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DIREITO CIVIL
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
340
H873t Hruschka, Patrícia Ribas Athanázio
Teoria geral do direito civil / Patrícia Ribas Athanázio
Hruschka; Vanilda da Silva Vargas. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
138 p. : il.
ISBN 978-85-53158-05-8
1.Direito.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Patrícia Ribas Athanázio Hruschka
APRESENTAÇÃO...........................................................................01
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo do Direito Civil.....................................09
CAPÍTULO 2
Das Pessoas..................................................................................23
CAPÍTULO 3
Dos Bens........................................................................................73
CAPÍTULO 4
Dos Negócios Jurídicos..............................................................89
CAPÍTULO 5
Da Prescrição e Da Decadência................................................125
APRESENTAÇÃO
Ao longo dos tempos os indivíduos foram levados a se aproximarem uns
dos outros, para saciar suas necessidades, constituindo-se em sociedade.
Para essa vivência, num primeiro momento foram criadas regras sociais, com
normas mínimas de convivência, vez que a total liberdade é incompatível com a
convivência harmoniosa entre pessoas diferentes.
Nessa ótica surge o Direito Civil, dentro do ramo do direito privado, como
regulador do dia a dia do ser humano em sociedade, posto que grande parte
das relações sociais, como o casamento, o contrato, a propriedade, a sociedade
empresária, estão sob esse manto.
Bons estudos!
C APÍTULO 1
Introdução ao Estudo do Direito Civil
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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
ConteXtualiZação
Para bem viver coletivamente, o ser humano necessita de um sistema capaz
de regular seus atos, relações e situações jurídicas. Nessa ordem surge em
nosso ordenamento o Direito Civil como regulador do dia a dia do ser humano
em sociedade.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Tinha sido tentada a revisão do Código Civil de 1916 por duas vezes (em
1941 e em 1961), sem êxito. Então, em 1967, o Governo nomeou uma comissão
sob a supervisão de Miguel Reale, para a elaboração de um projeto, composta
dos seguintes juristas: José Carlos Moreira Alves (Parte Geral), Agostinho Alvim
(Obrigações), Sylvio Marcondes (Empresas), Ebert Vianna Chamoun (Direito das
Coisas), Clovis do Couto e Silva (Direito de Família) e Torquato Castro (Direito
das Sucessões). O projeto foi entregue ao Congresso Nacional em 1975 (Projeto
de Lei nº 634/75) e somente foi aprovado em 10 de janeiro de 2002 – Lei nº
10.406/2002, com período de vacatio legis de um ano, entrando em vigor no dia
11 de janeiro de 2003 (MELO, 2015). Gonçalves (2015, p. 44) destaca que o
Código Civil de 2002 tem as seguintes características:
Continuam em vigor, no que não conflitarem com o novo Código Civil, a Lei do
Divórcio (somente na parte processual), o Estatuto da Criança e do Adolescente,
o Código de Defesa do Consumidor, a Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91) etc.
Fonte: Os autores.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Assim, tem-se que as relações no Direito Civil estão inseridas nos espaços
do direito privado que representam toda e qualquer prática realizada pelos sujeitos
que gerem direitos e deveres juridicamente exigíveis, tais como, casamentos,
contratos, testamentos e tantas outras situações.
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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Cabe lembrar que a Constituição de 1988 foi promulgada sob a orientação não
só de um pacto político, mas buscou a definição de novos paradigmas jurídicos,
além de estabelecer princípios programáticos que orientam a interpretação e a
aplicação das normas infraconstitucionais, entre as quais o próprio Código Civil
(MAMEDE, 2010).
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Nalin (2004) frisa que ler o Código Civil à luz da Constituição implica o
distanciamento do individualismo e da patrimonialidade contratual, não em
sentido de revogar, mas de recolocar e recondicionar na moldura dos direitos
fundamentais a pessoa humana.
Barroso (2005, s.p.) afirma que o que alterou nesse processo foi na
“determinação do modo” e da “intensidade dessa incidência” das normas
constitucionais; assim, tanto a doutrina como a jurisprudência dividem-se em
duas correntes:
Nesse sentido, entende Barroso (2005) que entre estas duas correntes, sob
o aspecto de aplicabilidade, a segunda é a mais adequada, pois esta eficácia
se apresenta mediante um critério de ponderação, em que se deverá levar em
consideração os elementos do caso concreto.
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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Conclui Popp (2003) que a solução para cada controvérsia não pode mais
ser encontrada levando em conta simplesmente o artigo de lei que parece contê-
la e resolvê-la, mas, antes, à luz do inteiro ordenamento jurídico, e, em particular,
dos seus princípios fundamentais, considerados como opções de base que o
caracterizam.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
• Princípio da eticidade
Lembra Monteiro de Barros (2005) que no Código Civil de 2002 nem tudo se
resolve por meio de preceitos normativos expressos, pois são fartas as referências
à equidade, à boa-fé, à justa causa e demais critérios éticos, por exemplo, a boa-
fé na interpretação dos negócios jurídicos - art. 113 e a boa-fé na execução dos
contratos – art. 422.
• Princípio da socialidade
• Princípio da operalidade
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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
Atividade de Estudos:
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Algumas ConsideraçÕes
Como estudamos até o momento, o Direito Civil se apresenta como um dos
elos de maior importância em nosso sistema, haja vista sua função de regular as
relações em sociedade.
Em toda a sua história, o Direito Civil como regulador das relações privadas
sofreu toda a influência dos fatores históricos e caminhou conforme os passos da
sociedade. E, assim, buscou redimensionar seu foco, trazendo uma releitura das
relações privadas com um enfoque voltado não mais só no interesse patrimonial e
individualista, mas uma proposta humanizada e coletiva. Tal perspectiva foi oriunda
da Constituição Federal de 1988, por meio da atual visão de constitucionalização
do Direito Civil.
ReFerências
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Manual de direito civil. São Paulo:
Método, 2005.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006.
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Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CIVIL
LOBO, Paulo. Direito civil: parte geral. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
MELO, Nehemias Domingos de. Lições de direito civil: teoria geral para
concursos, exame da Ordem e graduação em direito. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2015.
NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
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C APÍTULO 2
Das Pessoas
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
ConteXtualiZação
Para que o Direito seja colocado em movimento, necessita de um sujeito
para dar início à ação. Assim, temos sujeitos de direito e objetos de direito, um
que realiza a ação e outro que sofre a ação; o que difere um dos outros são os
contornos delineados pelo nosso ordenamento, conforme veremos a seguir.
Venosa (2012, p. 137) entende que pessoa é “[...] o ser ao qual se atribuem
direitos e obrigações”.
A própria legislação não difere desse sentido, pois o Código Civil em seu
artigo 1° determina: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”
(BRASIL, 2002).
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Da Personalidade
Personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e
contrair obrigações. Tanto a pessoa física quanto a jurídica são dotadas dessa
personalidade. Acerca da definição de personalidade, Gagliano e Pamplona Filho
(2006, p. 80) citam:
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Pessoa Natural
A pessoa natural para nosso ordenamento jurídico é o ser humano,
independente da sua condição física ou mental. Perante nosso direito, qualquer
criatura humana que venha a nascer com vida será uma pessoa, sejam quais
forem as anomalias e deformidades que apresente (GONÇALVES, 2006, p. 78).
Início da Personalidade
Para a consideração do início da personalidade jurídica, tem-se a análise das
teorias Natalista e Concepcionista.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Assim, com a leitura da segunda parte do art. 2º do Código Civil, conclui-se que
o nascituro, pela Teoria Concepcionista, só possui direitos determinados, ou seja,
aqueles que forem indicados a este sujeito de direito em potencial (BRASIL, 2002).
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Como visto até aqui, o sujeito de direito é aquele que em nosso ordenamento
põe em movimento o Direito por meio de seus atos; estando sua personalidade
condicionada ao nascimento com vida, mas a lei põe a salvo os direitos do
nascituro, ou seja, aquele que ainda se encontra no ventre materno, apresentando
a ele uma personalidade condicionada.
Fim da Personalidade
A personalidade inicia com o ato de respirar - nascimento com vida, e finda
com a morte – morte encefálica – CC, art. 6° (BRASIL, 2002).
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Além das hipóteses do artigo 7º do Código Civil, temos ainda a morte presumida
quando ocorre a ausência. Neste caso, não há o risco de vida e, por este motivo, a
sua caracterização demanda maior tempo, conforme veremos a seguir.
Ausência
Conceitua Rodrigues (2002, p. 77) que “[...] a ausência é quando uma
pessoa desaparece do seu domicílio sem que dela haja notícia, sem que haja
deixado representante ou procurador e sem que ninguém lhe saiba o destino ou
paradeiro”.
Determina o CC/02, art. 22, que para que seja decretada a ausência de uma
pessoa é necessário que o desaparecido não tenha representante ou procurador
cuidando de seus negócios e bens (BRASIL, 2002).
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Por isso recomenda Rodrigues (2002, p. 78): “[...] quer esteja o ausente vivo,
quer esteja morto, é importante considerar o interesse social de preservar seus
bens, impedindo que se deteriorem, ou pereçam”.
Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 127) lembram que “[...] o Código Civil
de 2002 reconhece a ausência como morte presumida, em seu art. 6°, a partir do
momento em que a lei autorizar a abertura da sucessão definitiva”.
Curadoria
Assim, desaparecendo uma pessoa do seu domicílio, sem que haja notícia,
se não houver deixado representante ou procurador, a quem toque administrar-lhe
os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do Ministério Público,
os arrecadará, nomeando curador para administrá-los (RODRIGUES, 2002).
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Sucessão Provisória
Transcorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, a probabilidade de
retorno deste reduz. Afinal, o seu desaparecimento não é recente e, mesmo sendo
reiteradamente convidado a se apresentar, o ausente declinou de fazê-lo. Assim,
convém que se comece a ter em vista não apenas o interesse do desaparecido,
que provavelmente está morto, mas também o de terceiros, a saber, o de seu
cônjuge, de seu companheiro, de seus herdeiros e de pessoas com quem ele
eventualmente viesse mantendo relações negociais (ROGRIGUES, 2002).
• Retorno do ausente.
• Descoberta de que está vivo.
• Descoberta da data exata da sua morte.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Sucessão DeFinitiva
Por mais que se queira preservar o patrimônio do ausente, o certo é que a
existência de um longo lapso temporal, sem qualquer sinal de vida, reforça as
fundadas suspeitas do seu falecimento.
Para Rodrigues (2002), pode-se dizer que tal sucessão é quase definitiva,
pois a lei ainda admite a hipótese, agora remotíssima, de retorno do ausente.
E ordena que, se o ausente reaparecer nos dez anos seguintes à abertura da
sucessão definitiva, haverá ele só os bens existentes e no estado em que se
encontrarem.
Retorno do Ausente
Se o retorno do ausente ocorrer antes, ou seja, durante o período da
sucessão provisória, e ficar provado que o desaparecimento foi voluntário
e injustificado, perderá ele, em favor dos sucessores, sua parte nos frutos e
rendimentos – CC/02, art. 33, parágrafo único. Nesta mesma fase, por outro
lado, cessarão imediatamente as vantagens dos sucessores imitidos na posse
provisória, e terão de restituí-las ao que se encontrava desaparecido, bem como
tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a este –
CC/02, art. 36.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Se a sucessão, todavia, já for definitiva, terá o ausente direito aos seus bens,
se ainda incólumes, não respondendo os sucessores pela sua integridade.
Direitos da Personalidade
Personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e
contrair obrigações, tanto a pessoa física quanto a jurídica são dotadas dessa
personalidade.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Acerca dos fundamentos jurídicos desses direitos, dois grupos bem distintos
se posicionam:
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Assim, ninguém pode, por ato voluntário, dispor da sua privacidade, renunciar
à liberdade, ceder seu nome de registro para utilização por outrem, renunciar ao
direito de pedir alimentos no campo de família.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Para que a ameaça cesse, o lesionado deve ingressar com medida judicial,
inclusive pleiteando medida de tutela antecipada para que se interrompa o ato
lesivo. Podemos classificar esses direitos como:
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
b) Direito ao nome
Determina o Código Civil, art. 16, que “Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendido o prenome e o sobrenome” (BRASIL, 2002).
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
• Vontade do titular
Cabe esclarecer aqui que na Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73) não
há previsão de justificativa para esta autorização; todavia, o Código de Normas
da Corregedoria do Tribunal de Justiça de Santa Catarina prevê que tal alteração
deva estar justificada.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
c) Direito à imagem
d) Direito à intimidade
Lembra Sílvio Rodrigues (2002, p. 74) que “[...] hoje o aparelho fotográfico,
munido de teleobjetiva, pode invadir a intimidade de alguém”.
Da CaPacidade
Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos
e obrigações.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
IncaPacidade
Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta
pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a
capacidade é a regra.
a) Incapacidade absoluta
b) Incapacidade relativa
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Ressalva o CC, art. 180, que o menor entre dezesseis e dezoito anos não pode,
para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Assim, a situação jurídica dos indígenas está retratada em lei própria para
melhor atender as suas necessidades, haja vista a sua situação tutelar.
SuPrimento da IncaPacidade
O suprimento da incapacidade absoluta dá-se através da representação.
Os menores de dezesseis anos são representados por seus pais ou tutores, e os
enfermos ou deficientes mentais, privados de discernimento, além das pessoas
impedidas de manifestar sua vontade, mesmo que por causa transitória, por
seus curadores.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Cessação da IncaPacidade
Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos que a ensejaram. Nos casos
de enfermidade físico-psíquica, cessa quando da sua ausência. Quando a causa é
a menoridade, desaparece pela maioridade e pela emancipação – CC, art. 5°.
a) Emancipação
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Para Venosa (2012, p. 229), “As pessoas jurídicas surgem, portanto, ora
como conjunto de pessoas, ora como destinação patrimonial, com aptidão para
adquirir direitos e contrair obrigações”.
Tartuce (2015, p. 231) disserta que “[...] são pessoas coletivas, morais,
fictícias ou abstratas, que são conceituadas como sendo conjuntos de pessoas
ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade jurídica própria por uma
ficção legal”.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
NatureZa Jurídica
1ª Teoria – Da ficção
Características:
Críticas:
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Características:
Críticas:
Características:
• Cada qual tem ideias próprias, mas como traço comum a ideia de
realidade objetiva do ente coletivo.
• Pessoa não é só pessoa natural. Ao seu lado existem pessoas jurídicas
que têm vida autônoma e vontade própria.
• O direito não cria as pessoas jurídicas, as declara existentes.
• Gierke compara os indivíduos que integram uma pessoa jurídica com os
órgãos que integram o corpo humano, num todo harmonioso.
• Zittelmann personifica a vontade como elemento autônomo e destacado
das pessoas componentes da pessoa jurídica.
Crítica:
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Característica:
Crítica:
Características:
• Eclítica.
• Pessoa jurídica seria realidade, mas realidade jurídica e não física.
• Do ponto de vista físico, pessoa jurídica é ficção, mas sua personalidade
deriva do direito, sendo, portanto, um conceito jurídico.
• Sua personalidade jurídica não é ficção, mas forma de investidura; é um
atributo que o Estado defere a certos entes.
• Sua vontade é distinta daquela de seus membros.
Pressupostos:
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Classificação:
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
• Sociedades simples.
• Sociedades empresárias – CC/02, art. 966.
• Fundações – resultam não da união de indivíduos, mas da afetação
de um patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu
instituidor, especificando o fim para o qual se destina – CC/02, art. 62 e
parágrafo único. Lembra Rodrigues (2002) que para haver modificações
dos estatutos das fundações a lei exige três condições: deliberação da
maioria dos administradores e representantes da fundação; respeito à
sua finalidade original; aprovação da autoridade competente.
Personalidade Jurídica
A exigência legal considera indispensável o registro para a aquisição de sua
personalidade jurídica – CC/02, art. 45.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Atividade de Estudos:
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Desconsideração da Personalidade
Jurídica
Cumpre frisar que a personalidade de uma pessoa jurídica não se confunde
com a pessoa de seus sócios, sejam pessoas naturais ou jurídicas.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
O incidente deverá ser julgado pelo juiz logo após a defesa ou depois de
realizada a instrução, se necessária, por meio de decisão interlocutória, contra a
qual caberá recurso de agravo de instrumento (arts. 136, caput e 1.015, IV, CPC).
Se o incidente for resolvido em sede recursal, pelo relator, a decisão será atacável
por meio de recurso de agravo interno (art. 136, § 1º, CPC).
a) Efeitos
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
b) Características
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
CaPacidade e RePresentação da
Pessoa Jurídica
Com o registro de seu contrato constitutivo, a pessoa jurídica adquire
personalidade, ou seja, capacidade para contrair direitos e obrigações.
Assim, Venosa (2012) salienta que a pessoa jurídica tem sua esfera de
atuação, não se limitando sua atividade tão somente à esfera patrimonial. Ao
ganhar vida, a pessoa jurídica recebe denominação, domicílio e nacionalidade,
todos os atributos da personalidade.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Toda pessoa jurídica de direito privado, tenha ou não fins lucrativos, responde
pelos danos causados a terceiros, qualquer que seja a sua natureza e os seus
fins. Responde a pessoa jurídica civilmente pelos atos de seus dirigentes ou
administradores, bem como seus empregados ou prepostos que, nessa qualidade,
causem dano a outrem.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Domicílio
O sujeito em sociedade realiza diversos atos e negócios jurídicos. Para
tanto, sua localização tem especial importância em nosso ordenamento, seja
para determinar qual lei aplicável a cada situação, seja para definir o lugar aonde
se devem celebrar negócios e atos da pessoa ou aonde deva exercer direitos –
propor ação judicial ou responder pelas obrigações.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
Para Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 244), a morada “[...] é o lugar onde
a pessoa natural se estabelece provisoriamente. Lembrando que sua importância
é mínima e subalterna, não produzindo em regra qualquer efeito”. Exemplo:
Estudante que vai para país estrangeiro por seis meses, e lá tem sua morada ou
estadia, podendo também se utilizar a expressão habitação.
Esclarece Venosa (2012, p. 211) que a “[...] moradia pode ser entendida
como o local onde uma pessoa habita atualmente ou simplesmente permanece”.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Melo (2015, p. 94) contribui dizendo que residência “[...] é um dos elementos
que compõem o conceito de domicílio, já que representa um estado de fato, onde
a pessoa se instala com a sua família”. Assim, na residência há um sentido maior
de permanência, mesmo que a pessoa se ausente do local temporariamente.
A categoria domicílio tem uma definição legal, pois o Código Civil de 2002,
em seu artigo 70, determina: “O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela
estabelece a sua residência com ânimo definitivo” (BRASIL, 2002).
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
PrincíPio da Pluralidade de
Domicílio
Há a possibilidade de uma pessoa possuir mais de uma residência e mais de
um domicílio.
Nesse sentido, o Código Civil de 2002, em seu artigo 71, prevê que: “Se,
porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas” (BRASIL, 2002).
Para Venosa (2012, p. 214), como se admite a pluralidade, “[...] a lei aceita
que a pessoa não tenha um ponto central de atividade, nem residência habitual
em parte alguma, como os vagabundos e ambulantes que não se fixam em
nenhum lugar”.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Conforme prevê o Código Civil de 2002, em seu art. 74: “Muda-se o domicílio,
transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar” (BRASIL, 2002).
Lembrando, ainda, que tal mudança deve seguir critérios, conforme delimita
o parágrafo único, do art. 74: “A prova da intenção resultará do que declarar a
pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se
tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a
acompanharem” (BRASIL, 2002).
Esclarece Venosa (2012, p. 215) que “[...] raramente a pessoa fará declarações
às autoridades municipais, mas, por exemplo, se o indivíduo for contribuinte de
impostos municipais, poderá requerer sua inscrição em determinado município e
seu cancelamento em outro, o que caracteriza a intenção de mudar”.
EsPÉcies de Domicílio
Pode-se proceder à classificação do domicílio pelo modo de seu
estabelecimento:
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
de seus representantes, pois a lei não lhes permite, ainda que relativamente
incapazes, a escolha de um domicílio”.
a) Regra geral:
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
b) Regra especial:
Esclarece Diniz (2007, p. 284) que as pessoas jurídicas também têm seu
domicílio, que é sua sede jurídica, “[...] onde os credores podem demandar
o cumprimento das obrigações. Como não têm residência, é o local de suas
atividades habituais, de seu governo, administração ou direção, ou, ainda, o
determinado no ato constitutivo”.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Algumas ConsideraçÕes
Conforme estudamos neste capítulo, o Direito Civil, como mola mestra das
relações jurídicas em sociedade, necessita delinear os contornos jurídicos destas
relações. Assim, apresenta quem detém a ação e quem sofre a ação nas relações;
delimita quando este sujeito pode exercer e de que forma exerce seus direitos e
suas obrigações.
Nesse sentido, o direito civil como parte geral apresenta contornos para
várias áreas do Direito, em virtude de seus comandos delimitando quem é a
pessoa capaz de contrair direitos e deveres na ordem civil.
ReFerências
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Manual de direito civil. v. 1. São Paulo:
Método, 2005, p. 57.
COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de direito civil. v. 1. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2006.
COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de direito civil: parte geral. v. 1. 8. ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
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Capítulo 2 DAS PESSOAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito
civil. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil: teoria geral do direito civil. 24. ed.
São Paulo: Saraiva, 2007.
MELO, Nehemias Domingos de. Lições de direito civil: teoria geral para
concursos, exame da Ordem e graduação em direito. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2015.
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: parte geral. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2012.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
72
C APÍTULO 3
Dos Bens
74
Capítulo 3 DOS BENS
ConteXtualiZação
A importância desse tema diz respeito à maneira como as pessoas vão se
relacionar com o que pretendem comprar – seja uma casa, um carro, um animal
de estimação. De que forma terá seu direito resguardado? Coisa e bem são
sinônimos? Vamos descobrir juntos a importância dessas particularidades e de
tantas outras decorrentes delas?
Consideração do PatrimÔnio
Como já vimos na introdução sobre o direito civil, o direito privado se constituiu
com base nos pilares da relação do ser humano com o patrimônio. Todavia, essa
perspectiva foi superada com a constitucionalização do direito civil, em que o
indivíduo se torna o centro de interesse do nosso ordenamento jurídico, o que
não significa afirmar que o patrimônio foi ignorado, muito pelo contrário, pois a
propriedade é uma das considerações da dignidade humana. O patrimônio ainda
é importante e tem sua atenção voltada inclusive na perspectiva constitucional,
como se apresenta no caso da função social da propriedade.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Conceito e Características
Bem e coisa são sinônimos?
O Código Civil de 1916 não fazia distinção entre bem e coisa; já o Código Civil
de 2002 faz. A partir deste se compreende que coisa é gênero e bem é espécie.
Para Venosa (2003, p. 314), “[...] bem é uma utilidade, quer econômica, quer
não econômica”.
Tartuce (2016, p. 282) esclarece da seguinte forma: “[...] coisa é tudo que não
é humano; bem é coisa com interesse econômico e/ou jurídico”.
Diniz (2007, p. 320) ressalta que para que o bem seja objeto de uma relação
jurídica privada, é preciso que ele apresente os seguintes caracteres:
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Capítulo 3 DOS BENS
a) Quanto à tangibilidade
b) Quanto à mobilidade
• Imóveis: não podem ser transportados de um lugar para outro sem ser
danificados ou destruídos.
– Por sua natureza: formado por tudo o que for fixado ao solo de forma
natural, abrangendo também o subsolo e o espaço aéreo. Ex.: árvore
nascida naturalmente.
77
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
• Móveis: aqueles que “[...] podem ser transportados, por força própria ou
de terceiro, sem a deterioração, destruição e alteração da substância
ou da destinação econômico-social” (TARTUCE, 2016, p. 284). Nos
termos do art. 82 do Código Civil: “São móveis os bens suscetíveis de
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da
substância ou da destinação econômico-social” (BRASIL, 2002).
78
Capítulo 3 DOS BENS
c) Quanto à fungibilidade
d) Quanto à consuntibilidade
• Bens inconsumíveis: são bens que podem ser usados reiteradas vezes,
sem que isso retire a sua utilidade. Ex.: televisão e geladeira.
79
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
e) Quanto à divisibilidade
• Bens divisíveis: podem ser fracionados, sem que percam sua utilidade
ou alterem a sua substância ou diminua de forma considerável o seu
valor. A qualquer momento podem se tornar indivisíveis, por vontade das
partes ou por imposição legal. Verifique os artigos 87 e 88 do Código
Civil. Ex.: sacas de arroz.
• Bens indivisíveis: bens que não podem ser divididos sem afetar a
desvalorização ou a perda das qualidades essenciais do todo. Essa
indivisibilidade pode decorrer da natureza do bem, de imposição legal ou
da vontade do seu proprietário.
f) Quanto à individualidade
80
Capítulo 3 DOS BENS
81
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
• Frutos: têm sua origem no bem principal. Coelho (2016, p. 281) expressa
da seguinte forma: “Frutos são acessórios periodicamente renovados
e podem, por isso, ser destacados do principal sem que este perca
necessariamente a aptidão de gerá-los novamente”. Quanto à origem, os
frutos podem ser:
– Frutos pendentes: aqueles que estão ligados à coisa principal. Ex: fruta
que ainda não foi colhida.
– Frutos percebidos: aqueles já colhidos do principal e separados. Ex.:
fruta já colhida pelo produtor.
– Frutos estantes: aqueles já colhidos e armazenados em caixas.
– Frutos percipiendos: deveriam ter sido colhidos, mas estão nas árvores
apodrecendo.
– Frutos consumidos: aqueles colhidos e já vendidos a outros.
82
Capítulo 3 DOS BENS
83
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
• Bens de uso especial: são os bens usados pelo próprio Estado para
a execução do serviço público, com destinação especial, chamada
afetação (art. 99, II, Código Civil). Ex.: prédios e terrenos.
A CF/88 elenca em seu art. 20, incisos I a XI, os bens pertencentes à União.
Os bens de domínio do Estado vêm previstos na CF/88, em seu art. 26, incisos I a
IV (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006)
84
Capítulo 2 DAS PESSOAS
85
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Atividade de Estudos:
86
Capítulo 2 DAS PESSOAS
Algumas ConsideraçÕes
As normas jurídicas, dentre inúmeras outras funções, surgem como reguladoras
da conduta humana, eis que nem sempre existem bens da vida em quantidade
suficientes a atender aos desejos e necessidades das pessoas. Dessa maneira,
devemos conhecer a conceituação, característica e classificação dos bens para
entender quais os sujeitos e direitos envolvidos, visando identificar os instrumentos
jurídicos a serem manejados nessa complexa, porém, importante, relação.
ReFerências
BRASIL. Lei ordinária n. 10.406/2002, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil.
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. p. 1.
COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de direito civil: parte geral. 8. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito
civil. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SOUZA, Adriano Stanley Rocha. O meio ambiente como direito difuso e a sua
proteção como exercício de cidadania. Revista da Faculdade Mineira de
Direito, v. 13, n. 25, jan/jun. 2010, ISSN 1808-9429.
TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral. 12. ed. rev., atual.
e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2003.
_______. Direito civil: parte geral. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
87
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
88
C APÍTULO 4
Dos Negócios Jurídicos
90
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
ConteXtualiZação
O Código Civil de 2002, em sua organização, se subdividiu em três grandes
tópicos, o sujeito, o bem e o negócio jurídico, que nada mais é que a relação
entre os sujeitos e as coisas e o sujeito. Assim, estamos diante de um dos tópicos
mais relevantes do direito civil, pois tanto sujeitos e objetos estão um para o outro
mediante os negócios jurídicos.
No mesmo sentido, Diniz (2007, p. 367) afirma que “Fato jurídico lato sensu
é o elemento que dá origem aos direitos subjetivos, impulsionando a criação da
relação jurídica, concretizando as normas jurídicas”.
Todo acontecimento,
Gonçalves (2006) esclarece que essa correspondência entre o fato natural ou humano,
e a norma, que qualifica o primeiro como fato jurídico, recebe várias que determine
a ocorrência de
denominações nos diversos setores do direito, como: suporte fático,
efeitos constitutivos,
tipificação legal, hipótese de incidência, subsunção, fato gerador, etc. modificativos ou
extintivos de direitos
Assim, para visualizar de forma clara os fatos jurídicos e sua e obrigações, na
representação, segue abaixo um quadro demonstrativo (RODRIGUES, órbita do direito,
2002): denomina-se fato
jurídico
91
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
92
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Venosa (2012) esclarece que, como levamos em conta os efeitos dos atos
para melhor entendimento, consideramos os atos ilícitos como parte da categoria
de atos jurídicos, não considerando o sentido intrínseco da palavra, pois o ilícito
não pode ser jurídico.
Desta forma, verificamos que dos fatos jurídicos se originam os fatos naturais,
externos ao ser humano, e os fatos originados pelo ser humano, observa-se aqui
que a este último a intervenção humana poderá ser de forma positiva, ou seja,
negócios jurídicos, e negativa, os atos ilícitos. Assim, tanto uma como a outra
geram efeitos na ordem civil, na aquisição, modificação ou extinção de direito e
obrigações, o que veremos a seguir.
93
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
94
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Assim, negócio jurídico, para Venosa (2012, p. 333), “[...] é quando existe
por parte da pessoa a intenção específica de gerar efeitos jurídicos ao adquirir,
resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos”. Exemplo: testamento
(unilateral) e contrato (bilateral).
95
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Rodrigues (2002, p. 169) entende que negócio jurídico é o “[...] ato lícito da
vontade humana, capaz de gerar efeitos na órbita do direito”.
Elemento Essencial
A Vontade humana, ou seja, a declaração de vontade, que além de condição
de validade, constitui elemento da própria existência do negócio jurídico.
Elementos Constitutivos
Disciplina o CC/02, em seu art. 104, os pressupostos de validade do
negócio jurídico:
b) Objeto lícito – trata-se de vedar aqueles atos cujo escopo atende contra
a lei, contra a moral ou contra os bons costumes – CC/02, art. 104, inciso
II: lícito, possível, determinado ou determinável;
96
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Além dos elementos caracterizadores dos negócios jurídicos, estes podem ser
classificados mediante sua formação e efeitos, conforme explicaremos adiante.
b) Quanto ao exercício:
97
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
• Bifrontes – são negócios que tanto podem ser gratuitos como onerosos.
Tudo depende da intenção perseguida pelas partes. Exemplo: contrato
de depósito (em princípio é gratuito, sendo que as partes podem
convencionar remuneração).
d) Quanto à forma:
f) Quanto à existência:
g) Quanto ao conteúdo:
h) Quanto à eficácia:
98
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Até aqui vimos a formação dos negócios jurídicos e sua interpretação, a partir
daqui vamos identificar o plano de existência, validade e eficácia dos negócios
jurídicos, ou seja, para que os negócios gerem os efeitos almejados, deverão
existir dentro da ordem jurídica, estar resguardados de determinados vícios, o que
levará a gerar os efeitos atribuídos a eles.
Plano da eficácia:
- condição;
- termo;
Plano da validade: - consequências do
- capacidade (doagente); inadimplemento
- liberdade (da vontade negocial (juros, muitas,
Plano da existência: ou consentimento); perdas e danos);
- licitude, possibilidade, - outros elementos.
- agente;
determinabilidade (efeitos do negócio-)
- vontade; (do objeto) ;
- objeto; - adequação (das formas).
(requisitos de validade)
- forma.
(pressupostos de existência)
Esta escada foi apresentada por Pontes de Miranda, onde ele divide o
negócio em três planos, da existência, da validade e da eficácia. Esta categoria
ficou representada pelo gráfico acima e até o momento é a mais aceita em toda
a doutrina.
100
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Assim, são vícios que impedem que a vontade seja declarada livre e de boa-
fé.
No Capítulo II, do Título I, Livro III, da Parte Geral do Código Civil de 2002,
prescreve o legislador os defeitos capazes de invalidar o ato jurídico. São defeitos
de natureza diversa, mas que refletem resultado idêntico, isto é, a anulabilidade
do negócio jurídico.
1 – Vícios de consentimento:
2 – Vícios sociais:
101
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
1 Vícios de consentimento
1.1 Erro
O erro essencial pode ocorrer por três aspectos, conforme preceitua o artigo
139 do Código Civil de 2002. Vejamos:
III - Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo
único ou principal do negócio jurídico. Exemplo: pessoa que adquire
determinado objeto de arte e acaba por descobrir que não passa de
mera cópia.
102
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
1.2 Dolo
103
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Espécies:
Assim, pela leitura dos autores acima, o dolo negativo possui os seguintes
requisitos:
104
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
1.2 Coação
Vale mencionar aqui que no artigo 1.814, inciso III do Código Civil de 2002,
utiliza-se a expressão “por violência”, mas no sentido de coação para a exclusão
dos herdeiros na sucessão. Assim, o instituto apresenta os seguintes requisitos:
105
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
106
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
1.4 Lesão
Elementos caracterizadores:
108
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
109
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
110
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
patrimônio. Assim, não pode a ação ser proposta contra os atos que não levaram
o devedor à insolvência nem contra aqueles atos pelos quais o devedor deixou de
ganhar algo.
2 Vício Social
Gonçalves (2006) afirma que os vícios sociais são aqueles vícios que não
conduzem a um descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração,
mas são exteriorizados com a intenção de prejudicar terceiros.
2.1 Simulação
111
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
112
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Para Rodrigues (2002, p. 284), “[...] o ato vem inquinado de algum defeito,
se desatende ao mandamento legal ou se divorcia da finalidade social que o deve
inspirar, deixa de produzir os efeitos almejados pelas partes, pois, ou não adquire
validade, ou pode ser declarado ineficaz”.
Entende Gonçalves (2006) que, além do negócio jurídico nulo, temos que
considerar o negócio jurídico inexistente para uma ampla classificação.
113
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Diniz (2007, p. 531) entende que a nulidade é a sanção “[...] imposta pela
norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado
em desobediência ao que prescreve”. Para Gonçalves (2006, p. 431), a nulidade é:
Conforme Venosa (2012, p. 488), “[...] é vício que impede o ato de ter
existência legal e produzir efeito, em razão de não ter sido obedecido qualquer
requisito essencial”.
Para Gonçalves (2006, p. 434), “[...] é a sanção imposta pela lei aos atos
e negócios jurídicos realizados por pessoa relativamente incapaz ou eivados de
algum vício do consentimento ou vício social”.
114
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Lembrando que a regra nos negócios jurídicos é a sua validade Nosso ordenamento
traz a perspectiva da
e a exceção será a invalidade. Assim, nosso ordenamento traz a
Teoria da Conversão
perspectiva da Teoria da Conversão do negócio jurídico, ou seja, do negócio jurídico,
mesmo que esteja inquinado de vício poderá ser convertido em outro ou seja, mesmo que
não contaminado pelo defeito. esteja inquinado
de vício poderá ser
Nesse sentido, Gagliano e Pamplona Filho (2006, p. 399) convertido em outro
não contaminado
esclarecem que a conversão do negócio jurídico trata de uma medida
pelo defeito.
sanatória, “[...] por meio da qual aproveitam-se os elementos materiais
de um negócio jurídico nulo ou anulável, convertendo-o, juridicamente, e de
acordo com a vontade das partes, em outro negócio válido e de fins lícitos”.
115
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
a) Da condição
116
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Todavia, ressalta Rodrigues (2002, p. 243) que nem todo negócio jurídico admite
cláusula acessória da condição. Neste caso, o autor elenca as seguintes hipóteses
em que não há possibilidade do negócio estar condicionado, conforme seguem:
Assim, determinados negócios jurídicos não admitem condição, haja vista que
estão na categoria de negócios puros de família, ou seja, de regras inderrogáveis.
b) Classificação da condição
Conforme Tartuce (2016, p. 246), a condição pode ser classificada das mais
diversas formas, sendo que por meio destas é possível estudar os seus efeitos,
conforme segue:
117
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
118
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
e) Do termo
119
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Da mesma forma que a condição, destaca Gonçalves (2006, p. 353) que nem
todo negócio jurídico admite cláusula acessória da condição. Assim, enumera as
seguintes hipóteses em que não há possibilidade do negócio estar sob termos,
conforme seguem:
● Casamento;
● Emancipação;
● Adoção – CC/02, art. 1.626;
● Renúncia de herança – CC/02, art. 1808;
● Reconhecimento de filho – CC/02, art. 1.613.
f) Prazos
Entende Gonçalves (2006) que o prazo do termo pode ser certo ou incerto,
conforme também o seja o termo. Pode ocorrer que o termo, embora certo e
inevitável no futuro, seja incerto quanto à data de sua verificação. Exemplo:
determinado bem passará a pertencer a tal pessoa a partir da morte de seu
proprietário.
g) Do encargo
Rodrigues (2002, p. 259) discorre sobre o encargo dizendo que “[...] é uma
limitação trazida a uma liberalidade, quer por dar destino ao seu objeto ou por
impor ao beneficiário uma contraprestação. É um ônus que diminui a extensão da
liberdade”.
120
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Atividades de Estudos:
121
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
122
Capítulo 4 DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Algumas ConsideraçÕes
Neste capítulo estudamos a influência dos fatos na ordem jurídica,
subdividindo-os em fatos jurídicos e atos jurídicos, que por sua vez se subdividem
em lícitos e ilícitos. Dentre os atos jurídicos lícitos abordamos os negócios
jurídicos, ou seja, quando há por parte dos sujeitos a intenção manifestada de
gerar efeitos jurídicos e, por consequência, geram, modificam ou extinguem
direitos.
ReFerências
BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasília,
Congresso Nacional, 2002. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/
leis/2002/L10406.htm>. Acesso em> 13 mar. 2018.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito
civil. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
123
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: parte geral. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil. 6. ed. São Paulo: Método, 2016.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2012.
124
C APÍTULO 5
Da Prescrição e da Decadência
126
Capítulo 5 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
ConteXtualiZação
O direito subjetivo não pode se eternizar, ficando de maneira indefinida no
tempo e, por isso, para o exercício de seu direito, o titular deve observar o prazo
que a lei lhe autoriza. Desse modo, para conferir pacificação social e segurança
da ordem jurídica, surgiu a prescrição e a decadência, com a finalidade de
determinar o tempo do exercício de um direito.
127
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Prescrição
Antes de adentrar nas especificidades desse instituto, é necessário conhecer
seu conceito. Rizzardo (2006, p. 609) expõe:
128
Capítulo 5 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
A violação do direito subjetivo cria para o seu titular a pretensão, A prescrição é uma
o poder de fazer valer o seu direito em juízo, por meio de uma ação. pena ao negligente,
Entretanto, se o titular deixar escoar tal lapso temporal, sua inércia dará ou seja, é uma pena
aplicada àquele que
origem a uma sanção adveniente. Assim, a prescrição é uma pena ao
possuía a tutela e
negligente, ou seja, é uma pena aplicada àquele que possuía a tutela e não a fez
não a fez, deixando o lesante impune.
ReQuisitos da Prescrição
Necessário conhecer quais são requisitos da prescrição:
129
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Melo (2015, p. 237) é muito feliz ao citar como exemplo de caso de suspensão
da prescrição o seguinte:
130
Capítulo 5 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
– Despacho do juiz (CC/02, art. 202, I; CPC, art. 312, 240 §§ 2º e 4º, 247,
487 parágrafo único e 802);
– Protesto judicial e cambial (CC/02, art. 202, II e III; Decreto n. 2.044/1908);
– Apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso
de credores (CC02, art. 202, IV);
– Atos judiciais que constituem mora do devedor (CC/02, art. 202, V);
– Atos inequívocos, ainda que extrajudiciais que importem reconhecimento
do direito do devedor (CC/02, art. VI).
131
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Prescrição Intercorrente
O processo se desenvolve por impulso oficial, mas muitas vezes é necessária
uma providência da parte para que se dê andamento. Caso a parte não o faça, não
o impulsione nesses casos, pode a parte contrária requerer ao juiz a declaração
da prescrição intercorrente (MELO, 2015).
ClassiFicação da Prescrição
Pode-se classificar a prescrição da seguinte forma:
Diante da leitura deste artigo se pode perceber que o Código Civil não admite
a renúncia prévia da prescrição, ou seja, ela tem que estar consumada.
PraZos Prescricionais
De acordo com Rizzardo (2006), o início do prazo pode se apresentar com
o instante da ofensa ao direito, ou a contar do dia em que nasce a pretensão, ou
naquele em que se permite a reclamação. Em matéria de ocupação de imóvel, o
começo será da data da invasão; de título cambial, a partir do vencimento.
132
Capítulo 5 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
AçÕes ImPrescritíveis
A prescritibilidade é a regra, porém, determinadas ações, devido à sua
natureza, são consideradas imprescritíveis. Gonçalves (2015, p. 415) chama a
atenção para o seguinte:
133
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
PeremPção e Preclusão
Conforme Rizzardo (2006,) perempção significa perda ou extinção de uma
relação processual, mas sem impedir que se renove a instância, ou se promova
nova lide. Terá que renovar o pedido, para que se lhe permita nova oportunidade,
desde que ainda perdure o direito, ou não tenha sobrevindo a prescrição da ação
ou a decadência do direito.
Decadência
É importante conhecer o conceito de decadência de acordo com o
pensamento doutrinário. Para Melo (2015, p. 237), decadência é:
134
Capítulo 5 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
Assim, o exercício do direito afasta a decadência, uma vez que ela apenas
se dá se o direito não for exercido.
Extinto o direito pela decadência, torna-se, portanto, inoperante; não pode ser
fundamento de qualquer alegação em juízo, nem ser invocado, ainda mesmo por
via de exceção. A decadência produz seus efeitos extintivos de modo absoluto.
PraZos de Decadência
Conforme já vimos, os prazos prescricionais estão previstos taxativamente
nos artigos 205 (regra geral) e 206 (regras especiais) do CC, sendo decadenciais
os demais (GONÇALVES, 2015). Exemplos (TARTUCE, 2016, p. 497-498):
135
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
Os prazos de
prescrição não Lembre-se! “Os prazos de prescrição não podem ser alterados
podem ser alterados por acordo das partes, diferente do que ocorre com a decadência, que
por acordo das pode ter origem convencional”. (TARTUCE, 2016, p. 467).
partes, diferente
do que ocorre com
a decadência, que
pode ter origem
convencional
136
Capítulo 5 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
Algumas ConsideraçÕes
Como se pôde perceber, o direito não admite a perpetuação eterna para
o exercício de um direito. Nesse sentido, o Código Civil de 2002 elucidou os
institutos da prescrição e da decadência e definiu prazos, tratando de maneira
muito mais clara do que a legislação que o antecedeu (de 1916).
137
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
ReFerências
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito
civil. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
MELO, Nehemias Domingos de. Lições de direito civil: teoria geral: para
concursos, exame da Ordem e graduação em direito. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2015.
TARTUCE, Flávio. Lei de introdução e parte geral. 12. ed. rev. atual. e ampl.
Rio de Janeiro: Forense, 2016.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 4. ed. São Paulo: Saraiva,
2004.
138