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DIREITO CIVIL: Introdução

Profa. Dra. Daize Fernanda Wagner


Direito Civil – Parte Geral I
UFSC/CCJ
Definições

“O direito civil é o
direito privado
comum”
(Clóvis Beviláqua)
Definições
“Numa perspectiva objetiva, o Direito Civil é
o conjunto de preceitos reguladores das
relações entre os indivíduos como
particulares.”

“Numa perspectiva subjetiva, o Direito Civil


é o poder de ação que esses preceitos
asseguram à generalidade dos indivíduos.”
Orlando Gomes
Origem
Latim: cives = cidadãos

Jus civile = direito do cidadão


romano, que tinha 3
princípios fundamentais:
não lesar a ninguém, viver
honestamente e dar a cada
um o que é seu.

Se dirige ao núcleo da vida


em sociedade, ou seja, às
relações sociais travadas de
pessoa a pessoa, desde o
nascimento até a morte
(até mesmo antes daquela
e para depois desta)
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DO
DIREITO CIVIL
BRASILEIRO
Chegada dos portugueses ao Brasil
No Brasil, a evolução da
ideia do Direito não foi
linear e gradual, como
experiência própria
nacional.
A relação
Nosso direito foi trazido
da pronto da Metrópole, ou
seja, é imposto numa
metrópole região habitada por
com a populações indígenas
toda uma cultura
colônia alienígena e todo um
sistema de legalidade
supostamente
avançado.
O direito vigente no Brasil colônia foi transferência da
legislação portuguesa contida nas compilações de leis
e costumes conhecidos como Ordenações Reais:

-Ordenações Afonsinas (1446)

-Ordenações Manuelinas
(teve 2 versões: em 1514 e em 1521)

-Ordenações Filipinas (1603)


As Ordenações
Filipinas
vigoraram no
Brasil de 1603
até o Código Civil
de 1916
(e em Portugal
até 1867)
A sistematização do
Direito Civil no Brasil
• A proclamação da independência em 1822
traz consigo a preocupação de codificar o
direito no Brasil

• Assembléia Constituinte baixou uma lei em


20 de outubro de 1823, determinando que
continuasse a vigorar em nosso território as
Ordenações Filipinas de Portugal, embora
alteradas por legislações extravagantes até
que se elaborasse o nosso próprio código.
“Sede” da Assembleia Constituinte
de 1824, no Rio de Janeiro
• Em 1824, a Constituição Imperial determina que se
organize o Código Civil e o Código Criminal.

Art. 179, XVIII – que se organize, quanto antes, um


Código Civil, fundado nas sólidas
bases da justiça e da eqüidade.

• Em 1858, Teixeira de Freitas obteve a aprovação da sua


Consolidação das Leis Civis. Após, Teixeira de Freitas
trabalha e apresenta seu „Esboço“ de Código Civil (que
não foi concluído).

• Em 1867, Portugal organizou seu Código Civil.


O Código Civil de 1916
Em 1899, Clóvis
Beviláqua foi nomeado
para codificar o Direito
Civil.
No final do mesmo ano
apresentou seu projeto
que, após 16 anos de
debates, transformou-
se no Código Civil
promulgado em 1° de
janeiro de 1916.
Em abril iniciou e em
outubro apresentou o
projeto!
Primeira
página do
jornal “O
Imparcial”, de
17/12/1915,
noticiando a
aprovação do
CC de 1916
• Espírito individualista
• Liberal em matéria
econômica
• Extremamente conservador
Características nas relações familiares
do CC de 1916
“O Código Civil de 1916 se estruturava
em torno das figuras típicas do marido,
do proprietário, do contratante e do
testador.”
(ROBERTO, 2011, p.88)
Estrutura do CC
de 1916

• Parte Geral

• Parte Especial
– Direito de
Família
– Direito das
Coisas
– Direito das
Obrigações
– Direito das
Sucessões
Leis Extravagantes
Com o objetivo de atualizar o CC de 1916
várias leis foram sendo promulgadas e
implicaram em derrogação do CC, como por
exemplo:

– Estatuto da Mulher Casada (1962)


– Lei do Divórcio (1977)
– Lei de Locações etc.
“O Código Civil Brasileiro, a par de ser
patrimonial-imobiliário, portanto um
sistema enucleado em torno de uma noção
patrimonial fundamental, de patrimônio
imobiliário como prevalente, é coerente com
a feição dos códigos do século XIX e foi
fundamentalmente feito no século passado.
Outro é o horizonte contemporâneo.”
(FACHIN, 2000,p. 25)
Comissões para criação
de novo Código Civil
• Anteprojeto de Código das
Obrigações (1941) Juristas:
Orozimbo Nonato, Filadelfo Azevedo
e Hahnemann Guimarães

• Projeto de Código Civil (1961).


Juristas: Orlando Gomes, Caio Mário
da Silva Pereira e Sílvio Marcondes.
Nova Comissão (1969)

-Miguel Reale
-José Carlos Moreira Alves (Parte Geral)
-Agostinho Alvim (Direito das Obrigações)
-Sílvio Marcondes (Direito de Empresa)
-Ebert v. Chamoun (Direito das Coisas)
-Clóvis do Couto e Silva (Direito de Família)
-Torquato Castro (Direito das Sucessões)
Miguel Reale
(1910-2006)
• Em 1974 o Projeto é encaminhado ao
Congresso Nacional

• Câmara dos Deputados: tramitou por


10 anos, sendo aprovado em maio de
1984

• Senado Federal: tramitou por 13 anos,


até novembro de 1997

• Em 1998: retorna à Câmara, para


novas atualizações

• Em 10 de janeiro de 2002 foi


promulgado através da Lei n°
10.406 e entrou em vigor em 11
de janeiro de 2003
Código Civil de 2002
Promulgado em: 10/01/2002 (Lei n. 10.406)
Entrou em vigor em: 11/01/2003.
Estrutura

1. Parte Geral (art. 1. – 232)


2. Parte Especial (5 Livros):
I. Direito das Obrigações
(art. 233 – 965)
II. Direito da Empresa
(art. 966 – 1.195)
III. Direito das Coisas
(art. 1.196 – 1.510)
IV. Direito de Família
(art. 1.511 – 1.783)
V. Direito das Sucessões
(art. 1.784 – 2.027)
*Disposições finais e transitórias
(art. 2.028 – 2.046)
Filosofia norteadora do novo
Código Civil
Diretrizes norteadoras:

• Operabilidade – simplicidade e efetividade - sistemática


interna/cláusulas gerais.
Ex. Art 189, CC; art. 421, CC
• Eticidade – lealdade e boa-fé, exigência de
comportamento correto, probo e leal na vida de
relações sociais.
Ex. Art. 422,CC
• Socialidade – regras dotadas de alto conteúdo social,
com observância do bem comum.
Ex. Art. 421, art. 1228, § 1°, CC.
*CC/2002 (artigos citados)

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão,


a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem
os arts. 205 e 206.
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da
função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios
de probidade e boa-fé.
*CC/2002 (artigos citados)

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e


dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em
consonância com as suas finalidades econômicas e sociais
e de modo que sejam preservados, de conformidade com
o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Parte Geral do CC de 2002
(232 artigos)
Livro I – Das Pessoas (art. 1o – 78)
• Das pessoas naturais
• Das pessoas jurídicas
• Do domicílio
Livro II – Dos Bens (art. 79 – 103)
Livro III – Dos Fatos Jurídicos (art. 104 – 232)
• Do negócio jurídico
• Dos atos jurídicos lícitos
• Dos atos ilícitos
• Da prescrição e decadência
• Da prova
Leituras Complementares

• GOMES, Orlando. Raízes hitóricas e


sociológicas do Código Civil Brasileiro.
Porto Alegre: Revista da AJURIS, p. 5-33
• DELGADO, Mário Luiz. Codificação,
descodificação, recodificação do direito
civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2011.
• MARTINS-COSTA, Judith; BRANCO, Gerson Luiz
Carlos. Diretrizes teóricas do Novo Código
Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002.
• ROBERTO, Giordano Bruno Soares. Introdução à
história do direito privado e da codificação. 3.ed.
Belo Horizonte: Initia Via, 2011.
O que é
“constitucionalização
do Direito Civil”?

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