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EVOLUÇÃO DO HABEAS CORPUS NO BRASIL:
• Previsão implícita na Carta de 1824 — todas as nossas Constituições previram o remédio heroico,
até mesmo a Carta imperial de 1824, ainda que implicitamente. Eis a cronologia: Constituição de
1824, implícito no art. 179, § 8ª; Constituição de 1891, art. 72, § 22; Constituição de 1934, art. 113,
n. 23; Constituição de 1937, art. 122, n. 16; Constituição de 1946, art. 141, § 23; Constituição de
1967, art. .50, § 20; Constituição de 1988, art. 5a, LXVIII.
• Habeas corpus no Brasil-lmpério — o remédio heroico surgiu no Brasil de modo pálido, antes
mesmo da Carta de 1824. Foi o Código Criminal do Império, de 1830, que o previu pela primeira
vez (arts. 183 a 188), sendo reforçado, de modo vigoroso, no Código de Processo Criminal, de 29-11
-1832 (art. 341). Em seguida, a Lei n. 2.033, de 20-9-1871, estendeu-o aos estrangeiros (art. 18, §
1ª).
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• HABEAS CORPUS repressivo (ou liberatório) -— faz cessar o desrespeito à liberdade de ' locomoção
do paciente.
• HABEAS CORPUS preventivo (ou salvo-conduto) — impede a provável prisão ou detenção do
paciente, que se encontra ameaçado de sofrer violência ou coação na sua liberdade ambulatória,
por ato ilegal ou abuso de poder. Nesse sentido: STJ, 6ªT., HC 1.,288-3/PB, Rei. Min. José Cândido, v.
u., DJ, 1, de 16-11-1992, p. 21163.
• DESVINCULAÇÃO À CAUSA DE PEDIR E AOS PEDIDOS FORMULADOS — entende o Supremo
Tribunal Federal que, ao apreciar habeas corpus, o órgão competente para seu julgamento não está
vinculado à causa de pedir nem aos pedidos formulados. Desde que se forme a convicção sobre a
existência de ato ilegal não veiculado pelo impetrante, cumpre-lhe afastá-lo, mesmo que isso
implicar concessão de ordem em sentido diverso do pleiteado (CPP, art. 654, § 22). Precedente: STF,
2ªT„ HC 69.421/SP, Rei. Min. Marco Aurélio, v. u., Dl, 1, de 28-8-1992, p. 13455.
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ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER:
ILEGAL é o ato comissivo ou omissivo contrário ao direito. Verificamo-lo sempre que: (i)
houver lei rechaçando a sua prática; (ii) ele próprio extrapolar os limites legais, contrariando lei
expressa, regulamento ou princípio constitucional; (iii) usurpar funções, mediante vícios de
competência ou invasão de atribuições. O ABUSO DE PODER, por sua vez, consiste na prática de atos
autoritários, imoderados, desproporcionais, arbitrários, violentos, desviados do seu fim. Por isso,
recai num ato ilícito, quer pelo excesso de sua utilização, quer pelo desvio de seu objetivo.
Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, analfabeta, menor ou incapaz, bem
como pelo Ministério Público, sem a necessidade de habilitação legal ou representação de
advogado.
“Vê-se, portanto, que a legitimidade ativa para o ajuizamento da ação de habeas corpus reveste-
se de caráter universal o que torna prescindível, até mesmo, a outorga de mandato judicial que
autorize o impetrante a agir em favor de quem estaria sujeito, alegadamente, a situação de injusto
constrangimento em sua liberdade de locomoção, física” (STF, HC 100.000-MC/SP, Rei. Min. Celso de
Mello, D JE de 5-8-2009).
INFORMATIVO STF Nº 516.
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ângulo da interdição da atividade desenvolvida, quer sob o da multa ou da perda de bens, mas não
quanto ao cerceio da liberdade de locomoção, a qual enseja o envolvimento de pessoa natural.
Salientando a doutrina desta Corte quanto ao habeas corpus, entendeu-se que uma coisa seria o
interesse jurídico da empresa em atacar, mediante recurso, decisão ou condenação imposta na ação
penal, e outra, cogitar de sua liberdade de ir e vir. Vencido, no ponto, o Min. Ricardo Lewandowski,
relator, que, tendo em conta a dupla imputação como sistema legalmente imposto (Lei 9.605/98,
art. 3º, parágrafo único) - em que pessoas jurídicas e naturais farão, conjuntamente, parte do pólo
passivo da ação penal, de modo que o habeas corpus, que discute a viabilidade do prosseguimento
da ação, refletiria diretamente na liberdade destas últimas -, conhecia do writ também em relação à
pessoa jurídica, dado o seu caráter eminentemente liberatório.
HC 92921/BA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.8.2008. (HC-92921)
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7, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, DJ, 1, de 20-3-1992; STF, 2i T., RE 141.311-5/SP, Rei. Min. Marco
Aurélio, v. u., Dl, 1, de 11-12-1992, p. 23665; STF, 2a T„ RE 141.211-9/SP, Rei. Min. Néri da Silveira,
Dl, 1, de 28-8-1992, p. 13456; STF, 2a T., RE 187.725-1/RJ, Rei. Min. Néri da Silveira, Dl, 1, de 17-10-
1997, p. 52506
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mora — probabilidade de dano irreparável — e o fumus boni juris — indica a ilegalidade no
constrangimento.