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arma poderosíssima.
Em defesa do direito à vida desde a concepção
Elaborado em 08/2009.
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A força dessa Convenção é tão grande que até o grupo pró-aborto Comissão de
Cidadania e Reprodução (CCR), financiado pela Fundação MacArthur [01], fazendo um
estudo das decisões judiciais sobre o aborto eugênico [02], admirou-se que, nas decisões
pró-vida, nenhuma delas fizesse referência ao Pacto de São José da Costa Rica:
Textos relacionados
Após reconhecer o poder jurídico desta arma e estranhar que os pró-vida não a
usem, a CCR conclui:
A ausência de referência a tal norma pode significar pouco conhecimento, por parte
dos magistrados, destes instrumentos internacionais de direitos humanos ou pouco
apego às fundamentações jurídicas pautadas na doutrina dos Direitos Humanos (p.
37).
Os abortistas têm razão de estarem admirados pelo não uso de uma arma tão poderosa.
Conhecendo a arma
Vejamos o que dizem alguns artigos dessa preciosa Convenção, que foi aprovada pelo
Congresso Nacional do Brasil em 26 de maio de 1992 (Decreto Legislativo n. 27), tendo
o Governo brasileiro determinado sua integral observância em 6 de novembro seguinte
(Decreto n. 678):
Art. 1º, n. 2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Art. 3º. Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.
Art. 4º, n. 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser
privado da vida arbitrariamente.
O poder de fogo da nossa arma está contido sobretudo nos artigos 1º e 3º, os quais
costumam ser sumariamente ignorados. Que diz o artigo 3º? Que "toda pessoa tem
direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica". Mas, o que a Convenção
chama de "pessoa"? A resposta está no artigo 1º, n. 2.: "para os efeitos desta
Convenção, pessoa é todo ser humano". Logo, segundo a Convenção, todo ser humano
(= toda pessoa) tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica!
Note-se que o direito de ser reconhecido por lei como pessoa é assegurado a todo ser
humano. Não há, no artigo 1º, n. 2 nem no artigo 3º, a expressão "em geral" ou qualquer
outra que possa ser interpretada como excepcionalidade.
Ora, até mesmo os abortistas, que não aceitam que o nascituro seja pessoa, admitem que
ele é um ser humano [03]. Portanto, a Convenção assegura, sem sombra de dúvida, que
também o nascituro (que é um ser humano) tem direito ao reconhecimento de sua
personalidade jurídica. Ora, se o nascituro é pessoa – assim diz o Pacto – não há no
ordenamento jurídico brasileiro lugar para o aborto.
Diante do exposto acima, uma tarefa árdua para os abortistas é conciliar o fato de que o
nascituro é pessoa com a afirmação de que, segundo eles, a proteção de sua vida
admitiria exceções diante da lei. Não há conciliação possível. Como alguém
reconhecido como pessoa (ou seja, sujeito de direitos) pode não ter direito à vida?
Assim, no artigo 4ª da Convenção, a expressão "em geral" só pode ser interpretada
como "sempre".
Conclusão: de acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, todo ser humano, desde o
momento da concepção tem:
b) o direito à vida.
Em 2008, quando o Supremo Tribunal Federal julgou o direito à vida dos embriões
humanos congelados (ADI 3510), ninguém, nem a Procuradoria Geral da República
(autora da ação), nem a CNBB ("amicus curiae"), nem os Ministros Menezes Direito,
Ricardo Lewandowski e Eros Grau (que votaram contra a destruição dos embriões)
afirmaram que o nascituro tem direito ao reconhecimento de sua personalidade por
força do Pacto de São José da Costa Rica.
Assim, o relator Ministro Carlos Ayres Britto sentiu-se à vontade para dizer que estava
em pleno vigor o artigo 2º do Código Civil, que em sua primeira parte diz: "a
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida". Concluiu que a criança
não nascida não é pessoa, que há lugar para o aborto no ordenamento jurídico brasileiro
e que os embriões congelados poderiam ser mortos sem qualquer problema legal ou
constitucional.
A potência da arma
1. Cf. <http://www.ccr.org.br/a_sobre_ccr.asp>.
2. COMISSÃO DE CIDADANIA E REPRODUÇÃO. Aborto e religião nos
tribunais brasileiros: análise dos dados referentes a casos de anencefalia e má
formação fetal julgados pelos tribunais estaduais e superiores no período de
2001 a 2006. Disponível em:
<http://www.ccr.org.br/uploads/noticias/330_aborto_e_religião_nos_tribunais_b
rasileiros.pdf>.
3. Veja-se, por exemplo, o voto do Ministro Carlos Ayres Britto, relator da ADI
3510, de 5 mar. 2008: "o início da vida humana só pode coincidir com o preciso
instante da fecundação de um óvulo feminino por um espermatozóide
masculino" (
4. O acórdão do HC 87.585-8/TO só seria publicado em 26 de junho de 2009.
05.Cf. http://www.direitointegral.com/2009/02/tratados-direitos-humanos-prisao-
civil.html
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Luiz Carlos Lodi da Cruz
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Título original: "Pacto de São José da Costa Rica: uma arma poderosíssima."
CRUZ, Luiz Carlos Lodi da. Pacto de São José da Costa Rica: uma arma
poderosíssima. Em defesa do direito à vida desde a concepção. Jus Navigandi,
Teresina, ano 14, n. 2232, 11 ago. 2009. Disponível em:
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/13305>. Acesso em: 13 abr. 2011.
Jus Navigandi