- UNIDADE DIVINÓPOLIS

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
HABEAS CORPUS

* Daniela Costa Soares Mattar; * Grazielly Spínola

** Ana Clara; ** Ana Luiza; ** Beatriz Couto; ** Carolina Valadão; ** Evanilson Costa; **Gabriel Mota; ** Janaína
Oliveira; ** Karine Oliveira; ** Lidia Malaquias; ** Lorenna Silva; ** Maria Eduarda Medeiros; ** Pâmela Fernanda

* Docentes do curso de Direito do Centro Universitário UNA - Unidade Divinópolis/MG.

** Discentes do curso de Direito do Centro Universitário UNA - Unidade Divinópolis/MG.

Resumo

Os remédios constitucionais são mecanismos previstos na Constituição de um país que garantem a proteção dos
direitos fundamentais dos cidadãos. Eles são instrumentos jurídicos que visam assegurar o exercício dos direitos e
garantias individuais, bem como a defesa do ordenamento constitucional.
O Habeas Corpus é um princípio jurídico que assegura o direito à liberdade física, protegendo os indivíduos
contra detenções arbitrárias ou ilegais. É um remédio jurídico utilizado para contestar a legalidade ou validade de uma
prisão perante um tribunal. Pode ser usado em várias situações, como prisões sem mandado válido, detenções que
excedem o tempo permitido por lei, abuso de poder por parte das autoridades ou violação dos direitos fundamentais. No
direito brasileiro, o Habeas Corpus está previsto na Constituição Federal e no Código de Processo Penal. Existem dois
tipos: o preventivo, que evita a restrição à liberdade de um indivíduo, e o repressivo, que busca liberar alguém já detido.
O procedimento envolve a apresentação de um pedido ao tribunal competente, que avaliará a ilegalidade da coação.
Quanto à competência recursal, o Habeas Corpus pode ser impetrado perante qualquer juiz ou tribunal, e a negação do
pedido pode ser contestada por recursos ordinários constitucionais. Esses recursos buscam a revisão de decisões judiciais
perante órgãos hierarquicamente superiores, com competência para analisar questões constitucionais e violações de
direitos fundamentais.
O presente trabalho tem como finalidade discorrer sobre um dos mecanismos constitucionais mais importantes
do ordenamento jurídico brasileiro, o Habeas Corpus.

Palavras-chave: Remédio Constitucionais; Habeas Corpus; Liberdade; Direito; Processo; Prisão.

Introdução

O Habeas Corpus é um princípio jurídico fundamental que garante o direito individual à liberdade física. A
expressão "habeas corpus" vem do latim e significa "que tenhas o teu corpo". É um instrumento legal utilizado para
proteger os indivíduos contra detenções arbitrárias ou ilegais.
O Habeas Corpus é um remédio jurídico que permite a uma pessoa detida ou presa, contestar a legalidade ou a
validade de sua prisão perante um tribunal. Quando uma pessoa alega que sua detenção é ilegal, ela pode impetrar um
Habeas Corpus buscando sua libertação imediata.
O Habeas Corpus pode ser utilizado em diversas situações, como quando alguém é preso sem um mandado
válido, quando a prisão excede o tempo permitido por lei, quando há abuso de poder por parte das autoridades ou quando
os direitos fundamentais do indivíduo são violados.
O objetivo principal do Habeas Corpus é garantir que ninguém seja detido ou preso ilegalmente, protegendo
assim o direito à liberdade individual. É um dos instrumentos mais importantes para assegurar os direitos individuais e
impedir abusos por parte do Estado.

O Habeas Corpus no Direito Brasileiro

No direito brasileiro, o Habeas Corpus está previsto no artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal de 1988.
Segundo a Constituição, "conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder". Além de positivado pela Constituição o
Habeas Corpus está descrito também nos artigos 647 a 667 do Código de Processo Penal de 1941 e pelo artigo 23 da Lei
n° 8.038/90 que diz: “aplicam-se ao Habeas Corpus perante o Superior Tribunal de Justiça as normas do Livro III, Título
II, Capítulo X do Código de Processo Penal”, ambos confirmam a aplicação das disposições do Código de Processo Penal
no que diz respeito à competência do remédio constitucional perante o Superior Tribunal de Justiça.
Para compreender as hipóteses de cabimento do Habeas Corpus, é necessário analisar o art. 648 do Código de
Processo Penal, que diz “a coação considerar-se-á ilegal”:
I - quando não houver justa causa;
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II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.

Existem dois tipos de Habeas Corpus reconhecidos na legislação brasileira: o preventivo (salvo-conduto) e o repressivo
(ou liberatório).

• Habeas Corpus Preventivo

O habeas corpus preventivo, também conhecido como salvo-conduto, serve para evitar a restrição à liberdade de um
indivíduo. Ou seja, visto que existe a ameaça à liberdade seja retirada ilegalmente de um indivíduo especifico, é solicitado
o habeas corpus preventivo. Assim, o indivíduo responde o processo em liberdade, sendo concedido pelo juiz o documento
de salvo-conduto, impedindo a prisão.
Este tipo de mecanismo pode ser utilizado em diversas áreas do direito como o cível, o processo penal, (processos de
dívida de pensão alimentícia, por exemplo). Isso porque pode ocorrer privação de liberdade nas mais diversas situações.
Por isso, é importante que haja uma modalidade dentro da lei que garanta os direitos básicos de todo o ser humano, para
que se possa responder em um julgamento justo.
O papel de um advogado criminal em um caso desses é de extrema importância, para que o cliente saiba como deve
proceder.

• Habeas Corpus Repressivo

O habeas corpus repressivo recebe esse nome porque sua finalidade é reprimir uma prisão indevida. Ou seja, ele é
impetrado quando o indivíduo já se encontra detido.
Esse tipo de habeas corpus também recebe o nome de liberatório. Pois, visa liberar alguém que tenha sofrido prisão
ilegal ou esteja preso por abuso de autoridade.
Destaca-se que o habeas corpus repressivo primeiro deve ser julgado pelo juiz competente, para analisar seus
argumentos. Então, caso o juiz constate que a prisão de fato é indevida, ele expede um alvará de soltura para liberar o
preso.
Habeas corpus liberatório ou repressivo: Havendo violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder, pode-se impetrar habeas corpus para afastar o constrangimento ilegal.

O Procedimento

O procedimento de um Habeas Corpus começa com a apresentação de um pedido ao tribunal competente. O

pedido pode ser apresentado pela própria pessoa em perigo, ou por qualquer outra pessoa em seu nome. Não é necessário
que o pedido seja feito por um advogado, o que significa que qualquer pessoa pode fazer uso deste recurso.
Para impetrar um habeas corpus, que é um remédio constitucional utilizado para garantir a liberdade de
locomoção de uma pessoa, geralmente são necessários os seguintes requisitos:

Legitimidade: Qualquer pessoa pode impetrar um habeas corpus em benefício próprio ou em favor de outra pessoa que
esteja sofrendo violação ou ameaça de violação à sua liberdade de locomoção.

Constrangimento ilegal: Deve haver um ato ou omissão que esteja causando um constrangimento ilegal à liberdade de
locomoção do indivíduo. Isso pode incluir prisões arbitrárias, detenções ilegais, restrições indevidas à liberdade de ir e
vir, entre outros casos similares.

Esgotamento das vias ordinárias: Em alguns casos, é necessário esgotar as vias ordinárias, ou seja, utilizar todos os
recursos disponíveis no sistema judiciário antes de impetrar o habeas corpus. No entanto, existem exceções a esse
requisito, como quando há evidente ilegalidade ou abuso de poder.

Fundamentação jurídica: O habeas corpus deve ser fundamentado em argumentos jurídicos sólidos que demonstrem a
violação ou ameaça à liberdade de locomoção do indivíduo. É necessário demonstrar que o constrangimento ilegal está
ocorrendo e que a concessão do habeas corpus é necessária para corrigir essa situação.

O artigo 654 do Código de Processo Penal, em seu § 1o diz que a petição de habeas corpus deverá conter: o
nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou
ameaça; a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda
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o seu temor; e a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a
designação das respectivas residências.
Assim que o pedido é recebido, o juiz irá avaliar os documentos que instruírem a petição, e caso seja evidenciada
a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.

Competência Recursal

Quanto à competência recursal no habeas corpus, ela se refere à instância em que é possível interpor recursos
contra as decisões proferidas nesse tipo de ação. No sistema jurídico brasileiro, em geral, as decisões de primeira instância
são passíveis de recurso para um tribunal superior, como um Tribunal de Justiça Estadual ou o Superior Tribunal de
Justiça (STJ). Já as decisões proferidas pelos Tribunais de Justiça podem ser objeto de recurso ao Supremo Tribunal
Federal (STF).
No entanto, é importante destacar que o habeas corpus possui algumas peculiaridades em relação aos demais
recursos. De acordo com a Constituição Federal brasileira, o habeas corpus pode ser impetrado perante qualquer juiz ou
tribunal, não sendo necessária a interposição de recursos intermediários. Em casos de prisão ilegal ou abuso de poder, o
habeas corpus pode ser ajuizado diretamente perante o tribunal superior competente.
Além disso, o habeas corpus possui uma tramitação célere, sendo um remédio jurídico que visa a garantir a
liberdade de forma rápida e eficaz. Por isso, em muitos casos, as decisões proferidas em habeas corpus são de caráter
definitivo, não sendo comum a interposição de recursos específicos contra essas decisões.
No entanto, caso seja necessário, as partes envolvidas podem utilizar outros recursos processuais cabíveis para
questionar decisões proferidas no âmbito do habeas corpus, seguindo as regras gerais de competência recursal previstas
no ordenamento jurídico.

Habeas Corpus Denegado

A negação do "habeas corpus" geralmente ocorre quando um juiz ou tribunal decide que não há fundamento
suficiente para emitir uma ordem de "habeas corpus". Se um juiz ou tribunal nega um pedido de habeas corpus, isso
significa que eles acreditam que a detenção ou prisão do indivíduo é legal.
No entanto, a negação de um pedido de habeas corpus não é o fim da linha na maioria dos sistemas legais.
Geralmente, a decisão pode ser apelada a um tribunal superior, e há outros mecanismos legais que podem ser utilizados
para contestar uma detenção ou prisão.
O recurso ordinário constitucional é um instrumento processual previsto na Constituição de um país que permite
a interposição de um recurso contra uma decisão proferida por um órgão jurisdicional. Geralmente, esse tipo de recurso
está disponível em sistemas jurídicos que adotam a divisão de poderes, como o sistema de controle de constitucionalidade
concentrado, onde um órgão específico é responsável por analisar a constitucionalidade das leis.
O recurso ordinário constitucional tem como finalidade permitir que a parte insatisfeita com uma decisão judicial
possa buscar a sua revisão por um órgão hierarquicamente superior. Ele normalmente é interposto perante um tribunal ou
corte constitucional, que terá a competência para analisar a matéria constitucional e rever a decisão proferida.
A interposição desse recurso geralmente está sujeita a requisitos formais e prazos específicos estabelecidos na
legislação processual ou nas próprias normas constitucionais do país. É importante observar que as regras e procedimentos
relativos ao recurso ordinário constitucional podem variar de acordo com o sistema jurídico e a Constituição de cada país.
Em resumo, o recurso ordinário constitucional é uma forma de buscar a revisão de uma decisão judicial perante
um órgão hierarquicamente superior, com competência para analisar questões constitucionais e determinar se houve
violação de direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição.

Conclusão

O presente trabalho teve como finalidade analisar de forma sucinta, porém clara e objetiva a real importância do
remédio jurídico habeas corpus, repassando um melhor conhecimento sobre o mesmo e suas estruturas.
O Habeas Corpus é um princípio jurídico fundamental que desempenha um papel crucial na proteção dos direitos
individuais à liberdade física. Ele é um instrumento legal utilizado para salvaguardar os indivíduos contra detenções
arbitrárias ou ilegais, assegurando que ninguém seja privado de sua liberdade de locomoção de maneira injusta.
Infelizmente a maior parte da população desconhece a existência desse instrumento legal como muitos outros
assegurados pela Constituição Federal e legislações complementares. O Direito como um todo deveria compor o currículo
escolar dos estudantes do ensino fundamental e médio mesmo que de forma subjetiva e superficial.
Diante do exposto, conclui-se que o habeas corpus é o instrumento jurídico utilizado para proteger a liberdade
de ir e vir dos cidadãos, quando estes veem seu direito ameaçado ou violado por uma ordem de prisão ilegal.

Referências bibliográficas
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Presidência da República. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 de maio de 2023.

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Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 19 de maio 2023.

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https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/habeas-corpus.
Acesso em: 15 de maio 2023.