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REMÉDIOS

CONSTITUCIONAIS:
HABEAS CORPUS

Linguagem e Direito
Prof. Maureen Mendry
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

Os remédios constitucionais são
instrumentos à disposição dos cidadãos
para provocar a intervenção de
autoridades a fim de impedir ilegalidades
ou abuso de poder que prejudiquem
direitos e interesses individuais. São eles:
Habeas Data, Mandado de Segurança,
Mandado de Injunção e Ação Popular e
Habeas Corpus.
ESCLARECENDO...
HABEAS DATA: ação que assegura o livre acesso de qualquer cidadão a
informações a ele próprio relativas, constantes de registros, fichários ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
MANDADO DE SEGURANÇA: ele se destina a proteger o indivíduo de
violação – ou ameaça de violação – de outros direitos que não sejam
protegidos por habeas corpus ou habeas data. ... Ou seja, se o direito está
expresso na lei, é líquido e certo.
MANDADO DE INJUNÇÃO: é uma prerrogativa que busca legitimar a
aplicação da Constituição Federal de 1988, fazendo com que os direitos
estabelecidos na Carta Magna sejam exercíveis e acessíveis a toda a
sociedade. 
AÇÃO POPULAR: ação constitucional posta à disposição de qualquer cidadão
que visa a invalidar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural 
HABEAS
CORPUS
Um termo muito utilizado na esfera criminal do direito é o Habeas Corpus,
expressão latina que significa “Que tenhas o corpo”. Na verdade, o Habeas Corpus é
a abreviatura do nome completo do documento - Habeas Corpus ad Subjiciendun -
pois era assim que começavam os escritos pedindo a liberação de um presidiário na
Idade Média.
O termo foi oficializado em 1215, quando foi imposto ao rei João Sem Terra, a
Magna Carta Libertatum, limitando os poderes reais e iniciando o processo de
origem das Constituições ao longo da história.
Habeas Corpus é uma ação existente na experiência jurídica brasileira para
proteção da liberdade de locomoção dos indivíduos, isto é, serve para fazer parar ou
prevenir qualquer restrição ilegal ao direito de ir e vir livremente: na prática é usado
para soltura de pessoas presas ilegalmente ou para prevenir uma possível prisão
ilegal.
O Habeas Corpus no Brasil:
No Brasil, o Habeas Corpus é um instrumento jurídico muito importante para a
garantia da cidadania, preservação do direito à liberdade de ir e vir e combate ao abuso de
poder, arbitrariedade e ilegalidades, sobretudo quando praticadas por autoridades policial
e/ou judiciária. Ele existe desde a reforma constitucional de 1926, manteve-se nas
Constituições de 1934, 1937, 1946, 1967. O chamado “remédio heroico” foi suspenso para
crimes políticos e contra a segurança nacional, a ordem econômica e social, com a edição
do Ato Institucional nº 5 (AI5), de 13/12/1969.
Entre os anos de 1967 a 1985 (governo militar), os operadores do Direito,
principalmente os advogados, usaram meios jurídicos criativos para “burlar” essa
suspensão, localizar os presos políticos acautelados ilegalmente e buscar a soltura deles,
o que ficou conhecido como “advocacia-arte”.
A plenitude do Habeas Corpus foi restabelecida primeiramente com o fim do AI5 e,
posteriormente, com promulgação da Constituição de 1988.
O Habeas Corpus é um direito individual do cidadão brasileiro, previsto no artigo 5º da
Constituição Federal, inciso LXVIII. Esse instrumento resguarda o indivíduo de não ser preso, a não
ser em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária responsável; o direito
de não ser preso por dívida, a não ser no caso de inadimplente voluntário em alimentos; o direito de
não ser recolhido à prisão nos casos em que se permite fiança ou liberdade provisória, dentre
outros.
E o Habeas Corpus é ainda o instrumento jurídico usado para restituir a liberdade de uma
pessoa que foi injustamente presa ou sofreu um constrangimento ilegal.
Tipos de Habeas Corpus:
Há dois tipos de Habeas Corpus:
1.Habeas Corpus Liberatório ou
Repressivo;
2. Habeas Corpus Preventivo.
 
a)  Habeas Corpus Liberatório ou Repressivo.
É a ação para fazer parar uma restrição ilegal ao direito de locomoção que já esteja ocorrendo. É um
pedido liberatório, utilizado quando a pessoa já estiver sofrendo a violência ou coação na sua liberdade. O Habeas
Corpus liberatório é um instrumento utilizado para colocar em liberdade uma pessoa injustamente presa.
Existem três possibilidades de uma pessoa ser presa antes de uma sentença condenatória, a prisão em
flagrante, a prisão preventiva e a prisão temporária. Caso alguém seja preso por motivo diverso à justificativa destas
prisões, será uma prisão ilegal, que caberá contra ela um recurso de Habeas Corpus.
- prisão em flagrante ocorre quando o agente é detido no momento em que pratica a infração penal ou acabou
de cometê-la e é encontrado com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor do
crime.
- prisão preventiva poderá ser decretada para garantir e assegurar a ordem pública e o cumprimento da lei.
- prisão temporária é prisão que tem por finalidade garantir uma efetiva investigação policial, quando se tratar
de apuração penal de natureza grave. Normalmente é decretada quando o acusado dificulta o inquérito ou ameaça
fugir.
Somente a autoridade judiciária, por ordem escrita e fundamentada, pode expedir o decreto de prisão, mas a
pessoa só pode ficar presa por cinco dias prorrogáveis por igual período, ou seja, por no máximo dez dias, em caso
b)  Habeas Corpus Preventivo.
É aquele utilizado para prevenir uma restrição ao direito de ir e vir. Pode
ser utilizado por quem acredite que seu direito de locomoção está sob ameaça –
nesse caso, o Habeas Corpus só deverá ser concedido se esse temor for
justificado, isto é, se houver ameaça concreta de prisão ou outro tipo de restrição.
É muito comum a utilização de Habeas Corpus preventivo para casos em que
haverá julgamento de quem possui bons antecedentes e nunca cometeu outro
crime (réu primário), pois, nessas situações, na hipótese de condenação, o réu
não deverá ser preso, devendo-se assegurar-lhe o direito a recorrer em liberdade
(costuma-se a fundamentar este direito na chamada “presunção de inocência”).
 
Como conseguir um Habeas Corpus?
Qualquer pessoa pode mover uma ação de Habeas Corpus, escrevendo o pedido em qualquer papel: por se
destinar proteger um dos direitos mais básicos do cidadão a ação de Habeas Corpus não requer formalidades
especiais.
É suficiente, para propor Habeas Corpus, escrever em uma folha os seguintes dados:
1. O nome e o endereço da vítima da restrição ou ameaça do direito à liberdade (chamado de paciente na
linguagem jurídica corrente);
2. Descrever a situação que está ocorrendo (se a vítima está presa injustamente e a razão ou que tipo de ameaça
à sua liberdade ela está sofrendo);
3. O nome de quem está cometendo a restrição ou ameaça;
4. O local onde está presa a vítima;
5. A assinatura e o endereço de quem está escrevendo o pedido de Habeas Corpus (no caso de não souber
escrever, é permitido apenas colocar a digital e pedir para que outra pessoa assine o próprio nome em seu
lugar).
A pessoa que escreve o Habeas Corpus (chamada de impetrante) pode ser a própria vítima (paciente) da
restrição do direito, não sendo exigível a participação de um advogado na elaboração e na propositura desta ação
processual.
Quais as situações mais frequentes em que o Habeas Corpus é
usado?
No caso mais simples e comum de Habeas Corpus, ocorre uma prisão ilegal
de uma pessoa pela polícia. A “ilegalidade” pode se referir ao fato de a pessoa
estar presa por mais tempo do que o devido, não se aceitar o pagamento da
fiança (nos casos em que, pela lei, pode ser paga a fiança) ou por simplesmente
não haver qualquer motivo legalmente justificável para a prisão.
Considera-se que quem comete a prisão ilegal é a autoridade que a ordena:
nesse caso, o delegado de polícia. Assim, o Habeas Corpus deveria ser entregue
para um Juiz de Direito (ou para um juiz federal, caso a prisão seja decretada por
um delegado da Polícia Federal).
Quais os custos de um Habeas Corpus?
Entrar com uma ação de Habeas Corpus (“impetrar” um Habeas
Corpus, diz-se na linguagem jurídica corrente) não tem custo
algum, podendo ser realizado por qualquer pessoa.
No caso do Habeas Corpus ser impetrado por um advogado, o
custo do documento estará restrito aos honorários advocatícios.
 
QUAL A TERMINOLOGIA ESPECÍFICA PARA
A ESCRITA DE UM HABEAS CORPUS?

PACIENTE: designa a pessoa que sofre ou está ameaçada


de sofrer um constrangimento ilegal;
IMPETRANTE: é a pessoa que solicita a ordem de Habeas
Corpus;
IMPETRADA: é a autoridade a quem é dirigido o pedido;
AUTORIDADE COATORA: é a pessoa (por exemplo, juiz ou
delegado) que exerce ou ameaça exercer constrangimento
ilegal contra o paciente;
DETENTOR: é a pessoa que mantém o paciente preso.
Qualquer pessoa do povo pode impetrar Habeas Corpus, ou seja, ser o impetrante, independente de capacidade
política, civil, idade, sexo, profissão, nacionalidade, escolaridade ou estado mental. Isso significa que qualquer cidadão ou
cidadã pode apresentar Habeas Corpus em benefício próprio ou alheio, bastando para tanto que se identifique.
Não é necessário a presença de advogado, nem ser parente ou amigo da pessoa que sofre ameaça ao seu direito de
locomoção. Vale lembrar ainda que a pessoa analfabeta também pode impetrar Habeas Corpus, sendo que alguém deverá
assinar a petição a seu pedido. O Ministério Público também pode impetrar Habeas Corpus quando verificar constrangimento
ilegal ou abuso de poder.
Em geral, o Habeas Corpus deverá ser apresentado a um juiz ou ao tribunal de Justiça. O juiz será competente para
receber o Habeas Corpus quando a autoridade policial, isto é o delegado for o agente da ameaça ou restrição à liberdade de
locomoção do cidadão ou cidadã. E o Tribunal de Justiça será o órgão competente para conhecer o pedido quando o juiz
praticar ato ilegal ou abuso que fere a liberdade de ir e vir de uma pessoa.
Importante ressaltar que a petição de Habeas Corpus deve ser protocolada na Justiça e que o impetrante deve guardar
uma cópia assinada e datada pelo serventuário que a recebeu. Este documento é o comprovante de que o pedido foi
apresentado à justiça e obriga o juiz ou tribunal a se pronunciar no prazo de razoável. Caso a impetrada se pronuncie
favorável ao paciente, deverá elaborar um alvará de soltura que será entregue ao impetrante. Este deverá, então, levar tal
documento (o alvará de soltura) ao delegado para que o paciente seja posto em liberdade.
Ao analisar o pedido de Habeas Corpus, o juiz ou o tribunal
deverá observar algumas condições:
1. Possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade do impetrante.
Para atender a primeira condição o impetrante deverá demonstrar a ilegalidade do
ato ou abuso de poder e a violência ou coação ilegal à liberdade de locomoção.
2. Quanto ao interesse de agir, deverá ficar demonstrado na petição a pretensão
libertária por parte do interessado e para tanto o pedido deve ser adequado, isto é,
dirigido à garantia (manutenção, preservação, restituição) da liberdade de
locomoção.
3. Quanto à legitimidade, como dito anteriormente, qualquer pessoa pode apresentar
pedido de habeas corpus, bastando para isso que se identifique, apresentando seus
dados.
O que deverá conter a petição de Habeas Corpus?
A petição de Habeas Corpus deverá conter:
1. Indicação do órgão a que é dirigida (juiz ou presidente de tribunal);
2. Qualificação do impetrante (dados da pessoa que requer o Habeas Corpus);
3. Qualificação do paciente (dados pessoais do indivíduo que sofre ou está ameaçado de
sofrer violência ou coação);
4. Identificação da autoridade coatora ou daquele que exercer a violência, coação ou
ameaça;
a) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça ou
coação, as razões em que funda o seu temor;
b) a assinatura da pessoa que está propondo a ação, ou de alguém a seu pedido, quando
não souber ou não puder escrever.
É muito importante que os fatos sejam narrados da
forma mais detalhada possível.
Outro fato importante refere-se ao poder que o juiz
tem de expedir alvará de soltura, no curso de um
processo, quando verificar que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal. Quando comunicada a
prisão ao juiz, o preso passa a ficar a sua disposição. Se
essa prisão for ilegal o juiz tem o dever de soltar o preso
mesmo que este não apresente Habeas Corpus.
MODELO SIMPLES DE HABEAS CORPUS QUE PODE SER ADAPTADO PARA
AS MAIS DIVERSAS SITUAÇÕES:
Adolescente de dezessete anos, juntamente com outras pessoas maiores,
participa de um assalto em um supermercado. Todos, maiores e menor, estavam
armados na hora do ocorrido e nenhum deles portava documentos pessoais. A
polícia foi chamada e consegui frustrar o assalto, levando para o Distrito Policial de
Pato Branco todos os envolvidos. Lá, pela falta de documentos pessoais, todos
foram detidos, inclusive o menor. Logo em seguida, descobre-se que um dos
detidos era o tal menor e então...

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