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DECRETA:
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No caso em análise, pontua-se que, assim como os direitos dos encarcerados eram
transgredidos, as garantias dos funcionários da penitenciária eram igualmente violadas. Isso
porque, o contingente de policiais e agentes penitenciários era insuficiente e, por isso, chegou-
se existir plantões com apenas seis ou sete agentes. Essa conjuntura mostrou-se extremamente
favorável para o surgimento de insurgências, como as que aconteceram em janeiro de 2002 e
abril de 2004. Na primeira rebelião, vinte e sete detentos do chamado “Seguro” (jurados de
morte) foram assassinados de forma cruel, como uma forma de protesto às condições
desumanas vivenciadas pelos demais. Logo após, a Corte Interamericana de Direitos
Humanos, ao certificar-se de que houve violações evidentes aos direitos e valores por ela
assegurados, interveio, impondo a Resolução de 18 de junho de 2002, a qual foi a primeira de
outras supervenientes.
No entanto, como visto no tópico anterior, as medidas provisórias previstas não foram
eficazmente efetivadas pelo Estado brasileiro. Essa conjuntura, portanto, não impediu que, em
2004, ocorresse uma nova ressurreição, em que outros quatorze detentos foram executados.
Consequentemente, a Corte criou uma comissão – formada por membros do ministério das
relações exteriores, do sistema penitenciário nacional e da secretária de direitos humanos- que
passou a fiscalizar a situação interna da Penitenciária Urso Branco. A referida comissão
estava, ainda, responsável por elaborar relatórios e apresentá-los para a Corte. Ademais,
estado de Rondônia teve que firmar um pacto garantindo a segurança dos presos, dos
trabalhadores do local e do setor de segurança dessa casa penal. Caso contrário, o Tribunal
previu sanções a serem impostas à República Federativa do Brasil.
Cabe pontar, ainda que, no caso em tela, o Estado brasileiro violou não só o Pacto San José da
Costa Rica, mas, também, outros acordos internacionais de direitos humanos, que o Brasil é
signatário. Dois deles são a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Isso
porque, ambos preveem garantias individuais básicas - como o direito à vida, à integridade
pessoal e à dignidade. Garantias essas que foram evidentemente violadas pela União, no
tocante ao tratamento dispensado aos reclusos.
Por fim, entende-se que a Constituição Federal de 1988, a chamada constituição cidadã, foi
feita sob o prisma de importantes tratados de direito internacional referentes aos direitos
humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e o Pacto San José da
Costa Rica (1969). Dessa forma, quando em seu artigo 5°, inciso XLIX , assegura os direitos
aos presos ao respeito e à integridade física e moral, percebe-se a influência do direito
internacional, já que esses direitos estão intimamente relacionados às garantias universais de
direitos humanos.