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DIREITO CONSTITUCIONAL

CURSO DE DIREITO
PROF. PIETRO N-DELLOVA

pietrodellova2014@gmail.com

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
(WRITS CONSTITUCIONAIS)
INTRODUÇÃO

• Etimologicamente, do Direito Inglês (Magna Carta) WRIT


(WRITTEN) significa escrito, lei, regulamento, édito, ordem.
Tecnicamente, writ deve ser entendido como mandado, ordem a ser
cumprida. São garantidores dos direitos constitucionais.

• Natureza. É ação contra autoridade coatora, visando a prestação


jurisdicional do seu direito constitucional (direitos fundamentais)

• Desenvolvimento se dá a partir das grandes Declarações de


Direitos. Ex.: Art. 3º da Magna Carta (1215). Art. 8º da Declaração
Universal DH (1948)

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• MORAL e ÉTICA
(comportamental)
• (more,romano)
• (ethos, grego)

REMÉDIOS NA CF/88

(do programa)
Habeas Corpus (Art. 5º, LXVIII)
Mandado de Segurança (Art. 5º, LXIX)
Mandado de Segurança Coletivo (Art. 5º, LXX)
Mandado de Injunção (Art. 5º, LXXI)
Habeas Data (Art. 5º, LXXII)
Ação Popular (Art. 5º, LXXIII)

(outros)
Ação Civil Pública (Art. 129, III)
Direito de Petição (Art. 5º, XXXIV, a)
Direito de Certidão (Art. 5º, XXXIV, b)

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HABEAS CORPUS
Conceito: Habeas Corpus (tome o corpo)
Conforme Luis Pinto Ferreira, José Afonso da Silva e Diomar
Ackel Filho, o Habeas Corpus é a ação constitucional. É o
remédio destinado a tutelar a liberdade de locomoção,
utilizada sempre que alguém estiver sofrendo, ou na
iminência de sofrer, constrangimento ilegal em seu direito
de ir e vir, parar e ficar. Tem natureza de ação
constitucional. O HC é a ordem dada pelo juiz ao coator a
fim de cessar a coação. Trata-se de uma das mais
importantes garantias criminais. É um dos remédios para
garantir o direito à liberdade pessoal. É um writ a serviço da
liberdade.

Obs.: geralmente trata-se de matéria penal, mas pode ser civil


(prisão por dívida alimentícia: Art.5º, LXVII, e parágrafos, CF/88)
– Pacto de San Jose da Costa Rica (1969) 1992

ORIGEM DO HABEAS CORPUS


• Bíblia: Deuteronômio (DEVARIM): SHOFTIM / SHOTRIM
• Direito Romano:
Para Luis Pinto Ferreira, que adota o critério da origem romano-
germânica, o HC tem origem no Direito Romano com o interdictum de
homini libero exhibendo (interdito de exibir o homem livre) e o
interdictium de liberis exhibendis (interdito de exibir o livre), garantiam
ao cidadão romano a liberdade, ou seja, o direito de locomoção: ir, vir e
ficar.
• Inglaterra:
Os Writs surgiram no reinado de Henrique II (1133-1189), destinados a
proteger apenas a liberdade dos barões e nobres, cuja prisão a Magna
Carta (1215) não admitia sem julgamento. Em 1679 criou-se o Habeas
Corpus Amendment Act para assegurar liberdade aos súditos e prevenir
prisões
• Constituição norte-americana (1787):
Art.1º, seção 9
• França:
Regulou a matéria do HC em leis processuais

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O HC NO DIREITO BRASILEIRO: ANTERIOR
• A Constituição de 1824 não o previu nem o proibiu. O Código de
Processo Criminal de 1832 (Art. 340), regulou o HC apenas para
cidadãos brasileiros. Em 1871, pela Lei 2033/1871, atribuiu o caráter
preventivo e o ampliou para estrangeiros. Vide Pontes de Miranda.

• Constituição de 1891 (Art. 72, §22), adotou-o como garantia


constitucional, ampliando sua utilização para direitos pessoais. Esta
amplitude do HC na Constituição de 1891 foi conhecida como
interpretação brasileira do HC (ex.: reintegração de funcionário público,
publicação de artigos lidos na Tribuna do Congresso, conclusão de
estudos etc). Rui Barbosa foi um dos defensores dessa amplitude do
HC.

• Reforma Constitucional de 1926 (Artur Bernardes) restringiu o HC à


proteção da liberdade pessoal (direitos pessoais ficaram sem proteção).
A Constituição de 1934 (no Art. 113, n. 23) e criou o Mandado de
Segurança. Constituição de 1937 (Art. 122, inc. 16). Constituição de
1946 (Art. 141, § 23): proteção da liberdade contra coação, exceto as
transgressões disciplinares. Constituição de 1967 (Art. 150, §20).
• O AI 5 (Art. 10) (Constituição de 1969) suspendeu o HC.

O HC NO DIREITO BRASILEIRO: ATUAL


• Fundamento da concessão:
Art. 5º, LXVIII, CF/88: conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder;

Restrições à concessão:
• Art. 142, § 2º: Não caberá habeas corpus em relação a punições
disciplinares militares.
• Art. 42, §1º: Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, §
8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual
específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as
patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores
• Obs.: Conforme Pontes de Miranda, a exigência é de: 1) hierarquia; 2)
poder disciplinar legal; 3) ato ligado à função; 4) pena prevista em lei,
bem como a exceção: Cabe HC quando: 1) autoridade incompetente; 2)
desacordo com formalidades legais e 3) punição além dos limites
fixados em lei. Vide Súmula 694 do STF (não cabe) c.c/ 647 CPP

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COMPETÊNCIA

Supremo Tribunal Federal: (Art. 102, I, d)


Superior Tribunal de Justiça: (Art. 105, I, c)
Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais: (Art. 108,
I, d e Art. 109, VII)
Tribunais de Justiça (estaduais) devem obedecer à
Constituição estadual
Justiça do Trabalho (Art. 114, IV)

Vide Art. 650 do CPP sobre competência

TIPOS DE HABEAS CORPUS

• Habeas Corpus LIBERATÓRIO (Art. 647, CPP)

• Habeas Corpus PREVENTIVO (Art. 647, CPP)

• Habeas Corpus de OFÍCIO (Art. 654, § 2º, CPP)

• Exceção: punição militar (Art. 647, CPP)

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PROCEDIMENTOS

• Impetrante, quem tem legitimidade ativa: Art. 654, CPP:


• Qualquer pessoa natural ou jurídica ou em favor de terceiro
(PACIENTE)
• Ministério Público (Art.127 da CF/88)
• Não precisa ser Advogado, pois a impetração de HC não é atividade
exclusiva do Advogado (Lei 8960/94, EOAB, Art. 1º, §1º)
• Vide Art. 654, § 1º e alíneas, CPP, sobre PETIÇÃO DE HC
• Rito especial: Art. 647 a 667 do CPP
• Autoridade coatora: autoridade pública e, também, contra
particulares (diretores de estabelecimentos psiquiátricos, de
casas de idosos e proprietários de fazendas, sobretudo em
casos de plagium)

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A TÍTULO DE ILUSTRAÇÃO

• Artigo 5º, LVII, CF/88 (presunção de inocência)


• Lei 7960/1989 (prisão temporária)
• Art. 282 e seguintes, CPP (prisão em flagrante, prisão
preventiva, prisão domiciliar)
• Art. 319 e seguintes, CPP (outras medidas cautelares)
• Art. 5º, LXVII, CF/88 (prisão civil)

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MANDADO DE
SEGURANÇA

• WRITS CONSTITUCIONAIS

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MANDADO DE SEGURANÇA

Conceito:

Mandado de Segurança é ação civil pela qual


qualquer pessoa pode provocar o controle
jurisdicional quando sofrer lesão ou ameaça de
lesão a direito líquido e certo (não amparado por
habeas corpus nem habeas data), em decorrência
de ato de autoridade praticado com ilegalidade ou
abuso de poder.
(Maria Sylvia Zanella Di Pietro)

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Mandado de Segurança INDIVIDUAL: fundamento legal
Conforme a Constituição Federal de 1988, Art. 5º, LXIX,
conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público;

E na Lei 12016/2009, Art. 1º,, Conceder-se-á mandado de


segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou
com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade,
seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.

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Mandado de Segurança: Pressupostos

1. Ato de autoridade pública ou agente de pessoa


jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público (Art. 5º, LXIX, CF/88 c.c/ Art. 1º da Lei
12016/2009 – lei MS – Mandado de Segurança)

Autoridade coatora
Estado ou Órgãos do Estado
Pessoas jurídicas com poder delegado (autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista,
concessionárias, permissionárias de serviços públicos
Particulares que atuem com poder delegado (delegação) ou
autorizadas
Exemplos da Sylvia Di Pietro (estabelecimentos de ensino,
sindicatos, agentes financeiros, serviços sociais autônomos
(Sesi, Sesc, Senai etc)

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Mandado de Segurança: pressupostos
2. Ilegalidade ou abuso de poder. Ilegais:
 quanto ao SUJEITO (competência legal ou delegação);
 quanto ao OBJETO (conteúdo e objeto: demissão de funcionário
público, desapropriação, é o efeito jurídico imediato);
 quanto ao MOTIVO (pressuposto do ato);
 quanto à FINALIDADE (resultado é o efeito jurídico mediato);
 quanto à FORMA (exteriorização do ato, formalidade do ato,
publicização do ato)

3. Lesão ou ameaça de lesão


 Mandado repressivo ou preventivo (em ambos os casos, quando
houver uma ameaça executada ou ainda não executada, mas decidida)

4. Direito líquido e certo não amparado por HC ou HD


 Direito comprovado na petição inicial. Certeza quanto aos fatos (certeza
jurídica, direito subjetivo próprio do impetrante, objeto determinado

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Mandado de Segurança: não cabimento/restrições


1. Não cabe para liberdade de locomoção (o caso é de
Habeas Corpus)
2. Não cabe para assegurar informações sobre a própria
pessoa (é caso de Habeas Data)
3. Não cabe contra ato de que caiba recurso com efeito
suspensivo
4. Não cabe contra atos de gestão comercial (Art. 1º, § 2º da
Lei MS)
5. Não cabe contra despacho ou decisão judicial
6. Não cabe contra ato disciplinar
7. Não cabe para se pleitear anulação de uma lei (é caso de
ação direta de inconstitucionalidade)
• Obs.: pode caber em leis de efeito concreto (lei formal que é ato
administrativo: ex.: desapropriação e meio ambiente) e leis auto-
executórias (casos concretos)

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Aspectos Processuais na Lei MS 12016/2009
• Prioridade sobre todos (menos HC): Art. 20
• Petição: Art. 6º
• Procedimentos: Art. 7º e segs.: despacho do juiz com
notificação do agente coator para se manifestar em 10 dias,
ciência do feito, suspensão liminar do ato ou denegação de
liminar, decretação de perempção ou caducidade (3 dias
úteis); autoridades coatoras devem remeter aos seus
ministérios ou órgãos em 48 horas; indeferimento de ofício; se
findar o prazo de 10 dias, o juiz ouvirá o MP e, ouvindo ou não,
o juiz decidirá em 30 dias.
• Recursos: Art. 7º, §1º (agravo de instrumento); Art. 14
(apelação obrigatória); Art. 18 (especial, extraordinário,
ordinário). Não cabem Embargos Infringentes ou Honorários
Advocatícios conf. Art. 25)
• Prazo: Decadencial de 120 dias (Art. 23)

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Mandado de Segurança COLETIVO


 Constituição Federal de 1988, Art. 5º, LXX
o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados;

 Lei 12016/2009
Art. 21 O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por
partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus
interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou
por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

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Mandado de Segurança COLETIVO

• Pressupostos: os mesmos do MS individual

• Sujeito ativo: (Compreensão a partir do Art. 5º, LXX c. c/ o


Art. 21 da Lei 12016/2009 (Lei do MS), e Art.1º da Lei
9096/1995 (Lei dos Partidos Políticos)

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente


constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.

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MANDADO DE
INJUNÇÃO

• WRITS CONSTITUCIONAIS

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MANDADO DE INJUNÇÃO

Conceito: (de origem estadunidense: casos de equidade


(courts of equity) AEQUITAS

Com base no Art. 5º, LXXI, CF/88, pode-se dizer que o


Mandado de Injunção é ação constitucional para tutela
de direitos previstos na Constituição inerentes à
nacionalidade, soberania popular e cidadania que não
possam ser exercidos em razão da falta de norma
regulamentadora

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Mandado de Injunção: fundamentos


Art. 5º, LXXI, CF/88
Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;

Lei 13.300/2016 (Lei do Mandado de Injunção)


Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que
a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania.

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Mandado de Injunção: pressupostos

1. Falta de uma norma regulamentadora do direito,


liberdade ou prerrogativa reclamada
2. Ser o impetrante beneficiário direto do direito, liberdade
ou prerrogativa que postula em juízo
3. Titularidade do bem reclamado (sentença alcança o
demandante)
4. O dispositivo do inciso LXXI do Art. 5º independe de
regulamentação infraconstitucional (aplica-se o §1º do
Art. 5º da CF/88)

OBS.: difere da ação direta por inconstitucionalidade (por omissão)

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Pressupostos infraconstitucionais: Lei 13300/2016


Art. 2º - concessão
Art. 3º e 12
legitimidade ativa (impetrante)
legitimidade passiva (impetrado)
legitimidade ativa no mandado de injunção coletivo
Art. 4º - petição
Art. 5º - procedimento: notificação para o impetrado prestar
informações em 10 dias; ciência ao órgão de representação do
impetrado;
Art. 6º - denegação do pedido (com agravo em 5 dias)
Art. 7º - após 10 dias, MP
Art. 8º - deferimento da injunção: prazo para regulamentação e
estabelecimento de condições
Art. 9º - efeito INTER PARTES (mas, pode ser ULTRA PARTES e
ERGA OMNES) e EX NUNC. A Decisão pode ser Revista.

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HABEAS DATA

WRITS CONSTITUCIONAIS

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Conceito de Habeas Data


Conforme o Prof. José Afonso da Silva, o Habeas Data é o
remédio constitucional que tem por objeto proteger a esfera íntima
dos indivíduos contra usos abusivos de registros de dados pessoais
coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos, ou contra
inserção de dados de origem racial, pensamento político, religioso
ou filosófico, ou de ação partidária e sindical, orientação sexual e,
também, contra conservação de dados falsos ou para uso ilegal.
Ensina o Prof. Firmín Fernandes de Oliveira, que o Habeas Data
ou conjunto de direitos que garante o controle da identidade
informática, implica no direito de conhecer, corrigir, subtrair ou
anular, e de agregar dados depositados no fichário eletrônico. É o
direito ao controle aos próprios dados (biológicos, sanitários,
acadêmicos, familiares, sexuais, etc). Trata-se de ação gratuita.

José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo


Luiz Pinto Ferreira. Curso de Direito Constitucional

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Origem e Direito Comparado

A expressão HABEAS DATA é utilizada por alguns ao lado das


expressões HABEAS SCRIPTUM e HABEAS MENTEM (p. ex.,
Firmín Morales Prats). Habeas data e habeas scriptum no
sentido de direito ao controle da circulação de dados pessoais;
habeas mentem é a expressão jurídica da intimidade.

As Constituições europeias tratam do controle do uso da


informática (Art. 35 da Const. Portuguesa de 1976; Art. 18 da
Const. Espanhola; A Lei francesa nº 78-17 é mais avançada e
rigorosa no direito de acesso a fichários; A Alemanha disciplina o
tema na Lei de Proteção contra o Emprego Abusivo de Dados
de Identificação Pessoal no Âmbito de Tratamento de Dados.

(vide Luiz Pinto Ferreira. Curso de Direito Constitucional)

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Constituição Portuguesa, 1976


Artigo 35º Utilização da Informática

1. Todos os cidadãos têm o direito de acesso aos dados informatizados que lhes digam
respeito, podendo exigir a sua rectificação e actualização, e o direito de conhecer a finalidade
a que se destinam, nos termos previstos na lei.
2. A lei define o conceito de dados pessoais, bem como as condições aplicáveis ao seu
tratamento automatizado, conexão, transmissão e utilização, e garante a sua protecção,
designadamente através de entidade administrativa independente.
3. A informática não pode ser utilizada para tratamento de dados referentes a convicções
filosóficas ou políticas, filiação partidária ou sindical, fé religiosa, vida privada e origem étnica,
salvo mediante consentimento expresso do titular, autorização prevista por lei com garantias
de não discriminação ou para processamento de dados estatísticos não individualmente
identificáveis.
4. É proibido o acesso a dados pessoais de terceiros, salvo em casos excepcionais previstos
na lei.
5. É proibida a atribuição de um número nacional único aos cidadãos.
6. A todos é garantido livre acesso às redes informáticas de uso público, definindo a lei o
regime aplicável aos fluxos de dados transfronteiras e as formas adequadas de protecção de
dados pessoais e de outros cuja salvaguarda se justifique por razões de interesse nacional.
7. Os dados pessoais constantes de ficheiros manuais gozam de protecção idêntica à prevista
nos números anteriores, nos termos da lei.

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Habeas Data na CF/88
O Habeas Data desenvolveu-se no Brasil sob influência do Prof. José
Afonso da Silva quando atuava na Comissão Provisória de Estudos
Constitucionais, e foi recepcionado pela CF/88. Encontra-se no Art. 5º,
inicialmente, nos incisos XIV (acesso à informação); XXXIII (direito de
receber informações dos órgãos públicos); XXXIV, b (obtenção de
certidões); incisos LXXII (habeas data) e LXXVII (gratuidade). Art. 102,
I, d e II, a (competência do STF); Art. 105, I, b (competência do STJ);
Art. 108, I, c (competência dos TRF) e Art. 109, VIII (competência dos
Juízes Federais).
O Habeas Data é regulamentado pela Lei 9507/97

CF/88, LXXII - conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo;
CF/ 88, LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania.

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Procedimentos para o Habeas Data


Até 1997, a Jurisprudência adotou procedimentos afeitos ao
Mandado de Segurança (Lei 8083/90) com fundamento no Art.
5º, §1º, da CF/88 (aplicação imediata das normas de direitos
fundamentais)

Lei 9507/97

Legitimidade ativa: qualquer pessoa, natural ou jurídica,


nacional ou estrangeira. É personalíssimo, ou seja, o
interessado tem o direito. Mas, J. Afonso informa que já se
concedeu o direito a cônjuge e herdeiro de falecido.
Legitimidade passiva: entidades governamentais (adm. direta
ou indireta); pessoas jurídicas de dir. privado (ex. SPC)

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Aspectos da Lei 9507/97
1. Conceito de caráter público (Art. 1º, par. único)

2. Pressuposto extrajudicial para Habeas Data


a. Requerimento e prazos (Arts. 2º par. único e 3º )
b. Requerimento de retificação (Art. 4º, §§ 1º e 2º)

3. Habeas Data
a. Fundamentos/finalidade: Art. 7º
b. Petição Art. 8º c. c/ Art. 319 e ss do CPC

4. Despacho/Decisão/Notificação: Arts. 9º a 14
5. Apelação, agravo e renovação do pedido: Art. 15, 16 e 18
6. Prioridade de apreciação: Art. 19
7. Competência: Art. 20

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AÇÃO POPULAR
Ação Popular é o remédio constitucional posta à disposição
de “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência” (Art. 5º, LXXIII)

 O povo ou parte dele ganha legitimidade para pleitear tutela


jurisdicional sobre o que pertence à coletividade (ut universis). Não
pertence ao indivíduo (ut singuli), mas ele é membro da coletividade
(pro populo). Interesse impessoal, interesse da coletividade.
 É de natureza política e expressa diretamente a soberania popular
conforme o artigo 1º, par. único, CF/88. É ação constitucional política
que dá ao cidadão a condição de ser um fiscal ou obter uma função
fiscalizadora, visando a tutela de interesses coletivos.

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DIREITO CIVIL - PROF PIETRO


DELLOVA 17
AÇÃO POPULAR: HISTÓRICO e LEGISLAÇÃO
No Direito Romano com actio popularis para defesa da
res publica;
Prevista na Constituição de 1824: Art. 157;
Não aparece na Constituição de 1891;
Constituição de 1934: Art. 113, nº 38;
Suprimida na Constituição de 1937;
Reinserida na Constituição de 1946: Art. 141, § 38;
Lei 4717, 29/6/1965
Constituição de 1967: Art. 150 § 31;
Constituição de 1969: Art. 153 § 31;
Ampliada na Constituição de 1988, que incluiu a
moralidade administrativa: Art. 5º, LXXIII

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AÇÃO POPULAR: PRESSUPOSTOS


Requisitos:
a) Condição de eleitor: qualquer cidadão brasileiro com titulo de eleitor (não
estrangeiro, não pessoa jurídica, inclusive não partidos. Vide Súmula 365
do STF);
Obs.:
 brasileiro nato, brasileiro naturalizado, português equiparado (Decreto
70391, 12/4/1972). Cidadania para propor, não para responder;
 Legitimidade ad causan (ser cidadão); legitimidade ad processum,
(capacidade processual e aptidão) e não precisa propor a ação no
domicílio eleitoral;
 Se houver perda dos direitos políticos, a ação prossegue normalmente;
 Se houver desistência do autor, o MP pode prosseguir, mas não pode
propor essa ação (apenas a ação civil pública para casos de direitos
difusos e coletivos)
a) Ilegalidade (contrário ao ordenamento jurídico)
b) Lesividade (atos omissivos ou comissivos). Atos lesivos,
também, conforme Art. 2º a 4º da Lei 4717/65

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DIREITO CIVIL - PROF PIETRO


DELLOVA 18
AÇÃO POPULAR: OBJETO
1) Patrimônio a) público ou de b) entidade com participação do
Estado

2) Moralidade Administrativa: como princípio constitucional (Art. 37,


caput), e, também, fundamento autônomo para a ação (Art. 5º, LXXIII).
Como princípio e fundamento autônomo, não requer a comprovação
de lesão ao erário, de ofensa à estrita legalidade ou dano aos cofres
públicos. É de natureza ÉTICA (moralidade, não comum, mas jurídica
no sentido constitucional). Não se trata apenas da clássica moralidade
administrativa, porque um ato pode ser formalmente legal, mas
materialmente imoral;

3) Meio ambiente (vide Art. 225, CF/88)

4) Patrimônio Histórico e Cultural (Art. 216, CF/88, Decreto Lei nº


25/1937; Lei 3924/1961; Lei 4717/65; Lei 6513/77; Decreto nº
3551/2000)

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AÇÃO POPULAR: COMPETÊNCIA E SUCUBÊNCIA


Não há competência originária (porque não há previsão
expressa, como nos casos de Mandado de Segurança);

Julgamento em Primeira Instância, cabendo todos os


recursos podem ser interpostos. Mesmo se autoridades
como Presidente da República forem polos passivos
(apenas questão de justiça federal ou estadual). Vide
Artigo 5º e segs., da Lei 4717/65)

NOTA SOBRE SUCUMBÊNCIA : “...ficando o autor, salvo


comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência” (Art. 5º, LXXIII, CF/88), mas não o réu.

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DIREITO CIVIL - PROF PIETRO


DELLOVA 19
DIREITO DE PETIÇÃO
• Art. 5º, XXXIV – letra a, CF/88 c. c/ Lei 9265/96: são a todos
assegurados, independentemente do pagamento de taxas, a) o
direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder;

• Direito de qualquer pessoa, natural ou jurídica, nacional ou


estrangeira, maior ou menor, individual ou coletiva, peticionar ou
fazer pedidos à Administração Pública, em defesa dos próprios
direitos ou alheios; ou reclamar/denunciar contra atos abusivos ou
ilegais, sempre de forma escrita. O órgão público tem o dever de
esclarecer (ou será submetido a Mandado de Segurança). Esse
direito é gratuito.
• Obs.: fosse um caso de abuso, aplicava-se a Lei 4898/65, revogada agora
pela Lei 13869/2019 (abuso de autoridade)

• Previsto em todas as Const. Brasileiras. Nasceu na Inglaterra (right of


petition), quando os súditos podiam encaminhar pedidos ao rei. Aparece, de
forma embrionária, no livro de Deuteronômio (Bíblia) que estabeleceu juízos
e oficiais

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DIREITO DE CERTIDÃO
• Art. 5º, XXXIV, letra b, CF/88 c. c/ Lei 9051/95: são a todos
assegurados, independentemente do pagamento de taxas: b) a
obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

• Direito de obter uma Certidão do Estado, que é o documento que


comprove a existência de um fato. Tem fé pública (iuris tantum) para
defesa de direitos ou esclarecer situações de caráter pessoal.
Direito gratuito.

• Pressupostos (Celso de Mello, STF): a) legítimo interesse; b)


ausência de sigilo (inciso XXXIII e Lei 12527/2011); c) res habilis; e d)
indicação de finalidade (Art. 2º da Lei 9051/95);

• Prazo de atendimento: 15 dias (Art. 1º da Lei 9051/95)

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DIREITO CIVIL - PROF PIETRO


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AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Art. 129,III, CF/88: São funções institucionais do Ministério


Público:
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos;

Lei 7347/85; Lei 7913/89; Lei 8069/90; Lei 7853/89; Lei


11105/2005; Lei 8429/92; Lei 8078/90

Legitimidade ativa/passiva
Ministério Público

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BIBLIOGRAFIA INDICADA PARA HC

1. Curso de Direito Constitucional Positivo, José


Afonso da Silva
2. a) Curso de Direito Constitucional e Comentários à
Constituição Federal, de Luiz Pinto Ferreira
3. Direitos Humanos Fundamentais, de Alexandre de
Moraes

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