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Caso prático
2 - A vende a B um prédio rústico, através de documento particular. B não regista a
aquisição. A vende de novo a C, através de escritura pública, e C também não regista.
Quid iuris?
- A-B: venda nula – arts. 874.º; 875.º; 220.º; 286.º; 289.º.
- A-C: venda válida mas não foi registada, apenas é eficaz entre as partes, art. 4.º CRP.
- O proprietário é C, adquiriu o direito, através do contrato de compra e venda e é eficaz
entre as partes.
- O prédio é um bem sujeito a registo, mas nenhum dos adquirentes registou, logo o
direito adquirido em primeiro lugar prevalece, enquanto não houver registo da
aquisição, art.º 4.º CRP, eficaz entre as partes.
Caso prático
3- A doa a B uma vivenda, cumprindo todas as exigências legais, mas B não regista a
aquisição. A doa a C o mesmo bem, sob coação de C, que regista imediatamente a
aquisição.
- A-B: arts. 940.º; 947.º, 1; 954.º; 408.º, 1, artigo 4.º CRP.
- A-C: arts. 255.º; 256.º; 287.º; 289.º
- O proprietário é B, porque adquiriu através de um contrato válido.
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- C não pode ser proprietário porque adquiriu o direito de propriedade através de um
contrato inválido em que a doação é declarada anulada por coação moral, portanto,
inválida.
- O registo de nada lhe vale porque a aquisição que fez fundou-se num contrato
inválido, portanto, o registo também tem de ser inválido.
Caso prático
4 - A, casado, vende sem a autorização do cônjuge, uma embarcação de recreio a B, que
regista a aquisição. Passados dois meses, A vende o mesmo bem a C, com o
consentimento do cônjuge, mas C não regista a aquisição. Quid iuris?
- O proprietário é C, porque adquiriu o direito de propriedade sobre a embarcação
através de um contrato válido que cumpre todos os requisitos legais., arts 874.º, 879.º,
408.º, 1, 219.º e consentimento do cônjuge.
- A embarcação é um bem sujeito a registo, C não registou logo o direito adquirido em
primeiro lugar prevalece, enquanto não houver registo da aquisição, art.º 4.º CRP, eficaz
entre as partes.
- O contrato com B tem de ser declarado anulado pelo tribunal por ilegitimidade
conjugal – arts 1682.º e 1687.º; 287.º; 289.º.
- B perde o direito adquirido anteriormente, por efeito da declaração de anulação, o
registo tem de ser anulado por consequência da anulação da compra.
Caso prático
5 – A vende a B um apartamento observando as condições legais de validade, mas B
não regista. Seguidamente, A vende o prédio urbano a C, que regista de imediato a
compra, sabendo da anterior venda a B. Quid iuris?
- A-B: em princípio, venda válida (art. 874.º, 875.º; 879.), porém, ineficaz para efeitos
de registo (art. 4 CRP).
- A-C: em princípio, venda nula por ser uma venda de coisa alheia, art. 892.º, 220.º,
286.º, 289.º, porém eficaz perante B, 3.º para efeitos de registo art. 5.º, 4 CRP.
- C adquire um direito que o transmitente A já não possuía na sua esfera jurídica à data
da venda, porque já o havia transmitido anteriormente a B.
- Se for provado o abuso de direito de C, nos termos do artigo 334.º Código Civil, por se
encontrar de má fé, C perde o direito de propriedade, não podendo adquiri-lo.
- Deste modo, alteram-se as posições de B e de C, passando a ser B o proprietário por
ter adquirido em primeiro lugar.
- Com a aplicação do abuso de direito, as regras do Código Civil voltam a prevalecer
sobre as regras do CRP.
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Caso prático
6- A está muito grato a B e por isso doa-lhe uma moto muito valiosa, mas B não
sabendo das consequências dessa omissão, não regista a aquisição. Passados 6 meses A
e B envolvem-se numa violenta discussão e A, arrependido da doação da moto, decide
doá-la a C, que desconhece em absoluto tudo o que se passara antes e regista a
aquisição.
Quid iuris?
- O proprietário é C, porque registou em primeiro lugar a sua aquisição, beneficia da
prioridade do registo, art. 6.º CRP, ainda que tenha adquirido em segundo lugar o direito
de propriedade sobre a moto.
- Ao registar a aquisição tornou a aquisição eficaz perante B (artigo 5º, 1 e 4 CRP).
- B, por seu turno, perde o direito que adquiriu em primeiro lugar, por não ter efetuado o
registo que lhe iria conferir proteção em face de 3.º para efeitos de registo e não
registando a sua aquisição, esta é ineficaz perante C (artigo 4º CRP).
b) Suponha agora que C soube de tudo em março de 2020 e logo intentou ação judicial.
A resposta seria a mesma da alínea anterior?
Pronuncie-se sobre o fundamento, a legitimidade para intentar a ação judicial e o
prazo em que o poderia fazer, se fosse o caso.
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- Não, C teria agora o direito de obter a nulidade da doação ente A-B e o direito de obter
a nulidade da venda B-D, por ainda a não ter passado o prazo de 3 anos após a
celebração do 1.º negócio e propor a nulidade (art. 291.º, 2).
- Fundamento: indisponibilidade relativa (art. 953.º e 2196.º).
- Ilegitimidade do transmitente B, venda de coisa alheia art. 892.º
- Legitimidade de C, art. 286.º, qualquer interessado.
- Prazo: art. 286.º, a todo o tempo
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- Conclusão: A não pode reaver o prédio de C, verifica-se uma exceção ao princípio do
“Nemo plus iuris”.
b) A solução seria a mesma se a venda fosse nula não por simulação mas por
indisponibilidade relativa, nos termos do artigo 953.º?
- Indisponibilidade relativa: arts. 953.º e 2192.º
- Efeitos da nulidade, proveniente de uma indisponibilidade relativa em relação a
terceiros: aplicação do artigo 291.º
- Verificação de cada um dos pressupostos do art. 291.º
- Conclusão: a resposta não seria a mesma porque os pressupostos são diferentes.
- Neste caso, segundo o art. 291.º, C estaria de má fé: explicação deste conceito e seus
efeitos na solução do caso.
VI - Caso prático
Simulação - doação a médico
Pretendendo fazer uma doação ao médico que o tratara durante a prolongada doença de
que fora vítima, José, tendo sido informado que a lei lhe vedava a realização da doação
faz, combinado com o médico, um contrato em que declara vender-lhe um quadro de
Vieira da Silva, que ele possuía em sua casa. Na realidade, contudo, não houve entrega
de qualquer preço nem qualquer intenção nesse sentido.
a) Poderá Rosa, filha de José, reaver o quadro em vida de seu pai?
- Elementos da simulação e modalidade: fraudulenta, relativa, objetiva sobre a natureza
do negócio (arts. 240.º e 241.º).
- A simulação fraudulenta é feita para enganar e dessa simulação existe prejuízo para
terceiros.
- Na simulação relativa por detrás do negócio simulado existe um negócio real
- Na simulação objectiva sobre a natureza do negócio, simula-se uma venda para fazer
uma doação.
- Valor jurídico dos negócios realizados - a venda e a doação: arts. 240.º, n.º 2 e 241.º, 1
regime aplicável (art. 953.º e 2194.º).
- A venda é nula por simulação e a doação é nula por indisponibilidade relativa.
- Efeitos: art. 289.º.
- Legitimidade e prazo: arts. 242.º, 286.º, 394, nº2
- Conclusão: Rosa podia reaver o quadro, tinha fundamento, legitimidade e prazo.
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b) E por morte de José, poderá Rosa reaver o referido quadro de Carlos que, entretanto,
o adquiria do médico, e que desconhecia, por negligência, tudo o que se passara entre
José e o médico?
- Efeitos da nulidade da simulação em relação a 3.º: art. 243.º
- Inoponibilidade da simulação a terceiros de boa fé: exceção ao princípio “Nemo plus
iuris.
- Conclusão: A nulidade da simulação não pode ser arguida por Rosa (se intervier na
qualidade de “sucessora” do simulador) contra C (terceiro de boa fé).
- A posição em que Rosa intervém após a morte de seu pai e a justificação da aplicação
ao caso do art. 243.º e não o 291.º e explicar a posição de C.
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b) Suponha agora que, passado um ano, C vendeu, com a forma exigida por lei, o
prédio a D, que ignorava tudo o que antes se passara e registou o prédio imediatamente
em seu nome. A soube desta venda e pretende intentar uma ação judicial para reaver o
prédio de D. Terá êxito?
- O significado do princípio do “nemo plus iuris…”
- O art. 243.º como exceção a esse princípio, razão de ser da proteção de terceiros de
boa fé
- Efeitos da declaração de nulidade em relação a terceiros (art. 243.º, n.º 1) - o
simulador não pode opor a nulidade da simulação a 3.º (D) de boa fé; art. 243.º - noção
de boa fé para este efeito art. 243.º ns.º 2 e 3
- Conclusão: A não teria êxito
Caso Prático
A pretendeu doar um moderno automóvel elétrico a B, com quem mantinha uma relação
adulterina. Para contornar o obstáculo resultante do seu casamento com C, A vendeu o
automóvel ao seu amigo D, para este o doar posteriormente a B. Estes factos ocorreram
em dezembro de 2019.
a) Qualifique a situação descrita e pronuncie-se sobre o valor jurídico dos negócios
realizados, referindo quem os poderia impugnar (sendo o caso) e em que prazo.
- Qualificação: simulação (divergência intencional)
- Normas aplicáveis: 240.º a 243.º; 286.º 289.º, pressupostos.
- Modalidades: fraudulenta, relativa, subjetiva ou dos sujeitos (por interposição fictícia
de pessoa) e objetiva ou sobre o conteúdo do negócio (sobre a natureza do negócio).
- A simulação fraudulenta é feita para enganar e dessa simulação existe prejuízo para
terceiros.
- Na simulação relativa por detrás do negócio simulado existe um negócio real.
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- Simulação subjectiva ou dos sujeitos por interposição fictícia de pessoas, simulando
um dos sujeitos.
- Na simulação objectiva sobre a natureza do negócio, simula-se uma venda para fazer
uma doação.
- Valor jurídico de todos os negócios realizados.
- Regime aplicável aos negócios simulados (nulidade - art. 240.º, nº2) e ao dissimulado:
art. 240.º, nº1, nulidade com fundamento em indisponibilidade relativa (arts. 953.º e
2196.º)
- Quanto à forma: arts. 947.º e art. 219.º e supondo ter havido “tradição da coisa”, não
seria aplicável o art. 241.º, n.º 2.
- Legitimidade, prazo de impugnação e efeitos da declaração de nulidade: arts. 242.º, n.s
1 e 2, 286.º (prova pelos simuladores art.394.º) e art. 289.º
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lhe a compra, por €3.000, do cavalo “Foguete”. B aceitou e mandou-lhe um cavalo com
este nome, que era próprio apenas para a caça. A pretende devolver o cavalo, mas B
insiste em que a compra foi válida e o preço deve ser pago. Quid iuris?
- Qualificação: erro na declaração ou erro obstáculo como divergência não intencional –
normas aplicáveis (art. 247.º – 250.º).
- Relevância do erro na declaração como motivo de anulação: anulabilidade desde que o
declaratário conhecesse ou não devesse ignora (art. 247.º).
- No presente caso, supondo que não se verifica o pressuposto da anulabilidade, o
negócio é válido e A não pode devolver o cavalo - seria admitida a resposta contrária:
anulabilidade, desde que o vendedor soubesse ou não devesse ignorar a essencialidade
(art. 247.º)
- Sendo anulável: efeitos (art. 289.º), legitimidade e prazo (287.º)
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tonelada de cimento. Quando a máquina lhe foi entregue, A constata que essa
capacidade é bastante inferior, tornando-a imprópria para o fim a que se destinava, e
pretende reaver o valor que pagou e restituir a betoneira.
a) Assiste razão a A? Com que fundamento e em que condições?
- Qualificação jurídica: erro-vício sobre o objeto do negócio.
- Os vícios da vontade são erros na formação da vontade.
- A divergência entre a vontade e a declaração é um erro na formulação da vontade.
- Erro-vício sobre o objeto mediato, sobre as qualidades (art. 251.º e 247.º) - anulável
nos termos do artigo 247.º (artigo 251.º), “desde que o declaratário conhecesse …”
- Efeitos: esta condição não se verifica no presente caso.
- Conclusão: A não tem fundamento para impugnar a compra realizada.
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- Neste caso: erro sobre os motivos previsto no art. 252.º, n.º 1º, a condição especial é a
seguinte: só é causa de anulação se e as partes houverem reconhecido por acordo...”.
- Este requisito em princípio não se verifica no presente caso porque o enunciado não o
refere.
- Efeitos: negócio válido.
- Conclusão: A não tem fundamento para anular o negócio realizado.
b) Suponha agora que a deliberação camarária teve lugar após a realização do contrato-
promessa e antes da data prevista para a celebração do contrato prometido, tendo sido
amplamente publicitada. Perante este facto, A está disposto a baixar o preço do imóvel
para manter o contratopromessa, porém a B só lhe interessa a invalidade do negócio.
Quid iuris?
- Problema da pressuposição ou da alteração das circunstâncias que fundaram a decisão
de contratar – art. 437.º.
- A não aplicação ao caso do erro sobre a base do negócio (art. 252.º, n.º 2.
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- O regime jurídico da alteração das circunstâncias: a alteração anormal das
circunstâncias e que a manutenção do conteúdo do contrato ofenda gravemente os
princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos próprios do contrato.
- Indicação das consequências legais da verificação dos requisitos: resolução do
contrato ou modificação segundo juízos de equidade.
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XV – Caso prático estado de necessidade e dolo
A, sabendo que B se encontrava com grande necessidade de dinheiro para obter a droga
a que se habituara, comprou-lhe por 500€ um quadro que valia no mercado cinco vezes
mais. B comprometeu-se a entregar o quadro em breve, mas ainda não o fez.
a)
(i) Arrependido do negócio que efectuou, poderá B, passado um ano e meio, invalidar a
venda?
- Qualificação: estado de necessidade, artigo 282.º.
- Valor jurídico do negócio realizado: anulabilidade
- Legitimidade e prazo (início e fim) (artigo 287.º, n.º1)
- Efeitos (artigo 289.º, n.º 1)
b) Suponha que A, para conseguir essa compra, convenceu B, com a ajuda de um perito
amigo, de que o quadro era uma simples cópia. A solução será a mesma?
- Qualificação: dolo (art. 253.º).
- Dolo do declaratário e de terceiro.
- Dolo ilícito (“dolus malus”): só é relevante para efeitos de anulabilidade.
- Dolo essencial: é aquele sem o qual o negócio jurídico não se teria feito.
- Efeitos do dolo: anulação, o dolo de terceiro era conhecido do declaratário (artigo
254.º, ns.º e 2) e a responsabilidade pré-negocial (art. 227.º).
- Legitimidade e prazo (início e fim) - artigo 287.º
- Efeitos da anulação (art. 289.º, n.º 1).
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Caso Prático
A foi jantar com B. Em jeito de brincadeira diz que vende o mini de 1972 pelo preço de
25000 euros a pronto pagamento. No dia seguinte, B liga-lhe a dizer que está pronto
para fazer compra e até já tem dinheiro pronto para lhe entregar. A responde a B
dizendo que foi tudo em jeito de brincadeira que lhe vendia um mini de 1972 e disse
que nunca disponibilizou carro nenhum e que tudo foi uma brincadeira de amigos no
jantar. Quid Iuris?
R:
- Não corresponde à sua vontade.
- Há uma divergência intencional entre a sua vontade e a sua declaração.
- Não corresponde aquilo a que A queria dizer
- Declaração não séria, 245º
- Não há declaração no contrato.
- A tem de demonstrar quando declarou, só podia estar na brincadeira
- A outra parte percebeu que estava na brincadeira
- Perceber quer declaração não séria, uma pessoa faz promessas falsas, do género se
superares a depressão levo-te a dar a volta ao mundo
- Quando houver essa divergência, ela é ineficaz
- Nº1: A declaração não séria, feita na expectativa de que a falta de seriedade não seja
desconhecida, carece de qualquer efeito.
- Nº2. Se, porém, a declaração for feita em circunstâncias que induzam o declaratário a
aceitar justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser indemnizado pelo
prejuízo que sofrer.
- Divergência numa vontade diferente da declaração
- Se B entender de forma diferente, tem o direito de ser indemnizado, prejuízo do
interesse contratual negativo, nº2
- O efeito é ineficácia, em sentido amplo, não produz quaisquer efeitos, nº1
Caso Prático
A na presença de B, seu credor, disse a C que lhe vende um quadro, uma obra de arte
valiosa de um determinado autor pelo preço de 20000 euros. No dia seguinte, C
comunica a A que aceita e que está pronta a lhe pagar o preço e levantar no banco. A
responde que nunca venderia a obra de arte e que apenas declarou a venda para criar
aparência a B, seu credor. Quid iuris?
R:
- A disse a C que vendia mas não queria vender
- Enganou B e C
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- Reserva mental, 244º
- Nº1: Há reserva mental, sempre que é emitida uma declaração contrária à vontade
real com o intuito de enganar o declaratário.
- Nº2: A reserva não prejudica a validade da declaração, excepto se for conhecida do
declaratário; neste caso, a reserva tem os efeitos da simulação.
- Alguém faz uma declaração, mas por exemplo não quer vender, engana as pessoas
- C não conhece a reserva mental, o efeito é que não prejudica a declaração, é
irrelevante, não afeta a validade da declaração, nº2, 1ª parte, 244º
- Se o C disser compro, temos uma C/V, a declaração é válida, temos um negócio
jurídico
- Temos dois requisitos: vontade divergente da declaração e um intuito enganatório
- O efeito: irrelevante, nº2, 1ª parte
- E se C tivesse conhecimento da reserva mental? C tendo conhecimento, está de acordo
com a reserva mental de A, conhece, sabe aquilo que A está dizer, não está de acordo
com a sua vontade, passamos assim a ter uma situação de simulação (240º), nº2, 2ª
parte, 244º
- Na simulação há: divergência entre a vontade e a declaração, intuito enganatório,
acordo simulatório (conluio)
Simulação
- A-B (C/V), na verdade A não quer vender nada, nem B quer comprar nada.
- Na verdade existe C um credor que está em cima do património de A.
- Na realidade declarada, as partes não quiseram fazer nada, na verdade não existe nada
- Há o declarado e o pretendido
- Neste caso trata-se de uma simulação absoluta
- 240º, nº2, negócio simulado é nulo
- A vende a B, compra e venda, mas na verdade o que A quer fazer é uma doação a B
- Neste caso querem que B adquira o bem
- Temos uma realidade escondida
- Neste caso trata-se de uma Simulação relativa, 241º
- A-B é um negócio simulado
- A-D é um negócio dissimulado
- A-B é nulo
- A-D, o negócio é exposto, revela o negócio, aplica-se a lei, pode ser por exemplo um
negócio inválido (relação extraconjugal, 953º- 2196, nula)
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- Por exemplo o negócio é feito com uma pessoa que A poderia fazer a doação (negócio
válido)
- Por exemplo vende por 100000 mil quando vale 1 milhão (válido, paga impostos)
- Por exemplo se A corrompe B (crime)
- Por exemplo, o negócio é válido e é uma doação a um amigo e os familiares vão-lhe
chatear a cabeça (válido, escândalo)
- O negócio dissimulado fica destapado e aplica-se a lei
- Artigo 241.º
Nº1: Quando sob o negócio simulado exista um outro que as partes quiseram
realizar, é aplicável a este o regime que lhe corresponderia se fosse concluído sem
dissimulação, não sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do negócio
simulado.
Nº2: Se, porém, o negócio dissimulado for de natureza formal, só é válido se tiver
sido observada a forma exigida por lei.
- 1. Negócio simulado é nulo, dissimulado aplica-se a lei, não há forma, é nulo
- 2. Se no negócio simulado foi feita uma escritura de c/v mas na verdade querem fazer
uma doação, vamos aproveitar a forma do simulado para o negócio dissimulado e assim
o negócio dissimulado é válido
- Por exemplo, uma C/V de 100000 euros, dissimulado valeria 1 milhão, a escritura já
pode servir para o dissimulado, são de natureza igual
Caso Prático
1.A quer doar um automóvel a D, pessoa com quem mantém uma relação adulterina.
Para evitar o obstáculo do seu casamento com C, A combinou com o seu amigo B que
com faria com ele um contrato de compra e venda do automóvel e posteriormente o
doaria a D. Prenunciasse sobre a validade deste negócio jurídico e quem e em que
termos poderá impugná-lo.
R:
- Qualificação: simulação (divergência intencional); normas aplicáveis: 240.º a 243.º;
286.º 289.º; pressupostos; modalidades: fraudulenta, relativa, subjetiva ou dos sujeitos
(por interposição fictícia de pessoa) e objetiva ou sobre o conteúdo do negócio (sobre a
natureza do negócio).
- Valor jurídico de todos os negócios realizados:
- Descrição dos 2 negócios simulados e do negócio dissimulado; regime aplicável aos
negócios simulados (nulidade - art. 240.º, nº2) e ao dissimulado: art. 240.º, nº1,
explicação do disposto nesta norma (nulidade com fundamento em indisponibilidade
relativa (arts. 953.º e 2196.º); quanto à forma: arts. 947.º e art. 219.º e supondo ter
havido “tradição da coisa”, não seria aplicável o art. 241.º, n.º 2
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Legitimidade, prazo de impugnação e efeitos da declaração de nulidade: arts. 242.º, n.s
1 e 2; 286.º (prova pelos simuladores art.394.º) e art. 289.º
Caso Prático
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A vendeu a B um apartamento de que é proprietário e cujo valor patrimonial declarado
nas finanças é de 50.000 euros. A compra e venda efectivamente executada entre A e B
foi por um valor de 150.000 euros. Todavia aproveitando o facto de o valor patrimonial
ser 150.0000, A e B combinam declarar na escritura como preço de 50.000 euros.
Entretanto C, arrendatário da fração a quem não foi notificado a venda vem exercer o
direito de preferência legal, intentando a respetiva ação contra A e B, pedindo ao
tribunal que lhe seja atribuída a propriedade da casa pelo valor de 50.000 euros. Quid
iuris?
R:
- A-B, fizeram isto para enganar o fisco
- C como arrendatário tem o direito legal de preferência
- C Propõe uma ação contra A e B
- A e B vão contestar a ação, o negócio não feito por 50.000 euros mas por
150.000 euros
- Têm de invocar a simulação
- Simulação relativa quanto ao valor
- Tem legitimidade para arguir a simulação, 242º, nº1
- Estão a invocar por via da exceção, quando é invocado um direito contra a eles e
eles se defendem
- Artigo 241º, nº1
- Vai haver consequências fiscais
- O negócio é válido
- E formalmente?
- 242º, nº2, aqui aproveita-se a forma do negócio simulado
- C é terceiro de boa fé
- C diz que a simulação não lhe é oponível
- C não está em nenhuma cadeira de transmissões, é um argumento possível
- 3ºs de boa fé para efeitos do 243º e 291º tem de ser pessoas que vêm a sua
situação jurídica prejudicada
- Estaríamos a permitir que C compre por 50.000 euros e o valor real é 150.000
- Para ter prioridade sobre B tem de pagar 150.000
- 3ºs efetivamente prejudicados com a situação
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- A simulação é inoponível só aos terceiros de boa fé prejudicados com a
invalidação e não aos terceiros que sejam beneficiados ou que venham a lucrar
com a referida invalidação
- Conclusão: tem razão A porque o art. 243º só protege os terceiros que seriam
prejudicados (que sofreriam uma perda) e não os que viriam a lucrar com a
validade do negócio simulado.
- Portanto, o preferente, ainda que seja um terceiro de boa fé, não pode invocar
essa sua qualidade para preferir pelo preço declarado: é-lhe oponível pelos
simuladores a nulidade do negócio simulado, sendo admitido a preferir pelo
preço real e não pelo valor declarado (simulado)
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- Conclusão: A poderá requerer a invalidade do negócio com base em dolo proveniente
do declaratário (B).
Caso prático
R:
A assinou um acordo pela sua vontade ser viciada por coação moral
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Existe o receio da parte do declarante, o medo, o receio, decorrente de uma ameaça
ilícita, ameaça essa com a finalidade de extorquir a declaração
A em virtude de uma ameaça que lhe foie feita, emite uma declaração com determinado
sentido e essa declaração foi formada por causa do medo dessa ameaça
Ou então pode ser uma ameaça feita por meios lícitos, mas com fins inadequados, que é
o caso, o fim que a empresa pretende é ilícito logo há ameaça ilegal;
Portanto o negócio é anulado, quando e como, nos termos do artigo 287º CC.
Cessa o vício quando a pessoa toma conhecimento deque o perigo deixou de existir.
O prazo começa a contar, neste caso, quando ele percebe que não havia forma nenhuma
de a ameaça ser executada. É o momento em que o perigo deixa de existir, em quando a
ameaça se torna inútil.
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Admita que o gerente da sociedade B havia «ameaçado» A de que em virtude da
descoberta daqueles factos, a sociedade iria propor por conta dele um processo
disciplinar. A resposta seria a mesma?
R:
Não constitui coação a ameaça do exercício normal de um direito nem o simples temor
reverencial.
Caso prático
O senhor A colocou à venda num stand de automóveis B um carro antigo para que
B o vendesse pelo preço de 25.000 euros, sendo que nesse caso B ficaria com uma
comissão de 2500 euros. C interessado visitou o stand e perguntou a B se todas as
peças do automóvel eram de origem ao que este respondeu sim, ocultando certas
partes do automóvel que na verdade não eram de origem. Depois da compra do
automóvel e do pagamento a A, C constata que o carro tinha bastantes peças não
originárias e que estava longe de ser genuíno face ao modelo original. Quid iuris?
R:
Há dolo
253º, nº1, entende-se por dolo qualquer sugestão ou artifício que alguém empregue com
a intenção ou consciência de induzir ou manter em erro o autor da declaração, bem
como a dissimulação, pelo declaratário ou terceiro, do erro do declarante.
O dolo negativo acontece no caso de silêncio quando sabe e tem o dever de informar.
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Efeitos do dolo: 254º, nº2, o dolo provém de 3º (B), última parte do nº2
Caso prático
R:
Erro essencial, ou seja, determinante para fazer o negócio, sem ele o negócio não se
teria feito, ou pelo menos naqueles moldes.
251º, erro sobre o objeto do negócio, O erro que atinja os motivos determinantes da
vontade, quando se refira à pessoa do declaratário ou ao objecto do negócio, torna este
anulável nos termos do artigo 247.º
247º , Quando, em virtude de erro, a vontade declarada não corresponda à vontade real
do autor, a declaração negocial é anulável, desde que o declaratário conhecesse ou não
devesse ignorar a essencialidade, para o declarante, do elemento sobre que incidiu o
erro.
A tem de demonstrar que o vendedor B sabia ou devia ignorar que aquilo que A
realmente queria, que era o Ford que viu nas corridas
287º e 289º
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Ou, erro sobre os outros motivos, 252º, nº1, motivações pessoais do errante, era preciso
que o errante demonstrasse o motivo do erro.
O erro que recaia nos motivos determinantes da vontade, mas se não refira à pessoa do
declaratário nem ao objecto do negócio, só é causa de anulação se as partes houverem
reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo.
Caso prático
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- Estamos numa situação de imprevisão se for alteração de circunstâncias (erro para o
futuro)
- Quando estamos numa situação do passado, temos uma situação de erro para o
passado ou para o presente
- Para o futuro aplica-se a alteração de circunstâncias,
- Sempre que há situações de erro sobre a base do negócio, tem de ser circunstâncias
anteriores ou presentes
- B pode tentar anular o negócio
- Não acaba no 437º, lendo o artigo 252º, nº2
- O erro tem sempre de ser essencial e próprio
- 437º, negócio resolvido ou modificado
- No 252º, nº2 deve aplicar-se a anulabilidade do negócio, é não resolúvel ou
modificável
- O negócio nasce mal na sua formação, fala-se de invalidade, aplicando-se a nulidade
ou anulabilidade, neste caso anulabilidade, a vontade foi mal formada, não sabia da
circunstância
- Tem de provar que existe o erro, erro sobre a base do negócio, o erro tem de ser
essencial e próprio e que provocou o desequilíbrio contrário à boa fé e não está coberto
pelos riscos
- B tem legitimidade, anulabilidade nos termos do 287º, 289º
- Quando um negócio nasce bem, mas acontece uma circunstância (impossibilidade de
cumprimento, não cumprimento, etc, alteração das circunstâncias, 437º)
- Não se aplica a invalidade mas sim a resolução, modificação parte final do 437º,
anulabilidade 287º, 289º
B) Admita que a deliberação da câmara não foi anterior mais foi posterior. Quid
iuris?
R:
- Neste caso temos um negócio que nasceu bem
- Mas vem acontecer um acidente a deliberação da câmara municipal
- O negócio não tem vícios mas acontece um problema
- Não estamos perante um, erro, mas perante uma não verificação da pressuposição
- Conjunto de circunstâncias que sofrerem uma alteração (circunstâncias futuras)
- Aplicação do 437º
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- Portanto as circunstâncias que estão na base negócio, sofreram uma alteração anormal
e a parte lesada, B, tem direito à resolução de contrato ou modificação do contrato,
segundo juízos de equidade, 437º, 1ª parte
- As obrigações de A e B por eles assumidas tem de afetar gravemente os princípios da
boa fé e não pode estar coberta pelos riscos próprios do contrato, 437º, nº1 2ª, parte
- 437º, nº2: Requerida a resolução, a parte contrária pode opor-se ao pedido, declarando
aceitar a modificação do contrato nos termos do número anterior.
- 287º, 289º
Caso Prático
A colocou à venda na plataforma de vendas o seu automóvel tendo indicado a marca, o
modelo, quilometragem e estado, bem como o preço. 8 dias depois B comunicou por
email para o email que estava indicado na plataforma que queria comprar o carro. No
dia seguinte informou A que queria deslocar-se ao seu município para levantar o carro,
os documentos, bem como efetuar o pagamento. A respondeu dizendo que o automóvel
já não estava à venda ao que B reage dizendo que considerava o automóvel seu. Quid
Iuris?
R:
- Âmbito da declaração negocial
- Por efeito da compra e venda, B afirma que o carro é seu
- Temos uma proposta de A e a proposta de B, B acha que tem razão no negócio,
afirmando que compra
- A quando coloca o anúncio, está a emitir uma declaração negocial formativa do
contrato (proposta contratual) ou não está?
- Se está, 224º e seguintes
- Tem de haver uma vontade da ação e uma vontade da declaração (comportamento
declarativo)
- Há ainda a vontade negocial (vontade de natureza jurídica) quero me vincular a um
conteúdo jurídico, como acontece com B
- Quando meto um carro num stand virtual, estou a fazer um anúncio, não estou a emitir
uma declaração negocial, estou a fazer um convite a comprar
- A estava a fazer um convite a contratar
- A deve dizer que aceita a venda
- Não há um contrato de compra e venda, é preciso que A aceite
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- A não teve a vontade de se vincular, não há a chamada vontade negocial
- A não fez nenhuma proposta de contrato, tinha de aceitar a proposta de B
Caso prático
Admita que A ingressou uma proposta a B sobre um mecânico que lhe vendia um
automóvel. A declaração foi enviada a B por email e por este recebida. No dia seguinte,
B responde, dizendo que aceitava a compra, ao que A lhe diz que pretende vender o
carro por um preço mais elevado ao que B responde dizer que considera a compra e
venda feita. Admita agora que B apenas responde a A uma semana depois dizendo que
lhe compra o carro, ao que A lhe responde lhe no dia anterior que vendeu o carro a C.
Quid Iuris?
R:
- Da parte de A houve uma vontade negocial
- A vontade negocial é irrevogável, não pode ser retratada, ao não ser nos termos do
230º
- A proposta foi conhecida e recebida por B
- A não tem razão porque sendo uma proposta de contrato é irrevogável, segundo o
artigo 230º
- Na pergunta seguinte, A num primeiro momento envia a proposta a B, passados 7 dias,
B responde a A e A diz que anteriormente, vendeu a C, poderá fazê-lo?
- A proposta de A a B mantém-se válida, 228º,nº1
- Depois do prazo caduca e A está livre para fazer o negócio com C
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