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1.

ª EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO: “NEMO PLUS IURIS…”


Caso prático
1 – A doa a B um relógio em ouro, através de documento particular, mas não lho
entrega de imediato. Posteriormente, entrega o mesmo relógio a C, também a título de
doação. Quem é o proprietário do relógio?
- A-B: a doação é válida e eficaz.
- O relógio não é um bem sujeito a registo.
- Valem aqui apenas as regras do Código Civil e do Princípio “Nemo plus iuris…”.,
arts.: 940.º; 947.º; 954.º; 408.º, nº1
- A-C: a doação é uma doação de bens alheios, é nula, não produz os efeitos
pretendidos, arts.: 956.º, 1, 1.ª parte, 286.º; 289.º.
- B é o proprietário, é B, porque foi o 1.º a adquirir o direito de propriedade sobre o
relógio.

Caso prático
2 - A vende a B um prédio rústico, através de documento particular. B não regista a
aquisição. A vende de novo a C, através de escritura pública, e C também não regista.
Quid iuris?
- A-B: venda nula – arts. 874.º; 875.º; 220.º; 286.º; 289.º.
- A-C: venda válida mas não foi registada, apenas é eficaz entre as partes, art. 4.º CRP.
- O proprietário é C, adquiriu o direito, através do contrato de compra e venda e é eficaz
entre as partes.
- O prédio é um bem sujeito a registo, mas nenhum dos adquirentes registou, logo o
direito adquirido em primeiro lugar prevalece, enquanto não houver registo da
aquisição, art.º 4.º CRP, eficaz entre as partes.

Caso prático
3- A doa a B uma vivenda, cumprindo todas as exigências legais, mas B não regista a
aquisição. A doa a C o mesmo bem, sob coação de C, que regista imediatamente a
aquisição.
- A-B: arts. 940.º; 947.º, 1; 954.º; 408.º, 1, artigo 4.º CRP.
- A-C: arts. 255.º; 256.º; 287.º; 289.º
- O proprietário é B, porque adquiriu através de um contrato válido.

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- C não pode ser proprietário porque adquiriu o direito de propriedade através de um
contrato inválido em que a doação é declarada anulada por coação moral, portanto,
inválida.
- O registo de nada lhe vale porque a aquisição que fez fundou-se num contrato
inválido, portanto, o registo também tem de ser inválido.

Caso prático
4 - A, casado, vende sem a autorização do cônjuge, uma embarcação de recreio a B, que
regista a aquisição. Passados dois meses, A vende o mesmo bem a C, com o
consentimento do cônjuge, mas C não regista a aquisição. Quid iuris?
- O proprietário é C, porque adquiriu o direito de propriedade sobre a embarcação
através de um contrato válido que cumpre todos os requisitos legais., arts 874.º, 879.º,
408.º, 1, 219.º e consentimento do cônjuge.
- A embarcação é um bem sujeito a registo, C não registou logo o direito adquirido em
primeiro lugar prevalece, enquanto não houver registo da aquisição, art.º 4.º CRP, eficaz
entre as partes.
- O contrato com B tem de ser declarado anulado pelo tribunal por ilegitimidade
conjugal – arts 1682.º e 1687.º; 287.º; 289.º.
- B perde o direito adquirido anteriormente, por efeito da declaração de anulação, o
registo tem de ser anulado por consequência da anulação da compra.

Caso prático
5 – A vende a B um apartamento observando as condições legais de validade, mas B
não regista. Seguidamente, A vende o prédio urbano a C, que regista de imediato a
compra, sabendo da anterior venda a B. Quid iuris?
- A-B: em princípio, venda válida (art. 874.º, 875.º; 879.), porém, ineficaz para efeitos
de registo (art. 4 CRP).
- A-C: em princípio, venda nula por ser uma venda de coisa alheia, art. 892.º, 220.º,
286.º, 289.º, porém eficaz perante B, 3.º para efeitos de registo art. 5.º, 4 CRP.
- C adquire um direito que o transmitente A já não possuía na sua esfera jurídica à data
da venda, porque já o havia transmitido anteriormente a B.
- Se for provado o abuso de direito de C, nos termos do artigo 334.º Código Civil, por se
encontrar de má fé, C perde o direito de propriedade, não podendo adquiri-lo.
- Deste modo, alteram-se as posições de B e de C, passando a ser B o proprietário por
ter adquirido em primeiro lugar.
- Com a aplicação do abuso de direito, as regras do Código Civil voltam a prevalecer
sobre as regras do CRP.

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Caso prático
6- A está muito grato a B e por isso doa-lhe uma moto muito valiosa, mas B não
sabendo das consequências dessa omissão, não regista a aquisição. Passados 6 meses A
e B envolvem-se numa violenta discussão e A, arrependido da doação da moto, decide
doá-la a C, que desconhece em absoluto tudo o que se passara antes e regista a
aquisição.
Quid iuris?
- O proprietário é C, porque registou em primeiro lugar a sua aquisição, beneficia da
prioridade do registo, art. 6.º CRP, ainda que tenha adquirido em segundo lugar o direito
de propriedade sobre a moto.
- Ao registar a aquisição tornou a aquisição eficaz perante B (artigo 5º, 1 e 4 CRP).
- B, por seu turno, perde o direito que adquiriu em primeiro lugar, por não ter efetuado o
registo que lhe iria conferir proteção em face de 3.º para efeitos de registo e não
registando a sua aquisição, esta é ineficaz perante C (artigo 4º CRP).

2.ª EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO NEMO PLUS IURIS, ARTIGO 291.º


Caso prático
Em maio de 2017, A doou um automóvel a B, pessoa com quem mantinha uma relação
extraconjugal, sem o conhecimento de C, sua mulher. B registou a sua aquisição.
Passados 2 anos, A e B terminaram a sua relação extraconjugal e B de imediato vendeu
o mesmo automóvel a D, que registou a aquisição do automóvel e que não sabia da
relação havida entre A e B. Em agosto de 2020, C soube de tudo o que se passara e
pretende impugnar os negócios realizados e reaver o automóvel.
a) Quid iuris?
- O proprietário é D, porque se verificam todos os requisitos do artigo 291.º que visa a
proteção de 3.º de boa fé.
- C não poderia opor a nulidade da doação ente A e B a este terceiro D.
- A-B: doação nula arts. 953.º, 2196.º; 286.ª.
- O artigo 289.º neste caso excecional não produz os efeitos em relação a 3.ºs nos
termos do artigo 291.º do CC.
- B-D: venda válida, exceção ao princípio “Nemo plus iuri”, D adquire um direito que B
não possuía na sua esfera jurídica aquando da venda.

b) Suponha agora que C soube de tudo em março de 2020 e logo intentou ação judicial.
A resposta seria a mesma da alínea anterior?
Pronuncie-se sobre o fundamento, a legitimidade para intentar a ação judicial e o
prazo em que o poderia fazer, se fosse o caso.

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- Não, C teria agora o direito de obter a nulidade da doação ente A-B e o direito de obter
a nulidade da venda B-D, por ainda a não ter passado o prazo de 3 anos após a
celebração do 1.º negócio e propor a nulidade (art. 291.º, 2).
- Fundamento: indisponibilidade relativa (art. 953.º e 2196.º).
- Ilegitimidade do transmitente B, venda de coisa alheia art. 892.º
- Legitimidade de C, art. 286.º, qualquer interessado.
- Prazo: art. 286.º, a todo o tempo

c) O que mudaria na sua resposta à alínea b) se B e D fossem grandes amigos de


infância e sempre tivessem mantido estreita convivência?
- Poderíamos estar em presença de má fé de D.
- Eventual desconhecimento de D com culpa do vício do negócio nulo, dada a sua
proximidade com B art. 291.º, n.º 3.
- Esta má fé a existir e ser comprovada prejudicaria a proteção concedida a D, na alínea
a.
- Não mudava a solução da al. b), na medida em que C continuaria a poder reivindicar o
direito de propriedade de D, agora com mais um argumento: o pressuposto da má fé (n.º
3) e o pressuposto do prazo ainda não ter decorrido (n.º2).

3.ª EXCEÇÃO PRINCÍPIO NEMO PLUS IURIS, ARTIGO 243.º


Caso prático
A, encontrando-se com grandes dificuldades económicas e temendo o ataque dos seus
muitos credores, vende simuladamente ao seu primo B um prédio rústico. Passado um
ano, B doa o referido bem a C, o qual ignora culposamente tudo o que se passara
anteriormente entre A e B. Passados 4 anos, A pretende reaver o prédio de C.
a) Poderá fazê-lo?
- Noção de simulação: elementos do conceito de simulação (art. 240.º, n.º 1).
- Modalidade: Simulação absoluta, as partes fingem celebrar o negócio e na realidade
não querem celebrar nenhum negócio, há apenas o negócio simulado, não existe nada de
verdadeiro, não há nenhum negócio real.
- Efeitos: nulidade art. 240, n.º 2.
- Legitimidade e prazo: arts. 242.º e 286.º
- Efeitos em relação a terceiros de boa fé: C está de boa fé, justificação do conceito de
ignorância culposa
- Explicação do disposto no artigo 243.º

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- Conclusão: A não pode reaver o prédio de C, verifica-se uma exceção ao princípio do
“Nemo plus iuris”.

b) A solução seria a mesma se a venda fosse nula não por simulação mas por
indisponibilidade relativa, nos termos do artigo 953.º?
- Indisponibilidade relativa: arts. 953.º e 2192.º
- Efeitos da nulidade, proveniente de uma indisponibilidade relativa em relação a
terceiros: aplicação do artigo 291.º
- Verificação de cada um dos pressupostos do art. 291.º
- Conclusão: a resposta não seria a mesma porque os pressupostos são diferentes.
- Neste caso, segundo o art. 291.º, C estaria de má fé: explicação deste conceito e seus
efeitos na solução do caso.

VI - Caso prático
Simulação - doação a médico
Pretendendo fazer uma doação ao médico que o tratara durante a prolongada doença de
que fora vítima, José, tendo sido informado que a lei lhe vedava a realização da doação
faz, combinado com o médico, um contrato em que declara vender-lhe um quadro de
Vieira da Silva, que ele possuía em sua casa. Na realidade, contudo, não houve entrega
de qualquer preço nem qualquer intenção nesse sentido.
a) Poderá Rosa, filha de José, reaver o quadro em vida de seu pai?
- Elementos da simulação e modalidade: fraudulenta, relativa, objetiva sobre a natureza
do negócio (arts. 240.º e 241.º).
- A simulação fraudulenta é feita para enganar e dessa simulação existe prejuízo para
terceiros.
- Na simulação relativa por detrás do negócio simulado existe um negócio real
- Na simulação objectiva sobre a natureza do negócio, simula-se uma venda para fazer
uma doação.
- Valor jurídico dos negócios realizados - a venda e a doação: arts. 240.º, n.º 2 e 241.º, 1
regime aplicável (art. 953.º e 2194.º).
- A venda é nula por simulação e a doação é nula por indisponibilidade relativa.
- Efeitos: art. 289.º.
- Legitimidade e prazo: arts. 242.º, 286.º, 394, nº2
- Conclusão: Rosa podia reaver o quadro, tinha fundamento, legitimidade e prazo.

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b) E por morte de José, poderá Rosa reaver o referido quadro de Carlos que, entretanto,
o adquiria do médico, e que desconhecia, por negligência, tudo o que se passara entre
José e o médico?
- Efeitos da nulidade da simulação em relação a 3.º: art. 243.º
- Inoponibilidade da simulação a terceiros de boa fé: exceção ao princípio “Nemo plus
iuris.
- Conclusão: A nulidade da simulação não pode ser arguida por Rosa (se intervier na
qualidade de “sucessora” do simulador) contra C (terceiro de boa fé).
- A posição em que Rosa intervém após a morte de seu pai e a justificação da aplicação
ao caso do art. 243.º e não o 291.º e explicar a posição de C.

VII – Caso prático


Simulação subjetiva
A doa ficticiamente um prédio a B que, por seu turno, o doa seguidamente a C, que é a
pessoa a que A o deseja realmente transmitir. Dos dois negócios se lavraram as
necessárias escrituras públicas e se fez o respetivo registo. A é casado e mantém com C
relações extraconjugais, mas a mulher dele, ignorando o acordo entre A, B e C, deu o
seu consentimento à doação feita a B.
a) Diga qual o valor jurídico dos negócios realizados, quem teria legitimidade para os
impugnar e em que prazo.
- Elementos da simulação e modalidade: fraudulenta, relativa, subjectiva (sobre os
sujeitos, por interposição fictícia de pessoa)
- A simulação fraudulenta é feita para enganar e dessa simulação existe prejuízo para
terceiros.
- Na simulação relativa por detrás do negócio simulado existe um negócio real.
- Simulação subjectiva ou dos sujeitos por interposição fictícia de pessoas, simulando
um dos sujeitos.
- Valor jurídico dos negócios simulados A-B: art.240.º, nº 1
- Valor jurídico do negócio dissimulado A-C: art. 241, n.º 1: indisponibilidade relativa -
953º e 2196.º; ilegitimidade conjugal - art. 1682.ºA, al. a); art. 241.º, n.º 2: vício de
forma (art. 947.º, art. 220.º).
- Legitimidade e prazo: simulação: arts. 242.º; 286.º; ilegitimidade conjugal: 1687.º;
vício de forma: art. 286.º; Efeitos: art. 289.º, a invalidade é a ineficácia que provém de
uma falta ou irregularidade dos elementos internos (essenciais, formativos) do negócio.
- Conclusão: todos os negócios são inválidos – nulidade -, nos termos do art. 286.º,
exceto a ilegitimidade conjugal que segue a regra especial do art. 1687.º - anulabilidade;
cônjuge, 6 meses.

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b) Suponha agora que, passado um ano, C vendeu, com a forma exigida por lei, o
prédio a D, que ignorava tudo o que antes se passara e registou o prédio imediatamente
em seu nome. A soube desta venda e pretende intentar uma ação judicial para reaver o
prédio de D. Terá êxito?
- O significado do princípio do “nemo plus iuris…”
- O art. 243.º como exceção a esse princípio, razão de ser da proteção de terceiros de
boa fé
- Efeitos da declaração de nulidade em relação a terceiros (art. 243.º, n.º 1) - o
simulador não pode opor a nulidade da simulação a 3.º (D) de boa fé; art. 243.º - noção
de boa fé para este efeito art. 243.º ns.º 2 e 3
- Conclusão: A não teria êxito

c) Suponhamos que é antes a mulher de A que pretende reaver o prédio de D.


- A resposta é diferente neste caso porque se aplica o artigo 291º.
- A mulher tem legitimidade para obter a nulidade dos negócios simulados e do negócio
dissimulado – 242º, 2º (legitimidade para arguir a simulação) e 286.º (nulidade).
- Pode opor a nulidade a D? A resposta está no artigo 291º.
- D é um 3.º de boa fé protegido pelo 291.º? Não está D protegido porque não se
observa o pressuposto do n.º 2 do art. 291º.
- Conclusão: A mulher de A pode reaver o prédio de D.

Caso Prático
A pretendeu doar um moderno automóvel elétrico a B, com quem mantinha uma relação
adulterina. Para contornar o obstáculo resultante do seu casamento com C, A vendeu o
automóvel ao seu amigo D, para este o doar posteriormente a B. Estes factos ocorreram
em dezembro de 2019.
a) Qualifique a situação descrita e pronuncie-se sobre o valor jurídico dos negócios
realizados, referindo quem os poderia impugnar (sendo o caso) e em que prazo.
- Qualificação: simulação (divergência intencional)
- Normas aplicáveis: 240.º a 243.º; 286.º 289.º, pressupostos.
- Modalidades: fraudulenta, relativa, subjetiva ou dos sujeitos (por interposição fictícia
de pessoa) e objetiva ou sobre o conteúdo do negócio (sobre a natureza do negócio).
- A simulação fraudulenta é feita para enganar e dessa simulação existe prejuízo para
terceiros.
- Na simulação relativa por detrás do negócio simulado existe um negócio real.

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- Simulação subjectiva ou dos sujeitos por interposição fictícia de pessoas, simulando
um dos sujeitos.
- Na simulação objectiva sobre a natureza do negócio, simula-se uma venda para fazer
uma doação.
- Valor jurídico de todos os negócios realizados.
- Regime aplicável aos negócios simulados (nulidade - art. 240.º, nº2) e ao dissimulado:
art. 240.º, nº1, nulidade com fundamento em indisponibilidade relativa (arts. 953.º e
2196.º)
- Quanto à forma: arts. 947.º e art. 219.º e supondo ter havido “tradição da coisa”, não
seria aplicável o art. 241.º, n.º 2.
- Legitimidade, prazo de impugnação e efeitos da declaração de nulidade: arts. 242.º, n.s
1 e 2, 286.º (prova pelos simuladores art.394.º) e art. 289.º

b) Supondo que no passado mês de novembro do corrente ano B vendeu o automóvel a


E, que ignorava a situação e registou a compra de imediato, diga a quem pertence o
automóvel.
- Qualificação: efeitos da declaração de nulidade proveniente da simulação pelos
simuladores a 3.ºs de boa fé: inoponibilidade da nulidade a terceiros adquirentes de boa

- Pressupostos do art. 243.º e aplicação aos factos descritos;
- E é terceiro e estava de boa fé, art. 243.º
- Boa fé em sentido subjetivo: adoptar um comportamento conforme ao direito e
respectivas exigências éticas
- Não estamos perante a exceção decorrente das regras do registo: arts. 4.º e 5.º do CRP,
por não se verificarem no presente caso prático os pressupostos da sua aplicação.
- Trata-se sim de uma das exceções a este princípio, Princípio Nemo Plus Iuris pelo que,
E é o proprietário do veículo.
- Efeitos no caso de ser C a opor a nulidade da simulação: aplicar-se-ia o disposto no
art. 291.º, nos termos do qual não estariam presentes todos os pressupostos.
- Art. 291.º, nº 2, pelo que o direito adquirido por E (3.º de boa fé) não gozaria de
proteção, ainda que tenha procedido ao registo.
- Efeitos previstos no art. 289.º, n.º 1, E tem de devolver o automóvel ao proprietário A.

VIII – Caso prático erro na declaração


A, cavaleiro tauromáquico, tendo visto na coudelaria de B um cavalo chamado” Raio”,
que julgou próprio para a sua profissão, escreveu a B e, por falta de memória, propôs-

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lhe a compra, por €3.000, do cavalo “Foguete”. B aceitou e mandou-lhe um cavalo com
este nome, que era próprio apenas para a caça. A pretende devolver o cavalo, mas B
insiste em que a compra foi válida e o preço deve ser pago. Quid iuris?
- Qualificação: erro na declaração ou erro obstáculo como divergência não intencional –
normas aplicáveis (art. 247.º – 250.º).
- Relevância do erro na declaração como motivo de anulação: anulabilidade desde que o
declaratário conhecesse ou não devesse ignora (art. 247.º).
- No presente caso, supondo que não se verifica o pressuposto da anulabilidade, o
negócio é válido e A não pode devolver o cavalo - seria admitida a resposta contrária:
anulabilidade, desde que o vendedor soubesse ou não devesse ignorar a essencialidade
(art. 247.º)
- Sendo anulável: efeitos (art. 289.º), legitimidade e prazo (287.º)

XI – Caso prático erro-vício sobre a pessoa do declaratário


A, viúvo e sem filhos, pretende doar uma quinta de família ao seu sobrinho mais velho,
que se ausentara para o Brasil e de quem nunca mais teve notícias. Para o efeito
incumbiu B, detetive particular, de localizar o sobrinho. B, após intensa investigação,
pensou ter encontrado o sobrinho (C) numa remota cidade no interior do Brasil e
apresentou-o a A, que logo se dispôs a doar a quinta a C, convencido que se tratava do
sobrinho. Passados 18 meses, A recebeu com surpresa a visita de D, que lhe prova sem
margem para dúvidas ser ele o seu verdadeiro sobrinho. Em face deste facto, A pretende
impugnar a doação feita a C e recuperar a quinta. Poderá fazê-lo? Com que
fundamento?
- Qualificação jurídica, justificação e normas aplicáveis: erro-vício sobre a pessoa do
declaratário (C - donatário); arts. 251.º e 247.º e 940.º e seguintes (contrato de doação).
- Os vícios da vontade são erros na formação da vontade.
- A divergência entre a vontade e a declaração é um erro na formulação da vontade.
- Neste caso: erro sobre o objeto mediato, sobre as qualidades (art. 251.º e 247.º), a
condição especial consta da parte final do art. 247.º): “desde que o declaratário
conhecesse ...”
- Efeitos: anulável.
- legitimidade e prazo: art. 287.º
- Conclusão: A tem fundamento para impugnar a doação realizada.

X – Caso prático erro–vício sobre o objeto do negócio e dolo


A, que se dedica à construção civil, adquiriu a B, importador de máquinas de construção
civil, uma betoneira no pressuposto de que a mesma tinha uma capacidade superior a 1

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tonelada de cimento. Quando a máquina lhe foi entregue, A constata que essa
capacidade é bastante inferior, tornando-a imprópria para o fim a que se destinava, e
pretende reaver o valor que pagou e restituir a betoneira.
a) Assiste razão a A? Com que fundamento e em que condições?
- Qualificação jurídica: erro-vício sobre o objeto do negócio.
- Os vícios da vontade são erros na formação da vontade.
- A divergência entre a vontade e a declaração é um erro na formulação da vontade.
- Erro-vício sobre o objeto mediato, sobre as qualidades (art. 251.º e 247.º) - anulável
nos termos do artigo 247.º (artigo 251.º), “desde que o declaratário conhecesse …”
- Efeitos: esta condição não se verifica no presente caso.
- Conclusão: A não tem fundamento para impugnar a compra realizada.

b) O que responderia se A viesse a saber que B, à datada celebração do negócio,


conhecia a convicção errónea de A quanto à respetiva tonelagem e, no entanto, não
avisara A desse facto?
- Caracterização do dolo como vício da vontade (arts. 253.º e 254.º); dolo como motivo
de anulabilidade (ilícito, essencial; negativo, do declaratário).
- Efeitos: anulabilidade e responsabilidade e pré-contratual (arts. 254.º e 227)
- Conclusão: A poderá requerer a invalidade do negócio com base em dolo proveniente
do declaratário (B).

XII – Caso prático erro-vício sobre os motivos


A, residente no Porto, tomou de arrendamento a B, pelo prazo de 5 anos, uma casa
localizada na cidade do Funchal, pagando adiantado o valor de €3000 equivalente a 4
meses de renda. O arrendamento foi celebrado tendo em conta que A, funcionário
público, havia concorrido a um cargo vago na cidade do Funchal para efeitos de
progressão na carreira, convencendo-se pelo seu excelente curriculum de que tinha
ficado em primeiro lugar nesse concurso. B, teve conhecimento destes factos, apesar de
os mesmos não terem sido vertidos no texto do contrato. Sucedeu que, mal acabara de
se instalar na casa do Funchal, A foi informado de que afinal não ganhara o concurso.
Em face disto, A terá de voltar ao seu anterior cargo na cidade do Porto, tornando-se
desnecessária a casa do Funchal que arrendara a B. A pretende, assim, requerer a
anulação de tal contrato. Quid iuris?
- Qualificação jurídica: erro-vício sobre os motivos mas que não se refere à pessoa do
declaratário ao nem ao objeto do negócio, art. 252.º
- Os vícios da vontade são erros na formação da vontade.
- A divergência entre a vontade e a declaração é um erro na formulação da vontade.

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- Neste caso: erro sobre os motivos previsto no art. 252.º, n.º 1º, a condição especial é a
seguinte: só é causa de anulação se e as partes houverem reconhecido por acordo...”.
- Este requisito em princípio não se verifica no presente caso porque o enunciado não o
refere.
- Efeitos: negócio válido.
- Conclusão: A não tem fundamento para anular o negócio realizado.

XIII – Caso prático erro-vício sobre a base do negócio e pressuposição


A fez um contrato-promessa de compra e venda com B de um prédio velho com quintal,
na baixa portuense, pertencente àquele, por um preço bastante elevado, tendo em conta,
e só por isso, que o prédio havia de ser demolido por B para aí construir um bloco de
apartamentos. Passados 6 meses, antes de celebrar o contrato definitivo, B veio a saber
que a Câmara Municipal havia proibido há cerca de um ano as demolições na área em
que o prédio se situa.
a) B pretende que o contrato-promessa seja anulado. Terá razão? Com que fundamento?
- Qualificação: erro sobre a base do negócio (art. 252.º, n.º 2 e 437.º, n.º1 parte final).
- Pode considerar-se um erro sobre a base do negócio desde que se demonstre ter havido
um erro comum (de ambos os contraentes) sobre a possibilidade de demolição do velho
prédio.
- Verificação dos requisitos do erro sobre a base do negócio como motivo de anulação:
são os 2 pressupostos que constam do art. 437.º, n.º 1 na parte final: “desde que a
exigência das obrigações …”.
- Ou seja, a remissão do art. 252.º, n.º 2 para o regime da alteração das circunstâncias
(art. 437.º) não é para os efeitos aí previstos (resolução ou modificação) mas apenas
para os pressupostos contidos na parte final do seu n.º 1.
- Efeitos: anulabilidade (caso estejam verificados os pressupostos) art. 289.º
- Legitimidade e prazo (art. 287.º).

b) Suponha agora que a deliberação camarária teve lugar após a realização do contrato-
promessa e antes da data prevista para a celebração do contrato prometido, tendo sido
amplamente publicitada. Perante este facto, A está disposto a baixar o preço do imóvel
para manter o contratopromessa, porém a B só lhe interessa a invalidade do negócio.
Quid iuris?
- Problema da pressuposição ou da alteração das circunstâncias que fundaram a decisão
de contratar – art. 437.º.
- A não aplicação ao caso do erro sobre a base do negócio (art. 252.º, n.º 2.

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- O regime jurídico da alteração das circunstâncias: a alteração anormal das
circunstâncias e que a manutenção do conteúdo do contrato ofenda gravemente os
princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos próprios do contrato.
- Indicação das consequências legais da verificação dos requisitos: resolução do
contrato ou modificação segundo juízos de equidade.

XIV – Caso prático dolo e coação moral


1) A, emigrante, ao regressar à sua terra natal após ter permanecido longos anos no
estrangeiro, é abordado por B, seu conterrâneo, que lhe garante ter prestado assistência a
seu pai durante a grave doença que o vitimara. A, que desconhece a falsidade das
afirmações de B, doa-lhe um pequeno terreno como recompensa.
- Qualificação: dolo (art. 255.º e 256.º) - o dolo como vício da vontade, conceito, 253º.
- Ilícito: Só é relevante para efeitos de anulabilidade.
- Dolo essencial: é aquele sem o qual o negócio jurídico não se teria feito
- Positivo: intenção de enganar através de uma atitude positiva
- Efeitos: anulabilidade (art. 253.º) e responsabilidade pré-contratual (art. 227.º) e art.
289.º, n.º 1 - legitimidade e prazo para arguir a anulação
- Conclusão: A é o proprietário do terreno e B tem de o restituir a A.

2) Ao ter conhecimento do facto, C, vizinho de B, dirige-se a este exigindo a entrega de


uma avultada quantia de dinheiro, sob pena de revelar a A toda a verdade. Para evitar
isso, B satisfaz a exigência de C. Refira-se ao valor jurídico dos negócios realizados
entre A e B e entre B e C, indicando, se for o caso, quem teria legitimidade para os
impugnar e em que prazo.
- Qualificação: coação moral ou relativa (art.255.º e 256.º).
- Noção: 255º
- Já na coação absoluta ou física, o declarante emite uma declaração de vontade contra a
sua vontade, sem intenção, por força da força física.
- Coação exercida pelo declaratário (art. 255.)
- Efeitos: anulabilidade (art. 256.º) e responsabilidade pré-contratual (art. 227.º) e art.
289.º, n.º 1
- Legitimidade e prazo (início e fim): art. 287.º, n.º 1)
- Conclusão: C tem de devolver a B a quantia de dinheiro extorquida através da coação.

12
XV – Caso prático estado de necessidade e dolo
A, sabendo que B se encontrava com grande necessidade de dinheiro para obter a droga
a que se habituara, comprou-lhe por 500€ um quadro que valia no mercado cinco vezes
mais. B comprometeu-se a entregar o quadro em breve, mas ainda não o fez.
a)
(i) Arrependido do negócio que efectuou, poderá B, passado um ano e meio, invalidar a
venda?
- Qualificação: estado de necessidade, artigo 282.º.
- Valor jurídico do negócio realizado: anulabilidade
- Legitimidade e prazo (início e fim) (artigo 287.º, n.º1)
- Efeitos (artigo 289.º, n.º 1)

(ii) Terá A qualquer possibilidade jurídica de ficar com o quadro?


- Art. 283.º, n.º 2

(iii) Poderá influir na solução o facto de A ser médico assistente de B?


- Deverá ser o negócio nulo, por contrariedade à lei ou ofensivo dos bons, o médico tem
o dever jurídico de prestar auxílio ao seu doente toxicodependente, não sendo lícito que
se aproveite dessa sua fraqueza (artigo 280.º)

b) Suponha que A, para conseguir essa compra, convenceu B, com a ajuda de um perito
amigo, de que o quadro era uma simples cópia. A solução será a mesma?
- Qualificação: dolo (art. 253.º).
- Dolo do declaratário e de terceiro.
- Dolo ilícito (“dolus malus”): só é relevante para efeitos de anulabilidade.
- Dolo essencial: é aquele sem o qual o negócio jurídico não se teria feito.
- Efeitos do dolo: anulação, o dolo de terceiro era conhecido do declaratário (artigo
254.º, ns.º e 2) e a responsabilidade pré-negocial (art. 227.º).
- Legitimidade e prazo (início e fim) - artigo 287.º
- Efeitos da anulação (art. 289.º, n.º 1).

13
Caso Prático
A foi jantar com B. Em jeito de brincadeira diz que vende o mini de 1972 pelo preço de
25000 euros a pronto pagamento. No dia seguinte, B liga-lhe a dizer que está pronto
para fazer compra e até já tem dinheiro pronto para lhe entregar. A responde a B
dizendo que foi tudo em jeito de brincadeira que lhe vendia um mini de 1972 e disse
que nunca disponibilizou carro nenhum e que tudo foi uma brincadeira de amigos no
jantar. Quid Iuris?
R:
- Não corresponde à sua vontade.
- Há uma divergência intencional entre a sua vontade e a sua declaração.
- Não corresponde aquilo a que A queria dizer
- Declaração não séria, 245º
- Não há declaração no contrato.
- A tem de demonstrar quando declarou, só podia estar na brincadeira
- A outra parte percebeu que estava na brincadeira
- Perceber quer declaração não séria, uma pessoa faz promessas falsas, do género se
superares a depressão levo-te a dar a volta ao mundo
- Quando houver essa divergência, ela é ineficaz
- Nº1: A declaração não séria, feita na expectativa de que a falta de seriedade não seja
desconhecida, carece de qualquer efeito.
- Nº2. Se, porém, a declaração for feita em circunstâncias que induzam o declaratário a
aceitar justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser indemnizado pelo
prejuízo que sofrer.
- Divergência numa vontade diferente da declaração
- Se B entender de forma diferente, tem o direito de ser indemnizado, prejuízo do
interesse contratual negativo, nº2
- O efeito é ineficácia, em sentido amplo, não produz quaisquer efeitos, nº1

Caso Prático
A na presença de B, seu credor, disse a C que lhe vende um quadro, uma obra de arte
valiosa de um determinado autor pelo preço de 20000 euros. No dia seguinte, C
comunica a A que aceita e que está pronta a lhe pagar o preço e levantar no banco. A
responde que nunca venderia a obra de arte e que apenas declarou a venda para criar
aparência a B, seu credor. Quid iuris?
R:
- A disse a C que vendia mas não queria vender
- Enganou B e C

14
- Reserva mental, 244º
- Nº1: Há reserva mental, sempre que é emitida uma declaração contrária à vontade
real com o intuito de enganar o declaratário.
- Nº2: A reserva não prejudica a validade da declaração, excepto se for conhecida do
declaratário; neste caso, a reserva tem os efeitos da simulação.
- Alguém faz uma declaração, mas por exemplo não quer vender, engana as pessoas
- C não conhece a reserva mental, o efeito é que não prejudica a declaração, é
irrelevante, não afeta a validade da declaração, nº2, 1ª parte, 244º
- Se o C disser compro, temos uma C/V, a declaração é válida, temos um negócio
jurídico
- Temos dois requisitos: vontade divergente da declaração e um intuito enganatório
- O efeito: irrelevante, nº2, 1ª parte
- E se C tivesse conhecimento da reserva mental? C tendo conhecimento, está de acordo
com a reserva mental de A, conhece, sabe aquilo que A está dizer, não está de acordo
com a sua vontade, passamos assim a ter uma situação de simulação (240º), nº2, 2ª
parte, 244º
- Na simulação há: divergência entre a vontade e a declaração, intuito enganatório,
acordo simulatório (conluio)

Simulação
- A-B (C/V), na verdade A não quer vender nada, nem B quer comprar nada.
- Na verdade existe C um credor que está em cima do património de A.
- Na realidade declarada, as partes não quiseram fazer nada, na verdade não existe nada
- Há o declarado e o pretendido
- Neste caso trata-se de uma simulação absoluta
- 240º, nº2, negócio simulado é nulo
- A vende a B, compra e venda, mas na verdade o que A quer fazer é uma doação a B
- Neste caso querem que B adquira o bem
- Temos uma realidade escondida
- Neste caso trata-se de uma Simulação relativa, 241º
- A-B é um negócio simulado
- A-D é um negócio dissimulado
- A-B é nulo
- A-D, o negócio é exposto, revela o negócio, aplica-se a lei, pode ser por exemplo um
negócio inválido (relação extraconjugal, 953º- 2196, nula)

15
- Por exemplo o negócio é feito com uma pessoa que A poderia fazer a doação (negócio
válido)
- Por exemplo vende por 100000 mil quando vale 1 milhão (válido, paga impostos)
- Por exemplo se A corrompe B (crime)
- Por exemplo, o negócio é válido e é uma doação a um amigo e os familiares vão-lhe
chatear a cabeça (válido, escândalo)
- O negócio dissimulado fica destapado e aplica-se a lei
- Artigo 241.º
Nº1: Quando sob o negócio simulado exista um outro que as partes quiseram
realizar, é aplicável a este o regime que lhe corresponderia se fosse concluído sem
dissimulação, não sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do negócio
simulado.
Nº2: Se, porém, o negócio dissimulado for de natureza formal, só é válido se tiver
sido observada a forma exigida por lei.
- 1. Negócio simulado é nulo, dissimulado aplica-se a lei, não há forma, é nulo
- 2. Se no negócio simulado foi feita uma escritura de c/v mas na verdade querem fazer
uma doação, vamos aproveitar a forma do simulado para o negócio dissimulado e assim
o negócio dissimulado é válido
- Por exemplo, uma C/V de 100000 euros, dissimulado valeria 1 milhão, a escritura já
pode servir para o dissimulado, são de natureza igual

Caso Prático
1.A quer doar um automóvel a D, pessoa com quem mantém uma relação adulterina.
Para evitar o obstáculo do seu casamento com C, A combinou com o seu amigo B que
com faria com ele um contrato de compra e venda do automóvel e posteriormente o
doaria a D. Prenunciasse sobre a validade deste negócio jurídico e quem e em que
termos poderá impugná-lo.
R:
- Qualificação: simulação (divergência intencional); normas aplicáveis: 240.º a 243.º;
286.º 289.º; pressupostos; modalidades: fraudulenta, relativa, subjetiva ou dos sujeitos
(por interposição fictícia de pessoa) e objetiva ou sobre o conteúdo do negócio (sobre a
natureza do negócio).
- Valor jurídico de todos os negócios realizados:
- Descrição dos 2 negócios simulados e do negócio dissimulado; regime aplicável aos
negócios simulados (nulidade - art. 240.º, nº2) e ao dissimulado: art. 240.º, nº1,
explicação do disposto nesta norma (nulidade com fundamento em indisponibilidade
relativa (arts. 953.º e 2196.º); quanto à forma: arts. 947.º e art. 219.º e supondo ter
havido “tradição da coisa”, não seria aplicável o art. 241.º, n.º 2

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Legitimidade, prazo de impugnação e efeitos da declaração de nulidade: arts. 242.º, n.s
1 e 2; 286.º (prova pelos simuladores art.394.º) e art. 289.º

2. Admita que o negócio entre A, D e B foi celebrado em Dezembro de 2019. Em


Outubro de 2021, B vendeu a E o automóvel que registou. Tendo em conta o descrito, a
quem pertence o automóvel?
R:
- Efeitos da declaração de nulidade proveniente da simulação pelos simuladores a 3.ºs
de boa fé: inoponibilidade da nulidade a terceiros adquirentes de boa fé; indicação dos
pressupostos do art. 243.º e aplicação aos factos descritos no enunciado; E é terceiro e
estava de boa fé: explicar a noção doutrinal de terceiro para efeitos do art. 243.º e a
noção legal de boa fé em sentido subjetivo.
- Explicar o sentido e a importância do princípio “nemo plus iuris...”.
- Não estamos perante a exceção decorrente das regras do registo: arts. 4.º e 5.º do CRP,
por não se verificarem no presente caso prático os pressupostos da sua aplicação (o
registo não confere a propriedade, apenas a torna pública no pressuposto de ela já existir
na titularidade de quem a registou - art. 1.º do Código do Registo Predial; trata-se sim
de uma das exceções a este princípio, pelo que, E é o proprietário do veículo.
- Efeitos no caso de ser C a opor a nulidade da simulação: aplicar-se-ia o disposto no
art. 291.º, nos termos do qual não estariam presentes todos os pressupostos - o previsto
no art. 291.º, nº 2 -, pelo que o direito adquirido por E (3.º de boa fé) não gozaria de
proteção, ainda que tenha procedido ao registo, inferior a 3 anos.
- Explicação desta solução e dos efeitos previstos no art. 289.º, n.º 1; E tem de devolver
o automóvel ao proprietário A

3. Admita que A se arrependeu de ter feito a doação D e pretende (desfazer essa


doação), que poderá fazer?
R:
- O art. 243.º como exceção a esse princípio, razão de ser da proteção de terceiros de
boa fé
- Efeitos da declaração de nulidade em relação a terceiros (art. 243.º, n.º 1) - o
simulador não pode opor a nulidade da simulação a 3.º (E) de boa fé; art. 243.º - noção
de boa fé para este efeito art. 243.º ns.º 2 e 3
- Conclusão: A não teria êxito

Caso Prático

17
A vendeu a B um apartamento de que é proprietário e cujo valor patrimonial declarado
nas finanças é de 50.000 euros. A compra e venda efectivamente executada entre A e B
foi por um valor de 150.000 euros. Todavia aproveitando o facto de o valor patrimonial
ser 150.0000, A e B combinam declarar na escritura como preço de 50.000 euros.
Entretanto C, arrendatário da fração a quem não foi notificado a venda vem exercer o
direito de preferência legal, intentando a respetiva ação contra A e B, pedindo ao
tribunal que lhe seja atribuída a propriedade da casa pelo valor de 50.000 euros. Quid
iuris?

R:
- A-B, fizeram isto para enganar o fisco
- C como arrendatário tem o direito legal de preferência
- C Propõe uma ação contra A e B
- A e B vão contestar a ação, o negócio não feito por 50.000 euros mas por
150.000 euros
- Têm de invocar a simulação
- Simulação relativa quanto ao valor
- Tem legitimidade para arguir a simulação, 242º, nº1
- Estão a invocar por via da exceção, quando é invocado um direito contra a eles e
eles se defendem
- Artigo 241º, nº1
- Vai haver consequências fiscais
- O negócio é válido
- E formalmente?
- 242º, nº2, aqui aproveita-se a forma do negócio simulado
- C é terceiro de boa fé
- C diz que a simulação não lhe é oponível
- C não está em nenhuma cadeira de transmissões, é um argumento possível
- 3ºs de boa fé para efeitos do 243º e 291º tem de ser pessoas que vêm a sua
situação jurídica prejudicada
- Estaríamos a permitir que C compre por 50.000 euros e o valor real é 150.000
- Para ter prioridade sobre B tem de pagar 150.000
- 3ºs efetivamente prejudicados com a situação

18
- A simulação é inoponível só aos terceiros de boa fé prejudicados com a
invalidação e não aos terceiros que sejam beneficiados ou que venham a lucrar
com a referida invalidação
- Conclusão: tem razão A porque o art. 243º só protege os terceiros que seriam
prejudicados (que sofreriam uma perda) e não os que viriam a lucrar com a
validade do negócio simulado.
- Portanto, o preferente, ainda que seja um terceiro de boa fé, não pode invocar
essa sua qualidade para preferir pelo preço declarado: é-lhe oponível pelos
simuladores a nulidade do negócio simulado, sendo admitido a preferir pelo
preço real e não pelo valor declarado (simulado)

X – Caso prático erro–vício sobre o objeto do negócio e dolo


A, que se dedica à construção civil, adquiriu a B, importador de máquinas de construção
civil, uma betoneira no pressuposto de que a mesma tinha uma capacidade superior a 1
tonelada de cimento. Quando a máquina lhe foi entregue, A constata que essa
capacidade é bastante inferior, tornando-a imprópria para o fim a que se destinava, e
pretende reaver o valor que pagou e restituir a betoneira.
a) Assiste razão a A? Com que fundamento e em que condições?
- Qualificação jurídica: erro-vício sobre o objeto do negócio.
- Os vícios da vontade são erros na formação da vontade.
- A divergência entre a vontade e a declaração é um erro na formulação da vontade.
- Erro-vício sobre o objeto mediato, sobre as qualidades (art. 251.º e 247.º) - anulável
nos termos do artigo 247.º (artigo 251.º), “desde que o declaratário conhecesse …”
- Efeitos: esta condição não se verifica no presente caso.
- Conclusão: A não tem fundamento para impugnar a compra realizada.

b) O que responderia se A viesse a saber que B, à datada celebração do negócio,


conhecia a convicção errónea de A quanto à respetiva tonelagem e, no entanto, não
avisara A desse facto?
- Caracterização do dolo como vício da vontade (arts. 253.º e 254.º); dolo como motivo
de anulabilidade (ilícito, essencial; negativo, do declaratário).
- Dolo Ilícito: Só é relevante para efeitos de anulabilidade.
- Dolo Essencial: É aquele sem o qual o negócio jurídico não se teria feito.
- Dolo Negativo: Acontece em caso de silêncio, quando sabe e tem o dever de informar.
- Efeitos: anulabilidade e responsabilidade e pré-contratual (arts. 254.º e 227).

19
- Conclusão: A poderá requerer a invalidade do negócio com base em dolo proveniente
do declaratário (B).

XII – Caso prático erro-vício sobre os motivos


A arrendou a B uma casa localizada em Évora por 1 ano, desde logo pago a renda do
primeiro ano. A vive habitualmente no Porto e apenas fez este contrato com B porque
foi convidado pela empresa onde trabalha e tendo aceite a deslocar-se durante os
próximos dois anos permanentemente para a cidade de Évora. Sucedeu que a empresa
no qual A trabalha suspendeu a decisão e A continuará a viver no Porto. A pretende
cancelar o arrendamento e que lhes seja restituído o valor entregue com o adiantamento
de renda. Quid Iuris?
- Qualificação jurídica: erro-vício sobre os motivos mas que não se refere à pessoa do
declaratário ao nem ao objeto do negócio, art. 252.º
- Os vícios da vontade são erros na formação da vontade.
- A divergência entre a vontade e a declaração é um erro na formulação da vontade.
- Neste caso: erro sobre os motivos previsto no art. 252.º, n.º 1º, a condição especial é a
seguinte: só é causa de anulação se e as partes houverem reconhecido por acordo...”.
- Este requisito em princípio não se verifica no presente caso porque o enunciado não o
refere.
- Efeitos: negócio válido.
- Conclusão: A não tem fundamento para anular o negócio realizado.

Caso prático

O senhor A assumiu com a empresa B para qual trabalha como contabilista um


acordo de revogação do contrato de trabalho no qual renuncia a todos os seus
direitos em virtude daquela cessão. Tal facto deveu-se a ter sido interpelado pelo
gerente da propriedade que lhe referiu que em certos factos por ele praticados na
empresa que poderiam dar ou que constituíam crime e seguramente podia ser
condenado e sujeito e nunca mais trabalharia na sua atividade. Um ano meio mais
tarde quando A verificou que tais factos já prescreveram, A teve de reagir ao
acordo que fez com a empresa B. Quid iuris?

R:

A assinou um acordo pela sua vontade ser viciada por coação moral

É uma coação moral, 255º

A poderia opor-se ou não, a vontade está viciada em virtude dessa ameaça

20
Existe o receio da parte do declarante, o medo, o receio, decorrente de uma ameaça
ilícita, ameaça essa com a finalidade de extorquir a declaração

A em virtude de uma ameaça que lhe foie feita, emite uma declaração com determinado
sentido e essa declaração foi formada por causa do medo dessa ameaça

Para que haja coação é necessário:


Tem que ser essencial, ou seja, tem de se provar que o negócio não seria feito se a
coação não tivesse sido feita;
A ameaça tem de ser ilícita, isto é, tem que ser a ameaça de alguma coisa que não seja a
ameaça de alguma coisa que seja permitido.

É uma ameaça ilícita?

A ilicitude da ameaça pode ser visto de duas formas:

Ilicitude dos meios empregues

Ou então pode ser uma ameaça feita por meios lícitos, mas com fins inadequados, que é
o caso, o fim que a empresa pretende é ilícito logo há ameaça ilegal;

Exercício ilegítimo do direito

Efeitos da coação, 256º

A pode pedir a anulação, 287º, 289º

Artigo 256º, a declaração negocial extorquida por coação é anulável.

Portanto o negócio é anulado, quando e como, nos termos do artigo 287º CC.

Cessa o vício quando a pessoa toma conhecimento deque o perigo deixou de existir.

Neste caso são uns 6 meses em que o vício deixa de existir.

O prazo começa a contar, neste caso, quando ele percebe que não havia forma nenhuma
de a ameaça ser executada. É o momento em que o perigo deixa de existir, em quando a
ameaça se torna inútil.

A ainda pode ser indemnizado, 227º

21
Admita que o gerente da sociedade B havia «ameaçado» A de que em virtude da
descoberta daqueles factos, a sociedade iria propor por conta dele um processo
disciplinar. A resposta seria a mesma?

R:

Há um exercício normal do direito da entidade patronal

Neste caso, aplica-se o artigo 255º, nº3 do CC.

Não constitui coação a ameaça do exercício normal de um direito nem o simples temor
reverencial.

O exercício normal de um direito é, justamente, o exercício que qualquer pessoa pode


levar a cabo o efeito, a empresa pode dizer “nós achamos que você praticou estes factos
e, portanto, vamos iniciar um processo disciplinar contra si”; a pessoa pode escolher se
assina o acordo ou se aceita o processo disciplinar e a pessoa defende-se.

Caso prático

O senhor A colocou à venda num stand de automóveis B um carro antigo para que
B o vendesse pelo preço de 25.000 euros, sendo que nesse caso B ficaria com uma
comissão de 2500 euros. C interessado visitou o stand e perguntou a B se todas as
peças do automóvel eram de origem ao que este respondeu sim, ocultando certas
partes do automóvel que na verdade não eram de origem. Depois da compra do
automóvel e do pagamento a A, C constata que o carro tinha bastantes peças não
originárias e que estava longe de ser genuíno face ao modelo original. Quid iuris?

R:

Há dolo

253º, nº1, entende-se por dolo qualquer sugestão ou artifício que alguém empregue com
a intenção ou consciência de induzir ou manter em erro o autor da declaração, bem
como a dissimulação, pelo declaratário ou terceiro, do erro do declarante.

Há uma atitude de dissimulação do erro

O dolo negativo acontece no caso de silêncio quando sabe e tem o dever de informar.

É um dolo ilícito (malus), só é relevante para efeitos de anulabilidade

O vendedor ocultou aspectos para induzir C em erro

22
Efeitos do dolo: 254º, nº2, o dolo provém de 3º (B), última parte do nº2

Quando o dolo provier de terceiro, a declaração só é anulável se o destinatário tinha ou


devia ter conhecimento dele; mas, se alguém tiver adquirido directamente algum direito
por virtude da declaração, esta é anulável em relação ao beneficiário, se tiver sido ele o
autor do dolo ou se o conhecia ou devia ter conhecido.

287º, 289º, Anulação parcial do negócio, anula a comissão de B

Caso prático

A vendeu a B e B comprou um automóvel antigo de marca Ford desportivo pelo


preço de 40.000 euros. Depois da compra apesar de verificar que o carro obedecia
a todos os requisitos necessários de originalidade, A veio a saber que afinal o carro
não é aquele que participou nas corridas de Vila real que tinha visto quando era
criança mas sim outro exatamente do mesmo modelo, exatamente igual na cor
antes da corrida estar decidida na altura. Quid iuris?

R:

Erro vício da formação da vontade de A

Erro essencial, ou seja, determinante para fazer o negócio, sem ele o negócio não se
teria feito, ou pelo menos naqueles moldes.

Erro próprio, não incide sobre condições de validade legal do negócio

251º, erro sobre o objeto do negócio, O erro que atinja os motivos determinantes da
vontade, quando se refira à pessoa do declaratário ou ao objecto do negócio, torna este
anulável nos termos do artigo 247.º

247º , Quando, em virtude de erro, a vontade declarada não corresponda à vontade real
do autor, a declaração negocial é anulável, desde que o declaratário conhecesse ou não
devesse ignorar a essencialidade, para o declarante, do elemento sobre que incidiu o
erro.

A tem de demonstrar que o vendedor B sabia ou devia ignorar que aquilo que A
realmente queria, que era o Ford que viu nas corridas

287º e 289º

23
Ou, erro sobre os outros motivos, 252º, nº1, motivações pessoais do errante, era preciso
que o errante demonstrasse o motivo do erro.

O erro que recaia nos motivos determinantes da vontade, mas se não refira à pessoa do
declaratário nem ao objecto do negócio, só é causa de anulação se as partes houverem
reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo.

Caso prático

A vendeu um terreno a B no Porto no qual B planeia construir um edifício para


escritórios. O preço de compra foi 200 mil euros e foi pago. Sucedeu que após a
escritura quando B se preparava para apresentar a documentação de licenciamento do
projeto tomou conhecimento que uma semana antes da escritura foi deliberado pela
câmara municipal do Porto uma alteração ao PDM na parte em que se localiza o terreno
no qual passaria a estar sujeito a uma finalidade de equipamento e parque urbano.

A) Que poderá B fazer?


R:
- A e B vêm tomar conhecimento neste momento que houve uma deliberação da câmara
municipal para alterar o PDM
- B comprador tomou conhecimento neste momento, já pagou os 200 mil euros
- B foi enganado sim ou não? Não foi enganado, não há elemento nenhum para
considerar esta hipótese e o dolo está fora de questão
- B enganou-se? Sim ou não, não sabia do facto da deliberação da câmara, B não
conhecia a circunstância que era determinante para a sua vontade, é uma situação de
erro vício
- Erro vício pode ser sobre o objeto, a pessoa (251º) outros motivos 252º, nº1 ou sobre
base do negócio 252º, nº2
- Erro sobre a base do negócio, é o conjunto de circunstâncias que se fossem
desenvolvidas, discutidas, consideradas pelas partes, ambas estariam de acordo que era
condição essencial
- Condições que não foram discutidas, mas se fossem discutidas estariam de acordo
- Portanto é um erro sobre a base do negócio, 252º, nº2
- Porque não é uma alteração de circunstâncias? 252º, nº2, 437º, para existir erro vícios,
o erro tem de incidir sobre factos passados ou contemporâneos ao negócio

24
- Estamos numa situação de imprevisão se for alteração de circunstâncias (erro para o
futuro)
- Quando estamos numa situação do passado, temos uma situação de erro para o
passado ou para o presente
- Para o futuro aplica-se a alteração de circunstâncias,
- Sempre que há situações de erro sobre a base do negócio, tem de ser circunstâncias
anteriores ou presentes
- B pode tentar anular o negócio
- Não acaba no 437º, lendo o artigo 252º, nº2
- O erro tem sempre de ser essencial e próprio
- 437º, negócio resolvido ou modificado
- No 252º, nº2 deve aplicar-se a anulabilidade do negócio, é não resolúvel ou
modificável
- O negócio nasce mal na sua formação, fala-se de invalidade, aplicando-se a nulidade
ou anulabilidade, neste caso anulabilidade, a vontade foi mal formada, não sabia da
circunstância
- Tem de provar que existe o erro, erro sobre a base do negócio, o erro tem de ser
essencial e próprio e que provocou o desequilíbrio contrário à boa fé e não está coberto
pelos riscos
- B tem legitimidade, anulabilidade nos termos do 287º, 289º
- Quando um negócio nasce bem, mas acontece uma circunstância (impossibilidade de
cumprimento, não cumprimento, etc, alteração das circunstâncias, 437º)
- Não se aplica a invalidade mas sim a resolução, modificação parte final do 437º,
anulabilidade 287º, 289º

B) Admita que a deliberação da câmara não foi anterior mais foi posterior. Quid
iuris?
R:
- Neste caso temos um negócio que nasceu bem
- Mas vem acontecer um acidente a deliberação da câmara municipal
- O negócio não tem vícios mas acontece um problema
- Não estamos perante um, erro, mas perante uma não verificação da pressuposição
- Conjunto de circunstâncias que sofrerem uma alteração (circunstâncias futuras)
- Aplicação do 437º

25
- Portanto as circunstâncias que estão na base negócio, sofreram uma alteração anormal
e a parte lesada, B, tem direito à resolução de contrato ou modificação do contrato,
segundo juízos de equidade, 437º, 1ª parte
- As obrigações de A e B por eles assumidas tem de afetar gravemente os princípios da
boa fé e não pode estar coberta pelos riscos próprios do contrato, 437º, nº1 2ª, parte
- 437º, nº2: Requerida a resolução, a parte contrária pode opor-se ao pedido, declarando
aceitar a modificação do contrato nos termos do número anterior.
- 287º, 289º

Caso Prático
A colocou à venda na plataforma de vendas o seu automóvel tendo indicado a marca, o
modelo, quilometragem e estado, bem como o preço. 8 dias depois B comunicou por
email para o email que estava indicado na plataforma que queria comprar o carro. No
dia seguinte informou A que queria deslocar-se ao seu município para levantar o carro,
os documentos, bem como efetuar o pagamento. A respondeu dizendo que o automóvel
já não estava à venda ao que B reage dizendo que considerava o automóvel seu. Quid
Iuris?
R:
- Âmbito da declaração negocial
- Por efeito da compra e venda, B afirma que o carro é seu
- Temos uma proposta de A e a proposta de B, B acha que tem razão no negócio,
afirmando que compra
- A quando coloca o anúncio, está a emitir uma declaração negocial formativa do
contrato (proposta contratual) ou não está?
- Se está, 224º e seguintes
- Tem de haver uma vontade da ação e uma vontade da declaração (comportamento
declarativo)
- Há ainda a vontade negocial (vontade de natureza jurídica) quero me vincular a um
conteúdo jurídico, como acontece com B
- Quando meto um carro num stand virtual, estou a fazer um anúncio, não estou a emitir
uma declaração negocial, estou a fazer um convite a comprar
- A estava a fazer um convite a contratar
- A deve dizer que aceita a venda
- Não há um contrato de compra e venda, é preciso que A aceite

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- A não teve a vontade de se vincular, não há a chamada vontade negocial
- A não fez nenhuma proposta de contrato, tinha de aceitar a proposta de B

Caso prático
Admita que A ingressou uma proposta a B sobre um mecânico que lhe vendia um
automóvel. A declaração foi enviada a B por email e por este recebida. No dia seguinte,
B responde, dizendo que aceitava a compra, ao que A lhe diz que pretende vender o
carro por um preço mais elevado ao que B responde dizer que considera a compra e
venda feita. Admita agora que B apenas responde a A uma semana depois dizendo que
lhe compra o carro, ao que A lhe responde lhe no dia anterior que vendeu o carro a C.
Quid Iuris?

R:
- Da parte de A houve uma vontade negocial
- A vontade negocial é irrevogável, não pode ser retratada, ao não ser nos termos do
230º
- A proposta foi conhecida e recebida por B
- A não tem razão porque sendo uma proposta de contrato é irrevogável, segundo o
artigo 230º
- Na pergunta seguinte, A num primeiro momento envia a proposta a B, passados 7 dias,
B responde a A e A diz que anteriormente, vendeu a C, poderá fazê-lo?
- A proposta de A a B mantém-se válida, 228º,nº1
- Depois do prazo caduca e A está livre para fazer o negócio com C

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