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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL


ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITOS HUMANOS

DELIMITAÇÃO ACERCA DA OBRIGATORIEDADE DE UM JUIZ BRASILEIRO


LEVAR EM CONSIDERAÇÃO EM SUA ATIVIDADE OS STANDARDS
INTERPRETATIVOS ORIUNDOS DA OPINIÃO CONSULTIVA N. 24 DA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

GUILHERME EDUARDO FRANCO

PROFESSOR: RODRIGO MIOTO DOS SANTOS

Balneário Camboriú (SC), Outubro de 2019.


DELIMITAÇÃO ACERCA DA OBRIGATORIEDADE DE UM JUIZ BRASILEIRO
LEVAR EM CONSIDERAÇÃO EM SUA ATIVIDADE OS STANDARDS
INTERPRETATIVOS ORIUNDOS DA OPINIÃO CONSULTIVA N. 24 DA CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Guilherme Eduardo Franco, Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI,


campus de Itajaí, E-mail: guilhermefranco2@gmail.com

1. OPINIÃO CONSULTIVA N. 24 DA CORTE INTERAMERICANA


DE DIREITOS HUMANOS

O reconhecimento pelo Brasil da competência da jurisdição da Corte se


dá através do Decreto Legislativo n. 89/986, e em relação aos pareceres e
opiniões consultivas, o Brasil está vinculado à Convenção Americana, em 25
de Setembro de 1992.1

Ocorre que, são duas as funções da Corte: a consultiva e a contenciosa.

Em específico, a opinião consultiva n. 24/172 da Corte Interamericana de


Direitos Humanos, solicitada pela República da Costa Rica, versa sobre
Identidade de gênero, igualdade e não discriminação a casais do mesmo sexo,
dentro das obrigações estatais em relação à mudança de nome, à identidade
de gênero e aos direitos derivados de um vínculo entre casais do mesmo sexo
(interpretação e alcance dos artigos 1.1, 3º, 7º, 11.2, 13, 17, 18 e 24, em
relação ao artigo 1º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos).

Tais direitos e garantias, conferidas e articuladas com a mudança dos


relacionamentos na sociedade através do tempo, tal qual é a raiz evolutiva dos
Direitos Humanos, precisou de delineamento por parte da República da Costa
Rica, que não obstante ter respeitado a supremacia dos interesses da corte,
antes de efetivamente negligenciar os novos direito, buscou auxilio e respaldo
na CIDH.

1
Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos Legislação e Jurisprudência: Nota Introdutória à
Jurisdição Consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos André Brawerman, Fábio Teixeira Rezende
e Valéria Cristina Farias
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/interamericano/211nota.htm.
2
Parecer consultivo 24/17 da CIDH: http://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_24_por.pdf
Cabe ressaltar que os principais pontos dizem respeito à mudança de
nome e registro, e também, união entre pessoas do mesmo sexo, onde,
precipuamente encaixam-se a outros direitos universais de primeira dimensão,
por estilo e característica.

2. A OPINIÃO CONSULTIVA N. 24 COMO STANDARD


INTERPRETATIVO OBRIGATÓRIO PELOS JUÍZES
BRASILEIROS

Os Direitos Humanos, por atenderem critérios norteadores em caráter de


Universalidade, é de grande valia uma visão parâmetro para a interpretação
daqueles que aderem a um tratado ou acordo internacional dentro do seu
quadro normativo originário.

Independente do parecer consultivo em comento, a Corte Interamericana


de Direitos Humanos busca, sem necessário respaldo em caso específico,
atribuir uma correta delimitação interpretativa específica para aplicabilidade no
caso concreto.

Nos mesmos termos de uma sentença lavrada em um caso específico,


as opiniões consultivas também vinculam os Estados-partes a agir baseados
no parecer emitido pela Corte. A força vinculante do parecer encontra
fundamento no artigo 68 da Convenção, que assim determina:

“Artigo 68-1 . Os Estados-partes na Convenção comprometem-se


a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem
partes.”3

Nas hipóteses em que um Estado não tenha dado cumprimento à sua


sentença, a Corte encaminhará relatório à Assembléia Geral da Organização
dos Estados Americanos, em cada período ordinário de sessões, com as
recomendações pertinentes.

Ora, cabe trazer à baila que, inexiste possibilidade do julgamento pátrio


brasileiro não corresponder às expectativas de tal convenção, por terem força
de emenda constitucional, conforme dispositivo da Carta Magna Brasileira:

3
PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA:
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais


têm aplicação imediata.

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não


excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.”4

Isso tudo, também, por força da Emenda Constitucional n. 45/04:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos


humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo)5

Por fim, por tratar-se de Norma Constitucional, aqueles que a desvirtuem


em julgados do Estado Brasileiro, estarão contrariando não apenas a
Convenção Internacional, mas também a própria normatividade pátria.

E com isso, existe a necessidade de usar os pareceres consultivos


exarados pela CIDH, visto que estas corroboram para a perfectibilização de um
ideal universal de preservação de Direitos Humanos, estando os juízes
brasileiros atrelados à jurisprudência criada por esta.

4
CRFB/88: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
5
CRFB/88: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
REFERÊNCIAS:

Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos Legislação e


Jurisprudência: Nota Introdutória à Jurisdição Consultiva da Corte Interamericana
de Direitos Humanos André Brawerman, Fábio Teixeira Rezende e Valéria
Cristina Farias
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/interamericano/211not
a.htm.

PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA:


https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm

CRFB/88: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Parecer consultivo 24/17 da CIDH:


http://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_24_por.pdf

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