falso, diferente do crime do artigo 304 do Código Penal.

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou


alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:

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Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento


público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

A distinção entre o delito de falsa identidade e o uso de documento falso pode se


apresentar da seguinte forma:

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

8. DP498 (SELECON - 2019 - Prefeitura de Niterói - RJ - Guarda Civil Municipal)

Perpétuo, agente fiscal do município XXT, desvia, em proveito próprio, os valores


decorrentes do pagamento do IPTU sob sua responsabilidade. Nesse caso, de
acordo com as regras pertinentes aos crimes praticados contra a Administra ção
Pública previstos no Código Penal ocorre, em tese, o crime de:

a) corrupção
b) peculato
c) exação
d) falsidade
e) prevaricação

Gabarito: B

A questão trabalha com entendimento sobre os crimes contra a administração


pública.

b) CORRETA – De acordo com a situação apresentada, Perpétuo cometeu o crime


de peculato.

O crime de peculato, disposto no artigo 312 do Código Penal, caracteriza -se pela
apropriação de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
realizada pelo funcionário público, que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,


valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá -lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Conhecido como peculato-desvio, este se dá com o desvio do valor ou do bem


móvel em proveito próprio ou alheio.

Nesse sentido, a doutra ensina que “o desvio deve ser em proveito próprio ou de
terceiros, porque, se for em proveito da própria administração, haverá o crime do
art. 315 do CP (emprego irregular de verbas ou rendas públicas) 8”.

O peculato é crime próprio, ou seja, só pode ser cometido por funcionário público,
entretanto o particular que, sabendo dessa qualidade, concorre para a prática

8 Gonçalves, Victor Eduardo Rios – Direito Penal Parte Especial Esquematizado. 11 ed. 2021 – cit. P. 1638

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delituosa, também responderá pelo crime nos termos do art. 30 do Código Penal,
pois a qualidade de funcionário público é elementar do crime.

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as


condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime.

a) ERRADA – No caso apresentando, o crime cometido não é o de corrupção.

O crime de corrupção ativa se consuma no momento que o indivíduo oferece ou


promete a vantagem indevida.

Quando a oferta ou a promessa chegam ao funcionário


público, ainda que ele não a aceite. Trata-se de crime
formal. 10

9 NUCCI, Guilherme de Souza – Curso de Direito Penal. Vol 1. 3 ed. 2019 - 856
10 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios – Direito Penal Parte Especial Esquematizado. 11 ed. 2021 – cit. p. 1737

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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A corrupção passiva, por sua vez, consuma-se quando o funcionário público
solicita ou recebe a vantagem, ou ainda, quando aceita a promessa.

Nas modalidades solicitar e aceitar promessa de


vantagem indevida, pouco importa, para fim de
consumação, se o funcionário público efetivamente
obtém a vantagem visada. Em todas as figuras (solicitar,
receber ou aceitar promessa de vantagem indevida)
também não importa se o funcionário pratica ou não
algum ato em decorrência da vantagem. 11

c) ERRADA – O crime de exação, presente no artigo 316, do Código Penal, ocorre


quando o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza.

Art. 316, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou


contribuição social que sabe ou deveria saber indevido ,
ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

11 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios – Direito Penal Parte Especial Esquematizado. 11 ed. 2021 – cit. p. 1665

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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d) ERRADA – Conforme mencionado, o crime praticado foi o de peculato, disposto
no artigo 312 do Código Penal, o qual caracteriza-se pela apropriação do
funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,


valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá -lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

e) ERRADA – O crime de prevaricação se configura com o fato de o funcionário


público retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá -lo
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal,
conforme disposto no artigo 319 do Código Penal

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,


ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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9. DP499 (VUNESP - 2018 - TJ-SC - Juiz Leigo

A respeito dos crimes praticados em detrimento da administração pública, assinale


a alternativa correta.

a) São crimes próprios de funcionários públicos o de concussão, o de peculato


e o de tráfico de influência.
b) O crime de facilitação de contrabando ou descaminho pode ser praticado
por particular, individualmente ou em concurso de agentes com o
funcionário público.
c) O crime de advocacia administrativa, para restar caracterizado, exige a
qualidade de advogado do sujeito ativo.
d) No crime de corrupção ativa, incidirá causa de aumento da pena ao sujeito
ativo, na hipótese de o funcionário omitir ou retardar ato de ofício.
e) O funcionário público que, por recebimento de vantagem ilícita, de qualquer
natureza, deixa de responsabilizar subordinado que praticou ato il ícito
comete crime de condescendência criminosa.

Gabarito: D

A questão solicita entendimento a respeito dos crimes praticados em detrimento


da administração pública.

d) CORRETA – De fato, no crime de corrupção ativa, incidirá causa de aumento da


pena ao sujeito ativo, na hipótese de o funcionário omitir ou retardar ato de ofício,
conforme disposto no artigo 333 do Código Penal.

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a


funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se,
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional.

Assim, o crime de corrupção ativa se consuma no momento que o indivíduo


oferece ou promete a vantagem indevida.

Quando a oferta ou a promessa chegam ao funcionário


público, ainda que ele não a aceite. Trata-se de crime
formal. 12

12 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios – Direito Penal Parte Especial Esquematizado. 11 ed. 2021 – cit. p. 1737

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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Conforme disciplina Victor Eduardo Rios Gonçalves 13 “no recebimento e na
aceitação de promessa de vantagem indevida, a conduta inicial é do corruptor
(particular). Nesses casos, o funcionário responderá por corrupção passiva e o
particular por corrupção ativa.”

A corrupção passiva, por sua vez, consuma-se quando o funcionário público


solicita ou recebe a vantagem, ou ainda, quando aceita a promessa.

Nas modalidades solicitar e aceitar promessa de


vantagem indevida, pouco importa, para fim de
consumação, se o funcionário público efetivamente
obtém a vantagem visada. Em todas as figuras (solicitar,
receber ou aceitar promessa de vantagem indevida)
também não importa se o funcionário pratica ou não
algum ato em decorrência da vantagem. 14

Nesse sentido, inclusive, o Código Penal dispõe que em ambos os crimes a pena é
aumentada de 1/3, se o funcionário, de fato, retarda ou deixa de praticar qualquer
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,


direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a


funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se,
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional.

13 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios – Direito Penal Parte Especial Esquematizado. 11 ed. 2021 – cit. p. 1662
14 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios – Direito Penal Parte Especial Esquematizado. 11 ed. 2021 – cit. p. 1665

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a) ERRADA – São crimes próprios de funcionários públicos o de concussão, o de
peculato, entretanto, o crime de tráfico de influência é crime praticado por
particular contra a Administração Pública.

O crime de concussão ocorre quando o agente pratica o ato de exigir, para si ou


para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da fun ção ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, nos termos do artigo 316 do
Código Penal.

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Por sua vez, comete crime de peculato o funcionário público que se apropria de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
posse em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio, conforme
art. 312 do Código Penal.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,


valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá -lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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O crime de tráfico de influência é modalidade de crime praticado por particular
contra a Administração Pública:

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para


outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto
de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o
agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário.

b) ERRADA – O crime de facilitação de contrabando ou descaminho é praticado


por funcionário público, individualmente ou em concurso de agentes com o
funcionário público.

O crime de facilitação de contrabando ou descaminho (art. 318 do CP) consiste


em facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho.

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a


prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

c) ERRADA – O crime de advocacia administrativa consiste em patrocinar, direta


ou indiretamente, interesse privado perante a Administra ção Pública, valendo-se
da qualidade de funcionário, nos termos do artigo 321 do Código Penal.

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse


privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

E ainda em sua forma qualificada em caso do crime ser praticado por interesse é
ilegítimo, a pena é de detenção de 3 meses a 1 ano, e multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:


Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

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Sobre o crime, há entendimento jurisprudencial no seguinte sentido:

Nesse sentido, Victor Eduardo disciplina:

Destaca-se que o crime não se caracteriza quando o


funcionário patrocina interesse próprio ou de outro
funcionário público, sendo desnecessário que o fato
ocorra na repartição em que trabalha o agente, podendo
ele valer-se de sua qualidade de funcionário para pleitear
favores em qualquer esfera da Administração. 15

e) ERRADA – Comete crime de condescendência criminosa o funcionário público


deixa, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar a conhecimento
da autoridade competente, nos termos do artigo 320 do Código Penal.

15 Gonçalves, Victor Eduardo Rios - Direito penal: parte especial – 11. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
P. 167

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Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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10. DP449 (VUNESP - 2020 - Câmara Municipal de Pindorama - SP - Procurador
Jurídico)

Considere a seguinte situação hipotética: o servidor municipal X tem sob sua


responsabilidade R$ 2.000,00 (dois mil reais) mensais destinados ao abastecimento
de cinco veículos oficiais do setor que coordena; entretanto, em janeiro último,
utilizou, parte desse montante, R$ 300,00 (trezentos reais), para o conserto de duas
impressoras a laser, um computador e o bebedouro, utilizados por todos que ali
exercem suas funções. Diante disso, a conduta do servidor municipal X configura

a) peculato culposo.
b) excesso de exação.
c) peculato.
d) emprego irregular de verbas ou rendas públicas.
e) advocacia administrativa.

Gabarito: D

A questão apresenta os crimes praticados por funcionário público.

d) CORRETA – De fato, nos termos do art. 315 do Código Penal, o funcionário público
que dá às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei
comete o crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas.

Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação


diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

É importante ressaltar que o crime do art. 315 do Código Penal não se confunde
com o crime de peculato desvio, o qual se dá com o desvio do valor ou do bem
móvel em proveito próprio ou alheio.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,


valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá -lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

49
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16

a) ERRADA – Considera-se culposo o peculato em que o funcionário concorre


culposamente para o crime de pessoa. Portanto, não se amolda ao caso proposto.

Art. 312, § 2º - Se o funcionário concorre culposamente


para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Para que se configure o crime de peculato culposo, portanto, exige-se dois


requisitos:

b) ERRADA – Comete o crime de excesso de exação, previsto no art. 316, §1º do


Código Penal, o funcionário público que exige tributo ou contribui ção social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.

Art. 316, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou


contribuição social que sabe ou deveria saber indevido,

16 Gonçalves, Victor Eduardo Rios – Direito Penal Parte Especial Esquematizado. 11 ed. 2021 – cit. P. 1638

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

c) ERRADA – O crime de peculato, disposto no artigo 312 do Código Penal, que se


caracteriza pela apropriação do funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,


valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá -lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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Licensed to Maykon cesar vieira da silva - mcvsedf@gmail.com - 030.805.781-39
e) ERRADA – O crime de advocacia administrativa, previsto no art. 321 do Código
Penal tipifica a conduta de patrocinar interesse privado junto à administração
pública, valendo-se da qualidade de funcionário público. Portanto, não se amolda
ao caso descrito.

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse


privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Proibida a reprodução não autorizada, sujeitando-se o autor à responsabilização civil e criminal.

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